Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora                           2007




                                                         ÍNDICE

NOTA INTRODUTÓRIA....................................................................... 2
METODOLOGIA ................................................................................ 5
BREVE CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO DE ÉVORA ................................. 8
PROTECÇÃO SOCIAL ....................................................................... 13
SANTO ANTÃO .............................................................................. 14
Resultados dos Questionários:.......................................................................................... 15
Principais conclusões:...................................................................................................... 43
Análise S.W.O.T. de Santo Antão: ................................................................................... 45
Instituições: ........................................................................................................... ….46
Análise Social da Freguesia de Santo Antão:.................................................................... 47
Propostas: ................................................................................................................... 49

SÃO MAMEDE ............................................................................... 50
Resultados dos Questionários:.......................................................................................... 52
Principais conclusões:................................................................................................. 75
Análise S.W.O.T. de S. Mamede:..................................................................................... 77
Instituições: ................................................................................................................ 78
Análise Social da Freguesia de São Mamede:................................................................... 79
Propostas: ................................................................................................................... 80

SÉ/SÃO PEDRO ............................................................................ 81
Resultados dos Questionários:.......................................................................................... 83
Principais conclusões:............................................................................................... 106
Análise S.W.O.T. de Sé/São Pedro:................................................................................ 108
Instituições: .............................................................................................................. 109
Análise Social da Freguesia da Sé/São Pedro: ................................................................ 110
Propostas: ................................................................................................................. 111

REFLEXÃO FINAL SOBRE O CENTRO HISTÓRICO .................................. 112
Análise S.W.O.T. do Centro Histórico: .......................................................................... 119
BIBLIOGRAFIA ............................................................................ 120
ADENDA: ................................................................................... 123
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O PAPEL DAS AUTARQUIAS NO ....................................................... 123
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMUNITÁRIO ..................................... 123
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                                               NOTA INTRODUTÓRIA
                                                                       2
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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



O diagnóstico apresentado surge da necessidade sentida pelos actores locais, presidentes
das Juntas de Freguesia de Santo Antão, São Mamede e Sé/São Pedro quanto ao
levantamento e reconhecimento das necessidades da população destas freguesias,
também denominada por população intramuros eborense, uma vez que estas freguesias
fazem parte do Centro Histórico de Évora.

Face a esta necessidade e às novas exigências das políticas sociais actuais, cada vez
mais territorializadas e activas, responsabilizando as organizações locais (Autarquias
locais, Instituições Particulares de Solidariedade Social, Organizações não governamentais
e outras) tornava-se imperativo que houvesse um documento de referência, que não
permitisse apenas a leitura das necessidades/potencialidades mas que apontasse medidas
de combate aos problemas sociais, nestas freguesias.

Compreendendo a necessidade deste estudo, importa defini-lo enquanto conceito: “O
Diagnóstico Social pode ser definido como um processo concertado, permanente e
reiterado, de identificação e de análise, entre os actores implicados, do conjunto das
causas e características das situações de exclusão social. Confere além disso, os
elementos que orientam a acção, ajuda a definir as necessidades, a conhecer os recursos
e os obstáculos existentes e a iniciar o estabelecimento das prioridades, a concretizar e a
adaptar na função de planificação. O Diagnóstico corresponde à análise da realidade
social num determinado contexto social, espacial e temporal, respeitante a uma ou várias
situações problemáticas” (Câmara Municipal de Tondela: 2005, 5).

Este trabalho assenta, sobretudo, numa perspectiva de Desenvolvimento Social e
Comunitário visto aqui como uma “técnica social de promoção humana e de mobilização
de recursos humanos, integrada nos programas nacionais de desenvolvimento; e que
atende, basicamente, ao processo educativo” e à promoção de solidariedades nos
pequenos grupos (Ware cit. in Mascarenas, 1996: 44).

Enquadra-se no âmbito da Rede Social, mais concretamente na Comissão Social Inter
freguesias do Centro Histórico de Évora, que resulta da conjugação de sinergias de
entidades públicas, privadas e de cidadãos, presentes na localidade e que em parceria
procuram combater a pobreza e exclusão social. A Rede Social poderá contribuir
decisivamente para a efectivação de uma consciência pessoal e colectiva dos problemas
sociais, para activação dos meios e agentes de resposta, para as inovações nos modos de
agir e ainda, para promover o desenvolvimento social local. Em suma, trata-se de criar um
modelo de co-responsabilidade e de gestão participada, no combate à pobreza e à
exclusão social, com base territorial.

Para que a análise dos problemas e das suas causas fosse o mais participada possível,
procurando enriquecer-se através da perspectiva de vários profissionais de diferentes
áreas, foi constituída uma equipa em que participaram elementos do Departamento do
Centro Histórico, Património e Cultura da Câmara Municipal de Évora e a Assistente Social
da Comissão Social Interfreguesias do Centro Histórico de Évora, formando um núcleo
restrito de trabalho.

Este grupo conta também com a colaboração pontual de um grupo de alunos de Sociologia
da Universidade de Évora, pois só puderam participar por questões de tempo e interesse
na freguesia de São Mamede e com um grupo de seis voluntários do Programa de
Ocupação de Tempos Livres do Instituto Português da Juventude.

Embora todos os elementos da equipa estivessem presentes apenas no momento da
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recolha de dados, poder-se-á afirmar que todos contribuíram em maior ou menor grau para
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as reflexões apresentadas neste estudo, pelo que se deve um agradecimento aos
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



mesmos, principalmente ao Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura da
Câmara Municipal de Évora.

Neste contexto, e sentindo as Juntas de Freguesia do Centro Histórico de Évora – St.
Antão, S. Mamede e Sé/S.Pedro necessidade de um maior conhecimento das principais
características da comunidade intramuros, nos seus aspectos socio-económicos, e
procurando abrir novos caminhos na sua forma de apoiar a comunidade, foi realizado no
ano 2007 um Diagnóstico Social na comunidade intramuros. E este documento que daí
resultou, pretende ser mais do que um instrumento de leitura, um instrumento de
intervenção com finalidade de promoção humana e comunitária.

A metodologia seleccionada para a realização deste diagnóstico foi a metodologia
quantitativa e qualitativa. Quantitativa pois foi utilizado o inquérito por questionário
aplicado, quer a uma amostra representativa dos agregados familiares intramuros, quer às
instituições que fazem parte da Comissão Social de Freguesias do Centro Histórico,
efectuando-se a análise de dados e estatística. Qualitativa quando as técnicas utilizadas
basearam-se na observação directa, sistemática, na análise documental e recolha de
informação através de informadores privilegiados, que em muito contribuíram para as
reflexões apontadas.

Os capítulos seguintes serão apresentados na seguinte ordem: a metodologia que explica
como se fez a estudo aqui presente, uma breve caracterização do concelho de Évora que
inclui dados relativos ao Centro Histórico; depois entramos na análise de cada freguesia
intramuros. O capítulo de cada freguesia é composto pelos resultados dos questionários,
principais conclusões desta análise, análise S.W.O.T., referência às instituições presentes
na comunidade e análise social da freguesia. Terminando no capítulo da reflexão final
sobre o Centro Histórico. Este diagnóstico inclui também uma adenda onde se apresenta
uma pequena reflexão sobre o papel das autarquias locais no desenvolvimento social e
comunitário.




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                                                       METODOLOGIA
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Para a concretização do Diagnóstico Social das Freguesias Intramuros, “o Diagnóstico
Social pode ser definido como um processo concertado, permanente e reiterado, de
identificação e de análise, entre os actores implicados, do conjunto das causas e
características das situações de exclusão social. Confere além disso, os elementos que
orientam a acção, ajuda a definir as necessidades, a conhecer os recursos e os obstáculos
existentes e a iniciar o estabelecimento das prioridades, a concretizar e a adaptar na
função de planificação. O Diagnóstico corresponde à análise da realidade social num
determinado contexto social, espacial e temporal, respeitante a uma ou várias situações
problemáticas” (Câmara Municipal de Tondela: 2005, 5). O estudo diagnóstico está
intrinsecamente associada a ideia de intervir, é um momento em que se deve gerar um
conhecimento dos problemas sobre os quais se vai intervir, este conhecimento permite ir
atingindo as restantes fases de intervenção com maior eficácia.

Aqui o objecto de análise é a comunidade, ancorada na necessidade de ter um bom
conhecimento da dinâmica de conjunto da comunidade, desde o seu espaço territorial ao
seu espaço social. Privilegiaram-se as metodologias quantitativas, embora estas não
limitassem o estudo somente à análise numérica, uma vez que os investigadores
participaram em todos os momentos do diagnóstico e que foram eles mesmos a aplicar os
questionários. Situação que permitiu uma observação directa e muitas vezes participante,
o que contribuiu para uma abordagem qualitativa. Houve um contacto privilegiado com a
população que permitiu não só a recolha da informação, mas também a agilização de
respostas a problemas apontados, quase findando numa metodologia de investigação-
acção.

 No que diz respeito aos procedimentos de recolha empírica, o presente estudo apresenta-
se com contributos bastante diversificados. Recorreu-se, deste modo, aos seguintes
instrumentos, para caracterizar cada espaço físico e social:
      a) Consulta de fontes documentais, tendo em vista obtenção de elementos de
         caracterização local, que permitissem contextualizar e melhor compreender as
         dinâmicas existentes, problemas detectados e o contexto sócio-económico-
         político-histórico, tais como: Diagnóstico Social da Rede Social de Évora de 2003,
         o Plano de Desenvolvimento Social de Évora de 2004, Plano Nacional de Acção
         para a Inclusão, entre outros;
      b) Consulta de dados estatísticos existentes disponíveis no Instituto Nacional de
         Estatística;
      c) Recolha e compilação de vários documentos escritos (relatórios, dados,
         levantamentos ou análises sócio-demográficas e urbanísticas) cedidas,
         principalmente pelo Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura –
         Câmara Municipal de Évora;
      d) Conversas informais com informadores privilegiados da comunidade; tais como
         os presidentes das Juntas de Freguesia e técnicos que intervinham na área em
         análise.

 Depois de uma primeira fase de contextualização, passou-se para um segundo momento
a construção de questionários a serem aplicados quer à população, quer às intuições
sociais que providenciam apoios socais à comunidade intramuros e que fazem parte da
Comissão Social Interfreguesias do Centro Histórico de Évora. Face ao número de famílias
residentes no Centro Histórico cerca de 2647 (INE, 2001), e ao número dos recursos
humanos disponíveis recorreram-se a amostras aleatórias simples em cada freguesia,
sendo que os meios de recolha foi o chamado “questionário porta-a-porta”, e apenas era
inquirida uma pessoa por agregado familiar. O que contribuiu para uma melhor percepção
territorial, dos espaços habitacionais e comerciais existentes.
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O Instituto Nacional de Estatística define como família clássica residente o conjunto de
pessoas que residem no mesmo alojamento e que têm relações de parentesco; qualquer
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



pessoa independente que ocupa uma parte ou a totalidade de uma unidade de alojamento
e as empregadas domésticas residentes no alojamento onde prestavam serviço.

      Freguesia                 Famílias                Amostra                 Amostra
                               Residentes          Valores Absolutos          Percentagem
Santo Antão                       685                     205                     30%
São Mamede                        1018                    211                     20%
Sé/São Pedro                       944                      112                    12%
Total Centro Histórico             2647                     528                    17%

Em Ciências Sociais define-se que uma amostra representativa de um universo de valor
considerável deve fica situada no mínimo entre os 15% e os 30%, sendo preferencial a
aproximação dos 30% do universo (Duarte, 2005). Atendendo-se a estes valores, na
freguesia da Se/São Pedro não se conseguiu concretizar uma amostra representativa,
devido às limitações temporais.


  Estes questionários tiveram por objectivos:

  - Conhecer a comunidade intramuros, analisando o seu contexto social, económico,
      cultural e ambiental;
  - Conhecer a qualidade de vidas dos habitantes locais,
  - Identificar problemas existentes e as necessidades percepcionadas pela comunidade;
  - Clarificar os recursos e forças existentes na comunidade intramuros
  - Apontar para possíveis prioridades de intervenção;
  - Proporcionar um quadro referencial.


  E atenderam aos seguintes vectores de análise:

  - Análise sócio-histórica e demográfica do meio;
  - Análise dos recursos do meio;
  - Análise condições habitacionais;
  - Análise das redes de solidariedade locais;
  - Análise dos valores culturais;
  - Análise dos problemas sociais na comunidade.

Pode-se afirmar que, os questionários utilizados foram sendo aperfeiçoados ao longo do
contacto com a população, procurando ser um instrumento aberto e dinâmico ao longo da
análise, para que permitissem uma maior compreensão da realidade e da comunidade que
se encontrava a ser analisada.

        Limitações do Diagnóstico Social

Este estudo apresenta limitações que não permitiram o aprofundamento de algumas
questões que serão apresentadas. Entre as limitações identifica-se: o facto de ser um
estudo que se debruça nas características generalistas dos agregados residentes no
Centro Histórico, não houve a análise da vertente mais pública deste território como a
convergência dos serviços, comércio e parque habitacional, portanto privada; o facto de
este diagnóstico ter sido construído num espaço de nove meses e a equipa que tratou da
recolha de dados só esteve disponível em horário laboral, das 9h às 20h; no que concerne
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aos questionários às instituições presentes na comunidade foram poucos os que
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devolvidos. O que não tornou possível a auscultação das entidades presentes sobre esta
comunidade, no presente estudo.
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        BREVE CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO DE ÉVORA
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              “A cidade de Évora é testemunha de um passado irrequieto, marcado pela presença de povos
            e culturas distintas. Évora é uma cidade notável destes períodos remotos da Península Ibérica”.
                                                                                        (Silva et all: 1998)

No estudo aqui apresentado, e apesar de se pretender somente reflectir sobre o Centro
Histórico de Évora, julgou-se ser importante fazer uma breve caracterização da cidade de
Évora, para que se contextualize a realidade envolvente da qual o Centro Histórico
constitui vital parte.

No coração do Alentejo, o concelho de Évora tem a área de 1 308,25 km² (Ficha de
Caracterização Concelhia 1999:207), sendo a sede de um dos maiores municípios de
Portugal, com a configuração mais ou menos circular, com um raio aproximado de 20
quilómetros. Évora situa-se no meio da planície alentejana, a uma altitude média 240
metros.

O município é limitado a norte pelo município de Arraiolos, a nordeste por Estremoz, a
leste pelo Redondo, a sueste por Reguengos de Monsaraz, a sul por Portel, a sudoeste
por Viana do Alentejo e a oeste por Montemor-o-Novo. Situando-se junto do eixo Lisboa -
Madrid. Localizada no ponto de encontro de três grandes bacias hidrográficas – Tejo,
Sado, Guadiana.

Évora é descrita como sendo uma planície docemente ondulada, com uma paisagem
aberta, clima mediterrâneo, suavizado pela influência atlântica. “Évora cidade – museu,
assim classificada por artistas, arqueólogos e escritores, não desmereceu do cognome,
que só aparentemente consagra uma imobilidade estética, de certo modo presa a sombras
tradicionais e tutelares das suas características e origens monumentais, mas que a
dinâmica cultural em vivência, actualidade e cosmopolitismo relegou para a magia
contemplativa da Antiguidade. Évora é uma cidade viva, relativamente pequena (…), mas
de um humanismo e pitoresco inimitáveis, sobretudo no Centro histórico, medalhado em
1982 pela Fundação F.V.S., de Hamburgo, e de valor artístico europeu reconhecido pela
UNESCO” (Roteiro: 2000/2001, 13).

A história de Évora está intrinsecamente ligada à história de Portugal e é uma das grandes
embaixadoras da identidade do povo alentejano e de Portugal, através do turismo dá a
conhecer os costumes, as artes, a gastronomia, etc., projectando uma ideia de romantismo
e de pacatez.

A cidade Évora é o principal pólo regional de comércio e serviços, evidenciando-se nos
últimos anos o turismo como um sector em franco crescimento. Sendo o maior centro
urbano do Alentejo com total de 55 619 habitantes (Anuário Estatístico da Região do
Alentejo, 2004:71), encontra-se subdividido em 19 freguesias. E apesar de ter passado por
períodos de diminuição de população, Évora entre 1991 e 2001 apresentou um
crescimento efectivo de população como se poderá verificar no Quadro A.

                                            Quadro A
Ano       1911            1940          1960     1970               1981          1991          2001
População 14 108          22 174        28 652   28 190             14 851        38 094        58 564
                                     Fonte: INE, Censos 2001

Para Silva et all (1998:267) dois factores que contribuíram para modificar o panorama
socioeconómico de Évora: a dinâmica ganha pela Universidade local e a projecção
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decorrente da classificação da cidade como Património da Humanidade pela UNESCO.
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Segundo estes autores, a presença da Universidade permitiu inverter o processo de
envelhecimento da população eborense. É um rejuvenescimento parcial, na medida em
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora      2007



que os jovens não se irão, em geral, fixar na cidade ou no concelho, uma vez diplomados.
Contudo, quando partirem serão substituídos por outros, e graças a esta população
flutuante Évora ganhou uma outra animação. É o aluguer de quartos e casas, é um maior
movimento nos cafés, restaurantes e estabelecimentos similares, e sobretudo, uma vida
cultural e também nocturna com características muito diferentes das tradicionais.

Apesar deste cenário em que se aponta para um crescimento efectivo da população Évora
vive uma dicotomia, se por um lado tem vindo manifestar um crescimento populacional
efectivo, por outro lado o Centro Histórico desta cidade tem perdido população a um ritmo
acentuado. Tal, como demonstrado no seguinte Quadro B e Gráfico 1.

                                          Quadro B
                             Evolução da População Residente
           1911        1940           1960        1970       1980          1990          2000
CHE        14074       18559          15696       12696      10783         7842          5661
CEM        34          3615           12956       15494      4068          30252         41970
                             Fonte: Mourão, Susana – C.M.E. (2001:s/p)


                                              Gráfico 1

                              Evolução da População Residente

            60000
            50000
            40000
                                                                                   CEM
            30000
                                                                                   CHE
            20000
            10000
                  0
                      1911     1940   1960    1970   1980   1990    2000

                             Fonte: Mourão, Susana – C.M.E. (2001:s/p)

Efectivamente, os dados apontam para uma perda de população no Centro Histórico de
Évora (CHE) em benefício da Cidade Extra Muros (CEM), segundo um estudo realizado
pelo Departamento do Centro Histórico e Património da Câmara Municipal de Évora
(Oliveira et all: 2003:3), as causas deste fenómeno demográfico devem-se sobretudo ao
aparecimento de núcleos urbanos fora das muralhas e um centro histórico superpovoado
levou os moradores do Centro Histórico à procura de habitações nestes novos espaços. O
que se traduziu num primeiro momento num equilíbrio entre espaço residencial/população,
mas que depois originou um profundo desequilíbrio, perdendo o centro da cidade
vitalidade. O que segundo os autores deste mesmo estudo “levou a uma rotura
demográfica, dos 20 000 habitantes em 1940, restam pouco mais de ¼” (Ibidem).

Comparativamente à densidade populacional verifica-se que embora afastado da média
                                                                                                 10




nacional, o distrito de Évora se encontra ligeiramente abaixo dos valores apresentados
pela região do Alentejo, tal como demonstra Gráfico 2.
                                                                                                 Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



                                            Gráfico 2
                              Densidade Populacional



                           150               113,92

                           100
                 Hab/Km2
                            50                          24,38     23,11


                              0
                                       Portugal      1
                                                  Alentejo      Distrito Évora




                           Fonte: INE, O País em Números, 2004

No que concerne à distribuição etária, Gráfico 3, verifica-se que a Évora apresenta os
seguintes valores: 15% da população apresenta idades compreendidas entre os 0-14
anos, 12% da população encontra-se entre os 15-24 anos e grande maioria 73% da
população tem idades superiores aos 24 anos. O que demonstra uma população
maioritariamente com idade adulta.

                                            Gráfico 3

                                       Distribuição Etária


                  50000

                  40000

                  30000
                  20000

                  10000
                      0
                           0-14 Anos         15-24 Anos         <24 Anos

                     Fonte: Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2004


Quanto aos indicadores sociais, o concelho, no ano lectivo 2004/2005, encontravam-se
cerca de 67 instituições de ensino, Gráfico 4, sendo que ao nível do ensino pré-escolar 19
estabelecimentos pertencem ao ensino privado e 13 ao ensino público, ao nível do ensino
básico 1 estabelecimento pertence ao ensino privado e 26 ao ensino público, pertencendo
todos os outros níveis ao ensino público.
                                                                                             11
                                                                                             Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora           2007



                                                    Gráfico 4
                               Estabelecimentos de Ensino


                                          3     3     2

                                                                               32


                               27




                Educação Pré-escolar          Ensino Básico               Ensino Secundário
                Escolas Profissionais         Ensino Superior

                      Fonte: Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2004


Nos indicadores de saúde, Évora em 2004 apresentava valores acima da média nacional,
no que respeita a enfermeiros, médicos e farmácias por habitante. Tal como demonstrado
no Gráfico 5.




                                                    Gráfico 5

                                    Indicadores de Saúde

                                          9,9
                      10
                       8
                       6                                         4,4
                              4,2
                       4            3,4              3,3
                       2                                   1,7
                                                                         0,3 0,4 0,4
                       0
                           Enfermeiros por Médicos por Farmácias e
                             1000 Habit.   1000 Habit. postos de med.
                                                         1000 Habt.

                                     Portugal         Alentejo         Évora

                      Fonte: Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2004


Ao nível da protecção social, e no que toca mais exactamente ao número de pensionistas
e subsidiários no final do ano de 2004, esta cidade apresentava os valores apresentados
no Quadro C.
                                                                                                     12
                                                                                                     Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora    2007




                                          Quadro C
                           Protecção Social
                         Pensionista Invalidez                      2091
                          Pensionista Velhice                      9692
                      Pensionista Sobrevivência                    3418
                              Pensionista                          15201
               Beneficiário da prestação de desemprego              1727
                 Abono de família a crianças e jovens              2561
               Subsídio por assistência à terceira pessoa            26
                       Subsídio Mensal vitalício                     9
                            Subsídio funeral                         11
                          Subsídio por doença                      2314
                         Subsídio Maternidade                       348
                       Subsídio de Paternidade                      148
                      Fonte: Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2004


Tendo o Distrito de Évora em 2003, uma totalidade 36 equipamentos sociais, segundo a
Carta de Equipamentos e Serviços de Apoio à População – 2002, sendo estes 8 Creches,
12 Centros de Dia e 16 Lares.

No que se refere à educação, mais propriamente ao analfabetismo, Évora apresenta uma
taxa elevada quando comparada com o Alentejo e Portugal, tal como demonstrado no
seguinte gráfico.

                                          Gráfico 6

                              Taxa de Analfabetismo - 2001



                 20                      15,9
                                                  14,8
                 15
                                  9                                         Portugal

                 10                                                         Alentejo
                                                                            Évora
                  5

                  0
                                  Analfabetos

                               Fonte: INE, O País em Números

Quanto às freguesias do Centro Histórico, em análise – Sé/São Pedro, St. Antão e São
Mamede, três das dezanove freguesias do concelho de Évora, caracteristicamente
urbanas, cingem em si importantes serviços para toda a população eborense, podendo
intitular-se as artérias principais do concelho. Representando no seu conjunto cerca de 9%
da população eborense.
                                                                                              13
                                                                                              Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




                                                                       14




                                                       SANTO ANTÃO
                                                                       Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



A Freguesia de Santo Antão é uma das freguesias urbanas de Évora, sendo a mais
pequena deste Concelho, e consequentemente do Centro Histórico, ocupa uma área
geográfica de cerca de 0,27 Km2 e os limites do seu território entre a Rua dos Mercadores
e a Rua José Elias Garcia. Tem como património a Igreja de Santo Antão, a Fonte
Henriquina, o Convento de Santa Clara, o Teatro Garcia de Resende e o Convento do
Calvário. É, também, nesta freguesia que se situa a famosa Praça do Giraldo, que ainda
hoje serve de ponto da sociedade eborense.

                                Freguesia de Santo Antão




            A Freguesia de Santo Antão corresponde à área sombreada da imagem.
            Fonte: Departamento do Centro Histórico Património e Cultura – C.M.E.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística em 2001, St. Antão apresentava cerca de 1473
habitantes residentes, sendo que 58% são mulheres e 42% são homens, uma densidade
populacional de 5462,8 hab/km2. No que respeita ao edificado apresentava 1020
alojamentos e 697 edifícios, como se poderá verificar pelos dados do Quadro E.

                                         Quadro E
                                                                          Proporção
   N.º Pessoas                            Famílias                            de
    Residente           H         M      ResidentesAlojamentos Edifícios Reformados
       1473            614       859        685        1020      697        38,8%
                                       Fonte: INE 2001

Face ao universo apresentado e às limitações temporais e dos recursos humanos, foi
decidido construir uma amostra da população para a realização de questionários,
efectuando-os “porta-a porta”. Deste modo, os investigadores tiveram a possibilidade de
conhecer melhor a comunidade local e a população.


Resultados dos Questionários:

Quanto à amostra, de um universo de 685 famílias residentes, foram efectuados 205
questionários à população desta freguesia, abrangendo 30% das famílias residentes na
freguesia como comprova o gráfico 1. A recolha de dados foi realizada entre as 9h e as
20h e foram percorridas todas as ruas desta freguesia e inquiridas o máximo de pessoas
possível.
                                                                                             15
                                                                                             Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




                                           Gráfico 1
                                           Amostra
                               Famílias
                             Residentes
                            Inquiridas ;
                              205; 30%

                                                          Famílias
                                                        Residentes
                                                       Não Inquiridas
                                                        ; 480; 70%


Quanto ao sexo dos inquiridos, maioritariamente foram mulheres, cerca de 147 mulheres e
58 homens, com as percentagens representadas no Gráfico 2.




                                           Gráfico 2
                                  Se xo dos Inquiridos




                        Masculino
                          28%




                                                            Feminino
                                                              72%




A apresentação dos dados será dividida através das várias temáticas abordadas no
questionário: caracterização dos agregados familiares, rendimentos, saúde, mobilidade,
habitação, bens de conforto, a relação face ao Centro Histórico, 3º Idade e, e por fim,
factores de interesse.


       Caracterização dos Agregados Familiares:

No que respeita às idades verifica-se, que maioritariamente os agregados familiares são
compostos por adultos, com particular incidência para pessoas nas faixas etárias entre os
31-65 anos e pessoas com idades superiores aos 76 anos de idade, Gráfico 3.
                                                                                            16
                                                                                            Página
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                                                    Gráfico 3
                              Idades Elementos Agregados Familiares


                        120                                 119

                        100                                                  96

                        80                         79



             N Ps o s
                                                                    73


              º es a
                        60

                        40

                        20       15
                                           10
                         0
                               0-14      15-18   19-30   31-65    66-75    >76
                                                   idade s




O que nos revela uma população particularmente envelhecida, atendendo a que se
juntarmos as pessoas com idades iguais e superiores aos 66 anos, estas tem mais
representatividade que qualquer outro grupo.


Quanto à composição do agregado familiar verificou-se que os núcleos familiares são
superiores ao grupo de indivíduos que vivem sozinhos, ficando em último lugar a
população flutuante composta pelos jovens estudantes universitários que se encontravam
a residir nesta freguesia, Gráfico 4.




                                                    Gráfico 4
                                          Distribuição População



                                           Pop. Flutuante
                                                5%

                              Pessoas
                                                                             Núcleos
                              Isoladas
                                                                            Familiares
                                40%
                                                                              55%




                         Núcleos Familiares        Pessoas Isoladas       Pop. Flutuante



Os núcleos familiares eram compostos sobretudo por dois elementos, na sua maioria
casais, Gráfico 5.
                                                                                                     17
                                                                                                     Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



                                           Gráfico 5
                          Composição do Agregado Familiar




                              12; 6% 6; 3% 1; 0%
                                         2; 1%
                    21; 10%
                                                                  82; 40%




                         81; 40%




                                   1   2   3   4   5   6   7



 Sendo que são as famílias nucleares e os agregados isolados os mais representados,
 com cerca de 80% da composição dos agregados familiares nesta freguesia.


No que respeita à escolaridade 36% dos indivíduos que componham o agregado familiar
tinham o 1º ciclo do ensino básico (4º ano), 14% tinha o 3º ensino básico (9º ano) e 12%
não sabiam ler nem escrever, havendo depois distribuição por todos os escalões de
escolaridade, tal como presente no Quadro F.

                                       Quadro F
                             Escolaridade
                    Nível de Ensino                            V.A.            %
     Não sabe ler/escrever                                      46             12
     Sabe ler e escrever sem possuir qualquer grau               4             1
     Ensino Básico 1º                                          141             36
     Ensino Básico 2º                                           18             5
     Ensino Básico 3º                                           55             14
     Ensino Secundário                                          37            0,9
     Ensino Médio                                                7             2
     Bacharelato                                                 4             1
     Licenciatura                                               21             5
     Mestrado                                                    3             1
     Doutoramento                                                1            0, 1
     Frequentam Universidade                                    40             10
     Frequentam Escola                                          15             4


Podemos concluir que a amostra caracteriza-se pelas baixas qualificações escolares,
consequência directa desta ser uma população envelhecida com vivências de uma
época em que a escolaridade não era obrigatória nem tinha importância maior.
Contudo, salienta-se a elevada percentagem de analfabetos.
                                                                                            18




Relativamente às categorias profissionais com maior representatividade são: os
trabalhadores não qualificados com 49%, os estudantes com 17% e pessoal dos serviços
                                                                                            Página




ou vendedores com 13%, as restantes categorias também se encontram presentes nesta
freguesia embora em número bastante inferior, Quadro G. Neste item também foram
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora       2007



válidas as profissões dos pensionistas, uma vez que nos permitiam confirmar indicadores
com rendimentos, idades e escolaridade.

                                         Quadro G
                    Categoria Profissional                          V.A.         %
Membros Forças Armadas                                               7            2
Quadros Superiores da Administração Pública                          1           0
Especialistas das profissões intelectuais e científicas              30          8
Técnicos e profissionais de nível intermédio                         3           1
Pessoal administrativo e similares                                   33          8
Pessoal dos serviços e vendedores                                    49          13
Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e                        1
pescas                                                                  2
Operários, artífices e trabalhadores similares                          5            1
Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da                              1
montagem                                                              4
Trabalhadores não qualificados                                       193         48
Estudantes                                                            65         17


 A baixa qualidade de mão-de-obra, encontra-se igualmente relacionada com o facto
 de esta ser uma população envelhecida com baixas qualificações escolares, e o
 mercado de trabalho não se encontrava tão desenvolvido ao nível da especialização.



Quanto à situação profissional em que se encontravam os membros do agregado familiar
verificou-se que 52%; 27% mantinham-se activos, 16% inactivos e aqui incluíram-se
principalmente donas de casa restando 5% da população que se encontrava
desempregada, Gráfico 6.

                                        Gráfico 6
                                 Situação Profissional




                            Activos
                             27%


                   Des empregad                            Reformados
                        os                                    52%
                        5% Inactivos
                              16%




 Mais de metade dos elementos do agregado familiar encontrava-se na reforma, o
                                                                                                19




 que não é surpresa com as idades médias apresentadas nesta amostra.
                                                                                                Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora    2007



No que concerne à naturalidade dos elementos dos agregados, 322 pessoas, nasceram no
Distrito de Évora, representando 81% da amostra, os restantes encontram-se divididos
entre o Baixo Alentejo com 34 pessoas, Alto Alentejo com 5 pessoas, Centro com 3
indivíduos, Sul com 2 pessoas, Norte 5 pessoas, das Ilhas 2 pessoas e do estrangeiro que
surpreendentemente tem representatividade com cerca de 19 pessoas, Gráfico 7. Este
grupo de estrangeiros são sobretudo adultos, vivem em pequenos núcleos familiares com
laços de consanguinidade ou não, activos, exercendo funções em serviços, ou enquanto
operários ou trabalhadores não qualificados.

                                                Gráfico 7
                                               Naturalidade


                                         1% 1% 5%
                                          1%
                                           1%
                                          1%
                                    9%




                                                                  81%


                        Évora         Baixo Alentejo      Alto Alentejo    Centro
                        Sul           Norte               Ilhas            Estrangeiro



       Rendimentos

Quando inquiridos sobre as fontes de rendimento a maioria afirmou que vivia das suas
pensões/reformas (56%). A segunda fonte de rendimento com maior representatividade é
o salário (26%), logo seguido pelo auxílio de terceiros (13%) e aqui encontram-se
representados fundamentalmente os estudantes que subsistem devido ao apoio dos seus
pais. O subsídio de desemprego ficou em quarto lugar (2%), seguido com igual
representatividade (1%) de negócios próprios, Rendimento Social de Inserção e outras
formas de rendimento, Gráfico 8.

                                              Gráfico 8

                                    Fontes de Rendimento


                                         13%      1%
                                                   1%
                                    2%                             26%


                                                                          1%

                                          56%


              Salário                     Negócio Próprio                 Pensão/Reforma
              Subsídio Desemprego         Auxílio de 3ºs                  RSI
              Outro
                                                                                                  20
                                                                                                  Página




Sem surpresas face às idades dos agregados familiares inquiridos, a fonte de
rendimentos advém principalmente das pensões/reformas.
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora         2007



No que respeita aos rendimentos médios do agregado familiar 80 pessoas (20%)
atestaram receber valores inferiores a 250 € e as restantes 102 pessoas (27%) indicaram
usufruir de valores entre os 251€ e 400€. O segundo grupo com maior representatividade
(20%) apresenta valores superiores a 1200€. No terceiro grupo encontram-se pessoas
com rendimentos entre os 601€ e os 800€ (13%). Sendo seguidos de perto pelo grupo de
pessoas que apontam possuir entre os 401€ e 600€ (11%), havendo ainda outros escalões
intermédios destes valores, tal como demonstrado no Gráfico 9.

                                                 Gráfico 9
                             Rendimento Médio Agregado Familiar


                                      20%                        20%

                             6%


                           3%
                                                                        27%
                                13%
                                                 11%


                   <250    250-400    401-600    601-800   801-1000    1001-1200   >1200




Maior área de gastos é a saúde, dado que não é surpreendente articulando-se as idades
dos inquiridos e a necessidade de maiores cuidados médicos.


Relativamente aos gastos do orçamento familiar a maioria, 55%, dos inquiridos indicaram
ser a saúde a área com maior peso para as suas famílias, seguido da alimentação 33%, a
renda/empréstimos com 9% e finalmente a educação com 3%, Gráfico 10.

                                                Gráfico 10

                          Área Maiores Gastos Agregados Familiares



                                                                         67; 33%



                    113; 55%
                                                                           7; 3%
                                                                      18; 9%


                          Alimentação       Educação   Renda/Empréstimo        Saúde


   Podendo-se concluir que cerca de 50% recebe da amostra recebe menos de um
   salário mínimo nacional o que revela agregados familiares de baixos recursos.
                                                                                                  21
                                                                                                  Página




No que respeita a prestações sociais, entendendo-se por estes apoios os complementares
à pensão sob forma pecuniárias de prestações. Dos inquiridos 92% das pessoas
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora         2007



afirmaram não ter qualquer tipo de apoios, 7% atestaram usufruir do Cartão do Munícipe
Idoso, 1% asseveraram receber o Complemento Solidário para Idosos e 1 pessoa recebia
apoio da antiga entidade patronal, não tendo representatividade percentual. Através do
Gráfico 11 consegue-se verificar os valores absolutos.

                                                 Gráfico 11
                                            Prestações Sociais


                        200                                                    187

                        150

                      Nº 100

                         50
                                      15
                                                     2               1
                          0
                               Cartão Idoso      C.S.I.       Entidade    Não tem
                                                              Patronal




 Na amostra constituída o apoio da Câmara Municipal de Évora, através do Cartão do
 Munícipe Idoso, é superior aos apoios complementares concedidos pela Segurança
 Social, por exemplo o Complemento Solidário para Idosos.


Relativamente a apoios institucionais, e entendem-se por estes respostas sociais como
apoio domiciliário, apoio alimentar e apoio da acção social directo das diversas entidades
existentes. Dos inquiridos 91% afirmaram não tem qualquer tipo de apoio, sendo que os
restantes 9% afirmaram receber apoios de diversas entidades, encontrando-se repartidos
pelas seguintes entidades: Cáritas 5%, Santa Casa da Misericórdia 2%, Fundação Alentejo
Terra Mãe/ Associação Pão e Paz (F.A.T.M.) 1% e Câmara Municipal de Évora/Junta de
Freguesia 1%. Tal como se verifica no Gráfico 12.


                                                 Gráfico 12
                                           Apoios Institucionais


                                200                                                   187

                                150

                                100

                                 50
                                            10            4      2        2
                                  0
                                                  M.         .         ta         s
                                    rita
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                                               sa         .M         un       oi o
                                                        .T        ./J       ap
                                  Cá      . Ca       F.A       .E        em
                                        St                   M
                                                           C.         ot
                                                                   Nã
                                                                                                   22
                                                                                                   Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora                        2007




Somente nesta freguesia a Fundação Alentejo Terra Mãe/Associação Pão e Paz
apareceu   como   entidade         que    presta        apoio    alimentar          aos        inquiridos,   apoio
completamente gratuito. O que para pessoas que vivem de parcos rendimentos é um
enorme auxílio.


       Saúde

Quanto à saúde 88% dos inquiridos asseveraram ter médico de família e 12% afirmaram
não ter, este último grupo associado à população universitária e a novos residentes que
não regularizaram a sua situação nos serviços de saúde, Gráfico 13.

                                                    Gráfico 13
                                            Médico Família


                                                 180
                             200

                             150

                  Nº Pessoas 100
                                                                              25
                              50

                               0
                                           Sim                         Não




 Não foi detectado qualquer problema no que se refere ao acesso dos serviços de
 saúde, nesta freguesia.


No que concerne a gastos com medicamentos dos inquiridos 49 pessoas responderam
não ter (25%), 27 não sabem quanto gastam (13%), contudo, 110 pessoas afirmam ter
gastos até 150€ mensais (54%), como se poderá verificar Gráfico 14.



                                                Gráfico 14

                                   Gastos em Medicamentos

                        50                                                                49
                              46     46
                        40

                        30                                                         27
                   Nº
                        20                 18
                                                   11
                        10
                                                           3      3      2
                         0
                             <50 51-100 101-     151-    201-   251-   >300    Não       Não
                                        150      200     250    300            Sabe      tem
                                                                                                                     23




                                                                                        gastos
                                                                                                                     Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




Mesmo com baixos recursos económicos, mais de metade dos inquiridos tem gastos
até 150€ mensais, o que representa uma enorme despesa para esta população.


 No que se refere a doenças crónicas, e aqui ressalva-se o facto de se ter questionado aos
 inquiridos se tinham ou não alguma doença crónica, cerca de 137 pessoas responderam
 não padecer de alguma doença crónica. No entanto, 68 pessoas atestaram sofrer de
 várias doenças, sobretudo diabetes, Gráfico 15.

                                                 Gráfico15
                                         Doenças Crónicas
                 Diabetes          Bronquite      Cardíaca      Asma        Artroses
                 Depressões        Parkinson      Alzhameir     Outras
                             26%

                                                                                48%


                 3%
                  4%
                      1%                 9%           4%
                       1%
                            4%




 No que respeita a incapacidades gerais, 117 (57%) pessoas afirmaram não sentir qualquer
 dificuldade ou incapacidade, todavia 88 (43%) asseguraram: ter dificuldade em transpor
 lanços de escadas (56 pessoas), dificuldade de locomoção (16 pessoas), necessidade de
 dispositivos de compensação (12 pessoas), e (4 pessoas) sofrem de outras incapacidades,
 tais como auditivas e visuais. Como demonstrado no Gráfico 16.


                                               Gráfico 16
                                     Incapacidades Gerais


                                                 5%            18%
                                   14%




                                                   63%


          Incapacidade Locomoção                         Dificuldades Transpor lanços Escadas
          Dispositivos de compensação                    Outras Incapacidades
                                                                                                  24
                                                                                                  Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



 Dos inquiridos 43% apresentavam algumas incapacidades, principalmente, dificuldade
 de transpor lanços de escadas e incapacidades locomoção. Estas incapacidades estão
 relacionadas com as idades dos inquiridos e o consequente aumento do grau de
 dependência.


       Mobilidade urbana

Quanto à mobilidade a maioria dos inquiridos (53%) responderam não ter automóvel, em
oposição a 47% que afirmaram ter automóveis, como se poderá verificar no Gráfico 17.

                                              Gráfico 17
                                     Número Automóveis




                                                                          57; 28%




                   109; 53%

                                                                       39; 19%




                                1 Automóvel      2 Automóvel      Não tem




Relativamente ao meio de transporte utilizado na cidade intramuros, Gráfico 18, 60%
declararam andar a pé, 25% utilizam os transportes públicos e 15% utilizam os próprios
automóveis ou algumas das vezes são os filhos que transportam os pais, situações que se
encontra relacionada com problemas de saúde e dificuldade de deslocação mesmo a pé.
                                     Gráfico 18
                                   Meio Transporte Utilizado


                                                                31; 15%




                                                                            51; 25%
                     123; 60%




                                     Automóvel     Autocarros     Pé




 Podemos afirmar que os inquiridos apresentaram hábitos saudáveis e positivos para o
 ambiente, pois as formas de locomoção privilegiadas são as deslocações a pé e os
 transportes públicos.
                                                                                                25
                                                                                                Página




       Habitação
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



Quanto à função da habitação encontra-se distribuída entre habitação permanente e
segunda habitação, esta última profundamente relacionada com as deslocações de
estudantes que arrendam casas perto da universidade, uma vez que o endereço oficial
destes jovens continua a ser a casa dos seus pais. Maioritariamente, as casas tinham por
função serem permanentes, Gráfico 19.

                                             Gráfico 19
                                     Função Habitação



                                                      16; 8%




                                  189; 92%



                      Segunda Habitação           Habitação Permanente



Quanto ao vínculo contratual da habitação, em larga escala as casas são arrendadas 69%,
seguindo a situação de casa própria 30%, e a habitação cedida cerca de 1%.Esta última
associada a questões familiares em que um membro da família disponibiliza sua habitação
para usufruto de um outro familiar, Gráfico 20.

                                             Gráfico 20

                              Tipo de Vínculo à Habitação


                                              2; 1%
                                                                   61; 30%




                       142; 69%



                                   Própria    Arrendada   Cedida




 A maioria dos inquiridos era arrendatária.



Entre os indivíduos em situação de arrendatários verificou-se que quanto ao contrato
propriamente dito, Gráfico 21, 71% dos casos afirmavam ter contratos ilimitados, seguido
pelos indivíduos que afirmavam não ter contrato mas terem recibos e por aqueles que
asseveravam não ter, nem contrato nem recibos, ambos com 13%. Verificou-se que 3%
dos inquiridos, não sabia qual tipo de contrato que tinham estabelecido. A situação de não
                                                                                             26




existência de contrato ou recibos tinha particular incidência na população universitária.
                                                                                             Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



                                         Gráfico 21
                                    Tipo de Contrato


                                         4; 3%           18; 13%
                                                                   18; 13%




                         102; 71%



                    Sem Contrato/Sem Recibo          Sem Contrato/Com Recibo
                    Contrato Ilimitado               Não sabe



Quanto aos anos de celebração de contrato verificou-se que 63% dos casos eram
contratos com mais de vinte anos, havendo ainda um valor considerável, 21%, de
contratos com menos de cinco anos. Tal como demonstrado Gráfico 22.




                                         Gráfico 22

                                    Anos de Contrato


                                             3; 1%
                                                                44; 21%
                    58; 28%




                                                                       33; 16%

                                   67; 34%


                              <5    6-20       21-40    41-60    >60


No que toca ao valor da renda verificou-se que, 53% da população paga menos de 100€,
associado a contratos mais antigos. Por sua vez no outro extremo, mas também com
alguma representatividade, 29% têm rendas entre os 301€ e 350€. Encontrando-se entre
estes extremos valores intermédios como se poderá verificar através do Gráfico 23.
                                                                                           27
                                                                                           Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora     2007



                                                Gráfico 23
                                               Valor Renda
                   <50     51-100    101-150    151-200   201-250   251-300      301-350


                           41; 29%
                                                                        50; 35%




                         4; 3%
                           7; 5%                             26; 18%
                             3; 2%
                                    11; 8%



 Concluindo-se que, as rendas baixo valor estão associadas a vínculos contratuais
 antigos, sob a forma de contratos ilimitados e as rendas de elevado valor estão
 associadas a vínculos contratuais mais recentes sob a forma de vínculos sem
 contrato e sem recibos, maioritariamente.

       Bens de Conforto

No que se refere a bens de conforto, todos os inquiridos afirmaram ter fogão, frigorífico e
televisor. No que toca a esquentador 7 afirmaram não ter, 10 asseveraram não ter
máquina de lavar roupa e 6 declararam não ter telefone fixo ou móvel. Quanto ao
computador cerca de 50 pessoas afirmaram não ter, Gráfico 24.



                                                Gráfico 24
                                         Bens de Conforto

                               250
                               200
                               150
                    Nº Pessoas
                               100
                                50
                                 0
                                                r    r                       r
                                          ão do    va fone       Tv frico ado
                                       Fog nta . La    le           ri   ut
                                            e
                                               aq    Te           go mp
                                         qu                     Fi
                                       Es     M                     Co
                                                           Bens




Relativamente a condições de conforto e salubridade constatou-se que todos os inquiridos
afirmaram ter água canalizada, saneamento básico e electricidade. Contudo, 13 pessoas
afirmaram não ter casa de banho completa, apontando para a falta de uma banheira ou
duche, e 9 pessoas afirmaram não ter cozinha completa, nem as mínimas condições para
                                                                                                  28




cozinhar, Gráfico 25.
                                                                                                  Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



                                          Gráfico 25

                        Condições de Conforto e Salubridade

                                    205
                                    200
                       Nº Pessoas 195
                                    190
                                    185




                                                            a




                                                           al
                                                           o
                                                          de
                                                          co
                                                         ad




                                                        nh


                                                        on
                                                      da
                                                       si
                                                      iz




                                                    Ba


                                                     ci
                                                  Bá
                                                  al




                                                   ci




                                                 ra
                                               t ri
                                              an




                                             de
                                              to




                                             pe
                                            ec
                                           C


                                          en




                                          a


                                          O
                                         El


                                        as
                               ua


                                      am




                                       ha
                                      C
                            Ág




                                    in
                                   ne




                                  oz
                                Sa




                                C
Quanto às patologias no edifício, e aqui foi questionado se os inquiridos identificavam
problemas ao nível da água canalizada, saneamento básico, electricidade, estrutura ou
outros. Dos inquiridos 78%, afirmaram ter a casa não identificar qualquer problema de
relevante importância, todavia 22% apontaram ter problemas de conservação, entre os
quais problemas de salitre, degradação da casa, caixilharia, etc., Gráfico 26.

                                          Gráfico 26
                                    Patologias no Edifício


                                                             46; 22%




                        159; 78%



                                           Sim   Não




       Relação com Centro Histórico

No que se refere à relação dos inquiridos com Centro Histórico, foram aplicadas uma série
de questões que permitiram ver a identificação dos residentes com este território, as redes
de solidariedades locais e as necessidades, potencialidades deste, de acordo com a
opinião da própria população, a identificação dos problemas sociais e possíveis respostas.

Assim, relativamente ao prazer de viver no Centro Histórico de Évora 89% dos inquiridos
afirmou ter gosto em viver neste local e, apenas, 11% atestou que não gostava, Gráfico 27.
                                                                                              29
                                                                                              Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




                                          Gráfico 27
                          Prazer em Viver no Centro Histórico


                                23; 11%




                                                        182; 89%


                                           Sim    Não



Pela forma como os inquiridos respondiam a esta questão de gostarem ou não de morar
no Centro Histórico de Évora muito reactiva e defensiva, podemos aferir que há um
sentimento de orgulho e de pertença associado a este espaço.


Dos 23 inquiridos que asseveraram não gostar de viver no Centro Histórico, 13%
gostariam apenas de mudar de residência, mas não deixariam o Centro Histórico e 87%
prefeririam ir viver para fora dos muros, Gráfico 28. Não se conseguindo aferir as causas
desta possível mudança.




