SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 127
Baixar para ler offline
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO 
MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 
AVALIAÇÃO NAS ACTIVIDADES FÍSICAS E DESPORTIVAS 
ANÁLISE DO JOGO DE FUTEBOL: CARACTERÍSTICAS DO 
PROCESSO DE TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE DAS SEQUÊNCIAS 
OFENSIVAS COM FINALIZAÇÃO. 
Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre 
em Educação Física e Desporto, na área da Avaliação nas 
Actividades Físicas e Desportivas, realizada sob a orientação do 
Professor Doutor António Jaime Sampaio (UTAD). 
EDMUNDO JOSÉ DE OLIVEIRA SILVA 
Julho, 2007
II 
AGRADECIMENTOS 
À minha FAMÍLIA, base da minha formação, que criou em mim uma constante 
vontade de aprender. 
À MARTA, por acreditar. 
Ao PROFESSOR DOUTOR JAIME SAMPAIO que, mais uma vez, de forma 
incondicional me orientou na realização deste trabalho. Ser orientado por 
alguém com tanto conhecimento e competência incute-nos mais 
responsabilidade, mas também mais confiança no que fazemos. 
Ao PROFESSOR DOUTOR VÍTOR MAÇAS pelo apoio e pela disponibilidade 
demonstrada em vários momentos da elaboração deste trabalho. 
Ao MÁRIO NUNES, ao MIGUEL CARVALHO, ao PATRICK CANTO, ao FILIPE ROSÁRIO, 
ao RICARDO DUARTE, ao FILIPE PEREIRA, à TERESA FIÚZA, ao OCTÁVIO MEIRA e à 
HELENA COSTA que de diferentes formas participaram na realização deste 
trabalho. 
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste 
trabalho exprimo o meu agradecimento.
III 
RESUMO 
O jogo de Futebol tem sido analisado sobre as perspectivas das fases do ataque e da defesa, 
sendo escassos os estudos que caracterizam a transição entre estas fases, contribuindo assim 
para um maior esclarecimento acerca deste processo. Neste sentido, o presente estudo teve 
como objectivos: identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente 
significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis relativas à fase final 
do processo ofensivo, em função do nível de qualidade das equipas (nível superior e nível 
inferior); identificar relações entre as variáveis da transição defesa-ataque e as variáveis que 
caracterizam o contexto momentâneo do jogo; identificar, também em situações de finalização, 
associações estatisticamente significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as 
variáveis relativas à fase final do processo ofensivo, em função dos três tipos de confrontos 
(entre equipas de qualidade superior; entre equipas de qualidade inferior e entre equipas de 
qualidade superior com inferior). 
Foram recolhidas e analisadas 392 sequências ofensivas terminadas em finalização de equipas 
de nível superior (equipas que superaram os quartos-de-final) e 284 de equipas de nível inferior 
(equipas que não superaram a fase de grupos), relativas ao Campeonato do Mundo de Futebol 
de 2006. Foram produzidas tabelas de contingência associadas aos valores do teste qui-quadrado, 
com nível de significância definido mantido em 5%, entre as variáveis zona de 
recuperação, tipo de recuperação, primeiro passe, tipo de relação numérica ataque-defesa com 
a forma como termina a acção ofensiva e com a zona de finalização, escalonados por equipas 
superiores e equipas inferiores. Realizou-se a comparação de resultados, com a Anova simples 
entre as variáveis número de variações de corredor, número de jogadores, relação numérica 
ataque-defesa e velocidade de transmissão da bola com a forma como termina a acção 
ofensiva e com a zona de finalização. 
Na análise diferenciada por dois níveis qualitativos de equipas, verificou-se que: (1) no que 
respeita à recuperação da posse de bola, as ESUP apresentaram maior êxito nas 
recuperações realizadas em zonas mais ofensivas, em relação às EINF, tendo-se identificando 
uma relação estatisticamente significativa (P<.05) entre as recuperações na zona ofensiva 
direita e ofensiva centro com finalizações dentro da grande área e entre recuperações de bola 
na zona ofensiva esquerda e finalizações fora da grande área. No entanto, a intercepção foi o 
meio mais utilizado nas sequencias culminadas em golo tanto pelas equipas de nível superior 
como pelas de nível inferior (38,3% e 38,9% respectivamente). (2) Os passes curtos/médios 
são os utilizados com maior frequência no início das sequências ofensivas analisadas, 
identificando-se uma variação significativa entre o tipo de passe utilizado e o decorrer do jogo. 
(3) Apesar da tendência vincada das sequências ofensivas analisadas culminarem em maior 
frequência em inferioridade numérica, dos atacantes em relação aos defesas, verificou-se que, 
com o decorrer do tempo de jogo, as equipas superiores são as que mais atenuam essa 
tendência. Ainda de realçar a relação estatisticamente significativa (P<.05) entre as categorias
da relação numérica entre atacantes e defesas e a forma como termina a acção ofensiva, 
unicamente encontrada, nas equipas de nível superior. 
Na análise relativa aos tipos de confrontos, basicamente realçamos a associação significativa 
identificada (P<.05) entre algumas categorias da relação numérica entre atacantes e 
defensores e a forma como termina a acção ofensiva, nos confrontos entre equipas inferiores, 
e com a zona de finalização, em confrontos entre equipas superiores e entre equipas do 
mesmo nível. 
IV 
Palavras chave: Futebol, transição defesa-ataque, finalização, níveis qualitativos de 
equipas, tipos de confrontos.
V 
ABSTRACT 
Football matches have been analysed in the perspective of the phases of attack and defence. 
The studies which characterize the transition between these phases are scarce, therefore 
demanding a greater explanation regarding this process. In this way, this present study has as 
its aims: identifying, in finalisation situations, statistically significant associations between 
defence-attack transition variables and variables relating to the final phase of the offensive 
process, in function of the level of the quality of the teams (superior and inferior level); 
identifying the relations between the defence-attack transition variables and the variables which 
characterize the momentary context of the match; also identifying in finalisation situations, 
statistically significant associations between defence-attack transition variables and variables 
relating to the final phase of the offensive process, in function of the level of the three types of 
confrontations (between teams with a superior quality, between teams with an inferior quality 
and teams with a superior versus an inferior quality). 
392 offensive sequences, which were achieved in the finalisation of teams from a superior level 
(teams that surpassed the quarter final), were compiled and analysed and 284 teams from an 
inferior level (teams that didn’t surpass the group phase) were also compiled and analysed, 
relating to the Football World Cup of 2006. Tables of contingency were produced and were 
associated to the values of the test qui-quadrado, with a defined level of significance maintained 
at 5%, between the variables recuperation zone, type of recuperation, first pass, type of numeric 
relation of attack-defence with the way the offensive action ends and with the finalisation zone, 
staggered by superior and inferior teams. We carried out a comparison of results, with the 
simple Anova between the different numbers of variables of corridors, number of players, 
numeric relation of attack-defence and the velocity of the ball transmission with the way the 
offensive action ends and with the finalisation area. 
In the analysis differed by two qualitative team levels, we verified that (1) as far as ball 
possession, the ESUP presented a bigger success in recuperations carried out in more 
offensive areas, as far as EINF, having identified a statistically significant relation (P<.05) 
between the recuperations in the right offensive area and offensive centre with finalisations 
inside the penalty area and between ball recuperations in the left offensive area and 
finalisations out of the penalty area. 
However, the interception was the more utilized means in the culminated sequences in goal in 
the superior teams as much as in the inferior teams (38,3% and 38,9% respectively). (2) The 
short/medium passes are utilized with a bigger frequency at the beginning of the analysed 
offensive sequences, identifying a significant variable between the type of utilized pass and the 
happening of the match. (3) Although the tendency of the analysed offensive sequences 
reached in bigger frequency in numeric inferiority, of the attackers in relation to the defenders, 
we verified the, with the going on of the playtime, the superior teams are those that most 
attenuate this tendency. We also have to enhance the statistically significant relation (P<.05) 
between the categories of the numeric relation between attackers and defenders and the way 
the offensive action ends, uniquely found in the teams from superior level.
In the analysis to the types of contests, we basically enhance the identified significant 
association (P<.05) between some categories from the numeric relation between attackers and 
defenders and the way the offensive action ends, in the contests between inferior teams and 
with de finalisation area, in contests between superior teams and between teams of the same 
level. 
Key-words: Football, transition of defence-attack, finalisation, qualitative level of the 
teams, types of contests. 
VI
VII 
ÍNDICE GERAL 
AGRADECIMENTOS …………………………………………………………………………… II 
RESUMO …………………………………………………………………………………………. III 
ABSTRACT ……………………………………………………………………………………… V 
ÍNDICE GERAL ………………………………………………………………………………….. VII 
ÍNIDICE DE FIGURAS ………………………………………………………………………….. XI 
ÍNDICE DE QUADROS …………………………………………………………………………. XII 
ÍNIDICE DE ABREVIATURAS………...……………………………………………………….. XV 
I. INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………………... 1 
1.1. PREÂMBULO ………………………………………………….………………………….. 1 
1.2. OBJECTIVOS E HIPOTESES…..……………………………………………………….. 4 
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .……………………………………………………….………. 6 
2.1. FASES DO JOGO DE FUTEBOL: DEFESA E ATAQUE ………………………...….. 6 
2.1.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO …………………..…………………………....….. 8 
2.1.2. VARIÁVEIS DE ESTUDO …..…………………..…………………………....….. 8 
2.3. EFEITOS DA TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE NO PROCESSO OFENSIVO ..….. 20 
2.4. SÍNTESE …………………………………………………………………………….....….. 22 
III. METODOLOGIA ………………………………………………………………………….. 27 
3.1 AMOSTRA ……………………………………………….…………………………………. 27 
3.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ………………………………………..…. 27 
3.1.2. PROCEDIMENTOS PRÉVIOS ………………………………………….......….. 29 
3.1.3. RECOLHA E REGISTO DE IMAGENS …..…………………………….......….. 30 
3.2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS E DISCRIMINAÇÃO DAS CATEGORIAS …………. 31 
3.2.1. VARIÁVEIS ………………………...……..……………………………….......….. 31 
3.3. OBSERVAÇÃO………………...………………………………………………….………. 42 
3.4. ANÁLISE DA FIABILIDADE ….………………………………………………….………. 43 
3.4.1. FIABILIDADE INTRA-OBSERVADOR E INTER-OBSERVADOR .………..... 43 
3.5. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS ………………………………………….………. 45
IV. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ….………………..………… 46 
4.1. RELAÇÃO ENTRE A TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE COM A FORMA COMO 
TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA E COM A ZONA DE FINALIZAÇÃO EM ENS E ENI… 47 
4.1.1. ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…...……….. 47 
VIII 
4.2.1.1. Zona de recuperação da posse de bola e forma como termina a 
acção ofensiva …………………….…………………………….......….. 48 
4.2.1.2. Zona de recuperação da posse de bola e zona de finalização ….….. 51 
4.1.2. TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…....……….. 57 
4.1.2.1. Tipo de recuperação da posse de bola e forma como termina a 
acção ofensiva ….………………….…………………………….......….. 57 
4.1.2.2. Tipo de recuperação da posse de bola e zona de finalização …...….. 58 
4.1.3. PRIMEIRO PASSE ….………….…....…………………………………………... 59 
4.1.3.1. Primeiro passe e forma como termina a acção ofensiva …….......….. 61 
4.1.3.2. Primeiro passe e zona de finalização ….............................................. 63 
4.1.4. TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA ……...………………... 65 
4.1.4.1. Tipo de relação numérica ataque-defesa e forma como termina a 
acção ofensiva ……......................................................................….. 65 
4.1.5. NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR ….………….…....…………..... 66 
4.1.5.1. Número de variações de corredor e forma como termina a acção 
ofensiva……......................................................…………………….... 66 
4.1.5.2. Número de variações de corredor e zona de finalização …………..... 68 
4.1.6. NÚMERO DE JOGADORES …..…....…………………………………………... 68 
4.1.6.1. Número de jogadores e forma como termina a acção ofensiva …….. 69 
4.1.6.2. Número de jogadores e zona de finalização …................................... 69 
4.1.7. RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA …………………………………... 70 
4.1.7.1. Relação numérica ataque-defesa e forma como termina a acção 
ofensiva …….......………………………………………………………... 70 
4.1.7.2. Relação numérica ataque-defesa e zona de finalização …………...... 72 
4.1.8. VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA ………………………………... 73 
4.1.8.1. Velocidade de transmissão da bola e forma como termina a acção 
ofensiva …….......………………………………………………………... 74 
4.1.8.2. Velocidade de transmissão da bola e zona de finalização …………... 75
4.2. RELAÇÃO ENTRE A TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE COM A FORMA COMO 
TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA E COM A ZONA DE FINALIZAÇÃO EM 
DIFERENTES TIPOS DE CONFRONTOS DE EQUIPA ……………………………………. 77 
4.2.1. ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…...……….. 77 
IX 
4.2.1.1. Zona de recuperação da posse de bola e forma como termina a 
acção ofensiva …………………….…………………………….......….. 78 
4.2.1.2. Zona de recuperação da posse de bola e zona de finalização ….….. 82 
4.2.2. TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…....……….. 82 
4.2.2.1. Tipo de recuperação da posse de bola e forma como termina a 
acção ofensiva ….………………….…………………………….......….. 82 
4.2.2.2. Tipo de recuperação da posse de bola e zona de finalização …...….. 83 
4.2.3. PRIMEIRO PASSE ….………….…....…………………………………………... 85 
4.2.3.1. Primeiro passe e forma como termina a acção ofensiva …….......….. 85 
4.2.3.2. Primeiro passe e zona de finalização ….............................................. 87 
4.2.4. TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA ……...………………... 87 
4.2.4.1. Tipo de relação numérica ataque-defesa e forma como termina a 
acção ofensiva ……......................................................................….. 88 
4.2.4.2. Tipo de relação numérica ataque-defesa e zona de finalização ...….. 89 
4.2.5. NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR ….………….…....…………..... 90 
4.2.5.1. Número de variações de corredor e forma como termina a acção 
ofensiva …….......………………………………………………………... 90 
4.2.5.2. Número de variações de corredor e zona de finalização …………..... 91 
4.2.6. NÚMERO DE JOGADORES …..…....…………………………………………... 91 
4.2.6.1. Número de jogadores e forma como termina a acção ofensiva …….. 91 
4.2.6.2. Número de jogadores e zona de finalização …................................... 92 
4.2.7. RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA …………………………………... 93 
4.2.7.1. Relação numérica ataque-defesa e forma como termina a acção 
ofensiva ……....…………………………………………………………... 93 
4.2.7.2. Relação numérica ataque-defesa e zona de finalização …………...... 95 
4.2.8. VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA ………………………………... 98 
4.2.8.1. Velocidade de transmissão da bola e forma como termina a acção 
ofensiva …….......………………………………………………………... 99
4.2.8.2. Velocidade de transmissão da bola e zona de finalização …………... 101 
V. CONCLUSÕES …………………………………………………..………...………………… 104 
VI. BIBLIOGRAFIA ………………………………………………....………...………………… 108 
VI. ANEXOS 
X
XI 
ÍNDICE FIGURAS 
Figura 2.1. Divisão do Campograma em quatro sectores e três corredores para a 
Variável ZRPB ……………………………………………………………………. 10 
Figura 2.2. Esquema descritivo do presente estudo ………………………………………… 25 
Figura 3.1. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 32 
Figura 3.2. Divisão em quatro sectores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 32 
Figura 3.3. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 33 
Figura 3.4. Campograma da variável de ZF ………………………………………………….. 40
XII 
ÍNDICE QUADROS 
Quadro 2.1. Resultados da Velocidade de Transmissão da Bola nos estudos de 
Quarteu (1996), Oliveira (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004) ……………. 15 
Quadro 2.2. Resultados da Número de Bolas Recebidas nos estudos de Quarteu 
(1996), Oliveira (1996) e Reis (2004) ……………………………………….... 16 
Quadro 2.3. Resultados do número de contactos nos estudos de Quarteu (1996), 
Oliveira (1996) e Reis (2004) …...…………………………………………….. 16 
Quadro 2.4. Analise das acções técnico-tácticas de remate e remate com eficácia 
(golo), segundo Bezerra (1995) .………………………………………………. 20 
Quadro 2.5. Resultado das sequências ofensivas segundo Felisberto (2004)……………. 21 
Quadro 2.6 Associação das variáveis observadas na revisão com a definição do 
conceito de transição defesa-ataque ………………………………………… 23 
Quadro 3.1. Resultados dos Coeficientes de Kappa e de correlação interclasses para 
cálculo da Fiabilidade intra-observador e inter-observadores……………… 44 
Quadro 4.1. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e 
FTAO em ESUP………………………………………………………………… 49 
Quadro 4.2. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e 
FTAO em EINF. ...……………………………………………………………..... 50 
Quadro 4.3. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e 
ZF nas ESUP. ...……………………………………………………………....... 51 
Quadro 4.4. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF 
nas ESUP. ...……………………………………………………………............. 53 
Quadro 4.5. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF 
nas ESUP. ...……………………………………………………………............. 54 
Quadro 4.6. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e 
ZF nas EINF. ...……………………………………………………………......... 54 
Quadro 4.7. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF 
nas EINF. ...……………………………………………………………............... 56 
Quadro 4.8. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF 
nas EINF. ...……………………………………………………………............... 56 
Quadro 4.9. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e 
FTAO em dois Níveis de Equipa. ...…………………………………………… 58 
Quadro 4.10. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e 
ZF nas ESUP e EINF. ...………………………………………………………... 59 
Quadro 4.11. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e 
TJD nas EINF. ...……………………………………………………………....... 61 
Quadro 4.12. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e 
FTAO em ESUP e EINF. ...…………………………………………………….. 62 
Quadro 4.13. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e ZF 
nas ESUP e EINF. ...……………………………………………………………. 63 
Quadro 4.14. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e 
FTAO em dois Níveis de Equipa. ...…………………………………………… 64 
Quadro 4.15. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos dois Níveis 
de Equipas. ...……………………………………………………………............ 67
XIII 
Quadro 4.16. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos dois Níveis de 
Equipas. ...……………………………………………………………................. 
68 
Quadro 4.17. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO nos dois Níveis 
de Equipas. ...……………………………………………………………............ 69 
Quadro 4.18. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos dois Níveis de 
Equipas. ...……………………………………………………………................. 69 
Quadro 4.19. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos dois 
Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………. 71 
Quadro 4.20. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e 
FTAO em ESUP. ...……………………………………………………………... 71 
Quadro 4.21. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e ZF nos dois Níveis de 
Equipas. ...……………………………………………………………................. 72 
Quadro 4.22. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e 
FTAO em ESUP e EINF. ...…………………………………………………….. 73 
Quadro 4.23. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos dois Níveis 
de Equipas. ...……………………………………………………………............ 74 
Quadro 4.24. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos dois Níveis de 
Equipas. ...……………………………………………………………................. 75 
Quadro 4.25. Testes post hoc de- Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e 
ZF em ESUP e EINF. ...………………………………………………………… 76 
Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e 
FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 78 
Quadro 4.27. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e 
FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 81 
Quadro 4.28. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e 
FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 83 
Quadro 4.29. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e 
ZF em diferentes tipos de Confrontos. ...……………………………………... 84 
Quadro 4.30. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e 
FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 86 
Quadro 4.31. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TRNAD 
e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...……………………………….. 88 
Quadro 4.32. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos diferentes 
Tipos de Confrontos……..……………………………………………………. 90 
Quadro 4.33. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos diferentes 
Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 91 
Quadro 4.34. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO nos diferentes 
Tipos de Confrontos…………..………………………………………………… 92 
Quadro 4.35. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos diferentes 
Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 92 
Quadro 4.36. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes 
Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 93 
Quadro 4.37. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e 
FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 94 
Quadro 4.38. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes 
Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 96 
Quadro 4.39. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e 
FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 97
XIV 
Quadro 4.40. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos diferentes 
Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 
99 
Quadro 4.41. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e 
FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 100 
Quadro 4.42. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos diferentes Tipo 
de Confrontos. ...……………………………………………………………....... 101 
Quadro 4.43. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF 
em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………………… 102
XV 
ÍNDICE DE ABREVIATURAS 
SFIN – Sequências Ofensivas Terminadas em Finalização; 
