O documento descreve a transformação do bairro de Itaquera em São Paulo, Brasil, desde a década de 1920, quando imigrantes japoneses se instalaram como agricultores, até a década de 1980 quando houve um grande crescimento populacional devido a programas de habitação social. O jornal local Notícias de Itaquera divulgou as tradições culturais japonesas mas também demonizou os novos moradores, criando uma distinção entre "estabelecidos" e "outsiders".
O documento analisa o papel do jornal Notícias de Itaquera na formação cultural do bairro de Itaquera em São Paulo entre 1980-1985. O jornal ajudou a difundir símbolos e celebrações da cultura japonesa local, como o Bosque das Cerejeiras no Parque do Carmo, e mediou a interação entre os moradores mais antigos e os recém-chegados ao bairro durante um período de rápida urbanização. Apesar de pequena tiragem, a publicação teve importante papel na construção da ident
1) O artigo descreve a fundação da cidade de Anchieta no Espírito Santo, originalmente chamada de Aldeia de Iriritiba. 2) A aldeia foi fundada em 1569 pelo Padre José de Anchieta para catequizar e aldear os índios da região. 3) Ao longo dos anos, os índios lutaram contra a espoliação de suas terras pela coroa portuguesa.
Impunidades criminosas um filme que dá voz à mulher moçambicana?Fatima Regina Nunes
O documento discute um estudo sobre a representação da violência de gênero em Moçambique através de um filme e reportagens em jornais. O filme "Impunidades Criminosas" é baseado em relatos reais de mulheres vítimas de violência doméstica e incentiva o debate sobre as leis de proteção às mulheres. Os jornais "@Verdade" e "O País" repercutem o filme de forma diferente, com "@Verdade" promovendo uma discussão mais aprofundada sobre os direitos humanos e costumes locais.
O documento descreve a história do muralismo e do hip hop, analisando seus contextos históricos e sociais. Apresenta exemplos de pinturas rupestres e murais ao longo da história, e explica como o hip hop surgiu nas periferias dos EUA durante um período de desemprego e exclusão social para negros e latinos. Também destaca figuras como Afrika Bambaataa por promoverem o hip hop como forma de expressão política e combate ao preconceito.
O documento descreve a educação e filantropia na cidade de São Paulo no final do século XIX e início do século XX, com foco na obra do Conde José Vicente de Azevedo no bairro de Ipiranga. Analisa como a Igreja Católica e a elite paulista se uniram para lidar com a "questão social" por meio de instituições de caridade e educacionais em um período de crescimento urbano e industrialização impulsionados pela economia cafeeira.
Juliana e Fernanda fazem uma análise cultural da Feira Livre de Irará, a partir dos conceitos de sociabilidade, identidade e cultura, observando como estes se aplicam ao contexto vivido por feirantes e fregueses.
As autoras pensam a Feira como Patrimônio Cultural Imaterial, a qual merece enquadramento no Livro de Registro dos Lugares, destinados a ambientes tradicionalmente reconhecidos como produtores de sentido cultural para a população do lugar.
A Comissão de Assuntos Indígenas da ABA manifesta preocupação com a ameaça de remoção policial dos indígenas que ocupam o antigo prédio do Museu do Índio no Rio de Janeiro. O prédio está abandonado há quarenta anos e é ocupado por indígenas de diversas etnias, que realizam eventos culturais e a venda de artesanato no local. A Comissão pede diálogo entre o governo e os indígenas para valorizar a diversidade cultural do Brasil.
1) O documento discute a Associação Cultural Itapetinguense (ACI), fundada em 1936 na cidade de Itapetinga (BA), com o objetivo de promover o progresso cultural local.
2) A ACI promoveu a socialização de saberes através de projetos educacionais como a criação de uma biblioteca, compra de rádios, palestras sobre higiene e a instalação de um Salão de Leitura.
3) Essas iniciativas visavam modernizar a região e instrumentalizar seu processo de emancipação, disseminando con
O documento analisa o papel do jornal Notícias de Itaquera na formação cultural do bairro de Itaquera em São Paulo entre 1980-1985. O jornal ajudou a difundir símbolos e celebrações da cultura japonesa local, como o Bosque das Cerejeiras no Parque do Carmo, e mediou a interação entre os moradores mais antigos e os recém-chegados ao bairro durante um período de rápida urbanização. Apesar de pequena tiragem, a publicação teve importante papel na construção da ident
1) O artigo descreve a fundação da cidade de Anchieta no Espírito Santo, originalmente chamada de Aldeia de Iriritiba. 2) A aldeia foi fundada em 1569 pelo Padre José de Anchieta para catequizar e aldear os índios da região. 3) Ao longo dos anos, os índios lutaram contra a espoliação de suas terras pela coroa portuguesa.