                                          Gráfico 28
                                    Local da Mudança


                                3; 13%




                                                         20; 87%


                                     Fora Muros    Cidade




Relativamente aos principais problemas sociais apontados da população da freguesia, os
inquiridos responderam principalmente pobreza (31%), depois degradação habitacional
(18%) e o isolamento/abandono particularmente face aos idosos (14%), entre outras
problemáticas como se poderá verificar no Quadro H.
                                                                                            30
                                                                                            Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



                                     Quadro H
                     Problemáticas Apontadas                          Nº     %
            Pobreza                                                   93    31
            Isolamento/Abandono                                       42    14
            Doença                                                    32    11
            Degradação Habitacional                                   53    18
            Desemprego                                                32    11
            Especulação Imobiliária                                    1   0,001
            Toxicodependência                                          9    0,3
            Violência Doméstica                                        5    0,2
            Envelhecimento População                                   6    0,2
            Maltrato                                                   1   0,001
            Alcoolismo                                                 8    0,3
            Famílias Disfuncionais                                     3    0,1
            Desertificação                                             3    0,1
            Exclusão Social                                            4    0,1
            Baixa Qualificação Escolar                                 3    0,1
            Mendicidade                                                1   0,001

Foram identificados como principais problemas da população de Santo Antão, por
ordem decrescente: a pobreza, a degradação habitacional, isolamento/abandono dos
idosos, doença e o desemprego.


Quanto aos equipamentos sociais 69% dos inquiridos acharam que eram insuficientes face
as necessidades da população, 14% admitiram ser suficientes aqueles que já existem, em
igual percentagem ficaram aqueles que não sabiam responder e 3% acharam que aqueles
que existem eram demasiados face às necessidades, Gráfico 29.

                                         Gráfico 29
                                  Equipamentos Sociais


                              28; 14%           7; 3%       28; 14%




                                        142; 69%


                         Demais   Suficientes   Insuficientes   Não Sabe



Daqueles que responderem ser insuficientes os equipamentos existentes, 80% apontaram
para a necessidade de haver mais apoio à população envelhecida, particularmente, mais
lares, apoio domiciliário, centros de convívio; 13% aludiram não saber o que fazia
exactamente falta; 5% indicaram a falta de equipamentos na área de infância e de apoio à
população envelhecida e 2% apontaram apenas para a infância, Gráfico 30.
                                                                                            31
                                                                                            Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora       2007




                                              Gráfico 30
                       Áreas Necessidade Equipamentos Sociais


                       10; 5%      27; 13%

                      5; 2%




                                                                     163; 80%



                        3º Idade       Infância   Infância e 3º Idade    Não Sabe




   Quanto aos equipamentos sociais houve uma clara manifestação de maior
   necessidade destes, sendo os equipamentos de apoio à população envelhecida os
   mais indicados como necessários.



No que toca às redes de apoio em situações de emergência ou necessidade, Gráfico 31,
64% dos inquiridos afirmaram procurar a família, 16% socorrem-se dos vizinhos, 16%
procuram instituições e 4% pedem apoio a amigos.

                                              Gráfico 31
                                             Rede Apoio


                                                       9; 4%
                                                                        32; 16%




                                                                                32; 16%
                    132; 64%




                              Amigos     Vizinhos     Instituições      Famílias


Nesta freguesia verificou-se que é a que mais se socorre das instituições em casos de
emergência, o que é indicador de isolamento social.


Quanto à participação em eventos, 66% das pessoas responderam não participar em
qualquer evento, 29% participam em cultos religiosos, 3% participam nos eventos que a
                                                                                                 32




Junta de Freguesia organiza, principalmente nos passeios que promove e 3% participa em
festas da freguesia, Gráfico 32.
                                                                                                 Página
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                                            Gráfico 32

                                    Participação em Eventos



                                                              60; 29%



                                                                     6; 3%
                         135; 66%
                                                                  4; 2%


                  Cultos Religiosos                 Eventos Junta de Freguesia
                  Festas das Freguesias             Não Participa em nenhum evento



Mesmo, quando questionados se tem alguma participação enquanto sócios de
associações, colectividades ou outros, 85% afirma não pertencer a qualquer colectividade
ou associação, e apenas 15% afirma ser sócio de alguma entidade, Gráfico 33.

                                            Gráfico 33

                               Participação enquanto Sócios


                                                           31; 15%




                               174; 85%


                                          Sócio   Não Sócio



   A maioria dos inquiridos não participa em qualquer evento, o que revela que há
   muito pouca dinâmica social, cultural ou associativa nesta população.


Relativamente ao local onde normalmente efectuam compras, Gráfico 34, 50% afirmou ir
apenas às grandes superfícies, 33% declarou comprar quer no comércio tradicional, quer
nas grandes superfícies, alguns destes casos mesmo quando as pessoas não se
conseguem deslocar aos grandes supermercados é a família que lhe faz as compras. E
17% apenas efectuam compras no comércio tradicional, questão também associada à
dificuldade mobilidade que a pessoa tem e eventualmente, ao não apoio da família.
                                                                                             33
                                                                                             Página
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                                                  Gráfico 34
                                           Local de Compras


                                                                     68; 33%


                             102; 50%

                                                               35; 17%


                                 Comércio Tradicional e Grandes Superfícies
                                 Comércio Tradicional
                                 Grandes Superfícies



Quanto à ocupação dos tempos livres, 32% afirmou que aproveita estes tempos para
realizar tarefas domésticas, 19% opta por passear, 15% vê televisão e 10% dedica-se à
realização de trabalhos manuais, Gráfico 35.




                                                  Gráfico 35
                                        Ocupação Tempos Livres

                                         4%4% 4%
                                        2%                     19%
                                     15%

                                      5%
                                                                  32%
                                           5% 10%

               Passear                      Cuida Casa                   Trabalhos Manuais
               Apoio Família/Cuida netos    Voluntariado                 Ver Tv
               Teatro                       Ler                          Internet/Computador
               Descansar




Mesmo a ocupação de tempos livres é vivida de forma muito isolada, remetendo quase
na sua totalidade para a esfera privada, indicador de falta de dinâmica social.


No que respeita aos aspectos positivos de morar no Centro Histórico de Évora foram
apontados as seguintes aspectos registados no Quadro I, entre estes destacam-se: a
proximidade dos serviços/comércio, a segurança, vizinhança e a beleza/monumentos.
                                                                                                      34
                                                                                                      Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



                                   Quadro I
                     Aspectos Positivos                      V.A.          %
          Proximidade Comércio/Serviços                      117           39
          Vizinhança                                          23            8
          Segurança                                           57           20
          Sossegado                                           21            7
          Beleza/Monumentos                                   23            8
          Deslocações a Pé                                    10            3
          Linha Azul                                           5           2
          Limpeza                                             11            4
          Proximidade Família                                  3            1
          Diversão Nocturna                                    3            1
          Gosta de Tudo                                        8            3
          Não gosta de nada                                    5            2
          Não Sabe                                             5           2



 O factor positivo, mais apontado, de morar no Centro Histórico foi a proximidade do
 comércio e serviços, o que deve ser considerado em qualquer exercício de intervenção
 e reabilitação deste espaço.

Nos aspectos negativos apontados de relevância verifica-se que, 20% dos inquiridos não
encontraram aspectos negativos, 14% apontaram o estacionamento, 9% a falta de civismo
devido aos dejectos caninos entre outras situações apontadas como se poderá verificar no
Quadro J.




                                     Quadro J
                       Aspectos Negativos                           V.A.        %
       Vizinhança                                                    1          1
       Barulho Bares                                                 16         8
       Falta de Espaços verdes/Desportivos                           8          4
       Abandono/Degradação Casas                                     14         7
       Desertificação/Isolamento pessoas e comércio                  15         8
       Falta de lugares de Estacionamento                            26         14
       Preços das casas/Especulação Imobiliária                      7          4
       Más condições Habitacionais                                   3          2
       Falta de civismo/dejectos caninos                             18         9
       Vandalismo                                                    2          1
       Insegurança                                                   11         5
       Trânsito                                                      10         5
       Calçada                                                       15         8
       Falta de Hipermercados                                        7          4
       Não tem aspectos negativos                                    38         20
                                                                                            35
                                                                                            Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora     2007




 Embora grande parte dos inquiridos não encontrassem nenhum aspecto negativo de
 morar no Centro Histórico, o que demonstra que gostavam de viver neste espaço, de
 entre os aspectos apontados encontramos a falta de lugares de estacionamento,
 que deve ser um elemento importante na reabilitação deste espaço e falta civismo
 dos donos dos cães, que gera sujidade a ponto de incomodar os habitantes desta
 freguesia.

Quanto às sugestões de actividades para a Junta de Freguesia, 51% afirmou não ter
nenhuma sugestão, e entre as mais apontadas encontram-se as actividades desportivas e
as actividades para idosos, como se poderá ver Gráfico 36.


                                              Gráfico 36

                                     Sugestões Actividades


                                   34; 17%                  41; 20%
                                                                  5; 2%


                                                                   20; 10%

                                   105; 51%


              Actividades Idosos         Associação Moradores    Actividades Desportivas
              Não Sabe                   Não sente necessidade


Entre os pedidos endereçados à Junta de Freguesia, que os inquiridos julgavam ser
importantes para melhorarem a sua vida, embora 49% dos inquiridos não lhe ocorresse
nada, entre os que efectivamente tinham pedidos, encontramos pedido de apoio
económico e social 17%, pedido de apoio da conservação das casas 7% e mais
actividades 5%, entre outras que constam no Quadro K.

                                        Quadro K
                     Pedidos à Junta de Freguesia                  V.A.        %
              Não sabe                                             100         49
              Cuidar casas                                          14         7
              Regular bares                                          4         2
              Actividades                                           10         5
              Apoio Social e Económico                              34         17
              Arranjar calçada                                       4         2
              Segurança                                              3         1
              Regular Trânsito                                       4         1
              Promover Associativismo/Voluntariado                   3         1
                                                                                                  36




              Gosta Atendimento Junta                                4         1
              Limitações Orçamentais                                 7         3
                                                                                                  Página




              Criar Espaços verdes                                   3         1
              Nada                                                  15         7
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




     Embora cerca de metade dos inquiridos não soubessem em que medida é que a
     Junta de Freguesia poderia melhorar a sua vida, novo indicador de falta de
     participação cívica; o pedido mais frequente é o apoio económico e social, o que
     indica vulnerabilidades nestas áreas.


         3.ª Idade
Quanto à 3.ª Idade e verificado que grande parte dos inquiridos tinha idades iguais ou
superiores a 65 anos, julgou-se ser importante perceber as dinâmicas desta população em
particular. No que respeita à frequência de equipamentos para a 3.ª Idade, apenas três do
total dos inquiridos se encontravam a frequentar estes equipamentos, Gráfico 37.

                                         Gráfico 37

                        Frequência Equipamentos 3º Idade


                                               3; 1%




                                        202; 99%


                                  Frequenta     Não Frequenta


Quanto a inscrições nestes equipamentos, no total da amostra verificaram-se 12 pessoas
inscritas, Gráfico 38.
                                      Gráfico 38

                          Inscrições Equipamento 3º Idade


                                                  12; 6%




                                   193; 94%
                                                                                             37




                                    Inscrito    Não Inscrito
                                                                                             Página
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A todas as pessoas que participaram no questionário também lhes foi perguntado se
tinham algum familiar a residir na freguesia, e 31% responderam afirmativamente, Gráfico
39.

                                          Gráfico 39

                           Família Residente na Freguesia



                                                                 64; 31%




                   141; 69%




                                  Residente    Não Residente


E quando inquiridos sobre se mantinham contacto com familiares, que poderiam ir para
além dos residentes na freguesia, 10% afirmou não ter qualquer contacto com familiares,
mesmo telefónicos, Gráfico 40.

                                          Gráfico 40

                              Contactos com Familiares


                                                       21; 10%




                               184; 90%


                            Não tem Contacto     Mantém Contacto



 Mais metade dos inquiridos não frequentam e não se encontram inscritos em qualquer
 equipamento para a população mais envelhecida e não tem familiares a viver no Centro
 Histórico. Sendo que 10% da amostra não têm qualquer contacto com familiares,
 mesmo telefónicos.
                                                                                             38
                                                                                             Página
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       Factores de Relevante Interesse


Durante o tratamento dos questionários sobressaíram aspectos que mereceram especial
atenção, um destes aspectos foi número de pessoas que viviam sozinhas cerca de 40% da
amostra, 82 indivíduos. Face a este facto decidiu-se aprofundar a análise neste grupo
particular.


Quanto às idades neste grupo de 82 indivíduos, verificamos que a maioria (44%) encontra-
se entre os 71 e os 80 anos, e o segundo maior grupo tem idades compreendidas entre os
81 e 90 anos de idade (28%), Gráfico 41.

                                          Gráfico 41

                         Idades Pessoas Vivem Sozinhas

                 40                                36
                 35
                 30
                 25                                       23
              Nº 20
                 15
                 10                8       8
                         6
                  5                                                 1
                  0
                      <30       31-60   61-70   71-80   81-90    >90
                                           Idade



Quanto ao sexo maioritariamente são indivíduos do sexo feminino 78%, Gráfico 42.


                                           Gráfico 42

                                                Sexo


                             18; 22%




                                                                64; 78%



                                        Feminino   Masculino
                                                                                             39
                                                                                             Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




O envelhecimento vive-se sobretudo no feminino, como podemos comprovar pela
amostra.



 No que se refere às profissões, 76% destes indivíduos foram trabalhadores não
qualificados, ficando os restantes distribuídos pelas profissões apresentadas no Quadro L.
                                           Quadro L
                       Categorias Profissionais                     V.A.      %
         Membros Forças Armadas                                      1        1
         Quadros Superiores da Administração Pública                 2        2
         Especialistas das profissões intelectuais e científicas      2       2
         Técnicos e profissionais de nível intermédio                1        1
         Pessoal administrativo e similares                          3        4
         Pessoal dos serviços e vendedores                           6        7
         Trabalhadores não qualificados                              62      76
         Estudantes                                                   5       7




Quanto à situação profissional, 87% encontram-se já reformados, 7% são inactivos e neste
grupo encontramos representados os estudantes e donas de casa e 6% encontram-se no
activo, Gráfico 43.

                                            Gráfico 43

                                 Situação Profissional


                                                      5; 6%   6; 7%




                             71; 87%


                                 Inactivo    Activo    Reformado
                                                                                             40
                                                                                             Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



    Os rendimentos são em 73% dos inquiridos inferiores a 250€ por mês, obtendo o segundo
    maior grupo rendimentos entre os 250 e os 400€, encontrando-se os seguintes repartidos
    em outros escalões, Gráfico 44.

                                                 Gráfico 44

                                            Rendimentos

                  70     65
                  60
                  50
                  40
                  30
                  20
                                     8
                  10                              3                   3
                                                              1                  2
                   0
                       <250      250-400    400-600      600-800 800-1000     >1200




Cerca de 80% vive de baixos rendimentos, com menos de um salário mínimo nacional, não
atingindo 73% os 250€ mensais.




    A área de maiores gastos continua a ser a saúde 72%, logo seguida pela alimentação
    24%, e depois a renda e a educação com 2%, Gráfico 45.

                                                 Gráfico 45

                                           Maiores Gastos

                                           2; 2%
                                         2; 2%                      20; 24%




                              58; 72%



                              Alimentação        Saúde     Renda   Educação




    Deste grupo 46% indicaram ter alguma doença crónica, 36% afirmaram não saber qual é o
    gasto mensal em medicamentos, assim como 5% atestaram não ter qualquer gasto em
                                                                                                41




    medicamentos, aqueles que indicaram gastos encontram-se representados no Gráfico 46.
                                                                                                Página
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                                         Gráfico 46

                              Gastos em Medicamentos

                                               14
               14                  13
                        12
               12                                         11
               10
                8
                6
                4
                                                                      2
                2
                0
                      <50      50-100     100-150     150-200    200-250




Neste grupo, apenas, 1 pessoa frequenta um equipamento social e 5 encontram-se
inscritos em lares; 56 (58%) inquiridos têm família residente na freguesia e dos 82
indivíduos apenas 69 (84%) mantêm contacto com familiares, e 13 (16%) afirmaram não
ter qualquer contacto com família. O que revela fragilidade nos laços sociais, e aponta para
questões de isolamento.




                                                                                               42
                                                                                               Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




Principais conclusões:
      Há um decréscimo de população no Centro Histórico de Évora, o que tem
      conduzido a uma desertificação física e humana deste espaço;
      A população inquirida apresenta uma média de idades igual a 64 anos, e a idade
      média dos agregados situa-se nos 55 anos de idade;
      Dos agregados familiares 169 indivíduos (82%) apresentam uma idade igual ou
      superior a 65 anos, portanto são o maior grupo etária apresentado, o que
      demonstra uma população já na 3.ª Idade, logo envelhecida;
      Há dois modelos familiares os indivíduos isolados e as famílias nucleares, havendo
      poucas famílias com filhos, o que leva à não renovação do tecido social;
      36% dos elementos do agregado familiar só têm o 1º ciclo do ensino básico e 12%
      dos inquiridos não sabe ler nem escrever, observando-se população com baixas
      qualificações escolares e com níveis de analfabetismo com significado;
      49% dos agregados familiares são trabalhadores não qualificados, o que conduz a
      situações de precariedade laboral;
      56% dos elementos dos agregados familiares vivem das suas baixas reformas;
      sendo que 47% subsiste com rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional, o
      que os conduz a situações de precariedade económica;
      Dos inquiridos, 92 pessoas afirmaram ter gastos de saúde compreendidos em
      valores inferiores a 50€ e os 100€ mensais, e foi considerada a saúde a área de
      gastos elevados no orçamento familiar, o que indica saúde precária;
      Quanto à habitação 69% dos ocupantes são arrendatários, na maioria com
      vínculos contratuais superiores a 20 anos e em 53% com rendas compreendidas
      entre menos de 50€ a 100€, portanto rendas de baixo valor associadas a vínculos
      contratuais antigos;
      Contrapondo-se aos contratos de arrendamento mais recentes que apresentam
      valores entre os 300 e 350 € mensais, rendas de elevados valor associado a
      vínculos contratuais mais recentes;
      Quanto às condições de conforto e salubridade 13 pessoas asseveraram não ter
      casa de banho completa e 9 afirmaram não ter cozinha operacional, indica más
      condições de habitabilidade, assim como, 7 pessoas afirmaram não ter
      esquentador, 10 declararam também não ter máquina de lavar, apontando para
      falta de bens de conforto;
      89% dos inquiridos gostam de viver no Centro Histórico, muitas vezes associada a
      uma ideia de romantismo e orgulho, associado a um forte sentimento de pertença;
      Os aspectos positivos do Centro Histórico residem principalmente na proximidade
      serviços/comércio (39%), na segurança (20%) e as relações de vizinhança (8%);
      Nos aspectos negativos 20% afirmaram que não encontravam aspectos negativos,
      entre os que apontaram (14%) falta de lugares de estacionamento e 9% falta
      civismo/dejectos caninos;
      E quanto às problemáticas sociais predominantes são apontadas a pobreza (31%),
      a degradação habitacional (18%) e o isolamento/abandono dos idosos (14%) como
      os principais problemas da freguesia;
      16% dos inquiridos procuram instituições em situações de necessidade ou
      emergência, o que traduz falta de rede familiar de apoio;
      66% dos inquiridos não participa em qualquer evento, o que indica não
      participação nas dinâmicas culturais, sociais e associativas mesmo perante este
      cenário 29% sugerem mais actividades;
       Mesmo as ocupações dos tempos livres são vividos de forma muito isolada uma
      vez que 69% das actividades realizam-se dentro de casa e apenas 10% dos
                                                                                            43




      inquiridos apresentam actividades sociais, como o voluntariado e apoio à família, o
                                                                                            Página




      que aponta para não participação em dinâmicas sociais;
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



A falta de dinâmica social é acompanhada de mais um dado relevante, uma vez
que 10% afirma não manter qualquer contacto com a restante família, induz a
questões de isolamento social severo;
Quanto à população dos inquiridos que vivem sozinhos (40%) merecem algumas
considerações, pois, são compostas sobretudo por idosos, do sexo feminino, com
reformas inferiores a 250€, com gastos substanciais na saúde e 16% não mantêm
contacto com as respectivas famílias, o que revela potencial risco social;
Quanto aos pedidos a fazer à Junta de Freguesia, um dado importante e que deve
ser interpretado é que, 49% dos inquiridos não sabia em que medida é que junta
poderia melhorar a sua condição de vida e 17% aludiram para a necessidade de
apoio económico e social.




                                                                                    44
                                                                                    Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




Análise S.W.O.T. de Santo Antão:

A análise S.WO.T. resulta numa análise estratégica através de quatro elementos chave.



    Pontos Fortes                                  Pontos Fracos
                                                    Envelhecimento da população
        Proximidade de serviços e                   Não renovação do tecido
        comércio                                    social
        Questões da vizinhança                      Pouca atractividade para
                                                    novos casais
                                                   Oportunidades
                                                    Especulação imobiliária




         Ameaças                                     Oportunidades
                                                  Novo Quadro Comunitário –
          Desertificação física e
                                                  QREN
          humana da freguesia
                                                  Sentimento de orgulho e de
          Emergência territórios de
                                                  pertença associado à cidade
          risco social
                                                  S.R.U.




                                                                                             45
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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora       2007




Instituições:

As entidades presentes no Quadro M encontram-se localizadas na Freguesia de Santo
Antão.
                                     Quadro M
          Instituição                Resposta Social           Nº de Utentes
 Associação dos Funcionários          Centro Convívio                30
  Aposentados da Segurança
            Social
                                          Creche                     43
  Centro de Actividade Infantil         Pré-escolar                  40
                                         ATL C/A                     60
     Lar de Santa Helena         Lar de Crianças e Jovens            42
                                      Casa de Abrigo                 24
                                          Creche                     35
 Legado Caixeiro Alentejano –           Pré-Escolar                  63
    Associação Mutualista                ATL C/A                     41
                                       Centro de Dia                 40
                                     Apoio Domiciliário              40

 Fundação Alentejo Terra Mãe                     -------                       ---------
                                                 --------                       --------
  Legado Operário de Évora
Associação de Deficientes das                     ------                        -------
       Forças Armadas
  Liga dos Combatentes de                         -------                      --------
   Évora (Núcleo de Évora)
 Comissão de Protecção de                 Protecção Menores                    --------
 Crianças e Jovens de Évora

     Associação Pão e Paz                   Apoio alimentar                    60

Escola Básica do 2º e 3º Ciclos     Ensino Básico 2º e 3º Ciclo            2.º Ciclo: 303
       de Santa Clara               Cursos de Educação e                   3 º Ciclo: 259
                                    Formação (2006/2007)                      CEF: 13
Fonte: Centro Distrital da Segurança Social de Évora, 2007; www.drealentejo.pt; www.cm-evora.pt.



                                                                                                   46
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Análise Social da Freguesia de Santo Antão:

Embora, os dados apontados permitam retirar ilações sobre a freguesia de Santo Antão, o
contacto com a população e a observação directa, acabaram por contribuir para um olhar
mais atento e mais profundo sobre as dimensões psico-sociais que a compõem.

No terreno foi possível observar, tal como os dados confirmam, uma população
extremamente envelhecida, que vive dependente das suas reformas, e que em quase
cinquenta por cento da amostra, subsistem com rendimentos inferiores ao salário mínimo
nacional. Com elevados custos na área da saúde e com rendas de casa baixíssimas.
Sendo que estas viviam, principalmente, ou sozinhas, ou em famílias nucleares,
compostas essencialmente por casais. Havendo, claramente, manifestações das
consequências de uma população envelhecida, que naturalmente vai aumentando o seu
grau de dependência e de necessidade de acompanhamento.

A questão social coloca-se ao nível do envelhecimento populacional, toda a reflexão aqui
apresentada irá centrar-se nesta problemática e no risco que uma população envelhecida
acarreta para a freguesia de Santo Antão.

O que mais impressionou neste estudo, foram os dados que os números não revelam,
pois, em não raras situações pessoas choraram durante o questionário. A título de
exemplo, num destes casos, uma senhora chamemos Maria quando inquirida porque é
que chorava, respondeu: “ Porque desde a Páscoa, que ninguém entrava na minha casa”.
Ou o questionário que demoraria em situações normais cerca de vinte a trinta minutos a
ser respondido, chegou a demorar manhãs e tardes inteiras com o mesmo indivíduo, pois
eles continuamente apresentavam fotografias da família, e contavam episódios das suas
vidas, sem que em momento algum isto fosse pedido, mas que lhes era de importância
extrema contar. O que exteriorizava uma necessidade colossal de comunicar, de serem
ouvidos e de serem alvos de meritíssima atenção por parte dos outros.

Estes factos revelaram-se tão ou mais importantes que as dimensões avaliadas
quantitativamente, não são exclusivos desta freguesia, mas tiveram maior visibilidade
nesta. Revelam questões de isolamento atrozes, revelam formas muito particulares de
viver a velhice, de forma muito solitária e a fragilidade das relações inter-sociais, que
formam a rede primária de suporte, das quais as famílias são o elemento chave. Mas que
por situações de afastamento intergeracional, por causas que vão desde as migrações de
filhos para outras cidades ou concelhos, até ao ritmo de vida que é imposto às famílias e
que muitas vezes por uma gestão de tempo em prol das gerações descendentes (filhos),
abdica-se de um efectivo acompanhamento das gerações ascendentes (pais dos pais –
avós), potenciando situações de abandono e isolamento – de risco social. Mesmo apesar,
de sabermos que o “Homem não é uma ilha” é um ser social e a comunicação é uma das
necessidades primárias, isto remete-nos para necessidades de auto-estima e de
valorização pessoal que são necessárias para o nosso bem-estar.

Acentua-se, particularmente, em Santo Antão as questões de isolamento, devido à
desertificação, o que fragiliza a questão da vizinhança enquanto rede de suporte social que
ainda funciona como principal rede, na falta da família. Ainda, que caracterizada por uma
forma que assenta no voluntarismo a título individual e não organizada, podemos assistir a
variadíssimas manifestações da sua existência e são disto exemplo, o facto de estarmos a
entrevistar uma pessoa e surgirem vizinhos a questionar o que estávamos a fazer, e isto
                                                                                              47




aconteceu quer por curiosidade, quer por sentimento de protecção inter-vizinhos; assim
                                                                                              Página




como, assistimos inúmeras vezes a vizinhos a cuidarem de outros vizinhos. Quando a
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questão da desertificação se acentua, surgem então as instituições como principal rede de
apoio.

Neste cenário a pobreza agudiza, os reformados residentes em Santo Antão têm uma
situação muito precária economicamente, encontram-se no limiar da pobreza ou na
pobreza propriamente dita e sem apoio da família a situação torna-se ainda mais
vulnerável. A situação agrava-se quando as formas de viver a pobreza são profundamente
envergonhadas e solitárias, chegando mesmo a limitar a sua participação cívica na
sociedade. Estabelecendo fronteiras para as suas vivências, nas paredes das suas casas,
fomentando lógicas de exclusão social. O que se traduz num isolamento severo e
extremamente penoso.

Quando nos debruçamos sobre a realidade observada e os dados estatísticos
apresentados percebemos, que a população desta freguesia procura obter níveis de
satisfação, mesmo que mínimos, das necessidades fisiológicas e de segurança, e que são
sem dúvida importantes. Mas que para Maslow estas necessidades são quase dadas
como inatas uma vez que estão ligadas ao processo biológico, contudo, as necessidades
sociais e as necessidades de estima que levam, segundo o autor, conduzem à auto-
realização do ser humano estão longe de ser atingidas.

Não pretendendo de forma alguma criar alguma imagem apocalíptica da freguesia ou até
mesmo do Centro Histórico, é contudo, é necessário alertar para as situações de pobreza
e exclusão social em que muitos cidadãos se encontram. Embora o Centro Histórico de
Évora detenha uma imagem muito positiva, sendo mesmo definida como uma pérola do
Alentejo, vigoroso embaixador de Portugal, reconhecido destino turístico, e Santo Antão é
elemento chave nesta imagem. A verdade é que no âmbito social torna-se imperativo um
novo olhar, com novas abordagens relativas a este território, a cidade também é as
pessoas. Até porque neste momento, a questão do apoio aos mais velhos é iminente, mas
há um outro fenómeno a ocorrer em simultâneo, não sendo exclusivo desta freguesia
encontrando-se por todo o Centro Histórico, causado pelo envelhecimento e desertificação
humana, que é a emergência de territórios de risco, o que potencia o aparecimento de
novas e preocupantes problemáticas.




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Propostas:
As acções a desenvolver deverão passar pelas lógicas do desenvolvimento social e
comunitário, o sentimento de pertença, a identidade colectiva tão profundamente enraizada
deve ser aproveitada no sentido de desenvolver lógicas de participação e de cidadania. É
aqui que a Junta de Freguesia tem um importante papel, de promotor destas lógicas,
envolvendo entidades parceiras e população em novos projectos, e criando e agilizando
novas respostas de apoio à comunidade, que deve passar num primeiro momento por
apoio aos munícipes com mais de 65 anos, mas que deve simultaneamente permitir uma
série de outras respostas atractivas à comunidade.

Nesta perspectiva seria importante criar:
       Acções de educação cívica, destinadas à população que tem animais domésticos,
       uma vez que este foi detectado como problema;
       Atendendo ao isolamento da população mais envelhecida e há falta de
       equipamentos socais nas valência que permitam o combate a este fenómeno,
       propõe-se a criação de um pequeno centro comunitário nesta freguesia, com
       espaços de leitura e acesso à Internet, onde os residentes desta freguesia se
       poderão encontrar e conviver um pouco, animado por voluntários, contadores de
       histórias, etc., e onde se prestem serviços à comunidade como pequenos arranjos
       domésticos e lavandaria social. A lavandaria poderia funcionar em articulação com
       o serviço desta valência na A.P.P.C.D.M. Este pequeno centro comunitário serviria
       também de observatório social para técnicos.




                                                                                            49
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                                                        SÃO MAMEDE
                                                                       Página
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A Freguesia de São Mamede é uma das freguesias urbanas de Évora, sendo a segunda
maior freguesia do Centro Histórico em termos de área, ocupando cerca de 0,2 Km2 e
tendo os limites do seu território entre a Rua dos Mercadores e a Rua Menino Jesus e a
maior em termos populacionais. Tem como património cultural a Igreja de São Mamede,
Aqueduto da Prata e Fonte do Largo de Avis.



                               Freguesia de São Mamede




           A Freguesia de São Mamede corresponde à área sombreada da imagem.
             Fonte: departamento Centro Histórico, Património e Cultura – C.M.E.




Segundo o Instituto Nacional de Estatística em 2001, São Mamede apresenta cerca de
2170 habitantes residentes, sendo que 58% são mulheres e 42% são homens, uma
densidade populacional de 9271,7 hab/km2. No que respeita ao edificado apresenta 1345
alojamentos e 896 edifícios, como se poderá verificar pelos dados do Quadro E.


                                         Quadro E
   N.º Pessoas                            Famílias                        Proporção
    Residente          H         M       ResidentesAlojamentos Edifícios Reformados
       2170           915       1255       1018        1345      896        36,7%
                                       Fonte: INE 2001

Face ao universo apresentado e às limitações temporais e de recursos humanos, tal como
em Santo Antão, foi decidido construir uma amostra da população para a realização de
questionários, efectuando-os “porta-a porta”. Deste modo, os investigadores tiveram a
possibilidade de conhecer melhor a comunidade local e a população.
                                                                                            51
                                                                                            Página
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Resultados dos Questionários:

Quanto à amostra, de um universo de 1018 famílias residentes (INE), foram efectuados
211 questionários à população desta freguesia, abrangendo-se 20% das famílias
residentes na freguesia como comprova o Gráfico 1. A recolha de dados foi realizada entre
as 9h e as 20h, foram percorridas todas as ruas desta freguesia e inquiridas o máximo de
pessoas possível.

                                                     Gráfico 1
                                                        Amostra



                              211; 20%




                                                                                  825; 80%



                          Famílias Residentes Não Inquiridas    Famílias Residentes Inquiridas




Quanto ao sexo dos inquiridos eram maioritariamente mulheres, cerca de 165 mulheres e
46 homens, com as percentagens representadas no Gráfico 2.

                                                     Gráfico 2
                                                   Sexo dos Inquiridos



                                         46; 22%




                                                                           165; 78%



                                                    Feminino   Masculino




A apresentação dos dados, tal como no capítulo de Santo Antão, será dividida através de
várias temáticas abordadas no questionário: caracterização dos agregados familiares,
rendimentos, saúde, mobilidade, habitação, bens de conforto, a relação com o Centro
Histórico, 3.ª Idade e, e por fim, factores de interesse.

       Caracterização dos Agregados Familiares:

No que respeita às idades verifica-se que maioritariamente os agregados familiares são
compostos por adultos, com particular visibilidade pessoas nas faixas etárias entre os 31-
                                                                                                        52




65 anos. Seguidamente encontramos pessoas com idades compreendidas entre os 19-30
anos, Gráfico 3.
                                                                                                        Página
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   Os inquiridos apresentaram em média a idade de 64 anos e a idade média do agregado
   familiar é de cerca de 54 anos, portanto estamos perante uma população envelhecida.


                                                    Gráfico 3
                               Idades Elementos Agregados Familiares

                                                                    195
          200
          180
          160
          140
          120
                                                      93
       Nº 100
          80                                                                                        62
                                                                                    58
          60
          40         22
          20                        10

           0
                 0-14           15-18              19-30        31-65           66-75         >76




Quanto à composição do agregado familiar verificou-se que os núcleos familiares são
superiores ao grupo de indivíduos que moram sozinhos, Gráfico 4 e 5. Sendo que os
agregados familiares nucleares são compostos sobretudo por casais, Gráfico 5.



                                                    Gráfico 4
                                   Composição Agregados Familiares


                                                   8; 4%



                82; 39%




                                                                                         121; 57%




                              Núcleos Familiares     Pessoas Isoladas   Pop. Flutuante
                                                                                                                53
                                                                                                                Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora               2007



                                                             Gráfico 5
                                               N.º de Elementos do Agregado Familiar


                                 80                     77
                                          73
                                 70
                                 60




                  Nº Agregados
                                 50
                                 40                               35

                                 30
                                                                             20
                                 20
                                 10                                                   4              2
                                 0
                                      1             2         3          4        5              6
                                                              Nº Elementos



 Nesta freguesia o modelo familiar com maior representatividade são núcleos familiares,
 composto sobretudo por dois elementos, casais.



No que respeita à escolaridade 47% dos indivíduos que compunham o agregado familiar
tinham o 1º ciclo do ensino básico (4º ano), 11% tinha o 3º ciclo ensino básico (9º ano) e
10%a licenciatura, tal como está presente no Quadro M.

                                                   Quadro M
                                           Escolaridade
                                  Nível de Ensino                                         V.A.           %
     Não sabe ler/escrever                                                                21              5
     Sabe ler e escrever sem possuir qualquer grau                                         4              1
     Ensino Básico 1º                                                                     209            47
     Ensino Básico 2º                                                                     25              6
     Ensino Básico 3º                                                                     47             11
     Ensino Secundário                                                                    22              5
     Ensino Médio                                                                         11              3
     Bacharelato                                                                           1             0
     Licenciatura                                                                         46             10
     Mestrado                                                                              1             0
     Doutoramento                                                                          1             0
     Frequenta Universidade                                                               39              9
     Frequenta Escola                                                                     13              3




 A população inquirida detém baixos níveis escolares, na sua maioria com o 1º e 3º
 ciclos do ensino básico, havendo ainda analfabetismo, o que se encontra directamente
 relacionado com as idades dos inquiridos e os processos vivenciais destes. Havendo
 um terceiro grupo de habilitações superiores, licenciatura.
                                                                                                                     54




Relativamente às categorias profissionais com maior representatividade são: os
                                                                                                                     Página




trabalhadores não qualificados com 48%, pessoal dos serviços e vendedores com 17%,
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora              2007



seguidos, por pessoal administrativo e similares 9%. As restantes categorias também se
encontram nesta freguesia presentes, embora em número bastante inferior, Quadro N.

                                        Quadro N
                     Categoria Profissional                                         V.A.      %
Membros Forças Armadas                                                               13        3
Quadros Superiores da Administração Pública                                           1        0
Especialistas das profissões intelectuais e científicas                              34        8
Técnicos e profissionais de nível intermédio                                         18        4
Pessoal administrativo e similares                                                   41        9
Pessoal dos serviços e vendedores                                                    74       17
Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas                     1        0
Operários, artífices e trabalhadores similares                                       12        3
Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da
montagem                                                                             7         2
Trabalhadores não qualificados                                                      211       48
Estudantes                                                                          28         6


A baixa qualidade de mão-de-obra, encontra-se igualmente relacionada com o facto
de esta ser uma população envelhecida com baixas qualificações escolares, e o
mercado de trabalho não se encontrava tão desenvolvido ao nível da especialização.


Quanto à situação profissional em que se encontravam os membros do agregado familiar,
verificou-se que 53% já se encontravam reformados, 28% mantinham-se activos, 13%
inactivos e aqui incluíram-se principalmente donas de casa, restando 6% da população
que se encontrava desempregada, Gráfico 6.

                                                 Gráfico 6
                                             Situação Profissional




                        124; 28%




                                                                                   233; 53%
                       27; 6%
                                 56; 13%



                                Reformados   Inactivos   Desempregados   Activos




 Quanto à situação profissional mais de metade dos inquiridos já se encontravam
 reformados.
                                                                                                          55




No que concerne à naturalidade dos elementos dos agregados, 367 pessoas nasceram no
                                                                                                          Página




Distrito de Évora representando 83% da amostra, os restantes encontram-se divididos
entre o Baixo Alentejo com 24 pessoas, Alto Alentejo com 7 pessoas, Centro com 11
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora                               2007



indivíduos, Sul com 5 pessoas, Norte 3 pessoas e do estrangeiro que surpreendentemente
tem representatividade com cerca de 23 pessoas, Gráfico 7. Este grupo de estrangeiros
são sobretudo adultos, vivem em pequenos nichos familiares com laços de
consanguinidade ou não, activos, exercendo funções em serviços, ou enquanto operários
ou trabalhadores não qualificados.

                                                           Gráfico 7
                                                          Naturalidade


                                             5;3; 1% 23; 5%
                                                1%
                                     7; 11; 3%
                                        2%
                               24; 5%




                                                                                      367; 83%



                             Évora   Baixo Alentejo    Alto Alentejo   Centro   Sul    Norte     Estrangeiro




       Rendimentos

Quando inquiridos sobre as fontes de rendimento a maioria afirmou que vivia das suas
pensões/reformas (60%), a segunda fonte de rendimento com maior representatividade é o
salário (31%), logo seguido por auxílio de terceiros (4%) e aqui encontram-se
representados fundamentalmente os estudantes que subsistem devido ao apoio dos seus
pais, o subsídio de desemprego ficou em quarto lugar (2%), seguido com igual
representatividade (1%) de negócios próprios, Rendimento Social de Inserção e outras
formas de rendimento, Gráfico 8.

                                                       Gráfico 8
                                                      Fontes de Rendimento


                                                        3; 1%
                                                  3; 1%

                                       6; 2% 10; 4%
                                                                                                         78; 31%




                                                                                                               2; 1%

                         148; 60%
            Salário                     Negócio Próprio                Pensão/Reforma              Subsídio Desemprego
            Auxílio de 3ºs              RSI                            Outro



 Devido às idades dos inquiridos e à situação profissional em que a maioria se
                                                                                                                                56




 encontrava, a maior fonte de rendimento são as reformas/pensões.
                                                                                                                                Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora                     2007



No que concerne aos rendimentos médios do agregado familiar 47 pessoas (22%)
atestaram receber valores inferiores a 250 € e os restantes 38 pessoas (18%) indicaram
usufruir de valores entre os 251€ e os 400€. O segundo grupo com maior
representatividade (22%) apresenta valores entre os 601-800, seguindo-se o grupo com
rendimentos superiores a 1200€, (21%), tal como demonstrado no Gráfico 9.

                                                         Gráfico 9
                                         Rendimentos do Agregado Familiar



                                   44; 21%                                          47; 22%


                    11; 5%




                    12; 6%
                                                                                              38; 18%
                         12; 6%
                                                     47; 22%



                            <250     250-400   401-600    601-800    801-1000   1001-1200    >1200




 No que respeita aos rendimentos médios do agregado familiar, 40% dos inquiridos
afirmaram receber valores inferiores ao salário mínimo nacional.


Relativamente aos gastos do orçamento familiar a maioria (59%), dos inquiridos indicaram
ser a saúde a área com maior peso para as suas famílias, seguido da alimentação 39%, a
renda/empréstimos com 2% e finalmente a educação, Gráfico 10.

                                                         Gráfico 10
                                    Áre a de M aior es Gas tos do Agre gado Fam iliar




                                                                                               82; 39%




                 123; 59%
                                                                                       1; 0%

                                                                                     5; 2%



                                     Alimentação    Educação        Renda/Empréstimo    Saúde




 Maior área de gastos é a saúde, dado que não é surpreendente, dadas as idades dos
 inquiridos e a necessidade de maiores cuidados médicos.


No que respeita a prestações sociais, entendendo-se por estes apoios os complementares
                                                                                                                57




às pensões sob forma pecuniárias de prestações. Dos inquiridos 89% das pessoas
                                                                                                                Página




afirmaram não ter qualquer tipo de apoios, 9% atestaram usufruir do Cartão do Munícipe
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora        2007



Idoso, 2% asseveraram receber prestações sociais da Segurança Social. Através do
Gráfico 11 verificam-se os valores absolutos.

                                                  Gráfico 11
                                               Prestações Sociais


                                                                                187
                   200
                   180
                   160
                   140
                   120
                   100
                    80
                    60
                                     20
                    40
                                                           4
                    20
                     0
                            Cartão Idoso        Outras Prestaçoes          Não tem
                                                Segurança Social




Conclui-se que o apoio da Câmara Municipal de Évora, através do Cartão do Munícipe
Idoso, é superior aos apoios complementares concedidos pela Segurança Social.



Relativamente a apoios institucionais, e entendendo-se por estes as respostas sócias
como apoio domiciliário, apoio alimentar e apoio da acção social directo das diversas
entidades sociais existentes. Dos inquiridos 96% afirmaram não tem qualquer tipo de
apoio, sendo que os restantes 4% afirmaram receber apoios de diversas entidades,
encontrando-se repartidos pelas seguintes entidades: Cáritas 2%, Santa Casa da
Misericórdia 1% e Câmara Municipal de Évora/Junta de Freguesia 1%.,Gráfico 12.

                                                  Gráfico 12
                                              Apoios Institucionais


                  250
                                                                                      201
                  200


                  150


                  100


                  50
                                 4                 3                3
                   0
                           Cáritas         St. Casa M.      C.M.E./Junta     Não tem apoios




       Saúde

Quanto à saúde 95% dos inquiridos asseveraram ter médico de família e 5% afirmaram
não ter, Gráfico 13. Este último grupo (5%) está relacionado com a população universitária
                                                                                                     58




ou novos residentes que ainda não regularizaram a sua situação nos serviços de saúde.
                                                                                                     Página




                                                         Gráfico 13
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora                2007




                                                Médico de Família



                                               200
                     200

                     150

                     100

                          50                                             11

                           0
                                         Sim                       Não




Não foi detectado qualquer problema no que se refere ao acesso aos serviços de
saúde.


No que concerne a gastos com medicamentos dos inquiridos 36 (20%) pessoas
responderam não ter, 26 (14%) não sabem quanto gastam, e 122 (66%) pessoas tem
gastos compreendidos em até aos 100€ mensais, como se poderá verificar no Gráfico 14
em valores absolutos.

                                                     Gráfico 14
                                                 Gastos na Saúde


               70
                     62
                                  60
               60


               50


               40                                                                           36


               30                                                                   26


               20

                                          10         10
               10
                                                            3      2          2
                0
                    <50        51-100   101-    151-      201-   251-    >300     Não    Não tem
                                        150     200       250    300              Sabe    gastos




Mesmo com baixos recursos económicos, mais de metade dos inquiridos tem gastos na
ordem dos 100€ mensais, o que representa uma elevada despesa para esta população.


No que se refere a doenças crónicas, e aqui ressalva-se o facto de se ter questionado aos
inquiridos se tinham ou não alguma doença crónica, cerca de 122 pessoas responderam
não padecer de alguma doença crónica, e 89 pessoas atestaram sofrer de doenças que se
encontram representadas no Gráfico 15, com os valores percentuais.
                                                                                                          59
                                                                                                          Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora                              2007



                                                           Gráfico 15
                                                     Doenças Crónicas



                                                                                         23; 26%
                            31; 34%




                                                                                                   5; 6%

                                  3; 3%                                                     6; 7%
                                          4; 4%                                  7; 8%
                                                   5; 6%         5; 6%


                Diabetes    Bronquite   Cardíaca   Asma     Artroses    Depressões   Parkinson   Alzhameir   Outras




No que respeita a incapacidades gerais, 135 (64%) pessoas afirmaram não sentir qualquer
dificuldade ou incapacidade, mas 76 (36%) asseguraram: ter dificuldade em transpor
lanços de escadas (23 pessoas); em ter alguma incapacidade de locomoção (28 pessoas);
necessitarem de dispositivos de compensação (9 pessoas); sofrerem de outras
incapacidades sendo disto exemplo as auditivas e as visuais (9 pessoas); ter necessidade
de cadeira de rodas (4 pessoas) e 3 pessoas certificaram ter pessoas acamadas em casa,
Gráfico 16.

                                                           Gráfico 16
                                                      Incapacidades


                                             9; 12%
                              9; 12%                                                       28; 37%




                                                                                      3; 4%
                                      23; 30%
                                                                                4; 5%


                 Incapacidade Locomoção                                Pessoas acamadas
                 Necessidade de cadeira de rodas                       Dificuldades Transpor lanços Escadas
                 Dispositivos de compensação                           Outras Incapacidades




Dos inquiridos 36% afirmaram sofrer de alguma incapacidade, principalmente
dificuldade de locomoção e transposição de lanços de escadas. Havendo ainda 4
pessoas que afirmaram ter necessidade de cadeira de rodas e 3 pessoas asseguraram
ter pessoas acamadas em casa.



       Mobilidade urbana

Quanto à mobilidade a maioria dos inquiridos (81%) responderam não ter automóvel, em
oposição a 19% que afirmaram ter automóveis, como se poderá verificar no Gráfico 17.
                                                                                                                             60
                                                                                                                             Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora      2007



                                            Gráfico 17
                                          Nº de Automóveis




                                                                  27; 13%
                                                                            13; 6%




                            171; 81%




                                  1 Automóvel      2 Automóvel    Não tem



Relativamente ao meio de transporte utilizado na cidade intramuros, Gráfico18, 80%
declararam andar a pé, 1% utilizam os transportes públicos e 19% utilizam os próprios
automóveis ou algumas das vezes são os filhos que transportam os pais, situações que se
encontra relacionada com problemas de saúde e dificuldade de deslocação mesmo a pé.
                                     Gráfico 18
                                Meio de deslacação mais utilizado




                                                                      40; 19%

                                                                                3; 1%




                           168; 80%




                                       Automóvel     Autocarros     Pé




   Conclui-se maioria os inquiridos apresentam hábitos saudáveis e positivos para o
   ambiente, pois a forma privilegiada de mobilidade são as deslocações a pé.


       Habitação

Quanto à função da habitação encontra-se distribuída entre habitação permanente e
segunda habitação, esta última relacionada com as deslocações de estudantes que
arrendam casas perto da universidade, tornando-se estas segundas habitações uma vez
que o endereço oficial destes jovens continua a ser a casa de seus pais. Como tal,
maioritariamente as casas tinham por função serem permanentes, Gráfico 19.
                                                                                               61
                                                                                               Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



                                              Gráfico 19
                                     Função de Habitação


                                              8; 4%




                                                      203; 96%


                              Habitação Permanente       Segunda Habitação



Quanto ao vínculo contratual da habitação, a maioria das casas são arrendadas 54%,
seguindo a situação de casa própria 40%, e a habitação cedida 6%, esta última associada
a questões familiares em que um membro da família disponibiliza uma sua habitação para
usufruto de um outro familiar, Gráfico 20.

                                              Gráfico 20
                                         Tipo de Vínculo




                                         12; 6%

                                                                        84; 40%




                        115; 54%




                                    Própria    Arrendada     Cedida




A maioria dos inquiridos é arrendatária.



Entre os indivíduos em situação de arrendatários verificou-se que quanto ao contrato
propriamente dito, Gráfico 21, 77% dos casos os inquiridos afirmavam ter contratos
ilimitados. Seguindo-se os indivíduos que afirmavam não ter nem contrato nem recibos
14% e logo depois os que asseveravam não ter contrato mas terem recibos 7%. Verificou-
se que 2% dos inquiridos que não sabiam qual tipo de contrato tinha estabelecido. A
situação da não existência de contrato ou recibos tinha particular incidência na população
universitária.
                                                                                              62
                                                                                              Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora                   2007



                                                  Gráfico 21
                                                 Tipo de Contrato


                                                    2; 2%                 16; 14%
                                                                                      8; 7%




                                 89; 77%



                            Sem Contrato/Sem Recibo          Sem Contrato/Com Recibo
                            Contrato Ilimitado               Não sabe



Quanto aos anos de vigência de contrato verificou-se que 69% dos casos já eram
contratos com mais de vinte anos, havendo ainda um valor considerável, 31%, de
contratos com menos de vinte anos. Tal como demonstrado Gráfico 22.