ZREC – Zona de Recuperação da Posse de Bola; 
TREC – Tipo de Recuperação da Posse de Bola; 
VTB – Velocidade de Transmissão da Bola; 
NR – Número de Bolas Recebidas; 
NC – Número de Contactos; 
NVC – Número de Variações de Corredor; 
NJOG – Número de Jogadores com Intervenção na Acção Ofensiva; 
RNAD – Relação Numérica Ataque-Defesa; 
TRNAD – Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa; 
ZF – Zona de Finalização; 
FTAO – Forma como Termina a Acção Ofensiva; 
NE – Nível da Equipa; 
ESUP – Equipas Nível Superior; 
EINF – Equipas de Nível Inferior.
1 
I. INTRODUÇÃO 
1.1 PREÂMBULO 
Nos nossos dias, o Futebol é uma modalidade de grande interesse e impacto 
na sociedade, facto que faz emergir a importância de o conhecer e 
compreender melhor, seja ao nível social, financeiro ou desportivo. Um dos 
objectos de estudo mais atractivos no âmbito deste Jogo Desportivo Colectivo 
(JDC) é a competição, quando analisada no sentido de obter mais e melhor 
informação acerca do seu conteúdo (Maçãs, 1997). 
Segundo Bangsbo (2002), as exigências do Futebol podem dividir-se em quatro 
componentes: técnicas, tácticas, sócio-psicológicas e físicas. No Futebol de 
alto rendimento, as equipas tentam conseguir os mais elevados índices de 
performance nestas componentes. Assim, se explica o crescente interesse por 
parte da investigação científica, que tem como consequência o aparecimento 
constante de estudos sobre estes factores de rendimento, de forma a aumentar 
o conhecimento sobre o mesmos, com o fim de se conseguir melhorar a 
qualidade do jogo. 
Com o intuito de proceder à caracterização da actividade desenvolvida pelos 
jogadores e das equipas durante as partidas, os especialistas centraram, 
inicialmente os seus estudos na actividade física imposta aos jogadores 
(Garganta, 2001). Segundo Bangsbo (2002), os resultados de estudos 
científicos podem ajudar a obter uma melhor compreensão das exigências e 
limitações do rendimento físico no Futebol. Na pesquisa efectuada à literatura 
disponível, verifica-se que a grande parte de estudos encontrados, referem-se 
ao estudo das capacidades condicionais de velocidade, força e resistência. 
(Weineck, 1997; Bangsbo, 2002; Cometti, 2002). Por outro lado, existem vários 
estudos que se concentram num outro factor de rendimento, o técnico-táctico. 
(Maças, 1997; Castelo, 2003; Felisberto, 2004). Segundo Castelo (2003), este 
subsistema estabelece os meios de base que os jogadores, quer individual, 
quer colectivamente, accionam na fase do ataque ou defesa, com vista à 
resolução eficaz das situações de jogo.
No entanto, o jogo de Futebol decorre da natureza do confronto entre dois 
sistemas complexos, as equipas, e caracteriza-se pela sucessiva alternância 
de estados de ordem e desordem, estabilidade e instabilidade, uniformidade e 
variedade (Garganta, 2001). Neste contexto, dado que se trata de situações de 
mudança de final aberto, torna-se inglória a busca de laços directos 
causa/efeito quando pretendemos interligar a lógica da actividade. O raciocínio 
eficaz está sobretudo relacionado com a descoberta de novos significados e o 
desenvolvimento de novas perspectivas (Stacey, 1995). 
No jogo de Futebol é possível identificar duas grandes fases, em cada uma das 
quais as equipas perseguem objectivos antagónicos: a fase de ataque e a fase 
da defesa (Garganta e Pinto, 1998). Apesar de recentemente alguns estudos 
se começarem a dedicar sobre os aspectos relativos à fase defensiva (Suzuki, 
2005; Seabra & Dantas, 2006) a maior parte incide sobre o estudo do processo 
ofensivo. (Maças, 1997; Felisberto, 2004; Costa, 2005; Lago & Martin, 2007). 
Consideramos como explicação para esta tendência o facto, de ser nesta fase 
do jogo que se atinge o momento mais desejado por todos: o golo. 
Conjuntamente, as transições entre estas duas fases, tem vindo a levantar 
algum interesse para os investigadores. Denominadas por transição defesa-ataque 
e transição ataque-defesa estas constituem o momento em as equipas 
mudam de papéis no jogo, dada a recuperação ou perda da posse de bola, 
respectivamente. 
Se entendermos o conceito de modelo de jogo como “a cristalização de formas 
fundamentais (idênticas), da competição, que é obtida através da abstracção 
desses elementos e da sua natureza” (Castelo, 2003), é aceitável a ideia 
defendida por Gréhaigne (1989, cit. Garganta, 1997), de que as transições 
defesa-ataque são importantes na caracterização do modelo de jogo adoptado 
por uma equipa, Mesma ideia defende Castelo (2003) que considera a 
velocidade de transição um dos pressupostos essenciais de qualquer método 
ofensivo. Realçando-se assim a pertinência de uma equipa conseguir 
rapidamente chegar a zonas de finalização, logo após a recuperação da posse 
de bola. 
2
Este é um conteúdo que começa a ter bastante ênfase na construção do 
processo ofensivo das equipas contemporâneas, começando a despertar 
diversas questões sobre a sua concepção, características e possíveis 
comportamentos padrão existentes. Este pequeno momento entre o fim da 
acção defensiva e o início da acção ofensiva, denominado, por muitos, de 
transição defesa-ataque, é sem dúvida, nos tempos de hoje, um novo conceito 
pertinente na obtenção do mais alto rendimento em Futebol. 
Da diversidade de factores que compõe o jogo de Futebol, provocadoras de 
sequências defensivas e ofensivas de variedades ilimitadas, resulta também 
uma multiplicidade de formas como pode decorrer cada transição defesa-ataque, 
3 
sendo de todo o interesse investiga-la. 
Ocasionalmente, em alguns dos estudos no âmbito da análise do processo 
ofensivo, encontramos aspectos relacionados com a transição defesa-ataque. 
Para além de serem escassos os estudos em Futebol, que se dedicam em 
exclusivo a esta fase de transição defesa-ataque (Gonçalves, 1994; Mendes, 
2002; Ribeiro, 2003), nunca esta foi associada ao sucesso final das acções 
ofensivas que lhe sucedem. 
Como tal, seria de todo o interesse caracterizar as transições defesa-ataque 
das acções ofensivas terminadas em golo, permitindo-nos associar estas 
características da transição ao sucesso no jogo. Por outro lado, apesar do golo 
ser o momento mais valioso no jogo e factor de estudo para alguns (Jinshan et 
al., 1993; Ramos, 1999; Yiannakos e Armatas, 2006), acontece que em relação 
aos outros JDC de invasão (i.e: andebol e basquetebol), o futebol não é tão rico 
neste tipo de situações. 
A finalização é uma acção técnico-táctica individual na que culmina todo o 
processo ofensivo (Castelo, 2003). É uma acção associada com o poder 
ofensivo da equipa que a executa, bem como aumenta o potencial de 
oportunidades de atingir o golo. Deste modo, poderá ser mais pertinente 
estudar as acções ofensivas culminadas em finalização, do que propriamente 
restringir as análises às acções terminadas em golo. São já vários os autores 
que fizeram esta opção (Coelho, 1995; Cunha, 1995; Pereira, 1995; Oliveira, 
1996).
Por outro lado, parece igualmente importante estudar esta relação em dois 
níveis de equipas de qualidade distinta, variante também já verificada em 
vários estudos do âmbito da análise do processo ofensivo do jogo (Oliveira, 
1996; Silva, 1998; Almeida, 1999). Assim poder-se-à perceber, se existem 
diferenças entre as transições defesa-ataque culminadas em finalização, em 
função da qualidade das equipas. 
Neste sentido, a competição eleita para análise é a Fase Final do Campeonato 
do Mundo de Futebol de 2006. Esta escolha, foi efectuada mediante o facto de 
ser uma prova recente, de elevado rendimento competitivo, com participação 
de selecções sujeitas a uma fase de pré-qualificação com outras selecções, 
permitindo uma filtragem na qualidade das equipas que participam nesta Fase 
Final. 
4 
1.2 OBJECTIVOS E HIPOTESES 
No seguimento das questões formuladas e apresentadas, o presente estudo 
apresenta como objectivo fundamental: 
- Identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente 
significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis 
relativas à fase final do processo ofensivo1, em função dos diferentes níveis 
qualitativos de equipas (nível superior e nível inferior). 
A par deste objectivo propomo-nos a: 
- Identificar relações entre as variáveis da transição defesa-ataque2 e as 
variáveis que caracterizam o contexto momentâneo do jogo3. 
- Identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente 
significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis 
1 As variáveis de análise da fase final do processo ofensivo são as seguintes: Zona de 
Finalização e a Forma como Termina a Acção Ofensiva. 
2 As variáveis de análise do momento de transição defesa-ataque são as seguintes: Zona de 
Recuperação da Posse de Bola, Tipo de Recuperação da Posse de Bola, Primeiro Passe, Tipo 
de Relação Numérica Ataque-Defesa, Número de Variação de Corredores, Número de 
Jogadores, Relação Numérica Ataque-Defesa e Velocidade de Transmissão da Bola. 
3 As variáveis de análise que caracterizam o contexto momentâneo do jogo são as seguintes: 
Resultado Parcial e Tempo de Jogo Decorrido.
relativas à fase final do processo ofensivo4,em função de três categorias de 
confrontos (1) entre equipas de qualidade superior; (2) entre equipas de 
qualidade inferior; e (3) entre equipas de qualidade superior com inferior. 
5 
Decorrente destes objectivos, formularam-se as seguintes hipóteses: 
1º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do 
momento de transição defesa-ataque e a Forma como Termina a Acção 
Ofensiva (FTAO) em função dos diferentes Níveis de Equipa. 
2º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do 
momento de transição defesa-ataque e a Zona de Finalização (ZF) em função 
dos diferentes Níveis de Equipa. 
3º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do 
momento de transição defesa-ataque e o Tempo de Jogo Decorrido (TJD) em 
função dos diferentes Níveis de Equipa. 
4º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do 
momento de transição defesa-ataque e o Resultado Parcial (RP) em função 
dos diferentes Níveis de Equipa. 
5º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do 
momento de transição defesa-ataque e a Forma como Termina a Acção 
Ofensiva (FTAO) em função dos diferentes Tipos de Confrontos. 
6º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do 
momento de transição defesa-ataque5 e a Zona de Finalização (ZF) em função 
dos diferentes Tipos de Confrontos. 
4 As variáveis de análise da fase final do processo ofensivo são as seguintes: Zona de 
Finalização e a Forma como Termina a Acção Ofensiva. 
5 As variáveis de análise do momento de transição defesa-ataque são as seguintes: Zona de 
Recuperação da Posse de Bola, Tipo de Recuperação da Posse de Bola, Primeiro Passe, Tipo 
de Relação Numérica Ataque-Defesa, Número de Variação de Corredores, Número de 
Jogadores, Relação Numérica Ataque-Defesa e Velocidade de Transmissão da Bola.
6 
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2.1. FASES DO JOGO DE FUTEBOL: DEFESA E ATAQUE. 
São inúmeros os estudos realizados no âmbito do Futebol, com o intuito de 
investigar os diferentes factores de rendimento presentes no jogo, de modo a 
melhorar continuamente a sua qualidade. Segundo Silva (1998) o estudo do 
comportamento dos jogadores e das equipas em competição, permite-nos 
representar modelos da actividade dos jogadores e das equipas, permitindo-nos 
entender quais os mais e menos eficazes, definir as estratégias de trabalho 
mais vantajosas e indicar tendências evolutivas da modalidade. Para 
Gréhaigne (1992), é através da observação de competições e da análise das 
mesmas, que podemos descobrir pontos sensíveis de um sistema complexo. 
Esta é a preocupação dos estudos relacionados com a análise do jogo, 
procurando melhorar o rendimento táctico-técnico, evoluindo no conhecimento 
já existente, para podermos também evoluir no trabalho prático elaborado na 
modalidade. 
Quando pesquisamos sobre os trabalhos já realizados, no âmbito da análise do 
jogo, grande parte investiga o processo ofensivo do jogo. No entanto e em 
menor quantidade, encontramos estudos com temas diversificados. Esta 
diversidade, parece estar associada à especificidade do jogo, ao conjunto de 
características únicas do mesmo, que têm levantado interesse vista a sua 
importância no alto rendimento desportivo. 
2.2.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO 
Segundo Valdano (2001), “as equipas devem saber atacar e defender. 
Algumas sabem mais: fazer transições”. As transições decorrem em períodos 
de tempo muito curtos, porém, segundo Gréhaigne (1989, cit. Garganta, 1997) 
“constata-se um maior volume de jogo de transição (mais de 95%) em 
detrimento da finalização”.
As transições podem ser de dois tipos: transição ataque-defesa, aquando da 
perda da posse de bola, e defesa-ataque, aquando da recuperação da mesma. 
Sendo o Futebol, uma modalidade com muitos anos, tendo atingido um nível de 
rendimento, em que os pormenores diferenciam o poder das equipas, denota-se 
importante, para as mesmas, a preparação detalhada destes momentos de 
transição. Deste modo, o conceito de transição no Futebol, tem vindo a levantar 
algum interesse em estudos recentes (Mendes, 2002; Ribeiro, 2003; Reis, 
2004). 
Na transição de um momento defensivo para um momento ofensivo, o objectivo 
fundamental é progredir em direcção à baliza adversária (Silva, 1998), de uma 
forma rápida e eficaz, evitando ao máximo interrupções deste processo, com 
vista à concretização do objectivo fundamental do jogo (o golo), respeitando o 
princípio da penetração (Garganta & Pinto, 1998). 
Segundo Queiroz (2003), na transição defesa-ataque o objectivo fundamental, 
e caso haja condições para o efectuar, é o de aproveitar a desorganização 
posicional do adversário, e progredir em direcção à baliza adversária, para 
criar, o mais rápido possível, situações de golo. 
Ou seja, para além do importante empenho em conhecermos a fase ofensiva 
do jogo, parece-nos determinante perceber, o seu início, aspecto que tantas 
vezes surge no jogo. A capacidade de atacar rapidamente e de forma eficaz, 
poderá estar relacionado à preparação prévia do ataque, mesmo enquanto a 
equipa ainda defende. 
Segundo Castelo (2003) a transição defesa-ataque encontra-se dependente de 
dois aspectos fundamentais. O primeiro está relacionado com as atitudes e os 
comportamentos dos jogadores no momento logo após à recuperação da 
posse de bola, no que respeita a quatro questões fundamentais: i) a quem 
(todos os jogadores da equipa); ii) quando (momento imediato após a 
recuperação à posse de bola); iii) onde (em qualquer espaço do jogo); e iv) 
como (ocupando espaços apropriados, estabelecer linhas de passe, utilizar 
mudanças rápidas de ritmo e direcção e executando procedimentos técnico-tácticos 
individuais e colectivos). Por outro lado, o segundo aspecto, está 
7
dependente da rápida transição do centro de jogo, desde a zona de 
recuperação da posse de bola em direcção a espaços dominantes de 
finalização. 
8 
2.2.2. VARIÁVEIS DE ESTUDO 
Como já referimos anteriormente, no que respeita ao estudo da transição 
defesa-ataque, são escassos os estudos encontrados. Vários autores abordam 
alguns aspectos relacionados com o tema, mas sempre com a finalidade de 
investigar os processos ofensivos e defensivos no seu todo. Assim sendo, para 
além de investigarmos os trabalhos realizados, sobre a transição defesa-ataque, 
pesquisamos também sobre alguns estudos efectuados no âmbito do 
processo ofensivo, onde encontramos variáveis e dados relevantes para o 
nosso tema. 
Deste modo, apresentamos uma breve descrição das variáveis estudadas no 
processo ofensivo e tentamos identificar as que nos parecem pertinentes para 
a análise desta fase de transição. As variáveis encontradas na análise do 
processo ofensivo foram: 
• Variáveis quantitativas: número de processos ofensivos, número 
de passes do processo ofensivo, número de contactos realizados, 
número de jogadores com intervenção no processo ofensivo, 
número de variações de corredor, número de variações de ritmo 
de jogo, número de bolas jogadas (indicador composto), 
velocidade de transmissão da bola (indicador composto). 
• Variáveis qualitativas: zona de recuperação da posse de bola, tipo 
de recuperação da posse de bola, características específicas do 
primeiro passe, alcance do passe, método de jogo ofensivo, 
circulação da bola, zona onde foi executado o ultimo passe, zona 
de finalização positiva, distância de finalização positiva e forma 
como a equipa termina a acção ofensiva.
Perante estas variáveis, denotamos ligação entre algumas delas e o tema do 
estudo. Assim sendo, realizamos de seguida uma selecção sobre as variáveis 
que consideramos pertinentes para o estudo da transição defesa-ataque e 
dissecamos alguns dados que consideramos fundamentais para o 
entendimento da mesma. 
9 
ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (ZREC) 
Hughes (1994), refere que a zona onde a bola é recuperada, pode influenciar a 
eficácia de uma equipa. Para Reis (2004), a zona do terreno de jogo onde se 
conquista a posse de bola é um dos aspectos mais importantes na transição 
defesa-ataque. Na realidade se tivermos uma equipa com jogadores rápidos 
em espaços amplos e que não têm uma grande habilidade técnica para manter 
a posse de bola, é mais positivo organizarmo-nos defensivamente mais 
recuados, para posteriormente enviarmos a bola para esses espaços. (Queiroz, 
2003; Amaral, 2004). Por sua vez, Taylor & Williams (2002) concluem no seu 
estudo que a recuperação da posse de bola na área defensiva resulta em mais 
situações de finalização. Assim, não nos podemos esquecer da relevância que 
a organização defensiva tem para o desenvolvimento do ataque. 
São vários os estudos em que encontramos esta variável. O campograma 
normalmente utilizado, para a definição das zonas de recuperação da posse de 
bola dispõe da divisão do terreno de jogo em quatro sectores e três corredores. 
Os sectores quatro sectores transversais apresentados são o Defensivo (D), o 
Médio Defensivo (MD), o Médio Ofensivo (MO) e o Ofensivo (O), dispostos de 
forma sequenciada nesta ordem na direcção do ataque da equipa observada. A 
estes se sobrepõe três corredores longitudinais esquerdo (E), central (C) e 
direito (D). orientados num plano frontal à baliza para onde a equipa observada 
ataca.
10 
DE MDE MOE OE 
DC MDC MOC OC 
DD MDD MOD OD 
Figura 2.1. – Divisão do Campograma em quatro sectores e três corredores para a Variável ZREC. 
Num dos seus estudos, Castelo (1996), salienta que a recuperação da posse 
de bola obteve percentagens mais elevadas no sector defensivo e no corredor 
central do terreno de jogo. Este facto que pode ser explicado, segundo o 
mesmo autor, com a elevada concentração de jogadores, em atitude defensiva, 
nos espaços próximos da sua baliza, procurando de forma simultânea protege-la 
e recuperar a posse de bola. O mesmo se verifica nos estudos efectuados 
por Ribeiro (2003) e Reis (2004), em que a zona central do sector defensivo e 
médio defensivo, são os locais onde se verifica maior número de recuperações 
de posse de bola. Ao encontro desta ideia converge, Costa (2005), referindo 
que o local em que a equipa analisada adquiriu a posse de bola com maior 
frequência foi o meio-campo defensivo. No entanto, a autora acrescenta que, 
sempre nos focalizamos nas sequências terminadas com remate, verificamos 
que dos sectores mais ofensivos contribuíram os corredores laterais (OD e OE, 
respectivamente), enquanto que, dos mais defensivos contribui mais o central 
(DC e MDC). 
Apesar desta predominância visível dos sectores defensivos centrais na 
recuperação da posse de bola, outros autores salientam a importância de 
tentar recuperar a bola em zonas mais avançadas do terreno de jogo. Assim 
será possível defender mais longe da baliza que defendemos e ao mesmo 
tempo recuperar a bola mais perto da baliza adversária.
Ao encontro desta ideia surge outra das conclusões do estudo de Costa (2005), 
em que afirma, que quando a aquisição da posse de bola é concretizada no 
meio-campo ofensivo, o número de sequências ofensivas terminadas com 
remate é superior às terminadas sem remate. 
Esta tentativa de recuperar a bola em zonas mais ofensivas, procura acelerar a 
acção do portador da posse de bola, obrigando-o a cometer erros (Castelo, 
1996). 
11 
TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (TREC) 
A recuperação da posse de bola resulta de acções táctico-técnicas defensivas, 
caracterizando-se pelas tentativas de retirar a posse de bola ao adversário. Na 
revisão realizada, encontramos como categorias deste tipo, recuperações de 
posse de bola por intercepção, desarme, erro adversário, bola parada e 
pressing. 
Castelo (1996) refere-se à intercepção como o gesto técnico-táctico que 
consiste em o jogador se apoderar da bola, ou a repelir, quando impede um 
passe de seguir para o jogador alvo, ou de seguir em direcção à sua baliza. 
Garganta (1997) refere que esta é a forma de recuperação da bola mais 
vantajosa na procura da eficácia ofensiva. 
Relativamente ao desarme, Castelo (1996) define-o como um gesto técnico 
efectuado pelo defesa que procura intervir directamente sobre a bola, 
disputando-a com o atacante que a possui, respeitando sempre as leis do jogo. 
Segundo Garganta (1997), convém que as equipas tentem recuperar a bola 
através de situações dinâmicas que garantam a continuidade do jogo ofensivo, 
a sua fluidez, podendo assim criar desequilíbrios e surpreender o adversário no 
seu processo defensivo (Garganta, 1997). 
Por outro lado, a recuperação da posse de bola pode emergir de um erro 
adversário (Machado, 1997). Nestas situações o jogador com bola realiza um 
mau domínio da mesma ou realiza um passe direccionado directamente para 
um adversário, permitindo a sua recuperação (Leal, 1994).
Outros autores discriminaram ainda, a recuperação da bola por “bola parada”, 
ou seja, todas as situações em que a equipa sem posse de bola recupera-a, 
porque esta sai fora das linhas de jogo, ou porque usufrui de uma falta 
adversária, ou mesmo um fora de jogo. São situações em que o jogo é 
obrigado a parar e, posteriormente, recomeçar com posse de bola para a 
equipa contrária. 
No que respeita à recuperação da bola por pressing, categoria utilizada em 
alguns estudos (Machado, 1997), apresentamos algumas dúvidas sobre a sua 
utilização. Em primeiro lugar, sabemos que a sua medição é difícil de obter. 
Não conseguimos distinguir, com objectividade, as situações em que existe 
pressão do adversário. A distância do defensor ao portador da bola, a zona do 
campo em que sucede ou o número de defensores que pressionam são todos 
critérios de análise difícil e incerta. Em segundo lugar, a pertinência desta 
categoria parece também discutível. Consideramos que as categorias 
anteriores englobam, por completo, as diversas situações explicativas da 
recuperação da posse de bola. A inclusão do pressing nesta análise, 
provocaria casos de dúvida e sobreposição de categorias a escolher (p.ex: a 
origem da recuperação poderia ser por pressing, podendo resultar em erro 
adversário, intercepção ou desarme). Deste modo, consideramos erróneo 
avaliarmos esta categoria e decidimos, como tal, exclui-la do mesmo. 
