SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
A PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA 
NA ÁREA DE BIOMECÂNICA 
Drª. CLAUDIA TARRAGÔ CANDOTTI 
Drª. em Ciência do Movimento Humano – Esef/UFRGS 
Professora de Biomecânica na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, RS 
Dr. JEFFERSON FAGUNDES LOSS 
Dr. em Engenharia Mecânica (Biomecânica) – Promec/UFRGS 
Professor de Biomecânica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
RESUMO 
A sistematização da produção científica em biomecânica no Brasil iniciou na década de 
1990, junto com a da Sociedade Brasileira de Biomecânica, e intensificou-se a partir do 
ano 2000, com o lançamento da Revista Brasileira de Biomecânica (RBB). Este estudo 
propõe-se analisar a produção científica brasileira nessa área, nos âmbitos nacional e in-ternacional. 
Foi realizado um levantamento de todos os autores que aparecem na RBB e 
contabilizado o número de artigos dos autores com maior regularidade, cujos Currículos 
Lattes foram consultados. O principal resultado aponta para uma produção nacional pro-porcionalmente 
superior à internacional. Apesar da recente implantação dessa área de 
investigação no país, o número de publicações internacionais parece minimamente ade-quado 
segundo os critérios da Capes, esperando-se um aumento da produção científica 
para os próximos anos. 
PALAVRAS-CHAVE: Produção científica; biomecânica; pesquisa nacional. 
Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006 121
INTRODUÇÃO 
No fim da década de 1980, quando a Escola de Educação Física da Universi-dade 
Federal do Rio Grande do Sul organizou a I Reunião Nacional de Professores 
de Biomecânica e Cinesiologia, foi alavancado o crescimento e a sistematização da 
biomecânica no Brasil. Como conseqüência direta dessa sistematização, foi funda-da, 
em 1992, a Sociedade Brasileira de Biomecânica (SBB), responsável pela orga-nização 
e divulgação regular dos Congressos Brasileiros de Biomecânica (CBB), os 
quais, até o ano 2000, foram os principais meios de divulgação da produção cientí-fica 
nacional na área (BARROS, 1999). A partir dessa data, com o lançamento da 
Revista Brasileira de Biomecânica, a SBB passa a contar com um poderoso instru-mento 
para socializar, nacional e internacionalmente, a produção científica da área 
(GUIMARÃES, 2001). Em suma, pode-se dizer que tem ocorrido uma evolução siste-mática 
da biomecânica no Brasil, no que diz respeito tanto à qualidade quanto à 
quantidade de laboratórios, pesquisadores, trabalhos no CBB – e em congressos 
internacionais – e artigos em periódicos nacionais e internacionais. 
A globalização tem sido mencionada como um fator equalizador de informa-ção, 
conhecimento e tecnologia. Nesse sentido, é razoável supor que a biomecâni-ca 
no Brasil esteja também inserida nesse contexto. Um exemplo dessa suposição 
pode ser observado na organização das temáticas dos congressos da SBB, que 
segue a mesma dos congressos promovidos pela Sociedade Internacional de Bio-mecânica 
(ISB). Os artigos publicados na Revista Brasileira de Biomecânica (RBB) 
também corroboram essa idéia, uma vez que suas temáticas não se diferenciam 
daquelas dos periódicos internacionais. A mencionada coincidência entre as temá-ticas 
pode ser verificada quando analisadas as referências bibliográficas, tanto dos 
trabalhos publicados nos CBB quanto dos artigos da RBB. Não obstante, no que diz 
respeito às tecnologias e aos recursos humanos e materiais, os pesquisadores bra-sileiros 
também sofrem o efeito da globalização, porém com exacerbação dos as-pectos 
negativos, visíveis quando observadas as estruturas dos laboratórios brasilei-ros 
de biomecânica. Assim, pode-se dizer que a biomecânica no Brasil, ao mesmo 
tempo em que se caracteriza pela busca constante de temas atuais e globais nos 
vários ramos do conhecimento aplicado às interpretações do movimento humano 
(AMADIO, 2000), é também limitada por questões específicas, tais como a carência 
de equipamentos, a falta de técnicos especializados, a escassez de recursos finan-ceiros 
e as diferenças culturais, principalmente no que diz respeito à língua, ques-tões 
estas que caracterizam uma realidade regional. 
Essa realidade regional da pesquisa em biomecânica no Brasil está também 
associada à ineficácia do sistema de captação de recursos, à burocracia das institui- 
122 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006
ções e à dificuldade da implementação de novas tecnologias nos laboratórios, o que 
acarreta a utilização de técnicas, equipamentos e softwares distantes dos chamados 
“de última geração”. Sendo esses aspectos limitantes da produção científica e con-siderando 
ainda a conhecida dificuldade de publicação em periódicos internacio-nais, 
parece razoável inferir que existe uma associação entre esses fatos. Buscando 
refletir acerca dessa realidade, este artigo propõe-se analisar a produção científica 
brasileira na área de biomecânica, nos âmbitos nacional e internacional. A análise 
aqui desenvolvida inclui o entendimento do conceito de biomecânica, a abrangên-cia 
da área de conhecimento e culmina na produção especificamente dita. 
A MULTIDISCIPLINARIEDADE DA BIOMECÂNICA 
A biomecânica é uma disciplina que se insere no contexto das ciências natu-rais 
derivadas e tem o propósito de analisar o movimento humano (AMADIO, 1997). 
As diversas técnicas de medição em biomecânica podem fornecer informações que 
permitem interpretar causas e conseqüências dos movimentos, naturalmente quando 
essas informações estão associadas às mais diversas áreas de conhecimento, consi-derando 
a complexidade do movimento humano. Assim, além da educação física, 
que utiliza o movimento como principal instrumento de trabalho, outras áreas, tais 
como a fisioterapia, a engenharia e ergonomia, são de vital importância para a bio-mecânica. 
Nesse contexto, os congressos de biomecânica nacionais e internacionais 
privilegiam temas voltados para locomoção, postura, esportes terrestres e aquáti-cos, 
resistência dos biomateriais, reabilitação, ergonomia, biomecânica 
musculoesquelética e técnicas de medição. A diversidade dos temas abordados 
revela a abrangência e a interdisciplinaridade da produção em biomecânica nos 
contextos nacional e mundial. Naturalmente, esses mesmos temas são também 
encontrados nos periódicos, sejam eles publicações oficiais das sociedades de bio-mecânica 
dispersas pelo mundo ou das entidades voltadas para cada área específica 
de conhecimento. 
Considerando o contexto da biomecânica no Brasil, um levantamento dos 
artigos publicados na RBB demonstra o interesse principal pelos seguintes temas, 
apresentados em ordem de prevalência: (1) análise de marcha; (2) biomecânica 
neuromuscular; (3) desenvolvimento de instrumentos para medição; (4) análises 
do tronco; (5) desenvolvimento de metodologias; (6) esportes; e (7) análise de 
calçados e palmilhas. Considerando a interdisciplinaridade da biomecânica, a qual 
carece de uma subdivisão rígida ou simplesmente clara dos temas, a catalogação 
desses temas torna-se uma tarefa bastante dificultosa. Não obstante, independen- 
Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006 123
temente da classificação adotada, vários artigos poderiam enquadrar-se em mais de 
uma temática. Sem querer impor uma classificação até então inexistente, mas en-tendendo 
que alguma subdivisão é necessária para uma análise menos superficial, e 
sem desconsiderar a possibilidade de inclusão de diversos artigos em mais de um 
tema, discorre-se brevemente sobre os temas anteriormente apresentados. 