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As autoras pensam a Feira como Patrimônio Cultural Imaterial, a qual merece enquadramento no Livro de Registro dos Lugares, destinados a ambientes tradicionalmente reconhecidos como produtores de sentido cultural para a população do lugar.
A Comissão de Assuntos Indígenas da ABA manifesta preocupação com a ameaça de remoção policial dos indígenas que ocupam o antigo prédio do Museu do Índio no Rio de Janeiro. O prédio está abandonado há quarenta anos e é ocupado por indígenas de diversas etnias, que realizam eventos culturais e a venda de artesanato no local. A Comissão pede diálogo entre o governo e os indígenas para valorizar a diversidade cultural do Brasil.
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Este documento descreve a música em Ribeirão Preto no início do século XX. Apresenta o desenvolvimento de bandas, músicos, comércio de instrumentos musicais e o papel da música em escolas, comemorações e entretenimento. Detalha como a modernização e o crescimento econômico influenciaram a cena musical local.
Uma análise da população indígena na cidade de altamira, estado do pará, com ...Caetano
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2. Apresenta um breve histórico da formação da cidade e da presença de indígenas das etnias Arara, Juruna, Kuruaya e Xipaya desde o século 18.
3. Discute o processo de etnogênese pelo qual estas populações passaram nos últimos anos, tornando-se visíveis novamente após estudos para a construção da hidrelétrica de Belo Monte
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Itaquera e a festa das cerejeiras um estudo sobre hibridismo cultural e proce...Fatima Regina Nunes
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O documento descreve a história e o desenvolvimento das comunidades quilombolas de Parateca e Pau D'Arco, localizadas no município de Malhada, Bahia. O movimento CETA trouxe contribuições significativas para o reconhecimento das comunidades como assentamento quilombola e seu desenvolvimento social, incluindo benefícios educacionais. Os membros das comunidades relataram mudanças positivas resultantes das reivindicações do movimento CETA.
Este documento descreve a imprensa regional no concelho de Oeiras nos últimos anos da Monarquia e primeiros anos da República. Vários jornais foram fundados nesse período com diferentes orientações políticas, como jornais monárquicos, republicanos e socialistas. A imprensa regional desempenhou um papel importante no debate político local e nacional.
1) Imigrantes se estabeleceram no sul do Brasil como pequenos proprietários dedicados à agricultura e pecuária.
2) Diferentes ondas de imigração ocorreram ao longo do tempo, trazendo trabalhadores de diversos países.
3) Esses imigrantes trouxeram novas técnicas e conhecimentos que contribuíram para o desenvolvimento da agricultura, comércio e indústria no Brasil.
1. This dissertation analyzes the transformations of the carnival celebrations in the city of Ouro Preto, Brazil between 1980-2011, focusing on the increasing commercialization and emphasis on tradition.
2. It uses newspaper archives and theoretical literature to understand how the carnival shifted from a locally organized tradition to a major tourist attraction promoted by the city.
3. Key changes included large concerts replacing street celebrations, the creation of a private festival space requiring admission fees, and framing the student house carnival as Ouro Preto's authentic tradition.
AngelaGomes_A_pequena Italia em Niterói.pdfcchinelli
Este documento resume uma pesquisa sobre a história de famílias de imigrantes italianos que se instalaram em Niterói, Rio de Janeiro, após a Segunda Guerra Mundial. A pesquisa entrevistou membros de oito famílias italianas e analisou suas trajetórias de imigração para o Brasil, os desafios de estabelecimento em Niterói e as atividades econômicas nas quais se envolveram, principalmente no comércio. A pesquisa contribuiu para preencher uma
Yuri Manuel Francisco Agostinho, graduado em Antropologia pela Faculdade de ciências sociais da universidade Agostinho Neto e Mestrado em Ensino de História de África pelo Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda. Atualmente é Professor do Instituto Superior de Artes- ISART. Foi o prelector no espaço do Debate a Sexta feira da Development Workshop Angola do dia 13 de Abril de 2018, com o tema” A Construção dos Bairros indígenas em Luanda 1922-1962: Fomento ou controlo?”. Ao longo da sua explanação, o prelector falou das questões ligados aos bairros indígenas como espaço de segregação, os motivos que levaram a sua construção e as posições concernentes ao tratamento dado aos indígenas em relação ao urbanismo.