Segundo vários estudos (Mendes, 2002; Ribeiro, 2003; e Reis, 2004) em que 
se verifica uma constante supremacia das sequências ofensivas com origem 
com recuperações de posse de bola com intercepção, seguidas das 
recuperações por erro do adversário e só em terceiro lugar por desarme. 
A relevância desta variável prende-se com o facto de compreendermos, não só 
a distribuição quantitativa de tipos de recuperações da posse de bola, como 
também a possível influência das mesmas no restante processo ofensivo. 
Realizando uma abordagem básica ao jogo, sabemos que a recuperação da 
posse de bola por bola parada, proporciona normalmente um tempo de 
paragem no jogo, que habitualmente poderá permitir uma reorganização 
defensiva adversária. Por outro lado, é possível que as bolas recuperadas por 
12
erro adversário surjam de uma defesa mais activa, que tenta recuperar a posse 
da mesma em zonas mais próximas da baliza adversária, ou pelo menos 
conduzir o adversário à perda da posse de bola por falta de soluções ofensivas. 
13 
PRIMEIRO PASSE APÓS A RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (PP) 
Garganta (1997) afirma que o passe apenas pode ser considerado um 
elemento importante para análise do jogo, mais propriamente para a análise da 
táctica da fase ofensiva, quando se consideram factores que não os 
estritamente quantitativos. 
Silva (1998), caracterizou o primeiro passe segundo a distância desde o seu 
ponto de partida ao ponto de chegada (curto e longo). Castelo (1996), 
caracterizou a mesma variável quanto à distância, altura, direcção e sentido. 
Garganta (1997), caracterizou-o quanto à sua direcção. Estas são algumas das 
suas características investigadas no sentido de compreender a pertinência do 
mesmo no processo ofensivo. 
Silva (1998), refere que na variável características específicas do primeiro 
passe, as equipas de distinto nível, não evidenciam diferenças estatisticamente 
significativas, sendo o passe mais utilizado, para iniciar o processo ofensivo, o 
curto/médio, baixo e longitudinal. 
Mendes (2002), conclui no seu estudo que na transição defesa-ataque, o 
primeiro passe é predominantemente para a frente, raso e curto/médio, para os 
deferentes métodos de jogo ofensivo. No que respeita ao mesmo assunto, Reis 
(2004) conclui no seu estudo que as equipas utilizam predominantemente os 
passes curtos/médios para a frente. 
Por outro lado, Garganta (1997) conclui que uma acção de jogo aparentemente 
simples, como um passe longo, pode induzir desequilíbrio no balanço 
ataque/defesa e provocar rupturas no sistema defensivo adversário, levando-nos 
investigar a pertinência deste tipos de passa no início das sequencias 
ofensivas do jogo. Na mesma ordem de ideias Hughes & Franks (2005), ao 
analisarem os jogos da Fase Final do Campeonato do Mundo de 1990 e 1994, 
evidenciaram a importância do passe longo, como forma de colocar 
rapidamente a bola numa zona propícia de finalização, concluindo no estudo
que foram significativamente maior o número de finalizações obtidas através do 
passe longo do que através do passe curto. 
Desta forma, consideramos que a análise do primeiro passe logo após a 
recuperação da posse de bola, poderá denotar algumas tendências na 
transição defesa-ataque, sobre uma opção de maior temporização e segurança 
ofensiva, passes curtos, passes para trás, ou numa outra de maior risco, 
utilizando passes longos denotadores de um jogo mais directo e com maior 
profundidade ofensiva. 
14 
TEMPO DE JOGO DECORRIDO (TJD) 
Segundo Garganta (1997), o tempo de jogo decorrido refere-se ao período que 
medeia entre o início de jogo e o momento em que tem lugar a acção da posse 
de bola relativa ao início da sequência ofensiva observada. 
Esta é uma variável habitualmente utilizada (Felisberto, 2004; Matos, 2006) no 
intuito de discriminar, no tempo de jogo, a evidência de algumas acções, bem 
como a sua relação com outras variáveis analisadas. 
Neste contexto, Matos (2006) conclui no seu estudo que os primeiros e últimos 
períodos de cada metade do jogo são os períodos com maior percentagem de 
golo. De acrescentar que, segundo Costa (2005), a eficácia das sequências 
ofensivas aumentam com o tempo de jogo decorrido, sendo que, finaliza-se 
mais, e por consequência marcam-se mais golos no último quartil de jogo (dos 
76`aos 90`). No entanto, a explicação para esta distribuição não está explícita, 
nem aprofundada nestes estudos, podendo estar, na nossa perspectiva 
associada à factores relativos às características das transições defesa-ataque 
desses momentos de jogo. 
VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA (VTB) 
Dugrand (1989, cit. Garganta, 1997), foi o criador do conceito de velocidade de 
transmissão da bola (VTB). Segundo este, “a velocidade de transmissão da 
bola é tanto maior quanto mais o seu valor se aproxima da unidade. Quando o 
número de bolas recebidas iguala o número de contactos com a bola, a
velocidade de transmissão alcança o seu valor máximo, e sendo que, quando 
apenas um jogador intervém sobre a bola esta alcança o seu valor mínimo”. 
Seguindo esta ideia, a VTB é um indicador composto, resultado do quociente 
entre o Número de Bolas Recebidas (NR) e o Número de Contactos (NC) 
realizados (VTB=NR/NC). O primeiro, NR, contabiliza as recepções realizadas 
após um passe de um colega durante cada sequência ofensiva. O NC, traduz o 
somatório de contactos na bola, utilizados pelos jogadores nessa mesma 
sequência. O seu valor varia entre 0 e 1, sendo que, quanto mais se aproximar 
da unidade mais rápida é considerada a transmissão da bola. 
Deste modo, procura-se encontrar um indicador da “fluidez” do processo 
ofensivo, acreditando no princípio de que quanto menor o número de 
contactos, em função do número de recepções, maior a rapidez do processo 
ofensivo. 
Segundo Garganta (1997), a circulação da bola realizada a elevada velocidade 
constitui um importante argumento ofensivo do jogo colectivo das equipas de 
alto nível. 
15 
Quadro 2.1. Resultados da Velocidade de Transmissão da Bola nos estudos de Quarteu (1996), 
Oliveira (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004). 
Autor (data) Amostra VTB 
Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 0.33 – 0.37 
Oliveira (1996) 
Em equipas de diferentes níveis competitivos não existem diferenças 
significativas (0.35) 
Ribeiro (2003) II Liga – época 2002/2003 
Vitória 0,41 
Empate 0,35 
Derrota 0,20 
Reis (2004) Camp. Euro-2004 – Portugal 0,33 + 0,13 
Camp. Euro-2004 – Grécia 0,37 + 0,14 
Verificou-se assim, que grande parte dos estudos da revisão apresentam uma 
VTB entre os 0.30 e 0.40, sendo ainda de realçar que, no estudo de Oliveira 
(1996), onde não foram verificadas diferenças significativas entre diferentes 
níveis de equipas. Por outro lado, Garganta (1997) conclui no seu estudo que 
uma elevada VTB não está necessariamente associada à eficácia ofensiva da 
equipa.
16 
Número de Bolas Recebidas (NR) 
O número de bolas recebidas, tem variado entre os 3.42 e 5.0, realçando o 
facto de, se denotar uma redução progressiva com o decorrer das 
competições. Levando-me assim a questionar, a redução de número de 
jogadores participantes no ataque, com toque sobre o objecto de jogo, bem 
como as implicações reflectidas no jogo moderno. 
Quadro 2.2. Resultados da Número de Bolas Recebidas nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004). 
Autor (data) Amostra Nº bolas recebidas 
Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 4,5 – 5,0 
Oliveira (1996) 
Em média equipas de nível superior apresentam valores mais elevados 
(19.3) do que as de nível inferior 
Reis (2004) Camp. Euro-2004 – Portugal 4,01 + 2,95 
Camp. Euro-2004 – Grécia 3,42 + 2,56 
Número de Contactos (NC) 
Interpretando a fórmula do autor (Dugrand, 1989, cit. Garganta, 1997), quando 
o número de contactos é maior, menor é a velocidade de transmissão da bola. 
Deste modo, o número de contactos na bola pode parecer um indicador 
contraproducente para o jogo, retardando o processo ofensivo. Segundo 
Lemoine et al. (2005), a posse de bola realizada a um único contacto é 
eficiente e segura. O número de toques realizado por cada recepção, manifesta 
um maior tempo para receber a bola, para decidir, ou possivelmente uma falta 
de soluções para passar a bola e progredir, ou mesmo a necessidade de 
avançar constantemente em condução da bola, aspectos que parecem 
demorar o ataque. 
Quadro 2.3. Resultados do número de contactos nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004). 
Autor (data) Amostra Nº contactos com bola 
Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 11 – 15.1 
Oliveira (1996) Equipas de nível superior 14.2 e equipas de nível inferior 9.6 
Reis (2004) Camp. Euro-2004 – Portugal 12,68 + 8,44 
Camp. Euro-2004 – Grécia 12,95 + 11,13
De realçar, nos dados apresentados, que o desvio padrão é elevado, muito 
próximo do valor apresentado no número de contactos. 
Por outro lado, de referir também que, segundo Oliveira (1996), as equipas de 
nível superior realizam o maior número de contactos na bola, em comparação 
às equipas de nível inferior. O mesmo se verificou no estudo de Hughes & 
Franks (2005) onde as equipas de nível superior apresentaram maior número 
de contactos do que as equipas de nível inferior nas sequências ofensivas 
finalizadas. 
17 
NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR (NVC) 
Segundo Costa (2005), os deslocamentos em largura permitem ver uma 
variação do ângulo de ataque (posição da bola relativamente à baliza 
adversária), criando, segundo Castelo (2003), um maior espaço de jogo que 
proporciona um número mais elevado de alternativas de resolução técnico-táctica 
das situações momentâneas do jogo. 
Esta é uma variável, já utilizada em alguns estudos de análise do processo 
ofensivo (Garganta, 1997, Costa, 2005), descreve o movimento do objecto de 
jogo no espaço, durante uma sequência ofensiva. Segundo Garganta (1997) a 
variação de corredor é um indicador de eficácia ofensiva. 
Das 523 acções ofensivas analisadas, Costa (2005) constatou um ataque 
preferencialmente com uma (38,2%) ou duas (26,6%) variações de corredor. O 
mesmo estudo apurou também ser possível associar a eficácia das sequências 
ofensivas à variabilidade das mesmas, uma vez que na maioria das sequências 
terminadas em remate a equipa observada realizou uma (40%), duas (30,7%) e 
três ou mais (20,7%) variações de corredor. De realçar ainda que das acções 
que não apresentaram variação de corredor uma pequena parte obteve remate 
(8,7%), em comparação com uma maior fatia (22,5%) que culminou sem 
remate. 
Demonstra-se assim um aspecto causador de instabilidade na equipa 
defensora, e como tal, aspecto ofensivo pertinente de análise.
18 
NÚMERO DE JOGADORES COM INTERVENÇÃO NA ACÇÃO OFENSIVA (NJOG) 
Segundo Maças (1997), esta variável refere-se à quantidade (número) de 
jogadores envolvidos na acção ofensiva. 
Teodoresco (1984, cit. Garganta, 1997), considera o NJOG, uma variável 
importante, dado que a variabilidade das situações de jogo é afectada pela sua 
alteração. 
Deste modo, o número de jogadores que intervêm na sequência ofensiva, é 
não só um indicador quantitativo mediante os jogadores intervenientes, mas 
poderá estar relacionado uma maior variabilidade de movimentos do objecto de 
jogo em campo, e consequentemente, a uma maior exploração do espaço de 
jogo na fase ofensiva do mesmo. 
Segundo Faria (1998) intervêm directamente sobre a bola entre dois a seis 
jogadores por sequência ofensiva, sendo que segundo o estudo de Rodrigues 
(2000) a média de jogadores intervenientes nas sequências ofensivas 
finalizadas é inferior a quatro. 
Costa (2005), verificou, nas 523 sequências ofensivas observadas, um domínio 
das acções ofensivas em que intervinham três jogadores (26,3%), sendo a 
intervenção de quatro atacantes a segunda categoria mais observada (18,8%). 
Nas 274 sequências ofensivas, terminadas em golo, analisadas por Matos 
(2006), identificou-se uma superioridade das acções com três intervenientes 
atacantes (28,5%), sendo a intervenção de quatro atacantes a segunda opção 
mais verificada no estudo (17,9%). 
TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ENTRE ATAQUE E A DEFESA (TRNAD) 
Segundo Matos (2006) a presença da bola reúne alguns atacantes e defesas à 
sua volta, num mesmo espaço (centro de jogo), e num determinado momento, 
separados por objectivos divergentes, os quais regem acções dependentes de 
factores estratégicos e tácticos. 
Mediante isto, parece-nos pertinente perceber quantos jogadores estão 
disponíveis para receber a bola, para que este ataque seja efectuado de forma 
rápida e eficaz, bem como o número de defensores que se opõem ao mesmo, 
dificultando o ataque. Denota-se assim pertinente contabilizar os jogadores
perto da bola (segurança na posse da bola), à frente da linha da mesma 
(proporcionado rapidez e objectividade no ataque) e inevitavelmente o número 
de defensores pela frente (que dificultam o ataque). 
O TRN é uma variável que tem surgido em estudos mais recentes (Costa, 
2005; Matos, 2006), a partir da qual os autores têm tentado compreender a 
influência desta densidade de jogadores no processo ofensivo, bem como a 
interacção com as outras variáveis em estudo. 
Costa (2005), verificou que 80,7% das 523 sequências ofensivas analisadas, 
ocorreram em situação de inferioridade numérica do ataque perante a defesa. 
Em concordância com esta autora, Matos (2006), verificou que nos 274 golos 
analisados, 76,3% ocorreram em inferioridade numérica do ataque perante a 
defesa, 17,9% em igualdade entre as mesmas e só 5,8% ocorreram em 
superioridade do ataque sobre a defesa. 
A par desta variável Costa (2005), também realiza a análise da Relação 
Numérica Ataque-Defesa. Esta é uma variável de ordem quantitativa, que 
especifica a relação quantitativa numérica do número de atacantes e 
defensores, expressa na dimensão qualitativa da variável anterior (TRNAD). 
Sobre a mesma, a autora conclui que as relações ataque-defesa que mais 
explicam a sua dependência para com a eficácia das sequências ofensivas são 
2x3+GR, 2x4+GR, 3x4+GR, 5x6+GR e 5x8+GR. 
Em ambas as variáveis apresentadas, os estudos por nós encontrados 
divergem no momento exacto em que se contabiliza e qualifica cada uma das 
sequências ofensivas. Segundo Costa (2005), esta é avaliada seis segundos 
após o momento em que decorre a recuperação da posse de bola. Por sua vez, 
Matos (2006), esta é analisada no momento exacto de finalização. 
Se por um lado, é compreensível que o critério utilizado em cada um dos 
trabalhos é direccionado aos objectivos dos mesmos, por outro, é necessário 
algum cuidado na comparação de resultados, visto que, tal pormenor avalia 
momentos diferentes do jogo, e consequentemente, apresentará também 
significados distintos. Sendo assim, a interpretação dos mesmos deverá ser 
feita mediante o critério definido. 
19
Deste modo, consideramos pertinente o estudo da variável, sendo que, no 
entanto, é de salvaguardar o facto, de que o critério da mesma deverá ser alvo 
de alguma reflexão, sobre qual o critério mais adequado ao nosso estudo, ou 
mesmo sobre a reestruturação do mesmo se necessário. 
2.3. EFEITOS DA TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE NO PROCESSO 
OFENSIVO. 
Constitui como um dos objectivos deste estudo, compreender possíveis 
relações entre as variáveis atrás descritas e a fase de finalização produzidas 
pelas mesmas. Deste modo, apresentamos algumas variáveis, que na literatura 
disponível se entendem como importantes no conhecimento do processo 
ofensivo e que, mediante o conceito de transição, atrás definido, poderão estar 
condicionadas pela transição defesa-ataque. 
20 
ZONA DE FINALIZAÇÃO (ZF) 
A finalização é o colmatar, o momento mais desejado de qualquer processo 
ofensivo, visto que é com esta acção que poderemos ou não atingir o golo. O 
sucesso do jogo está dependente da obtenção do golo, que para muitos está 
directamente relacionada com o volume de finalizações no jogo. 
Vários autores preocuparam-se em perceber zonas de finalização, formas de 
finalização, superfície de contacto na finalização, se resulta em golo ou não, 
entre outras (Bezerra, 1995; Costa, 2005; Matos, 2006). 
Quadro 2.4. Analise das acções técnico-tácticas de remate e remate com eficácia (golo), 
segundo Bezerra (1995). 
Remates Golos 
Nº de acções por jogo Média = 1.6 + 4.5 Média = 1.5 + 1.0 
Distância 
Pequena área 
Grande área 
Fora da grande área 
7.3% 
33.3% 
59.4% 
14.2% 
18.7% 
3.5%
Matos (2006), verificou no seu estudo, que nas 274 sequências ofensivas, 
terminadas em golo, a grande parte dos remates das mesmas ocorreu dentro 
da grande área (62,4%), seguido da zona de dentro da pequena área (26,3%), 
e sendo a zona de fora da grande área a menos sucedida (11,3%) no momento 
de obter o golo. De forma semelhante, Yiannakos & Armatas (2006), tendo 
como amostra de estudo 32 jogos do Europeu de 2004, verificaram que a maior 
parte das sequencias ofensivas foram finalizadas na grande área (44,1%), 
seguidas das finalizadas dentro da pequena área (32,2%) e, por fim, fora da 
grande área (20,4%). 
Deste modo, escolhemos estudar as zonas em que ocorreram as finalizações, 
visto parecer um aspecto determinante na possibilidade de obter golo. 
21 
FORMA COM TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA (FTAO) 
Segundo Hughes (1990), de todos o JDC, o Futebol distingue-se por ter um 
dos índices mais baixos, expressa pela relação entre golos conseguidos e o 
número de acções ofensivas realizadas. A média do número de remates por 
jogo é cerca de 13 (treze) e o golo é conseguido a cada 7 (sete) tentativas. 
Refere ainda que “uma equipa que consegue 10 (dez) remates que atinjam a 
baliza, tem 86% de hipóteses de ganhar o jogo”. 
Garganta (1997) estabeleceu um conjunto de categorias representantes da 
forma como terminou a acção ofensiva. 
Deste modo, o autor definiu as categorias: acção ofensiva positiva com êxito 
total (1), acção ofensiva positiva com êxito parcial (2), acção ofensiva positiva 
sem êxito (3), acção com situação de finalização criada terminada, sem remate, 
no meio campo ofensivo (4), acção ofensiva negativa terminada no meio 
campo ofensivo (5), e acção ofensiva negativa terminada no meio campo 
defensivo (6). 
Seguindo esta definição, Felisberto (2004) obteve os seguintes resultados na 
análise do resultado da sequência ofensiva: 
Quadro 2.5. Resultado das sequências ofensivas segundo Felisberto (2004). 
Êxito Total (1) Êxito Parcial (2) Sem Êxito (3) Abort (4, 5 e 6) 
2,6 3,6 9,5 84,3
Nas 523 sequências ofensivas observadas, Costa (2005) verificou uma 
predominância das acções ofensivas terminadas sem remate (71,1%), sendo 
que, das restantes situações positivas, ou seja com finalização, (28,9%), a 
grande parte terminou com êxito parcial (16,1%), seguidas das situações 
positivas sem êxito (8,8%) e só no fim as situações de êxito total (4%) 
Apesar do grande relevo de todas estas categorias, perante o objectivo do 
deste estudo, que só abarca a observação de situações culminadas em 
finalização, só as três primeiras categorias definidas pelo autor (ET - êxito total, 
EP - êxito parcial, e SE - sem êxito) se enquadram no mesmo. 
22 
2.4. SINTESE 
De encontro à definição de Castelo (2003), - de que, a transição defesa-ataque 
encontra-se dependente de dois aspectos fundamentais: (1) um primeiro, 
relacionado com as atitudes e os comportamentos dos jogadores no momento 
logo após à recuperação da posse de bola, no que respeita a quatro questões 
fundamentais: i) a quem (todos os jogadores da equipa); ii) quando (momento 
imediato após a recuperação à posse de bola); iii) onde (em qualquer espaço 
do jogo); e iv) como (ocupando espaços apropriados, estabelecer linhas de 
passe, utilizar mudanças rápidas de ritmo e direcção e executando 
procedimentos técnico-tácticos individuais e colectivos) e (2) um segundo, 
dependente da rápida transição do centro de jogo, desde a zona de 
recuperação da posse de bola em direcção a espaços dominantes de 
finalização – podemos identificar algumas variáveis.
Quadro 2.6 – Associação das variáveis observadas na revisão com a definição do conceito de transição defesa-ataque. 
Questões Variáveis identificadas com a questão 
23 
A quem? (todos jogadores da equipa) 
Tipo de Relação Numérica entre o ataque e a defesa e 
Relação Numérica entre o ataque e a defesa 
Quando? (momento imediato após a recuperação 
à posse de bola) 
Tempo de Jogo Decorrido. 
Onde (em qualquer espaço do jogo); Zona de recuperação da posse de bola. 
Como (ocupando espaços apropriados, 
estabelecer linhas de passe, utilizar mudanças 
rápidas de ritmo e direcção e executando 
procedimentos técnico-tácticos individuais e 
colectivos). 
Tipo de recuperação da posse de bola. 
Velocidade de Transmissão da Bola. 
Rápida transição do centro de jogo, desde a zona 
de recuperação da posse de bola em direcção a 
espaços dominantes de finalização 
Duração da acção ofensivas; velocidade de transmissão 
da bola; número de contactos; número de bolas 
recebidas. Número de Variações de Corredor, Número 
de Jogadores, Zonas de Finalização e Forma como 
Termina a Acção Ofensiva. 
Inevitavelmente, apesar de sabermos que no Futebol é muito curta a diferença 
entre o sucesso e o insucesso, torna-se importante diferenciar as 
características da transição defesa-ataque, e os processos ofensivos que 
desencadeia, com o sucesso ou insucesso que produzem. 
Vários autores, tentam diferenciar as suas variáveis de estudo, com o sucesso 
ou insucesso que uma equipa, ou um grupo de equipas, obtiveram em 
determinada competição, servindo-lhes assim como amostra de estudo 
(Hughes et al., 1988; Garganta, 1997; Silva, 1998; Scoulding et al, 2004; 
Hughes & Franks, 2005;). 
Deste modo, é possível identificar padrões de jogo de equipas de nível superior 
e de nível inferior, o que evidentemente, é importantíssimo para o estudo da 
modalidade. 
No entanto, a divisão de dois níveis de equipas, com escolha de equipas de 
nível superior e inferior, deve ser uma tarefa cuidada. Segundo, Low et. al 
(2002) a diferença entre equipas, a nível internacional, tem vindo a reduzir, 
sendo cada vez mais difícil encontrar diferenças significativas entre as 
características que as distinguem.
Segundo Stanhope (2001) esta distinção entre o sucesso e o insucesso é na 
grande parte das situações baseada nos resultados de um jogo ou pela sua 
posição final numa competição. Tendo em conta o formato e os objectivos do 
nosso estudo, parece-nos inadequado associarmos o sucesso de uma equipa, 
perante um único resultado de um jogo, visto que, algumas vezes verificamos 
que a equipa vencedora, nem sempre é a equipa que cria mais oportunidades 
de finalização, que tem maior posse de bola, ou possuidora de outros melhores 
indicadores de qualidade de jogo. Por outro lado, se uma equipa vence vários 
jogos, já podemos ter mais certeza de ser possuidora de um bom nível 
competitivo. Assim como, que as que perdem mais vezes, são provavelmente 
equipas com um nível de jogo mais baixo. Deste modo, pensamos ser 
pertinente diferenciar equipas de nível superior e inferior, mediante a sua 
classificação em determinada competição, visto que, este critério resulta da 