                                                  Gráfico 22
                                                 Anos de Vínculo



                                    34; 16%                                32; 15%



                    32; 15%                                                               33; 16%




                                                        80; 38%



                                          <5     6-20    21-40    41-60    >60




No que toca ao valor da renda verificou-se que, 61% da população paga menos de 100€
mensais, associadas a contratos mais antigos. E no outro extremo, mas também com
alguma representatividade, de 12% tem rendas superiores aos 301€ mensais.
Encontrando-se entre estes extremos valores intermédios como se poderá verificar através
do Gráfico 23.

                                                  Gráfico 23
                                                 Valor da Re nda



                         4; 3%
                                    14; 12%
                    7; 6%
                   1; 1%


                    8; 7%
                                                                                          67; 59%
                         14; 12%
                                                                                                             63
                                                                                                             Página




                   <50     51-100     101-150       151-200         201-250          251-300   >301
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       Bens de Conforto

No que se refere a bens de conforto, todos os inquiridos afirmaram ter fogão, frigorífico e
televisor. No que toca a esquentador 11 afirmaram não ter, 15 asseveraram não ter
máquina de lavar roupa e 4 declararam não ter telefone fixo ou móvel. Quanto aos
computadores cerca de 107 pessoas afirmaram não ter, Gráfico 24.

                                                              Gráfico 24
                                                           Bens de Conforto


                  250

                                211                                            207         211                 211
                                               200            196
                  200



                  150


                                                                                                                             104
                  100



                   50



                    0
                                          or              r                                                              r
                            o                           va                ne          Tv                 ic
                                                                                                           o           do
                          gã            ad            La                fo                            ifr            ta
                        Fo            nt                              le                            or             pu
                                    ue            aq.               Te                            ig              m
                                   q                                                             F               o
                                 Es              M                                                              C




Relativamente a condições de conforto e salubridade constatou-se que todos os inquiridos
afirmaram ter água canalizada, saneamento básico e electricidade. Contudo, 9 pessoas
afirmaram não ter casa de banho completa, apontando para a falta de uma banheira ou
duche e 3 pessoas afirmaram não ter cozinha completa, nem as mínimas condições para
cozinhar, Gráfico 25.

                                                              Gráfico 25
                                               Bens de Conforto e Salubridade




                  212             211                211                211
                  210
                                                                                                               208
                  208
                  206
                  204
                                                                                       202
                  202
                  200
                  198
                  196
                              Água             Saneamento      Electricidade     Casa de Banho         Cozinha
                            Canalizada           Básico                                               Operacional




Quanto às patologias no edifício, e aqui foi questionado se os inquiridos identificavam
problemas ao nível da água canalizada, saneamento básico, electricidade, estrutura ou
outros. Dos inquiridos 82% afirmaram não identificar qualquer problema, todavia 18%
apontaram ter problemas de conservação, entre os quais problemas de salitre, degradação
da casa, caixilharia, etc., Gráfico 26.
                                                                                                                                          64
                                                                                                                                          Página
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                                        Gráfico 26
                                         Patologias




                                                        38; 18%




                           173; 82%




                                          Sim    Não



       Relação com o Centro Histórico

No que se refere ao Centro Histórico propriamente dito, foram realizadas uma série de
questões que nos permitiram ver a identificação dos residentes com este território, as
redes solidariedades locais e as necessidades e potencialidades deste de acordo com a
opinião da própria população.

Assim, relativamente ao prazer de prazer de viver no Centro Histórico de Évora, 98% dos
inquiridos afirmaram gosto em viver neste local e, apenas, 2% atestou que não gostava,
Gráfico 27.
                                      Gráfico 27
                            Prazer em Morar no Centro Histórico



                                         4; 2%




                                           207; 98%



                                          Sim    Não




 Pela forma como os inquiridos responderam a esta questão, muito reactiva e defensiva,
 podemos aferir que há um sentimento de orgulho e de pertença associado a este
 espaço.


Destes 2% que asseveraram não gostar de viver no Centro Histórico, 25% gostariam
apenas de mudar de residência, mas não deixariam o Centro Histórico e 75% prefeririam ir
viver para fora muros, Gráfico 28.
                                                                                            65
                                                                                            Página
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                                         Gráfico 28
                                      Local de M udança




                         1; 25%




                                                              3; 75%




                                      Fora Muros   Cidade




 Contudo, é de que a esmagadora maioria dos inquiridos, incluindo estudantes gostam
 de viver no Centro Histórico.


Relativamente aos principais problemas sociais apontados nesta freguesia, os inquiridos
responderam principalmente pobreza (26%), depois doença (12%) e o
isolamento/abandono particularmente face aos idosos (10%), entre outras problemáticas
como se poderá verificar no Quadro O.

                                     Quadro O
                     Problemáticas Apontadas                     Nº        %
            Pobreza                                              93        26
            Isolamento/Abandono                                  34        10
            Doença                                               43        12
            Degradação Habitacional                              33         9
            Desemprego                                           14         4
            Especulação Imobiliária                               2         1
            Toxicodependência                                    12         3
            Violência Doméstica                                   1         0
            Envelhecimento População                             25         7
            Maltrato                                              1         0
            Alcoolismo                                            3         1
            Famílias Disfuncionais                                2         1
            Desertificação                                        5         1
            Exclusão Social                                       3         1
            Baixa Qualificação Escolar                           11         3
            Mendicidade                                          13         4
            Desemprego                                            7         2
            Problemas psicológicos e/ou mentais                   5         1
            Não sabe                                             57        16


   Foram identificadas como principais problemas da população de São Mamede, por
                                                                                             66




   ordem decrescente: a pobreza, a doença e o isolamento/abandono dos idosos.
                                                                                             Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



Quanto aos equipamentos sociais 67% dos inquiridos acharam que eram insuficientes face
as necessidades da população, 7% admitiram ser suficientes os que já existem e 26% não
sabiam responder, Gráfico 29.

                                                Gráfico 29
                                        Equipamentos Sociais



                                                            7%
                            26%




                                                                        67%



                                  Suficientes    Insuficientes   Não Sabe



Daqueles que responderem ser insuficientes os equipamentos existentes 80% apontaram
para a necessidade de haver mais apoio à 3.ª Idade, particularmente, mais lares; 13%
aludiram não saber o que fazia exactamente falta; 5% anotaram para falta de
equipamentos na área de Infância e da 3ºIdade e 2% apontaram apenas para a Infância,
Gráfico 30.

                                                Gráfico 30
                        Áre a de Nece ssidade de Equipamentos Sociais




                                        11; 8%
                      18; 13%
                    5; 4%




                                                                         108; 75%




                        3º Idade      Infância    Infância e 3º Idade    Não Sabe




Quanto aos equipamentos socais houve uma clara manifestação de maior
necessidade destes, sendo os equipamentos de apoio à população envelhecida os
mais indicados como mais necessários, com o exemplo mais apontado os lares.



No que toca às redes de apoio em situações de emergência ou necessidade, 77% dos
                                                                                            67




inquiridos afirmaram procurar a família, 11% socorrem-se nos vizinhos, 8% procuram
instituições e 4% pedem apoio a amigos, Gráfico 31.
                                                                                            Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora     2007




                                              Gráfico 31
                                            Rede de Apoio




                                                     8; 4%
                                                                    24; 11%
                                                                               17; 8%




                        162; 77%




                                Amigos    Vizinhos   Instituições   Famílias




 Esta é a freguesia que mais afirmou procurar a família em situações de emergência ou
 necessidade.



Quanto à participação em eventos, 59% das pessoas responderam não participar em
qualquer evento, 34% participam em cultos religiosos, 1% participam nos eventos que a
Junta de Freguesia Organiza, principalmente nos passeios que promove e 6% participa em
festas da freguesia, Gráfico 32.

                                              Gráfico 32
                                         Participação em Eventos




                                                                        71; 34%




                     125; 59%                                            2; 1%
                                                                      13; 6%


                    Cultos Religiosos                  Eventos Junta de Freguesia
                    Festas das Freguesias              Não Participa em nenhum evento




Mesmo, quando questionados se tem alguma participação enquanto sócios de
associações, colectividades ou outros, 80% afirma não pertencer a qualquer colectividade
ou associação, e apenas 20% afirma ser sócio de alguma entidade, Gráfico 33.
                                                                                               68
                                                                                               Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



                                            Gráfico 33
                                  Participação Enquanto Sócios



                                                                  42; 20%




                           169; 80%




                                           Sócio     Não Sócio




 A maioria dos inquiridos não participa em qualquer evento, o que revela que há
 pouca dinâmica social, cultural ou associativa nesta freguesia.




Relativamente ao local onde normalmente efectuam compras, 46% afirmou ir apenas às
grandes superfícies, 27% declarou comprar quer no comércio tradicional, quer nas grandes
superfícies, alguns destes casos mesmo quando as pessoas não se conseguem deslocar
aos grandes supermercados é a família que lhe faz as compras. E 27% apenas efectuam
compras no comércio tradicional, questão também associada à mobilidade que a pessoa
tem, Gráfico 34.

                                            Gráfico 34
                                          Local Compras



                                                                    57; 27%

                     96; 46%




                                                                 58; 27%



                               Comércio Tradicional e Grandes Superfícies
                               Comércio Tradicional
                               Grandes Superfícies




Quanto à ocupação dos tempos livres 23% afirmou que aproveita estes tempos para
tarefas domésticas, 16% dedica-se à realização de trabalhos manuais, 13% opta por
apoiar a família e cuidar dos netos, 10% passear, entre outros como se poderá verificar no
Gráfico 35.
                                                                                             69
                                                                                             Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora                   2007



                                                       Gráfico 35
                                              Ocupação Tempos Livres

                                 14; 7%
                                              21; 10%             21; 10%
                               4; 2%
                             16; 8%                                             45; 23%



                              7; 3%
                               13; 6%                                 33; 17%
                                              27; 13%
                                      2; 1%

                   Passear                       Tarefas Domésticas         Trabalhos Manuais
                   Apoio Família/Cuida netos     Voluntariado               Conviver Vizinhança
                   Desporto                      Ler                        Internet/Computador
                   Descansar                     Ver Tv




 Mesmo a ocupação de tempos livres é vivida na sua maioria de forma muito isolada,
 remetendo quase na sua totalidade para a esfera privada. Contudo esta é freguesia
 com maiores índices de apoio à família e convívio com os vizinhos.


No que respeita aos aspectos positivos relacionados com o facto de morar no Centro
Histórico, foram apontados os aspectos registados no Quadro P. Entre os quais se
destacam a proximidade dos serviços/comércio com 49% das respostas, a vizinhança que
arrecadou 13% das respostas, a segurança com 7% e as deslocações a pé com 7%.

                                   Quadro P
                     Aspectos Positivos                                          V.A.             %
          Proximidade Comércio/Serviços                                          128              49
          Vizinhança                                                              34              13
          Segurança                                                               19               7
          Sossegado                                                               16               6
          Beleza/Monumentos                                                       10               4
          Deslocações a Pé                                                        18               7
          Linha Azul                                                               3              1
          Limpeza                                                                  6              2
          Proximidade Família                                                      3               1
          Diversão Nocturna                                                        2               1
          Gosta de Tudo                                                           12               5
          Não gosta de nada                                                        5               2
          Não Sabe                                                                 6              2

Também nesta freguesia se verificou que o factor positivo mais indicado foi a
proximidade de comércio e serviços, o que deve ser considerado em qualquer exercício
de intervenção e reabilitação deste espaço.
                                                                                                              70




Nos aspectos negativos apontados com maior relevância verificou-se que, 19% dos
                                                                                                              Página




inquiridos afirmaram que o Centro Histórico não tem aspectos negativos, 13% não
encontraram aspectos negativos a indicar, 17% referiram a falta de lugares de
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



estacionamento, 15% indicaram o barulho resultante dos estabelecimentos nocturnos,
entre outras situações apontadas como se poderá verificar no Quadro Q.



                                    Quadro Q
                      Aspectos Negativos                           V.A.        %
       Vizinhança                                                   7          4
       Barulho dos Estabelecimentos Nocturnos                       28         15
       Falta de Espaços verdes/Desportivos                          3          2
       Abandono/Degradação Casas                                    7          4
       Desertificação/Isolamento pessoas e comércio                 5          3
       Falta de Lugares de Estacionamento                           31         17
       Preços das casas/Especulação Imobiliária                     4          2
       Falta de Equipamentos Saúde                                  6          3
       Falta limpeza ruas/dejectos caninos                          12         7
       Prostituição                                                 3          2
       Insegurança                                                  2          1
       Trânsito                                                     6          3
       Calçada                                                      6          3
       Falta de Hipermercados                                       4          2
       Não tem                                                      34         19
       Não sabe                                                     23         13



 Embora grande parte dos inquiridos não encontrassem nenhum aspecto negativo
 em morar no Centro Histórico ou não conseguissem indicar, o que demonstra que
 efectivamente gostavam de viver neste espaço; entre os aspectos negativos
 apontados encontramos a falta de lugares de estacionamento, que deve ser um
 elemento a considerar na reabilitação deste espaço e o barulho de estabelecimentos
 nocturnos.



Quanto às sugestões de actividades para a Junta de Freguesia, 80% afirmou não ter
nenhuma sugestão, e entre as mais apontadas encontram-se mais actividades recreativas,
desportivas e de ocupação tempos livres para crianças e idosos, como se poderá ver
Gráfico 36.                                                                                 71
                                                                                            Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora                  2007



                                                    Gráfico 36
                                         Sugestões Actividades


                                                10; 5%   4; 2%       18; 9%
                                                                               9; 4%




                                     170; 80%



             OTL Crianças e Idosos    Recreativas    Desportivas   Não Sabe   Não sente necessidade



Entre os pedidos endereçados à Junta de Freguesia, que os inquiridos julgavam ser
importantes para melhorarem a sua vida, embora 28% dos inquiridos não lhe ocorresse
nada, entre os que efectivamente tinham pedidos, os mais evidentes ficaram a criação de
mais estacionamento 13%, pedido de apoio económico e social 12%, pedido para que a
junta regulasse a actividade dos bares 11%, assim como outros indicados tal como
podemos verificar no Quadro R.

                                       Quadro R
                       Pedidos à Junta de Freguesia                                    V.A.    %
           Não sabe                                                                     71     28
           Regular actividade dos estabelecimentos nocturnos                            28     11
           Criar de Espaços Verdes/Desportivos                                          9       3
           Cuidar Casas                                                                 22      8
           Actividades Recreativas                                                      10      4
           Criar mais estacionamento                                                    32     13
           Combater especulação imobiliária                                             7       3
           Falta limpeza ruas/dejectos caninos                                          12      5
           Combater a insegurança                                                       6       2
           Trânsito                                                                     6       2
           Calçada                                                                      8       3
           Falta de Equipamentos Saúde                                                  8       3
           Apoio económico/social                                                       32     12
           Gosta Atendimento Junta                                                      3       1
           Limitações Orçamentais                                                       6       2



 Embora haja uma percentagem de pessoas que não soubessem em que medida é que
 a Junta poderia melhorar a sua qualidade de vida, esta foi contudo a população que
 mais se mostrou activa e reivindicadora de direitos e de mais apoio por parte da Junta
 de Freguesia.
                                                                                                             72
                                                                                                             Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



       3ª Idade

Quanto à 3º Idade e verificado que grande parte dos inquiridos tinha idades iguais ou
superiores a 65 anos, julgou-se ser importante perceber as dinâmicas desta população em
particular. No que respeita à frequência de equipamentos para a 3.ª Idade apenas 14 dos
inquiridos se encontravam a frequentar estes equipamentos, principalmente nas valências
de Centros de Convívio, Gráfico 37.

                                        Gráfico 37
                                  Frequência Equipamentos



                                                      14; 7%




                                  197; 93%


                                   Frequenta     Não Frequenta




Quanto a inscrições nestes equipamentos e noutros como lares, em toda a amostra havia
9 pessoas inscritas, Gráfico 38.

                                        Gráfico 38
                                    Incrição Equipamento




                                                  9; 4%




                                      202; 96%




                                      Inscrito   Não Inscrito




A todas as pessoas que participaram no questionário também lhes foi perguntado se
                                                                                            73




tinham algum familiar a residir na freguesia, e 30% responderam afirmativamente, Gráfico
                                                                                            Página




39.
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



                                           Gráfico 39
                                Família a Residir no Centro Histórico




                                                                        63; 30%




                     148; 70%




                                      Residente    Não Residente




E quando inquiridos sobre se mantinham contacto com familiares, que poderiam ir para
além dos residentes na freguesia, surpreendentemente 5% afirmou não ter qualquer
contacto com familiares, mesmo telefónicos, Gráfico 40.



                                           Gráfico 40
                                         Contacto Família




                                                     11; 5%




                                       200; 95%




                                Não tem Contacto     Mantém Contacto




 Mais de metade dos inquiridos não frequentam e não se encontram inscritos
 em qualquer equipamento para a população mais envelhecida e não tem
 familiares a viver no Centro Histórico. Sendo que 10% da amostra não tem
 qualquer contacto com familiares, mesmo telefónicos.
                                                                                            74
                                                                                            Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



Principais conclusões:
       Há uma perda de população no Centro Histórico de Évora, o que tem conduzido a
       uma desertificação física e humana deste espaço;
       A população inquirida apresenta uma média de idades igual a 64 anos, e a idade
       média dos agregados situa-se nos 54 anos de idade;
       Os agregados familiares apresentam algum equilíbrio nas faixas etárias inferiores
       a 30 anos e superiores a 65 anos de idade, contudo o número de elementos
       compreendidos entre os 31 e os 64 anos apresentam-se em maior valor com uma
       clara tendência para um envelhecimento efectivo;
       57% dos inquiridos vivem em núcleos familiares compostos por duas ou mais
       pessoas, e 39% dos indivíduos moram sozinhos, o que demonstra pela amostra
       constituída que esta freguesia ainda acolhe bastantes famílias;
       47% dos elementos do agregado familiar só têm o 1º ciclo do ensino básico e 11%
       dos inquiridos têm o 2º ciclo, seguidos de perto pelos licenciados, a população
       embora apresente baixas qualificações escolares, não apresenta um número tão
       grande de analfabetos;
       49% dos agregados familiares são trabalhadores não qualificados, o que conduz a
       situações de precariedade laboral;
       53% dos elementos dos agregados familiares subsistem através das suas
       reformas; sendo que 40% subsiste com rendimentos inferiores ao salário mínimo
       nacional, o que os conduz a situações de precariedade económica;
       Dos inquiridos 123 pessoas afirmaram ter gastos de saúde até aos 100€ mensais,
       e foi considerada a saúde a área de maiores gastos no orçamento familiar, o que
       indica saúde precária;
       Quanto à habitação 54% dos ocupantes são arrendatários, na maioria com
       vínculos contratuais superiores a 20 anos e em 59% com rendas até aos 100€
       mensais, portanto rendas de baixo valor associadas a vínculos contratuais antigos;
       Contrapondo-se aos contratos de arrendamento mais recentes que apresentam
       valores entre os 300 e 350 € mensais, rendas de elevado valor associado a
       vínculos contratuais mais recentes;
       Quanto às condições de conforto e salubridade 9 pessoas asseveraram não ter
       casa de banho completa e 3 afirmaram não ter cozinha operacional, indicando más
       condições de habitabilidade, assim como, 11 pessoas afirmaram não ter
       esquentador, 15 declararam também não ter máquina de lavar e 3 atestaram não
       ter telefone apontando para falta de bens de conforto;
       98% dos inquiridos gostam de viver no Centro Histórico, muitas vezes associada a
       uma ideia de romantismo e orgulho, associado forte pertença;
       Os aspectos positivos do Centro Histórico residem principalmente na proximidade
       serviços/comércio (49%), as relações de vizinhança (13%), na segurança (7%) e
       as deslocações a pé (7%);
       Os aspectos negativos 19% afirmaram que não encontravam aspectos negativos,
       entre os que apontaram (17%) indicaram a falta de lugares de estacionamento e
       15% barulho dos estabelecimentos nocturnos;
       E quanto às problemáticas sociais predominantes são apontadas a pobreza (26%),
       a degradação habitacional (16%) e o isolamento/abandono dos idosos (14%) e
       degradação habitacional (9%) como os principais problemas da freguesia;
       A família e a vizinhança funcionam nesta comunidade como a rede de apoio de
       solidariedade local, havendo apenas 8% dos inquiridos a procurar instituições em
       situações de necessidade ou emergência;
       Embora 59% dos inquiridos não participam em qualquer evento, o que indica não
       participação nas dinâmicas culturais, dos 41% que participam 6% fazem-no
                                                                                            75




       através das festas da freguesia, que parece levar a um sentimento de partilha e
                                                                                            Página




       identidade da comunidade;
       Embora, as ocupações dos tempos livres sejam vividos de forma muito isolada
       uma vez que 65% das actividades realizam-se dentro de casa, 35% dos inquiridos
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



apresentam actividades sociais, como: apoio à família, convivência com os
vizinhos, o voluntariado, o desporto o que parece indicar uma não participação em
dinâmicas sociais, mas que se deve atender às novas formas de ocupação como a
convivência com vizinhos e o desporto;
Quanto aos pedidos a fazer à Junta de Freguesia, um dado importante e que deve
ser interpretado é que, 28% dos inquiridos não sabia em que medida é que junta
poderia melhorar a sua condição de vida e 13% aludiram para a necessidade de
apoio económico e social, e para a necessidade de regulação das actividades dos
bares 12%.




                                                                                     76
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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




Análise S.W.O.T. de S. Mamede:

A análise S.WO.T. resulta numa análise estratégica através de quatro elementos chave.



    Pontos Fortes                                  Pontos Fracos
                                                    Envelhecimento da população
        Proximidade de serviços e
                                                    Não renovação do tecido
        comércio
                                                    social
        Questões da                                 Especulação imobiliária
        vizinhança/parentesco
        Elevada participação na esfera              Oportunidades
        social e cultural
       Ameaças                                  Oportunidades

                                                  Novo Quadro Comunitário –
            Desertificação física e
                                                  QREN
            humana da freguesia
                                                  Sentimento de orgulho e de
            Emergência territórios de
                                                  pertença associado à cidade e
            risco social
                                                  à comunidade local – São
                                                  Mamede
                                                  S.R.U




                                                                                             77
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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora      2007




Instituições:
As Instituições presentes no Quadro S encontram-se localizadas na Freguesia de São
Mamede.
                                     Quadro S
           Instituição               Resposta Social            Nº de Utentes
           Coopberço                      Creche                      30
                                        Pré-Escolar                   40
   Obra de S. José Operário             Pré-Escolar                   44

           APPACDM                              ----------                      ------


Centro de Convívio para Idosos
  e Reformados da Câmara                        ----------                     --------
      Municipal de Évora

Departamento de Psiquiatria e
        Saúde Mental                              -------                       -------
Associação Benévolos Dadores
     de Sangue de Évora                        --------                        -------
Escola Básica do 2º e 3º Ciclos     Ensino Básico 1º (2006/2007)           1.º Ciclo: 261
       de São Mamede

Fonte: Centro Distrital da Segurança Social de Évora, 2007; www.drealentejo.pt; www.cm-evora.pt.




                                                                                                   78
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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




Análise Social da Freguesia de São Mamede:

Embora, os dados apontados dêem para retirar ilações sobre freguesia de São Mamede, o
contacto com a população e a observação directa, acabou por contribuir para um olhar
mais atento e mais profundo sobre as dimensões psico-sociais que compõe esta.

Os dados apurados nesta freguesia indicam a existência de uma população envelhecida,
que vive na sua maioria em núcleos familiares, contudo 39% dos indivíduos vivem
sozinhos, apresentam baixas qualificações escolares, trabalhadores não qualificados, 40%
subsistem com rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional, área de maiores gastos
a saúde, arrendatários, alguns com falta de condições de habitabilidade e bens de
conforto, e onde a família e a vizinhança desempenham um importantíssimo recurso, pois
constituem a rede de solidariedade local.

A questão social nesta freguesia coloca-se ao nível da identidade local e do
envelhecimento da população, a reflexão aqui apresentada irá centrar-se nestas temáticas.

Ao contrário de Santo Antão das pessoas que vivem sozinhas em São Mamede, raras
foram as que apresentavam indícios de isolamento e solidão. Havia uma rede de
solidariedade social em que família e vizinhos estavam muito presentes, foi a freguesia
com maiores índices de apoio à família e de convívio com a vizinhança como ocupação
dos tempos livres. Foi, também, a freguesia com menor representatividade no que
concerne a socorrer-se das entidades locais.

Pode-se confirmar através da observação directa e ao nível de participação no
questionário que é a comunidade que mais reivindica os seus direitos, está mais atenta às
necessidades da comunidade e solidariza-se mais. É a população que participa mais nas
actividades promovidas pela Junta de Freguesia, tem uma capacidade de organização,
através de um movimento popular voluntário, da qual as Festas de Santo António são
resultado directo.

Conhecendo a trajectória histórica desta população pode-se aferir que esta noção de
identidade local tão demarcada, é resultado de uma reacção ao estigma de esta ser a
freguesia com menos prestígio, ao longo da história da cidade de Évora. Uma vez, que era
aqui que se situava a mouraria, classe social menos privilegiada na idade média,
entendida como o ghetto intramuros, que face a este processo de exclusão desenvolveu
uma auto sustentabilidade, criando comércio, mercados e oficinas próprias. Estas
denominações para além de determinarem percursos históricos, marcam os territórios, os
espaços dentro da cidade, tal como a Escola de Chicago defende.

As fortes malhas de solidariedade locais originaram uma identidade local própria, que
perante situações de pobreza, isolamento, exclusão social reagem como uma instância de
protecção de primeiro grau. Perante isto, os idosos tem maior acompanhamento da
vizinhança e as situações de pobreza não agudizam tanto, pois os vizinhos e família
procuram colmatar as necessidades.

A identidade local é uma potencialidade que deve ser aproveitada para captar sinergias e
potenciar o desenvolvimento social e comunitário, pois existe uma boa base, uma
comunidade já definida. Contudo, também, nesta freguesia está a ocorrer a desertificação
e o surgimento de novas problemáticas, como a emergência de territórios de risco social.
                                                                                            79
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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




Propostas:
 As acções a desenvolver deverão passar pelas lógicas do desenvolvimento social e
comunitário, o sentimento de pertença, a identidade colectiva tão profundamente enraizada
deve ser aproveitada no sentido de desenvolver lógicas de participação e de cidadania. É
aqui que, também, esta Junta de Freguesia tem um importante papel, de promotor destas
lógicas, envolvendo entidades parceiras e população em novos projectos, e criando e
agilizando novas respostas de apoio à comunidade.

Atendendo às principais conclusões deste estudo, propõe-se as seguintes acções:
       Fomento de acções destinadas à intergeracionalidade, criando espaços de apoio
       às crianças e avós, pois verificou-se que muitos inquiridos eram os cuidadores dos
       netos. As acções destinadas à população mais envelhecida devem incluir
       actividades para os netos, fortalecendo ainda mais os laços de parentesco e de
       solidariedade, aqui também se pode resgatar o património incorpóreo e procurá-lo
       incutir nos mais jovens, criando pontes para que entre o passado e o futuro;
       Uma vez que há um movimento popular voluntário, criar uma estrutura de apoio ao
       associativismo e voluntariado nesta freguesia, procurando conduzir formas de
       desenvolvimento sustentável.




                                                                                            80
                                                                                            Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




                                                     SÉ/SÃO PEDRO
                                                                       81
                                                                       Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



A Freguesia de Sé/São Pedro é a freguesia intramuros com maior área geográfica,
ocupando uma área de cerca de 0,6 Km2, e a segunda maior em termos populacionais
tendo um total de 2025 habitantes. Os limites do seu território situam-se entre a Rua dos
Mercadores e a Rua Menino Jesus. Tem como principal património edificado a Catedral,
Templo Romano, Palácio Cadaval, Universidade, entre outros.


                                 Freguesia Sé/São Pedro




          A Freguesia de da Sé/São Pedro corresponde à área sombreada da imagem.
            Fonte: Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura – C.M.E.


Segundo o Instituto Nacional de Estatística em 2001, Sé/São Pedro tinha cerca de 2025
habitantes residentes, 58% mulheres e 42% homens; uma densidade populacional de
3199,2 hab/km2. No que respeita ao edificado apresenta 1484 alojamentos e 965 edifícios,
como se poderá verificar pelos dados no Quadro T.


                                        Quadro T
   N.º Pessoas                           Famílias                        Porção
    Residente           H         M    ResidentesAlojamentos Edifícios Reformados
       2025            847       1178      944       1484      965       38,8%
                                     Fonte: INE 2001


Tal como nas outras freguesias, face ao universo apresentado e às limitações temporais e
de recursos humanos, foi decidido construir uma amostra da população para a realização
de questionários. Deste modo permitindo desta forma aos investigadores um melhor
conhecimento da comunidade local e à população.
                                                                                             82
                                                                                             Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora         2007




Resultados dos Questionários:

De um universo de 944 famílias residentes, foram efectuados 112 questionários aos
agregados familiares, abrangendo-se 12% das famílias residentes, como comprova o
Gráfico 1.

A amostra recolhida pode não ser representativa, mas devido às restrições temporais
decidiu-se apresentar os dados, podendo ser interpretados como uma possível projecção
do universo. A recolha de dados foi realizada entre as 9h e as 18h, foram percorridas todas
as ruas desta freguesia e inquiridas o máximo de pessoas possível, de acordo com a
capacidade de resposta da equipa.

                                                Gráfico 1
                                                 Amostra


                                  112; 12%




                                                                  832; 88%



                     Famílias Residentes Não Inquiridas    Famílias Residentes Inquiridas



Quanto ao sexo dos inquiridos maioritariamente eram mulheres, cerca de 84 mulheres e
28 homens, de acordo com as percentagens representadas no Gráfico 2.


                                                Gráfico 2

                                        Sexo dos Inquiridos


                                  28; 25%



                                                                84; 75%


                                          Feminino        Masculino


A apresentação dos dados, tal como freguesias anteriores, foi dividida em várias temáticas
                                                                                                   83




abordadas no questionário: caracterização dos agregados familiares, rendimentos, saúde,
                                                                                                   Página




mobilidade, habitação, bens de conforto, relação face ao Centro Histórico e a 3.ª Idade.

       Caracterização dos Agregados Familiares:
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora                 2007




No que respeita às idades do agregado familiar verifica-se, que maioritariamente estes são
compostos por adultos, com particular visibilidade pessoas nas faixas etárias entre os 19-
30 anos, seguidas de pessoas com idades compreendidas entre os 31-65 anos e os 66-75
anos. Com efeito, o escalão com maior representatividade é o dos 19-30 anos, algo que
pode ser atribuído ao facto de ser esta freguesia a que acolhe a Universidade e ser a que
apresentou maior número de famílias compostas por três gerações. Contudo, mesmo com
este contributo a população apresenta-se envelhecida, como demonstra o Gráfico 3.

                                                      Gráfico 3
                                  Idades Elementos Agregados Familiares


               70                                        63
               60                                                    55              55

               50                                                                                    45

               40
          Nº
               30
                        21
               20

               10                       7

               0
                     0-14          15-18          19-30          31-65           66-75          >76



Mesmo verificando-se a predominância de jovens dos 19 aos 30 anos, a população
desta freguesia apresenta-se envelhecida.


Quanto à composição do agregado familiar verificou-se que os núcleos familiares são
superiores ao grupo de indivíduos que moram sozinhos, ficando em último lugar a
população flutuante composta pelos jovens estudantes universitários que se encontravam
a residir nesta freguesia, Gráfico 4.

                                                      Gráfico 4
                                      Composição Agregados Familiares


                                                 7; 6%



                    40; 36%




                                                                                           65; 58%




                                 Núcleos Familiares   Pessoas Isoladas    Pop. Flutuante
                                                                                                                 84




No gráfico seguinte apresenta-se estes mesmos agregados familiares mas agora
                                                                                                                 Página




analisados pelo número de elementos que compõem estes. Aqui se verifica novamente
que os agregados constituídos por núcleos familiares são superiores às pessoas que
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora           2007



vivem sozinhas, salienta-se que estes núcleos são compostos sobretudo por casais, como
se poderá verificar, no Gráfico 5.

                                                            Gráfico 5
                                              N.º de Elementos do Agregado Familiar

                                         40
                              40
                                                       35
                              35

               Nº Agregados   30
                              25
                              20                                 17         16
                              15
                              10
                              5                                                      3
                                                                                                  1
                              0
                                     1             2         3          4        5            6
                                                            Nº Elementos




 Nesta freguesia o modelo familiar com maior representatividade são núcleos familiares,
 compostos por dois ou mais elementos.


No que respeita à escolaridade, 47% dos indivíduos que componham cada agregado
familiar tinham o 1º ciclo do ensino básico (4º ano), 14% são licenciados e 13% frequentam
a Universidade, tal como presente no Quadro U.

                                                     Quadro U
                                            Escolaridade
                                   Nível de Ensino                                   V.A.             %
     Não sabe ler/escrever                                                               16            7
     Sabe ler e escrever sem possuir qualquer grau                                        0            0
     Ensino Básico 1º                                                                    81           33
     Ensino Básico 2º                                                                    23            9
     Ensino Básico 3º                                                                    20            8
     Ensino Secundário                                                                   22            9
     Ensino Médio                                                                         3           1
     Bacharelato                                                                          0           0
     Licenciatura                                                                        34           14
     Mestrado                                                                             0           0
     Doutoramento                                                                         0           0
     Frequenta Universidade                                                              32           13
     Frequenta Escola                                                                    15            6


 A amostra caracteriza-se pelas baixas qualificações escolares, consequência desta ser
 uma população envelhecida e dos processos socais que viveu. Contudo, a segunda
 percentagem mais elevada são os licenciados o que indica uma melhoria na
                                                                                                                  85




 qualificação escolar.
                                                                                                                  Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora            2007




 Relativamente às categorias profissionais com maior representatividade destacam-se: os
 trabalhadores não qualificados com 29% das respostas, pessoal dos serviços e
 vendedores com 22%; e 15% dos inquiridos são estudantes. O quadro seguinte indica
 mão-de-obra mais qualificada, contudo, as restantes categorias também se encontram
 presentes nesta freguesia, Quadro V.

                                          Quadro V
                       Categoria Profissional                                         V.A.     %
  Membros Forças Armadas                                                                3       1
  Quadros Superiores da Administração Pública                                            7      3
  Especialistas das profissões intelectuais e científicas                               24     10
  Técnicos e profissionais de nível intermédio                                           9      4
  Pessoal administrativo e similares                                                    17      7
  Pessoal dos serviços e vendedores                                                     54     22
  Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas                      2      1
  Operários, artífices e trabalhadores similares                                        14      6
  Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da                                       2
  montagem                                                                              5
  Trabalhadores não qualificados                                                        73     29
  Estudantes                                                                            38     15


Quanto às categorias profissionais, embora o maior grupo se caracterize pela baixa
qualidade de mão-de-obra, os dois maiores grupos seguintes são pessoal dos
serviços e vendedores e os especialistas das profissões intelectuais e científicas, o
que demonstra uma propensão na melhoria da mão-de-obra.

 Quanto à situação profissional em que se encontravam os membros do agregado familiar
 verificou-se nesta freguesia um maior equilíbrio entre os activos e os pensionistas,
 verificando-se uma grande percentagem de inactivos que correspondem sobretudo a
 estudantes e donas de casa, e alguns desempregados, Gráfico 6.

                                                  Gráfico 6
                                               Situação Profissional




                       92; 38%                                                       89; 36%




                                 13; 5%
                                                               52; 21%
                                                                                                           86




                                  Reformados   Inactivos   Desempregados   Activos
                                                                                                           Página
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 Nesta freguesia verificou-se que a maioria dos inquiridos encontravam-se activos
 38%, logo seguido pelos reformados 38%, indica um equilíbrio.


No que concerne à naturalidade dos elementos dos agregados, 187 pessoas, nasceram no
Distrito de Évora representando 76% da amostra, sendo que os restantes inquiridos
encontram-se repartidos entre o Baixo Alentejo com 9 pessoas; o Alto Alentejo com 3
pessoas; o Centro do país com 19 indivíduos; o Sul com 8 pessoas, o Norte com 7
pessoas, das Ilhas 2 pessoas e do estrangeiro 11 pessoas, Gráfico 7. Este grupo de
estrangeiros é semelhante, ao grupo encontrado nas outras freguesias, adultos, vivem em
pequenos núcleos familiares e são activos.

                                                         Gráfico 7
                                                        Naturalidade



                                                3% 1%    4%
                                        3%
                               8%
                          1%
                         4%




                                                                                        76%




                    Évora      Baixo Alentejo    Alto Alentejo   Centro   Sul   Norte   Ilhas   Estrangeiro



       Rendimentos

Quando inquiridos sobre as fontes de rendimento, 41% declararam auferir rendimentos
provenientes de pensões/reformas, seguindo-se o salário (37%), o auxílio de terceiros
(10%). Sendo que nestes últimos representam fundamentalmente os estudantes que
subsistem devido ao apoio dos seus pais, depois os negócios próprios (9%), terminando
com o subsidio de desemprego (3%), Gráfico 8.

                                                         Gráfico 8
                                                 Fontes de Rendimento


                                         21; 10%
                               7; 3%
                                                                                                   77; 37%




                   82; 41%
                                                                                   19; 9%
                                                                                                                         87




               Salário    Negócio Próprio        Pensão/Reforma       Subsídio Desemprego        Auxílio de 3ºs
                                                                                                                         Página
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 As fontes de rendimentos advêm na sua maioria das pensões reformas com 41%,
 uma vez que grande parte das famílias eram compostas por várias gerações e dado
 a idade dos agregados inquiridos, seguindo-se os salários com 37%.


No que respeita aos rendimentos médios por agregado familiar, 50% afirma que o seu
agregado familiar tem rendimentos superiores a dois salários mínimos nacionais, e 24%
afirma ter rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional, tal como demonstrado no
Gráfico 9.
                                        Gráfico 9
                                    Rendimentos do Agregado Familiar


                                                                       11; 11%
                         28; 26%
                                                                                           15; 14%




                                                                                               11; 11%
                     10; 10%

                                         14; 14%                             14; 14%



                        <250     250-400     401-600    601-800   801-1000    1001-1200    >1200




 Esta freguesia apresenta algum conforto económico uma vez que cerca de metade
 dos inquiridos admite ter rendimentos superiores a dois salários mínimos.


Relativamente aos gastos do orçamento familiar a maioria, 49% declara ser a alimentação
a área de maiores gastos do agregado familiar, seguido pelo saúde 29%, pelas rendas e
empréstimos, e 2% afirma ser a educação, Gráfico 10.

                                                      Gráfico 10
                                Área de Maoires Gastos do Agregado Fam iliar




                       33; 29%

                                                                                                55; 49%




                               22; 20%
                                                          2; 2%



                               Alimentação         Educação   Renda/Empréstimo         Saúde
                                                                                                                 88
                                                                                                                 Página
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 A maior área de gastos dos agregados familiares é, nesta freguesia, a alimentação.

No que respeita a prestações sociais, entendendo-se por estas apoios complementares às
pensões sob forma pecuniária de prestações. Dos inquiridos 93% das pessoas afirmaram
não ter qualquer tipo de apoios, 5% atestaram usufruir dos apoios concedidos pelo Cartão
do Munícipe Idoso, e 2% declararam ter apoio da acção social das Cáritas Diocesanas de
Évora, no Gráfico 11 seguinte se poderá ver os valores absolutos.

                                                    Gráfico 11
                                                 Prestações Sociais



                  120                                                                   104

                  100

                  80

                  60

                  40

                  20                    6
                                                                   2

                   0
                              Cartão Idoso               Cáritas                   Não tem




Conclui-se que apoio concedido pela Câmara Municipal através do Cartão do Idoso
é superior a qualquer outro.


Relativamente a apoios institucionais, entendendo-se por estes, respostas sociais como
apoio domiciliário, apoio alimentar e acção social directa das diversas entidades
existentes. Dos inquiridos 94% afirmaram não tem qualquer tipo de apoio, sendo que os
restantes 6% afirmaram receber apoios de diversas entidades, encontrando-se repartidos
equitativamente pelas seguintes entidades: Cáritas 2%, Santa Casa da Misericórdia 2% e
Cruz Vermelha Portuguesa 2%. Tal como se verifica no Gráfico 12, em valores absolutos.

                                                    Gráfico 12
                                                Apoios Institucionais


                   120                                                                       106

                   100

                    80

                    60

                    40

                    20
                                    2                2                     2

                        0
                              Cáritas        St. Casa M.           Cruz Vermelha   Não tem apoios
                                                                                                           89
                                                                                                           Página
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Boa cobertura dos médicos de família, não tendo sido detectado qualquer problema
no acesso aos serviços de saúde.


       Saúde

Quanto à saúde 85% dos inquiridos asseveraram ter médico de família e 15% afirmaram
não ter, este valor encontra-se mais uma vez relacionado com o fluxo de jovens
estudantes Gráfico 13.

                                                          Gráfico 13
                                                    Médico de Família



                                               95
                           100

                            80

                            60

                            40                                              17

                            20

                            0
                                         Sim                        Não




No que concerne a gastos com medicamentos pelos inquiridos, 27 pessoas responderam
não ter, 20 não sabem quanto gastam. Daqueles que declararam despender encargos na
saúde, 50% aprestam valores inferiores a 150€ mensais, como se poderá verificar 14 em
valores absolutos.

                                                     Gráfico 14
                                                Gastos na Saúde


             30
                                                                                                  27

             25                  24
                    23

                                                                                          20
             20


             15


             10
                                        7

               5
                                                     3
                                                              2
                                                                        1          1

               0
                   <50    51-100      101-     151-       201-     251-          >300   Não    Não tem
                                      150      200        250      300                  Sabe    gastos




 Os gastos mensais na saúde, para o grupo que admitiu despender, rondam valores
 até os 150€ mensais.
                                                                                                                90
                                                                                                                Página




No que se refere a doenças crónicas, e aqui ressalva-se o facto de se ter questionado aos
inquiridos se tinham ou não alguma doença crónica, cerca de 62 pessoas responderam
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não padecer de qualquer doença crónica e 50 atestaram sofrer de patologias que se
encontram representadas no Gráfico 15.

                                                 Gráfico 15
                                               Doenças Crónicas



              70
                                                                                              62
              60

              50

              40

              30
                                                                               23
              20
                                          9
              10           6                       6            6

               0
                    Diabet es      Cardí aca    Asma     Ost eoporose    Out r as     Não Tem Doenças




No que respeita a incapacidades gerais, 67 pessoas afirmaram não sentir qualquer
dificuldade ou incapacidade, mas 45 afirmaram sofrer de alguma incapacidade, tal como
demonstrado no Gráfico 16.

                                               Gráfico 16
                                               Incapacidades


                                                 2; 4%
                                 8; 18%
                                                                                    17; 38%




                                13; 29%
                                                               3; 7%    2; 4%



                   Incapacidade Locomoção                Pessoas acamadas
                   Necessidade de cadeira de rodas       Dificuldades Transpor lanços Escadas
                   Dispositivos de compensação           Outras Incapacidades




 Dos inquiridos 40% afirmaram sofrer de alguma incapacidade, principalmente
 dificuldade de locomoção e de transposição de lanços de escadas.


       Mobilidade urbana

Quanto à mobilidade a maioria dos inquiridos (60%) responderam não ter automóvel, em
                                                                                                               91




oposição a 40% que afirmaram ter automóveis, como se poderá verificar no Gráfico 17.
                                                                                                               Página




                                                 Gráfico 17
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



                                            Nº de Automóveis




                                                                            29; 26%




                    67; 60%
                                                                               16; 14%




                                    1 Automóvel    2 Automóvel    Não tem



Relativamente ao meio de transporte utilizado na cidade intramuros, Gráfico 18, 92%
declararam andar a pé, 6% utilizam os transportes públicos e 2% utilizam os próprios
automóveis ou algumas das vezes são os filhos que transportam os pais, situações que se
encontra relacionada com problemas de saúde e dificuldade de deslocação mesmo a pé.

                                             Gráfico 18
                                   M eio de deslacação mais utilizado




                                                     2; 2%   7; 6%




                                      103; 92%




                                       Automóvel     Autocarros    Pé




 Conclui-se que os inquiridos apresentam hábitos saudáveis e positivos para o
 ambiente, pois as formas de locomoção privilegiadas são as deslocações a pé e os
 transportes públicos.



       Habitação

Quanto à função da habitação encontra-se distribuída entre habitação permanente e
segunda habitação, esta última relacionada com de deslocações de estudantes que
arrendam casas perto da universidade, tornando-se estas segundas habitações uma vez
que o endereço oficial destes jovens continua a ser a casa de seus pais. Como tal,
maioritariamente as casas são habitações permanentes, Gráfico 19.
                                                                                                92
                                                                                                Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




                                              Gráfico 19
                                       Função de Habitação



                                          6; 5%




                                                      106; 95%



                              Habitação Permanente     Segunda Habitação



Quanto ao vínculo contratual da habitação, maioritariamente as casas são arrendadas
53%, seguindo a situação de casa própria 43%, e a habitação cedida 4%, esta última
associada a questões familiares em que um membro da família disponibiliza uma sua
habitação para usufruto de um outro familiar, Gráfico 20.




                                              Gráfico 20
                                          Tipo de Vínculo




                                              4; 4%

                                                                           48; 43%




                    60; 53%




                                    Própria     Arrendada   Cedida



Entre os indivíduos em situação de arrendatários verificou-se que quanto ao contrato
propriamente dito, Gráfico 21, em 65% dos casos os inquiridos afirmavam ter contratos
ilimitados, seguindo-se os indivíduos que afirmaram não ter nem contrato nem recibos 15%
e logo depois os que asseveraram não ter contrato mas terem recibos 10%. Os contrato
com prazo determinado obtiveram 7% das respostas, sendo que 3% dos inquiridos que
não sabia qual o tipo de contrato que tinha estabelecido. Verificou-se que a situação de
não terem contrato, nem recibos, tinha particular incidência na população universitária.
                                                                                            93
                                                                                            Página
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                                                        Gráfico 21
                                                    Tipo de Contrato


                                           4; 7%        2; 3%                   9; 15%

                                                                                                6; 10%




                                        39; 65%



              Sem Contrato/Sem Recibo            Sem Contrato/Com Recibo               Contrato Ilimitado
              Contrato com prazo determinado     Não sabe




A maioria dos inquiridos é arrendatária.



Quanto aos anos de celebração de contrato verificou-se que 66% dos casos eram
contratos com mais de vinte anos, havendo ainda um valor considerável, 23%, de
contratos recentes, com menos de cinco anos, mais uma vez associados à população mais
jovem, Gráfico 22.




                                                        Gráfico 22
                                                    Anos de Vínculo


                                               9; 10%
                                                                                          21; 22%

                   22; 23%




                                                                                                       11; 12%


                                                         31; 33%



                                           <5      6-20         21-40   41-60    >60




No que se refere ao valor da renda, verificou-se que 63% da população paga rendas de
valores inferiores a 100€, associadas aos contratos mais antigos. E no outro extremo, mas
também com alguma representatividade, 18% têm rendas superiores aos 301€, Gráfico 23.
                                                                                                                        94
                                                                                                                        Página
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                                                                   Gráfico 23
                                                                 Valor da Re nda




                                     10; 18%

                        3; 5%
                                                                                                                           27; 50%


                   4; 7%
                       1; 2%
                                                7; 13%
                           3; 5%



                   <50          51-100          101-150                151-200           201-250              251-300               >301




Concluindo-se que, as rendas de baixo valor estão associados a vínculos contratuais
                                                                                                                                                  B
antigos, sob forma de contratos ilimitados e as rendas de elevado valor estão
                                                                                                                                                  e
associadas a vínculos contratuais mais recentes sob forma de vínculos sem contrato                                                                n
                                                                                                                                                  s
e sem recibos, maioritariamente.
                                                                                                                                                  d
         e Conforto

 No que se refere a bens de conforto todos os inquiridos afirmaram ter fogão, frigorífico e
 televisor. No que toca a esquentador 3 afirmaram não ter, 7 asseveraram não ter máquina
 de lavar roupa e 1 declarou não ter telefone fixo ou móvel. Quanto aos computadores
 cerca de 64 pessoas afirmaram não ter, Gráfico 24.