Uma introdução à história da Banda Municipal de Porto Alegre (1912-1931)Alvaro Santi
O artigo descreve a história da Banda Municipal de Porto Alegre entre 1912 e 1931. Inicialmente organizada como atividade complementar de uma escola pública noturna, posteriormente foi transformada no principal equipamento cultural da cidade. Sua agenda regular de concertos ao ar livre privilegiava o repertório operístico, tanto pela nacionalidade dos músicos quanto pelo gosto da elite local. A Banda fazia parte das reformas urbanas empreendidas pelo Partido Republicano para educar o povo com a cultura europeia e demonstrar o progresso da cidade.
Casa da cultura de irará pressupostos para uma política municipal de culturaRoberto Martins
O presente artigo aborda o trabalho da Casa da Cultura de Irará, com perfil inspirador para a constituição de uma Política Cultural no município. O artigo relaciona a criação, intenção e desenvolvimento da entidade, fundada em 1983 quando ainda não existia um órgão oficial de cultura no município, e suas possibilidades de servirem como subsídios para a implantação de uma Política Municipal de Cultura. Isto diante da observação de que o modelo de gestão adotado atualmente está mais direcionado a Política de Eventos. Algumas argumentações do artigo se balizam em trabalhos de autores como Albino Rubim, Marilena Chauí e Teixeira Coelho. A conclusão considera que o artigo pode fomentar o debate sobre o modelo de gestão cultural a ser adotado pela nova administração municipal, com inicio marcado para janeiro de 2009.
Casa Da Cultura De Irará: Pressupostos Para Uma Política Municipal De CulturaPortal Iraraense
Autor: Marcos Roberto Martins dos Santos
Instituição: EBECULT Encontro Baiano de Estudos da Cultura
Publicação: 2008-12-08
Categoria: 12/2008
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A cultura pop japonesa faz parte do cotidiano de muitas pessoas. Bens culturais do Japão chegam aos brasileiros de diferentes formas. A proposta desta mesa temática para o IV Simpósio Nacional da ABCiber é apresentar algumas das manifestações dessa(s) subcultura(s) urbana(s) hoje presentes em boa parte do mundo ocidental, de forma a levantar algumas reflexões a cerca da circulação desses conteúdos, assim como a suas implicações dentro da sociedade. Portanto, será abordado: a questão da identidade do brasileiro a partir do consumo de estereótipos japoneses presentes em animês e mangás; o processo comunicacional entre moda e games através da personificação e construção identitária do cosplay; a circulação e consumo da j-music no país a partir do engajamento de fãs, tanto para a criação e manutenção de webrádios, como na criação de bandas covers.
HISTÓRIA DA CIDADE DE GONÇALVES DIAS-MARelveMarcos
O documento discute as possíveis datas de criação do município de Gonçalves Dias no Maranhão, que variam entre 1958 e 1959. O processo de emancipação do povoado Pedrosas é analisado, incluindo a importância dos comerciantes locais e dos laços políticos com Caxias para o desenvolvimento da região e o desejo por independência administrativa.
1) O texto analisa as memórias de trabalhadores que migraram para a zona rural de Toledo, Paraná na década de 1940.
2) Estes trabalhadores, provenientes de famílias caboclas e paraguaias, costumam ser esquecidos nas memórias oficiais da cidade.
3) O autor busca compreender como estas narrativas se relacionam com as memórias públicas da cidade, que enfatizam a colonização por imigrantes europeus.
Aristeu Nogueira: a militância politica e cultural de um comunista Portal Iraraense
Autor: Marcos Roberto Martins dos Santos
Instituição: Universidade Federal da Bahia UFBA
Esta monografia traça um perfil biográfico de Aristeu Nogueira Campos, conhecido líder comunista, nascido em Irará, onde também teve papel sociocultural e político de destaque. O Texto enfoca as origens do personagem e sua trajetória como militante político e cultural. Trata de seu trabalho na produção de veículos noticiosos, como o “Irará Jornal” (ativo em Irará na década de 1940) e “O Momento”, diário do Partido Comunista na Bahia. Também apresenta as preocupações de Aristeu com o segmento cultural, destacando ações de duas entidades culturais criadas por ele em Irará: O CDC (Centro de Diversões e Cultura – 1939) e CCI (Casa da Cultura de Irará - 1983). A sua vida pública; o apoio dado ao associativismo em Irará; sua colaboração para elaborar a lei orgânica do município; o mandato de Deputado Estadual; o ingresso no Comitê Central do Partido; além da cassação do mandato, a fuga e a prisão nos tempos da ditadura militar (1964-1985), que também são assuntos abordados nesta monografia.