obtenção de melhores resultados num conjunto de jogos. 
Por outro lado, Lago & Martin (2007), perante dados de 170 jogos da Liga 
Espanhola de Futebol, identificaram diferenças significativas nas características 
da posse de bola das equipas em função do nível da equipa opositora. 
Como tal, estando já definidos os níveis de equipas, parece-nos também 
importante identificar diferenças entre os vários tipos de confrontos, de acordo 
com as variáveis que nos propomos a estudar, sendo este um objectivo que 
desconhecemos estar desenvolvido por outros estudos. 
24
25 
Transição Defesa-Ataque Processo Ofensivo Diferença entre: 
Tempo de Jogo Decorrido 
Zona de Recuperação Posse 
de Bola 
Tipo de Recuperação Posse 
de Bola 
Primeiro Passe 
Velocidade de Transmissão da 
Bola 
Número de Variações de 
Corredor 
Número de Jogadores 
Intervenientes na Acção 
Ofensiva 
Tipo de Relação Numérica e 
Relação Numérica 
Figura 2.2. Esquema descritivo do presente estudo. 
Forma como Termina a 
Acção Ofensiva 
Zona de Finalização 
Nível da Equipa 
Tipos de 
Confrontos 
Em síntese, perante a revisão realizada procuraremos compreender relações 
entre as variáveis da transição defesa-ataque estudadas e as variáveis 
ofensivas que se desencadeiam, diferenciando-as, primeiro, em função dos 
níveis de equipas e, posteriormente, em função dos tipos de confrontos. 
O Futebol tem particularidades que o distinguem de outros desportos de 
equipa. Quando comparado com o basquetebol e o andebol, apresenta uma 
supremacia da defesa sobre o ataque (Grehaigne, 1992; Garganta, 1997). 
Enquanto que no andebol, em média, os jogadores terminam com êxito cada 
sexta acção ofensiva e no basquetebol, em cinco ataques realizados, dois 
terminam com um lançamento eficaz, já no Futebol 1% dos ataques culminam 
com a obtenção do golo (Sleziewski, 1986), o que faz com que um dos grandes 
problemas do jogo consista em criar oportunidades de finalização. (Castelo, 
1994). 
Claudino (1993), apurou no seu estudo entre 159 a 204 acções ofensivas, 
sendo que, 90 % terminaram sem remate à baliza e das 10% somente 1% foi 
convertido em golo. Felisberto (2004), denota a mesma tendência quando em
1249 sequências ofensivas verificou que 84,3% das mesmas não atingiram 
finalização, e dos restantes 15,7% só 2,6% alcançaram o golo. 
Deste modo, há que ter em conta as suas características como JDC, mas 
atender sobretudo à especificidade do jogo. 
A análise aprofundada da transição defesa-ataque levaria a termos como 
amostra de estudo todas as acções defensivas e ofensivas do jogo, dado o 
extenso número de transições existentes. 
No entanto, seguindo o raciocínio efectuado na síntese do estudo e o problema 
existente de criar situações de finalização no jogo, consideramos pertinente 
estudar as transições defesa-ataque, as suas consequências no processo 
ofensivo, em dois contextos diferentes (dois níveis de equipa), só e só em 
situações culminadas em finalização. 
Deste modo, limitando o estudo à observação de acções ofensivas terminadas 
em finalização, tentaremos compreender qual o caminho para alcançar a 
finalização em situação de jogo, nas equipas de nível superior e nas de nível 
inferior. 
26
27 
III. METODOLOGIA 
3.1. AMOSTRA 
3.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 
O estudo terá uma amostra constituída pelas Acções Ofensivas terminadas em 
Finalização, dos jogos das Selecções que participaram na Fase Final do 
Mundial de 2006, decorrido entre os dias 9 de Junho a 9 de Julho de 2006 na 
Alemanha. 
A definição desta amostra foi sujeita aos seguintes critérios: 
a) A observação de competições entre selecções, como é o caso do 
Campeonato do Mundo ou da Europa, tem sido hábito frequente nos estudos 
por nós abordados na revisão bibliográfica. Tal escolha, é alicerçada no facto 
de serem provas, onde o nível competitivo é bastante elevado, com selecções 
de alto nível. Antes de se qualificarem para as mesmas competições, estas 
selecções têm de ultrapassar uma fase preliminar, denominada de fase de 
qualificação para as fases finais, facto que provoca uma filtragem das melhores 
selecções. Assim decidimos a utilização dos jogos do Campeonato do Mundo 
realizado no ano de 2006. 
b) Dentro do elevado nível de rendimento que caracteriza esta competição, é 
nossa intenção diferenciar selecções de dois níveis, denominados de “superior” 
e “inferior”, mediante a classificação das selecções participantes. 
De forma a vincarmos bem estas diferenças, utilizamos como critério, a 
classificação das equipas na fase final. Consideramos as equipas de nível 
superior, todas as aquelas que atingiram os quartos-de-final da competição 
(Itália, França, Alemanha, Portugal, Argentina, Inglaterra, Ucrânia e Brasil), e 
as de nível inferior, todas as equipas que não superaram a fase de grupos 
(Polónia, Costa Rica, Paraguai, Trindade e Tobago, Costa de Marfim, Sérvia e 
Montenegro, Angola, Irão, Republica Checa, Estados Unidos da América, 
Croácia, Japão, Coreia do Sul, Togo, Tunísia e Arábia Saudita).
Existe ainda um grupo de selecções que obtiveram um nível intermédio, 
superando a fase de grupos mas sendo eliminadas nos oitavos-de-final da 
competição (Equador, Suécia, Holanda, México, Austrália, Gana, Suiça e 
Espanha), equipas estas excluídas da amostra, de modo a ser criada uma 
distinção mais marcada entre os dados das equipas de nível superior e as de 
nível inferior. 
Deste modo, foram realizadas 48 (quarenta e oito) observações respectivas 
aos jogos de 8 (oito) selecções denominadas de nível superior e 48 (quarenta e 
oito) observações correspondentes aos jogos de 16 (dezasseis) selecções 
denominadas de nível inferior, sendo ainda excluídas 16 (dezasseis) 
observações de jogos de 4 (quatro) selecções de nível intermédio (ANEXO A) 
De esclarecer ainda que cada observação é realizada em função da equipa 
observada. Ou seja, como em cada jogo participam duas equipas, em algumas 
situações o mesmo jogo teve de ser observado duas vezes, uma para cada 
uma das mesmas. 
c) Vários estudos já efectuados (Claudino, 1993; Garganta, 1997; Maças, 1997) 
apresentaram uma amostra centrada no número de acções ofensivas, e não no 
número de jogos, com o objectivo de melhor caracterizar a transição defesa-ataque 
e o restante processo ofensivo pela eficácia das sequências analisadas. 
Da mesma forma, consideramos pertinente a utilização deste critério, sendo 
assim por nós adoptado, com a diferença de só analisarmos as Sequências 
terminadas em Finalização, no objectivo de conhecer melhor o percurso para a 
obtenção do golo, nos dois níveis diferenciados. Para esta triagem, 
consideramos como Sequências Ofensivas terminadas em Finalização, todas 
as sequencias ofensivas que culminassem com: Remate enquadrado com a 
baliza, do qual poderá advir: golo (1), defesa do guarda-redes (2), intercepção 
de um jogador da equipa que defende, que se constitui como ultimo obstáculo 
móvel a transpor, substituindo posicionalmente o guarda-redes da sua equipa 
(3) (Garganta, 1997). Consideramos ainda, todas as situações em que após 
uma acção de remate intencional, a bola sai pela linha final da equipa 
defensora (adversária). 
28
Respeitando ainda todos estes critérios, algumas situações culminadas em 
finalização foram excluídas, não sendo efectuada qualquer tipo de análise ou 
recolha de dados sobre as mesmas, sendo elas: (1) todas as sequências 
ofensivas, que segundo o árbitro da partida transgrediram as leis do jogo; (2) 
todas as grandes penalidades, considerando-as descontextualizadas do nosso 
objectivo de estudo; e (3) todas as sequências ofensivas decorridas em tempo 
de prolongamento, ou seja, em partes de jogos posteriores às duas primeiras 
regulamentadas. 
Desta forma, foram identificadas 676 Sequencias Ofensivas Terminadas em 
Finalização, de quarenta e seis jogos realizados, posteriormente analisadas 
para a recolha de dados das variáveis em estudo. 
29 
3.1.2 PROCEDIMENTOS PRÉVIOS 
De forma a concretizar a presente metodologia foi necessário percorrer um 
conjunto de etapas, cuja discrição apresentamos de seguida: 
Etapa 1 – Obtenção dos jogos a observar: 
Todos os jogos da competição foram, transmitidos pelos canais televisivos 
abertos, e paralelamente gravados directamente por vídeo, em formato VHS, 
sendo depois realizada uma cópia em formato DVD, acompanhada de 
cronometragem no canto inferior da imagem. Posteriormente, foram extraídas 
todas as acções terminadas em finalização, para outro DVD, ficando sempre 
contextualizadas ao jogo a que pertencem. 
Etapa 2 – Construção do sistema de observação – Escolha e definição das 
variáveis: 
Após consulta da bibliografia e mediante o objectivo do estudo, seleccionamos 
as variáveis que compuseram o sistema de observação utilizado. As mesmas 
variáveis foram descritas de forma exaustiva, tendo sido levantadas as 
categorias possíveis de cada variável.
Etapa 3 – Determinação da objectividade do sistema de observação: 
Recorrendo a um jogo aleatório da amostra, observaram-se 15 minutos do 
mesmo, de forma a determinar a objectividade do sistema de observação. 
Pretendia-se, também, confirmar se as categorias de cada variável abrangiam 
todos os comportamentos possíveis de ocorrerem no jogo. 
Avaliando a sua validade, o instrumento em causa foi colocado à disposição de 
um grupo de peritos, que emitiram opiniões relativas à composição do sistema 
de observação (variáveis), categorias de observação de cada variável, à 
pertinência das mesmas face à realidade, de forma a procedermos a alguns 
ajustamentos necessários. 
Ainda com o mesmo fragmento de jogo, o observador testou a fiabilidade inter-observador 
do instrumento, e colocou-o à disposição de um grupo de peritos, 
30 
que testou a sua fiabilidade intra-observadores. 
Etapa 4 – Discriminação da amostra de estudo: 
Após finalizada a competição foi realizado um corte na amostra, com distinção 
das equipas de nível superior e de nível inferior, discriminado os jogos dos 
respectivos níveis. 
Etapa 5 – Observação e recolha de dados: 
Depois de asseguradas todas as condições de validade e fiabilidade do 
instrumento, observaram-se todas acções ofensivas terminadas em finalização 
recolhidas, anotando-se todos os dados em fichas de registo elaboradas para o 
efeito (Anexo B). 
Etapa 6 – Análise e tratamento de dados. 
3.1.3. RECOLHA E REGISTO DE IMAGENS 
Os jogos foram transmitidos por estações televisivas e depois de gravados em 
dvd foram sujeitos a uma observação sistemática. Durante a observação dos 
jogos, os comportamentos observados foram sendo descritos na folha de 
recolha de dados (Anexo B), sendo que, sempre que necessário revistas, até 
termos a certeza sobre a categoria observada. A incerteza, ou falta de clareza,
no registo dos dados de algumas acções observadas, levou-nos à exclusão 
dos mesmos, procurando garantir a uma maior qualidade dos dados. 
Normalmente, estas situações ocorreram em repetições de imagens de 
sequências ofensivas ou defensivas, que decorriam imediatamente antes ao 
momento que pretendíamos observar, sobrepondo-o. Ou pela imagem focar o 
protagonista da mesma sequência, excluindo aspectos por nós pretendidos. 
31 
3.2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS E DISCRIMINAÇÃO DAS CATEGORIAS 
Desenvolvemos um sistema de observação, classificado como sistema de 
categorias, uma vez que para cada variável se sistematizaram um conjunto de 
comportamentos que sempre que se manifestaram foram anotados. Na 
construção deste sistema de observação tivemos em consideração alguns 
sistemas de observação de referência, Claudino (1993), Castelo (1994), Maças 
Garganta (1997), Silva (1998), Costa (2005), tendo sido realizados alguns 
reajustes mediantes as orientações e necessidades do estudo, seguindo 
sempre o objectivo inicialmente delineado. 
3.2.1. VARIÁVEIS 
Zona de Recuperação da Posse de Bola (ZREC) 
Segundo Garganta (1997) “uma equipa encontra-se em posse de bola, quando 
qualquer um dos seus jogadores realiza pelo menos três contactos 
consecutivos com a bola, e/ou executa um passe positivo, permitindo manter a 
posse de bola, e/ou realiza um remate”. 
Para a recolha de dados nesta esta variável, o observador utilizou um 
campograma (figura 3.3.) dividido em quatro sectores transversais (defensivo, 
médio defensivo, médio ofensivo e ofensivo) e três corredores longitudinais 
(lateral direito e esquerdo e corredor central), resultando um total de doze 
zonas, tendo as linhas do campo como referência nessa divisão.
As zonas determinadas, por vezes definidas por linhas virtuais, são 
ocasionalmente indutoras de algumas dúvidas nas observações realizadas. 
Assim sendo, importa clarificar quais as estratégias seguidas para a superação 
das mesmas. 
Os corredores esboçados, são resultantes do prolongamento da linha lateral da 
pequena área, facilitando a observação realizada. A divisão de sectores, teve 
em conta as linhas frontais da grande área, na delimitação dos sectores 
defensivo e ofensivo, bem como a linha do meio campo, na distinção dos 
sectores médio defensivo e médio ofensivo. 
Em ambas as situações, apesar de tais definições facilitarem a visualização e 
interpretação das imagens, este aspecto nunca se sobrepôs ou desprezou a 
coerência da informação pretendida nesta variável. 
32 
Sentido do Ataque 
Figura 3.1. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZREC. 
Sentido do Ataque 
Sector 
Defensivo 
Sector 
Médio 
Defensivo 
Sector 
Médio 
Ofensivo 
Figura 3.2. Divisão em quatro sectores do Campograma da Variável ZREC. 
Sector 
Ofensivo 
Corredor Esquerdo 
Corredor Central 
Corredor Direito
33 
Sentido do Ataque 
DE MDE MOE OE 
DC MDC MOC OC 
DD MDD MOD OD 
Figura 3.3. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZREC. 
Desta forma, o campograma constitui-se por doze zonas devidamente 
identificadas por: 
– DE (Defensiva Esquerda); 
– DC (Defensiva Central); 
– DD (Defensiva Direita); 
– MDE (Média Defensiva Esquerda); 
– MDC (Média Defensiva Central); 
– MDD (Média Defensiva Direita); 
– MOE (Média Ofensiva Esquerda); 
– MOC (Média Ofensiva Central); 
– MOD (Média Ofensiva Direita); 
– OE (Ofensiva Esquerda); 
– OC (Ofensiva Central); 
– OD (Ofensiva Direita). 
Na observação de variável, para cada acção ofensiva terminada em 
finalização, registou-se a zona do campograma, correspondente ao primeiro 
momento de posse de bola da equipa que finaliza. 
De realçar que, em certos momento da observação, as pequenas áreas não 
estavam visíveis ao observador, pontos importantes de referência na 
identificação dos sectores do campo.
De forma a ultrapassar este obstáculo, foram utilizadas como estratégias de 
auxílio: (1) as linhas do circulo central do campo, sendo que os pontos de 
intercepção destas com a linha do meio campo coincidem com as linhas 
divisoras dos corredores; (2) as faixas longitudinais de relva, resultantes dos 
efeitos de corte realizados no campo, que em todas as situações coincidiram 
com a divisão dos corredores. 
34 
Tipo de Recuperação da Posse de Bola (TREC) 
Segundo Machado (1997), a recuperação da posse de bola pode ser 
classificada em: 
– Intercepção directa da defesa (I) – o jogador consegue recuperar a 
posse de bola, quer através de um desarme (disputa da bola entre um jogador 
da equipa que defende e o adversário que está na posse de bola), quer através 
de uma intercepção (acção desenvolvida por um jogador que se coloca entre a 
linha da bola, sendo esta conduzida ou rematada por um adversário ou ainda 
dirigida para um outro adversário); 
– Erro Adversário (E Adv.) – situação do jogo que leva à recuperação da 
posse de bola, sempre que a equipa de posse de bola cometa um erro, sem 
que a nossa equipa tenha que realizar qualquer tipo de acção para ficar com a 
posse de bola; 
– Bola Parada (BP) – Sempre que se recupera a posse de bola por 
motivos de reposição em jogo (lançamento da bola pela linha lateral, pontapés 
de baliza, cantos) por infracção às leis do jogo (livres, pontapés de penalidade) 
e início ou reinício de jogo; 
– Outros (O) – Todas as acções não especificadas nas anteriormente 
citadas. 
Primeiro Passe após a Recuperação da Posse de Bola (PP) 
A análise desta variável teve sempre como referência a trajectória da bola, 
desde o ponto onde o jogador que recupera a posse de bola realiza o primeiro 
passe e ponto onde o seu colega de equipa efectua a recepção da mesma.
Os passes foram classificados, quanto à sua direcção (frente, trás, lados e 
oblíquos) e quanto ao seu comprimento (curto e longo). Desta forma, as 
categorias definidas foram: 
- Passe curto/médio para frente (CMF) – passe realizado no sentido do ataque, 
da equipa observada, dentro do mesmo corredor, sendo realizado para um 
receptor dentro dessa mesma zona ou para uma zona contígua da zona do 
passe; 
- Passe curto/médio para trás (CMT) – passe realizado no sentido contrário ao 
do ataque, da equipa observada, dentro do mesmo corredor, sendo realizado 
para um receptor dentro dessa mesma zona ou para uma zona contígua da 
zona do passe; 
- Passe curto/médio para o lado (CML) – passe realizado dentro do mesmo 
sector, sendo realizado para um receptor dentro dessa mesma zona ou para 
uma zona contígua da zona do passe; 
- Passe curto/médio oblíquo (CMO) – passe realizado para uma zona contígua 
à zona do passe, mas que não pertence nem ao mesmo corredor, nem ao 
mesmo sector; 
- Passe longo para a frente (LF) – passe realizado no sentido do ataque, da 
equipa observada, dentro do mesmo corredor, cuja trajectória da bola transpõe 
completamente um corredor intermédio até chegar à zona onde decorre a 
recepção; 
- Passe longo para trás (LT) – passe realizado no sentido contrário ao sentido 
do ataque, da equipa observada, dentro do mesmo corredor, cuja trajectória da 
bola transpõe completamente um corredor intermédio até chegar à zona onde 
decorre a recepção; 
- Passe longo para o lado (LL) – passe realizado dentro do mesmo sector, cuja 
trajectória da bola transpõe completamente um corredor intermédio até chegar 
à zona onde decorre a recepção; 
- Passe longo oblíquo (LO) – passe cuja trajectória da bola ultrapassa 
obrigatória e completamente um corredor e um sector intermédio até chegar à 
zona onde decorre a recepção; 
35
Para além destas categorias consideramos ainda a categoria: 
- Sem primeiro passe (SPP) – sempre que o jogador que recupera a bola é o 
que finaliza, e sendo assim, não chega a efectuar o passe analisado. 
36 
Tempo de Jogo Decorrido (TJD) 
Consideramos o TJD como o período de tempo que decorreu desde o inicio do 
jogo até ao momento em que se verificou a acção de posse de bola da 
sequência ofensiva observada. 
Ao se verificar o primeiro contacto com a bola no jogo – pontapé de saída – 
começou a contagem no cronómetro incorporado no dvd, do respectivo jogo, a 
partir de 00´00´´, indicando assim, automaticamente, o tempo de jogo decorrido 
de cada sequência ofensiva observada. 
Apoiado neste indicador, foram discriminadas seis categorias, já adoptadas por 
outros autores (Garganta, 1997): 
- Dos [0´aos 15´[; 
- Dos [15´aos 30´[; 
- Dos [30´aos 45´[; 
- Dos [45´aos 60´[; 
- Dos [60´aos 75´[; 
- Dos [75´aos 90´[. 
Velocidade de Transmissão da Bola (VTB) 
Dugrand, 1989, cit. Garganta (1997), preconiza a utilização de um índice, ao 
qual chama velocidade de transmissão da bola (VTB), que é calculado a partir 
do quociente entre o Número de Bolas Recebidas (NR) e o Número de 
Contactos (NC) realizados para a transmitir em cada acção ofensiva 
observada. (VTB=NR/NC). 
Número de Contactos (NC) 
Revela-se no somatório de contactos com a bola, de todos os jogadores da 
equipa atacante, em cada acção ofensiva observada.
Número de Bolas Recebidas (NR) 
Define-se como o somatório de recepções efectuadas, após passe realizado 
por um colega de equipa, em cada acção ofensiva observada. 
O seu valor varia entre 0 e 1, sendo que, quanto mais se aproximar da unidade 
mais rápida é considerada a transmissão da bola. 
37 
Número de Variações de Corredor (NVC) 
Esta variável demonstra o número de vezes que a equipa faz circular a bola de 
um corredor para outro, através de um passe, traduzindo a amplitude das 
acções ofensivas realizadas. 
Perante o campograma dividido em três corredores (figura 3.1.), enumeramos 
as categorias em seis variáveis possíveis, mediante a mudança do objecto do 
jogo: do corredor direito para o central ou esquerdo, do corredor esquerdo para 
o central ou direito e do corredor central para os corredores direito ou 
esquerdo. 
Deste modo as categorias possíveis são: 
– Nenhuma variação de corredor; 
– Uma variação de corredor; 
– Duas variações de corredor; 
– Três ou mais variações de corredor. 
Número de Jogadores com Intervenção na Acção Ofensiva (NJOG) 
O observador considerou como o número total de jogadores com intervenção 
na acção ofensiva, todos os jogadores que contactaram com o objecto de jogo, 
no decorrer da acção ofensiva observada. 
Foram consideradas onze categorias: 
– Um jogador; 
– Dois jogadores; 
– Três jogadores; 
– Quatro jogadores; 
– Cinco jogadores; 
– Seis jogadores; 
– Sete jogadores; 
– Oito jogadores; 
– Nove jogadores; 
– Dez jogadores; 
– Onze jogadores.
Em algumas situações pontuais, na análise desta variável, utilizamos como 
estratégia, o número da camisola dos jogadores, para diferenciar os diferentes 
jogadores participantes na sequência ofensiva. 
38 
Relação Numérica entre o ataque e a defesa (RNAD) 
Este indicador depende da relação quantitativa ataque-defesa, ou seja, da 
diferença entre o número de jogadores envolventes de ambas as partes em 
determinada situação de jogo. Procura identificar uma relação numérica 
quantitativa, discriminando o número efectivo de jogadores atacantes e 
defensores activos (no centro de jogo), disponíveis a participar na fase final da 
sequência ofensiva. 
A análise da mesma decorre no momento final da sequência ofensiva, sendo 
que, o momento exacto de avaliação e os critérios da contagem são feitos de 
acordo com a situação/contexto em que decorre: 
1. Quando o passador efectua passe, para a frente, para o colega finalizar: 
paramos a imagem no momento do passe e contabilizam-se os jogadores 
atacantes e defensores à frente da linha bola (linha imaginária paralela à linha 
final e que intercepta a bola) no momento realização do mesmo; 
2. Quando o passador realiza passe para o lado ou para trás no sector ofensivo 
(figura 3.3.), contabilizam-se os jogadores atacantes e defensores no mesmo 
corredor, incluindo o jogador finalizador, no momento desse mesmo passe; 
3. Quando o finalizador efectua mais de dois contactos na bola antes de 
rematar, contabilizam-se os jogadores atacantes e defensores à frente da linha 
da bola no momento do remate; 
4. Quando é realizado um passe em profundidade, o defesa contacta a bola 
enviando-a no sentido contrário à baliza atacante, e um atacante ganha o 
ressalto (denominado por segunda bola) e finaliza, contabilizamos o número de 
atacantes e defesas à frente da linha da bola no momento do remate. 
Perante isto, após identificarmos a situação em causa, contabilizamos primeiro 
o número de atacantes e posteriormente o número de defesas.
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol
Analise do Jogo de Futebol