                                                                   Gráfico24
                                                                  Bens de Conforto



                 120           112                                                              112                  112
                                               109                                 111
                                                                 105

                 100



                  80



                  60
                                                                                                                                     48

                  40



                  20



                   0
                           o              or                ar                ne           Tv
                                                                                                                 o
                                                                                                                              do
                                                                                                                                r
                         gã             ad                av                fo                                ric
                       Fo             nt                .L                le                               rif              ta
                                    ue                aq                Te                               go               pu
                                  sq                 M                                                Fi                om
                                 E                                                                                     C




 Relativamente a condições de conforto e salubridade constatou-se que todos os inquiridos
                                                                                                                                                  95




 afirmaram ter água canalizada, saneamento básico e electricidade. Que 7 pessoas
 afirmaram não ter casa de banho completa, apontando para a falta de uma banheira ou
                                                                                                                                                      Página




 duche, e 5 pessoas afirmaram não ter cozinha completa, nem as mínimas condições para
 cozinhar, Gráfico 25.
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora        2007




                                                Gráfico 25
                                  Bens de Conforto e Salubridade




                         112            112            112
               112

               110

               108                                                                107

               106                                                 105

               104

               102

               100
                       Água        Saneamento   Electricidade   Casa de       Cozinha
                     Canalizada      Básico                      Banho       Operacional




Quanto às patologias no edifício, e aqui foi questionado se os inquiridos identificavam
problemas ao nível da água canalizada, saneamento básico, electricidade, estrutura e
outros. Dos inquiridos 82% afirmaram não identificar qualquer problema relevante, todavia
18% apontava para problemas de salitre, degradação da casa, caixilharia, etc., Gráfico 26.

                                                Gráfico 26
                                                 Patologias




                                                                   20; 18%




                                  92; 82%




                                                 Sim     Não




       O Centro Histórico

No que se refere ao Centro Histórico propriamente dito, foram realizadas uma série de
questões que nos permitiram ver a identificação dos residentes com este território, as
redes solidariedades locais e as necessidades e potencialidades deste de acordo com a
opinião da própria população.

Assim relativamente, ao prazer de viver no Centro Histórico de Évora 97% afirmou ter
gosto em viver neste local e, apenas, 3% atestou que não gostava, Gráfico 27.
                                                                                                  96
                                                                                                  Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




                                           Gráfico 27
                              Prazer em M orar no Ce ntro Histórico



                                                    3; 3%




                                           109; 97%



                                              Sim     Não




 Pela forma como os inquiridos respondiam a esta questão de forma muito reactiva e
 defensiva, podemos aferir que há um sentimento de orgulho e de pertença
 associado a este espaço.



Quando questionados se mudariam ou não para um novo local nove pessoas responderam
afirmativamente, destas uma apenas desejava sair do Centro Histórico e as restantes 8
desejavam sair mesmo da cidade de Évora, deslocando-se sobretudo para o local de onde
são naturais, Gráfico 28.




                                           Gráfico 28
                                       Local de Mudança



                                  1; 11%




                                                            8; 89%



                                       Fora Muros      Cidade



Relativamente aos principais problemas sociais apontados nesta freguesia, os inquiridos
responderam principalmente pobreza (20%), a degradação habitacional (14%), com
valores equivalentes doença e o isolamento/abandono dos idosos (11%), entre outras
problemáticas como se poderá verificar no Quadro W.
                                                                                            97
                                                                                            Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



                                       Quadro W
                       Problemáticas Apontadas                               Nº   %
              Pobreza                                                        39   20
              Isolamento/Abandono                                            22   11
              Doença                                                         21   11
              Degradação Habitacional                                        28   14
              Desemprego                                                     11    6
              Toxicodependência                                               5    3
              Violência Doméstica                                             4    2
              Envelhecimento População                                       17   9
              Maltrato                                                        1   1
              Alcoolismo                                                      9    5
              Desertificação                                                  1    1
              Exclusão Social                                                 4    2
              Baixa Qualificação Escolar                                      3    2
              Desemprego                                                      1    1
              Problemas psicológicos e/ou mentais                             1   1
              Não sabe                                                        2   11



Foram identificados como principais problemas da Sé/São Pedro, por ordem
decrescente: a pobreza, a degradação habitacional, doença e isolamento/abandono
dos idosos.

Quanto aos equipamentos sociais, 58% acharam que eram insuficientes face as
necessidades da população, 21% admitiram ser suficientes os existentes, assim como,
21% não sabiam responder, Gráfico 29.

                                                 Gráfico 29
                                        Equipamentos Sociais



                                21%                                    21%




                                                     58%


                                   Suficientes    Insuficientes   Não Sabe



Daqueles que responderem ser insuficientes os equipamentos existentes 48% não sabiam
o que fazia falta, nos que apontaram possíveis respostas: 39% indicavam a área da 3.ª
idade, 12% área da terceira idade e infância e 1% apenas infância, Gráfico 30.
                                                                                               98
                                                                                               Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora             2007



                                               Gráfico 30
                         Área de Necessidade de Equipamentos Sociais




                                                                                  44; 39%
                    54; 48%




                                                                          1; 1%
                                                             13; 12%




                              3º Idade   Infância   Infância e 3º Idade    Não Sabe



Quanto aos equipamentos sociais houve uma clara manifestação de maior
necessidade destes, sendo os equipamentos de apoio à população envelhecida aos
mais indicados como necessários.


No que toca às redes de apoio em situações de emergência ou necessidade, 71% dos
inquiridos afirmaram procurar a família, 11% socorrem-se nos vizinhos, 10% pedem apoio
a amigos e 8% procuram instituições, Gráfico 31.


                                               Gráfico 31
                                             Rede de Apoio




                                                                11; 10%
                                                                                  12; 11%

                                                                                       9; 8%




                     80; 71%




                               Amigos     Vizinhos      Instituições      Famílias




 Embora os inquiridos afirmassem, na sua maioria, que procuravam apoio/auxílio na
 família, esta foi a freguesia em que mais se indicou os amigos como rede de apoio e
 solidariedade.

Quanto à participação de eventos, 76% das pessoas responderam não participar em
                                                                                                      99




qualquer evento, 20% participam em cultos religiosos, 4% participam nos eventos que a
Junta de Freguesia promove, Gráfico 32.
                                                                                                      Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora           2007



                                              Gráfico 32
                                      Participação em Eventos



                                                                  22; 20%

                                                                            5; 4%




                           85; 76%



             Cultos Religiosos   Eventos Junta de Freguesia   Não Participa em nenhum evento




Mesmo, quando questionados se tem alguma participação enquanto sócios de
associações, colectividade ou outros, 71% afirma não pertencer a qualquer colectividade
ou associação, e 29% afirma ser sócio de alguma entidade, Gráfico 33.



                                              Gráfico 33
                                   Participação enquanto Sócios




                                                                        32; 29%




                       80; 71%




                                            Sócio   Não Sócio



 Embora a maioria dos inquiridos, não participe em qualquer evento, o que revela que
 há muita pouca dinâmica social, cultural e associativa nesta população. Esta foi a
 freguesia houve se registou maior número de dinâmica associativa.


Relativamente ao local onde normalmente efectuam compras, Gráfico 34, 39% declararam
comprar quer no comércio tradicional, quer nas grandes superfícies, 33% restringe as suas
compras ao comércio tradicional e 28% efectua compras somente nas grandes superfícies.
                                                                                                      100
                                                                                                      Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora           2007



                                                    Gráfico 34
                                                 Local Compras



                            31; 28%
                                                                                        44; 39%




                                       37; 33%


                                    Comércio Tradicional e Grandes Superfícies
                                    Comércio Tradicional
                                    Grandes Superfícies




Quanto à ocupação dos tempos livres 19% afirmaram passear e ler, 13% vêem televisão, e
9% fazem as suas tarefas domésticas, entre outros como se poderá verificar no Gráfico 35.




                                                    Gráfico 35
                                       Ocupação dos Tempos Livres


                                       21; 16%                          27; 19%

                            17; 13%
                                                                                  12; 9%


                            4; 3%                                                  6; 4%
                             1; 1%    25; 19%                                   8; 6%
                                                                8; 6%
                                                                        5; 4%

                 Passear                        Tarefas Domésticas         Trabalhos Manuais
                 Apoio Família/Cuida netos      Conviver Vizinhança        Desporto
                 Ler                            Internet/Computador        Descansar
                 Ver Tv                         Não responde




 A ocupação de tempos livres é vivida de forma isolada, mas remete para actividades
 mais recreativas e culturais, como passear e ler.


No que respeita aos aspectos positivos de morar no Centro Histórico de Évora foram
apontados as seguintes aspectos registados no Quadro X, entre estes destacam-se a
proximidade dos serviços/comércio 49%, as deslocações a pé 10%, a vizinhança 8%, entre
outras.
                                                                                                         101
                                                                                                         Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



                                      Quadro X
                     Aspectos Positivos                       V.A.          %
          Proximidade Comércio/Serviços                        83           49
          Vizinhança                                           14            8
          Segurança                                             8           5
          Sossegado                                             7           4
          Beleza/Monumentos                                    10            6
          Deslocações a Pé                                     17           10
          Linha Azul                                            7           4
          Renda Baixo Valor                                     3            2
          Proximidade Família                                   3            2
          Diversão Nocturna                                     2            1
          Gosta de Tudo                                         3            2
          Não sabe                                             12            7

Também nesta freguesia, o factor positivo mais apontado de morar no Centro
Histórico foi a proximidade do comércio e serviços, o que deve ser considerado em
qualquer exercício de intervenção e reabilitação deste espaço.


Os aspectos negativos apontados de relevância verifica-se que 16% apontaram a falta de
estacionamento, 14% dos inquiridos não encontraram aspectos negativos, 12% indicaram
o barulho resultante dos estabelecimentos nocturnos e o abandono/degradação casas,
entre outras situações apontadas como se poderá verificar no Quadro Y.

                                     Quadro Y
                       Aspectos Negativos                            V.A.        %
       Barulho Bares                                                  16         12
       Falta de Espaços verdes/Desportivos                            2          1
       Abandono/Degradação Casas                                      12         12
       Desertificação/Isolamento pessoas e comércio                   14         10
       Estacionamento                                                 22         16
       Falta limpeza ruas/dejectos caninos                            9          7
       Trânsito                                                       12         9
       Calçada                                                        9          7
       Falta de Hipermercados                                         4          3
       Não tem                                                        19         14
       Não sabe                                                       16         12


 Os aspectos negativos mais apontados foram: a falta de lugares de estacionamento, o
 barulho dos estabelecimentos nocturnos e o abandono/degradação das casas.



Quanto às sugestões de actividades para a Junta de Freguesia, 43% afirmou não ter
                                                                                             102




nenhuma sugestão, 29% declarou não sentir necessidade, pois achavam que a oferta
existente era suficiente, e entre as mais apontadas encontram-se mais actividades
recreativas, desportivas e de ocupação tempos livres para crianças e idosos, como se
                                                                                             Página




poderá ver Gráfico 36.
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora                        2007



                                                 Gráfico 36
                                           Sugestões Actividades


                                                              8; 7%
                         33; 29%                                              12; 11%

                                                                                        11; 10%




                                                       48; 43%


               OTL Crianças e Idosos   Recreativas   Desportivas   Não Sabe    Não sente necessidade




Entre os pedidos endereçados à Junta de Freguesia, que os inquiridos julgavam ser
importantes para melhorarem a sua vida, embora 52% dos inquiridos não lhe ocorresse
nada, entre os que efectivamente tinham pedidos, os mais evidentes foram: o pedido de
apoio económico e social 25%, apoio na conservação e recuperação de casas 11% e
apoio aos jovens 6%, assim como outros indicados tal como podemos verificar no Quadro
Z.



                                      Quadro Z
                   Pedidos à Junta de Freguesia                                     V.A.               %
         Não sabe                                                                    43                52
         Regular actividade dos bares                                                 1                1
         Criar de Espaços Verdes/Desportivos                                          1                1
         Apoio na Conservação e Recuperação de Casas                                  9                11
         Apoio Jovens                                                                 5                6
         Criar mais estacionamento                                                   2                 2
         Apoio económico/social                                                      21                25
         Gosta Atendimento Junta                                                      1                1
         Limitações Orçamentais                                                       1                1

 Embora, cerca de metade dos inquiridos não soubessem em que medida é que a Junta
 de Freguesia poderia fazer para melhorar a sua vida, novo indicador de falta de
 participação cívica; o pedido mais frequente é apoio económico e social.


       3.ª Idade

Quanto à 3º Idade e verificado que grande parte dos inquiridos tinha idades iguais ou
superiores a 65 anos, julgou-se ser importante perceber as dinâmicas desta população em
particular. No que respeita à frequência de equipamentos para a 3.ª Idade apenas 12 dos
inquiridos se encontravam a frequentar estes equipamentos, Gráfico 37.
                                                                                                                   103
                                                                                                                   Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora      2007



                                              Gráfico 37
                                     Frequência Equipamentos


                                   12; 11%




                                                                   100; 89%


                                       Frequenta        Não Frequenta



Quanto a inscrições nestes equipamentos, em toda a amostra havia 6 pessoas inscritas,
Gráfico 38.

                                              Gráfico 38
                                        Incrição Equipamento



                                                           6; 5%




                                         106; 95%




                                             Inscrito   Não Inscrito



A todas as pessoas que participaram no questionário também lhes foi perguntado se
tinham algum familiar a residir na freguesia, e 24% responderam afirmativamente, Gráfico
39.

                                              Gráfico 39
                               Família a Residir no Centro Histórico




                                                                              27; 24%
                                                                                               104




                         85; 76%
                                                                                               Página




                                       Residente        Não Residente
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



E quando inquiridos sobre se mantinham contacto com familiares, que poderiam ir para
além dos residentes na freguesia, surpreendentemente 4% afirmou não ter qualquer
contacto com familiares, mesmo telefónicos, Gráfico 40.

                                           Gráfico 40
                                         Contacto Família




                                                     4; 4%




                                         108; 96%




                                  Não tem Contacto    Mantém Contacto




 Mais de metade dos inquiridos não frequentavam e nem se encontravam inscritos em
 qualquer equipamento para a população mais envelhecida e não tem familiares a residir
 no Centro Histórico. Sendo que dos inquiridos 4% não mantém qualquer contacto com
 familiares. Contudo, esta foi a freguesia que em que mais frequentavam valências como
 Centro de Convívio.


Tal como já enunciado não foi possível constituir uma amostra da população da freguesia
da Sé/ São Pedro, portanto todas as conclusões apresentadas em baixo são válidas no
âmbito de serem ilações sobre os inquéritos feitos, contudo, face ao universo são em facto
uma projecção de prováveis características desta população.




                                                                                              105
                                                                                              Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




Principais conclusões:
       Há uma perda de população no Centro Histórico de Évora, o que tem conduzido a
       uma desertificação física e humana deste espaço;
       A população inquirida apresenta uma média de idades igual a 57 anos e a idade
       média dos agregados situa-se nos 57 anos de idade;
       Os agregados familiares apresentam entre a população tendencialmente
       envelhecida, pois, as faixas etárias superiores aos 65 anos situa-se nos 40%,
       quase em igualdade 38% situa-se a população menor de trinta anos, contudo, a
       população entre os 31 e os 64 anos corresponde a 22% dos inquiridos, o que
       aponta para uma população envelhecida;
       58% dos inquiridos vivem em núcleos familiares compostos por duas ou mais
       pessoas, e 36% dos indivíduos moram sozinhos;
       47% dos elementos do agregado familiar só têm o 1º ciclo do ensino básico, 14%
       são licenciados, 13% frequentam a universidade, o que aponta para baixas
       qualificações escolares na população mais envelhecida, em contraposição como
       segundo maior grupo os licenciados;
       29% dos agregados familiares são trabalhadores não qualificados, 22% são
       trabalhadores das áreas de serviço e vendedores, o que induz a melhoria na
       qualidade de mão-de-obra, mas que mantém em maioria precariedade laboral;
       38% dos inquiridos mantém-se no activo e 36% são reformados, 50%
       apresentavam rendimentos superiores a dois salários mínimos nacionais,
       contrapondo os 24% que tem rendimentos de cerca de um salário mínimo
       nacional, que na sua maioria leva a uma situação de algum conforto económico;
       Dos inquiridos 49% afirmaram fazer maiores gastos na alimentação, 29% na saúde
       e 20% na renda/empréstimos;
       Quanto à habitação 53% dos ocupantes são arrendatários, na maioria com
       vínculos contratuais superiores a 20 anos e em 63% com rendas até aos 100€
       mensais, portanto rendas baixo valor associadas a vínculos contratuais antigos;
       Contrapondo-se aos contratos de arrendamento mais recentes que apresentam
       valores entre os 300 e 350 € mensais, rendas de elevados valor associado a
       vínculos contratuais mais recentes;
       Quanto às condições de conforto e salubridade 7 pessoas asseveraram não ter
       casa de banho completa e 5 afirmaram não ter cozinha operacional, indica más
       condições de habitabilidade, assim como, 3 pessoas afirmaram não ter
       esquentador, 7 declararam também não ter máquina de lavar e 4 atestaram não ter
       telefone apontando para falta de bens de conforto;
       98% dos inquiridos gostam de viver no Centro Histórico, muitas vezes associada a
       uma ideia de romantismo e orgulho, associado forte pertença;
       Os aspectos positivos do Centro Histórico residem principalmente na proximidade
       serviços/comércio (49%), facilidade das deslocações a pé (11%) nas relações de
       vizinhança (8%);
       Os aspectos negativos 19% afirmaram que não encontravam aspectos negativos,
       entre os que apontaram (16%) indicaram a falta de lugares de estacionamento,
       12% barulho dos estabelecimentos nocturnos e abandono/degradação parque
       habitacional;
       E quanto às problemáticas sociais predominantes são apontadas a pobreza (20%),
       a degradação habitacional (14%) e o isolamento/abandono dos idosos e doença
       (11%) como os principais problemas da freguesia;
       A família e a vizinhança funcionam nesta comunidade como a rede de apoio de
                                                                                            106




       solidariedade local, havendo apenas 8% dos inquiridos a procurar instituições em
       situações de necessidade ou emergência;
       59% dos inquiridos não participa em qualquer evento, o que indica não
                                                                                            Página




       participação dinâmicas culturais, mesmo perante este cenário 15% sugerem mais
       actividades;
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



As ocupações dos tempos livres são vividos de forma muito isolada uma vez que
65% das actividades realizam-se dentro de casa e apenas 35% dos inquiridos
apresentam actividades sociais, apoio à família, convivência com os vizinhos,
passeios o que aponta para não participação em dinâmicas sociais;
Quanto aos pedidos a fazer à Junta de Freguesia, um dado importante e que deve
ser interpretado é que 52% dos inquiridos não sabia em que é medida é que junta
poderia melhorar a sua condição de vida e 25% aludiram para a necessidade de
apoio económico e social.




                                                                                    107
                                                                                    Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




Análise S.W.O.T. de Sé/São Pedro:

A análise S.WO.T. resulta numa análise estratégica através de quatro elementos chave.



    Pontos Fortes                                  Pontos Fracos
                                                    Envelhecimento da população
        Proximidade de serviços e
                                                    Não renovação do tecido
        comércio
                                                    social
        Questões da vizinhança                      Especulação imobiliária
        População universitária


        Ameaças                                  Oportunidades

                                                    Novo Quadro Comunitário –
          Desertificação física e                   QREN
          humana da freguesia                       Sentimento de orgulho e de
          Emergência territórios de                 pertença associado à cidade
          risco social




                                                                                             108
                                                                                             Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora     2007




Instituições:
As entidades presentes no Quadro AA encontram-se localizadas na Freguesia da Sé/ São
Pedro.

                                         Quadro AA
         Instituição                      Resposta Social                 Nº de Utentes
   Associação da Creche e                     Creche                           108
     Jardim-de-infância                     Pré-Escolar                        155
                                              ATL C/A                           40
  Associação Humanidade e                Centro de Convívio                     30
Respeito pelos Idosos de Évora

 Associação Reformados e                   Centro Convívio                      40
Pensionista e Idosos de Évora

Santa Casa da Misericórdia de                   Creche                          44
           Évora
                                          Apoio Domiciliário                    114

            Cáritas                 Centro de Ocupação Tempos                   ----
                                               Livres
              IPJ                           Apoio jovem                        ------


 Associação de Estudantes da        Apoio jovens universitários de             ------
    Universidade de Évora                      Évora

Fundação Eugénio de Almeida                                                    ------


    Hospital Espírito Santo                     Saúde                          -------


  Polícia Segurança Pública                   Segurança                        ------


Fonte: Centro Distrital da Segurança Social de Évora, 2007; http:///www.cm-evora.pt; Santa Casa
da Misericórdia.
                                                                                                  109
                                                                                                  Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




Análise Social da Freguesia da Sé/São Pedro:

Os inquéritos realizados na freguesia da Sé/São Pedro não foram suficientes para
construir uma amostra representativa, contudo poderemos retirar algumas ilações do
contacto com a população e a observação directa, acabou por contribuir para um olhar
mais atento e mais profundo sobre as dimensões psico-sociais que compõe esta.

Os dados apurados nesta freguesia indicam a existência de uma população envelhecida,
que vive na sua maioria em núcleos familiares, compostos por três ou duas gerações,
contudo 36% dos indivíduos vivem sozinhos, apresentam predominantemente baixas
qualificações escolares, havendo em oposição um segundo grupo de licenciados, melhoria
da qualidade da mão-de-obra face às outras freguesias, maioria apresenta algum conforto
económico. A área de maiores gastos foi a alimentação, deferentemente das outras
freguesias, arrendatários, alguns com falta de condições de habitabilidade e bens de
conforto, e onde a família e a vizinhança desempenham um importantíssimo recurso, pois
constituem a rede de solidariedade local.

A questão social nesta freguesia coloca-se ao nível do envelhecimento da população e do
apoio aos jovens estudantes universitários, a reflexão aqui apresentada irá centrar-se
nestas temáticas.

Embora, os inquiridos desta freguesia apresentassem uma melhor situação económica e
social, caracterizado pela sociedade média e média/alta, manteve-se o factor do
envelhecimento populacional e os baixos índices de participação cívica, exercícios ainda
pouco frequentes neste tipo de população. Portanto, a questão do envelhecimento não
está tão relacionada com pobreza na sua dimensão económica, como nas outras
freguesias, mas com a falta de participação nas dinâmicas sociais, culturais e associativas.

Contudo, foi nesta freguesia que se observou maior número de jovens casais
universitários, isto deve principalmente ao facto de ser a freguesia que acolhe a
Universidade e ser o primeiro espaço da cidade que recebe estes jovens. O contacto com
estes jovens permitiu a conclusão da existência, segundo estes mesmos, de dois ciclos da
cidade intramuros, associados aos fluxos de jovens estudantes e a uma maior animação
nocturna verificada durante o ano lectivo, em oposição aos fins-de-semana e férias
lectivas. Estes jovens casais indicaram gostar mais do ciclo em que encontram outros
jovens, portanto do ano lectivo.

Outro facto, também verificado nesta freguesia foi o pedido de apoio aos jovens,
relacionado com a inserção no mercado de trabalho e a procura de melhores habitações e
a preços mais acessíveis. Neste momento a procura desta freguesia e do próprio Centro
Histórico, por estes jovens, como parque habitacional funciona através de um processo
pouco organizado e voluntário. A Junta de Freguesia poderá desenvolver um importante
papel no desenvolvimento deste processo, apoiando e acompanhando as necessidades
desta população, em particular.
                                                                                               110
                                                                                               Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




Propostas:
As acções a desenvolver deverão passar pelas lógicas do desenvolvimento social e
comunitário, o sentimento de pertença, a identidade colectiva tão profundamente enraizada
deve ser aproveitada no sentido de desenvolver lógicas de participação e de cidadania. É
aqui que, também, esta Junta de Freguesia tem um importante papel, de promotor destas
lógicas, envolvendo entidades parceiras e população em novos projectos, e criando e
agilizando novas respostas de apoio à comunidade.

Atendendo às principais conclusões deste estudo, propõe-se as seguintes acções:

       Apoio à implementação de uma UNIVA – Unidade de Inserção na Vida Activa,
       destinada à população universitária, procurando apoiar a inserção no mercado de
       trabalho, através de vínculos contratuais ou estágios com empresas da região.
       Estabelecendo acordos com as indústrias e serviços da região potencializando
       estes recursos humanos em recursos capazes de capitalizar riqueza e
       desenvolvimento social;
       Apoiar a população mais jovem, através abertura de um de espaço de leitura e
       acesso à Internet;
       Fomentar a abertura de pequenos cursos, em parceria com a Associação de
       Estudantes e a própria Universidade de Évora, dirigidos a imigrantes e jovens
       estudantes, que permitam o enriquecimento curricular e uma melhor recepção
       desta população.




                                                                                            111
                                                                                            Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




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              REFLEXÃO FINAL SOBRE O CENTRO HISTÓRICO
                                                                       Página
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



O Centro Histórico de Évora é composto pelas três freguesias estudadas Santo Antão, São
Mamede e Sé/S. Pedro, sendo o maior centro histórico do país, com cerca de 104
hectares, é o centro de vitalidade desta cidade, onde a esfera privado do parque
habitacional e a esfera pública composta pelo comércio, diversos serviços e universidade
procuram conviver em equilíbrio. Sendo património mundial a importância deste espaço é
primordial para o desenvolvimento do turismo e da economia local, e devido a esta
designação urze a necessidade de ser analisado sobre diversas perspectivas que se
deverão complementar, pois, este Centro Histórico é a porta do passado onde se
deslumbra o futuro do povo eborense.

Quando somos acolhidos por esta cidade somos assombrados pela sua beleza e riqueza
arquitectónica, resultado de um passado repleto de grandes momentos. Somos facilmente
levados numa viagem pelo tempo, pela história de Portugal, de que a calçada, praças e
ruas são testemunhas. Quando compenetrados na lição viva de história que Évora é fruto,
somos também obrigados a indignar que povo é este cheio de coragem e valentia que
procurou rumar sempre ao futuro, e que nos legou um património talvez mais grandioso
que o edificado, os seus filhos, a comunidade que faz a cidade. O presente trabalho
assenta na segunda perspectiva sobre a cidade, procurando conhecer a comunidade
intramuros, as suas vivências, práticas, solidariedades, etc., não tem a audácia de se
intitular de estudo sociológico, mas é sem dúvida social.

Este Centro Histórico já foi alvo de alguns estudos, entre os quais um realizado pela
Câmara Municipal de Évora 2000/2001 (Mourão: 2001, s/p), que incidiu sobre as
condições de habitabilidade neste espaço, atingiu uma amostra entre 38% aos 26% nas
freguesias intramuros, e que chegou a algumas ilações sobre traços gerais da
comunidade que passamos a enunciar:
        Desde 1940 que a população Centro Histórico tem vindo a decrescer, sendo que
        este se deve ao envelhecimento da população e à deslocação da população para
        a cidade extra-muros;
        Não há renovação do tecido social e existe um acentuado envelhecimento;
        A população subsiste com recursos económicos muito baixos – 35% dos
        inquiridos de uma base amostra apresentavam um rendimento inferior a um
        salário mínimo nacional;
        Predominância do inquilinato;
        Patologias identificadas em cozinhas, casas de banho e arejamento/ventilação, na
        ordem dos 25%;
        Capacidade de utilização habitacional de alguns edifícios esgotou-se, ficando
        estes devolutos ou sujeitos a alterações de uso – 278 edifícios devolutos e em
        mau estado de conservação.

Foi perante este cenário que se construíram instrumentos de análise da comunidade e que
se procurou inquirir a máximo de pessoas possíveis no tempo exigido, concluindo-se este
diagnóstico chegou-se a surpreendentes inferências, podendo estas ser divididas em três
grandes temáticas que serão aqui apresentadas: existência de diferentes identidades
locais; o envelhecimento na sua dimensão sócio-económica e a emergência de territórios
de risco.

A primeira conclusão e talvez uma das mais surpreendentes é o facto de se ter verificado
que cada freguesia apresenta uma comunidade diferente, isto é, embora se possa
construir dimensões que são transversais a todas freguesias, no que respeita às redes de
                                                                                            113




solidariedade, que são a malha de protecção de cada indivíduo, há diferenças, ao ponto de
se construírem diversas identidades locais. Para percebermos melhor isto, devemos antes
de mais definir o conceito de comunidade, Manuel Castells afirma que “as pessoas
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socializam-se e interagem no seu ambiente local, seja ele a vila, a cidade, o subúrbio,
formando redes sociais entre os seus vizinhos” (2003:72), estas redes constroem
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



identidades locais repletas de significados e reconhecimento social. E funcionam como
barreiras de defesa e de reacção, asseverando ainda o autor que “subitamente indefesas
diante de um turbilhão global, as pessoas agarram-se a si mesmas: qualquer coisa que
possuíssem, e o que quer que fossem, transformou-se na sua identidade” (ibidem).

Através da observação e dos questionários constatou-se que, por exemplo, na freguesia
de São Mamede de um modo geral existe uma só comunidade bem definida, as festas de
Santo António que partem de um movimento popular, a elevada participação nos eventos
promovidos pela junta de freguesia, e repetitivos episódios de no momento da realização
dos questionários à população vizinhos aparecerem com frequência e algum ar de
suspeição, a questionarem o nosso papel, são disto exemplo. Olhando-se para o percurso
histórico da comunidade percebemos que nesta freguesia se localizava a mouraria, local
onde residiam os mouros e que não eram mais do um espaço de exclusão, o ghetto da
cidade. Portanto era um espaço que não tinha prestígio, menos nobre, e onde no decurso
da história se alojaram sempre os pobres e os “desgraçados”, com demarcadas ruas de
prostituição. A comunidade que aqui residiu e reside desenvolveu formas de defesa e de
reacção perante este estigma, talvez não de forma organizada, mas consciente, e a sua
elevada participação, o exercício de cidadania são disto resultado.

Já a freguesia de Sé/São Pedro e Santo Antão no que respeita a estas redes de
solidariedade locais apresentam pequenos nichos, compostos essencialmente por
vizinhos, e que funcionam como agentes minimizadores de riscos sociais e que muitas
vezes facilitam o sentido de envelhecer, permitindo maior acompanhamento. Contudo,
nem toda a população tem estas redes, por exemplo em Santo Antão 16% dos inquiridos
responderam que em situações de emergência recorrem às instituições locais, o que é
revelador do isolamento que experienciam. Estas situações agudizam com o facto de, e
nesta freguesia em particular, 10% dos inquiridos afirmarem que não mantêm contacto
com as suas respectivas famílias.

A presença destes pequenos nichos, ou a não existência em todo destes mesmos, mudam
a percepção de identificação de comunidade. Se o indivíduo se encontra numa situação de
isolamento não identifica a sua comunidade, não participa, não se envolve,
desencadeando um processo de risco social, de vulnerabilidade societal que pode terminar
em situações de exclusão social.

As situações de isolamento adquirem uma preocupante dimensão com o envelhecimento
da população e o natural aumento de dependência. Nas sociedades contemporâneas, o
substancial aumento da esperança de vida verificado durante o século XX, associado às
profundas mudanças societárias que para ele ocorreram, fez emergir o envelhecimento e a
velhice como questão social, as freguesias do Centro Histórico não fogem a esta realidade.

Procurando reflectir sobre a realidade social destas freguesias é incontornável pensarmos
sobre o envelhecimento. O envelhecimento é uma consequência das mutações sociais e
económicas, houve um recuar da morte e os velhos ficaram cada vez mais velhos,
experienciam uma vida adulta cada vez mais prolongada, marcada pela coexistência da
diversidade e complexidade de papéis. A gestão de papéis no tempo e a gestão do tempo
na gestão das idades apresentam-se hodiernamente com dados novíssimos da nossa
experiência humana (Quaresma: 2005,5).

Koffi Annan (1999:s/P) afirmou sobre a temática do envelhecimento que “ o aumento da
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longevidade está a criar uma nova fronteira para a humanidade, a ampliar as nossas
perspectivas mentais e físicas. Os idosos dos nossos dias são, em muitos aspectos,
pioneiros. Fazendo jus a este espírito foram inovadores, catalisadores e condutores de
                                                                                             Página




muitas iniciativas levadas a cabo durante o Ano. Ao fazerem-no, ajudaram-nos a preparar
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



para uma vida mais segura, mais saudável e mais rica para muitas gerações de idosos que
virão depois deles”.

As actuais gerações de idosos são as primeiras a experimentar estas mudanças, estão a
sofrer impactes por elas não esperados, mal conhecidos e, muitas vezes, socialmente
distorcidos ou denegados por forças das representações negativas da velhice
(Quaresma:2005,5). Esta fase da vida deve perder a sua conotação tão negativa e
depreciativa, a velhice não é opaca, a integração é um contínuum na existência dos
indivíduos, há um manancial de novas experiências, de potencialidades. Contudo, há
riscos também associados a esta fase da vida, riscos sociais, ambientais e de saúde, de
isolamento, de solidão, incapacidades e de exclusão. Mas estes riscos devem ser
reconhecidos e estudados, e deve-se procurar formas de combate a estes mesmos.

O que acontece no Centro Histórico de Évora não é diferente desta realidade, a população
é caracteristicamente envelhecida; o isolamento, solidão, pobreza e a exclusão social
também se encontram presentes nesta população, tal como verificado em cada freguesia.

A respeito da solidão Bernadette Puijalon (Quaresma:2003,10) afirmou “ pode-se estar
isolado ou ter um sentimento de solidão em qualquer idade, como escreveu Emmanuel
Lévinas «A solidão é uma categoria do ser», no entanto, quem diz velhice não diz
forçosamente solidão, mas mesmo para aqueles que não a conhecem, nesta idade, ela é
um horizonte temido”. O sofrimento dos mais idosos quando causado pela solidão, é
considerado por muitos, como a mais penosa e problemáticas situações de vida a que se
torna necessário responder. O isolamento e a solidão foram diversas vezes verificadas
neste diagnóstico social, para isto muito tem contribuído a desertificação do Centro
Histórico, o êxodo rural dos descendentes dos idosos intramuros e o desaparecimento da
vizinhança.

O enfraquecimento das redes de solidariedade, das relações de vizinhança, de onde
emergiam um verdadeiro suporte, que satisfaziam aquilo a que Marshal define como
necessidades sociais, importantíssimas para se atingir o bem-estar pessoal e social, que
mesmo em casos de dependência proviam e garantiam algum conforto, levou à vivência
de isolamento e solidão. Podendo-se concluir que a população intramuros apresenta
alguma vulnerabilidade societal nesta âmbito e que deve ser urgentemente equacionada.

Quanto ao fenómeno da pobreza, é reconhecido que certas categorias da população são
particularmente vulneráveis, que entre os pobres em número significativo podemos
encontrar, desempregados de longa duração ou jovens à procura do primeiro emprego,
famílias monoparentais, certas minorias étnicas, e sobretudo deficientes e idosos com
recursos insuficientes para lhes assegurar um nível de vida acima dos limiares de pobreza
(Almeida et all, 1992:11).

Os baixos montantes dos subsídios recebidos pela grande maioria dos idosos – pensões
de reforma, de invalidez e de sobrevivência – fazem com que a incidência da pobreza ou
da vulnerabilidade à pobreza sejam grandes nesta categoria. Em termos comparativos, em
qualquer um dos regimes de Segurança Social e para qualquer das pensões atribuídas, os
respectivos montantes não ultrapassam o salário mínimo nacional. E a inexistência, na
maior parte dos casos, de rendimentos alternativos, leva a que a duração das situações de
pobreza nesta população seja longa, acompanhando praticamente o próprio ciclo de vida
dos pensionistas, e torna altamente improvável que escapem à situação de precariedade.
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Esta realidade, pelas amostras construídas, aparece mais gravosa em Santo Antão,
seguindo-se São Mamede e, por último, Sé/S. Pedro respectivamente.
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Entre os idosos pensionistas Almeida et all (1992,69) identificaram dois tipos de perfis de
pobreza, um relacionado com indivíduos que sempre tiveram baixos rendimentos e que a
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



situação da pensão não vem alterar em nada a situação anterior de pobreza, vindo apenas
prolongar uma situação já existente, estando a diferença apenas na origem dos
rendimentos recebidos. Para outros, é com a passagem à de pensionista que a pobreza
tende a manifestar-se, já que essa mudança de estatuto pode significar, justamente, uma
quebra sensível relativamente aos meios de vida de que dispunham antes. Estes últimos já
vivam no limiar da pobreza e com a entrada na reforma deslizam para situações de
pobreza efectiva. Encontramos assim dois tipos de situações, um referente à reprodução
continuada de pobreza tradicional, e outro referente a um empobrecimento recente
(Ibidem).

Um factor que contribui de modo não desprezível para a fragilização das condições de vida
dos idosos pensionistas é o das suas necessidades na área da saúde, no que toca
particularmente à assistência médica e medicamentosa. A composição etária desta
população faz com que as despesas de saúde sejam um dos maiores pesos no orçamento
familiar, despesas, essas que só parcialmente são cobertas pelos esquemas de apoio
social, e que têm sofrido ultimamente sérias reduções. Isto mesmo se verificou, a área da
saúde foi a mais indicada como a área de maiores gastos na freguesia de Santo Antão e
São Mamede.

Outra característica da população idosa diz respeito à matéria de habitação, pois encontra-
se caracterizado o facto de os idosos residentes nos centros urbanos, usufruem de rendas
de casas antigas, cujos montantes, por terem estado congelados durante tantos anos, e
mesmo apesar de se encontrarem descongelados, acabam por não ter um peso elevado
nas despesas orçamentais do agregado familiar (Ibidem:70), também verificada nas
freguesias intramuros.

Pelos dados que o Diagnóstico Social apontou: a predominância de trabalhadores não
qualificados, baixos rendimentos nos agregados familiares, à existência das figuras do
homem “ganha-pão” e a mulher a zeladora do lar, a esperança média de vida ser maior
nas mulheres torna a pobreza não só uma questão de classes sociológicas mas uma
questão de género.

 Existem dificuldades intrínsecas em avaliar a pobreza, resultantes do facto de se tratar
sempre de um conceito relativo no tempo e no espaço, são ainda acrescidas por
referências os valores predominantes numa dada sociedade. São vários os domínios em
que se pode verificar a pobreza, entre eles: condições económicas, condições de
habitação, condições de saúde, educação, emprego e desemprego, a até sob a
perspectiva do desenvolvimento social e comunitário pode ser acrescida a estas
dimensões a redes de solidariedade, uma vez que estas são definidas como capazes de
gerar riqueza e de colmatar situações de precariedade.

Remetendo novamente para a análise do Centro Histórico podemos afirmar que a pobreza
construí-se sobre variadas dimensões que podem co-existir ou não, e que iremos abordar
seguidamente, exceptuando a dimensão económica uma vez que esta já foi previamente
apresentada.

No que concerne às condições de habitação “a situação de pobreza corresponde a uma
falta de conforto habitacional derivada de elevados graus de insalubridade, de
superlotação e de inadequação geral dos alojamentos” (Almeida et all, 1992:15).
Acrescentaria a esta definição a existência de bens de conforto como frigorífico, fogão,
                                                                                              116




esquentador ou similar, máquina de lavar roupa e um telefono fixo ou móvel, essenciais
para o bem-estar. Esta dimensão da pobreza está presente na população de cada
freguesia, quer na falta de conforto habitacional, quer na falta de bens de conforto. É de
                                                                                              Página




realçar, que mesmo com os programas de apoio da Câmara Municipal para melhoria das
condições de habitação, há ainda pessoas sem casa de banho completa e cozinhas. Isto
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



deve-se a um sentimento de resignação sobre a própria condição de vida, a um sentido
muito restrito da esfera privada, não querendo muitas vezes os inquilinos “incomodar”
como eles próprios definem os senhorios.

As condições de saúde “relacionam-se com as desigualdades que se manifestam
sobretudo por uma esperança de vida mais curta, maiores níveis de mortalidade infantil,
menor consumo de serviços médicos e, simultaneamente, maior risco de contrair doenças”
(Almeida et all, 1992:15). Quanto a esta dimensão grande maioria dos inquiridos
asseveraram ter médico de família, portanto não há privação no acesso a estes serviços, o
que ocorre é que a saúde foi a mais apontada ao nível dos gastos do orçamento familiar,
havendo imensos idosos que chegam a gastar mais de metade dos seus rendimentos em
medicamentos. Levando a uma autentica gestão de receitas, aviando apenas os mais
urgentes, prejudicando não raras vezes a alimentação em detrimento dos medicamentos.
Aqui novamente, a Câmara Municipal tem um importante papel através do Cartão do
Munícipe Idoso, que tem vindo a aliviar estas situações.

Na educação a pobreza encontra-se associada a níveis de escolaridade mais fracos e
tardios, saídas precoces do sistema de ensino, e reprovações, tudo isto resultando numa
maior proporção de analfabetos e de pessoas com muito baixa escolaridade. Esta também
é a realidade da população intramuros, com baixas qualificações escolares, existência de
número considerável de analfabetos, o que conduz a uma “mão-de-obra” não qualificada e
à precariedade laboral.

A ligação entre o desemprego e a pobreza é de identificação imediata e ainda mais
significativa quando se trata de desemprego de longa duração ou de situações de trabalho
meramente temporário. Ainda que por amostra pequena a existência em todas as
freguesias de desempregados acentua as vulneráveis condições de vida, conduzindo à
pobreza. A composição do desemprego caracteriza-se por uma elevada proporção de
jovens à procura de primeiro emprego e de pessoa não qualificadas ou mesmo
analfabetas, de onde resultam que um elevado número de desempregados não tem
sequer qualquer direito a um subsídio de desemprego, enquanto outros o têm por períodos
curtos de tempo (Ibidem).

Distingue-se que apesar de ser incontornável abordar o envelhecimento e os riscos sociais
associados a esta temática que se verificaram no território em análise, este não é por si
um problema social. Na perspectiva de Maria Lurdes Quaresma (2007:52) o que constitui o
“problema social é a ausência, insuficiência ou inadequação de respostas da organização
social para o enfrentamento das necessidades naturais desses estratos da população (…)
a inexistência de articulação das respostas com a sociedade civil e a necessidade de
superação do desenho habitual das políticas sociais”.

Paralelamente, ao risco de desertificação e de envelhecimento da população está a
ocorrer a emergência de territórios de risco social, estes espaços urbanos desabitados,
degradados, pouco povoados, começam a alojar outras problemáticas, que podem até não
ser novas, mas são sem dúvidas preocupantes, a prostituição, marginalidade começam a
adquirir maiores dimensões, perturbar a vida quotidiana dos habitantes, trazendo
insegurança e problemas de vizinhança. Esta problemática deve ser acompanhada de
imediato, de forma a não dominar estes territórios, devendo ser adoptada uma postura
preventiva e defensiva do Centro Histórico, preferencial à reactiva.
                                                                                               117




Todavia, a recém Sociedade de Reabilitação Urbana, criada com base no Decreto-Lei n.º
104/2004, de 7 de Maio, destinada à reabilitação dos Centros Histórico é um organismo
que deve ser utilizado no combate: à degradação, à desertificação e à emergência destes
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territórios de risco, uma vez que articula financiamento público e privado na reabilitação e
reorganização destes espaços. E quantos a estes exercícios de intervenção urbanística os
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



aspectos positivos e negativos que foram considerados pelos habitantes neste estudo
devem ser considerados.

A própria Universidade de Évora, localizada na freguesia da Sé/São Pedro deve ser
considerada como outra potencialidade, uma vez que por si é capaz de atrair jovens,
importantes recursos humanos, que quando bem aproveitados são capazes de gerar
desenvolvimento e competitividade ao mais alto nível. Dois importantes parceiros e
interlocutores na construção de uma melhor comunidade do Centro Histórico.

Reconhece-se, contudo, neste Diagnóstico Social que as entidades locais fazem o que
podem para prestar o melhor apoio possível à comunidade do Centro Histórico, mas as
necessidades são tantas e tão complexas, que é necessário projectar novas medidas de
apoio. Este estudo não tem a ousada pretensão de erradicação destes problemas, até
porque não acreditamos que grandes medidas de acções advêm de uma só entidade, mas
do esforço concertado de vários agentes, contudo face aos resultados apresentamos duas
propostas de acção:

       Criação de uma Equipa de Monitorização do Centro Histórico em que
       interlocutores de segurança, da área social e da autarquia local trabalhassem com
       o objectivo de acompanhar, despistar e intervir nestas problemáticas;
       A nível social que se formalize o atendimento social integrado, com reuniões entre
       os vários parceiros da área social de modo a haver partilha;
       A implementação de respostas socais atípicas, assentes numa perspectiva de
       desenvolvimento social e comunitário, que trabalhe e resgate o património
       incorpóreo e que desenvolva apoios na comunidade de forma a criar um
       desenvolvimento sustentável providenciando apoio à comunidade existe,
       envelhecida, e projectando medidas de atractivas para a formação de uma nova
       comunidade mais jovem.




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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007




Análise S.W.O.T. do Centro Histórico:




      Pontos Fortes                          Pontos Fracos
        Proximidade de serviços e
             Proximidade de serviços             Envelhecimento da população
        comércio                                 Não renovação do tecido
             e comércio
        Questões da vizinhança                   social
             Questões da vizinhança              Especulação imobiliária
        População universitária
             População aniversário




                                             Oportunidade
      Ameaças
                                               Novo Quadro Comunitário –
         Desertificação física e
                                               QREN
         humana da freguesia
                                               Sentimento de orgulho e de
         Emergência territórios de
                                               pertença associado à cidade
         risco social
                                               SRU
                                               Universidade de Évora




                                                                                          119
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                                                        BIBLIOGRAFIA
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Endereços electrónicos consultados


http:///www.cm-evora.pt
www.seg-social.pt
www.cmevora.pt
www.drea.pt




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                                                                ADENDA:
                                                                          123




                             O PAPEL DAS AUTARQUIAS NO
                  DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMUNITÁRIO
                                                                          Página
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                                                      “Pensar globalmente, agir localmente.
                                                       Pensar localmente, agir globalmente”

Actualmente, vivemos numa época em que somos confrontados com um ritmo acelerado
de transformações sociais que mudam, de modo quase imperceptível, os comportamentos,
as mentalidades e as próprias necessidades dos agentes e das instituições. Assistimos à
transnacionalização do trabalho, do capital financeiro, da informação, de hábitos e
costumes de vida. A esta transformação deu-se o nome de Globalização, sendo que, este
processo caracteriza-se por uma tendência de mundialização dos mercados, dos negócios,
gostos e hábitos de consumo, de novas formas de estar em áreas como a economia,
cultura, política e a própria sociedade.

Este fenómeno mundial provocou alterações nas três esferas sociais: local, nacional e o
transnacional ou mundial, “ (…) alterando-se completamente as noções de tempo e de
espaço” (Roque Amaro et all, 1992: 12) e estabelecendo novas lógicas entre o local e o
global. Uma vez que, se por um lado se assiste a um incremento no “grau de integração
funcional entre as diversas actividades estabelecidas a nível mundial (Castells, Grupo de
Lisboa, Porter Cit In Santos, 2001:94), por outro verifica-se um aumento da importância
dos factores territoriais, sendo o território considerado como um importante catalisador de
múltiplas sinergias que influenciam a própria actividade económica” (Santos, 2001).

Esta relevância da territorialização assenta num reconhecimento da existência de
identidades territoriais, que se constituem através de um sentimento de pertença que é
enraizado e colectivizado, em que os actores locais comungam dos mesmos valores,
costumes, processos históricos, características e problemas. Surgindo o local como um
espaço de referência privilegiado de análise e intervenção social capaz de modificar os
processos geradores de exclusão social (Fernandes e Carvalho, 2003).

Como refere Santos (2002:13) devemos encarar o “território à categoria de sujeito activo
de desenvolvimento”, de modo a que se possa observar, identificar e potenciar as
especificidades dos factores que fazem parte das dinâmicas socio-económicas, culturais e
históricas dos territórios. Desta forma, tem sido apontado por vários autores que a
sustentabilidade dos processos de desenvolvimento deve assentar em respostas
adaptadas, localizadas, exigindo a percepção dos recursos e da criação de novos
recursos, mesmo onde eles não existem, ou seja apelam à inovação e criação. Exigindo
também, em termos de processo, discussão colectiva, tomada de decisões colectivas,
partilha de responsabilidades, compatibilização de relações de poder conflituantes, ou
seja, faz apelo a competências relacionais em contextos colectivos de trabalho (Campos,
2005:56).

Se analisarmos a dimensão territorial de Portugal, verificamos que apesar da pequena
dimensão, é um país muito diversificado internamente, em planos como os de tipo e
densidade de povoamento, das tradições e identidades culturais, do dinamismo económico
e demográfico, da composição social e dos modos de vida. Para João Almeida (1992:12)
não só os tipos de pobreza são tributários dessa diversidade como os desequilíbrios
regionais são eles próprios produtores de situações de exclusão e vulnerabilidade à
marginalização social. Neste sentido é imperativo conhecer o território, o local.

