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MundodasAves
Calopsita: a pequena
Cacatua australiana
A
s Cacatuas são aves notáveis, com plu-
magem branca na maioria das espécies,
embora existam também exemplares
com plumagem negra, rosada ou cinza. O
topete, detalhe que permite a qualquer um
reconhecer uma Cacatua, pode ser amare-
lo, branco, laranja, rosa, cinza ou negro. A
cauda é curta e quadrada, como a dos Pa-
pagaios. Por características como essas, os
ornitólogos classificam as Cacatuas numa
família à parte da ordem Psittaciformes.
Enquanto os Papagaios, Lóris, Periquitos e
Araras estão abrigados na família Psittaci-
dae, as Cacatuas ficam na família Cacatui-
dae. E, nessa família, as Calopsitas formam
uma subfamília só delas, a Nymphicinae.
Cacatua miniatura
Pouca gente sabe que a Calopsita é
uma pequena Cacatua. Aliás, é a única Ca-
catua com cauda longa, parecendo mais,
nesse aspecto, com um Periquito. Já no to-
pete, que se eleva ou abaixa de acordo com
o estado de espírito da ave, a proximidade
entre as Cacatuas e a Calopsita pode ser
mais facilmente constatada.
Ainda longe de figurar entre as espé-
cies ameaçadas de extinção, a Calopsita
é comum na Natureza da sua região de
origem, a Austrália. Habita áreas secas ou
semi-áridas, embora procure ficar sempre
próxima da água. Vive em bandos, que
Por LUÍS FÁBIO SILVEIRA
As Calopsitas estão entre
as aves de estimação mais
populares do mundo.
Pequenas, silenciosas (para
um psitacídeo, claro), muito
bonitas e dóceis, encantam
qualquer pessoa que goste
de aves. São facilmente
mantidas em cativeiro e
muitas mutações já foram
produzidas. Mas pouca
gente sabe que a Calopsita
é a menor das Cacatuas
conhecidas
podem reunir mais de
40 aves. No ambiente
natural, alimenta-se prin-
cipalmente de sementes
coletadas no solo, onde
costuma ficar frequente-
mente (se a sua Calopsita
permanecer durante boa
parte do tempo no chão
da gaiola ou do viveiro,
pode estar apenas repe-
tindo um comportamento
da espécie).
Poder de sedução
O nome Calopsita de-
riva da palavra grega ka-
los, que significa belo,
bonito, e da palavra de
origem latina psitta, que
quer dizer papagaio. Na-
da mais justo, pois a Ca-
lopsita é, definitivamente,
um dos psitacídeos mais
belos. O seu nome cien-
tífico, Nymphicus hollan-
dicus, traz consigo um
significado ainda mais
interessante.
O primeiro cientista a
“batizar” cientificamente a
CalopsitafoioescocêsRo-
bert Kerr, que em 1793 a
denominou Psittacus hol-
landicus. Cabe dizer que
menos de 40 anos antes
a nomenclatura científica
havia sido elaborada pelo
cientista sueco Carolus
Linnaeus e que todos os
psitacídeos eram agru-
pados no grande gênero
Psittacus (que hoje se man-
tém apenas para os Papa-
gaios-Cinza-Africanos).
Já a palavra hollandicus
designava a origem geográfica. Até boa
parte do século XIX, a Austrália era co-
nhecida por Nova Holanda (ou mesmo
Holland). Ou seja, a Calopsita, para os cien-
tistas da época, não passava de um simples
“papagaio-australiano”.
Posteriormente, quando havia mais ob-
servações disponíveis sobre os hábitos e
o hábitat das Calopsitas, o cientista ale-
mão Johann Wagler decidiu que a espécie
mereceria um gênero à parte, para o qual
cunhou a denominação Nymphicus, um
belo nome poético que faz jus à ave.
As Calopsitas têm um tipo de voo pe-
culiar, leve, que lembra o de uma borboleta,
diferente do voo “duro” das Cacatuas. O
canto é suave, melódico e agradável, muito
diferente do canto dos outros psitacídeos.
Com essas informações à mão, Wagler, de
maneira muito acertada, encontrou um lindo
Docilidade: grande atrativo da Calopsita
SvenCipido/Flickr
Silveira, L. F. (2012).
Mundo das Aves:
Calopsita: a pequena
Cacatua australiana. Cães
e Cia., São Paulo, SP, n.
397, p. 62-63, 2012.
CÃes & Cia • 397 63
Luís Fábio Silveira é doutor em Zoologia e curador das
coleções ornitológicas Museu de Zoologia da USP; mem-
bro do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos
(CBRO); pesquisador associado da World Pheasant Associa-
tion (UK); autor de doze livros sobre aves e de dezenas de
artigos científicos publicados.
cauda estriada, característica perceptível
também em algumas plumagens mutantes.