O documento apresenta a biografia acadêmica de José Ribeiro do Nascimento Neto, professor que ministrará a disciplina sobre cidades no Brasil. Também resume 13 artigos sobre cidades brasileiras, incluindo Teresina, abordando temas como modernização, periferia e representações sociais. Por fim, indica fontes como crônicas e jornais que serão utilizadas para analisar o desenvolvimento de Teresina entre 1940-1980.
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1. 1
Desde Parque do Carmo al estadio del Corinthians: la
transformación de un barrio de Itaquera en el periódico Notícias de
Itaquera
Do Parque do Carmo ao estádio do Corinthians: as transformações de um
bairro no jornal Notícias de Itaquera
From the Parque do Carmo to the Corinthians’s stadium: the neighborhood
changes in the newspaper Notícias de Itaquera
GT15: Comunicação e Cidade
Barbara Heller, docente da Universidade Paulista (Unip). Brasil. E-mail:
b.heller@terra.com.br
Fátima Regina Nunes, mestre pela Universidade Paulista (Unip). Brasil. E-mail:
fatimreginanunez@hotmail.com
Resumen
Itaquera, suburbio en el este de São Paulo, actuó como ciudad-dormitorio, hasta la década
de 1980, donde antes, desde los años 20, inmigrantes orientales instalarónse como
agricultores en el cultivo de melocotón. Con programas de interés social de vivienda a
partir de 1980, hubo una impactante migración. En 1988 fue inaugurada la línea del metro
Itaquera y el Arena Corinthians en 2014 y la subalcadía recibió un gran número de nuevos
residentes. Este proceso se dio de forma simultánea a la creación de la arboleda de cerezos
en el Parque do Carmo, entonces recién abierto. El “Notícias de Itaquera”, periódico
quincenal local y gratuito, comenzó a funcionar en 1980, y anunciaba el éxito de la fiesta de
los cerezos como expresión cultural única del barrio. Si, por una parte, el noticiero
contribuyó a legitimar la cultura japonesa en la formación de Itaquera, por el otro, se puso a
denigrar la imagen de los nuevos sujetos sociales, apartándolos de esta historia. Estas son
las conclusiones a las que llegamos por el análisis del discurso y las categorías sociológicas
de Norbert Elias, "estabelecidos" y "outsiders", del artículo "Un límite sobre la escalada del
crimen" (n.9, abr.1981, p.2 ) y de las tiras cómicas y su relación con otras portadas del
periódico (n.78, jun., 1984, p.1).
Palabras-clave
Itaquera, estabelecido/puesto; outsiders; Notícias de Itaquera
Abstract
Itaquera, in the east of São Paulo until the 1980s, was a dormitory neighborhood, inhabited
initially by the oriental growers of peaches who arrived in the 1920s. Due to the opening of
the Itaquera subway in 1988, the Arena Corinthians in 2014, and the migration caused by
social programs of popular houses, since 1980, the district received huge numbers of new
residents. This process occurred simultaneously to the creation of the grove of cherry trees
in the Parque do Carmo. Notícias de Itaquera, inaugurated in 1980, free, local and
fortnightly distribution, announced the success of the party. If, on the one hand, the
2. 2
newspaper contributed to legitimize the district’s culture and formation and allowed its first
residents to have the right to speak, on the other hand, it denigrated the image of the new
social inhabitants who settled down there. These are the conclusions we came by applying
discourse analysis and two sociological categories: "established" and "outsiders", by
Norbert Elias, after examining critically "A boundary on the crime’s climbing" (n.9,
abr.1981, p .2), and a charge and its relation to other articles in the first page (n.78, jun.
1984, p.1).