Urge a necessidade de lógicas de desenvolvimento local, que exprimam segundo Amaro
(2001:26) “o processo de satisfação de necessidades e de melhoria das condições de vida
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de uma comunidade local, a partir essencialmente das suas capacidades, assumindo
aquela, o protagonismo principal nesse processo e segundo uma perspectiva integrada
dos problemas e das respostas”. Ele surge sob múltiplas formas, representando o símbolo
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de uma nova cultura económica que renuncia à separação entre o económico e o social.
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



A noção de desenvolvimento local foi proposta como “alternativa às perspectivas
funcionalistas do desenvolvimento territorial que acreditavam que investindo em
determinadas zonas-motor, a dinâmica do desenvolvimento se alastraria, por si, para
outras regiões do país o que, em Portugal, deu origem a fortes desequilíbrios territoriais.
Passa pela valorização dos recursos endógenos e pela dinamização das populações e dos
actores locais, no quadro de uma noção de desenvolvimento sustentável mais englobante,
que articula o desenvolvimento social com o desenvolvimento económico e o ambiente. É
uma dinâmica essencialmente territorializada, mas que não é fechada em si, integrando os
recursos e as oportunidades que são oferecidos ao nível nacional e comunitário” (cf.
Programa Rede Social, 2001: 41)

Uma das dificuldades existentes no processo de desenvolvimento local consiste em
organizar e coordenar as transformações do “espaço urbano e social local”, devido
sobretudo, tal como cita Mozzicafredo à relativa «desorganização» do seu processo (cit. in
Passarinho, 1993).

O Poder Local surge neste contexto, reformulado pelo Poder Central que lhe foi
transferindo um leque alargado de competências, que delega para as autarquias locais
competências na área da formulação de estratégias e iniciativas políticas que, em larga
medida, contribuem para o desenvolvimento de aspectos económicos, urbanísticas, sociais
e culturais. E incumbe, também, estes organismos locais um papel de gestor/mediador na
resolução de problemas de equilíbrio e de reorganização local. O desenvolvimento do
poder autárquico parece encontrar-se beneficiado, uma vez que, “quanto mais o Estado vê
diminuído o seu campo de actividade, mais as comunidades locais tenderão a assumir,
nas próprias mãos, o seu destino, tendo em conta, nomeadamente, a responsabilização
que as próprias populações tendem a depositar, quando bem legitimados, nos órgãos de
poder autárquico, com os quais desenvolveram uma relação de proximidade” (Almeida:
1992:133).

Contudo, a abertura de uma possibilidade de uma tal responsabilização deve ser
acompanhada por uma série de reflexões problematizadoras, quer em relação a esta
transferência de responsabilidades do Poder Central para o Poder Local, quer no que
concerne à relação entre Poder Local e à comunidade local. Quanto à primeira temática
não será alvo de análise no presente trabalho, embora se reconheça a sua importância,
mas deixaremos essa análise para uma outra altura, debruçando-nos no que é principal
para esta breve reflexão.

Reconhecida a proximidade entre comunidade local e o Poder Local, esta relação não se
encontra de forma alguma consolidada. Não raras vezes as expectativas e exigências, da
comunidade, face às autarquias superam as competências destas. É importante que haja
um efectivo conhecimento das competências dos organismos locais, para que a
comunidade compreenda o papel destas, e se aproprie e utilize estes organismos que são
seus representantes, na concretização dos seus direitos sociais. Arriscaria mesmo a dizer
que tão importante que interpretar as suas competências é reconhecer as suas limitações,
para que o Poder Local e Comunidade Local construam novas formas de estar,
protagonizando-se assim um desenvolvimento local e social.

Sendo primordial definir-se o conceito de Autarquias Locais, representantes do Poder
Local. Na Constituição da República Portuguesa (artigo 237, n.º 2) as “Autarquias Locais
são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a
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prossecução de interesses próprios das populações respectivas”. Desta definição legal
ressalta o facto de que as autarquias locais – a freguesia, o município e a região (artigo
238.º, n.º I da Constituição) – são, antes de mais nada, “pessoas colectivas, isto é
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instituições possuidoras de direitos e deveres próprios, assentes numa base territorial,
determinada por limites específicos. A característica política resulta da existência de
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



órgãos representativos, eleitos por sufrágio directo, universal e secreto. O carácter
funcional da instituição sobressai no que respeita à definição dos fins ou interesses que as
autarquias visam prosseguir, ou seja, os que são próprios das populações respectivas”.


Em termos de maior desenvolvimento, são os seguintes os elementos que, em teoria,
caracterizam a autonomia:
  “Atribuições próprias, isto é, capacidade jurídica para a prossecução de interesses
específicos das populações;
 Independência funcional dos seus órgãos, dentro dos limites da lei;
 Garantia da própria existência, que se caracteriza do modo seguinte: os órgãos locais
podem ser dissolvidos pelo Governo, em determinadas circunstâncias, mas as autarquias
não podem auto-dissolver-se;
 Protecção institucional, dada pelo poder central, relativamente a quaisquer limitações da
sua capacidade legal;
 Capacidade para tomar decisões, sob responsabilidade dos seus órgãos;
 Personalidade jurídica;
  Poder de organização dos seus serviços, nos termos da lei, sem sujeição a ordens ou
instruções emanadas de outros organismos públicos;
  Independência política, isto é, capacidade para eleger os seus órgãos, através de
sufrágio universal, directo e secreto e garantia de aceitação pelo poder central da
orientação política resultante desse sufrágio, mesmo que contrária à do Governo;
  Receitas e patrocínios próprios e poder de determinação do seu destino, através de
orçamento;
 Capacidade regulamentar nos limites de Constituição e das leis” (cit. in Cadernos de
Apoio à Gestão Municipal).


As autarquias locais possuem património e finanças próprias, bem como “autonomia
legislativa (é um quadro geral que as posteriores revisões não alteraram). Saindo da lei
fundamental, há limitações importantes a estas autonomias, uma vez que muitas destas
actividades do poder local são controladas, quer pelo governo (particularmente pelos
ministérios que se encarregam das finanças, do planeamento e da administração do
território), quer pelo sistema judicial (como é o caso da necessidade de um visto prévio
para muitas das iniciativas que envolvem concursos públicos, a conceder pelo Tribunal de
Contas) ” (Gonçalves: 2001)

Como já foi referido a freguesia é uma forma de autarquia local, assim, quanto à sua
integração no contexto do poder local poder-se-á referir que é na ordem política e jurídica,
que a freguesia se integra, não como entidade subalterna – ao contrário do alguns
erradamente supõe – ou como autarquia de importância secundária, mas como igual às
demais instituições legais, o município e a região (Passarinho e Sousa, 1993). Com efeito,
a Constituição e demais leis proclamam o princípio de estrita igualdade entre as autarquias
que integram o poder local. Quer no que toca ao grau de autonomia quer no que respeita
aos âmbitos dos poderes (atribuições) quer quanto à legitimidade ou à força democrática
de criação dos seus órgãos representativos, a freguesia é sempre apresentada no mesmo
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plano de importância que qualquer um dos seus parceiros (Passarinho e Sousa, 1993).

“As freguesias são também importantes pessoas colectivas de direito público que têm o
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seu papel no contexto da administração autárquica em Portugal e mais concretamente no
pós 25 de Abril de 1974, funcionando como guarda avançada dos municípios junto das
Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



populações”. Podem ser consideradas como organizações concretas e autónomas que se
fundamentam em si mesmas pela sua maior capacidade na realização de determinados
interesses das populações que representam (Gonçalves: 2001). É nas juntas de freguesia
que a questão da proximidade do Poder Local à comunidade se torna mais evidente, pois
os presidentes são reconhecidos como membros da comunidade, a abordagem tem um
cariz mais pessoal e informal, o diálogo acontece mais naturalmente (com todos os
aspectos positivos e negativos presentes), e o processo de mediação e envolvimento na e
com se comunidade se dá com maior facilidade. São instâncias privilegiadas para análise
e intervenção social, e com enormes potencialidades de captar as sinergias locais quer na
comunidade, quer institucionais.

As autarquias locais devem ter “consciência da importância capital que assume como
intermediador entre a sociedade e o Estado, ou seja recebendo e reconstruindo elementos
da comunidade que o envolve, reenviando-os (sob a óptica da especificidade) ao poder
central “ (Menezes: 2001, 42). E devem ser capazes de reconhecer, quer elas mesmas,
quer a própria comunidade, a sua natureza, pois, as autarquias nascem de um movimento
dialéctico entre forças promotoras e forças centralizadoras, dado que “ a autarquia é a
expressão de uma vontade local por um lado, e a consequência da política de
racionalização da estrutura administrativa do Estado Central, por outro, o que leva a que
as mesmas possuam duas fontes de legitimação, uma que lhe vem de cima, do Estado e,
outra que vem de baixo, da população (Menezes:2001,43).

Face às novas exigências e às novas competências do Poder Local, as autarquias devem
assumir um papel catalizador das forças sociais da comunidade, para que as mesmas
tenham uma participação activa na construção de um futuro melhor. É neste pressuposto
que surge o Programa da Rede Social, este é resultado de afirmação de uma nova
geração de políticas sociais activas, baseada na responsabilização e mobilização do
conjunto da sociedade e de cada indivíduo para o esforço da erradicação da pobreza e da
exclusão social em Portugal. Trata-se, sobretudo, de um modelo de co-responsabilidade e
de gestão participada, no combate à pobreza e à exclusão social, com base territorial.

As autarquias na área social, apesar de em muitos casos desempenharem um papel
complementar, em termos de intervenção directa, detêm um papel muito importante quanto
à orientação/coordenação, criando as condições para que formas organizativas da
sociedade civil possam interferir, eficaz e directamente, na luta contra as diversas formas
de marginalização (Sampaio cit in Menezes, 2001:74).

Há um papel relevante dos organismos do Poder Local sejam elas Câmaras Municipais ou
Juntas de Freguesia, no que concerne ao desenvolvimento social e comunitário. De acordo
com a Cimeira de Copenhaga a noção de desenvolvimento social apresenta-se como uma
“componente do desenvolvimento sustentável, a par com a noção de desenvolvimento
económico e com a protecção ambiental. Trata-se de uma perspectiva sobre o
desenvolvimento que dá particular ênfase às necessidades dos indivíduos, das famílias e
das suas comunidades, assentando em três pressupostos básicos: o direito ao emprego, a
erradicação da pobreza e a promoção da integração social (cf. Programa Rede Social:
2001,42).

O desenvolvimento comunitário visa libertar potencialidades existentes na comunidade
através da associação, realização de interesses comuns, do desenvolvimento de
capacidades, confiança e recursos e do fortalecimento de relações (Payne:2002). E é
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entendido como uma “técnica social de promoção do homem e de mobilização de recursos
humanos e institucionais, mediante a participação activa e democrática da população” (cit
in Carmo, 1999:76).
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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora   2007



É nesta perspectiva que se deve edificar a perspectiva, e toda e qualquer acção do Poder
Local. Um Poder Local assente nas lógicas do Desenvolvimento Social e Comunitário e
profundamente comprometido com a Cidadania. É este o papel das autarquias, que não se
espera fácil, pois é acima de tudo um desafio.