A marcha parece ser, com enorme vantagem, a temática mais estudada pe-los 
pesquisadores brasileiros, com ênfase em diferentes faixas etárias, em especial 
crianças. Nesses artigos, a utilização de variáveis cinemáticas e cinéticas tem permi-tido 
interpretações e análises da marcha, desde a marcha normal até a marcha 
patológica, incluindo a marcha de indivíduos com deficiência visual, de amputados e 
com uso de acessórios. 
A biomecânica neuromuscular tem sido contemplada com estudos sobre 
fadiga muscular localizada, dor lombar e análise cinesiológica de diversos movimen-tos, 
sejam de ginástica ou de atividades cotidianas e laborais. Nesses estudos a 
técnica da eletromiografia, associada ou não a variáveis cinéticas, tem sido a princi-pal 
ferramenta dos pesquisadores. 
O interesse pela instrumentalização em biomecânica vem crescendo a cada 
ano, e, como conseqüência, também o desenvolvimento de instrumentos de me-dição. 
Medidores de força, como pedais instrumentados e células de carga; sensores 
de pressão, como palmilhas flexíveis; sistemas de análise e aquisição de vibrações; e 
máquinas de ensaios mecânicos são exemplos de instrumentos construídos no Bra-sil, 
divulgados pela RBB. 
Estudos que envolvam análises do tronco estão, na maioria das vezes, asso-ciados 
a outras temáticas, tais como esporte, ergonomia, marcha e desenvolvimen-to 
de instrumentos e de metodologias. Nesses artigos as ênfases têm sido para a 
sobrecarga na coluna lombar, levantamento de carga, avaliação de dor lombar e 
comportamento da musculatura abdominal e da respiração. 
Assim como a instrumentalização, o desenvolvimento de metodologias tam-bém 
tem despertado o interesse de muitos pesquisadores, os quais vêm dedicando 
atenção a questões referentes a análise de sinais, reconstrução tridimensional, dinâ-mica 
inversa e descrição de protocolos. Muitas vezes artigos direcionados a espor-tes, 
análises de tronco e outras temáticas também apresentam questões de desen-volvimento 
de metodologias. 
Os esportes, enquanto temática de biomecânica, aparecem vinculados a 
estudos de metodologias, instrumentalização, análises de marcha e tronco, 
neuromuscular e análise de calçados. Ciclismo, judô, atletismo, natação, vôlei, futsal, 
remo e futebol são os esportes que, de alguma forma, instigaram os pesquisadores 
brasileiros nos últimos cinco anos. 
124 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006
Finalizando esta despretensiosa classificação das temáticas da RBB, apresen-ta- 
se o tema que envolve análise de calçados e palmilhas. Nessa temática, enqua-dram- 
se artigos que englobam desde o desenvolvimento de calçados até a análise 
de calçados específicos, como, por exemplo, sapatilhas de balé, calçados de salto 
alto, calçado esportivo e casual; e, muitas vezes, a análise de marcha está associada. 
Todos esses temas têm sido amplamente abordados nos mais diversos pe-riódicos 
internacionais, tais como Pain, Journal of Electromyography and Kinesiology, 
Sports Biomechanics, Journal of Applied Biomechanics, Journal of Biomechanics, 
Medical and Biological Engineering & Computing, Ergonomics, Medicine and Science 
in Sports, Clinical Biomechanics, entre outros. 
Entendendo a própria multidisciplinaridade da biomecânica como um aspec-to 
favorável para o desenvolvimento dos mais diversos estudos, principalmente 
aqueles voltados para a aplicabilidade dos conhecimentos gerados, parece lógico 
que houvesse uma facilidade na sua divulgação para além das fronteiras do país de 
origem. Entretanto, tal lógica parece não se aplicar aos pesquisadores brasileiros, 
quando comparados com pesquisadores dos países ditos de primeiro mundo. 
A PRODUÇÃO DOS PESQUISADORES BRASILEIROS 
No Brasil, em vários estados, não somente nas capitais mais economica-mente 
desenvolvidas, mas também em outras cidades, ao longo da última década, 
foram criados laboratórios com a finalidade de análise do movimento para fins es-portivos 
ou para reabilitação, bem como laboratórios de instrumentação em bio-mecânica. 
A atuação de muitos pesquisadores nesses laboratórios tem resultado na 
principal produção da biomecânica, apesar da precariedade das condições de tra-balho. 
Dada a grande diversidade da biomecânica, a produção nacional pode ser 
encontrada em diversos periódicos, tais como: Revista Brasileira de Educação Físi-ca, 
Fisioterapia Brasil, Revista Brasileira de Fisioterapia, Revista Brasileira de Ciências 
do Esporte, RBB, entre outras. Considerando a RBB como a principal revista de 
divulgação nacional na área de biomecânica, pode-se entender que os artigos nela 
publicados sinalizam a produção científica na área. Nesse sentido, assume-se que 
os respectivos autores são representantes dos pesquisadores brasileiros em bio-mecânica. 
Não obstante, esse pressuposto pode limitar a análise da produção cien-tífica 
brasileira, uma vez que, eventualmente, alguns pesquisadores serão excluídos 
deste estudo pelo fato de não possuírem publicação na RBB. Com o propósito de 
identificar se essa produção alcança o além-mar brasileiro, intencionalmente reali-zou- 
se uma consulta à Plataforma Lattes de Currículos do Conselho Nacional de 
Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006 125
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) a fim de realizar um levanta-mento 
da produção internacional desses pesquisadores que possuem produção 
sistemática no Brasil, na RBB. 
Para tanto, inicialmente, fez-se um levantamento de todos os autores que 
aparecem na revista e, posteriormente, contabilizou-se o número de artigos para 
cada autor. Aqueles que publicaram pelo menos cinco artigos tiveram sua produção 
classificada como sistemática, ou seja, uma média mínima de um artigo por ano, 
desde o lançamento da revista; e seus Currículos Lattes foram, então, consultados. 
O levantamento inicial demonstrou que 196 autores integram o universo de 
pesquisadores que publicaram pelo menos um artigo na RBB. A contabilização dos 
artigos demonstrou que nove pesquisadores mantêm uma produção sistemática 
nessa revista, e seus nomes estão vinculados a 42 do total de 85 artigos publicados. 
A tabela I apresenta o número de publicações na RBB e em periódicos inter-nacionais 
para cada um dos nove pesquisadores com produção sistemática na RBB, 
durante o período de 2000 a 2005, classificados em dois grupos: publicações em 
português ou espanhol, e outros idiomas. Pode-se observar um desequilíbrio entre 
o número de publicações nacionais (RBB) e internacionais para todos os pesquisa-dores. 
Considerando que, no âmbito nacional, foi computada apenas uma revista; 
enquanto, no âmbito internacional, foi considerada a totalidade de revistas, tanto 
específicas de biomecânica quanto afins, esse desequilíbrio fica ainda maior. É inte-ressante 
ainda observar que, entre as publicações internacionais, aproximadamen-te 
um quarto do total é publicado em idiomas latino-americanos. No âmbito da 
divulgação internacional, publicações em português ou espanhol não apresentam 
tanta penetração na comunidade científica quanto aquelas escritas em inglês. 
TABELA I – PUBLICAÇÕES DE NOVE PESQUISADORES NA RBB E EM PERIÓDICOS 
INTERNACIONAIS, DURANTE O PERÍODO DE 2000 A 2005 
Pesquisador 2000–2005 2000–2005 
RBB Internacional 
Outros idiomas Português ou espanhol 
A 16 4 2 
B 13 0 2 
C 11 2 0 
D 7 2 1 
E 7 3 0 
F 6 4 0 
G 5 0 1 
H 5 0 0 
I 5 1 0 
126 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006
Considerando que esse seleto grupo de pesquisadores em biomecânica possui 
uma média anual de publicações nacionais muito superior à das publicações inter-nacionais, 