Key words
Itaquera, established; outsiders; Notícias de Itaquera
Resumo
Itaquera, na zona leste de São Paulo, até a década de 1980, era um bairro-dormitório,
habitada, inicialmente, pelos orientais cultivadores de pêssegos que ali chegaram na década
de 1920. Com a inauguração do metrô Itaquera em 1988, da Arena Corinthians em 2014, e
com a migração ocasionada por programas sociais de habitação popular a partir de 1980, o
bairro recebeu enorme contingente de novos moradores. Esse processo ocorreu
simultaneamente à criação do Bosque das Cerejeiras, no então recém-inaugurado Parque do
Carmo. O jornal Notícias de Itaquera, que começou a funcionar quinzenalmente em 1980 e
com distribuição gratuita e local, divulgou o sucesso da festa. Se, por um lado, o periódico
contribuiu para legitimar a cultura e a formação do bairro e deu e permissão de fala aos
seus primeiros moradores, por outro, denegriu a imagem dos novos sujeitos sociais que ali
se instalaram. São essas as conclusões a que chegamos por meio da análise do discurso e
das categorias sociológicas “estabelecidos” e “outsiders”, de Norbert Elias, a partir da
matéria “Um limite na escalada do crime” (n.9, abr.1981, p.2), e da charge e sua relação
com as outras matérias da capa (n.78, jun. 1984, p.1).
Palavras-chave
Itaquera, estabelecidos; outsiders; Notícias de Itaquera
INTRODUÇÃO
Festas étnicas na cidade de São Paulo (Brasil) movimentam o mercado de turismo
cultural. O “Sakura Matsuri”, ou Festa das Cerejeiras, no Parque do Carmo, no bairro de
Itaquera, recebe um público tão expressivo quanto outros eventos que já fazem parte do
calendário oficial das manifestações culturais da cidade. São as razões do sucesso desta
festa que instigaram esse artigo1
, uma vez que ela se realiza em um bairro periférico, no
extremo da Zona Leste, de difícil acesso e cujos costumes orientais, que deram origem ao
bairro, encontram-se muito dispersos.
1
Este artigo é parte da dissertação Itaquera e a festa das cerejeiras: um estudo sobre hibridismo cultural e
processos migratórios segundo Notícias de Itaquera e Folha de S. Paulo, de Fátima Regina Nunes, sob
orientação de Barbara Heller, defendida em maio de 2016, na Universidade Paulista (Unip), São Paulo, Brasil.
3. 3
Assim, pesquisamos o que motiva pessoas de outras regiões da cidade, e mesmo de
diferentes Estados do país, a participarem dessa festa, antes restrita à comunidade japonesa.
Para responder a esta indagação, apoiamo-nos nos estudos sobre comunidade,
especialmente em Estabelecidos e Outsiders, de Norbert Elias, e também na análise de
discurso bakhtiniana do jornal Notícias de Itaquera (NI). Partimos da hipótese de que o NI
pretendeu que os não orientais incorporassem as tradições nipônicas, uma vez que seu
discurso divulgou o que considerava e aceitava como valores sociais e culturais modelares,
sem dar espaço para novas interações.
O hibridismo cultural teve seu momento mais expressivo quando o bairro passou
por transformações urbanas significativas, com a implantação dos programas de habitação
popular na década de 1980 e a expansão da linha de metrô até o bairro com a Estação
Itaquera na década de 1990. O processo de deslocamento urbano ocorreu simultaneamente
à criação do Bosque das Cerejeiras, no então recém-inaugurado Parque do Carmo. O
bosque e a celebração de sua florada são considerados pelos moradores e visitantes como
patrimônio cultural local. Em outras palavras: os costumes dos japoneses, relacionados à
maneira de viver, à sua produção simbólica, aos hábitos em sociedade e aos conhecimentos
transmitidos às gerações seguintes como um bem imaterial, quando chegaram os primeiros
orientais no bairro, em 1925:
Não se trata, portanto, apenas de um produto da ação humana, mas da
própria natureza dessa ação: padronizada e organizada por meio de regras,
codificada simbolicamente e carregada de significação (ARANTES, 1984,
p. 27).
No início da década de 1980, a população local cresceu com a vinda dos novos
moradores nos conjuntos habitacionais e os antigos moradores, cujas reivindicações por
melhorias de infraestrutura nunca tinham sido atendidas, sentiram-se preteridos.
Segundo dados do censo da Prefeitura de São Paulo, de 1980 a 1991 a população
cresceu 30%2
. Os que chegavam, os “outsiders”3
, buscavam apreender o ambiente social e
cultural a partir de suas vivências e das informações da mídia impressa local. Os
2
Disponível em:
http://infocidade.prefeitura.sp.gov.br/htmls/7_populacao_recenseada_e_taxas_de_crescime_1980_10747.html
Acesso: 05 mai 2016
3
Tomamos esse termo emprestado de Norbert Elias, de seu livro Os estabelecidos e os outsiders, para
se referir aos novos moradores do bairro.