Mais conteúdo relacionado

Mais de Silas Paixao

Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)
Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)
Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)Silas Paixao
 
Uso da termografia como recurso profilatico
Uso da termografia como recurso profilaticoUso da termografia como recurso profilatico
Uso da termografia como recurso profilaticoSilas Paixao
 
Relacao da forca funcional
Relacao da forca funcionalRelacao da forca funcional
Relacao da forca funcionalSilas Paixao
 
E book (o desenvolvimento do jogar segundo a pt)
E book (o desenvolvimento do jogar segundo a pt)E book (o desenvolvimento do jogar segundo a pt)
E book (o desenvolvimento do jogar segundo a pt)Silas Paixao
 
Preparacao contemporanea no futebol
Preparacao contemporanea no futebolPreparacao contemporanea no futebol
Preparacao contemporanea no futebolSilas Paixao
 
Epoc e recuperacao
Epoc e recuperacaoEpoc e recuperacao
Epoc e recuperacaoSilas Paixao
 
Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...
Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...
Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...Silas Paixao
 
metodos de treino da forca reactiva (especific
metodos de treino da forca reactiva (especificmetodos de treino da forca reactiva (especific
metodos de treino da forca reactiva (especificSilas Paixao
 
Estudo comparatvo de desempenho tatico em atletas sub11 e sub13
Estudo comparatvo de desempenho tatico em atletas sub11 e sub13Estudo comparatvo de desempenho tatico em atletas sub11 e sub13
Estudo comparatvo de desempenho tatico em atletas sub11 e sub13Silas Paixao
 

Mais de Silas Paixao (10)

Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)
Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)
Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)
 
Uso da termografia como recurso profilatico
Uso da termografia como recurso profilaticoUso da termografia como recurso profilatico
Uso da termografia como recurso profilatico
 
Relacao da forca funcional
Relacao da forca funcionalRelacao da forca funcional
Relacao da forca funcional
 
E book (o desenvolvimento do jogar segundo a pt)
E book (o desenvolvimento do jogar segundo a pt)E book (o desenvolvimento do jogar segundo a pt)
E book (o desenvolvimento do jogar segundo a pt)
 
Preparacao contemporanea no futebol
Preparacao contemporanea no futebolPreparacao contemporanea no futebol
Preparacao contemporanea no futebol
 
Epoc e recuperacao
Epoc e recuperacaoEpoc e recuperacao
Epoc e recuperacao
 
Resumo Artigo
Resumo Artigo Resumo Artigo
Resumo Artigo
 
Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...
Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...
Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...
 
metodos de treino da forca reactiva (especific
metodos de treino da forca reactiva (especificmetodos de treino da forca reactiva (especific
metodos de treino da forca reactiva (especific
 
Estudo comparatvo de desempenho tatico em atletas sub11 e sub13
Estudo comparatvo de desempenho tatico em atletas sub11 e sub13Estudo comparatvo de desempenho tatico em atletas sub11 e sub13
Estudo comparatvo de desempenho tatico em atletas sub11 e sub13
 