resta questionar por que existe essa disparidade. Se os temas de interes-se 
são os mesmos das revistas estrangeiras, o que falta então? Fluência no idioma? 
Recursos? Sem a pretensão de responder a essas questões, algumas inferências 
podem ser feitas. A língua, com certeza, é a primeira barreira com a qual se depa-ram 
os pesquisadores brasileiros. A essa questão está associada a falta da cultura de 
enviar artigos para o exterior, que apenas recentemente vem sendo instigada pelas 
agências de fomento. Pode-se remeter ainda a existência de uma defasagem tem-poral 
no que diz respeito às tecnologias, pois, em se tratando de biomecânica espe-cificamente, 
não há como fazer pesquisa sem equipamentos, e nesse aspecto, muitas 
vezes, os pesquisadores brasileiros não conseguem atingir as exigências impostas 
por revistas internacionais. 
Além dessas reflexões, outras podem ser levantadas. Até que ponto, no Brasil, 
estão “fazendo ciência” ou apenas estão sendo reproduzidos experimentos e conhe-cimentos 
divulgados internacionalmente? Dito de outra forma, será que “fazer pes-quisa” 
não significa apenas divulgar (internamente) aquilo que cada grupo regional faz 
isoladamente? Considerando o “tempo de vida” da biomecânica no Brasil, será que a 
referida área não se encontra em um estágio inicial, em que questões referentes às 
publicações internacionais ainda não correspondem aos objetivos dos pesquisadores? 
Entende-se que talvez pelo fato de a biomecânica brasileira realmente estar em um 
estágio inicial, a pretensão de divulgação internacional fica relegada a um segundo 
plano. É primordial, portanto, a estruturação dos grupos de pesquisa e dos laborató-rios, 
bem como a cooperação entre os mesmos, no sentido de extrair o melhor de 
cada um, para favorecer a competição por mais espaço em periódicos internacionais 
e, conseqüentemente, a conquista de credibilidade no ambiente científico internacio-nal. 
Não obstante, levando em consideração não apenas a realidade brasileira, mas 
também dos demais países da América do Sul, cabe ressaltar que o Brasil é o único 
que já possui uma estrutura de pesquisa e divulgação, que serve de fonte de consulta 
para países vizinhos, como Argentina, Chile, Uruguai, entre outros. 
Embora uma análise da quantidade de artigos publicados em periódicos 
indexados possa incorrer no risco de uma visão simplista, incompleta e circunstan-cial, 
tal análise tem sido o principal instrumento utilizado pelas agências de fomento 
para pontuar e/ou classificar os pesquisadores e programas de pós-graduação. Dado 
que, no Brasil, a biomecânica nasceu associada à área de educação física, e que 
nessa área os programas de pós-graduação mais bem classificados, segundo o crité-rio 
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes –, 
possuem nota 5, pode-se utilizar os indicadores desse nível para avaliar a tabela I. A 
Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006 127
produção científica de um pesquisador de um programa de pós-graduação nível 5 
deve ser no mínimo de três artigos por triênio, sendo pelo menos um internacional 
(cateoria A ou B no aplicativo Qualis). Nessa perspectiva, a proporção da produção 
listada na tabela I parece minimamente adequada para a maioria dos autores. Em-bora 
apresente limitações metodológicas, o presente estudo aponta para uma pro-dução 
em biomecânica ainda em estágio inicial, com uma produção internacional 
bastante tímida. No entanto, tal fato não desencoraja uma despretensiosa projeção 
de que, assim como na América Latina a biomecânica brasileira tem seu reconheci-mento, 
dentro de alguns anos isso venha a ocorrer em um âmbito mais universal. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A proposta deste estudo foi a de analisar a produção científica na área de 
biomecânica. As informações aqui apresentadas podem servir como sinalizadoras 
para discussões acerca de ações que possam instigar a pesquisa e a produção na 
área de biomecânica. No Brasil, apesar de as dificuldades advindas da falta de recur-sos 
para instrumentalizar os laboratórios, os pesquisadores em biomecânica têm 
demonstrado grande capacidade de solução de problemas, mostrando-se potenci-almente 
capazes de acompanhar a globalização que envolve a produção científica. 
Nesse sentido, um aumento de ações visando à cooperação entre pesquisadores e 
laboratórios, somado às crescentes exigências das agências de fomento, deve 
incrementar a produção científica internacional nos próximos anos. 
Brazilian scientific production in the area of biomechanics 
ABSTRACT: Systematization of Brazilian scientific production in biomechanics began in 
the 1990s with the foundation of the Brazilian Biomechanics Society and was intensified in 
the year 2000 with the launching of the Brazilian Journal of Biomechanics (BJB). The 
purpose of this study is to analyze Brazilian scientific production in the field of biomechanics 
from a national and international perspective. A survey of the all authors published in the 
BJB was carried out in which the most regularly published authors were identified. The 
number of papers published by each of these authors was also counted by consulting the 
Lattes database on the internet. The main findings show that the number of such papers 
published in Brazil is far greater than those published abroad. Although biomechanics is a 
recent research area in Brazil, the number of papers published internationally meets the 
minimum required by CAPES and an increase in academic output can be expected in the 
near future. 
KEY-WORDS: Scientific production, biomechanics, Brazilian research. 
(continua) 
128 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006
(continuação) 
La producción científica brasileña en el área de biomecánica 
RESUMEN: La sistematización de la producción en Biomecánica en Brasil tuvo inicio en la 
década de los 90, con la Sociedade Brasileira de Biomecânica, y se intensificó a partir del 
año 2000, con el lanzamiento de la Revista Brasileira de Biomecânica (RBB). Este estudio 
se propone a analizar la producción científica brasileña en el área de biomecánica, en los 
ámbitos nacional e internacional. Se hizo una encuesta de todos los autores que aparecen 
en la RBB, y se contabilizó el número de artículos de los autores con mayor regularidad, 
cuyos currículos Lattes fueron, entonces, consultados. El principal resultado apunta para 
una producción nacional proporcionalmente superior a la internacional. A pesar de la 
reciente implantación de esa área de investigación en el País, el número de publicaciones 
internacionales parece mínimamente adecuado según los criterios de la Capes, esperándose 
un aumento de la producción científica para los próximos años. 
PALABRAS CLAVES: Producción científica; biomecánica; investigación nacional. 
REFERÊNCIAS 
AMADIO, C. A. Considerações metodológicas da biomecânica: áreas de aplicação para aná-lise 
do movimento humano. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOMECÂNICA, 7., 1997, 
Campinas. Anais..., Campinas, 1997, p. 11-15. 
AMADIO, C. A. Nota do Editor. Revista Brasileira de Biomecânica, n. 1, p. 5-6, 2000. 
BARROS, R. M. L. Análise da produção de pesquisa em biomecânica no Brasil. Kinesis, n. 2, 
p. 87-96, 1999. 
GUIMARÃES, A. C. S. Apresentação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOMECÂNICA, 
9., 2001, Gramado. Anais..., Gramado, 2001. 
Recebido: 31 jan. 2006 
Aprovado: 15 abr. 2006 
Endereço para correspondência 
Jefferson Fagundes Loss 
Vicente da Fontoura, 2412/117 
Porto Alegre - RS 
Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006 129