4. 4
“estabelecidos”4
, obrigados a conviver com a transformação da paisagem, dos costumes e
símbolos, entraram em disputa para preservar suas relações de poder. Segundo Elias: “Um
grupo só pode estigmatizar outro com eficácia quando está bem instalado em posições de
poder das quais o grupo estigmatizado é excluído” (2000, p. 23-24).
Trata-se do mesmo processo social e cultural que Norbert Elias identificou na
pequena comunidade de Winston Parva, nome fictício atribuído à pequena cidade no
interior da Inglaterra, no final da década de 1950:
A principal diferença entre os dois grupos (estabelecidos e outsiders) era
exatamente esta: um deles era um grupo antigo de residentes, estabelecido
naquela área havia duas ou três gerações, e o outro era composto de
recém-chegados. [...] Um era estreitamente integrado, o outro, não (p. 24).
Podemos considerar o grupo de orientais que formou o bairro Colônia Japonesa, em
Itaquera, engajado na manutenção de seus hábitos e cultura. São as “famílias antigas”
(Elias, 2000, p.38), diversas das que estavam chegando: já tinham experimentado a
transformação das chácaras em propriedades fabris, o aumento de impostos, a consequente
reorganização e empobrecimento social e a substituição da Festa do Pêssego pela Festa das
Cerejeiras, em 1978.
Os outsiders, provenientes de outras localidades da cidade, procuravam por
ressignificação simbólica e também por inserção. Talvez por isso passaram,
voluntariamente, a colaborar na realização das Festas das Cerejeiras em flor, no cultivo e na
aclimatação das mudas que resultaram de outro trabalho, também voluntário, produzido
pela comunidade japonesa.
Tal procedimento valorizou o esforço dos primeiros habitantes e os aproximou de
seus hábitos culturais. Desse processo resultou a celebração do hanami5
, que a popularizou
e fez perder a condição de “original”.
A apropriação do espaço do Bosque das Cerejeiras, que começou com os japoneses,
foi aos poucos expandida para os moradores locais e, por último, para os novos moradores
do bairro.
4
Também tomamos esse termo emprestado de Norbert Elias, de seu livro Os estabelecidos e os
outsiders, para os antigos moradores do bairro.
5
Hanami: termo japonês que significa contemplação da cerejeira em flor, momento de reflexão sobre
a beleza e a temporalidade da vida.
5. 5
A fragmentação cultural dos “outsiders” está relacionada às profundas
transformações sociais por que passaram. A migração para uma localidade desconhecida,
mesmo na própria cidade, gera crise de identidade.
Mediante tal processo, constatamos a importância dos registros do jornal local, o
Notícias de Itaquera, por ter sido criado simultaneamente aos acontecimentos sociais
citados. Ele expressava as tentativas de integração dos novos sujeitos sociais, os
“outsiders”. Não sofria concorrência, era sustentado por anunciantes -- empresários e
personalidades nipônicas da região --, anunciava a cultura local e os bens de consumo
locais.
Procuramos compreender a narrativa do NI: seus enunciados revelaram forte
conteúdo ideológico e uma polêmica velada entre “estabelecidos” e “outsiders”.
1. REPRESENTAÇÃO DOS SUJEITOS NO NOTÍCIAS DE ITAQUERA
O sentimento de pertencimento está relacionado à necessidade de criar vínculos, à
aceitação e integração com os iguais. Tal característica é própria do ser humano. Viver em
comunidade permite segurança emocional, social, práticas das crenças e transmissão de
saberes.
Os grupos sociais que lá se instalaram eram heterogêneos e distintos dos pioneiros
japoneses. Fragmentados social e culturalmente, valeram-se, entre outros recursos, das
informações disponíveis na mídia impressa local para construírem seu repertório simbólico
e, assim, se inserirem na comunidade.
O NI cumpriu seu papel: divulgou e fortaleceu o sucesso das festas japonesas no
bairro. Seus enunciados expressaram a relação do bairro com a colônia japonesa, sua
influência cultural, social e política. Os anúncios publicados nos idiomas português e
japonês reforçaram a interação do capital industrial com a comunidade do bairro, enquanto
as outras matérias, de interesse geral, eram apenas em língua portuguesa. Ou seja: a
expectativa dos anunciantes era garantir a adesão dos “estabelecidos”, uma vez que eram os
que liam os ideogramas orientais, e excluir os “outsiders”, os de menor poder aquisitivo.
Itaquera, no final da década de 1970, ainda era precária e exigia das autoridades
maior investimento em saneamento básico e infraestrutura. Para tanto, contava com a
6. 6
implantação de equipamentos públicos a partir da realização dos projetos de habitação
popular do programa Cohab6
. Mas esse processo não foi nada pacífico.
