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26/02/2015 ­ 05:00
Exposição de grandes bancos à estatal soma R$ 41
bi
Por Carolina Mandl e Fabiana Lopes
Os quatro grandes bancos brasileiros ­ Banco do Brasil (BB), Itaú Unibanco, Caixa Econômica Federal e Bradesco
­ tinham um total de R$ 41 bilhões em créditos concedidos à Petrobras no fim de 2014, segundo levantamento
feito pelo Valor.
No começo deste mês, dados apurados pela reportagem apontavam que o quarteto tinha uma exposição menor,
de R$ 31,2 bilhões em setembro. A variação, no entanto, se deve em grande parte a uma mudança na forma de
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Até o terceiro trimestre de 2014, o banco abria esse dado de uma forma mais restrita, que mostrava uma exposição
de R$ 9,4 bilhões. Já no fim de dezembro, com a nova forma de apresentação dos números, o BB contabilizava R$
19,48 bilhões.
Entre os quatro maiores bancos do país, é o BB quem tem a maior exposição à Petrobras. Em seguida, vem a
Caixa, com outros R$ 11,27 bilhões. No grupo dos bancos privados, o Bradesco tem R$ 6,83 bilhões, enquanto o
Itaú outros R$ 3,98 bilhões.
Em relação a suas carteiras de crédito, também é o BB quem está mais exposto à companhia. O crédito contra a
Petrobras representa 2,8% do estoque da instituição. Na sequência, estão Bradesco (1,96%), Caixa (1,86%) e Itaú
(0,9%).
Entre os três maiores bancos listados, ontem a ação do BB foi a que mais se desvalorizou. Encerrou o dia com
queda de 1,9%, enquanto o Ibovespa fechou estável.
Os empréstimos feitos à Petrobras trazem preocupação a analistas, já que os bancos podem reforçar as provisões.
Créditos desembolsados para outros setores ligados à Operação Lava­Jato também têm recebido atenção
redobrada.
Ontem, o banco ABC Brasil decidiu provisionar 100% do crédito de R$ 50 milhões que concedeu à Schahin
Engenharia. Até dezembro, o valor reservado para perdas estava em 70%.
Por enquanto, porém, a avaliação dos bancos é que o volume de despesas com provisão não deve superar as
projeções já declaradas publicamente, mesmo com o rebaixamento da Petrobras pela Moody's. Comportamento
semelhante deve ter a inadimplência.
O diretor de um banco privado de grande porte, porém, prevê que as perdas podem ser maiores para pessoas
jurídicas. A compensação viria das pessoas físicas, em um momento em que os bancos focam suas operações no
crédito consignado e no financiamento imobiliário.
O analista da GBM para bancos brasileiros, André Riva, prevê que o rebaixamento do rating de uma empresa por
uma agência por si só não deve gerar impactos em provisionamento. "Cada banco dispõe de sua própria
metodologia para cálculo de provisões adicionais."
Para Karina Sanches, analista da Concórdia, o movimento da Moody's já é suficiente para intensificar o
monitoramento de risco dos bancos, não apenas em torno da Petrobras, mas também no que se refere aos
empréstimos feitos à cadeia de produção da petrolífera. "Neste caso [dos fornecedores], deve haver uma
deterioração mais efetiva, já que essas empresas vêm tendo dificuldade", diz Karina.
Riva lembra ainda que o impacto maior do rebaixamento deve ser, principalmente, o maior custo de captação no
mercado por parte da Petrobras, o que potencialmente pode levar a uma piora na saúde financeira da companhia.
Os bancos tendem a reduzir a exposição à empresa ou cobrar spreads maiores.

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