Mais conteúdo relacionado

Destaque

23 razones indiscutibles para tener tu página web
23 razones indiscutibles para tener tu página web23 razones indiscutibles para tener tu página web
23 razones indiscutibles para tener tu página webVeroEspindolaConsultora
 
Trabajo p.n 1 nuevas tecnologias
Trabajo p.n 1 nuevas  tecnologiasTrabajo p.n 1 nuevas  tecnologias
Trabajo p.n 1 nuevas tecnologiasrolandoarevalo
 
Ponencia. Gabriela Bandieri - Beatriz Pedro. Congreso de Extensión UNCUYO
Ponencia. Gabriela Bandieri - Beatriz Pedro. Congreso de Extensión UNCUYOPonencia. Gabriela Bandieri - Beatriz Pedro. Congreso de Extensión UNCUYO
Ponencia. Gabriela Bandieri - Beatriz Pedro. Congreso de Extensión UNCUYOTaller Libre de Proyecto Social
 
Daniel serrano actividad2
Daniel serrano actividad2Daniel serrano actividad2
Daniel serrano actividad2Daniel Serrano
 
Universidad y práctica social - Beatriz Pedro. 2008 FADU
Universidad y práctica social - Beatriz Pedro. 2008 FADU Universidad y práctica social - Beatriz Pedro. 2008 FADU
Universidad y práctica social - Beatriz Pedro. 2008 FADU Taller Libre de Proyecto Social
 
Edm presentación caza del tesoro y web quest
Edm presentación caza del tesoro y web questEdm presentación caza del tesoro y web quest
Edm presentación caza del tesoro y web questElia Diaz Martinez
 
Métodos anticonceptivos
Métodos anticonceptivosMétodos anticonceptivos
Métodos anticonceptivosanainna16
 
Diapositivas propaganda
Diapositivas propagandaDiapositivas propaganda
Diapositivas propagandaDaniela Yanez
 
05 casos deuso-operacoese_consultasdesistema
05 casos deuso-operacoese_consultasdesistema05 casos deuso-operacoese_consultasdesistema
05 casos deuso-operacoese_consultasdesistemaLuiz Gustavo Lazarini
 
Presentación1
Presentación1Presentación1
Presentación1Miguel822
 
Windows vs linux parte 2 dalia y nalo
Windows vs linux parte 2 dalia y naloWindows vs linux parte 2 dalia y nalo
Windows vs linux parte 2 dalia y naloDalia Veliz
 
FRANCISCO ALZURU ARJONA 9 de marzo 2015 definitivo
FRANCISCO ALZURU ARJONA  9 de marzo 2015 definitivoFRANCISCO ALZURU ARJONA  9 de marzo 2015 definitivo
FRANCISCO ALZURU ARJONA 9 de marzo 2015 definitivoBCNVZLA
 

Destaque (20)

23 razones indiscutibles para tener tu página web
23 razones indiscutibles para tener tu página web23 razones indiscutibles para tener tu página web
23 razones indiscutibles para tener tu página web
 
Tecnología
TecnologíaTecnología
Tecnología
 
Relatório maio
Relatório maioRelatório maio
Relatório maio
 
Cuenstos y fabulas
Cuenstos y fabulasCuenstos y fabulas
Cuenstos y fabulas
 
Inconterms mao
Inconterms  maoInconterms  mao
Inconterms mao
 
Trabajo p.n 1 nuevas tecnologias
Trabajo p.n 1 nuevas  tecnologiasTrabajo p.n 1 nuevas  tecnologias
Trabajo p.n 1 nuevas tecnologias
 
Ponencia. Gabriela Bandieri - Beatriz Pedro. Congreso de Extensión UNCUYO
Ponencia. Gabriela Bandieri - Beatriz Pedro. Congreso de Extensión UNCUYOPonencia. Gabriela Bandieri - Beatriz Pedro. Congreso de Extensión UNCUYO
Ponencia. Gabriela Bandieri - Beatriz Pedro. Congreso de Extensión UNCUYO
 
Youtube
YoutubeYoutube
Youtube
 
Leicomp336
Leicomp336Leicomp336
Leicomp336
 
Daniel serrano actividad2
Daniel serrano actividad2Daniel serrano actividad2
Daniel serrano actividad2
 
Universidad y práctica social - Beatriz Pedro. 2008 FADU
Universidad y práctica social - Beatriz Pedro. 2008 FADU Universidad y práctica social - Beatriz Pedro. 2008 FADU
Universidad y práctica social - Beatriz Pedro. 2008 FADU
 
Edm presentación caza del tesoro y web quest
Edm presentación caza del tesoro y web questEdm presentación caza del tesoro y web quest
Edm presentación caza del tesoro y web quest
 
Jesus cristo
Jesus cristoJesus cristo
Jesus cristo
 
Métodos anticonceptivos
Métodos anticonceptivosMétodos anticonceptivos
Métodos anticonceptivos
 
Diapositivas propaganda
Diapositivas propagandaDiapositivas propaganda
Diapositivas propaganda
 
A corrida do_sapinho
A corrida do_sapinhoA corrida do_sapinho
A corrida do_sapinho
 
05 casos deuso-operacoese_consultasdesistema
05 casos deuso-operacoese_consultasdesistema05 casos deuso-operacoese_consultasdesistema
05 casos deuso-operacoese_consultasdesistema
 
Presentación1
Presentación1Presentación1
Presentación1
 
Windows vs linux parte 2 dalia y nalo
Windows vs linux parte 2 dalia y naloWindows vs linux parte 2 dalia y nalo
Windows vs linux parte 2 dalia y nalo
 
FRANCISCO ALZURU ARJONA 9 de marzo 2015 definitivo
FRANCISCO ALZURU ARJONA  9 de marzo 2015 definitivoFRANCISCO ALZURU ARJONA  9 de marzo 2015 definitivo
FRANCISCO ALZURU ARJONA 9 de marzo 2015 definitivo
 

Semelhante a 42 144-1-pb.pdf médico

Livro história do-esporte-cultura-política-gênero-e-economia
Livro história do-esporte-cultura-política-gênero-e-economiaLivro história do-esporte-cultura-política-gênero-e-economia
Livro história do-esporte-cultura-política-gênero-e-economiaLeila Teixeira
 
3 aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas
3  aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas3  aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas
3 aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicaspryloock
 
Projeto Final Ciências Biológica.pdf
Projeto Final Ciências Biológica.pdfProjeto Final Ciências Biológica.pdf
Projeto Final Ciências Biológica.pdfJussara Santin
 
O que é etnobiologia evolucionária
O que é etnobiologia evolucionáriaO que é etnobiologia evolucionária
O que é etnobiologia evolucionáriaErnane Nogueira Nunes
 
MINAYO_M._C._S._Etica_das_Pesquisas_Qualitativa.pdf
MINAYO_M._C._S._Etica_das_Pesquisas_Qualitativa.pdfMINAYO_M._C._S._Etica_das_Pesquisas_Qualitativa.pdf
MINAYO_M._C._S._Etica_das_Pesquisas_Qualitativa.pdfCARLOSHENRIQUECARDOS21
 
Esporte ensino -saúde e políticas públicas
Esporte ensino -saúde e políticas públicasEsporte ensino -saúde e políticas públicas
Esporte ensino -saúde e políticas públicasmarcelosilveirazero1
 
Como redigir e preparar um artigo científico.pptx
Como redigir e preparar um artigo científico.pptxComo redigir e preparar um artigo científico.pptx
Como redigir e preparar um artigo científico.pptxJeffersonPereira360732
 