1.1 “Um limite na escalada do crime (abril de 1981)
A [sic] medida que vai crescendo, Itaquera vê crescerem os seus
problemas. Um deles, e dos mais sérios, é o da criminalidade [...]. Com a
vinda de novos habitantes, vêm também os marginais porque aumenta seu
mercado de trabalho7
, enquanto as condições de combate ao crime
tornam-se insuficientes.
A criminalidade está aumentando não é apenas em decorrência da vinda
de marginais para Itaquera ou pelo aumento daqueles aqui radicados.
Cresce principalmente porque ela não é combatida [...].
[...]
Todo marginal sabe que a perseguição policial em Itaquera é inviável.
Sabe, por isso, que chegando na Estrada Itaquera- Guaianases, à altura da
fábrica de papel, estará salvo dos perseguidores: basta embrenhar-se no
matagal, depois de atravessar a linha férrea, e desaparecer dos olhos da
polícia; sabe também que atacando suas vítimas nos Jardins Santa Maria,
Eliane, Marília, Fernandes e Brasília, está a salvo de qualquer
perseguição, desde que alcance o jardim Santa Terezinha através dos
trilhos e picadas por onde não passam viaturas, muito menos policiais
[...].
[...]
Enquanto isso, a população fica indefesa, angustiada com o pesadelo de
mais dias menos dia ser submetida ao vexame de um assalto em via
pública ou de ver sua casa invadida pelos marginais, cada vez mais
violentos e perversos. [...]. NI, n.9, abr.1981. p. 2
No artigo acima, o NI declara que os novos moradores e o aumento da população no
bairro tornaram-no mais violento, suscetível ao “vexame de um assalto em via pública” e à
invasão de suas casas. Os já estabelecidos, acompanham passivamente à chegada dos
“novos habitantes”, de quem se tornam vítimas.
As localidades enumeradas e tidas como fragilizadas pela invasão dos “marginais”
estão nos limites dos dois conjuntos habitacionais, que pertencem à região de Itaquera.
A inversão de sentidos na expressão “mercado de trabalho”, em que o substantivo
“trabalho”, usualmente positivo, foi utilizado para referir-se à maior incidência de crimes, é
6
Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo – COHAB-SP.
7
Grifo do autor do texto.
7. 7
coerente com o restante da matéria. Não se encontra nela nenhuma análise das razões pelas
quais Itaquera recebeu tantos contingentes populacionais e está entregue à própria sorte.
Por meio desse discurso, o NI estabeleceu limites e zonas de interdição invisíveis, e
reforçou e classificou os “outsiders” como desprovidos de referências éticas e violentos.
No entanto, ao descrever os caminhos escuros e perigosos entre vielas e matagais, o
NI também estava, indiretamente, denunciando a insatisfação dos “estabelecidos”, uma vez
que esses ainda viviam em ruas sem iluminação pública e asfalto, diferentemente do
entorno dos conjuntos habitacionais, construídos para os “outsiders”.
1.2. Três contra um
Três anos mais tarde, a primeira página do NI imprimiu uma charge em que um
cidadão “do bem”, caracterizado por seu paletó e gravata, é assaltado por marginais
enfileirados. Dois aspectos merecem análise: o primeiro é a explicação, vazia de sentido,
porque é senso comum, do delegado da 41ª DP (Delegacia de Polícia) sobre o combate à
violência: “Não é com violência que nós vamos combater a violência, mas sim com
orientação e muito amor, principalmente” e, a segunda, a diagramação da página.
Figura 1. Charge
8. 8
Fonte: 41º DP explica a violência. (23 a 30 de junho de 1984). Notícias de Itaquera,
p.18
A charge localiza-se logo abaixo da notícia que ocupa a primeira metade da capa do
jornal, onde se lê: “Cohab entrega mais 6 mil casas em Itaquera.” Subentende-se, assim,
que os agressores, os que atacam os sujeitos do bem, são os que acabaram de receber os
apartamentos, os “outsiders”, os mesmos que não podem ser “combatidos”, mas amados.
Figura 2. Capa do Notícias de Itaquera
8
Imagem autorizada para divulgação pela redatora-chefa, Lígia Paniaga.
9. 9
Fonte: Cohab entrega mais 6 mil casas em Itaquera (23 a 30 de junho de 1984).
Notícias de Itaquera, p.1.