Analise do Jogo de Futebol

  • 1. UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO AVALIAÇÃO NAS ACTIVIDADES FÍSICAS E DESPORTIVAS ANÁLISE DO JOGO DE FUTEBOL: CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE DAS SEQUÊNCIAS OFENSIVAS COM FINALIZAÇÃO. Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Educação Física e Desporto, na área da Avaliação nas Actividades Físicas e Desportivas, realizada sob a orientação do Professor Doutor António Jaime Sampaio (UTAD). EDMUNDO JOSÉ DE OLIVEIRA SILVA Julho, 2007
  • 2. II AGRADECIMENTOS À minha FAMÍLIA, base da minha formação, que criou em mim uma constante vontade de aprender. À MARTA, por acreditar. Ao PROFESSOR DOUTOR JAIME SAMPAIO que, mais uma vez, de forma incondicional me orientou na realização deste trabalho. Ser orientado por alguém com tanto conhecimento e competência incute-nos mais responsabilidade, mas também mais confiança no que fazemos. Ao PROFESSOR DOUTOR VÍTOR MAÇAS pelo apoio e pela disponibilidade demonstrada em vários momentos da elaboração deste trabalho. Ao MÁRIO NUNES, ao MIGUEL CARVALHO, ao PATRICK CANTO, ao FILIPE ROSÁRIO, ao RICARDO DUARTE, ao FILIPE PEREIRA, à TERESA FIÚZA, ao OCTÁVIO MEIRA e à HELENA COSTA que de diferentes formas participaram na realização deste trabalho. A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho exprimo o meu agradecimento.
  • 3. III RESUMO O jogo de Futebol tem sido analisado sobre as perspectivas das fases do ataque e da defesa, sendo escassos os estudos que caracterizam a transição entre estas fases, contribuindo assim para um maior esclarecimento acerca deste processo. Neste sentido, o presente estudo teve como objectivos: identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis relativas à fase final do processo ofensivo, em função do nível de qualidade das equipas (nível superior e nível inferior); identificar relações entre as variáveis da transição defesa-ataque e as variáveis que caracterizam o contexto momentâneo do jogo; identificar, também em situações de finalização, associações estatisticamente significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis relativas à fase final do processo ofensivo, em função dos três tipos de confrontos (entre equipas de qualidade superior; entre equipas de qualidade inferior e entre equipas de qualidade superior com inferior). Foram recolhidas e analisadas 392 sequências ofensivas terminadas em finalização de equipas de nível superior (equipas que superaram os quartos-de-final) e 284 de equipas de nível inferior (equipas que não superaram a fase de grupos), relativas ao Campeonato do Mundo de Futebol de 2006. Foram produzidas tabelas de contingência associadas aos valores do teste qui-quadrado, com nível de significância definido mantido em 5%, entre as variáveis zona de recuperação, tipo de recuperação, primeiro passe, tipo de relação numérica ataque-defesa com a forma como termina a acção ofensiva e com a zona de finalização, escalonados por equipas superiores e equipas inferiores. Realizou-se a comparação de resultados, com a Anova simples entre as variáveis número de variações de corredor, número de jogadores, relação numérica ataque-defesa e velocidade de transmissão da bola com a forma como termina a acção ofensiva e com a zona de finalização. Na análise diferenciada por dois níveis qualitativos de equipas, verificou-se que: (1) no que respeita à recuperação da posse de bola, as ESUP apresentaram maior êxito nas recuperações realizadas em zonas mais ofensivas, em relação às EINF, tendo-se identificando uma relação estatisticamente significativa (P<.05) entre as recuperações na zona ofensiva direita e ofensiva centro com finalizações dentro da grande área e entre recuperações de bola na zona ofensiva esquerda e finalizações fora da grande área. No entanto, a intercepção foi o meio mais utilizado nas sequencias culminadas em golo tanto pelas equipas de nível superior como pelas de nível inferior (38,3% e 38,9% respectivamente). (2) Os passes curtos/médios são os utilizados com maior frequência no início das sequências ofensivas analisadas, identificando-se uma variação significativa entre o tipo de passe utilizado e o decorrer do jogo. (3) Apesar da tendência vincada das sequências ofensivas analisadas culminarem em maior frequência em inferioridade numérica, dos atacantes em relação aos defesas, verificou-se que, com o decorrer do tempo de jogo, as equipas superiores são as que mais atenuam essa tendência. Ainda de realçar a relação estatisticamente significativa (P<.05) entre as categorias
  • 4. da relação numérica entre atacantes e defesas e a forma como termina a acção ofensiva, unicamente encontrada, nas equipas de nível superior. Na análise relativa aos tipos de confrontos, basicamente realçamos a associação significativa identificada (P<.05) entre algumas categorias da relação numérica entre atacantes e defensores e a forma como termina a acção ofensiva, nos confrontos entre equipas inferiores, e com a zona de finalização, em confrontos entre equipas superiores e entre equipas do mesmo nível. IV Palavras chave: Futebol, transição defesa-ataque, finalização, níveis qualitativos de equipas, tipos de confrontos.
  • 5. V ABSTRACT Football matches have been analysed in the perspective of the phases of attack and defence. The studies which characterize the transition between these phases are scarce, therefore demanding a greater explanation regarding this process. In this way, this present study has as its aims: identifying, in finalisation situations, statistically significant associations between defence-attack transition variables and variables relating to the final phase of the offensive process, in function of the level of the quality of the teams (superior and inferior level); identifying the relations between the defence-attack transition variables and the variables which characterize the momentary context of the match; also identifying in finalisation situations, statistically significant associations between defence-attack transition variables and variables relating to the final phase of the offensive process, in function of the level of the three types of confrontations (between teams with a superior quality, between teams with an inferior quality and teams with a superior versus an inferior quality). 392 offensive sequences, which were achieved in the finalisation of teams from a superior level (teams that surpassed the quarter final), were compiled and analysed and 284 teams from an inferior level (teams that didn’t surpass the group phase) were also compiled and analysed, relating to the Football World Cup of 2006. Tables of contingency were produced and were associated to the values of the test qui-quadrado, with a defined level of significance maintained at 5%, between the variables recuperation zone, type of recuperation, first pass, type of numeric relation of attack-defence with the way the offensive action ends and with the finalisation zone, staggered by superior and inferior teams. We carried out a comparison of results, with the simple Anova between the different numbers of variables of corridors, number of players, numeric relation of attack-defence and the velocity of the ball transmission with the way the offensive action ends and with the finalisation area. In the analysis differed by two qualitative team levels, we verified that (1) as far as ball possession, the ESUP presented a bigger success in recuperations carried out in more offensive areas, as far as EINF, having identified a statistically significant relation (P<.05) between the recuperations in the right offensive area and offensive centre with finalisations inside the penalty area and between ball recuperations in the left offensive area and finalisations out of the penalty area. However, the interception was the more utilized means in the culminated sequences in goal in the superior teams as much as in the inferior teams (38,3% and 38,9% respectively). (2) The short/medium passes are utilized with a bigger frequency at the beginning of the analysed offensive sequences, identifying a significant variable between the type of utilized pass and the happening of the match. (3) Although the tendency of the analysed offensive sequences reached in bigger frequency in numeric inferiority, of the attackers in relation to the defenders, we verified the, with the going on of the playtime, the superior teams are those that most attenuate this tendency. We also have to enhance the statistically significant relation (P<.05) between the categories of the numeric relation between attackers and defenders and the way the offensive action ends, uniquely found in the teams from superior level.
  • 6. In the analysis to the types of contests, we basically enhance the identified significant association (P<.05) between some categories from the numeric relation between attackers and defenders and the way the offensive action ends, in the contests between inferior teams and with de finalisation area, in contests between superior teams and between teams of the same level. Key-words: Football, transition of defence-attack, finalisation, qualitative level of the teams, types of contests. VI
  • 7. VII ÍNDICE GERAL AGRADECIMENTOS …………………………………………………………………………… II RESUMO …………………………………………………………………………………………. III ABSTRACT ……………………………………………………………………………………… V ÍNDICE GERAL ………………………………………………………………………………….. VII ÍNIDICE DE FIGURAS ………………………………………………………………………….. XI ÍNDICE DE QUADROS …………………………………………………………………………. XII ÍNIDICE DE ABREVIATURAS………...……………………………………………………….. XV I. INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………………... 1 1.1. PREÂMBULO ………………………………………………….………………………….. 1 1.2. OBJECTIVOS E HIPOTESES…..……………………………………………………….. 4 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .……………………………………………………….………. 6 2.1. FASES DO JOGO DE FUTEBOL: DEFESA E ATAQUE ………………………...….. 6 2.1.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO …………………..…………………………....….. 8 2.1.2. VARIÁVEIS DE ESTUDO …..…………………..…………………………....….. 8 2.3. EFEITOS DA TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE NO PROCESSO OFENSIVO ..….. 20 2.4. SÍNTESE …………………………………………………………………………….....….. 22 III. METODOLOGIA ………………………………………………………………………….. 27 3.1 AMOSTRA ……………………………………………….…………………………………. 27 3.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ………………………………………..…. 27 3.1.2. PROCEDIMENTOS PRÉVIOS ………………………………………….......….. 29 3.1.3. RECOLHA E REGISTO DE IMAGENS …..…………………………….......….. 30 3.2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS E DISCRIMINAÇÃO DAS CATEGORIAS …………. 31 3.2.1. VARIÁVEIS ………………………...……..……………………………….......….. 31 3.3. OBSERVAÇÃO………………...………………………………………………….………. 42 3.4. ANÁLISE DA FIABILIDADE ….………………………………………………….………. 43 3.4.1. FIABILIDADE INTRA-OBSERVADOR E INTER-OBSERVADOR .………..... 43 3.5. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS ………………………………………….………. 45
  • 8. IV. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ….………………..………… 46 4.1. RELAÇÃO ENTRE A TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE COM A FORMA COMO TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA E COM A ZONA DE FINALIZAÇÃO EM ENS E ENI… 47 4.1.1. ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…...……….. 47 VIII 4.2.1.1. Zona de recuperação da posse de bola e forma como termina a acção ofensiva …………………….…………………………….......….. 48 4.2.1.2. Zona de recuperação da posse de bola e zona de finalização ….….. 51 4.1.2. TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…....……….. 57 4.1.2.1. Tipo de recuperação da posse de bola e forma como termina a acção ofensiva ….………………….…………………………….......….. 57 4.1.2.2. Tipo de recuperação da posse de bola e zona de finalização …...….. 58 4.1.3. PRIMEIRO PASSE ….………….…....…………………………………………... 59 4.1.3.1. Primeiro passe e forma como termina a acção ofensiva …….......….. 61 4.1.3.2. Primeiro passe e zona de finalização ….............................................. 63 4.1.4. TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA ……...………………... 65 4.1.4.1. Tipo de relação numérica ataque-defesa e forma como termina a acção ofensiva ……......................................................................….. 65 4.1.5. NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR ….………….…....…………..... 66 4.1.5.1. Número de variações de corredor e forma como termina a acção ofensiva……......................................................…………………….... 66 4.1.5.2. Número de variações de corredor e zona de finalização …………..... 68 4.1.6. NÚMERO DE JOGADORES …..…....…………………………………………... 68 4.1.6.1. Número de jogadores e forma como termina a acção ofensiva …….. 69 4.1.6.2. Número de jogadores e zona de finalização …................................... 69 4.1.7. RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA …………………………………... 70 4.1.7.1. Relação numérica ataque-defesa e forma como termina a acção ofensiva …….......………………………………………………………... 70 4.1.7.2. Relação numérica ataque-defesa e zona de finalização …………...... 72 4.1.8. VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA ………………………………... 73 4.1.8.1. Velocidade de transmissão da bola e forma como termina a acção ofensiva …….......………………………………………………………... 74 4.1.8.2. Velocidade de transmissão da bola e zona de finalização …………... 75
  • 9. 4.2. RELAÇÃO ENTRE A TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE COM A FORMA COMO TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA E COM A ZONA DE FINALIZAÇÃO EM DIFERENTES TIPOS DE CONFRONTOS DE EQUIPA ……………………………………. 77 4.2.1. ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…...……….. 77 IX 4.2.1.1. Zona de recuperação da posse de bola e forma como termina a acção ofensiva …………………….…………………………….......….. 78 4.2.1.2. Zona de recuperação da posse de bola e zona de finalização ….….. 82 4.2.2. TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…....……….. 82 4.2.2.1. Tipo de recuperação da posse de bola e forma como termina a acção ofensiva ….………………….…………………………….......….. 82 4.2.2.2. Tipo de recuperação da posse de bola e zona de finalização …...….. 83 4.2.3. PRIMEIRO PASSE ….………….…....…………………………………………... 85 4.2.3.1. Primeiro passe e forma como termina a acção ofensiva …….......….. 85 4.2.3.2. Primeiro passe e zona de finalização ….............................................. 87 4.2.4. TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA ……...………………... 87 4.2.4.1. Tipo de relação numérica ataque-defesa e forma como termina a acção ofensiva ……......................................................................….. 88 4.2.4.2. Tipo de relação numérica ataque-defesa e zona de finalização ...….. 89 4.2.5. NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR ….………….…....…………..... 90 4.2.5.1. Número de variações de corredor e forma como termina a acção ofensiva …….......………………………………………………………... 90 4.2.5.2. Número de variações de corredor e zona de finalização …………..... 91 4.2.6. NÚMERO DE JOGADORES …..…....…………………………………………... 91 4.2.6.1. Número de jogadores e forma como termina a acção ofensiva …….. 91 4.2.6.2. Número de jogadores e zona de finalização …................................... 92 4.2.7. RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA …………………………………... 93 4.2.7.1. Relação numérica ataque-defesa e forma como termina a acção ofensiva ……....…………………………………………………………... 93 4.2.7.2. Relação numérica ataque-defesa e zona de finalização …………...... 95 4.2.8. VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA ………………………………... 98 4.2.8.1. Velocidade de transmissão da bola e forma como termina a acção ofensiva …….......………………………………………………………... 99
  • 10. 4.2.8.2. Velocidade de transmissão da bola e zona de finalização …………... 101 V. CONCLUSÕES …………………………………………………..………...………………… 104 VI. BIBLIOGRAFIA ………………………………………………....………...………………… 108 VI. ANEXOS X
  • 11. XI ÍNDICE FIGURAS Figura 2.1. Divisão do Campograma em quatro sectores e três corredores para a Variável ZRPB ……………………………………………………………………. 10 Figura 2.2. Esquema descritivo do presente estudo ………………………………………… 25 Figura 3.1. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 32 Figura 3.2. Divisão em quatro sectores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 32 Figura 3.3. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 33 Figura 3.4. Campograma da variável de ZF ………………………………………………….. 40
  • 12. XII ÍNDICE QUADROS Quadro 2.1. Resultados da Velocidade de Transmissão da Bola nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004) ……………. 15 Quadro 2.2. Resultados da Número de Bolas Recebidas nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004) ……………………………………….... 16 Quadro 2.3. Resultados do número de contactos nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004) …...…………………………………………….. 16 Quadro 2.4. Analise das acções técnico-tácticas de remate e remate com eficácia (golo), segundo Bezerra (1995) .………………………………………………. 20 Quadro 2.5. Resultado das sequências ofensivas segundo Felisberto (2004)……………. 21 Quadro 2.6 Associação das variáveis observadas na revisão com a definição do conceito de transição defesa-ataque ………………………………………… 23 Quadro 3.1. Resultados dos Coeficientes de Kappa e de correlação interclasses para cálculo da Fiabilidade intra-observador e inter-observadores……………… 44 Quadro 4.1. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em ESUP………………………………………………………………… 49 Quadro 4.2. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em EINF. ...……………………………………………………………..... 50 Quadro 4.3. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas ESUP. ...……………………………………………………………....... 51 Quadro 4.4. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF nas ESUP. ...……………………………………………………………............. 53 Quadro 4.5. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF nas ESUP. ...……………………………………………………………............. 54 Quadro 4.6. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas EINF. ...……………………………………………………………......... 54 Quadro 4.7. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF nas EINF. ...……………………………………………………………............... 56 Quadro 4.8. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF nas EINF. ...……………………………………………………………............... 56 Quadro 4.9. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em dois Níveis de Equipa. ...…………………………………………… 58 Quadro 4.10. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e ZF nas ESUP e EINF. ...………………………………………………………... 59 Quadro 4.11. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e TJD nas EINF. ...……………………………………………………………....... 61 Quadro 4.12. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e FTAO em ESUP e EINF. ...…………………………………………………….. 62 Quadro 4.13. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e ZF nas ESUP e EINF. ...……………………………………………………………. 63 Quadro 4.14. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em dois Níveis de Equipa. ...…………………………………………… 64 Quadro 4.15. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………............ 67
  • 13. XIII Quadro 4.16. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………................. 68 Quadro 4.17. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………............ 69 Quadro 4.18. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………................. 69 Quadro 4.19. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………. 71 Quadro 4.20. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em ESUP. ...……………………………………………………………... 71 Quadro 4.21. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e ZF nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………................. 72 Quadro 4.22. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em ESUP e EINF. ...…………………………………………………….. 73 Quadro 4.23. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………............ 74 Quadro 4.24. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………................. 75 Quadro 4.25. Testes post hoc de- Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF em ESUP e EINF. ...………………………………………………………… 76 Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 78 Quadro 4.27. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 81 Quadro 4.28. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 83 Quadro 4.29. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e ZF em diferentes tipos de Confrontos. ...……………………………………... 84 Quadro 4.30. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 86 Quadro 4.31. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TRNAD e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...……………………………….. 88 Quadro 4.32. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos……..……………………………………………………. 90 Quadro 4.33. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 91 Quadro 4.34. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos…………..………………………………………………… 92 Quadro 4.35. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 92 Quadro 4.36. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 93 Quadro 4.37. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 94 Quadro 4.38. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 96 Quadro 4.39. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 97
  • 14. XIV Quadro 4.40. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 99 Quadro 4.41. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 100 Quadro 4.42. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos diferentes Tipo de Confrontos. ...……………………………………………………………....... 101 Quadro 4.43. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………………… 102
  • 15. XV ÍNDICE DE ABREVIATURAS SFIN – Sequências Ofensivas Terminadas em Finalização; ZREC – Zona de Recuperação da Posse de Bola; TREC – Tipo de Recuperação da Posse de Bola; VTB – Velocidade de Transmissão da Bola; NR – Número de Bolas Recebidas; NC – Número de Contactos; NVC – Número de Variações de Corredor; NJOG – Número de Jogadores com Intervenção na Acção Ofensiva; RNAD – Relação Numérica Ataque-Defesa; TRNAD – Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa; ZF – Zona de Finalização; FTAO – Forma como Termina a Acção Ofensiva; NE – Nível da Equipa; ESUP – Equipas Nível Superior; EINF – Equipas de Nível Inferior.
  • 16. 1 I. INTRODUÇÃO 1.1 PREÂMBULO Nos nossos dias, o Futebol é uma modalidade de grande interesse e impacto na sociedade, facto que faz emergir a importância de o conhecer e compreender melhor, seja ao nível social, financeiro ou desportivo. Um dos objectos de estudo mais atractivos no âmbito deste Jogo Desportivo Colectivo (JDC) é a competição, quando analisada no sentido de obter mais e melhor informação acerca do seu conteúdo (Maçãs, 1997). Segundo Bangsbo (2002), as exigências do Futebol podem dividir-se em quatro componentes: técnicas, tácticas, sócio-psicológicas e físicas. No Futebol de alto rendimento, as equipas tentam conseguir os mais elevados índices de performance nestas componentes. Assim, se explica o crescente interesse por parte da investigação científica, que tem como consequência o aparecimento constante de estudos sobre estes factores de rendimento, de forma a aumentar o conhecimento sobre o mesmos, com o fim de se conseguir melhorar a qualidade do jogo. Com o intuito de proceder à caracterização da actividade desenvolvida pelos jogadores e das equipas durante as partidas, os especialistas centraram, inicialmente os seus estudos na actividade física imposta aos jogadores (Garganta, 2001). Segundo Bangsbo (2002), os resultados de estudos científicos podem ajudar a obter uma melhor compreensão das exigências e limitações do rendimento físico no Futebol. Na pesquisa efectuada à literatura disponível, verifica-se que a grande parte de estudos encontrados, referem-se ao estudo das capacidades condicionais de velocidade, força e resistência. (Weineck, 1997; Bangsbo, 2002; Cometti, 2002). Por outro lado, existem vários estudos que se concentram num outro factor de rendimento, o técnico-táctico. (Maças, 1997; Castelo, 2003; Felisberto, 2004). Segundo Castelo (2003), este subsistema estabelece os meios de base que os jogadores, quer individual, quer colectivamente, accionam na fase do ataque ou defesa, com vista à resolução eficaz das situações de jogo.
  • 17. No entanto, o jogo de Futebol decorre da natureza do confronto entre dois sistemas complexos, as equipas, e caracteriza-se pela sucessiva alternância de estados de ordem e desordem, estabilidade e instabilidade, uniformidade e variedade (Garganta, 2001). Neste contexto, dado que se trata de situações de mudança de final aberto, torna-se inglória a busca de laços directos causa/efeito quando pretendemos interligar a lógica da actividade. O raciocínio eficaz está sobretudo relacionado com a descoberta de novos significados e o desenvolvimento de novas perspectivas (Stacey, 1995). No jogo de Futebol é possível identificar duas grandes fases, em cada uma das quais as equipas perseguem objectivos antagónicos: a fase de ataque e a fase da defesa (Garganta e Pinto, 1998). Apesar de recentemente alguns estudos se começarem a dedicar sobre os aspectos relativos à fase defensiva (Suzuki, 2005; Seabra & Dantas, 2006) a maior parte incide sobre o estudo do processo ofensivo. (Maças, 1997; Felisberto, 2004; Costa, 2005; Lago & Martin, 2007). Consideramos como explicação para esta tendência o facto, de ser nesta fase do jogo que se atinge o momento mais desejado por todos: o golo. Conjuntamente, as transições entre estas duas fases, tem vindo a levantar algum interesse para os investigadores. Denominadas por transição defesa-ataque e transição ataque-defesa estas constituem o momento em as equipas mudam de papéis no jogo, dada a recuperação ou perda da posse de bola, respectivamente. Se entendermos o conceito de modelo de jogo como “a cristalização de formas fundamentais (idênticas), da competição, que é obtida através da abstracção desses elementos e da sua natureza” (Castelo, 2003), é aceitável a ideia defendida por Gréhaigne (1989, cit. Garganta, 1997), de que as transições defesa-ataque são importantes na caracterização do modelo de jogo adoptado por uma equipa, Mesma ideia defende Castelo (2003) que considera a velocidade de transição um dos pressupostos essenciais de qualquer método ofensivo. Realçando-se assim a pertinência de uma equipa conseguir rapidamente chegar a zonas de finalização, logo após a recuperação da posse de bola. 2
  • 18. Este é um conteúdo que começa a ter bastante ênfase na construção do processo ofensivo das equipas contemporâneas, começando a despertar diversas questões sobre a sua concepção, características e possíveis comportamentos padrão existentes. Este pequeno momento entre o fim da acção defensiva e o início da acção ofensiva, denominado, por muitos, de transição defesa-ataque, é sem dúvida, nos tempos de hoje, um novo conceito pertinente na obtenção do mais alto rendimento em Futebol. Da diversidade de factores que compõe o jogo de Futebol, provocadoras de sequências defensivas e ofensivas de variedades ilimitadas, resulta também uma multiplicidade de formas como pode decorrer cada transição defesa-ataque, 3 sendo de todo o interesse investiga-la. Ocasionalmente, em alguns dos estudos no âmbito da análise do processo ofensivo, encontramos aspectos relacionados com a transição defesa-ataque. Para além de serem escassos os estudos em Futebol, que se dedicam em exclusivo a esta fase de transição defesa-ataque (Gonçalves, 1994; Mendes, 2002; Ribeiro, 2003), nunca esta foi associada ao sucesso final das acções ofensivas que lhe sucedem. Como tal, seria de todo o interesse caracterizar as transições defesa-ataque das acções ofensivas terminadas em golo, permitindo-nos associar estas características da transição ao sucesso no jogo. Por outro lado, apesar do golo ser o momento mais valioso no jogo e factor de estudo para alguns (Jinshan et al., 1993; Ramos, 1999; Yiannakos e Armatas, 2006), acontece que em relação aos outros JDC de invasão (i.e: andebol e basquetebol), o futebol não é tão rico neste tipo de situações. A finalização é uma acção técnico-táctica individual na que culmina todo o processo ofensivo (Castelo, 2003). É uma acção associada com o poder ofensivo da equipa que a executa, bem como aumenta o potencial de oportunidades de atingir o golo. Deste modo, poderá ser mais pertinente estudar as acções ofensivas culminadas em finalização, do que propriamente restringir as análises às acções terminadas em golo. São já vários os autores que fizeram esta opção (Coelho, 1995; Cunha, 1995; Pereira, 1995; Oliveira, 1996).
  • 19. Por outro lado, parece igualmente importante estudar esta relação em dois níveis de equipas de qualidade distinta, variante também já verificada em vários estudos do âmbito da análise do processo ofensivo do jogo (Oliveira, 1996; Silva, 1998; Almeida, 1999). Assim poder-se-à perceber, se existem diferenças entre as transições defesa-ataque culminadas em finalização, em função da qualidade das equipas. Neste sentido, a competição eleita para análise é a Fase Final do Campeonato do Mundo de Futebol de 2006. Esta escolha, foi efectuada mediante o facto de ser uma prova recente, de elevado rendimento competitivo, com participação de selecções sujeitas a uma fase de pré-qualificação com outras selecções, permitindo uma filtragem na qualidade das equipas que participam nesta Fase Final. 4 1.2 OBJECTIVOS E HIPOTESES No seguimento das questões formuladas e apresentadas, o presente estudo apresenta como objectivo fundamental: - Identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis relativas à fase final do processo ofensivo1, em função dos diferentes níveis qualitativos de equipas (nível superior e nível inferior). A par deste objectivo propomo-nos a: - Identificar relações entre as variáveis da transição defesa-ataque2 e as variáveis que caracterizam o contexto momentâneo do jogo3. - Identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis 1 As variáveis de análise da fase final do processo ofensivo são as seguintes: Zona de Finalização e a Forma como Termina a Acção Ofensiva. 2 As variáveis de análise do momento de transição defesa-ataque são as seguintes: Zona de Recuperação da Posse de Bola, Tipo de Recuperação da Posse de Bola, Primeiro Passe, Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa, Número de Variação de Corredores, Número de Jogadores, Relação Numérica Ataque-Defesa e Velocidade de Transmissão da Bola. 3 As variáveis de análise que caracterizam o contexto momentâneo do jogo são as seguintes: Resultado Parcial e Tempo de Jogo Decorrido.