Atlas de Histologia Descritiva (Ross) - www.meulivro.mobi.pdf
Atlas de Histologia Descritiva (Ross) - www.meulivro.mobi.pdfAtlas de Histologia Descritiva (Ross) - www.meulivro.mobi.pdf
Atlas de Histologia Descritiva (Ross) - www.meulivro.mobi.pdfAndreaBastosGomes
 
Extração de Características em Sinais de Voz por meio da Análise de Component...
Extração de Características em Sinais de Voz por meio da Análise de Component...Extração de Características em Sinais de Voz por meio da Análise de Component...
Extração de Características em Sinais de Voz por meio da Análise de Component...Pantanal Editoral
 
2008 art interthesis -figueiredo, volnei e cordon
2008   art interthesis -figueiredo, volnei e cordon2008   art interthesis -figueiredo, volnei e cordon
2008 art interthesis -figueiredo, volnei e cordonmadiex112
 
Impactos das Nanotecnologias na cadeia de produção da soja brasileira
Impactos das Nanotecnologias na cadeia de produção da soja brasileiraImpactos das Nanotecnologias na cadeia de produção da soja brasileira
Impactos das Nanotecnologias na cadeia de produção da soja brasileiraiicabrasil
 
Análise bibliométrica
Análise bibliométricaAnálise bibliométrica
Análise bibliométricaUSP
 
1 artigo luis r oficio antrop
1  artigo luis r oficio antrop1  artigo luis r oficio antrop
1 artigo luis r oficio antropLigia Soares
 
Análise bibliométrica de produção científica sobre gestão do conhecimento co...
Análise bibliométrica de produção científica sobre gestão do conhecimento  co...Análise bibliométrica de produção científica sobre gestão do conhecimento  co...
Análise bibliométrica de produção científica sobre gestão do conhecimento co...Angelina Licório
 
Tema do desafio acadêmico 2º sem2016 eng biomédica rev
Tema do desafio acadêmico 2º sem2016 eng biomédica revTema do desafio acadêmico 2º sem2016 eng biomédica rev
Tema do desafio acadêmico 2º sem2016 eng biomédica revcgtsfumec
 

Semelhante a 42 144-1-pb.pdf médico (20)

Livro história do-esporte-cultura-política-gênero-e-economia
Livro história do-esporte-cultura-política-gênero-e-economiaLivro história do-esporte-cultura-política-gênero-e-economia
Livro história do-esporte-cultura-política-gênero-e-economia
 
3 aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas
3  aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas3  aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas
3 aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas
 
Manual bio estat-5
Manual bio estat-5Manual bio estat-5
Manual bio estat-5
 
Projeto Final Ciências Biológica.pdf
Projeto Final Ciências Biológica.pdfProjeto Final Ciências Biológica.pdf
Projeto Final Ciências Biológica.pdf
 
Artigo (seminário sandra)
Artigo (seminário sandra)Artigo (seminário sandra)
Artigo (seminário sandra)
 
O que é etnobiologia evolucionária
O que é etnobiologia evolucionáriaO que é etnobiologia evolucionária
O que é etnobiologia evolucionária
 
PERFIL DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM SAÚDE COLETIVA: análise preliminar
PERFIL DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM SAÚDE COLETIVA: análise preliminarPERFIL DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM SAÚDE COLETIVA: análise preliminar
PERFIL DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM SAÚDE COLETIVA: análise preliminar
 
MINAYO_M._C._S._Etica_das_Pesquisas_Qualitativa.pdf
MINAYO_M._C._S._Etica_das_Pesquisas_Qualitativa.pdfMINAYO_M._C._S._Etica_das_Pesquisas_Qualitativa.pdf
MINAYO_M._C._S._Etica_das_Pesquisas_Qualitativa.pdf
 
Esporte ensino -saúde e políticas públicas
Esporte ensino -saúde e políticas públicasEsporte ensino -saúde e políticas públicas
Esporte ensino -saúde e políticas públicas
 
Como redigir e preparar um artigo científico.pptx
Como redigir e preparar um artigo científico.pptxComo redigir e preparar um artigo científico.pptx
Como redigir e preparar um artigo científico.pptx
 
Atlas de Histologia Descritiva (Ross) - www.meulivro.mobi.pdf
Atlas de Histologia Descritiva (Ross) - www.meulivro.mobi.pdfAtlas de Histologia Descritiva (Ross) - www.meulivro.mobi.pdf
Atlas de Histologia Descritiva (Ross) - www.meulivro.mobi.pdf
 
Extração de Características em Sinais de Voz por meio da Análise de Component...
Extração de Características em Sinais de Voz por meio da Análise de Component...Extração de Características em Sinais de Voz por meio da Análise de Component...
Extração de Características em Sinais de Voz por meio da Análise de Component...
 
2008 art interthesis -figueiredo, volnei e cordon
2008   art interthesis -figueiredo, volnei e cordon2008   art interthesis -figueiredo, volnei e cordon
2008 art interthesis -figueiredo, volnei e cordon
 
Impactos das Nanotecnologias na cadeia de produção da soja brasileira
Impactos das Nanotecnologias na cadeia de produção da soja brasileiraImpactos das Nanotecnologias na cadeia de produção da soja brasileira
Impactos das Nanotecnologias na cadeia de produção da soja brasileira
 
Análise bibliométrica
Análise bibliométricaAnálise bibliométrica
Análise bibliométrica
 
Recomendações Éticas...
Recomendações Éticas...Recomendações Éticas...
Recomendações Éticas...
 
1 artigo luis r oficio antrop
1  artigo luis r oficio antrop1  artigo luis r oficio antrop
1 artigo luis r oficio antrop
 
Taxonomia
TaxonomiaTaxonomia
Taxonomia
 
Análise bibliométrica de produção científica sobre gestão do conhecimento co...
Análise bibliométrica de produção científica sobre gestão do conhecimento  co...Análise bibliométrica de produção científica sobre gestão do conhecimento  co...
Análise bibliométrica de produção científica sobre gestão do conhecimento co...
 
Tema do desafio acadêmico 2º sem2016 eng biomédica rev
Tema do desafio acadêmico 2º sem2016 eng biomédica revTema do desafio acadêmico 2º sem2016 eng biomédica rev
Tema do desafio acadêmico 2º sem2016 eng biomédica rev
 

Último

Calculo vetorial - eletromagnetismo, calculo 3
Calculo vetorial - eletromagnetismo, calculo 3Calculo vetorial - eletromagnetismo, calculo 3
Calculo vetorial - eletromagnetismo, calculo 3filiperigueira1
 
PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS – REVIT MEP -.pdf
PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS – REVIT MEP -.pdfPROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS – REVIT MEP -.pdf
PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS – REVIT MEP -.pdfdanielemarques481
 
Apresentação Manutenção Total Produtiva - TPM
Apresentação Manutenção Total Produtiva - TPMApresentação Manutenção Total Produtiva - TPM
Apresentação Manutenção Total Produtiva - TPMdiminutcasamentos
 
10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx
10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx
10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptxVagner Soares da Costa
 
07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx
07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx
07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptxVagner Soares da Costa
 
Tipos de Cargas - Conhecendo suas Características e Classificações.pdf
Tipos de Cargas - Conhecendo suas Características e Classificações.pdfTipos de Cargas - Conhecendo suas Características e Classificações.pdf
Tipos de Cargas - Conhecendo suas Características e Classificações.pdfMarcos Boaventura
 
TRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docx
TRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docxTRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docx
TRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docxFlvioDadinhoNNhamizi
 

Último (7)

Calculo vetorial - eletromagnetismo, calculo 3
Calculo vetorial - eletromagnetismo, calculo 3Calculo vetorial - eletromagnetismo, calculo 3
Calculo vetorial - eletromagnetismo, calculo 3
 
PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS – REVIT MEP -.pdf
PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS – REVIT MEP -.pdfPROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS – REVIT MEP -.pdf
PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS – REVIT MEP -.pdf
 
Apresentação Manutenção Total Produtiva - TPM
Apresentação Manutenção Total Produtiva - TPMApresentação Manutenção Total Produtiva - TPM
Apresentação Manutenção Total Produtiva - TPM
 
10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx
10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx
10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx
 
07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx
07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx
07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx
 
Tipos de Cargas - Conhecendo suas Características e Classificações.pdf
Tipos de Cargas - Conhecendo suas Características e Classificações.pdfTipos de Cargas - Conhecendo suas Características e Classificações.pdf
Tipos de Cargas - Conhecendo suas Características e Classificações.pdf
 
TRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docx
TRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docxTRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docx
TRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docx
 

42 144-1-pb.pdf médico

  • 1. A PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA NA ÁREA DE BIOMECÂNICA Drª. CLAUDIA TARRAGÔ CANDOTTI Drª. em Ciência do Movimento Humano – Esef/UFRGS Professora de Biomecânica na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, RS Dr. JEFFERSON FAGUNDES LOSS Dr. em Engenharia Mecânica (Biomecânica) – Promec/UFRGS Professor de Biomecânica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul RESUMO A sistematização da produção científica em biomecânica no Brasil iniciou na década de 1990, junto com a da Sociedade Brasileira de Biomecânica, e intensificou-se a partir do ano 2000, com o lançamento da Revista Brasileira de Biomecânica (RBB). Este estudo propõe-se analisar a produção científica brasileira nessa área, nos âmbitos nacional e in-ternacional. Foi realizado um levantamento de todos os autores que aparecem na RBB e contabilizado o número de artigos dos autores com maior regularidade, cujos Currículos Lattes foram consultados. O principal resultado aponta para uma produção nacional pro-porcionalmente superior à internacional. Apesar da recente implantação dessa área de investigação no país, o número de publicações internacionais parece minimamente ade-quado segundo os critérios da Capes, esperando-se um aumento da produção científica para os próximos anos. PALAVRAS-CHAVE: Produção científica; biomecânica; pesquisa nacional. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006 121
  • 2. INTRODUÇÃO No fim da década de 1980, quando a Escola de Educação Física da Universi-dade Federal do Rio Grande do Sul organizou a I Reunião Nacional de Professores de Biomecânica e Cinesiologia, foi alavancado o crescimento e a sistematização da biomecânica no Brasil. Como conseqüência direta dessa sistematização, foi funda-da, em 1992, a Sociedade Brasileira de Biomecânica (SBB), responsável pela orga-nização e divulgação regular dos Congressos Brasileiros de Biomecânica (CBB), os quais, até o ano 2000, foram os principais meios de divulgação da produção cientí-fica nacional na área (BARROS, 1999). A partir dessa data, com o lançamento da Revista Brasileira de Biomecânica, a SBB passa a contar com um poderoso instru-mento para socializar, nacional e internacionalmente, a produção científica da área (GUIMARÃES, 2001). Em suma, pode-se dizer que tem ocorrido uma evolução siste-mática da biomecânica no Brasil, no que diz respeito tanto à qualidade quanto à quantidade de laboratórios, pesquisadores, trabalhos no CBB – e em congressos internacionais – e artigos em periódicos nacionais e internacionais. A globalização tem sido mencionada como um fator equalizador de informa-ção, conhecimento e tecnologia. Nesse sentido, é razoável supor que a biomecâni-ca no Brasil esteja também inserida nesse contexto. Um exemplo dessa suposição pode ser observado na organização das temáticas dos congressos da SBB, que segue a mesma dos congressos promovidos pela Sociedade Internacional de Bio-mecânica (ISB). Os artigos publicados na Revista Brasileira de Biomecânica (RBB) também corroboram essa idéia, uma vez que suas temáticas não se diferenciam daquelas dos periódicos internacionais. A mencionada coincidência entre as temá-ticas pode ser verificada quando analisadas as referências bibliográficas, tanto dos trabalhos publicados nos CBB quanto dos artigos da RBB. Não obstante, no que diz respeito às tecnologias e aos recursos humanos e materiais, os pesquisadores bra-sileiros também sofrem o efeito da globalização, porém com exacerbação dos as-pectos negativos, visíveis quando observadas as estruturas dos laboratórios brasilei-ros de biomecânica. Assim, pode-se dizer que a biomecânica no Brasil, ao mesmo tempo em que se caracteriza pela busca constante de temas atuais e globais nos vários ramos do conhecimento aplicado às interpretações do movimento humano (AMADIO, 2000), é também limitada por questões específicas, tais como a carência de equipamentos, a falta de técnicos especializados, a escassez de recursos finan-ceiros e as diferenças culturais, principalmente no que diz respeito à língua, ques-tões estas que caracterizam uma realidade regional. Essa realidade regional da pesquisa em biomecânica no Brasil está também associada à ineficácia do sistema de captação de recursos, à burocracia das institui- 122 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006
  • 3. ções e à dificuldade da implementação de novas tecnologias nos laboratórios, o que acarreta a utilização de técnicas, equipamentos e softwares distantes dos chamados “de última geração”. Sendo esses aspectos limitantes da produção científica e con-siderando ainda a conhecida dificuldade de publicação em periódicos internacio-nais, parece razoável inferir que existe uma associação entre esses fatos. Buscando refletir acerca dessa realidade, este artigo propõe-se analisar a produção científica brasileira na área de biomecânica, nos âmbitos nacional e internacional. A análise aqui desenvolvida inclui o entendimento do conceito de biomecânica, a abrangên-cia da área de conhecimento e culmina na produção especificamente dita. A MULTIDISCIPLINARIEDADE DA BIOMECÂNICA A biomecânica é uma disciplina que se insere no contexto das ciências natu-rais derivadas e tem o propósito de analisar o movimento humano (AMADIO, 1997). As diversas técnicas de medição em biomecânica podem fornecer informações que permitem interpretar causas e conseqüências dos movimentos, naturalmente quando essas informações estão associadas às mais diversas áreas de conhecimento, consi-derando a complexidade do movimento humano. Assim, além da educação física, que utiliza o movimento como principal instrumento de trabalho, outras áreas, tais como a fisioterapia, a engenharia e ergonomia, são de vital importância para a bio-mecânica. Nesse contexto, os congressos de biomecânica nacionais e internacionais privilegiam temas voltados para locomoção, postura, esportes terrestres e aquáti-cos, resistência dos biomateriais, reabilitação, ergonomia, biomecânica musculoesquelética e técnicas de medição. A diversidade dos temas abordados revela a abrangência e a interdisciplinaridade da produção em biomecânica nos contextos nacional e mundial. Naturalmente, esses mesmos temas são também encontrados nos periódicos, sejam eles publicações oficiais das sociedades de bio-mecânica dispersas pelo mundo ou das entidades voltadas para cada área específica de conhecimento. Considerando o contexto da biomecânica no Brasil, um levantamento dos artigos publicados na RBB demonstra o interesse principal pelos seguintes temas, apresentados em ordem de prevalência: (1) análise de marcha; (2) biomecânica neuromuscular; (3) desenvolvimento de instrumentos para medição; (4) análises do tronco; (5) desenvolvimento de metodologias; (6) esportes; e (7) análise de calçados e palmilhas. Considerando a interdisciplinaridade da biomecânica, a qual carece de uma subdivisão rígida ou simplesmente clara dos temas, a catalogação desses temas torna-se uma tarefa bastante dificultosa. Não obstante, independen- Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006 123