Criação ecologicamente correta
O melhor de tudo é que a popularidade da
Calopsita acontece sem tirar nenhum exemplar
da Natureza há décadas. Esse é um excelente
exemplo de como a criação em cativeiro pode
produzir aves interessantes para a companhia
das pessoas, sem causar impacto importante
nas populações que ainda existem na Natureza.
E, da próxima vez que você estiver
diante de uma Calopsita, lembre-se de não
chamá-la de “Periquito bonito”. Afinal, ela é
uma pequena Cacatua!
da Calopsita a fácil manutenção em cativei-
ro e a fácil reprodução. Quando criada em
ambiente humano desde pequena, essa ave
se torna muito apegada ao dono. Chega
até mesmo a atacar outras pessoas que se
aproximam dele.
Entre as características da espécie
apreciadas por criadores do mundo inteiro
está a facilidade para produzir mutações.
Pelo menos 15 delas, referentes à pluma-
gem, já foram reconhecidas e algumas po-
dem alcançar grande valor comercial.
Assim como as Cacatuas, as Calopsitas
não têm muita capacidade para repetir pa-
lavras nem imitar sons, mas nem por isso
deixam de ser animais de estimação apre-
ciados. Os machos são os que mais vocali-
zam. Menos loquazes, as fêmeas produzem
sons menos variados e mais baixos que os
machos. Elas têm a superfície inferior da
paralelo na mitologia grega.
Ninfas são espíritos divinos que animam
a Natureza, sendo consideradas belas jo-
vens que adoram dançar e cantar. Muitas
delas vivem próximas da água, em locais
distantes dos seres humanos, que as per-
cebem principalmente pelo canto, sendo
atraídos também pela beleza. Nada mais
adequado para a Calopsita, cujo nome ge-
nérico Nymphicus, do latim nymphe, signifi-
ca criatura que se parece com as ninfas. E
o nome científico – Nymphicus hollandicus
– acrescenta a origem australiana.
Popularidade justificada
No mundo, as Calopsitas perdem em
popularidade apenas para um conterrâneo
delas, o Periquito-Australiano (Melopsitta-
cus undulatus). Além da docilidade, contri-
buíram para a difusão da criação comercial
Cinza: cor da Calopsita na Natureza, onde os voos em bandos são comuns
Mutações: diversas variações e combinações de cores foram obtidas a partir da Calopsita cinza original
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  • 2. CÃes & Cia • 397 63 Luís Fábio Silveira é doutor em Zoologia e curador das coleções ornitológicas Museu de Zoologia da USP; mem- bro do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO); pesquisador associado da World Pheasant Associa- tion (UK); autor de doze livros sobre aves e de dezenas de artigos científicos publicados. cauda estriada, característica perceptível também em algumas plumagens mutantes. Criação ecologicamente correta O melhor de tudo é que a popularidade da Calopsita acontece sem tirar nenhum exemplar da Natureza há décadas. Esse é um excelente exemplo de como a criação em cativeiro pode produzir aves interessantes para a companhia das pessoas, sem causar impacto importante nas populações que ainda existem na Natureza. E, da próxima vez que você estiver diante de uma Calopsita, lembre-se de não chamá-la de “Periquito bonito”. Afinal, ela é uma pequena Cacatua! da Calopsita a fácil manutenção em cativei- ro e a fácil reprodução. Quando criada em ambiente humano desde pequena, essa ave se torna muito apegada ao dono. Chega até mesmo a atacar outras pessoas que se aproximam dele. Entre as características da espécie apreciadas por criadores do mundo inteiro está a facilidade para produzir mutações. Pelo menos 15 delas, referentes à pluma- gem, já foram reconhecidas e algumas po- dem alcançar grande valor comercial. Assim como as Cacatuas, as Calopsitas não têm muita capacidade para repetir pa- lavras nem imitar sons, mas nem por isso deixam de ser animais de estimação apre- ciados. Os machos são os que mais vocali- zam. Menos loquazes, as fêmeas produzem sons menos variados e mais baixos que os machos. Elas têm a superfície inferior da paralelo na mitologia grega. Ninfas são espíritos divinos que animam a Natureza, sendo consideradas belas jo- vens que adoram dançar e cantar. Muitas delas vivem próximas da água, em locais distantes dos seres humanos, que as per- cebem principalmente pelo canto, sendo atraídos também pela beleza. Nada mais adequado para a Calopsita, cujo nome ge- nérico Nymphicus, do latim nymphe, signifi- ca criatura que se parece com as ninfas. E o nome científico – Nymphicus hollandicus – acrescenta a origem australiana. Popularidade justificada No mundo, as Calopsitas perdem em popularidade apenas para um conterrâneo delas, o Periquito-Australiano (Melopsitta- cus undulatus). Além da docilidade, contri- buíram para a difusão da criação comercial Cinza: cor da Calopsita na Natureza, onde os voos em bandos são comuns Mutações: diversas variações e combinações de cores foram obtidas a partir da Calopsita cinza original SugarFieldImagination/Flickr Budai ZeusBox StephenZozaya