Trata-se de um discurso demagógico, uma vez que o restante da página deixa
entrever que os “estabelecidos”, obrigados a dividir o espaço com os “outsiders”, são as
vítimas da violência. A proporção de três assaltantes para uma vítima figurativiza a ideia
do crescimento da nova população de outsiders.
Vale destacar, ainda, que os assaltantes estão vestindo roupas idênticas. Isso os
aproxima ainda mais dos novos moradores que, para terem direito a um apartamento da
Cohab, precisariam ser operários, reconhecidos, no imaginário social, por uniformes que
nada mais são do que vestimentas iguais para todos os usuários.
A notícia à direita da charge, sobre a captura de um “maníaco” sexual na região de
São Mateus, vizinha à de Itaquera, permite afirmar, nesse contexto, que o controle da
criminalidade foi possível graças à baixa onda de migrações. Trata-se de uma
contraposição aos enunciados anteriores do NI. Mikhail Bakhtin afirma: “um enunciado é
sempre heterogêneo, pois ele revela duas posições, a sua e aquela em oposição à qual esse
10. 10
se constrói. Ele exibe seu direito e seu avesso” (apud Fiorin, 2008, p. 24). Expressar
“Preso o ‘maníaco’ de S. Matheus” só faz sentido porque ele se constitui em contraposição
ao enunciado: “Está solto o maníaco de S. Matheus”. Se não houvesse qualquer
possibilidade de haver algum maníaco sexual solto, ou se nem existissem maníacos
sexuais, não haveria razão alguma de aquele enunciado ser veiculado.
Conclusão
O hanami passou a ser um evento vinculado ao bairro de Itaquera e parte do
calendário turístico do Estado de São Paulo.
A população que migrou para Itaquera com os programas de habitação, os
“outsiders”, participou dos eventos por meio do trabalho voluntário e colaborou para o
hibridismo do bairro.
Apesar de ser um jornal local, de circulação restrita, o NI foi prestador de serviços e
colaborou para o bairro se inserir cada vez mais na geografia da cidade.
O NI, por muito tempo, levou à sociedade de Itaquera o poder dos “estabelecidos” e
o ideal da cultura hegemônica no bairro e, ainda assim, teve participação na construção do
hibridismo local.
Atualmente, o Parque do Carmo está reformulado e atualizado com novos conceitos
urbanos de espaço e lazer. Recebeu iluminação noturna, ciclovia e novos equipamentos de
ginástica.
A modernização do parque é apenas reconhecida pelos moradores locais, isto é,
pelos novos “estabelecidos”. Aos turistas, a maior referência do lugar está no elemento
hibridizado mais significativo da região: o Bosque das Cerejeiras.
O patrimônio da comunidade nipônica, durante as últimas quatro décadas, passou
de material, com a produção de frutas como o pêssego, para imaterial, com as celebrações
da festa das cerejeiras. No início da sua formação, quando o Bosque ainda era um espaço
reservado ao pequeno grupo local, o NI certamente exerceu influência no fomento da
construção da ideia de que ali havia patrimônio cultural, graças aos sentimentos e ao
trabalho da comunidade de orientais. Mas, vimos também, que, por meio de imagens,
diagramação, e enunciados diversos representou os “outsiders” como cidadãos de segunda
categoria.
11. 11
BIBLIOGRAFIA
41º DP explica a violência. (23 a 30 de junho de 1984). Notícias de Itaquera, p.1.
ARANTES, A. A. (1984). Estratégias de construção de Patrimônio Cultural, Produzindo o
Passado. São Paulo: Brasiliense.
Cohab entrega mais 6 mil casas em Itaquera (23 a 30 de junho de 1984). Notícias de
Itaquera, p.1.
ELIAS, N. (2000). Os estabelecidos e os outsiders. Rio de Janeiro: Zahar.
FIORIN, J. L. (2006). Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática.
Biografia
Barbara Heller é pós-doutora em Comunicação pela Universidade Metodista e pela
Universidade de São Paulo. É vice-coordenadora do Programa de Mestrado e Doutorado
em Comunicação na Universidade Paulista (Unip – Brasil). É professora-pesquisadora na
mesma instituição, com ênfase nos estudos de gênero e nos de memória. E-mail:
b.heller@terra.com.br
Fátima Regina Nunes é graduada em Fotografia Digital e Mestre em Comunicação pela
Universidade Paulista (Unip – Brasil). É pesquisadora em estudos culturais como
patrimônio e memória. E-mail: fatimreginanunez@hotmail.com