  • 4. temente da classificação adotada, vários artigos poderiam enquadrar-se em mais de uma temática. Sem querer impor uma classificação até então inexistente, mas en-tendendo que alguma subdivisão é necessária para uma análise menos superficial, e sem desconsiderar a possibilidade de inclusão de diversos artigos em mais de um tema, discorre-se brevemente sobre os temas anteriormente apresentados. A marcha parece ser, com enorme vantagem, a temática mais estudada pe-los pesquisadores brasileiros, com ênfase em diferentes faixas etárias, em especial crianças. Nesses artigos, a utilização de variáveis cinemáticas e cinéticas tem permi-tido interpretações e análises da marcha, desde a marcha normal até a marcha patológica, incluindo a marcha de indivíduos com deficiência visual, de amputados e com uso de acessórios. A biomecânica neuromuscular tem sido contemplada com estudos sobre fadiga muscular localizada, dor lombar e análise cinesiológica de diversos movimen-tos, sejam de ginástica ou de atividades cotidianas e laborais. Nesses estudos a técnica da eletromiografia, associada ou não a variáveis cinéticas, tem sido a princi-pal ferramenta dos pesquisadores. O interesse pela instrumentalização em biomecânica vem crescendo a cada ano, e, como conseqüência, também o desenvolvimento de instrumentos de me-dição. Medidores de força, como pedais instrumentados e células de carga; sensores de pressão, como palmilhas flexíveis; sistemas de análise e aquisição de vibrações; e máquinas de ensaios mecânicos são exemplos de instrumentos construídos no Bra-sil, divulgados pela RBB. Estudos que envolvam análises do tronco estão, na maioria das vezes, asso-ciados a outras temáticas, tais como esporte, ergonomia, marcha e desenvolvimen-to de instrumentos e de metodologias. Nesses artigos as ênfases têm sido para a sobrecarga na coluna lombar, levantamento de carga, avaliação de dor lombar e comportamento da musculatura abdominal e da respiração. Assim como a instrumentalização, o desenvolvimento de metodologias tam-bém tem despertado o interesse de muitos pesquisadores, os quais vêm dedicando atenção a questões referentes a análise de sinais, reconstrução tridimensional, dinâ-mica inversa e descrição de protocolos. Muitas vezes artigos direcionados a espor-tes, análises de tronco e outras temáticas também apresentam questões de desen-volvimento de metodologias. Os esportes, enquanto temática de biomecânica, aparecem vinculados a estudos de metodologias, instrumentalização, análises de marcha e tronco, neuromuscular e análise de calçados. Ciclismo, judô, atletismo, natação, vôlei, futsal, remo e futebol são os esportes que, de alguma forma, instigaram os pesquisadores brasileiros nos últimos cinco anos. 124 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006
  • 5. Finalizando esta despretensiosa classificação das temáticas da RBB, apresen-ta- se o tema que envolve análise de calçados e palmilhas. Nessa temática, enqua-dram- se artigos que englobam desde o desenvolvimento de calçados até a análise de calçados específicos, como, por exemplo, sapatilhas de balé, calçados de salto alto, calçado esportivo e casual; e, muitas vezes, a análise de marcha está associada. Todos esses temas têm sido amplamente abordados nos mais diversos pe-riódicos internacionais, tais como Pain, Journal of Electromyography and Kinesiology, Sports Biomechanics, Journal of Applied Biomechanics, Journal of Biomechanics, Medical and Biological Engineering & Computing, Ergonomics, Medicine and Science in Sports, Clinical Biomechanics, entre outros. Entendendo a própria multidisciplinaridade da biomecânica como um aspec-to favorável para o desenvolvimento dos mais diversos estudos, principalmente aqueles voltados para a aplicabilidade dos conhecimentos gerados, parece lógico que houvesse uma facilidade na sua divulgação para além das fronteiras do país de origem. Entretanto, tal lógica parece não se aplicar aos pesquisadores brasileiros, quando comparados com pesquisadores dos países ditos de primeiro mundo. A PRODUÇÃO DOS PESQUISADORES BRASILEIROS No Brasil, em vários estados, não somente nas capitais mais economica-mente desenvolvidas, mas também em outras cidades, ao longo da última década, foram criados laboratórios com a finalidade de análise do movimento para fins es-portivos ou para reabilitação, bem como laboratórios de instrumentação em bio-mecânica. A atuação de muitos pesquisadores nesses laboratórios tem resultado na principal produção da biomecânica, apesar da precariedade das condições de tra-balho. Dada a grande diversidade da biomecânica, a produção nacional pode ser encontrada em diversos periódicos, tais como: Revista Brasileira de Educação Físi-ca, Fisioterapia Brasil, Revista Brasileira de Fisioterapia, Revista Brasileira de Ciências do Esporte, RBB, entre outras. Considerando a RBB como a principal revista de divulgação nacional na área de biomecânica, pode-se entender que os artigos nela publicados sinalizam a produção científica na área. Nesse sentido, assume-se que os respectivos autores são representantes dos pesquisadores brasileiros em bio-mecânica. Não obstante, esse pressuposto pode limitar a análise da produção cien-tífica brasileira, uma vez que, eventualmente, alguns pesquisadores serão excluídos deste estudo pelo fato de não possuírem publicação na RBB. Com o propósito de identificar se essa produção alcança o além-mar brasileiro, intencionalmente reali-zou- se uma consulta à Plataforma Lattes de Currículos do Conselho Nacional de Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006 125
  • 6. Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) a fim de realizar um levanta-mento da produção internacional desses pesquisadores que possuem produção sistemática no Brasil, na RBB. Para tanto, inicialmente, fez-se um levantamento de todos os autores que aparecem na revista e, posteriormente, contabilizou-se o número de artigos para cada autor. Aqueles que publicaram pelo menos cinco artigos tiveram sua produção classificada como sistemática, ou seja, uma média mínima de um artigo por ano, desde o lançamento da revista; e seus Currículos Lattes foram, então, consultados. O levantamento inicial demonstrou que 196 autores integram o universo de pesquisadores que publicaram pelo menos um artigo na RBB. A contabilização dos artigos demonstrou que nove pesquisadores mantêm uma produção sistemática nessa revista, e seus nomes estão vinculados a 42 do total de 85 artigos publicados. A tabela I apresenta o número de publicações na RBB e em periódicos inter-nacionais para cada um dos nove pesquisadores com produção sistemática na RBB, durante o período de 2000 a 2005, classificados em dois grupos: publicações em português ou espanhol, e outros idiomas. Pode-se observar um desequilíbrio entre o número de publicações nacionais (RBB) e internacionais para todos os pesquisa-dores. Considerando que, no âmbito nacional, foi computada apenas uma revista; enquanto, no âmbito internacional, foi considerada a totalidade de revistas, tanto específicas de biomecânica quanto afins, esse desequilíbrio fica ainda maior. É inte-ressante ainda observar que, entre as publicações internacionais, aproximadamen-te um quarto do total é publicado em idiomas latino-americanos. No âmbito da divulgação internacional, publicações em português ou espanhol não apresentam tanta penetração na comunidade científica quanto aquelas escritas em inglês. TABELA I – PUBLICAÇÕES DE NOVE PESQUISADORES NA RBB E EM PERIÓDICOS INTERNACIONAIS, DURANTE O PERÍODO DE 2000 A 2005 Pesquisador 2000–2005 2000–2005 RBB Internacional Outros idiomas Português ou espanhol A 16 4 2 B 13 0 2 C 11 2 0 D 7 2 1 E 7 3 0 F 6 4 0 G 5 0 1 H 5 0 0 I 5 1 0 126 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006