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Diagnostico social de Évora

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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 ÍNDICE NOTA INTRODUTÓRIA....................................................................... 2 METODOLOGIA ................................................................................ 5 BREVE CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO DE ÉVORA ................................. 8 PROTECÇÃO SOCIAL ....................................................................... 13 SANTO ANTÃO .............................................................................. 14 Resultados dos Questionários:.......................................................................................... 15 Principais conclusões:...................................................................................................... 43 Análise S.W.O.T. de Santo Antão: ................................................................................... 45 Instituições: ........................................................................................................... ….46 Análise Social da Freguesia de Santo Antão:.................................................................... 47 Propostas: ................................................................................................................... 49 SÃO MAMEDE ............................................................................... 50 Resultados dos Questionários:.......................................................................................... 52 Principais conclusões:................................................................................................. 75 Análise S.W.O.T. de S. Mamede:..................................................................................... 77 Instituições: ................................................................................................................ 78 Análise Social da Freguesia de São Mamede:................................................................... 79 Propostas: ................................................................................................................... 80 SÉ/SÃO PEDRO ............................................................................ 81 Resultados dos Questionários:.......................................................................................... 83 Principais conclusões:............................................................................................... 106 Análise S.W.O.T. de Sé/São Pedro:................................................................................ 108 Instituições: .............................................................................................................. 109 Análise Social da Freguesia da Sé/São Pedro: ................................................................ 110 Propostas: ................................................................................................................. 111 REFLEXÃO FINAL SOBRE O CENTRO HISTÓRICO .................................. 112 Análise S.W.O.T. do Centro Histórico: .......................................................................... 119 BIBLIOGRAFIA ............................................................................ 120 ADENDA: ................................................................................... 123 1 Página O PAPEL DAS AUTARQUIAS NO ....................................................... 123 DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMUNITÁRIO ..................................... 123
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 NOTA INTRODUTÓRIA 2 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 O diagnóstico apresentado surge da necessidade sentida pelos actores locais, presidentes das Juntas de Freguesia de Santo Antão, São Mamede e Sé/São Pedro quanto ao levantamento e reconhecimento das necessidades da população destas freguesias, também denominada por população intramuros eborense, uma vez que estas freguesias fazem parte do Centro Histórico de Évora. Face a esta necessidade e às novas exigências das políticas sociais actuais, cada vez mais territorializadas e activas, responsabilizando as organizações locais (Autarquias locais, Instituições Particulares de Solidariedade Social, Organizações não governamentais e outras) tornava-se imperativo que houvesse um documento de referência, que não permitisse apenas a leitura das necessidades/potencialidades mas que apontasse medidas de combate aos problemas sociais, nestas freguesias. Compreendendo a necessidade deste estudo, importa defini-lo enquanto conceito: “O Diagnóstico Social pode ser definido como um processo concertado, permanente e reiterado, de identificação e de análise, entre os actores implicados, do conjunto das causas e características das situações de exclusão social. Confere além disso, os elementos que orientam a acção, ajuda a definir as necessidades, a conhecer os recursos e os obstáculos existentes e a iniciar o estabelecimento das prioridades, a concretizar e a adaptar na função de planificação. O Diagnóstico corresponde à análise da realidade social num determinado contexto social, espacial e temporal, respeitante a uma ou várias situações problemáticas” (Câmara Municipal de Tondela: 2005, 5). Este trabalho assenta, sobretudo, numa perspectiva de Desenvolvimento Social e Comunitário visto aqui como uma “técnica social de promoção humana e de mobilização de recursos humanos, integrada nos programas nacionais de desenvolvimento; e que atende, basicamente, ao processo educativo” e à promoção de solidariedades nos pequenos grupos (Ware cit. in Mascarenas, 1996: 44). Enquadra-se no âmbito da Rede Social, mais concretamente na Comissão Social Inter freguesias do Centro Histórico de Évora, que resulta da conjugação de sinergias de entidades públicas, privadas e de cidadãos, presentes na localidade e que em parceria procuram combater a pobreza e exclusão social. A Rede Social poderá contribuir decisivamente para a efectivação de uma consciência pessoal e colectiva dos problemas sociais, para activação dos meios e agentes de resposta, para as inovações nos modos de agir e ainda, para promover o desenvolvimento social local. Em suma, trata-se de criar um modelo de co-responsabilidade e de gestão participada, no combate à pobreza e à exclusão social, com base territorial. Para que a análise dos problemas e das suas causas fosse o mais participada possível, procurando enriquecer-se através da perspectiva de vários profissionais de diferentes áreas, foi constituída uma equipa em que participaram elementos do Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura da Câmara Municipal de Évora e a Assistente Social da Comissão Social Interfreguesias do Centro Histórico de Évora, formando um núcleo restrito de trabalho. Este grupo conta também com a colaboração pontual de um grupo de alunos de Sociologia da Universidade de Évora, pois só puderam participar por questões de tempo e interesse na freguesia de São Mamede e com um grupo de seis voluntários do Programa de Ocupação de Tempos Livres do Instituto Português da Juventude. Embora todos os elementos da equipa estivessem presentes apenas no momento da 3 recolha de dados, poder-se-á afirmar que todos contribuíram em maior ou menor grau para Página as reflexões apresentadas neste estudo, pelo que se deve um agradecimento aos
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 mesmos, principalmente ao Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura da Câmara Municipal de Évora. Neste contexto, e sentindo as Juntas de Freguesia do Centro Histórico de Évora – St. Antão, S. Mamede e Sé/S.Pedro necessidade de um maior conhecimento das principais características da comunidade intramuros, nos seus aspectos socio-económicos, e procurando abrir novos caminhos na sua forma de apoiar a comunidade, foi realizado no ano 2007 um Diagnóstico Social na comunidade intramuros. E este documento que daí resultou, pretende ser mais do que um instrumento de leitura, um instrumento de intervenção com finalidade de promoção humana e comunitária. A metodologia seleccionada para a realização deste diagnóstico foi a metodologia quantitativa e qualitativa. Quantitativa pois foi utilizado o inquérito por questionário aplicado, quer a uma amostra representativa dos agregados familiares intramuros, quer às instituições que fazem parte da Comissão Social de Freguesias do Centro Histórico, efectuando-se a análise de dados e estatística. Qualitativa quando as técnicas utilizadas basearam-se na observação directa, sistemática, na análise documental e recolha de informação através de informadores privilegiados, que em muito contribuíram para as reflexões apontadas. Os capítulos seguintes serão apresentados na seguinte ordem: a metodologia que explica como se fez a estudo aqui presente, uma breve caracterização do concelho de Évora que inclui dados relativos ao Centro Histórico; depois entramos na análise de cada freguesia intramuros. O capítulo de cada freguesia é composto pelos resultados dos questionários, principais conclusões desta análise, análise S.W.O.T., referência às instituições presentes na comunidade e análise social da freguesia. Terminando no capítulo da reflexão final sobre o Centro Histórico. Este diagnóstico inclui também uma adenda onde se apresenta uma pequena reflexão sobre o papel das autarquias locais no desenvolvimento social e comunitário. 4 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 5 Página METODOLOGIA
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Para a concretização do Diagnóstico Social das Freguesias Intramuros, “o Diagnóstico Social pode ser definido como um processo concertado, permanente e reiterado, de identificação e de análise, entre os actores implicados, do conjunto das causas e características das situações de exclusão social. Confere além disso, os elementos que orientam a acção, ajuda a definir as necessidades, a conhecer os recursos e os obstáculos existentes e a iniciar o estabelecimento das prioridades, a concretizar e a adaptar na função de planificação. O Diagnóstico corresponde à análise da realidade social num determinado contexto social, espacial e temporal, respeitante a uma ou várias situações problemáticas” (Câmara Municipal de Tondela: 2005, 5). O estudo diagnóstico está intrinsecamente associada a ideia de intervir, é um momento em que se deve gerar um conhecimento dos problemas sobre os quais se vai intervir, este conhecimento permite ir atingindo as restantes fases de intervenção com maior eficácia. Aqui o objecto de análise é a comunidade, ancorada na necessidade de ter um bom conhecimento da dinâmica de conjunto da comunidade, desde o seu espaço territorial ao seu espaço social. Privilegiaram-se as metodologias quantitativas, embora estas não limitassem o estudo somente à análise numérica, uma vez que os investigadores participaram em todos os momentos do diagnóstico e que foram eles mesmos a aplicar os questionários. Situação que permitiu uma observação directa e muitas vezes participante, o que contribuiu para uma abordagem qualitativa. Houve um contacto privilegiado com a população que permitiu não só a recolha da informação, mas também a agilização de respostas a problemas apontados, quase findando numa metodologia de investigação- acção. No que diz respeito aos procedimentos de recolha empírica, o presente estudo apresenta- se com contributos bastante diversificados. Recorreu-se, deste modo, aos seguintes instrumentos, para caracterizar cada espaço físico e social: a) Consulta de fontes documentais, tendo em vista obtenção de elementos de caracterização local, que permitissem contextualizar e melhor compreender as dinâmicas existentes, problemas detectados e o contexto sócio-económico- político-histórico, tais como: Diagnóstico Social da Rede Social de Évora de 2003, o Plano de Desenvolvimento Social de Évora de 2004, Plano Nacional de Acção para a Inclusão, entre outros; b) Consulta de dados estatísticos existentes disponíveis no Instituto Nacional de Estatística; c) Recolha e compilação de vários documentos escritos (relatórios, dados, levantamentos ou análises sócio-demográficas e urbanísticas) cedidas, principalmente pelo Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura – Câmara Municipal de Évora; d) Conversas informais com informadores privilegiados da comunidade; tais como os presidentes das Juntas de Freguesia e técnicos que intervinham na área em análise. Depois de uma primeira fase de contextualização, passou-se para um segundo momento a construção de questionários a serem aplicados quer à população, quer às intuições sociais que providenciam apoios socais à comunidade intramuros e que fazem parte da Comissão Social Interfreguesias do Centro Histórico de Évora. Face ao número de famílias residentes no Centro Histórico cerca de 2647 (INE, 2001), e ao número dos recursos humanos disponíveis recorreram-se a amostras aleatórias simples em cada freguesia, sendo que os meios de recolha foi o chamado “questionário porta-a-porta”, e apenas era inquirida uma pessoa por agregado familiar. O que contribuiu para uma melhor percepção territorial, dos espaços habitacionais e comerciais existentes. 6 Página O Instituto Nacional de Estatística define como família clássica residente o conjunto de pessoas que residem no mesmo alojamento e que têm relações de parentesco; qualquer
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 pessoa independente que ocupa uma parte ou a totalidade de uma unidade de alojamento e as empregadas domésticas residentes no alojamento onde prestavam serviço. Freguesia Famílias Amostra Amostra Residentes Valores Absolutos Percentagem Santo Antão 685 205 30% São Mamede 1018 211 20% Sé/São Pedro 944 112 12% Total Centro Histórico 2647 528 17% Em Ciências Sociais define-se que uma amostra representativa de um universo de valor considerável deve fica situada no mínimo entre os 15% e os 30%, sendo preferencial a aproximação dos 30% do universo (Duarte, 2005). Atendendo-se a estes valores, na freguesia da Se/São Pedro não se conseguiu concretizar uma amostra representativa, devido às limitações temporais. Estes questionários tiveram por objectivos: - Conhecer a comunidade intramuros, analisando o seu contexto social, económico, cultural e ambiental; - Conhecer a qualidade de vidas dos habitantes locais, - Identificar problemas existentes e as necessidades percepcionadas pela comunidade; - Clarificar os recursos e forças existentes na comunidade intramuros - Apontar para possíveis prioridades de intervenção; - Proporcionar um quadro referencial. E atenderam aos seguintes vectores de análise: - Análise sócio-histórica e demográfica do meio; - Análise dos recursos do meio; - Análise condições habitacionais; - Análise das redes de solidariedade locais; - Análise dos valores culturais; - Análise dos problemas sociais na comunidade. Pode-se afirmar que, os questionários utilizados foram sendo aperfeiçoados ao longo do contacto com a população, procurando ser um instrumento aberto e dinâmico ao longo da análise, para que permitissem uma maior compreensão da realidade e da comunidade que se encontrava a ser analisada. Limitações do Diagnóstico Social Este estudo apresenta limitações que não permitiram o aprofundamento de algumas questões que serão apresentadas. Entre as limitações identifica-se: o facto de ser um estudo que se debruça nas características generalistas dos agregados residentes no Centro Histórico, não houve a análise da vertente mais pública deste território como a convergência dos serviços, comércio e parque habitacional, portanto privada; o facto de este diagnóstico ter sido construído num espaço de nove meses e a equipa que tratou da recolha de dados só esteve disponível em horário laboral, das 9h às 20h; no que concerne 7 aos questionários às instituições presentes na comunidade foram poucos os que Página devolvidos. O que não tornou possível a auscultação das entidades presentes sobre esta comunidade, no presente estudo.
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 8 Página BREVE CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO DE ÉVORA
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 “A cidade de Évora é testemunha de um passado irrequieto, marcado pela presença de povos e culturas distintas. Évora é uma cidade notável destes períodos remotos da Península Ibérica”. (Silva et all: 1998) No estudo aqui apresentado, e apesar de se pretender somente reflectir sobre o Centro Histórico de Évora, julgou-se ser importante fazer uma breve caracterização da cidade de Évora, para que se contextualize a realidade envolvente da qual o Centro Histórico constitui vital parte. No coração do Alentejo, o concelho de Évora tem a área de 1 308,25 km² (Ficha de Caracterização Concelhia 1999:207), sendo a sede de um dos maiores municípios de Portugal, com a configuração mais ou menos circular, com um raio aproximado de 20 quilómetros. Évora situa-se no meio da planície alentejana, a uma altitude média 240 metros. O município é limitado a norte pelo município de Arraiolos, a nordeste por Estremoz, a leste pelo Redondo, a sueste por Reguengos de Monsaraz, a sul por Portel, a sudoeste por Viana do Alentejo e a oeste por Montemor-o-Novo. Situando-se junto do eixo Lisboa - Madrid. Localizada no ponto de encontro de três grandes bacias hidrográficas – Tejo, Sado, Guadiana. Évora é descrita como sendo uma planície docemente ondulada, com uma paisagem aberta, clima mediterrâneo, suavizado pela influência atlântica. “Évora cidade – museu, assim classificada por artistas, arqueólogos e escritores, não desmereceu do cognome, que só aparentemente consagra uma imobilidade estética, de certo modo presa a sombras tradicionais e tutelares das suas características e origens monumentais, mas que a dinâmica cultural em vivência, actualidade e cosmopolitismo relegou para a magia contemplativa da Antiguidade. Évora é uma cidade viva, relativamente pequena (…), mas de um humanismo e pitoresco inimitáveis, sobretudo no Centro histórico, medalhado em 1982 pela Fundação F.V.S., de Hamburgo, e de valor artístico europeu reconhecido pela UNESCO” (Roteiro: 2000/2001, 13). A história de Évora está intrinsecamente ligada à história de Portugal e é uma das grandes embaixadoras da identidade do povo alentejano e de Portugal, através do turismo dá a conhecer os costumes, as artes, a gastronomia, etc., projectando uma ideia de romantismo e de pacatez. A cidade Évora é o principal pólo regional de comércio e serviços, evidenciando-se nos últimos anos o turismo como um sector em franco crescimento. Sendo o maior centro urbano do Alentejo com total de 55 619 habitantes (Anuário Estatístico da Região do Alentejo, 2004:71), encontra-se subdividido em 19 freguesias. E apesar de ter passado por períodos de diminuição de população, Évora entre 1991 e 2001 apresentou um crescimento efectivo de população como se poderá verificar no Quadro A. Quadro A Ano 1911 1940 1960 1970 1981 1991 2001 População 14 108 22 174 28 652 28 190 14 851 38 094 58 564 Fonte: INE, Censos 2001 Para Silva et all (1998:267) dois factores que contribuíram para modificar o panorama socioeconómico de Évora: a dinâmica ganha pela Universidade local e a projecção 9 decorrente da classificação da cidade como Património da Humanidade pela UNESCO. Página Segundo estes autores, a presença da Universidade permitiu inverter o processo de envelhecimento da população eborense. É um rejuvenescimento parcial, na medida em
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 que os jovens não se irão, em geral, fixar na cidade ou no concelho, uma vez diplomados. Contudo, quando partirem serão substituídos por outros, e graças a esta população flutuante Évora ganhou uma outra animação. É o aluguer de quartos e casas, é um maior movimento nos cafés, restaurantes e estabelecimentos similares, e sobretudo, uma vida cultural e também nocturna com características muito diferentes das tradicionais. Apesar deste cenário em que se aponta para um crescimento efectivo da população Évora vive uma dicotomia, se por um lado tem vindo manifestar um crescimento populacional efectivo, por outro lado o Centro Histórico desta cidade tem perdido população a um ritmo acentuado. Tal, como demonstrado no seguinte Quadro B e Gráfico 1. Quadro B Evolução da População Residente 1911 1940 1960 1970 1980 1990 2000 CHE 14074 18559 15696 12696 10783 7842 5661 CEM 34 3615 12956 15494 4068 30252 41970 Fonte: Mourão, Susana – C.M.E. (2001:s/p) Gráfico 1 Evolução da População Residente 60000 50000 40000 CEM 30000 CHE 20000 10000 0 1911 1940 1960 1970 1980 1990 2000 Fonte: Mourão, Susana – C.M.E. (2001:s/p) Efectivamente, os dados apontam para uma perda de população no Centro Histórico de Évora (CHE) em benefício da Cidade Extra Muros (CEM), segundo um estudo realizado pelo Departamento do Centro Histórico e Património da Câmara Municipal de Évora (Oliveira et all: 2003:3), as causas deste fenómeno demográfico devem-se sobretudo ao aparecimento de núcleos urbanos fora das muralhas e um centro histórico superpovoado levou os moradores do Centro Histórico à procura de habitações nestes novos espaços. O que se traduziu num primeiro momento num equilíbrio entre espaço residencial/população, mas que depois originou um profundo desequilíbrio, perdendo o centro da cidade vitalidade. O que segundo os autores deste mesmo estudo “levou a uma rotura demográfica, dos 20 000 habitantes em 1940, restam pouco mais de ¼” (Ibidem). Comparativamente à densidade populacional verifica-se que embora afastado da média 10 nacional, o distrito de Évora se encontra ligeiramente abaixo dos valores apresentados pela região do Alentejo, tal como demonstra Gráfico 2. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 2 Densidade Populacional 150 113,92 100 Hab/Km2 50 24,38 23,11 0 Portugal 1 Alentejo Distrito Évora Fonte: INE, O País em Números, 2004 No que concerne à distribuição etária, Gráfico 3, verifica-se que a Évora apresenta os seguintes valores: 15% da população apresenta idades compreendidas entre os 0-14 anos, 12% da população encontra-se entre os 15-24 anos e grande maioria 73% da população tem idades superiores aos 24 anos. O que demonstra uma população maioritariamente com idade adulta. Gráfico 3 Distribuição Etária 50000 40000 30000 20000 10000 0 0-14 Anos 15-24 Anos <24 Anos Fonte: Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2004 Quanto aos indicadores sociais, o concelho, no ano lectivo 2004/2005, encontravam-se cerca de 67 instituições de ensino, Gráfico 4, sendo que ao nível do ensino pré-escolar 19 estabelecimentos pertencem ao ensino privado e 13 ao ensino público, ao nível do ensino básico 1 estabelecimento pertence ao ensino privado e 26 ao ensino público, pertencendo todos os outros níveis ao ensino público. 11 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 4 Estabelecimentos de Ensino 3 3 2 32 27 Educação Pré-escolar Ensino Básico Ensino Secundário Escolas Profissionais Ensino Superior Fonte: Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2004 Nos indicadores de saúde, Évora em 2004 apresentava valores acima da média nacional, no que respeita a enfermeiros, médicos e farmácias por habitante. Tal como demonstrado no Gráfico 5. Gráfico 5 Indicadores de Saúde 9,9 10 8 6 4,4 4,2 4 3,4 3,3 2 1,7 0,3 0,4 0,4 0 Enfermeiros por Médicos por Farmácias e 1000 Habit. 1000 Habit. postos de med. 1000 Habt. Portugal Alentejo Évora Fonte: Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2004 Ao nível da protecção social, e no que toca mais exactamente ao número de pensionistas e subsidiários no final do ano de 2004, esta cidade apresentava os valores apresentados no Quadro C. 12 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Quadro C Protecção Social Pensionista Invalidez 2091 Pensionista Velhice 9692 Pensionista Sobrevivência 3418 Pensionista 15201 Beneficiário da prestação de desemprego 1727 Abono de família a crianças e jovens 2561 Subsídio por assistência à terceira pessoa 26 Subsídio Mensal vitalício 9 Subsídio funeral 11 Subsídio por doença 2314 Subsídio Maternidade 348 Subsídio de Paternidade 148 Fonte: Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2004 Tendo o Distrito de Évora em 2003, uma totalidade 36 equipamentos sociais, segundo a Carta de Equipamentos e Serviços de Apoio à População – 2002, sendo estes 8 Creches, 12 Centros de Dia e 16 Lares. No que se refere à educação, mais propriamente ao analfabetismo, Évora apresenta uma taxa elevada quando comparada com o Alentejo e Portugal, tal como demonstrado no seguinte gráfico. Gráfico 6 Taxa de Analfabetismo - 2001 20 15,9 14,8 15 9 Portugal 10 Alentejo Évora 5 0 Analfabetos Fonte: INE, O País em Números Quanto às freguesias do Centro Histórico, em análise – Sé/São Pedro, St. Antão e São Mamede, três das dezanove freguesias do concelho de Évora, caracteristicamente urbanas, cingem em si importantes serviços para toda a população eborense, podendo intitular-se as artérias principais do concelho. Representando no seu conjunto cerca de 9% da população eborense. 13 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 14 SANTO ANTÃO Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 A Freguesia de Santo Antão é uma das freguesias urbanas de Évora, sendo a mais pequena deste Concelho, e consequentemente do Centro Histórico, ocupa uma área geográfica de cerca de 0,27 Km2 e os limites do seu território entre a Rua dos Mercadores e a Rua José Elias Garcia. Tem como património a Igreja de Santo Antão, a Fonte Henriquina, o Convento de Santa Clara, o Teatro Garcia de Resende e o Convento do Calvário. É, também, nesta freguesia que se situa a famosa Praça do Giraldo, que ainda hoje serve de ponto da sociedade eborense. Freguesia de Santo Antão A Freguesia de Santo Antão corresponde à área sombreada da imagem. Fonte: Departamento do Centro Histórico Património e Cultura – C.M.E. Segundo o Instituto Nacional de Estatística em 2001, St. Antão apresentava cerca de 1473 habitantes residentes, sendo que 58% são mulheres e 42% são homens, uma densidade populacional de 5462,8 hab/km2. No que respeita ao edificado apresentava 1020 alojamentos e 697 edifícios, como se poderá verificar pelos dados do Quadro E. Quadro E Proporção N.º Pessoas Famílias de Residente H M ResidentesAlojamentos Edifícios Reformados 1473 614 859 685 1020 697 38,8% Fonte: INE 2001 Face ao universo apresentado e às limitações temporais e dos recursos humanos, foi decidido construir uma amostra da população para a realização de questionários, efectuando-os “porta-a porta”. Deste modo, os investigadores tiveram a possibilidade de conhecer melhor a comunidade local e a população. Resultados dos Questionários: Quanto à amostra, de um universo de 685 famílias residentes, foram efectuados 205 questionários à população desta freguesia, abrangendo 30% das famílias residentes na freguesia como comprova o gráfico 1. A recolha de dados foi realizada entre as 9h e as 20h e foram percorridas todas as ruas desta freguesia e inquiridas o máximo de pessoas possível. 15 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 1 Amostra Famílias Residentes Inquiridas ; 205; 30% Famílias Residentes Não Inquiridas ; 480; 70% Quanto ao sexo dos inquiridos, maioritariamente foram mulheres, cerca de 147 mulheres e 58 homens, com as percentagens representadas no Gráfico 2. Gráfico 2 Se xo dos Inquiridos Masculino 28% Feminino 72% A apresentação dos dados será dividida através das várias temáticas abordadas no questionário: caracterização dos agregados familiares, rendimentos, saúde, mobilidade, habitação, bens de conforto, a relação face ao Centro Histórico, 3º Idade e, e por fim, factores de interesse. Caracterização dos Agregados Familiares: No que respeita às idades verifica-se, que maioritariamente os agregados familiares são compostos por adultos, com particular incidência para pessoas nas faixas etárias entre os 31-65 anos e pessoas com idades superiores aos 76 anos de idade, Gráfico 3. 16 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 3 Idades Elementos Agregados Familiares 120 119 100 96 80 79 N Ps o s 73 º es a 60 40 20 15 10 0 0-14 15-18 19-30 31-65 66-75 >76 idade s O que nos revela uma população particularmente envelhecida, atendendo a que se juntarmos as pessoas com idades iguais e superiores aos 66 anos, estas tem mais representatividade que qualquer outro grupo. Quanto à composição do agregado familiar verificou-se que os núcleos familiares são superiores ao grupo de indivíduos que vivem sozinhos, ficando em último lugar a população flutuante composta pelos jovens estudantes universitários que se encontravam a residir nesta freguesia, Gráfico 4. Gráfico 4 Distribuição População Pop. Flutuante 5% Pessoas Núcleos Isoladas Familiares 40% 55% Núcleos Familiares Pessoas Isoladas Pop. Flutuante Os núcleos familiares eram compostos sobretudo por dois elementos, na sua maioria casais, Gráfico 5. 17 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 5 Composição do Agregado Familiar 12; 6% 6; 3% 1; 0% 2; 1% 21; 10% 82; 40% 81; 40% 1 2 3 4 5 6 7 Sendo que são as famílias nucleares e os agregados isolados os mais representados, com cerca de 80% da composição dos agregados familiares nesta freguesia. No que respeita à escolaridade 36% dos indivíduos que componham o agregado familiar tinham o 1º ciclo do ensino básico (4º ano), 14% tinha o 3º ensino básico (9º ano) e 12% não sabiam ler nem escrever, havendo depois distribuição por todos os escalões de escolaridade, tal como presente no Quadro F. Quadro F Escolaridade Nível de Ensino V.A. % Não sabe ler/escrever 46 12 Sabe ler e escrever sem possuir qualquer grau 4 1 Ensino Básico 1º 141 36 Ensino Básico 2º 18 5 Ensino Básico 3º 55 14 Ensino Secundário 37 0,9 Ensino Médio 7 2 Bacharelato 4 1 Licenciatura 21 5 Mestrado 3 1 Doutoramento 1 0, 1 Frequentam Universidade 40 10 Frequentam Escola 15 4 Podemos concluir que a amostra caracteriza-se pelas baixas qualificações escolares, consequência directa desta ser uma população envelhecida com vivências de uma época em que a escolaridade não era obrigatória nem tinha importância maior. Contudo, salienta-se a elevada percentagem de analfabetos. 18 Relativamente às categorias profissionais com maior representatividade são: os trabalhadores não qualificados com 49%, os estudantes com 17% e pessoal dos serviços Página ou vendedores com 13%, as restantes categorias também se encontram presentes nesta freguesia embora em número bastante inferior, Quadro G. Neste item também foram
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 válidas as profissões dos pensionistas, uma vez que nos permitiam confirmar indicadores com rendimentos, idades e escolaridade. Quadro G Categoria Profissional V.A. % Membros Forças Armadas 7 2 Quadros Superiores da Administração Pública 1 0 Especialistas das profissões intelectuais e científicas 30 8 Técnicos e profissionais de nível intermédio 3 1 Pessoal administrativo e similares 33 8 Pessoal dos serviços e vendedores 49 13 Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e 1 pescas 2 Operários, artífices e trabalhadores similares 5 1 Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da 1 montagem 4 Trabalhadores não qualificados 193 48 Estudantes 65 17 A baixa qualidade de mão-de-obra, encontra-se igualmente relacionada com o facto de esta ser uma população envelhecida com baixas qualificações escolares, e o mercado de trabalho não se encontrava tão desenvolvido ao nível da especialização. Quanto à situação profissional em que se encontravam os membros do agregado familiar verificou-se que 52%; 27% mantinham-se activos, 16% inactivos e aqui incluíram-se principalmente donas de casa restando 5% da população que se encontrava desempregada, Gráfico 6. Gráfico 6 Situação Profissional Activos 27% Des empregad Reformados os 52% 5% Inactivos 16% Mais de metade dos elementos do agregado familiar encontrava-se na reforma, o 19 que não é surpresa com as idades médias apresentadas nesta amostra. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 No que concerne à naturalidade dos elementos dos agregados, 322 pessoas, nasceram no Distrito de Évora, representando 81% da amostra, os restantes encontram-se divididos entre o Baixo Alentejo com 34 pessoas, Alto Alentejo com 5 pessoas, Centro com 3 indivíduos, Sul com 2 pessoas, Norte 5 pessoas, das Ilhas 2 pessoas e do estrangeiro que surpreendentemente tem representatividade com cerca de 19 pessoas, Gráfico 7. Este grupo de estrangeiros são sobretudo adultos, vivem em pequenos núcleos familiares com laços de consanguinidade ou não, activos, exercendo funções em serviços, ou enquanto operários ou trabalhadores não qualificados. Gráfico 7 Naturalidade 1% 1% 5% 1% 1% 1% 9% 81% Évora Baixo Alentejo Alto Alentejo Centro Sul Norte Ilhas Estrangeiro Rendimentos Quando inquiridos sobre as fontes de rendimento a maioria afirmou que vivia das suas pensões/reformas (56%). A segunda fonte de rendimento com maior representatividade é o salário (26%), logo seguido pelo auxílio de terceiros (13%) e aqui encontram-se representados fundamentalmente os estudantes que subsistem devido ao apoio dos seus pais. O subsídio de desemprego ficou em quarto lugar (2%), seguido com igual representatividade (1%) de negócios próprios, Rendimento Social de Inserção e outras formas de rendimento, Gráfico 8. Gráfico 8 Fontes de Rendimento 13% 1% 1% 2% 26% 1% 56% Salário Negócio Próprio Pensão/Reforma Subsídio Desemprego Auxílio de 3ºs RSI Outro 20 Página Sem surpresas face às idades dos agregados familiares inquiridos, a fonte de rendimentos advém principalmente das pensões/reformas.
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 No que respeita aos rendimentos médios do agregado familiar 80 pessoas (20%) atestaram receber valores inferiores a 250 € e as restantes 102 pessoas (27%) indicaram usufruir de valores entre os 251€ e 400€. O segundo grupo com maior representatividade (20%) apresenta valores superiores a 1200€. No terceiro grupo encontram-se pessoas com rendimentos entre os 601€ e os 800€ (13%). Sendo seguidos de perto pelo grupo de pessoas que apontam possuir entre os 401€ e 600€ (11%), havendo ainda outros escalões intermédios destes valores, tal como demonstrado no Gráfico 9. Gráfico 9 Rendimento Médio Agregado Familiar 20% 20% 6% 3% 27% 13% 11% <250 250-400 401-600 601-800 801-1000 1001-1200 >1200 Maior área de gastos é a saúde, dado que não é surpreendente articulando-se as idades dos inquiridos e a necessidade de maiores cuidados médicos. Relativamente aos gastos do orçamento familiar a maioria, 55%, dos inquiridos indicaram ser a saúde a área com maior peso para as suas famílias, seguido da alimentação 33%, a renda/empréstimos com 9% e finalmente a educação com 3%, Gráfico 10. Gráfico 10 Área Maiores Gastos Agregados Familiares 67; 33% 113; 55% 7; 3% 18; 9% Alimentação Educação Renda/Empréstimo Saúde Podendo-se concluir que cerca de 50% recebe da amostra recebe menos de um salário mínimo nacional o que revela agregados familiares de baixos recursos. 21 Página No que respeita a prestações sociais, entendendo-se por estes apoios os complementares à pensão sob forma pecuniárias de prestações. Dos inquiridos 92% das pessoas
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 afirmaram não ter qualquer tipo de apoios, 7% atestaram usufruir do Cartão do Munícipe Idoso, 1% asseveraram receber o Complemento Solidário para Idosos e 1 pessoa recebia apoio da antiga entidade patronal, não tendo representatividade percentual. Através do Gráfico 11 consegue-se verificar os valores absolutos. Gráfico 11 Prestações Sociais 200 187 150 Nº 100 50 15 2 1 0 Cartão Idoso C.S.I. Entidade Não tem Patronal Na amostra constituída o apoio da Câmara Municipal de Évora, através do Cartão do Munícipe Idoso, é superior aos apoios complementares concedidos pela Segurança Social, por exemplo o Complemento Solidário para Idosos. Relativamente a apoios institucionais, e entendem-se por estes respostas sociais como apoio domiciliário, apoio alimentar e apoio da acção social directo das diversas entidades existentes. Dos inquiridos 91% afirmaram não tem qualquer tipo de apoio, sendo que os restantes 9% afirmaram receber apoios de diversas entidades, encontrando-se repartidos pelas seguintes entidades: Cáritas 5%, Santa Casa da Misericórdia 2%, Fundação Alentejo Terra Mãe/ Associação Pão e Paz (F.A.T.M.) 1% e Câmara Municipal de Évora/Junta de Freguesia 1%. Tal como se verifica no Gráfico 12. Gráfico 12 Apoios Institucionais 200 187 150 100 50 10 4 2 2 0 M. . ta s rita s sa .M un oi o .T ./J ap Cá . Ca F.A .E em St M C. ot Nã 22 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Somente nesta freguesia a Fundação Alentejo Terra Mãe/Associação Pão e Paz apareceu como entidade que presta apoio alimentar aos inquiridos, apoio completamente gratuito. O que para pessoas que vivem de parcos rendimentos é um enorme auxílio. Saúde Quanto à saúde 88% dos inquiridos asseveraram ter médico de família e 12% afirmaram não ter, este último grupo associado à população universitária e a novos residentes que não regularizaram a sua situação nos serviços de saúde, Gráfico 13. Gráfico 13 Médico Família 180 200 150 Nº Pessoas 100 25 50 0 Sim Não Não foi detectado qualquer problema no que se refere ao acesso dos serviços de saúde, nesta freguesia. No que concerne a gastos com medicamentos dos inquiridos 49 pessoas responderam não ter (25%), 27 não sabem quanto gastam (13%), contudo, 110 pessoas afirmam ter gastos até 150€ mensais (54%), como se poderá verificar Gráfico 14. Gráfico 14 Gastos em Medicamentos 50 49 46 46 40 30 27 Nº 20 18 11 10 3 3 2 0 <50 51-100 101- 151- 201- 251- >300 Não Não 150 200 250 300 Sabe tem 23 gastos Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Mesmo com baixos recursos económicos, mais de metade dos inquiridos tem gastos até 150€ mensais, o que representa uma enorme despesa para esta população. No que se refere a doenças crónicas, e aqui ressalva-se o facto de se ter questionado aos inquiridos se tinham ou não alguma doença crónica, cerca de 137 pessoas responderam não padecer de alguma doença crónica. No entanto, 68 pessoas atestaram sofrer de várias doenças, sobretudo diabetes, Gráfico 15. Gráfico15 Doenças Crónicas Diabetes Bronquite Cardíaca Asma Artroses Depressões Parkinson Alzhameir Outras 26% 48% 3% 4% 1% 9% 4% 1% 4% No que respeita a incapacidades gerais, 117 (57%) pessoas afirmaram não sentir qualquer dificuldade ou incapacidade, todavia 88 (43%) asseguraram: ter dificuldade em transpor lanços de escadas (56 pessoas), dificuldade de locomoção (16 pessoas), necessidade de dispositivos de compensação (12 pessoas), e (4 pessoas) sofrem de outras incapacidades, tais como auditivas e visuais. Como demonstrado no Gráfico 16. Gráfico 16 Incapacidades Gerais 5% 18% 14% 63% Incapacidade Locomoção Dificuldades Transpor lanços Escadas Dispositivos de compensação Outras Incapacidades 24 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Dos inquiridos 43% apresentavam algumas incapacidades, principalmente, dificuldade de transpor lanços de escadas e incapacidades locomoção. Estas incapacidades estão relacionadas com as idades dos inquiridos e o consequente aumento do grau de dependência. Mobilidade urbana Quanto à mobilidade a maioria dos inquiridos (53%) responderam não ter automóvel, em oposição a 47% que afirmaram ter automóveis, como se poderá verificar no Gráfico 17. Gráfico 17 Número Automóveis 57; 28% 109; 53% 39; 19% 1 Automóvel 2 Automóvel Não tem Relativamente ao meio de transporte utilizado na cidade intramuros, Gráfico 18, 60% declararam andar a pé, 25% utilizam os transportes públicos e 15% utilizam os próprios automóveis ou algumas das vezes são os filhos que transportam os pais, situações que se encontra relacionada com problemas de saúde e dificuldade de deslocação mesmo a pé. Gráfico 18 Meio Transporte Utilizado 31; 15% 51; 25% 123; 60% Automóvel Autocarros Pé Podemos afirmar que os inquiridos apresentaram hábitos saudáveis e positivos para o ambiente, pois as formas de locomoção privilegiadas são as deslocações a pé e os transportes públicos. 25 Página Habitação
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Quanto à função da habitação encontra-se distribuída entre habitação permanente e segunda habitação, esta última profundamente relacionada com as deslocações de estudantes que arrendam casas perto da universidade, uma vez que o endereço oficial destes jovens continua a ser a casa dos seus pais. Maioritariamente, as casas tinham por função serem permanentes, Gráfico 19. Gráfico 19 Função Habitação 16; 8% 189; 92% Segunda Habitação Habitação Permanente Quanto ao vínculo contratual da habitação, em larga escala as casas são arrendadas 69%, seguindo a situação de casa própria 30%, e a habitação cedida cerca de 1%.Esta última associada a questões familiares em que um membro da família disponibiliza sua habitação para usufruto de um outro familiar, Gráfico 20. Gráfico 20 Tipo de Vínculo à Habitação 2; 1% 61; 30% 142; 69% Própria Arrendada Cedida A maioria dos inquiridos era arrendatária. Entre os indivíduos em situação de arrendatários verificou-se que quanto ao contrato propriamente dito, Gráfico 21, 71% dos casos afirmavam ter contratos ilimitados, seguido pelos indivíduos que afirmavam não ter contrato mas terem recibos e por aqueles que asseveravam não ter, nem contrato nem recibos, ambos com 13%. Verificou-se que 3% dos inquiridos, não sabia qual tipo de contrato que tinham estabelecido. A situação de não 26 existência de contrato ou recibos tinha particular incidência na população universitária. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 21 Tipo de Contrato 4; 3% 18; 13% 18; 13% 102; 71% Sem Contrato/Sem Recibo Sem Contrato/Com Recibo Contrato Ilimitado Não sabe Quanto aos anos de celebração de contrato verificou-se que 63% dos casos eram contratos com mais de vinte anos, havendo ainda um valor considerável, 21%, de contratos com menos de cinco anos. Tal como demonstrado Gráfico 22. Gráfico 22 Anos de Contrato 3; 1% 44; 21% 58; 28% 33; 16% 67; 34% <5 6-20 21-40 41-60 >60 No que toca ao valor da renda verificou-se que, 53% da população paga menos de 100€, associado a contratos mais antigos. Por sua vez no outro extremo, mas também com alguma representatividade, 29% têm rendas entre os 301€ e 350€. Encontrando-se entre estes extremos valores intermédios como se poderá verificar através do Gráfico 23. 27 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 23 Valor Renda <50 51-100 101-150 151-200 201-250 251-300 301-350 41; 29% 50; 35% 4; 3% 7; 5% 26; 18% 3; 2% 11; 8% Concluindo-se que, as rendas baixo valor estão associadas a vínculos contratuais antigos, sob a forma de contratos ilimitados e as rendas de elevado valor estão associadas a vínculos contratuais mais recentes sob a forma de vínculos sem contrato e sem recibos, maioritariamente. Bens de Conforto No que se refere a bens de conforto, todos os inquiridos afirmaram ter fogão, frigorífico e televisor. No que toca a esquentador 7 afirmaram não ter, 10 asseveraram não ter máquina de lavar roupa e 6 declararam não ter telefone fixo ou móvel. Quanto ao computador cerca de 50 pessoas afirmaram não ter, Gráfico 24. Gráfico 24 Bens de Conforto 250 200 150 Nº Pessoas 100 50 0 r r r ão do va fone Tv frico ado Fog nta . La le ri ut e aq Te go mp qu Fi Es M Co Bens Relativamente a condições de conforto e salubridade constatou-se que todos os inquiridos afirmaram ter água canalizada, saneamento básico e electricidade. Contudo, 13 pessoas afirmaram não ter casa de banho completa, apontando para a falta de uma banheira ou duche, e 9 pessoas afirmaram não ter cozinha completa, nem as mínimas condições para 28 cozinhar, Gráfico 25. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 25 Condições de Conforto e Salubridade 205 200 Nº Pessoas 195 190 185 a al o de co ad nh on da si iz Ba ci Bá al ci ra t ri an de to pe ec C en a O El as ua am ha C Ág in ne oz Sa C Quanto às patologias no edifício, e aqui foi questionado se os inquiridos identificavam problemas ao nível da água canalizada, saneamento básico, electricidade, estrutura ou outros. Dos inquiridos 78%, afirmaram ter a casa não identificar qualquer problema de relevante importância, todavia 22% apontaram ter problemas de conservação, entre os quais problemas de salitre, degradação da casa, caixilharia, etc., Gráfico 26. Gráfico 26 Patologias no Edifício 46; 22% 159; 78% Sim Não Relação com Centro Histórico No que se refere à relação dos inquiridos com Centro Histórico, foram aplicadas uma série de questões que permitiram ver a identificação dos residentes com este território, as redes de solidariedades locais e as necessidades, potencialidades deste, de acordo com a opinião da própria população, a identificação dos problemas sociais e possíveis respostas. Assim, relativamente ao prazer de viver no Centro Histórico de Évora 89% dos inquiridos afirmou ter gosto em viver neste local e, apenas, 11% atestou que não gostava, Gráfico 27. 29 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 27 Prazer em Viver no Centro Histórico 23; 11% 182; 89% Sim Não Pela forma como os inquiridos respondiam a esta questão de gostarem ou não de morar no Centro Histórico de Évora muito reactiva e defensiva, podemos aferir que há um sentimento de orgulho e de pertença associado a este espaço. Dos 23 inquiridos que asseveraram não gostar de viver no Centro Histórico, 13% gostariam apenas de mudar de residência, mas não deixariam o Centro Histórico e 87% prefeririam ir viver para fora dos muros, Gráfico 28. Não se conseguindo aferir as causas desta possível mudança. Gráfico 28 Local da Mudança 3; 13% 20; 87% Fora Muros Cidade Relativamente aos principais problemas sociais apontados da população da freguesia, os inquiridos responderam principalmente pobreza (31%), depois degradação habitacional (18%) e o isolamento/abandono particularmente face aos idosos (14%), entre outras problemáticas como se poderá verificar no Quadro H. 30 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Quadro H Problemáticas Apontadas Nº % Pobreza 93 31 Isolamento/Abandono 42 14 Doença 32 11 Degradação Habitacional 53 18 Desemprego 32 11 Especulação Imobiliária 1 0,001 Toxicodependência 9 0,3 Violência Doméstica 5 0,2 Envelhecimento População 6 0,2 Maltrato 1 0,001 Alcoolismo 8 0,3 Famílias Disfuncionais 3 0,1 Desertificação 3 0,1 Exclusão Social 4 0,1 Baixa Qualificação Escolar 3 0,1 Mendicidade 1 0,001 Foram identificados como principais problemas da população de Santo Antão, por ordem decrescente: a pobreza, a degradação habitacional, isolamento/abandono dos idosos, doença e o desemprego. Quanto aos equipamentos sociais 69% dos inquiridos acharam que eram insuficientes face as necessidades da população, 14% admitiram ser suficientes aqueles que já existem, em igual percentagem ficaram aqueles que não sabiam responder e 3% acharam que aqueles que existem eram demasiados face às necessidades, Gráfico 29. Gráfico 29 Equipamentos Sociais 28; 14% 7; 3% 28; 14% 142; 69% Demais Suficientes Insuficientes Não Sabe Daqueles que responderem ser insuficientes os equipamentos existentes, 80% apontaram para a necessidade de haver mais apoio à população envelhecida, particularmente, mais lares, apoio domiciliário, centros de convívio; 13% aludiram não saber o que fazia exactamente falta; 5% indicaram a falta de equipamentos na área de infância e de apoio à população envelhecida e 2% apontaram apenas para a infância, Gráfico 30. 31 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 30 Áreas Necessidade Equipamentos Sociais 10; 5% 27; 13% 5; 2% 163; 80% 3º Idade Infância Infância e 3º Idade Não Sabe Quanto aos equipamentos sociais houve uma clara manifestação de maior necessidade destes, sendo os equipamentos de apoio à população envelhecida os mais indicados como necessários. No que toca às redes de apoio em situações de emergência ou necessidade, Gráfico 31, 64% dos inquiridos afirmaram procurar a família, 16% socorrem-se dos vizinhos, 16% procuram instituições e 4% pedem apoio a amigos. Gráfico 31 Rede Apoio 9; 4% 32; 16% 32; 16% 132; 64% Amigos Vizinhos Instituições Famílias Nesta freguesia verificou-se que é a que mais se socorre das instituições em casos de emergência, o que é indicador de isolamento social. Quanto à participação em eventos, 66% das pessoas responderam não participar em qualquer evento, 29% participam em cultos religiosos, 3% participam nos eventos que a 32 Junta de Freguesia organiza, principalmente nos passeios que promove e 3% participa em festas da freguesia, Gráfico 32. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 32 Participação em Eventos 60; 29% 6; 3% 135; 66% 4; 2% Cultos Religiosos Eventos Junta de Freguesia Festas das Freguesias Não Participa em nenhum evento Mesmo, quando questionados se tem alguma participação enquanto sócios de associações, colectividades ou outros, 85% afirma não pertencer a qualquer colectividade ou associação, e apenas 15% afirma ser sócio de alguma entidade, Gráfico 33. Gráfico 33 Participação enquanto Sócios 31; 15% 174; 85% Sócio Não Sócio A maioria dos inquiridos não participa em qualquer evento, o que revela que há muito pouca dinâmica social, cultural ou associativa nesta população. Relativamente ao local onde normalmente efectuam compras, Gráfico 34, 50% afirmou ir apenas às grandes superfícies, 33% declarou comprar quer no comércio tradicional, quer nas grandes superfícies, alguns destes casos mesmo quando as pessoas não se conseguem deslocar aos grandes supermercados é a família que lhe faz as compras. E 17% apenas efectuam compras no comércio tradicional, questão também associada à dificuldade mobilidade que a pessoa tem e eventualmente, ao não apoio da família. 33 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 34 Local de Compras 68; 33% 102; 50% 35; 17% Comércio Tradicional e Grandes Superfícies Comércio Tradicional Grandes Superfícies Quanto à ocupação dos tempos livres, 32% afirmou que aproveita estes tempos para realizar tarefas domésticas, 19% opta por passear, 15% vê televisão e 10% dedica-se à realização de trabalhos manuais, Gráfico 35. Gráfico 35 Ocupação Tempos Livres 4%4% 4% 2% 19% 15% 5% 32% 5% 10% Passear Cuida Casa Trabalhos Manuais Apoio Família/Cuida netos Voluntariado Ver Tv Teatro Ler Internet/Computador Descansar Mesmo a ocupação de tempos livres é vivida de forma muito isolada, remetendo quase na sua totalidade para a esfera privada, indicador de falta de dinâmica social. No que respeita aos aspectos positivos de morar no Centro Histórico de Évora foram apontados as seguintes aspectos registados no Quadro I, entre estes destacam-se: a proximidade dos serviços/comércio, a segurança, vizinhança e a beleza/monumentos. 34 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Quadro I Aspectos Positivos V.A. % Proximidade Comércio/Serviços 117 39 Vizinhança 23 8 Segurança 57 20 Sossegado 21 7 Beleza/Monumentos 23 8 Deslocações a Pé 10 3 Linha Azul 5 2 Limpeza 11 4 Proximidade Família 3 1 Diversão Nocturna 3 1 Gosta de Tudo 8 3 Não gosta de nada 5 2 Não Sabe 5 2 O factor positivo, mais apontado, de morar no Centro Histórico foi a proximidade do comércio e serviços, o que deve ser considerado em qualquer exercício de intervenção e reabilitação deste espaço. Nos aspectos negativos apontados de relevância verifica-se que, 20% dos inquiridos não encontraram aspectos negativos, 14% apontaram o estacionamento, 9% a falta de civismo devido aos dejectos caninos entre outras situações apontadas como se poderá verificar no Quadro J. Quadro J Aspectos Negativos V.A. % Vizinhança 1 1 Barulho Bares 16 8 Falta de Espaços verdes/Desportivos 8 4 Abandono/Degradação Casas 14 7 Desertificação/Isolamento pessoas e comércio 15 8 Falta de lugares de Estacionamento 26 14 Preços das casas/Especulação Imobiliária 7 4 Más condições Habitacionais 3 2 Falta de civismo/dejectos caninos 18 9 Vandalismo 2 1 Insegurança 11 5 Trânsito 10 5 Calçada 15 8 Falta de Hipermercados 7 4 Não tem aspectos negativos 38 20 35 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Embora grande parte dos inquiridos não encontrassem nenhum aspecto negativo de morar no Centro Histórico, o que demonstra que gostavam de viver neste espaço, de entre os aspectos apontados encontramos a falta de lugares de estacionamento, que deve ser um elemento importante na reabilitação deste espaço e falta civismo dos donos dos cães, que gera sujidade a ponto de incomodar os habitantes desta freguesia. Quanto às sugestões de actividades para a Junta de Freguesia, 51% afirmou não ter nenhuma sugestão, e entre as mais apontadas encontram-se as actividades desportivas e as actividades para idosos, como se poderá ver Gráfico 36. Gráfico 36 Sugestões Actividades 34; 17% 41; 20% 5; 2% 20; 10% 105; 51% Actividades Idosos Associação Moradores Actividades Desportivas Não Sabe Não sente necessidade Entre os pedidos endereçados à Junta de Freguesia, que os inquiridos julgavam ser importantes para melhorarem a sua vida, embora 49% dos inquiridos não lhe ocorresse nada, entre os que efectivamente tinham pedidos, encontramos pedido de apoio económico e social 17%, pedido de apoio da conservação das casas 7% e mais actividades 5%, entre outras que constam no Quadro K. Quadro K Pedidos à Junta de Freguesia V.A. % Não sabe 100 49 Cuidar casas 14 7 Regular bares 4 2 Actividades 10 5 Apoio Social e Económico 34 17 Arranjar calçada 4 2 Segurança 3 1 Regular Trânsito 4 1 Promover Associativismo/Voluntariado 3 1 36 Gosta Atendimento Junta 4 1 Limitações Orçamentais 7 3 Página Criar Espaços verdes 3 1 Nada 15 7
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Embora cerca de metade dos inquiridos não soubessem em que medida é que a Junta de Freguesia poderia melhorar a sua vida, novo indicador de falta de participação cívica; o pedido mais frequente é o apoio económico e social, o que indica vulnerabilidades nestas áreas. 3.ª Idade Quanto à 3.ª Idade e verificado que grande parte dos inquiridos tinha idades iguais ou superiores a 65 anos, julgou-se ser importante perceber as dinâmicas desta população em particular. No que respeita à frequência de equipamentos para a 3.ª Idade, apenas três do total dos inquiridos se encontravam a frequentar estes equipamentos, Gráfico 37. Gráfico 37 Frequência Equipamentos 3º Idade 3; 1% 202; 99% Frequenta Não Frequenta Quanto a inscrições nestes equipamentos, no total da amostra verificaram-se 12 pessoas inscritas, Gráfico 38. Gráfico 38 Inscrições Equipamento 3º Idade 12; 6% 193; 94% 37 Inscrito Não Inscrito Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 A todas as pessoas que participaram no questionário também lhes foi perguntado se tinham algum familiar a residir na freguesia, e 31% responderam afirmativamente, Gráfico 39. Gráfico 39 Família Residente na Freguesia 64; 31% 141; 69% Residente Não Residente E quando inquiridos sobre se mantinham contacto com familiares, que poderiam ir para além dos residentes na freguesia, 10% afirmou não ter qualquer contacto com familiares, mesmo telefónicos, Gráfico 40. Gráfico 40 Contactos com Familiares 21; 10% 184; 90% Não tem Contacto Mantém Contacto Mais metade dos inquiridos não frequentam e não se encontram inscritos em qualquer equipamento para a população mais envelhecida e não tem familiares a viver no Centro Histórico. Sendo que 10% da amostra não têm qualquer contacto com familiares, mesmo telefónicos. 38 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Factores de Relevante Interesse Durante o tratamento dos questionários sobressaíram aspectos que mereceram especial atenção, um destes aspectos foi número de pessoas que viviam sozinhas cerca de 40% da amostra, 82 indivíduos. Face a este facto decidiu-se aprofundar a análise neste grupo particular. Quanto às idades neste grupo de 82 indivíduos, verificamos que a maioria (44%) encontra- se entre os 71 e os 80 anos, e o segundo maior grupo tem idades compreendidas entre os 81 e 90 anos de idade (28%), Gráfico 41. Gráfico 41 Idades Pessoas Vivem Sozinhas 40 36 35 30 25 23 Nº 20 15 10 8 8 6 5 1 0 <30 31-60 61-70 71-80 81-90 >90 Idade Quanto ao sexo maioritariamente são indivíduos do sexo feminino 78%, Gráfico 42. Gráfico 42 Sexo 18; 22% 64; 78% Feminino Masculino 39 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 O envelhecimento vive-se sobretudo no feminino, como podemos comprovar pela amostra. No que se refere às profissões, 76% destes indivíduos foram trabalhadores não qualificados, ficando os restantes distribuídos pelas profissões apresentadas no Quadro L. Quadro L Categorias Profissionais V.A. % Membros Forças Armadas 1 1 Quadros Superiores da Administração Pública 2 2 Especialistas das profissões intelectuais e científicas 2 2 Técnicos e profissionais de nível intermédio 1 1 Pessoal administrativo e similares 3 4 Pessoal dos serviços e vendedores 6 7 Trabalhadores não qualificados 62 76 Estudantes 5 7 Quanto à situação profissional, 87% encontram-se já reformados, 7% são inactivos e neste grupo encontramos representados os estudantes e donas de casa e 6% encontram-se no activo, Gráfico 43. Gráfico 43 Situação Profissional 5; 6% 6; 7% 71; 87% Inactivo Activo Reformado 40 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Os rendimentos são em 73% dos inquiridos inferiores a 250€ por mês, obtendo o segundo maior grupo rendimentos entre os 250 e os 400€, encontrando-se os seguintes repartidos em outros escalões, Gráfico 44. Gráfico 44 Rendimentos 70 65 60 50 40 30 20 8 10 3 3 1 2 0 <250 250-400 400-600 600-800 800-1000 >1200 Cerca de 80% vive de baixos rendimentos, com menos de um salário mínimo nacional, não atingindo 73% os 250€ mensais. A área de maiores gastos continua a ser a saúde 72%, logo seguida pela alimentação 24%, e depois a renda e a educação com 2%, Gráfico 45. Gráfico 45 Maiores Gastos 2; 2% 2; 2% 20; 24% 58; 72% Alimentação Saúde Renda Educação Deste grupo 46% indicaram ter alguma doença crónica, 36% afirmaram não saber qual é o gasto mensal em medicamentos, assim como 5% atestaram não ter qualquer gasto em 41 medicamentos, aqueles que indicaram gastos encontram-se representados no Gráfico 46. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 46 Gastos em Medicamentos 14 14 13 12 12 11 10 8 6 4 2 2 0 <50 50-100 100-150 150-200 200-250 Neste grupo, apenas, 1 pessoa frequenta um equipamento social e 5 encontram-se inscritos em lares; 56 (58%) inquiridos têm família residente na freguesia e dos 82 indivíduos apenas 69 (84%) mantêm contacto com familiares, e 13 (16%) afirmaram não ter qualquer contacto com família. O que revela fragilidade nos laços sociais, e aponta para questões de isolamento. 42 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Principais conclusões: Há um decréscimo de população no Centro Histórico de Évora, o que tem conduzido a uma desertificação física e humana deste espaço; A população inquirida apresenta uma média de idades igual a 64 anos, e a idade média dos agregados situa-se nos 55 anos de idade; Dos agregados familiares 169 indivíduos (82%) apresentam uma idade igual ou superior a 65 anos, portanto são o maior grupo etária apresentado, o que demonstra uma população já na 3.ª Idade, logo envelhecida; Há dois modelos familiares os indivíduos isolados e as famílias nucleares, havendo poucas famílias com filhos, o que leva à não renovação do tecido social; 36% dos elementos do agregado familiar só têm o 1º ciclo do ensino básico e 12% dos inquiridos não sabe ler nem escrever, observando-se população com baixas qualificações escolares e com níveis de analfabetismo com significado; 49% dos agregados familiares são trabalhadores não qualificados, o que conduz a situações de precariedade laboral; 56% dos elementos dos agregados familiares vivem das suas baixas reformas; sendo que 47% subsiste com rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional, o que os conduz a situações de precariedade económica; Dos inquiridos, 92 pessoas afirmaram ter gastos de saúde compreendidos em valores inferiores a 50€ e os 100€ mensais, e foi considerada a saúde a área de gastos elevados no orçamento familiar, o que indica saúde precária; Quanto à habitação 69% dos ocupantes são arrendatários, na maioria com vínculos contratuais superiores a 20 anos e em 53% com rendas compreendidas entre menos de 50€ a 100€, portanto rendas de baixo valor associadas a vínculos contratuais antigos; Contrapondo-se aos contratos de arrendamento mais recentes que apresentam valores entre os 300 e 350 € mensais, rendas de elevados valor associado a vínculos contratuais mais recentes; Quanto às condições de conforto e salubridade 13 pessoas asseveraram não ter casa de banho completa e 9 afirmaram não ter cozinha operacional, indica más condições de habitabilidade, assim como, 7 pessoas afirmaram não ter esquentador, 10 declararam também não ter máquina de lavar, apontando para falta de bens de conforto; 89% dos inquiridos gostam de viver no Centro Histórico, muitas vezes associada a uma ideia de romantismo e orgulho, associado a um forte sentimento de pertença; Os aspectos positivos do Centro Histórico residem principalmente na proximidade serviços/comércio (39%), na segurança (20%) e as relações de vizinhança (8%); Nos aspectos negativos 20% afirmaram que não encontravam aspectos negativos, entre os que apontaram (14%) falta de lugares de estacionamento e 9% falta civismo/dejectos caninos; E quanto às problemáticas sociais predominantes são apontadas a pobreza (31%), a degradação habitacional (18%) e o isolamento/abandono dos idosos (14%) como os principais problemas da freguesia; 16% dos inquiridos procuram instituições em situações de necessidade ou emergência, o que traduz falta de rede familiar de apoio; 66% dos inquiridos não participa em qualquer evento, o que indica não participação nas dinâmicas culturais, sociais e associativas mesmo perante este cenário 29% sugerem mais actividades; Mesmo as ocupações dos tempos livres são vividos de forma muito isolada uma vez que 69% das actividades realizam-se dentro de casa e apenas 10% dos 43 inquiridos apresentam actividades sociais, como o voluntariado e apoio à família, o Página que aponta para não participação em dinâmicas sociais;