  • 20. relativas à fase final do processo ofensivo4,em função de três categorias de confrontos (1) entre equipas de qualidade superior; (2) entre equipas de qualidade inferior; e (3) entre equipas de qualidade superior com inferior. 5 Decorrente destes objectivos, formularam-se as seguintes hipóteses: 1º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do momento de transição defesa-ataque e a Forma como Termina a Acção Ofensiva (FTAO) em função dos diferentes Níveis de Equipa. 2º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do momento de transição defesa-ataque e a Zona de Finalização (ZF) em função dos diferentes Níveis de Equipa. 3º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do momento de transição defesa-ataque e o Tempo de Jogo Decorrido (TJD) em função dos diferentes Níveis de Equipa. 4º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do momento de transição defesa-ataque e o Resultado Parcial (RP) em função dos diferentes Níveis de Equipa. 5º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do momento de transição defesa-ataque e a Forma como Termina a Acção Ofensiva (FTAO) em função dos diferentes Tipos de Confrontos. 6º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do momento de transição defesa-ataque5 e a Zona de Finalização (ZF) em função dos diferentes Tipos de Confrontos. 4 As variáveis de análise da fase final do processo ofensivo são as seguintes: Zona de Finalização e a Forma como Termina a Acção Ofensiva. 5 As variáveis de análise do momento de transição defesa-ataque são as seguintes: Zona de Recuperação da Posse de Bola, Tipo de Recuperação da Posse de Bola, Primeiro Passe, Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa, Número de Variação de Corredores, Número de Jogadores, Relação Numérica Ataque-Defesa e Velocidade de Transmissão da Bola.
  • 21. 6 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. FASES DO JOGO DE FUTEBOL: DEFESA E ATAQUE. São inúmeros os estudos realizados no âmbito do Futebol, com o intuito de investigar os diferentes factores de rendimento presentes no jogo, de modo a melhorar continuamente a sua qualidade. Segundo Silva (1998) o estudo do comportamento dos jogadores e das equipas em competição, permite-nos representar modelos da actividade dos jogadores e das equipas, permitindo-nos entender quais os mais e menos eficazes, definir as estratégias de trabalho mais vantajosas e indicar tendências evolutivas da modalidade. Para Gréhaigne (1992), é através da observação de competições e da análise das mesmas, que podemos descobrir pontos sensíveis de um sistema complexo. Esta é a preocupação dos estudos relacionados com a análise do jogo, procurando melhorar o rendimento táctico-técnico, evoluindo no conhecimento já existente, para podermos também evoluir no trabalho prático elaborado na modalidade. Quando pesquisamos sobre os trabalhos já realizados, no âmbito da análise do jogo, grande parte investiga o processo ofensivo do jogo. No entanto e em menor quantidade, encontramos estudos com temas diversificados. Esta diversidade, parece estar associada à especificidade do jogo, ao conjunto de características únicas do mesmo, que têm levantado interesse vista a sua importância no alto rendimento desportivo. 2.2.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO Segundo Valdano (2001), “as equipas devem saber atacar e defender. Algumas sabem mais: fazer transições”. As transições decorrem em períodos de tempo muito curtos, porém, segundo Gréhaigne (1989, cit. Garganta, 1997) “constata-se um maior volume de jogo de transição (mais de 95%) em detrimento da finalização”.
  • 22. As transições podem ser de dois tipos: transição ataque-defesa, aquando da perda da posse de bola, e defesa-ataque, aquando da recuperação da mesma. Sendo o Futebol, uma modalidade com muitos anos, tendo atingido um nível de rendimento, em que os pormenores diferenciam o poder das equipas, denota-se importante, para as mesmas, a preparação detalhada destes momentos de transição. Deste modo, o conceito de transição no Futebol, tem vindo a levantar algum interesse em estudos recentes (Mendes, 2002; Ribeiro, 2003; Reis, 2004). Na transição de um momento defensivo para um momento ofensivo, o objectivo fundamental é progredir em direcção à baliza adversária (Silva, 1998), de uma forma rápida e eficaz, evitando ao máximo interrupções deste processo, com vista à concretização do objectivo fundamental do jogo (o golo), respeitando o princípio da penetração (Garganta & Pinto, 1998). Segundo Queiroz (2003), na transição defesa-ataque o objectivo fundamental, e caso haja condições para o efectuar, é o de aproveitar a desorganização posicional do adversário, e progredir em direcção à baliza adversária, para criar, o mais rápido possível, situações de golo. Ou seja, para além do importante empenho em conhecermos a fase ofensiva do jogo, parece-nos determinante perceber, o seu início, aspecto que tantas vezes surge no jogo. A capacidade de atacar rapidamente e de forma eficaz, poderá estar relacionado à preparação prévia do ataque, mesmo enquanto a equipa ainda defende. Segundo Castelo (2003) a transição defesa-ataque encontra-se dependente de dois aspectos fundamentais. O primeiro está relacionado com as atitudes e os comportamentos dos jogadores no momento logo após à recuperação da posse de bola, no que respeita a quatro questões fundamentais: i) a quem (todos os jogadores da equipa); ii) quando (momento imediato após a recuperação à posse de bola); iii) onde (em qualquer espaço do jogo); e iv) como (ocupando espaços apropriados, estabelecer linhas de passe, utilizar mudanças rápidas de ritmo e direcção e executando procedimentos técnico-tácticos individuais e colectivos). Por outro lado, o segundo aspecto, está 7
  • 23. dependente da rápida transição do centro de jogo, desde a zona de recuperação da posse de bola em direcção a espaços dominantes de finalização. 8 2.2.2. VARIÁVEIS DE ESTUDO Como já referimos anteriormente, no que respeita ao estudo da transição defesa-ataque, são escassos os estudos encontrados. Vários autores abordam alguns aspectos relacionados com o tema, mas sempre com a finalidade de investigar os processos ofensivos e defensivos no seu todo. Assim sendo, para além de investigarmos os trabalhos realizados, sobre a transição defesa-ataque, pesquisamos também sobre alguns estudos efectuados no âmbito do processo ofensivo, onde encontramos variáveis e dados relevantes para o nosso tema. Deste modo, apresentamos uma breve descrição das variáveis estudadas no processo ofensivo e tentamos identificar as que nos parecem pertinentes para a análise desta fase de transição. As variáveis encontradas na análise do processo ofensivo foram: • Variáveis quantitativas: número de processos ofensivos, número de passes do processo ofensivo, número de contactos realizados, número de jogadores com intervenção no processo ofensivo, número de variações de corredor, número de variações de ritmo de jogo, número de bolas jogadas (indicador composto), velocidade de transmissão da bola (indicador composto). • Variáveis qualitativas: zona de recuperação da posse de bola, tipo de recuperação da posse de bola, características específicas do primeiro passe, alcance do passe, método de jogo ofensivo, circulação da bola, zona onde foi executado o ultimo passe, zona de finalização positiva, distância de finalização positiva e forma como a equipa termina a acção ofensiva.
  • 24. Perante estas variáveis, denotamos ligação entre algumas delas e o tema do estudo. Assim sendo, realizamos de seguida uma selecção sobre as variáveis que consideramos pertinentes para o estudo da transição defesa-ataque e dissecamos alguns dados que consideramos fundamentais para o entendimento da mesma. 9 ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (ZREC) Hughes (1994), refere que a zona onde a bola é recuperada, pode influenciar a eficácia de uma equipa. Para Reis (2004), a zona do terreno de jogo onde se conquista a posse de bola é um dos aspectos mais importantes na transição defesa-ataque. Na realidade se tivermos uma equipa com jogadores rápidos em espaços amplos e que não têm uma grande habilidade técnica para manter a posse de bola, é mais positivo organizarmo-nos defensivamente mais recuados, para posteriormente enviarmos a bola para esses espaços. (Queiroz, 2003; Amaral, 2004). Por sua vez, Taylor & Williams (2002) concluem no seu estudo que a recuperação da posse de bola na área defensiva resulta em mais situações de finalização. Assim, não nos podemos esquecer da relevância que a organização defensiva tem para o desenvolvimento do ataque. São vários os estudos em que encontramos esta variável. O campograma normalmente utilizado, para a definição das zonas de recuperação da posse de bola dispõe da divisão do terreno de jogo em quatro sectores e três corredores. Os sectores quatro sectores transversais apresentados são o Defensivo (D), o Médio Defensivo (MD), o Médio Ofensivo (MO) e o Ofensivo (O), dispostos de forma sequenciada nesta ordem na direcção do ataque da equipa observada. A estes se sobrepõe três corredores longitudinais esquerdo (E), central (C) e direito (D). orientados num plano frontal à baliza para onde a equipa observada ataca.
  • 25. 10 DE MDE MOE OE DC MDC MOC OC DD MDD MOD OD Figura 2.1. – Divisão do Campograma em quatro sectores e três corredores para a Variável ZREC. Num dos seus estudos, Castelo (1996), salienta que a recuperação da posse de bola obteve percentagens mais elevadas no sector defensivo e no corredor central do terreno de jogo. Este facto que pode ser explicado, segundo o mesmo autor, com a elevada concentração de jogadores, em atitude defensiva, nos espaços próximos da sua baliza, procurando de forma simultânea protege-la e recuperar a posse de bola. O mesmo se verifica nos estudos efectuados por Ribeiro (2003) e Reis (2004), em que a zona central do sector defensivo e médio defensivo, são os locais onde se verifica maior número de recuperações de posse de bola. Ao encontro desta ideia converge, Costa (2005), referindo que o local em que a equipa analisada adquiriu a posse de bola com maior frequência foi o meio-campo defensivo. No entanto, a autora acrescenta que, sempre nos focalizamos nas sequências terminadas com remate, verificamos que dos sectores mais ofensivos contribuíram os corredores laterais (OD e OE, respectivamente), enquanto que, dos mais defensivos contribui mais o central (DC e MDC). Apesar desta predominância visível dos sectores defensivos centrais na recuperação da posse de bola, outros autores salientam a importância de tentar recuperar a bola em zonas mais avançadas do terreno de jogo. Assim será possível defender mais longe da baliza que defendemos e ao mesmo tempo recuperar a bola mais perto da baliza adversária.
  • 26. Ao encontro desta ideia surge outra das conclusões do estudo de Costa (2005), em que afirma, que quando a aquisição da posse de bola é concretizada no meio-campo ofensivo, o número de sequências ofensivas terminadas com remate é superior às terminadas sem remate. Esta tentativa de recuperar a bola em zonas mais ofensivas, procura acelerar a acção do portador da posse de bola, obrigando-o a cometer erros (Castelo, 1996). 11 TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (TREC) A recuperação da posse de bola resulta de acções táctico-técnicas defensivas, caracterizando-se pelas tentativas de retirar a posse de bola ao adversário. Na revisão realizada, encontramos como categorias deste tipo, recuperações de posse de bola por intercepção, desarme, erro adversário, bola parada e pressing. Castelo (1996) refere-se à intercepção como o gesto técnico-táctico que consiste em o jogador se apoderar da bola, ou a repelir, quando impede um passe de seguir para o jogador alvo, ou de seguir em direcção à sua baliza. Garganta (1997) refere que esta é a forma de recuperação da bola mais vantajosa na procura da eficácia ofensiva. Relativamente ao desarme, Castelo (1996) define-o como um gesto técnico efectuado pelo defesa que procura intervir directamente sobre a bola, disputando-a com o atacante que a possui, respeitando sempre as leis do jogo. Segundo Garganta (1997), convém que as equipas tentem recuperar a bola através de situações dinâmicas que garantam a continuidade do jogo ofensivo, a sua fluidez, podendo assim criar desequilíbrios e surpreender o adversário no seu processo defensivo (Garganta, 1997). Por outro lado, a recuperação da posse de bola pode emergir de um erro adversário (Machado, 1997). Nestas situações o jogador com bola realiza um mau domínio da mesma ou realiza um passe direccionado directamente para um adversário, permitindo a sua recuperação (Leal, 1994).
  • 27. Outros autores discriminaram ainda, a recuperação da bola por “bola parada”, ou seja, todas as situações em que a equipa sem posse de bola recupera-a, porque esta sai fora das linhas de jogo, ou porque usufrui de uma falta adversária, ou mesmo um fora de jogo. São situações em que o jogo é obrigado a parar e, posteriormente, recomeçar com posse de bola para a equipa contrária. No que respeita à recuperação da bola por pressing, categoria utilizada em alguns estudos (Machado, 1997), apresentamos algumas dúvidas sobre a sua utilização. Em primeiro lugar, sabemos que a sua medição é difícil de obter. Não conseguimos distinguir, com objectividade, as situações em que existe pressão do adversário. A distância do defensor ao portador da bola, a zona do campo em que sucede ou o número de defensores que pressionam são todos critérios de análise difícil e incerta. Em segundo lugar, a pertinência desta categoria parece também discutível. Consideramos que as categorias anteriores englobam, por completo, as diversas situações explicativas da recuperação da posse de bola. A inclusão do pressing nesta análise, provocaria casos de dúvida e sobreposição de categorias a escolher (p.ex: a origem da recuperação poderia ser por pressing, podendo resultar em erro adversário, intercepção ou desarme). Deste modo, consideramos erróneo avaliarmos esta categoria e decidimos, como tal, exclui-la do mesmo. Segundo vários estudos (Mendes, 2002; Ribeiro, 2003; e Reis, 2004) em que se verifica uma constante supremacia das sequências ofensivas com origem com recuperações de posse de bola com intercepção, seguidas das recuperações por erro do adversário e só em terceiro lugar por desarme. A relevância desta variável prende-se com o facto de compreendermos, não só a distribuição quantitativa de tipos de recuperações da posse de bola, como também a possível influência das mesmas no restante processo ofensivo. Realizando uma abordagem básica ao jogo, sabemos que a recuperação da posse de bola por bola parada, proporciona normalmente um tempo de paragem no jogo, que habitualmente poderá permitir uma reorganização defensiva adversária. Por outro lado, é possível que as bolas recuperadas por 12
  • 28. erro adversário surjam de uma defesa mais activa, que tenta recuperar a posse da mesma em zonas mais próximas da baliza adversária, ou pelo menos conduzir o adversário à perda da posse de bola por falta de soluções ofensivas. 13 PRIMEIRO PASSE APÓS A RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (PP) Garganta (1997) afirma que o passe apenas pode ser considerado um elemento importante para análise do jogo, mais propriamente para a análise da táctica da fase ofensiva, quando se consideram factores que não os estritamente quantitativos. Silva (1998), caracterizou o primeiro passe segundo a distância desde o seu ponto de partida ao ponto de chegada (curto e longo). Castelo (1996), caracterizou a mesma variável quanto à distância, altura, direcção e sentido. Garganta (1997), caracterizou-o quanto à sua direcção. Estas são algumas das suas características investigadas no sentido de compreender a pertinência do mesmo no processo ofensivo. Silva (1998), refere que na variável características específicas do primeiro passe, as equipas de distinto nível, não evidenciam diferenças estatisticamente significativas, sendo o passe mais utilizado, para iniciar o processo ofensivo, o curto/médio, baixo e longitudinal. Mendes (2002), conclui no seu estudo que na transição defesa-ataque, o primeiro passe é predominantemente para a frente, raso e curto/médio, para os deferentes métodos de jogo ofensivo. No que respeita ao mesmo assunto, Reis (2004) conclui no seu estudo que as equipas utilizam predominantemente os passes curtos/médios para a frente. Por outro lado, Garganta (1997) conclui que uma acção de jogo aparentemente simples, como um passe longo, pode induzir desequilíbrio no balanço ataque/defesa e provocar rupturas no sistema defensivo adversário, levando-nos investigar a pertinência deste tipos de passa no início das sequencias ofensivas do jogo. Na mesma ordem de ideias Hughes & Franks (2005), ao analisarem os jogos da Fase Final do Campeonato do Mundo de 1990 e 1994, evidenciaram a importância do passe longo, como forma de colocar rapidamente a bola numa zona propícia de finalização, concluindo no estudo
  • 29. que foram significativamente maior o número de finalizações obtidas através do passe longo do que através do passe curto. Desta forma, consideramos que a análise do primeiro passe logo após a recuperação da posse de bola, poderá denotar algumas tendências na transição defesa-ataque, sobre uma opção de maior temporização e segurança ofensiva, passes curtos, passes para trás, ou numa outra de maior risco, utilizando passes longos denotadores de um jogo mais directo e com maior profundidade ofensiva. 14 TEMPO DE JOGO DECORRIDO (TJD) Segundo Garganta (1997), o tempo de jogo decorrido refere-se ao período que medeia entre o início de jogo e o momento em que tem lugar a acção da posse de bola relativa ao início da sequência ofensiva observada. Esta é uma variável habitualmente utilizada (Felisberto, 2004; Matos, 2006) no intuito de discriminar, no tempo de jogo, a evidência de algumas acções, bem como a sua relação com outras variáveis analisadas. Neste contexto, Matos (2006) conclui no seu estudo que os primeiros e últimos períodos de cada metade do jogo são os períodos com maior percentagem de golo. De acrescentar que, segundo Costa (2005), a eficácia das sequências ofensivas aumentam com o tempo de jogo decorrido, sendo que, finaliza-se mais, e por consequência marcam-se mais golos no último quartil de jogo (dos 76`aos 90`). No entanto, a explicação para esta distribuição não está explícita, nem aprofundada nestes estudos, podendo estar, na nossa perspectiva associada à factores relativos às características das transições defesa-ataque desses momentos de jogo. VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA (VTB) Dugrand (1989, cit. Garganta, 1997), foi o criador do conceito de velocidade de transmissão da bola (VTB). Segundo este, “a velocidade de transmissão da bola é tanto maior quanto mais o seu valor se aproxima da unidade. Quando o número de bolas recebidas iguala o número de contactos com a bola, a
  • 30. velocidade de transmissão alcança o seu valor máximo, e sendo que, quando apenas um jogador intervém sobre a bola esta alcança o seu valor mínimo”. Seguindo esta ideia, a VTB é um indicador composto, resultado do quociente entre o Número de Bolas Recebidas (NR) e o Número de Contactos (NC) realizados (VTB=NR/NC). O primeiro, NR, contabiliza as recepções realizadas após um passe de um colega durante cada sequência ofensiva. O NC, traduz o somatório de contactos na bola, utilizados pelos jogadores nessa mesma sequência. O seu valor varia entre 0 e 1, sendo que, quanto mais se aproximar da unidade mais rápida é considerada a transmissão da bola. Deste modo, procura-se encontrar um indicador da “fluidez” do processo ofensivo, acreditando no princípio de que quanto menor o número de contactos, em função do número de recepções, maior a rapidez do processo ofensivo. Segundo Garganta (1997), a circulação da bola realizada a elevada velocidade constitui um importante argumento ofensivo do jogo colectivo das equipas de alto nível. 15 Quadro 2.1. Resultados da Velocidade de Transmissão da Bola nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004). Autor (data) Amostra VTB Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 0.33 – 0.37 Oliveira (1996) Em equipas de diferentes níveis competitivos não existem diferenças significativas (0.35) Ribeiro (2003) II Liga – época 2002/2003 Vitória 0,41 Empate 0,35 Derrota 0,20 Reis (2004) Camp. Euro-2004 – Portugal 0,33 + 0,13 Camp. Euro-2004 – Grécia 0,37 + 0,14 Verificou-se assim, que grande parte dos estudos da revisão apresentam uma VTB entre os 0.30 e 0.40, sendo ainda de realçar que, no estudo de Oliveira (1996), onde não foram verificadas diferenças significativas entre diferentes níveis de equipas. Por outro lado, Garganta (1997) conclui no seu estudo que uma elevada VTB não está necessariamente associada à eficácia ofensiva da equipa.
  • 31. 16 Número de Bolas Recebidas (NR) O número de bolas recebidas, tem variado entre os 3.42 e 5.0, realçando o facto de, se denotar uma redução progressiva com o decorrer das competições. Levando-me assim a questionar, a redução de número de jogadores participantes no ataque, com toque sobre o objecto de jogo, bem como as implicações reflectidas no jogo moderno. Quadro 2.2. Resultados da Número de Bolas Recebidas nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004). Autor (data) Amostra Nº bolas recebidas Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 4,5 – 5,0 Oliveira (1996) Em média equipas de nível superior apresentam valores mais elevados (19.3) do que as de nível inferior Reis (2004) Camp. Euro-2004 – Portugal 4,01 + 2,95 Camp. Euro-2004 – Grécia 3,42 + 2,56 Número de Contactos (NC) Interpretando a fórmula do autor (Dugrand, 1989, cit. Garganta, 1997), quando o número de contactos é maior, menor é a velocidade de transmissão da bola. Deste modo, o número de contactos na bola pode parecer um indicador contraproducente para o jogo, retardando o processo ofensivo. Segundo Lemoine et al. (2005), a posse de bola realizada a um único contacto é eficiente e segura. O número de toques realizado por cada recepção, manifesta um maior tempo para receber a bola, para decidir, ou possivelmente uma falta de soluções para passar a bola e progredir, ou mesmo a necessidade de avançar constantemente em condução da bola, aspectos que parecem demorar o ataque. Quadro 2.3. Resultados do número de contactos nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004). Autor (data) Amostra Nº contactos com bola Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 11 – 15.1 Oliveira (1996) Equipas de nível superior 14.2 e equipas de nível inferior 9.6 Reis (2004) Camp. Euro-2004 – Portugal 12,68 + 8,44 Camp. Euro-2004 – Grécia 12,95 + 11,13
  • 32. De realçar, nos dados apresentados, que o desvio padrão é elevado, muito próximo do valor apresentado no número de contactos. Por outro lado, de referir também que, segundo Oliveira (1996), as equipas de nível superior realizam o maior número de contactos na bola, em comparação às equipas de nível inferior. O mesmo se verificou no estudo de Hughes & Franks (2005) onde as equipas de nível superior apresentaram maior número de contactos do que as equipas de nível inferior nas sequências ofensivas finalizadas. 17 NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR (NVC) Segundo Costa (2005), os deslocamentos em largura permitem ver uma variação do ângulo de ataque (posição da bola relativamente à baliza adversária), criando, segundo Castelo (2003), um maior espaço de jogo que proporciona um número mais elevado de alternativas de resolução técnico-táctica das situações momentâneas do jogo. Esta é uma variável, já utilizada em alguns estudos de análise do processo ofensivo (Garganta, 1997, Costa, 2005), descreve o movimento do objecto de jogo no espaço, durante uma sequência ofensiva. Segundo Garganta (1997) a variação de corredor é um indicador de eficácia ofensiva. Das 523 acções ofensivas analisadas, Costa (2005) constatou um ataque preferencialmente com uma (38,2%) ou duas (26,6%) variações de corredor. O mesmo estudo apurou também ser possível associar a eficácia das sequências ofensivas à variabilidade das mesmas, uma vez que na maioria das sequências terminadas em remate a equipa observada realizou uma (40%), duas (30,7%) e três ou mais (20,7%) variações de corredor. De realçar ainda que das acções que não apresentaram variação de corredor uma pequena parte obteve remate (8,7%), em comparação com uma maior fatia (22,5%) que culminou sem remate. Demonstra-se assim um aspecto causador de instabilidade na equipa defensora, e como tal, aspecto ofensivo pertinente de análise.
  • 33. 18 NÚMERO DE JOGADORES COM INTERVENÇÃO NA ACÇÃO OFENSIVA (NJOG) Segundo Maças (1997), esta variável refere-se à quantidade (número) de jogadores envolvidos na acção ofensiva. Teodoresco (1984, cit. Garganta, 1997), considera o NJOG, uma variável importante, dado que a variabilidade das situações de jogo é afectada pela sua alteração. Deste modo, o número de jogadores que intervêm na sequência ofensiva, é não só um indicador quantitativo mediante os jogadores intervenientes, mas poderá estar relacionado uma maior variabilidade de movimentos do objecto de jogo em campo, e consequentemente, a uma maior exploração do espaço de jogo na fase ofensiva do mesmo. Segundo Faria (1998) intervêm directamente sobre a bola entre dois a seis jogadores por sequência ofensiva, sendo que segundo o estudo de Rodrigues (2000) a média de jogadores intervenientes nas sequências ofensivas finalizadas é inferior a quatro. Costa (2005), verificou, nas 523 sequências ofensivas observadas, um domínio das acções ofensivas em que intervinham três jogadores (26,3%), sendo a intervenção de quatro atacantes a segunda categoria mais observada (18,8%). Nas 274 sequências ofensivas, terminadas em golo, analisadas por Matos (2006), identificou-se uma superioridade das acções com três intervenientes atacantes (28,5%), sendo a intervenção de quatro atacantes a segunda opção mais verificada no estudo (17,9%). TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ENTRE ATAQUE E A DEFESA (TRNAD) Segundo Matos (2006) a presença da bola reúne alguns atacantes e defesas à sua volta, num mesmo espaço (centro de jogo), e num determinado momento, separados por objectivos divergentes, os quais regem acções dependentes de factores estratégicos e tácticos. Mediante isto, parece-nos pertinente perceber quantos jogadores estão disponíveis para receber a bola, para que este ataque seja efectuado de forma rápida e eficaz, bem como o número de defensores que se opõem ao mesmo, dificultando o ataque. Denota-se assim pertinente contabilizar os jogadores
  • 34. perto da bola (segurança na posse da bola), à frente da linha da mesma (proporcionado rapidez e objectividade no ataque) e inevitavelmente o número de defensores pela frente (que dificultam o ataque). O TRN é uma variável que tem surgido em estudos mais recentes (Costa, 2005; Matos, 2006), a partir da qual os autores têm tentado compreender a influência desta densidade de jogadores no processo ofensivo, bem como a interacção com as outras variáveis em estudo. Costa (2005), verificou que 80,7% das 523 sequências ofensivas analisadas, ocorreram em situação de inferioridade numérica do ataque perante a defesa. Em concordância com esta autora, Matos (2006), verificou que nos 274 golos analisados, 76,3% ocorreram em inferioridade numérica do ataque perante a defesa, 17,9% em igualdade entre as mesmas e só 5,8% ocorreram em superioridade do ataque sobre a defesa. A par desta variável Costa (2005), também realiza a análise da Relação Numérica Ataque-Defesa. Esta é uma variável de ordem quantitativa, que especifica a relação quantitativa numérica do número de atacantes e defensores, expressa na dimensão qualitativa da variável anterior (TRNAD). Sobre a mesma, a autora conclui que as relações ataque-defesa que mais explicam a sua dependência para com a eficácia das sequências ofensivas são 2x3+GR, 2x4+GR, 3x4+GR, 5x6+GR e 5x8+GR. Em ambas as variáveis apresentadas, os estudos por nós encontrados divergem no momento exacto em que se contabiliza e qualifica cada uma das sequências ofensivas. Segundo Costa (2005), esta é avaliada seis segundos após o momento em que decorre a recuperação da posse de bola. Por sua vez, Matos (2006), esta é analisada no momento exacto de finalização. Se por um lado, é compreensível que o critério utilizado em cada um dos trabalhos é direccionado aos objectivos dos mesmos, por outro, é necessário algum cuidado na comparação de resultados, visto que, tal pormenor avalia momentos diferentes do jogo, e consequentemente, apresentará também significados distintos. Sendo assim, a interpretação dos mesmos deverá ser feita mediante o critério definido. 19
  • 35. Deste modo, consideramos pertinente o estudo da variável, sendo que, no entanto, é de salvaguardar o facto, de que o critério da mesma deverá ser alvo de alguma reflexão, sobre qual o critério mais adequado ao nosso estudo, ou mesmo sobre a reestruturação do mesmo se necessário. 2.3. EFEITOS DA TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE NO PROCESSO OFENSIVO. Constitui como um dos objectivos deste estudo, compreender possíveis relações entre as variáveis atrás descritas e a fase de finalização produzidas pelas mesmas. Deste modo, apresentamos algumas variáveis, que na literatura disponível se entendem como importantes no conhecimento do processo ofensivo e que, mediante o conceito de transição, atrás definido, poderão estar condicionadas pela transição defesa-ataque. 20 ZONA DE FINALIZAÇÃO (ZF) A finalização é o colmatar, o momento mais desejado de qualquer processo ofensivo, visto que é com esta acção que poderemos ou não atingir o golo. O sucesso do jogo está dependente da obtenção do golo, que para muitos está directamente relacionada com o volume de finalizações no jogo. Vários autores preocuparam-se em perceber zonas de finalização, formas de finalização, superfície de contacto na finalização, se resulta em golo ou não, entre outras (Bezerra, 1995; Costa, 2005; Matos, 2006). Quadro 2.4. Analise das acções técnico-tácticas de remate e remate com eficácia (golo), segundo Bezerra (1995). Remates Golos Nº de acções por jogo Média = 1.6 + 4.5 Média = 1.5 + 1.0 Distância Pequena área Grande área Fora da grande área 7.3% 33.3% 59.4% 14.2% 18.7% 3.5%