  • 7. Considerando que esse seleto grupo de pesquisadores em biomecânica possui uma média anual de publicações nacionais muito superior à das publicações inter-nacionais, resta questionar por que existe essa disparidade. Se os temas de interes-se são os mesmos das revistas estrangeiras, o que falta então? Fluência no idioma? Recursos? Sem a pretensão de responder a essas questões, algumas inferências podem ser feitas. A língua, com certeza, é a primeira barreira com a qual se depa-ram os pesquisadores brasileiros. A essa questão está associada a falta da cultura de enviar artigos para o exterior, que apenas recentemente vem sendo instigada pelas agências de fomento. Pode-se remeter ainda a existência de uma defasagem tem-poral no que diz respeito às tecnologias, pois, em se tratando de biomecânica espe-cificamente, não há como fazer pesquisa sem equipamentos, e nesse aspecto, muitas vezes, os pesquisadores brasileiros não conseguem atingir as exigências impostas por revistas internacionais. Além dessas reflexões, outras podem ser levantadas. Até que ponto, no Brasil, estão “fazendo ciência” ou apenas estão sendo reproduzidos experimentos e conhe-cimentos divulgados internacionalmente? Dito de outra forma, será que “fazer pes-quisa” não significa apenas divulgar (internamente) aquilo que cada grupo regional faz isoladamente? Considerando o “tempo de vida” da biomecânica no Brasil, será que a referida área não se encontra em um estágio inicial, em que questões referentes às publicações internacionais ainda não correspondem aos objetivos dos pesquisadores? Entende-se que talvez pelo fato de a biomecânica brasileira realmente estar em um estágio inicial, a pretensão de divulgação internacional fica relegada a um segundo plano. É primordial, portanto, a estruturação dos grupos de pesquisa e dos laborató-rios, bem como a cooperação entre os mesmos, no sentido de extrair o melhor de cada um, para favorecer a competição por mais espaço em periódicos internacionais e, conseqüentemente, a conquista de credibilidade no ambiente científico internacio-nal. Não obstante, levando em consideração não apenas a realidade brasileira, mas também dos demais países da América do Sul, cabe ressaltar que o Brasil é o único que já possui uma estrutura de pesquisa e divulgação, que serve de fonte de consulta para países vizinhos, como Argentina, Chile, Uruguai, entre outros. Embora uma análise da quantidade de artigos publicados em periódicos indexados possa incorrer no risco de uma visão simplista, incompleta e circunstan-cial, tal análise tem sido o principal instrumento utilizado pelas agências de fomento para pontuar e/ou classificar os pesquisadores e programas de pós-graduação. Dado que, no Brasil, a biomecânica nasceu associada à área de educação física, e que nessa área os programas de pós-graduação mais bem classificados, segundo o crité-rio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes –, possuem nota 5, pode-se utilizar os indicadores desse nível para avaliar a tabela I. A Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006 127
  • 8. produção científica de um pesquisador de um programa de pós-graduação nível 5 deve ser no mínimo de três artigos por triênio, sendo pelo menos um internacional (cateoria A ou B no aplicativo Qualis). Nessa perspectiva, a proporção da produção listada na tabela I parece minimamente adequada para a maioria dos autores. Em-bora apresente limitações metodológicas, o presente estudo aponta para uma pro-dução em biomecânica ainda em estágio inicial, com uma produção internacional bastante tímida. No entanto, tal fato não desencoraja uma despretensiosa projeção de que, assim como na América Latina a biomecânica brasileira tem seu reconheci-mento, dentro de alguns anos isso venha a ocorrer em um âmbito mais universal. CONSIDERAÇÕES FINAIS A proposta deste estudo foi a de analisar a produção científica na área de biomecânica. As informações aqui apresentadas podem servir como sinalizadoras para discussões acerca de ações que possam instigar a pesquisa e a produção na área de biomecânica. No Brasil, apesar de as dificuldades advindas da falta de recur-sos para instrumentalizar os laboratórios, os pesquisadores em biomecânica têm demonstrado grande capacidade de solução de problemas, mostrando-se potenci-almente capazes de acompanhar a globalização que envolve a produção científica. Nesse sentido, um aumento de ações visando à cooperação entre pesquisadores e laboratórios, somado às crescentes exigências das agências de fomento, deve incrementar a produção científica internacional nos próximos anos. Brazilian scientific production in the area of biomechanics ABSTRACT: Systematization of Brazilian scientific production in biomechanics began in the 1990s with the foundation of the Brazilian Biomechanics Society and was intensified in the year 2000 with the launching of the Brazilian Journal of Biomechanics (BJB). The purpose of this study is to analyze Brazilian scientific production in the field of biomechanics from a national and international perspective. A survey of the all authors published in the BJB was carried out in which the most regularly published authors were identified. The number of papers published by each of these authors was also counted by consulting the Lattes database on the internet. The main findings show that the number of such papers published in Brazil is far greater than those published abroad. Although biomechanics is a recent research area in Brazil, the number of papers published internationally meets the minimum required by CAPES and an increase in academic output can be expected in the near future. KEY-WORDS: Scientific production, biomechanics, Brazilian research. (continua) 128 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006
  • 9. (continuação) La producción científica brasileña en el área de biomecánica RESUMEN: La sistematización de la producción en Biomecánica en Brasil tuvo inicio en la década de los 90, con la Sociedade Brasileira de Biomecânica, y se intensificó a partir del año 2000, con el lanzamiento de la Revista Brasileira de Biomecânica (RBB). Este estudio se propone a analizar la producción científica brasileña en el área de biomecánica, en los ámbitos nacional e internacional. Se hizo una encuesta de todos los autores que aparecen en la RBB, y se contabilizó el número de artículos de los autores con mayor regularidad, cuyos currículos Lattes fueron, entonces, consultados. El principal resultado apunta para una producción nacional proporcionalmente superior a la internacional. A pesar de la reciente implantación de esa área de investigación en el País, el número de publicaciones internacionales parece mínimamente adecuado según los criterios de la Capes, esperándose un aumento de la producción científica para los próximos años. PALABRAS CLAVES: Producción científica; biomecánica; investigación nacional. REFERÊNCIAS AMADIO, C. A. Considerações metodológicas da biomecânica: áreas de aplicação para aná-lise do movimento humano. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOMECÂNICA, 7., 1997, Campinas. Anais..., Campinas, 1997, p. 11-15. AMADIO, C. A. Nota do Editor. Revista Brasileira de Biomecânica, n. 1, p. 5-6, 2000. BARROS, R. M. L. Análise da produção de pesquisa em biomecânica no Brasil. Kinesis, n. 2, p. 87-96, 1999. GUIMARÃES, A. C. S. Apresentação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOMECÂNICA, 9., 2001, Gramado. Anais..., Gramado, 2001. Recebido: 31 jan. 2006 Aprovado: 15 abr. 2006 Endereço para correspondência Jefferson Fagundes Loss Vicente da Fontoura, 2412/117 Porto Alegre - RS Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 121-129, set. 2006 129