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 A falta de dinâmica social é acompanhada de mais um dado relevante, uma vez que 10% afirma não manter qualquer contacto com a restante família, induz a questões de isolamento social severo; Quanto à população dos inquiridos que vivem sozinhos (40%) merecem algumas considerações, pois, são compostas sobretudo por idosos, do sexo feminino, com reformas inferiores a 250€, com gastos substanciais na saúde e 16% não mantêm contacto com as respectivas famílias, o que revela potencial risco social; Quanto aos pedidos a fazer à Junta de Freguesia, um dado importante e que deve ser interpretado é que, 49% dos inquiridos não sabia em que medida é que junta poderia melhorar a sua condição de vida e 17% aludiram para a necessidade de apoio económico e social. 44 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Análise S.W.O.T. de Santo Antão: A análise S.WO.T. resulta numa análise estratégica através de quatro elementos chave. Pontos Fortes Pontos Fracos Envelhecimento da população Proximidade de serviços e Não renovação do tecido comércio social Questões da vizinhança Pouca atractividade para novos casais Oportunidades Especulação imobiliária Ameaças Oportunidades Novo Quadro Comunitário – Desertificação física e QREN humana da freguesia Sentimento de orgulho e de Emergência territórios de pertença associado à cidade risco social S.R.U. 45 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Instituições: As entidades presentes no Quadro M encontram-se localizadas na Freguesia de Santo Antão. Quadro M Instituição Resposta Social Nº de Utentes Associação dos Funcionários Centro Convívio 30 Aposentados da Segurança Social Creche 43 Centro de Actividade Infantil Pré-escolar 40 ATL C/A 60 Lar de Santa Helena Lar de Crianças e Jovens 42 Casa de Abrigo 24 Creche 35 Legado Caixeiro Alentejano – Pré-Escolar 63 Associação Mutualista ATL C/A 41 Centro de Dia 40 Apoio Domiciliário 40 Fundação Alentejo Terra Mãe ------- --------- -------- -------- Legado Operário de Évora Associação de Deficientes das ------ ------- Forças Armadas Liga dos Combatentes de ------- -------- Évora (Núcleo de Évora) Comissão de Protecção de Protecção Menores -------- Crianças e Jovens de Évora Associação Pão e Paz Apoio alimentar 60 Escola Básica do 2º e 3º Ciclos Ensino Básico 2º e 3º Ciclo 2.º Ciclo: 303 de Santa Clara Cursos de Educação e 3 º Ciclo: 259 Formação (2006/2007) CEF: 13 Fonte: Centro Distrital da Segurança Social de Évora, 2007; www.drealentejo.pt; www.cm-evora.pt. 46 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Análise Social da Freguesia de Santo Antão: Embora, os dados apontados permitam retirar ilações sobre a freguesia de Santo Antão, o contacto com a população e a observação directa, acabaram por contribuir para um olhar mais atento e mais profundo sobre as dimensões psico-sociais que a compõem. No terreno foi possível observar, tal como os dados confirmam, uma população extremamente envelhecida, que vive dependente das suas reformas, e que em quase cinquenta por cento da amostra, subsistem com rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional. Com elevados custos na área da saúde e com rendas de casa baixíssimas. Sendo que estas viviam, principalmente, ou sozinhas, ou em famílias nucleares, compostas essencialmente por casais. Havendo, claramente, manifestações das consequências de uma população envelhecida, que naturalmente vai aumentando o seu grau de dependência e de necessidade de acompanhamento. A questão social coloca-se ao nível do envelhecimento populacional, toda a reflexão aqui apresentada irá centrar-se nesta problemática e no risco que uma população envelhecida acarreta para a freguesia de Santo Antão. O que mais impressionou neste estudo, foram os dados que os números não revelam, pois, em não raras situações pessoas choraram durante o questionário. A título de exemplo, num destes casos, uma senhora chamemos Maria quando inquirida porque é que chorava, respondeu: “ Porque desde a Páscoa, que ninguém entrava na minha casa”. Ou o questionário que demoraria em situações normais cerca de vinte a trinta minutos a ser respondido, chegou a demorar manhãs e tardes inteiras com o mesmo indivíduo, pois eles continuamente apresentavam fotografias da família, e contavam episódios das suas vidas, sem que em momento algum isto fosse pedido, mas que lhes era de importância extrema contar. O que exteriorizava uma necessidade colossal de comunicar, de serem ouvidos e de serem alvos de meritíssima atenção por parte dos outros. Estes factos revelaram-se tão ou mais importantes que as dimensões avaliadas quantitativamente, não são exclusivos desta freguesia, mas tiveram maior visibilidade nesta. Revelam questões de isolamento atrozes, revelam formas muito particulares de viver a velhice, de forma muito solitária e a fragilidade das relações inter-sociais, que formam a rede primária de suporte, das quais as famílias são o elemento chave. Mas que por situações de afastamento intergeracional, por causas que vão desde as migrações de filhos para outras cidades ou concelhos, até ao ritmo de vida que é imposto às famílias e que muitas vezes por uma gestão de tempo em prol das gerações descendentes (filhos), abdica-se de um efectivo acompanhamento das gerações ascendentes (pais dos pais – avós), potenciando situações de abandono e isolamento – de risco social. Mesmo apesar, de sabermos que o “Homem não é uma ilha” é um ser social e a comunicação é uma das necessidades primárias, isto remete-nos para necessidades de auto-estima e de valorização pessoal que são necessárias para o nosso bem-estar. Acentua-se, particularmente, em Santo Antão as questões de isolamento, devido à desertificação, o que fragiliza a questão da vizinhança enquanto rede de suporte social que ainda funciona como principal rede, na falta da família. Ainda, que caracterizada por uma forma que assenta no voluntarismo a título individual e não organizada, podemos assistir a variadíssimas manifestações da sua existência e são disto exemplo, o facto de estarmos a entrevistar uma pessoa e surgirem vizinhos a questionar o que estávamos a fazer, e isto 47 aconteceu quer por curiosidade, quer por sentimento de protecção inter-vizinhos; assim Página como, assistimos inúmeras vezes a vizinhos a cuidarem de outros vizinhos. Quando a
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 questão da desertificação se acentua, surgem então as instituições como principal rede de apoio. Neste cenário a pobreza agudiza, os reformados residentes em Santo Antão têm uma situação muito precária economicamente, encontram-se no limiar da pobreza ou na pobreza propriamente dita e sem apoio da família a situação torna-se ainda mais vulnerável. A situação agrava-se quando as formas de viver a pobreza são profundamente envergonhadas e solitárias, chegando mesmo a limitar a sua participação cívica na sociedade. Estabelecendo fronteiras para as suas vivências, nas paredes das suas casas, fomentando lógicas de exclusão social. O que se traduz num isolamento severo e extremamente penoso. Quando nos debruçamos sobre a realidade observada e os dados estatísticos apresentados percebemos, que a população desta freguesia procura obter níveis de satisfação, mesmo que mínimos, das necessidades fisiológicas e de segurança, e que são sem dúvida importantes. Mas que para Maslow estas necessidades são quase dadas como inatas uma vez que estão ligadas ao processo biológico, contudo, as necessidades sociais e as necessidades de estima que levam, segundo o autor, conduzem à auto- realização do ser humano estão longe de ser atingidas. Não pretendendo de forma alguma criar alguma imagem apocalíptica da freguesia ou até mesmo do Centro Histórico, é contudo, é necessário alertar para as situações de pobreza e exclusão social em que muitos cidadãos se encontram. Embora o Centro Histórico de Évora detenha uma imagem muito positiva, sendo mesmo definida como uma pérola do Alentejo, vigoroso embaixador de Portugal, reconhecido destino turístico, e Santo Antão é elemento chave nesta imagem. A verdade é que no âmbito social torna-se imperativo um novo olhar, com novas abordagens relativas a este território, a cidade também é as pessoas. Até porque neste momento, a questão do apoio aos mais velhos é iminente, mas há um outro fenómeno a ocorrer em simultâneo, não sendo exclusivo desta freguesia encontrando-se por todo o Centro Histórico, causado pelo envelhecimento e desertificação humana, que é a emergência de territórios de risco, o que potencia o aparecimento de novas e preocupantes problemáticas. 48 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Propostas: As acções a desenvolver deverão passar pelas lógicas do desenvolvimento social e comunitário, o sentimento de pertença, a identidade colectiva tão profundamente enraizada deve ser aproveitada no sentido de desenvolver lógicas de participação e de cidadania. É aqui que a Junta de Freguesia tem um importante papel, de promotor destas lógicas, envolvendo entidades parceiras e população em novos projectos, e criando e agilizando novas respostas de apoio à comunidade, que deve passar num primeiro momento por apoio aos munícipes com mais de 65 anos, mas que deve simultaneamente permitir uma série de outras respostas atractivas à comunidade. Nesta perspectiva seria importante criar: Acções de educação cívica, destinadas à população que tem animais domésticos, uma vez que este foi detectado como problema; Atendendo ao isolamento da população mais envelhecida e há falta de equipamentos socais nas valência que permitam o combate a este fenómeno, propõe-se a criação de um pequeno centro comunitário nesta freguesia, com espaços de leitura e acesso à Internet, onde os residentes desta freguesia se poderão encontrar e conviver um pouco, animado por voluntários, contadores de histórias, etc., e onde se prestem serviços à comunidade como pequenos arranjos domésticos e lavandaria social. A lavandaria poderia funcionar em articulação com o serviço desta valência na A.P.P.C.D.M. Este pequeno centro comunitário serviria também de observatório social para técnicos. 49 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 50 SÃO MAMEDE Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 A Freguesia de São Mamede é uma das freguesias urbanas de Évora, sendo a segunda maior freguesia do Centro Histórico em termos de área, ocupando cerca de 0,2 Km2 e tendo os limites do seu território entre a Rua dos Mercadores e a Rua Menino Jesus e a maior em termos populacionais. Tem como património cultural a Igreja de São Mamede, Aqueduto da Prata e Fonte do Largo de Avis. Freguesia de São Mamede A Freguesia de São Mamede corresponde à área sombreada da imagem. Fonte: departamento Centro Histórico, Património e Cultura – C.M.E. Segundo o Instituto Nacional de Estatística em 2001, São Mamede apresenta cerca de 2170 habitantes residentes, sendo que 58% são mulheres e 42% são homens, uma densidade populacional de 9271,7 hab/km2. No que respeita ao edificado apresenta 1345 alojamentos e 896 edifícios, como se poderá verificar pelos dados do Quadro E. Quadro E N.º Pessoas Famílias Proporção Residente H M ResidentesAlojamentos Edifícios Reformados 2170 915 1255 1018 1345 896 36,7% Fonte: INE 2001 Face ao universo apresentado e às limitações temporais e de recursos humanos, tal como em Santo Antão, foi decidido construir uma amostra da população para a realização de questionários, efectuando-os “porta-a porta”. Deste modo, os investigadores tiveram a possibilidade de conhecer melhor a comunidade local e a população. 51 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Resultados dos Questionários: Quanto à amostra, de um universo de 1018 famílias residentes (INE), foram efectuados 211 questionários à população desta freguesia, abrangendo-se 20% das famílias residentes na freguesia como comprova o Gráfico 1. A recolha de dados foi realizada entre as 9h e as 20h, foram percorridas todas as ruas desta freguesia e inquiridas o máximo de pessoas possível. Gráfico 1 Amostra 211; 20% 825; 80% Famílias Residentes Não Inquiridas Famílias Residentes Inquiridas Quanto ao sexo dos inquiridos eram maioritariamente mulheres, cerca de 165 mulheres e 46 homens, com as percentagens representadas no Gráfico 2. Gráfico 2 Sexo dos Inquiridos 46; 22% 165; 78% Feminino Masculino A apresentação dos dados, tal como no capítulo de Santo Antão, será dividida através de várias temáticas abordadas no questionário: caracterização dos agregados familiares, rendimentos, saúde, mobilidade, habitação, bens de conforto, a relação com o Centro Histórico, 3.ª Idade e, e por fim, factores de interesse. Caracterização dos Agregados Familiares: No que respeita às idades verifica-se que maioritariamente os agregados familiares são compostos por adultos, com particular visibilidade pessoas nas faixas etárias entre os 31- 52 65 anos. Seguidamente encontramos pessoas com idades compreendidas entre os 19-30 anos, Gráfico 3. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Os inquiridos apresentaram em média a idade de 64 anos e a idade média do agregado familiar é de cerca de 54 anos, portanto estamos perante uma população envelhecida. Gráfico 3 Idades Elementos Agregados Familiares 195 200 180 160 140 120 93 Nº 100 80 62 58 60 40 22 20 10 0 0-14 15-18 19-30 31-65 66-75 >76 Quanto à composição do agregado familiar verificou-se que os núcleos familiares são superiores ao grupo de indivíduos que moram sozinhos, Gráfico 4 e 5. Sendo que os agregados familiares nucleares são compostos sobretudo por casais, Gráfico 5. Gráfico 4 Composição Agregados Familiares 8; 4% 82; 39% 121; 57% Núcleos Familiares Pessoas Isoladas Pop. Flutuante 53 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 5 N.º de Elementos do Agregado Familiar 80 77 73 70 60 Nº Agregados 50 40 35 30 20 20 10 4 2 0 1 2 3 4 5 6 Nº Elementos Nesta freguesia o modelo familiar com maior representatividade são núcleos familiares, composto sobretudo por dois elementos, casais. No que respeita à escolaridade 47% dos indivíduos que compunham o agregado familiar tinham o 1º ciclo do ensino básico (4º ano), 11% tinha o 3º ciclo ensino básico (9º ano) e 10%a licenciatura, tal como está presente no Quadro M. Quadro M Escolaridade Nível de Ensino V.A. % Não sabe ler/escrever 21 5 Sabe ler e escrever sem possuir qualquer grau 4 1 Ensino Básico 1º 209 47 Ensino Básico 2º 25 6 Ensino Básico 3º 47 11 Ensino Secundário 22 5 Ensino Médio 11 3 Bacharelato 1 0 Licenciatura 46 10 Mestrado 1 0 Doutoramento 1 0 Frequenta Universidade 39 9 Frequenta Escola 13 3 A população inquirida detém baixos níveis escolares, na sua maioria com o 1º e 3º ciclos do ensino básico, havendo ainda analfabetismo, o que se encontra directamente relacionado com as idades dos inquiridos e os processos vivenciais destes. Havendo um terceiro grupo de habilitações superiores, licenciatura. 54 Relativamente às categorias profissionais com maior representatividade são: os Página trabalhadores não qualificados com 48%, pessoal dos serviços e vendedores com 17%,
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 seguidos, por pessoal administrativo e similares 9%. As restantes categorias também se encontram nesta freguesia presentes, embora em número bastante inferior, Quadro N. Quadro N Categoria Profissional V.A. % Membros Forças Armadas 13 3 Quadros Superiores da Administração Pública 1 0 Especialistas das profissões intelectuais e científicas 34 8 Técnicos e profissionais de nível intermédio 18 4 Pessoal administrativo e similares 41 9 Pessoal dos serviços e vendedores 74 17 Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas 1 0 Operários, artífices e trabalhadores similares 12 3 Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem 7 2 Trabalhadores não qualificados 211 48 Estudantes 28 6 A baixa qualidade de mão-de-obra, encontra-se igualmente relacionada com o facto de esta ser uma população envelhecida com baixas qualificações escolares, e o mercado de trabalho não se encontrava tão desenvolvido ao nível da especialização. Quanto à situação profissional em que se encontravam os membros do agregado familiar, verificou-se que 53% já se encontravam reformados, 28% mantinham-se activos, 13% inactivos e aqui incluíram-se principalmente donas de casa, restando 6% da população que se encontrava desempregada, Gráfico 6. Gráfico 6 Situação Profissional 124; 28% 233; 53% 27; 6% 56; 13% Reformados Inactivos Desempregados Activos Quanto à situação profissional mais de metade dos inquiridos já se encontravam reformados. 55 No que concerne à naturalidade dos elementos dos agregados, 367 pessoas nasceram no Página Distrito de Évora representando 83% da amostra, os restantes encontram-se divididos entre o Baixo Alentejo com 24 pessoas, Alto Alentejo com 7 pessoas, Centro com 11
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 indivíduos, Sul com 5 pessoas, Norte 3 pessoas e do estrangeiro que surpreendentemente tem representatividade com cerca de 23 pessoas, Gráfico 7. Este grupo de estrangeiros são sobretudo adultos, vivem em pequenos nichos familiares com laços de consanguinidade ou não, activos, exercendo funções em serviços, ou enquanto operários ou trabalhadores não qualificados. Gráfico 7 Naturalidade 5;3; 1% 23; 5% 1% 7; 11; 3% 2% 24; 5% 367; 83% Évora Baixo Alentejo Alto Alentejo Centro Sul Norte Estrangeiro Rendimentos Quando inquiridos sobre as fontes de rendimento a maioria afirmou que vivia das suas pensões/reformas (60%), a segunda fonte de rendimento com maior representatividade é o salário (31%), logo seguido por auxílio de terceiros (4%) e aqui encontram-se representados fundamentalmente os estudantes que subsistem devido ao apoio dos seus pais, o subsídio de desemprego ficou em quarto lugar (2%), seguido com igual representatividade (1%) de negócios próprios, Rendimento Social de Inserção e outras formas de rendimento, Gráfico 8. Gráfico 8 Fontes de Rendimento 3; 1% 3; 1% 6; 2% 10; 4% 78; 31% 2; 1% 148; 60% Salário Negócio Próprio Pensão/Reforma Subsídio Desemprego Auxílio de 3ºs RSI Outro Devido às idades dos inquiridos e à situação profissional em que a maioria se 56 encontrava, a maior fonte de rendimento são as reformas/pensões. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 No que concerne aos rendimentos médios do agregado familiar 47 pessoas (22%) atestaram receber valores inferiores a 250 € e os restantes 38 pessoas (18%) indicaram usufruir de valores entre os 251€ e os 400€. O segundo grupo com maior representatividade (22%) apresenta valores entre os 601-800, seguindo-se o grupo com rendimentos superiores a 1200€, (21%), tal como demonstrado no Gráfico 9. Gráfico 9 Rendimentos do Agregado Familiar 44; 21% 47; 22% 11; 5% 12; 6% 38; 18% 12; 6% 47; 22% <250 250-400 401-600 601-800 801-1000 1001-1200 >1200 No que respeita aos rendimentos médios do agregado familiar, 40% dos inquiridos afirmaram receber valores inferiores ao salário mínimo nacional. Relativamente aos gastos do orçamento familiar a maioria (59%), dos inquiridos indicaram ser a saúde a área com maior peso para as suas famílias, seguido da alimentação 39%, a renda/empréstimos com 2% e finalmente a educação, Gráfico 10. Gráfico 10 Áre a de M aior es Gas tos do Agre gado Fam iliar 82; 39% 123; 59% 1; 0% 5; 2% Alimentação Educação Renda/Empréstimo Saúde Maior área de gastos é a saúde, dado que não é surpreendente, dadas as idades dos inquiridos e a necessidade de maiores cuidados médicos. No que respeita a prestações sociais, entendendo-se por estes apoios os complementares 57 às pensões sob forma pecuniárias de prestações. Dos inquiridos 89% das pessoas Página afirmaram não ter qualquer tipo de apoios, 9% atestaram usufruir do Cartão do Munícipe
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Idoso, 2% asseveraram receber prestações sociais da Segurança Social. Através do Gráfico 11 verificam-se os valores absolutos. Gráfico 11 Prestações Sociais 187 200 180 160 140 120 100 80 60 20 40 4 20 0 Cartão Idoso Outras Prestaçoes Não tem Segurança Social Conclui-se que o apoio da Câmara Municipal de Évora, através do Cartão do Munícipe Idoso, é superior aos apoios complementares concedidos pela Segurança Social. Relativamente a apoios institucionais, e entendendo-se por estes as respostas sócias como apoio domiciliário, apoio alimentar e apoio da acção social directo das diversas entidades sociais existentes. Dos inquiridos 96% afirmaram não tem qualquer tipo de apoio, sendo que os restantes 4% afirmaram receber apoios de diversas entidades, encontrando-se repartidos pelas seguintes entidades: Cáritas 2%, Santa Casa da Misericórdia 1% e Câmara Municipal de Évora/Junta de Freguesia 1%.,Gráfico 12. Gráfico 12 Apoios Institucionais 250 201 200 150 100 50 4 3 3 0 Cáritas St. Casa M. C.M.E./Junta Não tem apoios Saúde Quanto à saúde 95% dos inquiridos asseveraram ter médico de família e 5% afirmaram não ter, Gráfico 13. Este último grupo (5%) está relacionado com a população universitária 58 ou novos residentes que ainda não regularizaram a sua situação nos serviços de saúde. Página Gráfico 13
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Médico de Família 200 200 150 100 50 11 0 Sim Não Não foi detectado qualquer problema no que se refere ao acesso aos serviços de saúde. No que concerne a gastos com medicamentos dos inquiridos 36 (20%) pessoas responderam não ter, 26 (14%) não sabem quanto gastam, e 122 (66%) pessoas tem gastos compreendidos em até aos 100€ mensais, como se poderá verificar no Gráfico 14 em valores absolutos. Gráfico 14 Gastos na Saúde 70 62 60 60 50 40 36 30 26 20 10 10 10 3 2 2 0 <50 51-100 101- 151- 201- 251- >300 Não Não tem 150 200 250 300 Sabe gastos Mesmo com baixos recursos económicos, mais de metade dos inquiridos tem gastos na ordem dos 100€ mensais, o que representa uma elevada despesa para esta população. No que se refere a doenças crónicas, e aqui ressalva-se o facto de se ter questionado aos inquiridos se tinham ou não alguma doença crónica, cerca de 122 pessoas responderam não padecer de alguma doença crónica, e 89 pessoas atestaram sofrer de doenças que se encontram representadas no Gráfico 15, com os valores percentuais. 59 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 15 Doenças Crónicas 23; 26% 31; 34% 5; 6% 3; 3% 6; 7% 4; 4% 7; 8% 5; 6% 5; 6% Diabetes Bronquite Cardíaca Asma Artroses Depressões Parkinson Alzhameir Outras No que respeita a incapacidades gerais, 135 (64%) pessoas afirmaram não sentir qualquer dificuldade ou incapacidade, mas 76 (36%) asseguraram: ter dificuldade em transpor lanços de escadas (23 pessoas); em ter alguma incapacidade de locomoção (28 pessoas); necessitarem de dispositivos de compensação (9 pessoas); sofrerem de outras incapacidades sendo disto exemplo as auditivas e as visuais (9 pessoas); ter necessidade de cadeira de rodas (4 pessoas) e 3 pessoas certificaram ter pessoas acamadas em casa, Gráfico 16. Gráfico 16 Incapacidades 9; 12% 9; 12% 28; 37% 3; 4% 23; 30% 4; 5% Incapacidade Locomoção Pessoas acamadas Necessidade de cadeira de rodas Dificuldades Transpor lanços Escadas Dispositivos de compensação Outras Incapacidades Dos inquiridos 36% afirmaram sofrer de alguma incapacidade, principalmente dificuldade de locomoção e transposição de lanços de escadas. Havendo ainda 4 pessoas que afirmaram ter necessidade de cadeira de rodas e 3 pessoas asseguraram ter pessoas acamadas em casa. Mobilidade urbana Quanto à mobilidade a maioria dos inquiridos (81%) responderam não ter automóvel, em oposição a 19% que afirmaram ter automóveis, como se poderá verificar no Gráfico 17. 60 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 17 Nº de Automóveis 27; 13% 13; 6% 171; 81% 1 Automóvel 2 Automóvel Não tem Relativamente ao meio de transporte utilizado na cidade intramuros, Gráfico18, 80% declararam andar a pé, 1% utilizam os transportes públicos e 19% utilizam os próprios automóveis ou algumas das vezes são os filhos que transportam os pais, situações que se encontra relacionada com problemas de saúde e dificuldade de deslocação mesmo a pé. Gráfico 18 Meio de deslacação mais utilizado 40; 19% 3; 1% 168; 80% Automóvel Autocarros Pé Conclui-se maioria os inquiridos apresentam hábitos saudáveis e positivos para o ambiente, pois a forma privilegiada de mobilidade são as deslocações a pé. Habitação Quanto à função da habitação encontra-se distribuída entre habitação permanente e segunda habitação, esta última relacionada com as deslocações de estudantes que arrendam casas perto da universidade, tornando-se estas segundas habitações uma vez que o endereço oficial destes jovens continua a ser a casa de seus pais. Como tal, maioritariamente as casas tinham por função serem permanentes, Gráfico 19. 61 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 19 Função de Habitação 8; 4% 203; 96% Habitação Permanente Segunda Habitação Quanto ao vínculo contratual da habitação, a maioria das casas são arrendadas 54%, seguindo a situação de casa própria 40%, e a habitação cedida 6%, esta última associada a questões familiares em que um membro da família disponibiliza uma sua habitação para usufruto de um outro familiar, Gráfico 20. Gráfico 20 Tipo de Vínculo 12; 6% 84; 40% 115; 54% Própria Arrendada Cedida A maioria dos inquiridos é arrendatária. Entre os indivíduos em situação de arrendatários verificou-se que quanto ao contrato propriamente dito, Gráfico 21, 77% dos casos os inquiridos afirmavam ter contratos ilimitados. Seguindo-se os indivíduos que afirmavam não ter nem contrato nem recibos 14% e logo depois os que asseveravam não ter contrato mas terem recibos 7%. Verificou- se que 2% dos inquiridos que não sabiam qual tipo de contrato tinha estabelecido. A situação da não existência de contrato ou recibos tinha particular incidência na população universitária. 62 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 21 Tipo de Contrato 2; 2% 16; 14% 8; 7% 89; 77% Sem Contrato/Sem Recibo Sem Contrato/Com Recibo Contrato Ilimitado Não sabe Quanto aos anos de vigência de contrato verificou-se que 69% dos casos já eram contratos com mais de vinte anos, havendo ainda um valor considerável, 31%, de contratos com menos de vinte anos. Tal como demonstrado Gráfico 22. Gráfico 22 Anos de Vínculo 34; 16% 32; 15% 32; 15% 33; 16% 80; 38% <5 6-20 21-40 41-60 >60 No que toca ao valor da renda verificou-se que, 61% da população paga menos de 100€ mensais, associadas a contratos mais antigos. E no outro extremo, mas também com alguma representatividade, de 12% tem rendas superiores aos 301€ mensais. Encontrando-se entre estes extremos valores intermédios como se poderá verificar através do Gráfico 23. Gráfico 23 Valor da Re nda 4; 3% 14; 12% 7; 6% 1; 1% 8; 7% 67; 59% 14; 12% 63 Página <50 51-100 101-150 151-200 201-250 251-300 >301
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Bens de Conforto No que se refere a bens de conforto, todos os inquiridos afirmaram ter fogão, frigorífico e televisor. No que toca a esquentador 11 afirmaram não ter, 15 asseveraram não ter máquina de lavar roupa e 4 declararam não ter telefone fixo ou móvel. Quanto aos computadores cerca de 107 pessoas afirmaram não ter, Gráfico 24. Gráfico 24 Bens de Conforto 250 211 207 211 211 200 196 200 150 104 100 50 0 or r r o va ne Tv ic o do gã ad La fo ifr ta Fo nt le or pu ue aq. Te ig m q F o Es M C Relativamente a condições de conforto e salubridade constatou-se que todos os inquiridos afirmaram ter água canalizada, saneamento básico e electricidade. Contudo, 9 pessoas afirmaram não ter casa de banho completa, apontando para a falta de uma banheira ou duche e 3 pessoas afirmaram não ter cozinha completa, nem as mínimas condições para cozinhar, Gráfico 25. Gráfico 25 Bens de Conforto e Salubridade 212 211 211 211 210 208 208 206 204 202 202 200 198 196 Água Saneamento Electricidade Casa de Banho Cozinha Canalizada Básico Operacional Quanto às patologias no edifício, e aqui foi questionado se os inquiridos identificavam problemas ao nível da água canalizada, saneamento básico, electricidade, estrutura ou outros. Dos inquiridos 82% afirmaram não identificar qualquer problema, todavia 18% apontaram ter problemas de conservação, entre os quais problemas de salitre, degradação da casa, caixilharia, etc., Gráfico 26. 64 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 26 Patologias 38; 18% 173; 82% Sim Não Relação com o Centro Histórico No que se refere ao Centro Histórico propriamente dito, foram realizadas uma série de questões que nos permitiram ver a identificação dos residentes com este território, as redes solidariedades locais e as necessidades e potencialidades deste de acordo com a opinião da própria população. Assim, relativamente ao prazer de prazer de viver no Centro Histórico de Évora, 98% dos inquiridos afirmaram gosto em viver neste local e, apenas, 2% atestou que não gostava, Gráfico 27. Gráfico 27 Prazer em Morar no Centro Histórico 4; 2% 207; 98% Sim Não Pela forma como os inquiridos responderam a esta questão, muito reactiva e defensiva, podemos aferir que há um sentimento de orgulho e de pertença associado a este espaço. Destes 2% que asseveraram não gostar de viver no Centro Histórico, 25% gostariam apenas de mudar de residência, mas não deixariam o Centro Histórico e 75% prefeririam ir viver para fora muros, Gráfico 28. 65 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 28 Local de M udança 1; 25% 3; 75% Fora Muros Cidade Contudo, é de que a esmagadora maioria dos inquiridos, incluindo estudantes gostam de viver no Centro Histórico. Relativamente aos principais problemas sociais apontados nesta freguesia, os inquiridos responderam principalmente pobreza (26%), depois doença (12%) e o isolamento/abandono particularmente face aos idosos (10%), entre outras problemáticas como se poderá verificar no Quadro O. Quadro O Problemáticas Apontadas Nº % Pobreza 93 26 Isolamento/Abandono 34 10 Doença 43 12 Degradação Habitacional 33 9 Desemprego 14 4 Especulação Imobiliária 2 1 Toxicodependência 12 3 Violência Doméstica 1 0 Envelhecimento População 25 7 Maltrato 1 0 Alcoolismo 3 1 Famílias Disfuncionais 2 1 Desertificação 5 1 Exclusão Social 3 1 Baixa Qualificação Escolar 11 3 Mendicidade 13 4 Desemprego 7 2 Problemas psicológicos e/ou mentais 5 1 Não sabe 57 16 Foram identificadas como principais problemas da população de São Mamede, por 66 ordem decrescente: a pobreza, a doença e o isolamento/abandono dos idosos. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Quanto aos equipamentos sociais 67% dos inquiridos acharam que eram insuficientes face as necessidades da população, 7% admitiram ser suficientes os que já existem e 26% não sabiam responder, Gráfico 29. Gráfico 29 Equipamentos Sociais 7% 26% 67% Suficientes Insuficientes Não Sabe Daqueles que responderem ser insuficientes os equipamentos existentes 80% apontaram para a necessidade de haver mais apoio à 3.ª Idade, particularmente, mais lares; 13% aludiram não saber o que fazia exactamente falta; 5% anotaram para falta de equipamentos na área de Infância e da 3ºIdade e 2% apontaram apenas para a Infância, Gráfico 30. Gráfico 30 Áre a de Nece ssidade de Equipamentos Sociais 11; 8% 18; 13% 5; 4% 108; 75% 3º Idade Infância Infância e 3º Idade Não Sabe Quanto aos equipamentos socais houve uma clara manifestação de maior necessidade destes, sendo os equipamentos de apoio à população envelhecida os mais indicados como mais necessários, com o exemplo mais apontado os lares. No que toca às redes de apoio em situações de emergência ou necessidade, 77% dos 67 inquiridos afirmaram procurar a família, 11% socorrem-se nos vizinhos, 8% procuram instituições e 4% pedem apoio a amigos, Gráfico 31. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 31 Rede de Apoio 8; 4% 24; 11% 17; 8% 162; 77% Amigos Vizinhos Instituições Famílias Esta é a freguesia que mais afirmou procurar a família em situações de emergência ou necessidade. Quanto à participação em eventos, 59% das pessoas responderam não participar em qualquer evento, 34% participam em cultos religiosos, 1% participam nos eventos que a Junta de Freguesia Organiza, principalmente nos passeios que promove e 6% participa em festas da freguesia, Gráfico 32. Gráfico 32 Participação em Eventos 71; 34% 125; 59% 2; 1% 13; 6% Cultos Religiosos Eventos Junta de Freguesia Festas das Freguesias Não Participa em nenhum evento Mesmo, quando questionados se tem alguma participação enquanto sócios de associações, colectividades ou outros, 80% afirma não pertencer a qualquer colectividade ou associação, e apenas 20% afirma ser sócio de alguma entidade, Gráfico 33. 68 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 33 Participação Enquanto Sócios 42; 20% 169; 80% Sócio Não Sócio A maioria dos inquiridos não participa em qualquer evento, o que revela que há pouca dinâmica social, cultural ou associativa nesta freguesia. Relativamente ao local onde normalmente efectuam compras, 46% afirmou ir apenas às grandes superfícies, 27% declarou comprar quer no comércio tradicional, quer nas grandes superfícies, alguns destes casos mesmo quando as pessoas não se conseguem deslocar aos grandes supermercados é a família que lhe faz as compras. E 27% apenas efectuam compras no comércio tradicional, questão também associada à mobilidade que a pessoa tem, Gráfico 34. Gráfico 34 Local Compras 57; 27% 96; 46% 58; 27% Comércio Tradicional e Grandes Superfícies Comércio Tradicional Grandes Superfícies Quanto à ocupação dos tempos livres 23% afirmou que aproveita estes tempos para tarefas domésticas, 16% dedica-se à realização de trabalhos manuais, 13% opta por apoiar a família e cuidar dos netos, 10% passear, entre outros como se poderá verificar no Gráfico 35. 69 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 35 Ocupação Tempos Livres 14; 7% 21; 10% 21; 10% 4; 2% 16; 8% 45; 23% 7; 3% 13; 6% 33; 17% 27; 13% 2; 1% Passear Tarefas Domésticas Trabalhos Manuais Apoio Família/Cuida netos Voluntariado Conviver Vizinhança Desporto Ler Internet/Computador Descansar Ver Tv Mesmo a ocupação de tempos livres é vivida na sua maioria de forma muito isolada, remetendo quase na sua totalidade para a esfera privada. Contudo esta é freguesia com maiores índices de apoio à família e convívio com os vizinhos. No que respeita aos aspectos positivos relacionados com o facto de morar no Centro Histórico, foram apontados os aspectos registados no Quadro P. Entre os quais se destacam a proximidade dos serviços/comércio com 49% das respostas, a vizinhança que arrecadou 13% das respostas, a segurança com 7% e as deslocações a pé com 7%. Quadro P Aspectos Positivos V.A. % Proximidade Comércio/Serviços 128 49 Vizinhança 34 13 Segurança 19 7 Sossegado 16 6 Beleza/Monumentos 10 4 Deslocações a Pé 18 7 Linha Azul 3 1 Limpeza 6 2 Proximidade Família 3 1 Diversão Nocturna 2 1 Gosta de Tudo 12 5 Não gosta de nada 5 2 Não Sabe 6 2 Também nesta freguesia se verificou que o factor positivo mais indicado foi a proximidade de comércio e serviços, o que deve ser considerado em qualquer exercício de intervenção e reabilitação deste espaço. 70 Nos aspectos negativos apontados com maior relevância verificou-se que, 19% dos Página inquiridos afirmaram que o Centro Histórico não tem aspectos negativos, 13% não encontraram aspectos negativos a indicar, 17% referiram a falta de lugares de
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 estacionamento, 15% indicaram o barulho resultante dos estabelecimentos nocturnos, entre outras situações apontadas como se poderá verificar no Quadro Q. Quadro Q Aspectos Negativos V.A. % Vizinhança 7 4 Barulho dos Estabelecimentos Nocturnos 28 15 Falta de Espaços verdes/Desportivos 3 2 Abandono/Degradação Casas 7 4 Desertificação/Isolamento pessoas e comércio 5 3 Falta de Lugares de Estacionamento 31 17 Preços das casas/Especulação Imobiliária 4 2 Falta de Equipamentos Saúde 6 3 Falta limpeza ruas/dejectos caninos 12 7 Prostituição 3 2 Insegurança 2 1 Trânsito 6 3 Calçada 6 3 Falta de Hipermercados 4 2 Não tem 34 19 Não sabe 23 13 Embora grande parte dos inquiridos não encontrassem nenhum aspecto negativo em morar no Centro Histórico ou não conseguissem indicar, o que demonstra que efectivamente gostavam de viver neste espaço; entre os aspectos negativos apontados encontramos a falta de lugares de estacionamento, que deve ser um elemento a considerar na reabilitação deste espaço e o barulho de estabelecimentos nocturnos. Quanto às sugestões de actividades para a Junta de Freguesia, 80% afirmou não ter nenhuma sugestão, e entre as mais apontadas encontram-se mais actividades recreativas, desportivas e de ocupação tempos livres para crianças e idosos, como se poderá ver Gráfico 36. 71 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 36 Sugestões Actividades 10; 5% 4; 2% 18; 9% 9; 4% 170; 80% OTL Crianças e Idosos Recreativas Desportivas Não Sabe Não sente necessidade Entre os pedidos endereçados à Junta de Freguesia, que os inquiridos julgavam ser importantes para melhorarem a sua vida, embora 28% dos inquiridos não lhe ocorresse nada, entre os que efectivamente tinham pedidos, os mais evidentes ficaram a criação de mais estacionamento 13%, pedido de apoio económico e social 12%, pedido para que a junta regulasse a actividade dos bares 11%, assim como outros indicados tal como podemos verificar no Quadro R. Quadro R Pedidos à Junta de Freguesia V.A. % Não sabe 71 28 Regular actividade dos estabelecimentos nocturnos 28 11 Criar de Espaços Verdes/Desportivos 9 3 Cuidar Casas 22 8 Actividades Recreativas 10 4 Criar mais estacionamento 32 13 Combater especulação imobiliária 7 3 Falta limpeza ruas/dejectos caninos 12 5 Combater a insegurança 6 2 Trânsito 6 2 Calçada 8 3 Falta de Equipamentos Saúde 8 3 Apoio económico/social 32 12 Gosta Atendimento Junta 3 1 Limitações Orçamentais 6 2 Embora haja uma percentagem de pessoas que não soubessem em que medida é que a Junta poderia melhorar a sua qualidade de vida, esta foi contudo a população que mais se mostrou activa e reivindicadora de direitos e de mais apoio por parte da Junta de Freguesia. 72 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 3ª Idade Quanto à 3º Idade e verificado que grande parte dos inquiridos tinha idades iguais ou superiores a 65 anos, julgou-se ser importante perceber as dinâmicas desta população em particular. No que respeita à frequência de equipamentos para a 3.ª Idade apenas 14 dos inquiridos se encontravam a frequentar estes equipamentos, principalmente nas valências de Centros de Convívio, Gráfico 37. Gráfico 37 Frequência Equipamentos 14; 7% 197; 93% Frequenta Não Frequenta Quanto a inscrições nestes equipamentos e noutros como lares, em toda a amostra havia 9 pessoas inscritas, Gráfico 38. Gráfico 38 Incrição Equipamento 9; 4% 202; 96% Inscrito Não Inscrito A todas as pessoas que participaram no questionário também lhes foi perguntado se 73 tinham algum familiar a residir na freguesia, e 30% responderam afirmativamente, Gráfico Página 39.
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 39 Família a Residir no Centro Histórico 63; 30% 148; 70% Residente Não Residente E quando inquiridos sobre se mantinham contacto com familiares, que poderiam ir para além dos residentes na freguesia, surpreendentemente 5% afirmou não ter qualquer contacto com familiares, mesmo telefónicos, Gráfico 40. Gráfico 40 Contacto Família 11; 5% 200; 95% Não tem Contacto Mantém Contacto Mais de metade dos inquiridos não frequentam e não se encontram inscritos em qualquer equipamento para a população mais envelhecida e não tem familiares a viver no Centro Histórico. Sendo que 10% da amostra não tem qualquer contacto com familiares, mesmo telefónicos. 74 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Principais conclusões: Há uma perda de população no Centro Histórico de Évora, o que tem conduzido a uma desertificação física e humana deste espaço; A população inquirida apresenta uma média de idades igual a 64 anos, e a idade média dos agregados situa-se nos 54 anos de idade; Os agregados familiares apresentam algum equilíbrio nas faixas etárias inferiores a 30 anos e superiores a 65 anos de idade, contudo o número de elementos compreendidos entre os 31 e os 64 anos apresentam-se em maior valor com uma clara tendência para um envelhecimento efectivo; 57% dos inquiridos vivem em núcleos familiares compostos por duas ou mais pessoas, e 39% dos indivíduos moram sozinhos, o que demonstra pela amostra constituída que esta freguesia ainda acolhe bastantes famílias; 47% dos elementos do agregado familiar só têm o 1º ciclo do ensino básico e 11% dos inquiridos têm o 2º ciclo, seguidos de perto pelos licenciados, a população embora apresente baixas qualificações escolares, não apresenta um número tão grande de analfabetos; 49% dos agregados familiares são trabalhadores não qualificados, o que conduz a situações de precariedade laboral; 53% dos elementos dos agregados familiares subsistem através das suas reformas; sendo que 40% subsiste com rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional, o que os conduz a situações de precariedade económica; Dos inquiridos 123 pessoas afirmaram ter gastos de saúde até aos 100€ mensais, e foi considerada a saúde a área de maiores gastos no orçamento familiar, o que indica saúde precária; Quanto à habitação 54% dos ocupantes são arrendatários, na maioria com vínculos contratuais superiores a 20 anos e em 59% com rendas até aos 100€ mensais, portanto rendas de baixo valor associadas a vínculos contratuais antigos; Contrapondo-se aos contratos de arrendamento mais recentes que apresentam valores entre os 300 e 350 € mensais, rendas de elevado valor associado a vínculos contratuais mais recentes; Quanto às condições de conforto e salubridade 9 pessoas asseveraram não ter casa de banho completa e 3 afirmaram não ter cozinha operacional, indicando más condições de habitabilidade, assim como, 11 pessoas afirmaram não ter esquentador, 15 declararam também não ter máquina de lavar e 3 atestaram não ter telefone apontando para falta de bens de conforto; 98% dos inquiridos gostam de viver no Centro Histórico, muitas vezes associada a uma ideia de romantismo e orgulho, associado forte pertença; Os aspectos positivos do Centro Histórico residem principalmente na proximidade serviços/comércio (49%), as relações de vizinhança (13%), na segurança (7%) e as deslocações a pé (7%); Os aspectos negativos 19% afirmaram que não encontravam aspectos negativos, entre os que apontaram (17%) indicaram a falta de lugares de estacionamento e 15% barulho dos estabelecimentos nocturnos; E quanto às problemáticas sociais predominantes são apontadas a pobreza (26%), a degradação habitacional (16%) e o isolamento/abandono dos idosos (14%) e degradação habitacional (9%) como os principais problemas da freguesia; A família e a vizinhança funcionam nesta comunidade como a rede de apoio de solidariedade local, havendo apenas 8% dos inquiridos a procurar instituições em situações de necessidade ou emergência; Embora 59% dos inquiridos não participam em qualquer evento, o que indica não participação nas dinâmicas culturais, dos 41% que participam 6% fazem-no 75 através das festas da freguesia, que parece levar a um sentimento de partilha e Página identidade da comunidade; Embora, as ocupações dos tempos livres sejam vividos de forma muito isolada uma vez que 65% das actividades realizam-se dentro de casa, 35% dos inquiridos
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 apresentam actividades sociais, como: apoio à família, convivência com os vizinhos, o voluntariado, o desporto o que parece indicar uma não participação em dinâmicas sociais, mas que se deve atender às novas formas de ocupação como a convivência com vizinhos e o desporto; Quanto aos pedidos a fazer à Junta de Freguesia, um dado importante e que deve ser interpretado é que, 28% dos inquiridos não sabia em que medida é que junta poderia melhorar a sua condição de vida e 13% aludiram para a necessidade de apoio económico e social, e para a necessidade de regulação das actividades dos bares 12%. 76 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Análise S.W.O.T. de S. Mamede: A análise S.WO.T. resulta numa análise estratégica através de quatro elementos chave. Pontos Fortes Pontos Fracos Envelhecimento da população Proximidade de serviços e Não renovação do tecido comércio social Questões da Especulação imobiliária vizinhança/parentesco Elevada participação na esfera Oportunidades social e cultural Ameaças Oportunidades Novo Quadro Comunitário – Desertificação física e QREN humana da freguesia Sentimento de orgulho e de Emergência territórios de pertença associado à cidade e risco social à comunidade local – São Mamede S.R.U 77 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Instituições: As Instituições presentes no Quadro S encontram-se localizadas na Freguesia de São Mamede. Quadro S Instituição Resposta Social Nº de Utentes Coopberço Creche 30 Pré-Escolar 40 Obra de S. José Operário Pré-Escolar 44 APPACDM ---------- ------ Centro de Convívio para Idosos e Reformados da Câmara ---------- -------- Municipal de Évora Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental ------- ------- Associação Benévolos Dadores de Sangue de Évora -------- ------- Escola Básica do 2º e 3º Ciclos Ensino Básico 1º (2006/2007) 1.º Ciclo: 261 de São Mamede Fonte: Centro Distrital da Segurança Social de Évora, 2007; www.drealentejo.pt; www.cm-evora.pt. 78 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Análise Social da Freguesia de São Mamede: Embora, os dados apontados dêem para retirar ilações sobre freguesia de São Mamede, o contacto com a população e a observação directa, acabou por contribuir para um olhar mais atento e mais profundo sobre as dimensões psico-sociais que compõe esta. Os dados apurados nesta freguesia indicam a existência de uma população envelhecida, que vive na sua maioria em núcleos familiares, contudo 39% dos indivíduos vivem sozinhos, apresentam baixas qualificações escolares, trabalhadores não qualificados, 40% subsistem com rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional, área de maiores gastos a saúde, arrendatários, alguns com falta de condições de habitabilidade e bens de conforto, e onde a família e a vizinhança desempenham um importantíssimo recurso, pois constituem a rede de solidariedade local. A questão social nesta freguesia coloca-se ao nível da identidade local e do envelhecimento da população, a reflexão aqui apresentada irá centrar-se nestas temáticas. Ao contrário de Santo Antão das pessoas que vivem sozinhas em São Mamede, raras foram as que apresentavam indícios de isolamento e solidão. Havia uma rede de solidariedade social em que família e vizinhos estavam muito presentes, foi a freguesia com maiores índices de apoio à família e de convívio com a vizinhança como ocupação dos tempos livres. Foi, também, a freguesia com menor representatividade no que concerne a socorrer-se das entidades locais. Pode-se confirmar através da observação directa e ao nível de participação no questionário que é a comunidade que mais reivindica os seus direitos, está mais atenta às necessidades da comunidade e solidariza-se mais. É a população que participa mais nas actividades promovidas pela Junta de Freguesia, tem uma capacidade de organização, através de um movimento popular voluntário, da qual as Festas de Santo António são resultado directo. Conhecendo a trajectória histórica desta população pode-se aferir que esta noção de identidade local tão demarcada, é resultado de uma reacção ao estigma de esta ser a freguesia com menos prestígio, ao longo da história da cidade de Évora. Uma vez, que era aqui que se situava a mouraria, classe social menos privilegiada na idade média, entendida como o ghetto intramuros, que face a este processo de exclusão desenvolveu uma auto sustentabilidade, criando comércio, mercados e oficinas próprias. Estas denominações para além de determinarem percursos históricos, marcam os territórios, os espaços dentro da cidade, tal como a Escola de Chicago defende. As fortes malhas de solidariedade locais originaram uma identidade local própria, que perante situações de pobreza, isolamento, exclusão social reagem como uma instância de protecção de primeiro grau. Perante isto, os idosos tem maior acompanhamento da vizinhança e as situações de pobreza não agudizam tanto, pois os vizinhos e família procuram colmatar as necessidades. A identidade local é uma potencialidade que deve ser aproveitada para captar sinergias e potenciar o desenvolvimento social e comunitário, pois existe uma boa base, uma comunidade já definida. Contudo, também, nesta freguesia está a ocorrer a desertificação e o surgimento de novas problemáticas, como a emergência de territórios de risco social. 79 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Propostas: As acções a desenvolver deverão passar pelas lógicas do desenvolvimento social e comunitário, o sentimento de pertença, a identidade colectiva tão profundamente enraizada deve ser aproveitada no sentido de desenvolver lógicas de participação e de cidadania. É aqui que, também, esta Junta de Freguesia tem um importante papel, de promotor destas lógicas, envolvendo entidades parceiras e população em novos projectos, e criando e agilizando novas respostas de apoio à comunidade. Atendendo às principais conclusões deste estudo, propõe-se as seguintes acções: Fomento de acções destinadas à intergeracionalidade, criando espaços de apoio às crianças e avós, pois verificou-se que muitos inquiridos eram os cuidadores dos netos. As acções destinadas à população mais envelhecida devem incluir actividades para os netos, fortalecendo ainda mais os laços de parentesco e de solidariedade, aqui também se pode resgatar o património incorpóreo e procurá-lo incutir nos mais jovens, criando pontes para que entre o passado e o futuro; Uma vez que há um movimento popular voluntário, criar uma estrutura de apoio ao associativismo e voluntariado nesta freguesia, procurando conduzir formas de desenvolvimento sustentável. 80 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 SÉ/SÃO PEDRO 81 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 A Freguesia de Sé/São Pedro é a freguesia intramuros com maior área geográfica, ocupando uma área de cerca de 0,6 Km2, e a segunda maior em termos populacionais tendo um total de 2025 habitantes. Os limites do seu território situam-se entre a Rua dos Mercadores e a Rua Menino Jesus. Tem como principal património edificado a Catedral, Templo Romano, Palácio Cadaval, Universidade, entre outros. Freguesia Sé/São Pedro A Freguesia de da Sé/São Pedro corresponde à área sombreada da imagem. Fonte: Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura – C.M.E. Segundo o Instituto Nacional de Estatística em 2001, Sé/São Pedro tinha cerca de 2025 habitantes residentes, 58% mulheres e 42% homens; uma densidade populacional de 3199,2 hab/km2. No que respeita ao edificado apresenta 1484 alojamentos e 965 edifícios, como se poderá verificar pelos dados no Quadro T. Quadro T N.º Pessoas Famílias Porção Residente H M ResidentesAlojamentos Edifícios Reformados 2025 847 1178 944 1484 965 38,8% Fonte: INE 2001 Tal como nas outras freguesias, face ao universo apresentado e às limitações temporais e de recursos humanos, foi decidido construir uma amostra da população para a realização de questionários. Deste modo permitindo desta forma aos investigadores um melhor conhecimento da comunidade local e à população. 82 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Resultados dos Questionários: De um universo de 944 famílias residentes, foram efectuados 112 questionários aos agregados familiares, abrangendo-se 12% das famílias residentes, como comprova o Gráfico 1. A amostra recolhida pode não ser representativa, mas devido às restrições temporais decidiu-se apresentar os dados, podendo ser interpretados como uma possível projecção do universo. A recolha de dados foi realizada entre as 9h e as 18h, foram percorridas todas as ruas desta freguesia e inquiridas o máximo de pessoas possível, de acordo com a capacidade de resposta da equipa. Gráfico 1 Amostra 112; 12% 832; 88% Famílias Residentes Não Inquiridas Famílias Residentes Inquiridas Quanto ao sexo dos inquiridos maioritariamente eram mulheres, cerca de 84 mulheres e 28 homens, de acordo com as percentagens representadas no Gráfico 2. Gráfico 2 Sexo dos Inquiridos 28; 25% 84; 75% Feminino Masculino A apresentação dos dados, tal como freguesias anteriores, foi dividida em várias temáticas 83 abordadas no questionário: caracterização dos agregados familiares, rendimentos, saúde, Página mobilidade, habitação, bens de conforto, relação face ao Centro Histórico e a 3.ª Idade. Caracterização dos Agregados Familiares:
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 No que respeita às idades do agregado familiar verifica-se, que maioritariamente estes são compostos por adultos, com particular visibilidade pessoas nas faixas etárias entre os 19- 30 anos, seguidas de pessoas com idades compreendidas entre os 31-65 anos e os 66-75 anos. Com efeito, o escalão com maior representatividade é o dos 19-30 anos, algo que pode ser atribuído ao facto de ser esta freguesia a que acolhe a Universidade e ser a que apresentou maior número de famílias compostas por três gerações. Contudo, mesmo com este contributo a população apresenta-se envelhecida, como demonstra o Gráfico 3. Gráfico 3 Idades Elementos Agregados Familiares 70 63 60 55 55 50 45 40 Nº 30 21 20 10 7 0 0-14 15-18 19-30 31-65 66-75 >76 Mesmo verificando-se a predominância de jovens dos 19 aos 30 anos, a população desta freguesia apresenta-se envelhecida. Quanto à composição do agregado familiar verificou-se que os núcleos familiares são superiores ao grupo de indivíduos que moram sozinhos, ficando em último lugar a população flutuante composta pelos jovens estudantes universitários que se encontravam a residir nesta freguesia, Gráfico 4. Gráfico 4 Composição Agregados Familiares 7; 6% 40; 36% 65; 58% Núcleos Familiares Pessoas Isoladas Pop. Flutuante 84 No gráfico seguinte apresenta-se estes mesmos agregados familiares mas agora Página analisados pelo número de elementos que compõem estes. Aqui se verifica novamente que os agregados constituídos por núcleos familiares são superiores às pessoas que
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 vivem sozinhas, salienta-se que estes núcleos são compostos sobretudo por casais, como se poderá verificar, no Gráfico 5. Gráfico 5 N.º de Elementos do Agregado Familiar 40 40 35 35 Nº Agregados 30 25 20 17 16 15 10 5 3 1 0 1 2 3 4 5 6 Nº Elementos Nesta freguesia o modelo familiar com maior representatividade são núcleos familiares, compostos por dois ou mais elementos. No que respeita à escolaridade, 47% dos indivíduos que componham cada agregado familiar tinham o 1º ciclo do ensino básico (4º ano), 14% são licenciados e 13% frequentam a Universidade, tal como presente no Quadro U. Quadro U Escolaridade Nível de Ensino V.A. % Não sabe ler/escrever 16 7 Sabe ler e escrever sem possuir qualquer grau 0 0 Ensino Básico 1º 81 33 Ensino Básico 2º 23 9 Ensino Básico 3º 20 8 Ensino Secundário 22 9 Ensino Médio 3 1 Bacharelato 0 0 Licenciatura 34 14 Mestrado 0 0 Doutoramento 0 0 Frequenta Universidade 32 13 Frequenta Escola 15 6 A amostra caracteriza-se pelas baixas qualificações escolares, consequência desta ser uma população envelhecida e dos processos socais que viveu. Contudo, a segunda percentagem mais elevada são os licenciados o que indica uma melhoria na 85 qualificação escolar. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Relativamente às categorias profissionais com maior representatividade destacam-se: os trabalhadores não qualificados com 29% das respostas, pessoal dos serviços e vendedores com 22%; e 15% dos inquiridos são estudantes. O quadro seguinte indica mão-de-obra mais qualificada, contudo, as restantes categorias também se encontram presentes nesta freguesia, Quadro V. Quadro V Categoria Profissional V.A. % Membros Forças Armadas 3 1 Quadros Superiores da Administração Pública 7 3 Especialistas das profissões intelectuais e científicas 24 10 Técnicos e profissionais de nível intermédio 9 4 Pessoal administrativo e similares 17 7 Pessoal dos serviços e vendedores 54 22 Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas 2 1 Operários, artífices e trabalhadores similares 14 6 Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da 2 montagem 5 Trabalhadores não qualificados 73 29 Estudantes 38 15 Quanto às categorias profissionais, embora o maior grupo se caracterize pela baixa qualidade de mão-de-obra, os dois maiores grupos seguintes são pessoal dos serviços e vendedores e os especialistas das profissões intelectuais e científicas, o que demonstra uma propensão na melhoria da mão-de-obra. Quanto à situação profissional em que se encontravam os membros do agregado familiar verificou-se nesta freguesia um maior equilíbrio entre os activos e os pensionistas, verificando-se uma grande percentagem de inactivos que correspondem sobretudo a estudantes e donas de casa, e alguns desempregados, Gráfico 6. Gráfico 6 Situação Profissional 92; 38% 89; 36% 13; 5% 52; 21% 86 Reformados Inactivos Desempregados Activos Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Nesta freguesia verificou-se que a maioria dos inquiridos encontravam-se activos 38%, logo seguido pelos reformados 38%, indica um equilíbrio. No que concerne à naturalidade dos elementos dos agregados, 187 pessoas, nasceram no Distrito de Évora representando 76% da amostra, sendo que os restantes inquiridos encontram-se repartidos entre o Baixo Alentejo com 9 pessoas; o Alto Alentejo com 3 pessoas; o Centro do país com 19 indivíduos; o Sul com 8 pessoas, o Norte com 7 pessoas, das Ilhas 2 pessoas e do estrangeiro 11 pessoas, Gráfico 7. Este grupo de estrangeiros é semelhante, ao grupo encontrado nas outras freguesias, adultos, vivem em pequenos núcleos familiares e são activos. Gráfico 7 Naturalidade 3% 1% 4% 3% 8% 1% 4% 76% Évora Baixo Alentejo Alto Alentejo Centro Sul Norte Ilhas Estrangeiro Rendimentos Quando inquiridos sobre as fontes de rendimento, 41% declararam auferir rendimentos provenientes de pensões/reformas, seguindo-se o salário (37%), o auxílio de terceiros (10%). Sendo que nestes últimos representam fundamentalmente os estudantes que subsistem devido ao apoio dos seus pais, depois os negócios próprios (9%), terminando com o subsidio de desemprego (3%), Gráfico 8. Gráfico 8 Fontes de Rendimento 21; 10% 7; 3% 77; 37% 82; 41% 19; 9% 87 Salário Negócio Próprio Pensão/Reforma Subsídio Desemprego Auxílio de 3ºs Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 As fontes de rendimentos advêm na sua maioria das pensões reformas com 41%, uma vez que grande parte das famílias eram compostas por várias gerações e dado a idade dos agregados inquiridos, seguindo-se os salários com 37%. No que respeita aos rendimentos médios por agregado familiar, 50% afirma que o seu agregado familiar tem rendimentos superiores a dois salários mínimos nacionais, e 24% afirma ter rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional, tal como demonstrado no Gráfico 9. Gráfico 9 Rendimentos do Agregado Familiar 11; 11% 28; 26% 15; 14% 11; 11% 10; 10% 14; 14% 14; 14% <250 250-400 401-600 601-800 801-1000 1001-1200 >1200 Esta freguesia apresenta algum conforto económico uma vez que cerca de metade dos inquiridos admite ter rendimentos superiores a dois salários mínimos. Relativamente aos gastos do orçamento familiar a maioria, 49% declara ser a alimentação a área de maiores gastos do agregado familiar, seguido pelo saúde 29%, pelas rendas e empréstimos, e 2% afirma ser a educação, Gráfico 10. Gráfico 10 Área de Maoires Gastos do Agregado Fam iliar 33; 29% 55; 49% 22; 20% 2; 2% Alimentação Educação Renda/Empréstimo Saúde 88 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 A maior área de gastos dos agregados familiares é, nesta freguesia, a alimentação. No que respeita a prestações sociais, entendendo-se por estas apoios complementares às pensões sob forma pecuniária de prestações. Dos inquiridos 93% das pessoas afirmaram não ter qualquer tipo de apoios, 5% atestaram usufruir dos apoios concedidos pelo Cartão do Munícipe Idoso, e 2% declararam ter apoio da acção social das Cáritas Diocesanas de Évora, no Gráfico 11 seguinte se poderá ver os valores absolutos. Gráfico 11 Prestações Sociais 120 104 100 80 60 40 20 6 2 0 Cartão Idoso Cáritas Não tem Conclui-se que apoio concedido pela Câmara Municipal através do Cartão do Idoso é superior a qualquer outro. Relativamente a apoios institucionais, entendendo-se por estes, respostas sociais como apoio domiciliário, apoio alimentar e acção social directa das diversas entidades existentes. Dos inquiridos 94% afirmaram não tem qualquer tipo de apoio, sendo que os restantes 6% afirmaram receber apoios de diversas entidades, encontrando-se repartidos equitativamente pelas seguintes entidades: Cáritas 2%, Santa Casa da Misericórdia 2% e Cruz Vermelha Portuguesa 2%. Tal como se verifica no Gráfico 12, em valores absolutos. Gráfico 12 Apoios Institucionais 120 106 100 80 60 40 20 2 2 2 0 Cáritas St. Casa M. Cruz Vermelha Não tem apoios 89 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Boa cobertura dos médicos de família, não tendo sido detectado qualquer problema no acesso aos serviços de saúde. Saúde Quanto à saúde 85% dos inquiridos asseveraram ter médico de família e 15% afirmaram não ter, este valor encontra-se mais uma vez relacionado com o fluxo de jovens estudantes Gráfico 13. Gráfico 13 Médico de Família 95 100 80 60 40 17 20 0 Sim Não No que concerne a gastos com medicamentos pelos inquiridos, 27 pessoas responderam não ter, 20 não sabem quanto gastam. Daqueles que declararam despender encargos na saúde, 50% aprestam valores inferiores a 150€ mensais, como se poderá verificar 14 em valores absolutos. Gráfico 14 Gastos na Saúde 30 27 25 24 23 20 20 15 10 7 5 3 2 1 1 0 <50 51-100 101- 151- 201- 251- >300 Não Não tem 150 200 250 300 Sabe gastos Os gastos mensais na saúde, para o grupo que admitiu despender, rondam valores até os 150€ mensais. 90 Página No que se refere a doenças crónicas, e aqui ressalva-se o facto de se ter questionado aos inquiridos se tinham ou não alguma doença crónica, cerca de 62 pessoas responderam
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 não padecer de qualquer doença crónica e 50 atestaram sofrer de patologias que se encontram representadas no Gráfico 15. Gráfico 15 Doenças Crónicas 70 62 60 50 40 30 23 20 9 10 6 6 6 0 Diabet es Cardí aca Asma Ost eoporose Out r as Não Tem Doenças No que respeita a incapacidades gerais, 67 pessoas afirmaram não sentir qualquer dificuldade ou incapacidade, mas 45 afirmaram sofrer de alguma incapacidade, tal como demonstrado no Gráfico 16. Gráfico 16 Incapacidades 2; 4% 8; 18% 17; 38% 13; 29% 3; 7% 2; 4% Incapacidade Locomoção Pessoas acamadas Necessidade de cadeira de rodas Dificuldades Transpor lanços Escadas Dispositivos de compensação Outras Incapacidades Dos inquiridos 40% afirmaram sofrer de alguma incapacidade, principalmente dificuldade de locomoção e de transposição de lanços de escadas. Mobilidade urbana Quanto à mobilidade a maioria dos inquiridos (60%) responderam não ter automóvel, em 91 oposição a 40% que afirmaram ter automóveis, como se poderá verificar no Gráfico 17. Página Gráfico 17