  • 36. Matos (2006), verificou no seu estudo, que nas 274 sequências ofensivas, terminadas em golo, a grande parte dos remates das mesmas ocorreu dentro da grande área (62,4%), seguido da zona de dentro da pequena área (26,3%), e sendo a zona de fora da grande área a menos sucedida (11,3%) no momento de obter o golo. De forma semelhante, Yiannakos & Armatas (2006), tendo como amostra de estudo 32 jogos do Europeu de 2004, verificaram que a maior parte das sequencias ofensivas foram finalizadas na grande área (44,1%), seguidas das finalizadas dentro da pequena área (32,2%) e, por fim, fora da grande área (20,4%). Deste modo, escolhemos estudar as zonas em que ocorreram as finalizações, visto parecer um aspecto determinante na possibilidade de obter golo. 21 FORMA COM TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA (FTAO) Segundo Hughes (1990), de todos o JDC, o Futebol distingue-se por ter um dos índices mais baixos, expressa pela relação entre golos conseguidos e o número de acções ofensivas realizadas. A média do número de remates por jogo é cerca de 13 (treze) e o golo é conseguido a cada 7 (sete) tentativas. Refere ainda que “uma equipa que consegue 10 (dez) remates que atinjam a baliza, tem 86% de hipóteses de ganhar o jogo”. Garganta (1997) estabeleceu um conjunto de categorias representantes da forma como terminou a acção ofensiva. Deste modo, o autor definiu as categorias: acção ofensiva positiva com êxito total (1), acção ofensiva positiva com êxito parcial (2), acção ofensiva positiva sem êxito (3), acção com situação de finalização criada terminada, sem remate, no meio campo ofensivo (4), acção ofensiva negativa terminada no meio campo ofensivo (5), e acção ofensiva negativa terminada no meio campo defensivo (6). Seguindo esta definição, Felisberto (2004) obteve os seguintes resultados na análise do resultado da sequência ofensiva: Quadro 2.5. Resultado das sequências ofensivas segundo Felisberto (2004). Êxito Total (1) Êxito Parcial (2) Sem Êxito (3) Abort (4, 5 e 6) 2,6 3,6 9,5 84,3
  • 37. Nas 523 sequências ofensivas observadas, Costa (2005) verificou uma predominância das acções ofensivas terminadas sem remate (71,1%), sendo que, das restantes situações positivas, ou seja com finalização, (28,9%), a grande parte terminou com êxito parcial (16,1%), seguidas das situações positivas sem êxito (8,8%) e só no fim as situações de êxito total (4%) Apesar do grande relevo de todas estas categorias, perante o objectivo do deste estudo, que só abarca a observação de situações culminadas em finalização, só as três primeiras categorias definidas pelo autor (ET - êxito total, EP - êxito parcial, e SE - sem êxito) se enquadram no mesmo. 22 2.4. SINTESE De encontro à definição de Castelo (2003), - de que, a transição defesa-ataque encontra-se dependente de dois aspectos fundamentais: (1) um primeiro, relacionado com as atitudes e os comportamentos dos jogadores no momento logo após à recuperação da posse de bola, no que respeita a quatro questões fundamentais: i) a quem (todos os jogadores da equipa); ii) quando (momento imediato após a recuperação à posse de bola); iii) onde (em qualquer espaço do jogo); e iv) como (ocupando espaços apropriados, estabelecer linhas de passe, utilizar mudanças rápidas de ritmo e direcção e executando procedimentos técnico-tácticos individuais e colectivos) e (2) um segundo, dependente da rápida transição do centro de jogo, desde a zona de recuperação da posse de bola em direcção a espaços dominantes de finalização – podemos identificar algumas variáveis.
  • 38. Quadro 2.6 – Associação das variáveis observadas na revisão com a definição do conceito de transição defesa-ataque. Questões Variáveis identificadas com a questão 23 A quem? (todos jogadores da equipa) Tipo de Relação Numérica entre o ataque e a defesa e Relação Numérica entre o ataque e a defesa Quando? (momento imediato após a recuperação à posse de bola) Tempo de Jogo Decorrido. Onde (em qualquer espaço do jogo); Zona de recuperação da posse de bola. Como (ocupando espaços apropriados, estabelecer linhas de passe, utilizar mudanças rápidas de ritmo e direcção e executando procedimentos técnico-tácticos individuais e colectivos). Tipo de recuperação da posse de bola. Velocidade de Transmissão da Bola. Rápida transição do centro de jogo, desde a zona de recuperação da posse de bola em direcção a espaços dominantes de finalização Duração da acção ofensivas; velocidade de transmissão da bola; número de contactos; número de bolas recebidas. Número de Variações de Corredor, Número de Jogadores, Zonas de Finalização e Forma como Termina a Acção Ofensiva. Inevitavelmente, apesar de sabermos que no Futebol é muito curta a diferença entre o sucesso e o insucesso, torna-se importante diferenciar as características da transição defesa-ataque, e os processos ofensivos que desencadeia, com o sucesso ou insucesso que produzem. Vários autores, tentam diferenciar as suas variáveis de estudo, com o sucesso ou insucesso que uma equipa, ou um grupo de equipas, obtiveram em determinada competição, servindo-lhes assim como amostra de estudo (Hughes et al., 1988; Garganta, 1997; Silva, 1998; Scoulding et al, 2004; Hughes & Franks, 2005;). Deste modo, é possível identificar padrões de jogo de equipas de nível superior e de nível inferior, o que evidentemente, é importantíssimo para o estudo da modalidade. No entanto, a divisão de dois níveis de equipas, com escolha de equipas de nível superior e inferior, deve ser uma tarefa cuidada. Segundo, Low et. al (2002) a diferença entre equipas, a nível internacional, tem vindo a reduzir, sendo cada vez mais difícil encontrar diferenças significativas entre as características que as distinguem.
  • 39. Segundo Stanhope (2001) esta distinção entre o sucesso e o insucesso é na grande parte das situações baseada nos resultados de um jogo ou pela sua posição final numa competição. Tendo em conta o formato e os objectivos do nosso estudo, parece-nos inadequado associarmos o sucesso de uma equipa, perante um único resultado de um jogo, visto que, algumas vezes verificamos que a equipa vencedora, nem sempre é a equipa que cria mais oportunidades de finalização, que tem maior posse de bola, ou possuidora de outros melhores indicadores de qualidade de jogo. Por outro lado, se uma equipa vence vários jogos, já podemos ter mais certeza de ser possuidora de um bom nível competitivo. Assim como, que as que perdem mais vezes, são provavelmente equipas com um nível de jogo mais baixo. Deste modo, pensamos ser pertinente diferenciar equipas de nível superior e inferior, mediante a sua classificação em determinada competição, visto que, este critério resulta da obtenção de melhores resultados num conjunto de jogos. Por outro lado, Lago & Martin (2007), perante dados de 170 jogos da Liga Espanhola de Futebol, identificaram diferenças significativas nas características da posse de bola das equipas em função do nível da equipa opositora. Como tal, estando já definidos os níveis de equipas, parece-nos também importante identificar diferenças entre os vários tipos de confrontos, de acordo com as variáveis que nos propomos a estudar, sendo este um objectivo que desconhecemos estar desenvolvido por outros estudos. 24
  • 40. 25 Transição Defesa-Ataque Processo Ofensivo Diferença entre: Tempo de Jogo Decorrido Zona de Recuperação Posse de Bola Tipo de Recuperação Posse de Bola Primeiro Passe Velocidade de Transmissão da Bola Número de Variações de Corredor Número de Jogadores Intervenientes na Acção Ofensiva Tipo de Relação Numérica e Relação Numérica Figura 2.2. Esquema descritivo do presente estudo. Forma como Termina a Acção Ofensiva Zona de Finalização Nível da Equipa Tipos de Confrontos Em síntese, perante a revisão realizada procuraremos compreender relações entre as variáveis da transição defesa-ataque estudadas e as variáveis ofensivas que se desencadeiam, diferenciando-as, primeiro, em função dos níveis de equipas e, posteriormente, em função dos tipos de confrontos. O Futebol tem particularidades que o distinguem de outros desportos de equipa. Quando comparado com o basquetebol e o andebol, apresenta uma supremacia da defesa sobre o ataque (Grehaigne, 1992; Garganta, 1997). Enquanto que no andebol, em média, os jogadores terminam com êxito cada sexta acção ofensiva e no basquetebol, em cinco ataques realizados, dois terminam com um lançamento eficaz, já no Futebol 1% dos ataques culminam com a obtenção do golo (Sleziewski, 1986), o que faz com que um dos grandes problemas do jogo consista em criar oportunidades de finalização. (Castelo, 1994). Claudino (1993), apurou no seu estudo entre 159 a 204 acções ofensivas, sendo que, 90 % terminaram sem remate à baliza e das 10% somente 1% foi convertido em golo. Felisberto (2004), denota a mesma tendência quando em
  • 41. 1249 sequências ofensivas verificou que 84,3% das mesmas não atingiram finalização, e dos restantes 15,7% só 2,6% alcançaram o golo. Deste modo, há que ter em conta as suas características como JDC, mas atender sobretudo à especificidade do jogo. A análise aprofundada da transição defesa-ataque levaria a termos como amostra de estudo todas as acções defensivas e ofensivas do jogo, dado o extenso número de transições existentes. No entanto, seguindo o raciocínio efectuado na síntese do estudo e o problema existente de criar situações de finalização no jogo, consideramos pertinente estudar as transições defesa-ataque, as suas consequências no processo ofensivo, em dois contextos diferentes (dois níveis de equipa), só e só em situações culminadas em finalização. Deste modo, limitando o estudo à observação de acções ofensivas terminadas em finalização, tentaremos compreender qual o caminho para alcançar a finalização em situação de jogo, nas equipas de nível superior e nas de nível inferior. 26
  • 42. 27 III. METODOLOGIA 3.1. AMOSTRA 3.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA O estudo terá uma amostra constituída pelas Acções Ofensivas terminadas em Finalização, dos jogos das Selecções que participaram na Fase Final do Mundial de 2006, decorrido entre os dias 9 de Junho a 9 de Julho de 2006 na Alemanha. A definição desta amostra foi sujeita aos seguintes critérios: a) A observação de competições entre selecções, como é o caso do Campeonato do Mundo ou da Europa, tem sido hábito frequente nos estudos por nós abordados na revisão bibliográfica. Tal escolha, é alicerçada no facto de serem provas, onde o nível competitivo é bastante elevado, com selecções de alto nível. Antes de se qualificarem para as mesmas competições, estas selecções têm de ultrapassar uma fase preliminar, denominada de fase de qualificação para as fases finais, facto que provoca uma filtragem das melhores selecções. Assim decidimos a utilização dos jogos do Campeonato do Mundo realizado no ano de 2006. b) Dentro do elevado nível de rendimento que caracteriza esta competição, é nossa intenção diferenciar selecções de dois níveis, denominados de “superior” e “inferior”, mediante a classificação das selecções participantes. De forma a vincarmos bem estas diferenças, utilizamos como critério, a classificação das equipas na fase final. Consideramos as equipas de nível superior, todas as aquelas que atingiram os quartos-de-final da competição (Itália, França, Alemanha, Portugal, Argentina, Inglaterra, Ucrânia e Brasil), e as de nível inferior, todas as equipas que não superaram a fase de grupos (Polónia, Costa Rica, Paraguai, Trindade e Tobago, Costa de Marfim, Sérvia e Montenegro, Angola, Irão, Republica Checa, Estados Unidos da América, Croácia, Japão, Coreia do Sul, Togo, Tunísia e Arábia Saudita).
  • 43. Existe ainda um grupo de selecções que obtiveram um nível intermédio, superando a fase de grupos mas sendo eliminadas nos oitavos-de-final da competição (Equador, Suécia, Holanda, México, Austrália, Gana, Suiça e Espanha), equipas estas excluídas da amostra, de modo a ser criada uma distinção mais marcada entre os dados das equipas de nível superior e as de nível inferior. Deste modo, foram realizadas 48 (quarenta e oito) observações respectivas aos jogos de 8 (oito) selecções denominadas de nível superior e 48 (quarenta e oito) observações correspondentes aos jogos de 16 (dezasseis) selecções denominadas de nível inferior, sendo ainda excluídas 16 (dezasseis) observações de jogos de 4 (quatro) selecções de nível intermédio (ANEXO A) De esclarecer ainda que cada observação é realizada em função da equipa observada. Ou seja, como em cada jogo participam duas equipas, em algumas situações o mesmo jogo teve de ser observado duas vezes, uma para cada uma das mesmas. c) Vários estudos já efectuados (Claudino, 1993; Garganta, 1997; Maças, 1997) apresentaram uma amostra centrada no número de acções ofensivas, e não no número de jogos, com o objectivo de melhor caracterizar a transição defesa-ataque e o restante processo ofensivo pela eficácia das sequências analisadas. Da mesma forma, consideramos pertinente a utilização deste critério, sendo assim por nós adoptado, com a diferença de só analisarmos as Sequências terminadas em Finalização, no objectivo de conhecer melhor o percurso para a obtenção do golo, nos dois níveis diferenciados. Para esta triagem, consideramos como Sequências Ofensivas terminadas em Finalização, todas as sequencias ofensivas que culminassem com: Remate enquadrado com a baliza, do qual poderá advir: golo (1), defesa do guarda-redes (2), intercepção de um jogador da equipa que defende, que se constitui como ultimo obstáculo móvel a transpor, substituindo posicionalmente o guarda-redes da sua equipa (3) (Garganta, 1997). Consideramos ainda, todas as situações em que após uma acção de remate intencional, a bola sai pela linha final da equipa defensora (adversária). 28
  • 44. Respeitando ainda todos estes critérios, algumas situações culminadas em finalização foram excluídas, não sendo efectuada qualquer tipo de análise ou recolha de dados sobre as mesmas, sendo elas: (1) todas as sequências ofensivas, que segundo o árbitro da partida transgrediram as leis do jogo; (2) todas as grandes penalidades, considerando-as descontextualizadas do nosso objectivo de estudo; e (3) todas as sequências ofensivas decorridas em tempo de prolongamento, ou seja, em partes de jogos posteriores às duas primeiras regulamentadas. Desta forma, foram identificadas 676 Sequencias Ofensivas Terminadas em Finalização, de quarenta e seis jogos realizados, posteriormente analisadas para a recolha de dados das variáveis em estudo. 29 3.1.2 PROCEDIMENTOS PRÉVIOS De forma a concretizar a presente metodologia foi necessário percorrer um conjunto de etapas, cuja discrição apresentamos de seguida: Etapa 1 – Obtenção dos jogos a observar: Todos os jogos da competição foram, transmitidos pelos canais televisivos abertos, e paralelamente gravados directamente por vídeo, em formato VHS, sendo depois realizada uma cópia em formato DVD, acompanhada de cronometragem no canto inferior da imagem. Posteriormente, foram extraídas todas as acções terminadas em finalização, para outro DVD, ficando sempre contextualizadas ao jogo a que pertencem. Etapa 2 – Construção do sistema de observação – Escolha e definição das variáveis: Após consulta da bibliografia e mediante o objectivo do estudo, seleccionamos as variáveis que compuseram o sistema de observação utilizado. As mesmas variáveis foram descritas de forma exaustiva, tendo sido levantadas as categorias possíveis de cada variável.
  • 45. Etapa 3 – Determinação da objectividade do sistema de observação: Recorrendo a um jogo aleatório da amostra, observaram-se 15 minutos do mesmo, de forma a determinar a objectividade do sistema de observação. Pretendia-se, também, confirmar se as categorias de cada variável abrangiam todos os comportamentos possíveis de ocorrerem no jogo. Avaliando a sua validade, o instrumento em causa foi colocado à disposição de um grupo de peritos, que emitiram opiniões relativas à composição do sistema de observação (variáveis), categorias de observação de cada variável, à pertinência das mesmas face à realidade, de forma a procedermos a alguns ajustamentos necessários. Ainda com o mesmo fragmento de jogo, o observador testou a fiabilidade inter-observador do instrumento, e colocou-o à disposição de um grupo de peritos, 30 que testou a sua fiabilidade intra-observadores. Etapa 4 – Discriminação da amostra de estudo: Após finalizada a competição foi realizado um corte na amostra, com distinção das equipas de nível superior e de nível inferior, discriminado os jogos dos respectivos níveis. Etapa 5 – Observação e recolha de dados: Depois de asseguradas todas as condições de validade e fiabilidade do instrumento, observaram-se todas acções ofensivas terminadas em finalização recolhidas, anotando-se todos os dados em fichas de registo elaboradas para o efeito (Anexo B). Etapa 6 – Análise e tratamento de dados. 3.1.3. RECOLHA E REGISTO DE IMAGENS Os jogos foram transmitidos por estações televisivas e depois de gravados em dvd foram sujeitos a uma observação sistemática. Durante a observação dos jogos, os comportamentos observados foram sendo descritos na folha de recolha de dados (Anexo B), sendo que, sempre que necessário revistas, até termos a certeza sobre a categoria observada. A incerteza, ou falta de clareza,
  • 46. no registo dos dados de algumas acções observadas, levou-nos à exclusão dos mesmos, procurando garantir a uma maior qualidade dos dados. Normalmente, estas situações ocorreram em repetições de imagens de sequências ofensivas ou defensivas, que decorriam imediatamente antes ao momento que pretendíamos observar, sobrepondo-o. Ou pela imagem focar o protagonista da mesma sequência, excluindo aspectos por nós pretendidos. 31 3.2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS E DISCRIMINAÇÃO DAS CATEGORIAS Desenvolvemos um sistema de observação, classificado como sistema de categorias, uma vez que para cada variável se sistematizaram um conjunto de comportamentos que sempre que se manifestaram foram anotados. Na construção deste sistema de observação tivemos em consideração alguns sistemas de observação de referência, Claudino (1993), Castelo (1994), Maças Garganta (1997), Silva (1998), Costa (2005), tendo sido realizados alguns reajustes mediantes as orientações e necessidades do estudo, seguindo sempre o objectivo inicialmente delineado. 3.2.1. VARIÁVEIS Zona de Recuperação da Posse de Bola (ZREC) Segundo Garganta (1997) “uma equipa encontra-se em posse de bola, quando qualquer um dos seus jogadores realiza pelo menos três contactos consecutivos com a bola, e/ou executa um passe positivo, permitindo manter a posse de bola, e/ou realiza um remate”. Para a recolha de dados nesta esta variável, o observador utilizou um campograma (figura 3.3.) dividido em quatro sectores transversais (defensivo, médio defensivo, médio ofensivo e ofensivo) e três corredores longitudinais (lateral direito e esquerdo e corredor central), resultando um total de doze zonas, tendo as linhas do campo como referência nessa divisão.
  • 47. As zonas determinadas, por vezes definidas por linhas virtuais, são ocasionalmente indutoras de algumas dúvidas nas observações realizadas. Assim sendo, importa clarificar quais as estratégias seguidas para a superação das mesmas. Os corredores esboçados, são resultantes do prolongamento da linha lateral da pequena área, facilitando a observação realizada. A divisão de sectores, teve em conta as linhas frontais da grande área, na delimitação dos sectores defensivo e ofensivo, bem como a linha do meio campo, na distinção dos sectores médio defensivo e médio ofensivo. Em ambas as situações, apesar de tais definições facilitarem a visualização e interpretação das imagens, este aspecto nunca se sobrepôs ou desprezou a coerência da informação pretendida nesta variável. 32 Sentido do Ataque Figura 3.1. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZREC. Sentido do Ataque Sector Defensivo Sector Médio Defensivo Sector Médio Ofensivo Figura 3.2. Divisão em quatro sectores do Campograma da Variável ZREC. Sector Ofensivo Corredor Esquerdo Corredor Central Corredor Direito
  • 48. 33 Sentido do Ataque DE MDE MOE OE DC MDC MOC OC DD MDD MOD OD Figura 3.3. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZREC. Desta forma, o campograma constitui-se por doze zonas devidamente identificadas por: – DE (Defensiva Esquerda); – DC (Defensiva Central); – DD (Defensiva Direita); – MDE (Média Defensiva Esquerda); – MDC (Média Defensiva Central); – MDD (Média Defensiva Direita); – MOE (Média Ofensiva Esquerda); – MOC (Média Ofensiva Central); – MOD (Média Ofensiva Direita); – OE (Ofensiva Esquerda); – OC (Ofensiva Central); – OD (Ofensiva Direita). Na observação de variável, para cada acção ofensiva terminada em finalização, registou-se a zona do campograma, correspondente ao primeiro momento de posse de bola da equipa que finaliza. De realçar que, em certos momento da observação, as pequenas áreas não estavam visíveis ao observador, pontos importantes de referência na identificação dos sectores do campo.
  • 49. De forma a ultrapassar este obstáculo, foram utilizadas como estratégias de auxílio: (1) as linhas do circulo central do campo, sendo que os pontos de intercepção destas com a linha do meio campo coincidem com as linhas divisoras dos corredores; (2) as faixas longitudinais de relva, resultantes dos efeitos de corte realizados no campo, que em todas as situações coincidiram com a divisão dos corredores. 34 Tipo de Recuperação da Posse de Bola (TREC) Segundo Machado (1997), a recuperação da posse de bola pode ser classificada em: – Intercepção directa da defesa (I) – o jogador consegue recuperar a posse de bola, quer através de um desarme (disputa da bola entre um jogador da equipa que defende e o adversário que está na posse de bola), quer através de uma intercepção (acção desenvolvida por um jogador que se coloca entre a linha da bola, sendo esta conduzida ou rematada por um adversário ou ainda dirigida para um outro adversário); – Erro Adversário (E Adv.) – situação do jogo que leva à recuperação da posse de bola, sempre que a equipa de posse de bola cometa um erro, sem que a nossa equipa tenha que realizar qualquer tipo de acção para ficar com a posse de bola; – Bola Parada (BP) – Sempre que se recupera a posse de bola por motivos de reposição em jogo (lançamento da bola pela linha lateral, pontapés de baliza, cantos) por infracção às leis do jogo (livres, pontapés de penalidade) e início ou reinício de jogo; – Outros (O) – Todas as acções não especificadas nas anteriormente citadas. Primeiro Passe após a Recuperação da Posse de Bola (PP) A análise desta variável teve sempre como referência a trajectória da bola, desde o ponto onde o jogador que recupera a posse de bola realiza o primeiro passe e ponto onde o seu colega de equipa efectua a recepção da mesma.
  • 50. Os passes foram classificados, quanto à sua direcção (frente, trás, lados e oblíquos) e quanto ao seu comprimento (curto e longo). Desta forma, as categorias definidas foram: - Passe curto/médio para frente (CMF) – passe realizado no sentido do ataque, da equipa observada, dentro do mesmo corredor, sendo realizado para um receptor dentro dessa mesma zona ou para uma zona contígua da zona do passe; - Passe curto/médio para trás (CMT) – passe realizado no sentido contrário ao do ataque, da equipa observada, dentro do mesmo corredor, sendo realizado para um receptor dentro dessa mesma zona ou para uma zona contígua da zona do passe; - Passe curto/médio para o lado (CML) – passe realizado dentro do mesmo sector, sendo realizado para um receptor dentro dessa mesma zona ou para uma zona contígua da zona do passe; - Passe curto/médio oblíquo (CMO) – passe realizado para uma zona contígua à zona do passe, mas que não pertence nem ao mesmo corredor, nem ao mesmo sector; - Passe longo para a frente (LF) – passe realizado no sentido do ataque, da equipa observada, dentro do mesmo corredor, cuja trajectória da bola transpõe completamente um corredor intermédio até chegar à zona onde decorre a recepção; - Passe longo para trás (LT) – passe realizado no sentido contrário ao sentido do ataque, da equipa observada, dentro do mesmo corredor, cuja trajectória da bola transpõe completamente um corredor intermédio até chegar à zona onde decorre a recepção; - Passe longo para o lado (LL) – passe realizado dentro do mesmo sector, cuja trajectória da bola transpõe completamente um corredor intermédio até chegar à zona onde decorre a recepção; - Passe longo oblíquo (LO) – passe cuja trajectória da bola ultrapassa obrigatória e completamente um corredor e um sector intermédio até chegar à zona onde decorre a recepção; 35
  • 51. Para além destas categorias consideramos ainda a categoria: - Sem primeiro passe (SPP) – sempre que o jogador que recupera a bola é o que finaliza, e sendo assim, não chega a efectuar o passe analisado. 36 Tempo de Jogo Decorrido (TJD) Consideramos o TJD como o período de tempo que decorreu desde o inicio do jogo até ao momento em que se verificou a acção de posse de bola da sequência ofensiva observada. Ao se verificar o primeiro contacto com a bola no jogo – pontapé de saída – começou a contagem no cronómetro incorporado no dvd, do respectivo jogo, a partir de 00´00´´, indicando assim, automaticamente, o tempo de jogo decorrido de cada sequência ofensiva observada. Apoiado neste indicador, foram discriminadas seis categorias, já adoptadas por outros autores (Garganta, 1997): - Dos [0´aos 15´[; - Dos [15´aos 30´[; - Dos [30´aos 45´[; - Dos [45´aos 60´[; - Dos [60´aos 75´[; - Dos [75´aos 90´[. Velocidade de Transmissão da Bola (VTB) Dugrand, 1989, cit. Garganta (1997), preconiza a utilização de um índice, ao qual chama velocidade de transmissão da bola (VTB), que é calculado a partir do quociente entre o Número de Bolas Recebidas (NR) e o Número de Contactos (NC) realizados para a transmitir em cada acção ofensiva observada. (VTB=NR/NC). Número de Contactos (NC) Revela-se no somatório de contactos com a bola, de todos os jogadores da equipa atacante, em cada acção ofensiva observada.
  • 52. Número de Bolas Recebidas (NR) Define-se como o somatório de recepções efectuadas, após passe realizado por um colega de equipa, em cada acção ofensiva observada. O seu valor varia entre 0 e 1, sendo que, quanto mais se aproximar da unidade mais rápida é considerada a transmissão da bola. 37 Número de Variações de Corredor (NVC) Esta variável demonstra o número de vezes que a equipa faz circular a bola de um corredor para outro, através de um passe, traduzindo a amplitude das acções ofensivas realizadas. Perante o campograma dividido em três corredores (figura 3.1.), enumeramos as categorias em seis variáveis possíveis, mediante a mudança do objecto do jogo: do corredor direito para o central ou esquerdo, do corredor esquerdo para o central ou direito e do corredor central para os corredores direito ou esquerdo. Deste modo as categorias possíveis são: – Nenhuma variação de corredor; – Uma variação de corredor; – Duas variações de corredor; – Três ou mais variações de corredor. Número de Jogadores com Intervenção na Acção Ofensiva (NJOG) O observador considerou como o número total de jogadores com intervenção na acção ofensiva, todos os jogadores que contactaram com o objecto de jogo, no decorrer da acção ofensiva observada. Foram consideradas onze categorias: – Um jogador; – Dois jogadores; – Três jogadores; – Quatro jogadores; – Cinco jogadores; – Seis jogadores; – Sete jogadores; – Oito jogadores; – Nove jogadores; – Dez jogadores; – Onze jogadores.
  • 53. Em algumas situações pontuais, na análise desta variável, utilizamos como estratégia, o número da camisola dos jogadores, para diferenciar os diferentes jogadores participantes na sequência ofensiva. 38 Relação Numérica entre o ataque e a defesa (RNAD) Este indicador depende da relação quantitativa ataque-defesa, ou seja, da diferença entre o número de jogadores envolventes de ambas as partes em determinada situação de jogo. Procura identificar uma relação numérica quantitativa, discriminando o número efectivo de jogadores atacantes e defensores activos (no centro de jogo), disponíveis a participar na fase final da sequência ofensiva. A análise da mesma decorre no momento final da sequência ofensiva, sendo que, o momento exacto de avaliação e os critérios da contagem são feitos de acordo com a situação/contexto em que decorre: 1. Quando o passador efectua passe, para a frente, para o colega finalizar: paramos a imagem no momento do passe e contabilizam-se os jogadores atacantes e defensores à frente da linha bola (linha imaginária paralela à linha final e que intercepta a bola) no momento realização do mesmo; 2. Quando o passador realiza passe para o lado ou para trás no sector ofensivo (figura 3.3.), contabilizam-se os jogadores atacantes e defensores no mesmo corredor, incluindo o jogador finalizador, no momento desse mesmo passe; 3. Quando o finalizador efectua mais de dois contactos na bola antes de rematar, contabilizam-se os jogadores atacantes e defensores à frente da linha da bola no momento do remate; 4. Quando é realizado um passe em profundidade, o defesa contacta a bola enviando-a no sentido contrário à baliza atacante, e um atacante ganha o ressalto (denominado por segunda bola) e finaliza, contabilizamos o número de atacantes e defesas à frente da linha da bola no momento do remate. Perante isto, após identificarmos a situação em causa, contabilizamos primeiro o número de atacantes e posteriormente o número de defesas.