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Nº de Automóveis 29; 26% 67; 60% 16; 14% 1 Automóvel 2 Automóvel Não tem Relativamente ao meio de transporte utilizado na cidade intramuros, Gráfico 18, 92% declararam andar a pé, 6% utilizam os transportes públicos e 2% utilizam os próprios automóveis ou algumas das vezes são os filhos que transportam os pais, situações que se encontra relacionada com problemas de saúde e dificuldade de deslocação mesmo a pé. Gráfico 18 M eio de deslacação mais utilizado 2; 2% 7; 6% 103; 92% Automóvel Autocarros Pé Conclui-se que os inquiridos apresentam hábitos saudáveis e positivos para o ambiente, pois as formas de locomoção privilegiadas são as deslocações a pé e os transportes públicos. Habitação Quanto à função da habitação encontra-se distribuída entre habitação permanente e segunda habitação, esta última relacionada com de deslocações de estudantes que arrendam casas perto da universidade, tornando-se estas segundas habitações uma vez que o endereço oficial destes jovens continua a ser a casa de seus pais. Como tal, maioritariamente as casas são habitações permanentes, Gráfico 19. 92 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 19 Função de Habitação 6; 5% 106; 95% Habitação Permanente Segunda Habitação Quanto ao vínculo contratual da habitação, maioritariamente as casas são arrendadas 53%, seguindo a situação de casa própria 43%, e a habitação cedida 4%, esta última associada a questões familiares em que um membro da família disponibiliza uma sua habitação para usufruto de um outro familiar, Gráfico 20. Gráfico 20 Tipo de Vínculo 4; 4% 48; 43% 60; 53% Própria Arrendada Cedida Entre os indivíduos em situação de arrendatários verificou-se que quanto ao contrato propriamente dito, Gráfico 21, em 65% dos casos os inquiridos afirmavam ter contratos ilimitados, seguindo-se os indivíduos que afirmaram não ter nem contrato nem recibos 15% e logo depois os que asseveraram não ter contrato mas terem recibos 10%. Os contrato com prazo determinado obtiveram 7% das respostas, sendo que 3% dos inquiridos que não sabia qual o tipo de contrato que tinha estabelecido. Verificou-se que a situação de não terem contrato, nem recibos, tinha particular incidência na população universitária. 93 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 21 Tipo de Contrato 4; 7% 2; 3% 9; 15% 6; 10% 39; 65% Sem Contrato/Sem Recibo Sem Contrato/Com Recibo Contrato Ilimitado Contrato com prazo determinado Não sabe A maioria dos inquiridos é arrendatária. Quanto aos anos de celebração de contrato verificou-se que 66% dos casos eram contratos com mais de vinte anos, havendo ainda um valor considerável, 23%, de contratos recentes, com menos de cinco anos, mais uma vez associados à população mais jovem, Gráfico 22. Gráfico 22 Anos de Vínculo 9; 10% 21; 22% 22; 23% 11; 12% 31; 33% <5 6-20 21-40 41-60 >60 No que se refere ao valor da renda, verificou-se que 63% da população paga rendas de valores inferiores a 100€, associadas aos contratos mais antigos. E no outro extremo, mas também com alguma representatividade, 18% têm rendas superiores aos 301€, Gráfico 23. 94 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 23 Valor da Re nda 10; 18% 3; 5% 27; 50% 4; 7% 1; 2% 7; 13% 3; 5% <50 51-100 101-150 151-200 201-250 251-300 >301 Concluindo-se que, as rendas de baixo valor estão associados a vínculos contratuais B antigos, sob forma de contratos ilimitados e as rendas de elevado valor estão e associadas a vínculos contratuais mais recentes sob forma de vínculos sem contrato n s e sem recibos, maioritariamente. d e Conforto No que se refere a bens de conforto todos os inquiridos afirmaram ter fogão, frigorífico e televisor. No que toca a esquentador 3 afirmaram não ter, 7 asseveraram não ter máquina de lavar roupa e 1 declarou não ter telefone fixo ou móvel. Quanto aos computadores cerca de 64 pessoas afirmaram não ter, Gráfico 24. Gráfico24 Bens de Conforto 120 112 112 112 109 111 105 100 80 60 48 40 20 0 o or ar ne Tv o do r gã ad av fo ric Fo nt .L le rif ta ue aq Te go pu sq M Fi om E C Relativamente a condições de conforto e salubridade constatou-se que todos os inquiridos 95 afirmaram ter água canalizada, saneamento básico e electricidade. Que 7 pessoas afirmaram não ter casa de banho completa, apontando para a falta de uma banheira ou Página duche, e 5 pessoas afirmaram não ter cozinha completa, nem as mínimas condições para cozinhar, Gráfico 25.
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 25 Bens de Conforto e Salubridade 112 112 112 112 110 108 107 106 105 104 102 100 Água Saneamento Electricidade Casa de Cozinha Canalizada Básico Banho Operacional Quanto às patologias no edifício, e aqui foi questionado se os inquiridos identificavam problemas ao nível da água canalizada, saneamento básico, electricidade, estrutura e outros. Dos inquiridos 82% afirmaram não identificar qualquer problema relevante, todavia 18% apontava para problemas de salitre, degradação da casa, caixilharia, etc., Gráfico 26. Gráfico 26 Patologias 20; 18% 92; 82% Sim Não O Centro Histórico No que se refere ao Centro Histórico propriamente dito, foram realizadas uma série de questões que nos permitiram ver a identificação dos residentes com este território, as redes solidariedades locais e as necessidades e potencialidades deste de acordo com a opinião da própria população. Assim relativamente, ao prazer de viver no Centro Histórico de Évora 97% afirmou ter gosto em viver neste local e, apenas, 3% atestou que não gostava, Gráfico 27. 96 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 27 Prazer em M orar no Ce ntro Histórico 3; 3% 109; 97% Sim Não Pela forma como os inquiridos respondiam a esta questão de forma muito reactiva e defensiva, podemos aferir que há um sentimento de orgulho e de pertença associado a este espaço. Quando questionados se mudariam ou não para um novo local nove pessoas responderam afirmativamente, destas uma apenas desejava sair do Centro Histórico e as restantes 8 desejavam sair mesmo da cidade de Évora, deslocando-se sobretudo para o local de onde são naturais, Gráfico 28. Gráfico 28 Local de Mudança 1; 11% 8; 89% Fora Muros Cidade Relativamente aos principais problemas sociais apontados nesta freguesia, os inquiridos responderam principalmente pobreza (20%), a degradação habitacional (14%), com valores equivalentes doença e o isolamento/abandono dos idosos (11%), entre outras problemáticas como se poderá verificar no Quadro W. 97 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Quadro W Problemáticas Apontadas Nº % Pobreza 39 20 Isolamento/Abandono 22 11 Doença 21 11 Degradação Habitacional 28 14 Desemprego 11 6 Toxicodependência 5 3 Violência Doméstica 4 2 Envelhecimento População 17 9 Maltrato 1 1 Alcoolismo 9 5 Desertificação 1 1 Exclusão Social 4 2 Baixa Qualificação Escolar 3 2 Desemprego 1 1 Problemas psicológicos e/ou mentais 1 1 Não sabe 2 11 Foram identificados como principais problemas da Sé/São Pedro, por ordem decrescente: a pobreza, a degradação habitacional, doença e isolamento/abandono dos idosos. Quanto aos equipamentos sociais, 58% acharam que eram insuficientes face as necessidades da população, 21% admitiram ser suficientes os existentes, assim como, 21% não sabiam responder, Gráfico 29. Gráfico 29 Equipamentos Sociais 21% 21% 58% Suficientes Insuficientes Não Sabe Daqueles que responderem ser insuficientes os equipamentos existentes 48% não sabiam o que fazia falta, nos que apontaram possíveis respostas: 39% indicavam a área da 3.ª idade, 12% área da terceira idade e infância e 1% apenas infância, Gráfico 30. 98 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 30 Área de Necessidade de Equipamentos Sociais 44; 39% 54; 48% 1; 1% 13; 12% 3º Idade Infância Infância e 3º Idade Não Sabe Quanto aos equipamentos sociais houve uma clara manifestação de maior necessidade destes, sendo os equipamentos de apoio à população envelhecida aos mais indicados como necessários. No que toca às redes de apoio em situações de emergência ou necessidade, 71% dos inquiridos afirmaram procurar a família, 11% socorrem-se nos vizinhos, 10% pedem apoio a amigos e 8% procuram instituições, Gráfico 31. Gráfico 31 Rede de Apoio 11; 10% 12; 11% 9; 8% 80; 71% Amigos Vizinhos Instituições Famílias Embora os inquiridos afirmassem, na sua maioria, que procuravam apoio/auxílio na família, esta foi a freguesia em que mais se indicou os amigos como rede de apoio e solidariedade. Quanto à participação de eventos, 76% das pessoas responderam não participar em 99 qualquer evento, 20% participam em cultos religiosos, 4% participam nos eventos que a Junta de Freguesia promove, Gráfico 32. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 32 Participação em Eventos 22; 20% 5; 4% 85; 76% Cultos Religiosos Eventos Junta de Freguesia Não Participa em nenhum evento Mesmo, quando questionados se tem alguma participação enquanto sócios de associações, colectividade ou outros, 71% afirma não pertencer a qualquer colectividade ou associação, e 29% afirma ser sócio de alguma entidade, Gráfico 33. Gráfico 33 Participação enquanto Sócios 32; 29% 80; 71% Sócio Não Sócio Embora a maioria dos inquiridos, não participe em qualquer evento, o que revela que há muita pouca dinâmica social, cultural e associativa nesta população. Esta foi a freguesia houve se registou maior número de dinâmica associativa. Relativamente ao local onde normalmente efectuam compras, Gráfico 34, 39% declararam comprar quer no comércio tradicional, quer nas grandes superfícies, 33% restringe as suas compras ao comércio tradicional e 28% efectua compras somente nas grandes superfícies. 100 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 34 Local Compras 31; 28% 44; 39% 37; 33% Comércio Tradicional e Grandes Superfícies Comércio Tradicional Grandes Superfícies Quanto à ocupação dos tempos livres 19% afirmaram passear e ler, 13% vêem televisão, e 9% fazem as suas tarefas domésticas, entre outros como se poderá verificar no Gráfico 35. Gráfico 35 Ocupação dos Tempos Livres 21; 16% 27; 19% 17; 13% 12; 9% 4; 3% 6; 4% 1; 1% 25; 19% 8; 6% 8; 6% 5; 4% Passear Tarefas Domésticas Trabalhos Manuais Apoio Família/Cuida netos Conviver Vizinhança Desporto Ler Internet/Computador Descansar Ver Tv Não responde A ocupação de tempos livres é vivida de forma isolada, mas remete para actividades mais recreativas e culturais, como passear e ler. No que respeita aos aspectos positivos de morar no Centro Histórico de Évora foram apontados as seguintes aspectos registados no Quadro X, entre estes destacam-se a proximidade dos serviços/comércio 49%, as deslocações a pé 10%, a vizinhança 8%, entre outras. 101 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Quadro X Aspectos Positivos V.A. % Proximidade Comércio/Serviços 83 49 Vizinhança 14 8 Segurança 8 5 Sossegado 7 4 Beleza/Monumentos 10 6 Deslocações a Pé 17 10 Linha Azul 7 4 Renda Baixo Valor 3 2 Proximidade Família 3 2 Diversão Nocturna 2 1 Gosta de Tudo 3 2 Não sabe 12 7 Também nesta freguesia, o factor positivo mais apontado de morar no Centro Histórico foi a proximidade do comércio e serviços, o que deve ser considerado em qualquer exercício de intervenção e reabilitação deste espaço. Os aspectos negativos apontados de relevância verifica-se que 16% apontaram a falta de estacionamento, 14% dos inquiridos não encontraram aspectos negativos, 12% indicaram o barulho resultante dos estabelecimentos nocturnos e o abandono/degradação casas, entre outras situações apontadas como se poderá verificar no Quadro Y. Quadro Y Aspectos Negativos V.A. % Barulho Bares 16 12 Falta de Espaços verdes/Desportivos 2 1 Abandono/Degradação Casas 12 12 Desertificação/Isolamento pessoas e comércio 14 10 Estacionamento 22 16 Falta limpeza ruas/dejectos caninos 9 7 Trânsito 12 9 Calçada 9 7 Falta de Hipermercados 4 3 Não tem 19 14 Não sabe 16 12 Os aspectos negativos mais apontados foram: a falta de lugares de estacionamento, o barulho dos estabelecimentos nocturnos e o abandono/degradação das casas. Quanto às sugestões de actividades para a Junta de Freguesia, 43% afirmou não ter 102 nenhuma sugestão, 29% declarou não sentir necessidade, pois achavam que a oferta existente era suficiente, e entre as mais apontadas encontram-se mais actividades recreativas, desportivas e de ocupação tempos livres para crianças e idosos, como se Página poderá ver Gráfico 36.
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 36 Sugestões Actividades 8; 7% 33; 29% 12; 11% 11; 10% 48; 43% OTL Crianças e Idosos Recreativas Desportivas Não Sabe Não sente necessidade Entre os pedidos endereçados à Junta de Freguesia, que os inquiridos julgavam ser importantes para melhorarem a sua vida, embora 52% dos inquiridos não lhe ocorresse nada, entre os que efectivamente tinham pedidos, os mais evidentes foram: o pedido de apoio económico e social 25%, apoio na conservação e recuperação de casas 11% e apoio aos jovens 6%, assim como outros indicados tal como podemos verificar no Quadro Z. Quadro Z Pedidos à Junta de Freguesia V.A. % Não sabe 43 52 Regular actividade dos bares 1 1 Criar de Espaços Verdes/Desportivos 1 1 Apoio na Conservação e Recuperação de Casas 9 11 Apoio Jovens 5 6 Criar mais estacionamento 2 2 Apoio económico/social 21 25 Gosta Atendimento Junta 1 1 Limitações Orçamentais 1 1 Embora, cerca de metade dos inquiridos não soubessem em que medida é que a Junta de Freguesia poderia fazer para melhorar a sua vida, novo indicador de falta de participação cívica; o pedido mais frequente é apoio económico e social. 3.ª Idade Quanto à 3º Idade e verificado que grande parte dos inquiridos tinha idades iguais ou superiores a 65 anos, julgou-se ser importante perceber as dinâmicas desta população em particular. No que respeita à frequência de equipamentos para a 3.ª Idade apenas 12 dos inquiridos se encontravam a frequentar estes equipamentos, Gráfico 37. 103 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Gráfico 37 Frequência Equipamentos 12; 11% 100; 89% Frequenta Não Frequenta Quanto a inscrições nestes equipamentos, em toda a amostra havia 6 pessoas inscritas, Gráfico 38. Gráfico 38 Incrição Equipamento 6; 5% 106; 95% Inscrito Não Inscrito A todas as pessoas que participaram no questionário também lhes foi perguntado se tinham algum familiar a residir na freguesia, e 24% responderam afirmativamente, Gráfico 39. Gráfico 39 Família a Residir no Centro Histórico 27; 24% 104 85; 76% Página Residente Não Residente
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 E quando inquiridos sobre se mantinham contacto com familiares, que poderiam ir para além dos residentes na freguesia, surpreendentemente 4% afirmou não ter qualquer contacto com familiares, mesmo telefónicos, Gráfico 40. Gráfico 40 Contacto Família 4; 4% 108; 96% Não tem Contacto Mantém Contacto Mais de metade dos inquiridos não frequentavam e nem se encontravam inscritos em qualquer equipamento para a população mais envelhecida e não tem familiares a residir no Centro Histórico. Sendo que dos inquiridos 4% não mantém qualquer contacto com familiares. Contudo, esta foi a freguesia que em que mais frequentavam valências como Centro de Convívio. Tal como já enunciado não foi possível constituir uma amostra da população da freguesia da Sé/ São Pedro, portanto todas as conclusões apresentadas em baixo são válidas no âmbito de serem ilações sobre os inquéritos feitos, contudo, face ao universo são em facto uma projecção de prováveis características desta população. 105 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Principais conclusões: Há uma perda de população no Centro Histórico de Évora, o que tem conduzido a uma desertificação física e humana deste espaço; A população inquirida apresenta uma média de idades igual a 57 anos e a idade média dos agregados situa-se nos 57 anos de idade; Os agregados familiares apresentam entre a população tendencialmente envelhecida, pois, as faixas etárias superiores aos 65 anos situa-se nos 40%, quase em igualdade 38% situa-se a população menor de trinta anos, contudo, a população entre os 31 e os 64 anos corresponde a 22% dos inquiridos, o que aponta para uma população envelhecida; 58% dos inquiridos vivem em núcleos familiares compostos por duas ou mais pessoas, e 36% dos indivíduos moram sozinhos; 47% dos elementos do agregado familiar só têm o 1º ciclo do ensino básico, 14% são licenciados, 13% frequentam a universidade, o que aponta para baixas qualificações escolares na população mais envelhecida, em contraposição como segundo maior grupo os licenciados; 29% dos agregados familiares são trabalhadores não qualificados, 22% são trabalhadores das áreas de serviço e vendedores, o que induz a melhoria na qualidade de mão-de-obra, mas que mantém em maioria precariedade laboral; 38% dos inquiridos mantém-se no activo e 36% são reformados, 50% apresentavam rendimentos superiores a dois salários mínimos nacionais, contrapondo os 24% que tem rendimentos de cerca de um salário mínimo nacional, que na sua maioria leva a uma situação de algum conforto económico; Dos inquiridos 49% afirmaram fazer maiores gastos na alimentação, 29% na saúde e 20% na renda/empréstimos; Quanto à habitação 53% dos ocupantes são arrendatários, na maioria com vínculos contratuais superiores a 20 anos e em 63% com rendas até aos 100€ mensais, portanto rendas baixo valor associadas a vínculos contratuais antigos; Contrapondo-se aos contratos de arrendamento mais recentes que apresentam valores entre os 300 e 350 € mensais, rendas de elevados valor associado a vínculos contratuais mais recentes; Quanto às condições de conforto e salubridade 7 pessoas asseveraram não ter casa de banho completa e 5 afirmaram não ter cozinha operacional, indica más condições de habitabilidade, assim como, 3 pessoas afirmaram não ter esquentador, 7 declararam também não ter máquina de lavar e 4 atestaram não ter telefone apontando para falta de bens de conforto; 98% dos inquiridos gostam de viver no Centro Histórico, muitas vezes associada a uma ideia de romantismo e orgulho, associado forte pertença; Os aspectos positivos do Centro Histórico residem principalmente na proximidade serviços/comércio (49%), facilidade das deslocações a pé (11%) nas relações de vizinhança (8%); Os aspectos negativos 19% afirmaram que não encontravam aspectos negativos, entre os que apontaram (16%) indicaram a falta de lugares de estacionamento, 12% barulho dos estabelecimentos nocturnos e abandono/degradação parque habitacional; E quanto às problemáticas sociais predominantes são apontadas a pobreza (20%), a degradação habitacional (14%) e o isolamento/abandono dos idosos e doença (11%) como os principais problemas da freguesia; A família e a vizinhança funcionam nesta comunidade como a rede de apoio de 106 solidariedade local, havendo apenas 8% dos inquiridos a procurar instituições em situações de necessidade ou emergência; 59% dos inquiridos não participa em qualquer evento, o que indica não Página participação dinâmicas culturais, mesmo perante este cenário 15% sugerem mais actividades;
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 As ocupações dos tempos livres são vividos de forma muito isolada uma vez que 65% das actividades realizam-se dentro de casa e apenas 35% dos inquiridos apresentam actividades sociais, apoio à família, convivência com os vizinhos, passeios o que aponta para não participação em dinâmicas sociais; Quanto aos pedidos a fazer à Junta de Freguesia, um dado importante e que deve ser interpretado é que 52% dos inquiridos não sabia em que é medida é que junta poderia melhorar a sua condição de vida e 25% aludiram para a necessidade de apoio económico e social. 107 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Análise S.W.O.T. de Sé/São Pedro: A análise S.WO.T. resulta numa análise estratégica através de quatro elementos chave. Pontos Fortes Pontos Fracos Envelhecimento da população Proximidade de serviços e Não renovação do tecido comércio social Questões da vizinhança Especulação imobiliária População universitária Ameaças Oportunidades Novo Quadro Comunitário – Desertificação física e QREN humana da freguesia Sentimento de orgulho e de Emergência territórios de pertença associado à cidade risco social 108 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Instituições: As entidades presentes no Quadro AA encontram-se localizadas na Freguesia da Sé/ São Pedro. Quadro AA Instituição Resposta Social Nº de Utentes Associação da Creche e Creche 108 Jardim-de-infância Pré-Escolar 155 ATL C/A 40 Associação Humanidade e Centro de Convívio 30 Respeito pelos Idosos de Évora Associação Reformados e Centro Convívio 40 Pensionista e Idosos de Évora Santa Casa da Misericórdia de Creche 44 Évora Apoio Domiciliário 114 Cáritas Centro de Ocupação Tempos ---- Livres IPJ Apoio jovem ------ Associação de Estudantes da Apoio jovens universitários de ------ Universidade de Évora Évora Fundação Eugénio de Almeida ------ Hospital Espírito Santo Saúde ------- Polícia Segurança Pública Segurança ------ Fonte: Centro Distrital da Segurança Social de Évora, 2007; http:///www.cm-evora.pt; Santa Casa da Misericórdia. 109 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Análise Social da Freguesia da Sé/São Pedro: Os inquéritos realizados na freguesia da Sé/São Pedro não foram suficientes para construir uma amostra representativa, contudo poderemos retirar algumas ilações do contacto com a população e a observação directa, acabou por contribuir para um olhar mais atento e mais profundo sobre as dimensões psico-sociais que compõe esta. Os dados apurados nesta freguesia indicam a existência de uma população envelhecida, que vive na sua maioria em núcleos familiares, compostos por três ou duas gerações, contudo 36% dos indivíduos vivem sozinhos, apresentam predominantemente baixas qualificações escolares, havendo em oposição um segundo grupo de licenciados, melhoria da qualidade da mão-de-obra face às outras freguesias, maioria apresenta algum conforto económico. A área de maiores gastos foi a alimentação, deferentemente das outras freguesias, arrendatários, alguns com falta de condições de habitabilidade e bens de conforto, e onde a família e a vizinhança desempenham um importantíssimo recurso, pois constituem a rede de solidariedade local. A questão social nesta freguesia coloca-se ao nível do envelhecimento da população e do apoio aos jovens estudantes universitários, a reflexão aqui apresentada irá centrar-se nestas temáticas. Embora, os inquiridos desta freguesia apresentassem uma melhor situação económica e social, caracterizado pela sociedade média e média/alta, manteve-se o factor do envelhecimento populacional e os baixos índices de participação cívica, exercícios ainda pouco frequentes neste tipo de população. Portanto, a questão do envelhecimento não está tão relacionada com pobreza na sua dimensão económica, como nas outras freguesias, mas com a falta de participação nas dinâmicas sociais, culturais e associativas. Contudo, foi nesta freguesia que se observou maior número de jovens casais universitários, isto deve principalmente ao facto de ser a freguesia que acolhe a Universidade e ser o primeiro espaço da cidade que recebe estes jovens. O contacto com estes jovens permitiu a conclusão da existência, segundo estes mesmos, de dois ciclos da cidade intramuros, associados aos fluxos de jovens estudantes e a uma maior animação nocturna verificada durante o ano lectivo, em oposição aos fins-de-semana e férias lectivas. Estes jovens casais indicaram gostar mais do ciclo em que encontram outros jovens, portanto do ano lectivo. Outro facto, também verificado nesta freguesia foi o pedido de apoio aos jovens, relacionado com a inserção no mercado de trabalho e a procura de melhores habitações e a preços mais acessíveis. Neste momento a procura desta freguesia e do próprio Centro Histórico, por estes jovens, como parque habitacional funciona através de um processo pouco organizado e voluntário. A Junta de Freguesia poderá desenvolver um importante papel no desenvolvimento deste processo, apoiando e acompanhando as necessidades desta população, em particular. 110 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Propostas: As acções a desenvolver deverão passar pelas lógicas do desenvolvimento social e comunitário, o sentimento de pertença, a identidade colectiva tão profundamente enraizada deve ser aproveitada no sentido de desenvolver lógicas de participação e de cidadania. É aqui que, também, esta Junta de Freguesia tem um importante papel, de promotor destas lógicas, envolvendo entidades parceiras e população em novos projectos, e criando e agilizando novas respostas de apoio à comunidade. Atendendo às principais conclusões deste estudo, propõe-se as seguintes acções: Apoio à implementação de uma UNIVA – Unidade de Inserção na Vida Activa, destinada à população universitária, procurando apoiar a inserção no mercado de trabalho, através de vínculos contratuais ou estágios com empresas da região. Estabelecendo acordos com as indústrias e serviços da região potencializando estes recursos humanos em recursos capazes de capitalizar riqueza e desenvolvimento social; Apoiar a população mais jovem, através abertura de um de espaço de leitura e acesso à Internet; Fomentar a abertura de pequenos cursos, em parceria com a Associação de Estudantes e a própria Universidade de Évora, dirigidos a imigrantes e jovens estudantes, que permitam o enriquecimento curricular e uma melhor recepção desta população. 111 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 112 REFLEXÃO FINAL SOBRE O CENTRO HISTÓRICO Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 O Centro Histórico de Évora é composto pelas três freguesias estudadas Santo Antão, São Mamede e Sé/S. Pedro, sendo o maior centro histórico do país, com cerca de 104 hectares, é o centro de vitalidade desta cidade, onde a esfera privado do parque habitacional e a esfera pública composta pelo comércio, diversos serviços e universidade procuram conviver em equilíbrio. Sendo património mundial a importância deste espaço é primordial para o desenvolvimento do turismo e da economia local, e devido a esta designação urze a necessidade de ser analisado sobre diversas perspectivas que se deverão complementar, pois, este Centro Histórico é a porta do passado onde se deslumbra o futuro do povo eborense. Quando somos acolhidos por esta cidade somos assombrados pela sua beleza e riqueza arquitectónica, resultado de um passado repleto de grandes momentos. Somos facilmente levados numa viagem pelo tempo, pela história de Portugal, de que a calçada, praças e ruas são testemunhas. Quando compenetrados na lição viva de história que Évora é fruto, somos também obrigados a indignar que povo é este cheio de coragem e valentia que procurou rumar sempre ao futuro, e que nos legou um património talvez mais grandioso que o edificado, os seus filhos, a comunidade que faz a cidade. O presente trabalho assenta na segunda perspectiva sobre a cidade, procurando conhecer a comunidade intramuros, as suas vivências, práticas, solidariedades, etc., não tem a audácia de se intitular de estudo sociológico, mas é sem dúvida social. Este Centro Histórico já foi alvo de alguns estudos, entre os quais um realizado pela Câmara Municipal de Évora 2000/2001 (Mourão: 2001, s/p), que incidiu sobre as condições de habitabilidade neste espaço, atingiu uma amostra entre 38% aos 26% nas freguesias intramuros, e que chegou a algumas ilações sobre traços gerais da comunidade que passamos a enunciar: Desde 1940 que a população Centro Histórico tem vindo a decrescer, sendo que este se deve ao envelhecimento da população e à deslocação da população para a cidade extra-muros; Não há renovação do tecido social e existe um acentuado envelhecimento; A população subsiste com recursos económicos muito baixos – 35% dos inquiridos de uma base amostra apresentavam um rendimento inferior a um salário mínimo nacional; Predominância do inquilinato; Patologias identificadas em cozinhas, casas de banho e arejamento/ventilação, na ordem dos 25%; Capacidade de utilização habitacional de alguns edifícios esgotou-se, ficando estes devolutos ou sujeitos a alterações de uso – 278 edifícios devolutos e em mau estado de conservação. Foi perante este cenário que se construíram instrumentos de análise da comunidade e que se procurou inquirir a máximo de pessoas possíveis no tempo exigido, concluindo-se este diagnóstico chegou-se a surpreendentes inferências, podendo estas ser divididas em três grandes temáticas que serão aqui apresentadas: existência de diferentes identidades locais; o envelhecimento na sua dimensão sócio-económica e a emergência de territórios de risco. A primeira conclusão e talvez uma das mais surpreendentes é o facto de se ter verificado que cada freguesia apresenta uma comunidade diferente, isto é, embora se possa construir dimensões que são transversais a todas freguesias, no que respeita às redes de 113 solidariedade, que são a malha de protecção de cada indivíduo, há diferenças, ao ponto de se construírem diversas identidades locais. Para percebermos melhor isto, devemos antes de mais definir o conceito de comunidade, Manuel Castells afirma que “as pessoas Página socializam-se e interagem no seu ambiente local, seja ele a vila, a cidade, o subúrbio, formando redes sociais entre os seus vizinhos” (2003:72), estas redes constroem
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 identidades locais repletas de significados e reconhecimento social. E funcionam como barreiras de defesa e de reacção, asseverando ainda o autor que “subitamente indefesas diante de um turbilhão global, as pessoas agarram-se a si mesmas: qualquer coisa que possuíssem, e o que quer que fossem, transformou-se na sua identidade” (ibidem). Através da observação e dos questionários constatou-se que, por exemplo, na freguesia de São Mamede de um modo geral existe uma só comunidade bem definida, as festas de Santo António que partem de um movimento popular, a elevada participação nos eventos promovidos pela junta de freguesia, e repetitivos episódios de no momento da realização dos questionários à população vizinhos aparecerem com frequência e algum ar de suspeição, a questionarem o nosso papel, são disto exemplo. Olhando-se para o percurso histórico da comunidade percebemos que nesta freguesia se localizava a mouraria, local onde residiam os mouros e que não eram mais do um espaço de exclusão, o ghetto da cidade. Portanto era um espaço que não tinha prestígio, menos nobre, e onde no decurso da história se alojaram sempre os pobres e os “desgraçados”, com demarcadas ruas de prostituição. A comunidade que aqui residiu e reside desenvolveu formas de defesa e de reacção perante este estigma, talvez não de forma organizada, mas consciente, e a sua elevada participação, o exercício de cidadania são disto resultado. Já a freguesia de Sé/São Pedro e Santo Antão no que respeita a estas redes de solidariedade locais apresentam pequenos nichos, compostos essencialmente por vizinhos, e que funcionam como agentes minimizadores de riscos sociais e que muitas vezes facilitam o sentido de envelhecer, permitindo maior acompanhamento. Contudo, nem toda a população tem estas redes, por exemplo em Santo Antão 16% dos inquiridos responderam que em situações de emergência recorrem às instituições locais, o que é revelador do isolamento que experienciam. Estas situações agudizam com o facto de, e nesta freguesia em particular, 10% dos inquiridos afirmarem que não mantêm contacto com as suas respectivas famílias. A presença destes pequenos nichos, ou a não existência em todo destes mesmos, mudam a percepção de identificação de comunidade. Se o indivíduo se encontra numa situação de isolamento não identifica a sua comunidade, não participa, não se envolve, desencadeando um processo de risco social, de vulnerabilidade societal que pode terminar em situações de exclusão social. As situações de isolamento adquirem uma preocupante dimensão com o envelhecimento da população e o natural aumento de dependência. Nas sociedades contemporâneas, o substancial aumento da esperança de vida verificado durante o século XX, associado às profundas mudanças societárias que para ele ocorreram, fez emergir o envelhecimento e a velhice como questão social, as freguesias do Centro Histórico não fogem a esta realidade. Procurando reflectir sobre a realidade social destas freguesias é incontornável pensarmos sobre o envelhecimento. O envelhecimento é uma consequência das mutações sociais e económicas, houve um recuar da morte e os velhos ficaram cada vez mais velhos, experienciam uma vida adulta cada vez mais prolongada, marcada pela coexistência da diversidade e complexidade de papéis. A gestão de papéis no tempo e a gestão do tempo na gestão das idades apresentam-se hodiernamente com dados novíssimos da nossa experiência humana (Quaresma: 2005,5). Koffi Annan (1999:s/P) afirmou sobre a temática do envelhecimento que “ o aumento da 114 longevidade está a criar uma nova fronteira para a humanidade, a ampliar as nossas perspectivas mentais e físicas. Os idosos dos nossos dias são, em muitos aspectos, pioneiros. Fazendo jus a este espírito foram inovadores, catalisadores e condutores de Página muitas iniciativas levadas a cabo durante o Ano. Ao fazerem-no, ajudaram-nos a preparar
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 para uma vida mais segura, mais saudável e mais rica para muitas gerações de idosos que virão depois deles”. As actuais gerações de idosos são as primeiras a experimentar estas mudanças, estão a sofrer impactes por elas não esperados, mal conhecidos e, muitas vezes, socialmente distorcidos ou denegados por forças das representações negativas da velhice (Quaresma:2005,5). Esta fase da vida deve perder a sua conotação tão negativa e depreciativa, a velhice não é opaca, a integração é um contínuum na existência dos indivíduos, há um manancial de novas experiências, de potencialidades. Contudo, há riscos também associados a esta fase da vida, riscos sociais, ambientais e de saúde, de isolamento, de solidão, incapacidades e de exclusão. Mas estes riscos devem ser reconhecidos e estudados, e deve-se procurar formas de combate a estes mesmos. O que acontece no Centro Histórico de Évora não é diferente desta realidade, a população é caracteristicamente envelhecida; o isolamento, solidão, pobreza e a exclusão social também se encontram presentes nesta população, tal como verificado em cada freguesia. A respeito da solidão Bernadette Puijalon (Quaresma:2003,10) afirmou “ pode-se estar isolado ou ter um sentimento de solidão em qualquer idade, como escreveu Emmanuel Lévinas «A solidão é uma categoria do ser», no entanto, quem diz velhice não diz forçosamente solidão, mas mesmo para aqueles que não a conhecem, nesta idade, ela é um horizonte temido”. O sofrimento dos mais idosos quando causado pela solidão, é considerado por muitos, como a mais penosa e problemáticas situações de vida a que se torna necessário responder. O isolamento e a solidão foram diversas vezes verificadas neste diagnóstico social, para isto muito tem contribuído a desertificação do Centro Histórico, o êxodo rural dos descendentes dos idosos intramuros e o desaparecimento da vizinhança. O enfraquecimento das redes de solidariedade, das relações de vizinhança, de onde emergiam um verdadeiro suporte, que satisfaziam aquilo a que Marshal define como necessidades sociais, importantíssimas para se atingir o bem-estar pessoal e social, que mesmo em casos de dependência proviam e garantiam algum conforto, levou à vivência de isolamento e solidão. Podendo-se concluir que a população intramuros apresenta alguma vulnerabilidade societal nesta âmbito e que deve ser urgentemente equacionada. Quanto ao fenómeno da pobreza, é reconhecido que certas categorias da população são particularmente vulneráveis, que entre os pobres em número significativo podemos encontrar, desempregados de longa duração ou jovens à procura do primeiro emprego, famílias monoparentais, certas minorias étnicas, e sobretudo deficientes e idosos com recursos insuficientes para lhes assegurar um nível de vida acima dos limiares de pobreza (Almeida et all, 1992:11). Os baixos montantes dos subsídios recebidos pela grande maioria dos idosos – pensões de reforma, de invalidez e de sobrevivência – fazem com que a incidência da pobreza ou da vulnerabilidade à pobreza sejam grandes nesta categoria. Em termos comparativos, em qualquer um dos regimes de Segurança Social e para qualquer das pensões atribuídas, os respectivos montantes não ultrapassam o salário mínimo nacional. E a inexistência, na maior parte dos casos, de rendimentos alternativos, leva a que a duração das situações de pobreza nesta população seja longa, acompanhando praticamente o próprio ciclo de vida dos pensionistas, e torna altamente improvável que escapem à situação de precariedade. 115 Esta realidade, pelas amostras construídas, aparece mais gravosa em Santo Antão, seguindo-se São Mamede e, por último, Sé/S. Pedro respectivamente. Página Entre os idosos pensionistas Almeida et all (1992,69) identificaram dois tipos de perfis de pobreza, um relacionado com indivíduos que sempre tiveram baixos rendimentos e que a
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 situação da pensão não vem alterar em nada a situação anterior de pobreza, vindo apenas prolongar uma situação já existente, estando a diferença apenas na origem dos rendimentos recebidos. Para outros, é com a passagem à de pensionista que a pobreza tende a manifestar-se, já que essa mudança de estatuto pode significar, justamente, uma quebra sensível relativamente aos meios de vida de que dispunham antes. Estes últimos já vivam no limiar da pobreza e com a entrada na reforma deslizam para situações de pobreza efectiva. Encontramos assim dois tipos de situações, um referente à reprodução continuada de pobreza tradicional, e outro referente a um empobrecimento recente (Ibidem). Um factor que contribui de modo não desprezível para a fragilização das condições de vida dos idosos pensionistas é o das suas necessidades na área da saúde, no que toca particularmente à assistência médica e medicamentosa. A composição etária desta população faz com que as despesas de saúde sejam um dos maiores pesos no orçamento familiar, despesas, essas que só parcialmente são cobertas pelos esquemas de apoio social, e que têm sofrido ultimamente sérias reduções. Isto mesmo se verificou, a área da saúde foi a mais indicada como a área de maiores gastos na freguesia de Santo Antão e São Mamede. Outra característica da população idosa diz respeito à matéria de habitação, pois encontra- se caracterizado o facto de os idosos residentes nos centros urbanos, usufruem de rendas de casas antigas, cujos montantes, por terem estado congelados durante tantos anos, e mesmo apesar de se encontrarem descongelados, acabam por não ter um peso elevado nas despesas orçamentais do agregado familiar (Ibidem:70), também verificada nas freguesias intramuros. Pelos dados que o Diagnóstico Social apontou: a predominância de trabalhadores não qualificados, baixos rendimentos nos agregados familiares, à existência das figuras do homem “ganha-pão” e a mulher a zeladora do lar, a esperança média de vida ser maior nas mulheres torna a pobreza não só uma questão de classes sociológicas mas uma questão de género. Existem dificuldades intrínsecas em avaliar a pobreza, resultantes do facto de se tratar sempre de um conceito relativo no tempo e no espaço, são ainda acrescidas por referências os valores predominantes numa dada sociedade. São vários os domínios em que se pode verificar a pobreza, entre eles: condições económicas, condições de habitação, condições de saúde, educação, emprego e desemprego, a até sob a perspectiva do desenvolvimento social e comunitário pode ser acrescida a estas dimensões a redes de solidariedade, uma vez que estas são definidas como capazes de gerar riqueza e de colmatar situações de precariedade. Remetendo novamente para a análise do Centro Histórico podemos afirmar que a pobreza construí-se sobre variadas dimensões que podem co-existir ou não, e que iremos abordar seguidamente, exceptuando a dimensão económica uma vez que esta já foi previamente apresentada. No que concerne às condições de habitação “a situação de pobreza corresponde a uma falta de conforto habitacional derivada de elevados graus de insalubridade, de superlotação e de inadequação geral dos alojamentos” (Almeida et all, 1992:15). Acrescentaria a esta definição a existência de bens de conforto como frigorífico, fogão, 116 esquentador ou similar, máquina de lavar roupa e um telefono fixo ou móvel, essenciais para o bem-estar. Esta dimensão da pobreza está presente na população de cada freguesia, quer na falta de conforto habitacional, quer na falta de bens de conforto. É de Página realçar, que mesmo com os programas de apoio da Câmara Municipal para melhoria das condições de habitação, há ainda pessoas sem casa de banho completa e cozinhas. Isto
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 deve-se a um sentimento de resignação sobre a própria condição de vida, a um sentido muito restrito da esfera privada, não querendo muitas vezes os inquilinos “incomodar” como eles próprios definem os senhorios. As condições de saúde “relacionam-se com as desigualdades que se manifestam sobretudo por uma esperança de vida mais curta, maiores níveis de mortalidade infantil, menor consumo de serviços médicos e, simultaneamente, maior risco de contrair doenças” (Almeida et all, 1992:15). Quanto a esta dimensão grande maioria dos inquiridos asseveraram ter médico de família, portanto não há privação no acesso a estes serviços, o que ocorre é que a saúde foi a mais apontada ao nível dos gastos do orçamento familiar, havendo imensos idosos que chegam a gastar mais de metade dos seus rendimentos em medicamentos. Levando a uma autentica gestão de receitas, aviando apenas os mais urgentes, prejudicando não raras vezes a alimentação em detrimento dos medicamentos. Aqui novamente, a Câmara Municipal tem um importante papel através do Cartão do Munícipe Idoso, que tem vindo a aliviar estas situações. Na educação a pobreza encontra-se associada a níveis de escolaridade mais fracos e tardios, saídas precoces do sistema de ensino, e reprovações, tudo isto resultando numa maior proporção de analfabetos e de pessoas com muito baixa escolaridade. Esta também é a realidade da população intramuros, com baixas qualificações escolares, existência de número considerável de analfabetos, o que conduz a uma “mão-de-obra” não qualificada e à precariedade laboral. A ligação entre o desemprego e a pobreza é de identificação imediata e ainda mais significativa quando se trata de desemprego de longa duração ou de situações de trabalho meramente temporário. Ainda que por amostra pequena a existência em todas as freguesias de desempregados acentua as vulneráveis condições de vida, conduzindo à pobreza. A composição do desemprego caracteriza-se por uma elevada proporção de jovens à procura de primeiro emprego e de pessoa não qualificadas ou mesmo analfabetas, de onde resultam que um elevado número de desempregados não tem sequer qualquer direito a um subsídio de desemprego, enquanto outros o têm por períodos curtos de tempo (Ibidem). Distingue-se que apesar de ser incontornável abordar o envelhecimento e os riscos sociais associados a esta temática que se verificaram no território em análise, este não é por si um problema social. Na perspectiva de Maria Lurdes Quaresma (2007:52) o que constitui o “problema social é a ausência, insuficiência ou inadequação de respostas da organização social para o enfrentamento das necessidades naturais desses estratos da população (…) a inexistência de articulação das respostas com a sociedade civil e a necessidade de superação do desenho habitual das políticas sociais”. Paralelamente, ao risco de desertificação e de envelhecimento da população está a ocorrer a emergência de territórios de risco social, estes espaços urbanos desabitados, degradados, pouco povoados, começam a alojar outras problemáticas, que podem até não ser novas, mas são sem dúvidas preocupantes, a prostituição, marginalidade começam a adquirir maiores dimensões, perturbar a vida quotidiana dos habitantes, trazendo insegurança e problemas de vizinhança. Esta problemática deve ser acompanhada de imediato, de forma a não dominar estes territórios, devendo ser adoptada uma postura preventiva e defensiva do Centro Histórico, preferencial à reactiva. 117 Todavia, a recém Sociedade de Reabilitação Urbana, criada com base no Decreto-Lei n.º 104/2004, de 7 de Maio, destinada à reabilitação dos Centros Histórico é um organismo que deve ser utilizado no combate: à degradação, à desertificação e à emergência destes Página territórios de risco, uma vez que articula financiamento público e privado na reabilitação e reorganização destes espaços. E quantos a estes exercícios de intervenção urbanística os
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 aspectos positivos e negativos que foram considerados pelos habitantes neste estudo devem ser considerados. A própria Universidade de Évora, localizada na freguesia da Sé/São Pedro deve ser considerada como outra potencialidade, uma vez que por si é capaz de atrair jovens, importantes recursos humanos, que quando bem aproveitados são capazes de gerar desenvolvimento e competitividade ao mais alto nível. Dois importantes parceiros e interlocutores na construção de uma melhor comunidade do Centro Histórico. Reconhece-se, contudo, neste Diagnóstico Social que as entidades locais fazem o que podem para prestar o melhor apoio possível à comunidade do Centro Histórico, mas as necessidades são tantas e tão complexas, que é necessário projectar novas medidas de apoio. Este estudo não tem a ousada pretensão de erradicação destes problemas, até porque não acreditamos que grandes medidas de acções advêm de uma só entidade, mas do esforço concertado de vários agentes, contudo face aos resultados apresentamos duas propostas de acção: Criação de uma Equipa de Monitorização do Centro Histórico em que interlocutores de segurança, da área social e da autarquia local trabalhassem com o objectivo de acompanhar, despistar e intervir nestas problemáticas; A nível social que se formalize o atendimento social integrado, com reuniões entre os vários parceiros da área social de modo a haver partilha; A implementação de respostas socais atípicas, assentes numa perspectiva de desenvolvimento social e comunitário, que trabalhe e resgate o património incorpóreo e que desenvolva apoios na comunidade de forma a criar um desenvolvimento sustentável providenciando apoio à comunidade existe, envelhecida, e projectando medidas de atractivas para a formação de uma nova comunidade mais jovem. 118 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Análise S.W.O.T. do Centro Histórico: Pontos Fortes Pontos Fracos Proximidade de serviços e Proximidade de serviços Envelhecimento da população comércio Não renovação do tecido e comércio Questões da vizinhança social Questões da vizinhança Especulação imobiliária População universitária População aniversário Oportunidade Ameaças Novo Quadro Comunitário – Desertificação física e QREN humana da freguesia Sentimento de orgulho e de Emergência territórios de pertença associado à cidade risco social SRU Universidade de Évora 119 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 BIBLIOGRAFIA 120 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 ALMEIDA, João et all (1992), Exclusão Social – Factores e Tipos de Pobreza em Portugal, Celta Editores, Oeiras; AMARO, Roque et all (2001) Desenvolvimento – um conceito ultrapassado ou em renovação, s/l; CARMO, Hermano (1999), Desenvolvimento comunitário, Universidade Aberta, Lisboa; CASTELLS, Manuel (2003), A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura – Volume II – O poder da Identidade; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; COSTA, Manuel (1993), Autarquias Locais e Desenvolvimento, Biblioteca das Ciências do Homem, Edições Afrontamento, Porto; COSTA, Manuel e NEVES, José (1993), Autarquias Locais e Desenvolvimento: Actas do Colóquio; COSTA, A. Bruto (2004) Exclusões Sociais, Cadernos Democráticos, 4ª Edição, Fundação Mário Soares, Gradiva Publicações, Lisboa; FERNANDES, Ana Alexandre (1997), Velhice e Sociedade – Demografia, Família e Politicas Sociais Em Portugal, Celta Editora, Oeiras; GIDDENS, Anthony (2000), Sociologia, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa HESPANHA, Pedro (2001) “Mal-estar e risco social num mundo globalizado: Novos desafios para a teoria social”, in SANTOS, B. Sousa, Globalização Fatalidade ou Utopia, Porto, Ed. Afrontamento MENEZES, Manuel (2002), Serviço Social Autárquico e Cidadania: A Experiência da Região Centro, Quarteto Editora, Coimbra MINTZBERG (1995), Estrutura e Dinâmicas das Organizações, Publicações D. Quixote, Lisboa MOURÃO, Susana – C.M.E. (2001), Estudo de Caracterização do Centro Histórico, MOURÃO, Susana – C.M.E. (2005), Relatório de Estágio para a Implementação de Programas de Recuperação no Centro Histórico de Évora. MENEZES, Manuel (2001), As Práticas da cidadania no poder local comprometido com a comunidade, Colecção serviço social nº, Quarteto Editora, Coimbra. OSÓRIO, Agústin Requejo; CABRAL, Fernando Pinto (2007), As Pessoas Idosas – Contexto Social e Intervenção Educativa, Instituto Piaget, Lisboa; PASSARINHO, Isabel (1993) Autarquias Locais e Desenvolvimento: Novos Desafios para o Serviço Social, n.º 5 – 6, Lisboa; QUARESMA, Maria Lurdes et all (2003), Os Sentidos das Idades da Vida – Interrogar a 121 Solidão e a Dependência, CESDET Editores, Lisboa; RUIVO, Fernando (2000), Poder Local e Exclusão Social, Quarteto Editora, Coimbra. Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Endereços electrónicos consultados http:///www.cm-evora.pt www.seg-social.pt www.cmevora.pt www.drea.pt 122 Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 ADENDA: 123 O PAPEL DAS AUTARQUIAS NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMUNITÁRIO Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 “Pensar globalmente, agir localmente. Pensar localmente, agir globalmente” Actualmente, vivemos numa época em que somos confrontados com um ritmo acelerado de transformações sociais que mudam, de modo quase imperceptível, os comportamentos, as mentalidades e as próprias necessidades dos agentes e das instituições. Assistimos à transnacionalização do trabalho, do capital financeiro, da informação, de hábitos e costumes de vida. A esta transformação deu-se o nome de Globalização, sendo que, este processo caracteriza-se por uma tendência de mundialização dos mercados, dos negócios, gostos e hábitos de consumo, de novas formas de estar em áreas como a economia, cultura, política e a própria sociedade. Este fenómeno mundial provocou alterações nas três esferas sociais: local, nacional e o transnacional ou mundial, “ (…) alterando-se completamente as noções de tempo e de espaço” (Roque Amaro et all, 1992: 12) e estabelecendo novas lógicas entre o local e o global. Uma vez que, se por um lado se assiste a um incremento no “grau de integração funcional entre as diversas actividades estabelecidas a nível mundial (Castells, Grupo de Lisboa, Porter Cit In Santos, 2001:94), por outro verifica-se um aumento da importância dos factores territoriais, sendo o território considerado como um importante catalisador de múltiplas sinergias que influenciam a própria actividade económica” (Santos, 2001). Esta relevância da territorialização assenta num reconhecimento da existência de identidades territoriais, que se constituem através de um sentimento de pertença que é enraizado e colectivizado, em que os actores locais comungam dos mesmos valores, costumes, processos históricos, características e problemas. Surgindo o local como um espaço de referência privilegiado de análise e intervenção social capaz de modificar os processos geradores de exclusão social (Fernandes e Carvalho, 2003). Como refere Santos (2002:13) devemos encarar o “território à categoria de sujeito activo de desenvolvimento”, de modo a que se possa observar, identificar e potenciar as especificidades dos factores que fazem parte das dinâmicas socio-económicas, culturais e históricas dos territórios. Desta forma, tem sido apontado por vários autores que a sustentabilidade dos processos de desenvolvimento deve assentar em respostas adaptadas, localizadas, exigindo a percepção dos recursos e da criação de novos recursos, mesmo onde eles não existem, ou seja apelam à inovação e criação. Exigindo também, em termos de processo, discussão colectiva, tomada de decisões colectivas, partilha de responsabilidades, compatibilização de relações de poder conflituantes, ou seja, faz apelo a competências relacionais em contextos colectivos de trabalho (Campos, 2005:56). Se analisarmos a dimensão territorial de Portugal, verificamos que apesar da pequena dimensão, é um país muito diversificado internamente, em planos como os de tipo e densidade de povoamento, das tradições e identidades culturais, do dinamismo económico e demográfico, da composição social e dos modos de vida. Para João Almeida (1992:12) não só os tipos de pobreza são tributários dessa diversidade como os desequilíbrios regionais são eles próprios produtores de situações de exclusão e vulnerabilidade à marginalização social. Neste sentido é imperativo conhecer o território, o local. Urge a necessidade de lógicas de desenvolvimento local, que exprimam segundo Amaro (2001:26) “o processo de satisfação de necessidades e de melhoria das condições de vida 124 de uma comunidade local, a partir essencialmente das suas capacidades, assumindo aquela, o protagonismo principal nesse processo e segundo uma perspectiva integrada dos problemas e das respostas”. Ele surge sob múltiplas formas, representando o símbolo Página de uma nova cultura económica que renuncia à separação entre o económico e o social.
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 A noção de desenvolvimento local foi proposta como “alternativa às perspectivas funcionalistas do desenvolvimento territorial que acreditavam que investindo em determinadas zonas-motor, a dinâmica do desenvolvimento se alastraria, por si, para outras regiões do país o que, em Portugal, deu origem a fortes desequilíbrios territoriais. Passa pela valorização dos recursos endógenos e pela dinamização das populações e dos actores locais, no quadro de uma noção de desenvolvimento sustentável mais englobante, que articula o desenvolvimento social com o desenvolvimento económico e o ambiente. É uma dinâmica essencialmente territorializada, mas que não é fechada em si, integrando os recursos e as oportunidades que são oferecidos ao nível nacional e comunitário” (cf. Programa Rede Social, 2001: 41) Uma das dificuldades existentes no processo de desenvolvimento local consiste em organizar e coordenar as transformações do “espaço urbano e social local”, devido sobretudo, tal como cita Mozzicafredo à relativa «desorganização» do seu processo (cit. in Passarinho, 1993). O Poder Local surge neste contexto, reformulado pelo Poder Central que lhe foi transferindo um leque alargado de competências, que delega para as autarquias locais competências na área da formulação de estratégias e iniciativas políticas que, em larga medida, contribuem para o desenvolvimento de aspectos económicos, urbanísticas, sociais e culturais. E incumbe, também, estes organismos locais um papel de gestor/mediador na resolução de problemas de equilíbrio e de reorganização local. O desenvolvimento do poder autárquico parece encontrar-se beneficiado, uma vez que, “quanto mais o Estado vê diminuído o seu campo de actividade, mais as comunidades locais tenderão a assumir, nas próprias mãos, o seu destino, tendo em conta, nomeadamente, a responsabilização que as próprias populações tendem a depositar, quando bem legitimados, nos órgãos de poder autárquico, com os quais desenvolveram uma relação de proximidade” (Almeida: 1992:133). Contudo, a abertura de uma possibilidade de uma tal responsabilização deve ser acompanhada por uma série de reflexões problematizadoras, quer em relação a esta transferência de responsabilidades do Poder Central para o Poder Local, quer no que concerne à relação entre Poder Local e à comunidade local. Quanto à primeira temática não será alvo de análise no presente trabalho, embora se reconheça a sua importância, mas deixaremos essa análise para uma outra altura, debruçando-nos no que é principal para esta breve reflexão. Reconhecida a proximidade entre comunidade local e o Poder Local, esta relação não se encontra de forma alguma consolidada. Não raras vezes as expectativas e exigências, da comunidade, face às autarquias superam as competências destas. É importante que haja um efectivo conhecimento das competências dos organismos locais, para que a comunidade compreenda o papel destas, e se aproprie e utilize estes organismos que são seus representantes, na concretização dos seus direitos sociais. Arriscaria mesmo a dizer que tão importante que interpretar as suas competências é reconhecer as suas limitações, para que o Poder Local e Comunidade Local construam novas formas de estar, protagonizando-se assim um desenvolvimento local e social. Sendo primordial definir-se o conceito de Autarquias Locais, representantes do Poder Local. Na Constituição da República Portuguesa (artigo 237, n.º 2) as “Autarquias Locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a 125 prossecução de interesses próprios das populações respectivas”. Desta definição legal ressalta o facto de que as autarquias locais – a freguesia, o município e a região (artigo 238.º, n.º I da Constituição) – são, antes de mais nada, “pessoas colectivas, isto é Página instituições possuidoras de direitos e deveres próprios, assentes numa base territorial, determinada por limites específicos. A característica política resulta da existência de
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 órgãos representativos, eleitos por sufrágio directo, universal e secreto. O carácter funcional da instituição sobressai no que respeita à definição dos fins ou interesses que as autarquias visam prosseguir, ou seja, os que são próprios das populações respectivas”. Em termos de maior desenvolvimento, são os seguintes os elementos que, em teoria, caracterizam a autonomia: “Atribuições próprias, isto é, capacidade jurídica para a prossecução de interesses específicos das populações; Independência funcional dos seus órgãos, dentro dos limites da lei; Garantia da própria existência, que se caracteriza do modo seguinte: os órgãos locais podem ser dissolvidos pelo Governo, em determinadas circunstâncias, mas as autarquias não podem auto-dissolver-se; Protecção institucional, dada pelo poder central, relativamente a quaisquer limitações da sua capacidade legal; Capacidade para tomar decisões, sob responsabilidade dos seus órgãos; Personalidade jurídica; Poder de organização dos seus serviços, nos termos da lei, sem sujeição a ordens ou instruções emanadas de outros organismos públicos; Independência política, isto é, capacidade para eleger os seus órgãos, através de sufrágio universal, directo e secreto e garantia de aceitação pelo poder central da orientação política resultante desse sufrágio, mesmo que contrária à do Governo; Receitas e patrocínios próprios e poder de determinação do seu destino, através de orçamento; Capacidade regulamentar nos limites de Constituição e das leis” (cit. in Cadernos de Apoio à Gestão Municipal). As autarquias locais possuem património e finanças próprias, bem como “autonomia legislativa (é um quadro geral que as posteriores revisões não alteraram). Saindo da lei fundamental, há limitações importantes a estas autonomias, uma vez que muitas destas actividades do poder local são controladas, quer pelo governo (particularmente pelos ministérios que se encarregam das finanças, do planeamento e da administração do território), quer pelo sistema judicial (como é o caso da necessidade de um visto prévio para muitas das iniciativas que envolvem concursos públicos, a conceder pelo Tribunal de Contas) ” (Gonçalves: 2001) Como já foi referido a freguesia é uma forma de autarquia local, assim, quanto à sua integração no contexto do poder local poder-se-á referir que é na ordem política e jurídica, que a freguesia se integra, não como entidade subalterna – ao contrário do alguns erradamente supõe – ou como autarquia de importância secundária, mas como igual às demais instituições legais, o município e a região (Passarinho e Sousa, 1993). Com efeito, a Constituição e demais leis proclamam o princípio de estrita igualdade entre as autarquias que integram o poder local. Quer no que toca ao grau de autonomia quer no que respeita aos âmbitos dos poderes (atribuições) quer quanto à legitimidade ou à força democrática de criação dos seus órgãos representativos, a freguesia é sempre apresentada no mesmo 126 plano de importância que qualquer um dos seus parceiros (Passarinho e Sousa, 1993). “As freguesias são também importantes pessoas colectivas de direito público que têm o Página seu papel no contexto da administração autárquica em Portugal e mais concretamente no pós 25 de Abril de 1974, funcionando como guarda avançada dos municípios junto das
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 populações”. Podem ser consideradas como organizações concretas e autónomas que se fundamentam em si mesmas pela sua maior capacidade na realização de determinados interesses das populações que representam (Gonçalves: 2001). É nas juntas de freguesia que a questão da proximidade do Poder Local à comunidade se torna mais evidente, pois os presidentes são reconhecidos como membros da comunidade, a abordagem tem um cariz mais pessoal e informal, o diálogo acontece mais naturalmente (com todos os aspectos positivos e negativos presentes), e o processo de mediação e envolvimento na e com se comunidade se dá com maior facilidade. São instâncias privilegiadas para análise e intervenção social, e com enormes potencialidades de captar as sinergias locais quer na comunidade, quer institucionais. As autarquias locais devem ter “consciência da importância capital que assume como intermediador entre a sociedade e o Estado, ou seja recebendo e reconstruindo elementos da comunidade que o envolve, reenviando-os (sob a óptica da especificidade) ao poder central “ (Menezes: 2001, 42). E devem ser capazes de reconhecer, quer elas mesmas, quer a própria comunidade, a sua natureza, pois, as autarquias nascem de um movimento dialéctico entre forças promotoras e forças centralizadoras, dado que “ a autarquia é a expressão de uma vontade local por um lado, e a consequência da política de racionalização da estrutura administrativa do Estado Central, por outro, o que leva a que as mesmas possuam duas fontes de legitimação, uma que lhe vem de cima, do Estado e, outra que vem de baixo, da população (Menezes:2001,43). Face às novas exigências e às novas competências do Poder Local, as autarquias devem assumir um papel catalizador das forças sociais da comunidade, para que as mesmas tenham uma participação activa na construção de um futuro melhor. É neste pressuposto que surge o Programa da Rede Social, este é resultado de afirmação de uma nova geração de políticas sociais activas, baseada na responsabilização e mobilização do conjunto da sociedade e de cada indivíduo para o esforço da erradicação da pobreza e da exclusão social em Portugal. Trata-se, sobretudo, de um modelo de co-responsabilidade e de gestão participada, no combate à pobreza e à exclusão social, com base territorial. As autarquias na área social, apesar de em muitos casos desempenharem um papel complementar, em termos de intervenção directa, detêm um papel muito importante quanto à orientação/coordenação, criando as condições para que formas organizativas da sociedade civil possam interferir, eficaz e directamente, na luta contra as diversas formas de marginalização (Sampaio cit in Menezes, 2001:74). Há um papel relevante dos organismos do Poder Local sejam elas Câmaras Municipais ou Juntas de Freguesia, no que concerne ao desenvolvimento social e comunitário. De acordo com a Cimeira de Copenhaga a noção de desenvolvimento social apresenta-se como uma “componente do desenvolvimento sustentável, a par com a noção de desenvolvimento económico e com a protecção ambiental. Trata-se de uma perspectiva sobre o desenvolvimento que dá particular ênfase às necessidades dos indivíduos, das famílias e das suas comunidades, assentando em três pressupostos básicos: o direito ao emprego, a erradicação da pobreza e a promoção da integração social (cf. Programa Rede Social: 2001,42). O desenvolvimento comunitário visa libertar potencialidades existentes na comunidade através da associação, realização de interesses comuns, do desenvolvimento de capacidades, confiança e recursos e do fortalecimento de relações (Payne:2002). E é 127 entendido como uma “técnica social de promoção do homem e de mobilização de recursos humanos e institucionais, mediante a participação activa e democrática da população” (cit in Carmo, 1999:76). Página
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    Diagnóstico Social dasFreguesias do Centro Histórico – Évora 2007 É nesta perspectiva que se deve edificar a perspectiva, e toda e qualquer acção do Poder Local. Um Poder Local assente nas lógicas do Desenvolvimento Social e Comunitário e profundamente comprometido com a Cidadania. É este o papel das autarquias, que não se espera fácil, pois é acima de tudo um desafio. 128 Página