Estudo comparatvo de desempenho tatico em atletas sub11 e sub13
Analise do Jogo de Futebol
1. UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO
AVALIAÇÃO NAS ACTIVIDADES FÍSICAS E DESPORTIVAS
ANÁLISE DO JOGO DE FUTEBOL: CARACTERÍSTICAS DO
PROCESSO DE TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE DAS SEQUÊNCIAS
OFENSIVAS COM FINALIZAÇÃO.
Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre
em Educação Física e Desporto, na área da Avaliação nas
Actividades Físicas e Desportivas, realizada sob a orientação do
Professor Doutor António Jaime Sampaio (UTAD).
EDMUNDO JOSÉ DE OLIVEIRA SILVA
Julho, 2007
2. II
AGRADECIMENTOS
À minha FAMÍLIA, base da minha formação, que criou em mim uma constante
vontade de aprender.
À MARTA, por acreditar.
Ao PROFESSOR DOUTOR JAIME SAMPAIO que, mais uma vez, de forma
incondicional me orientou na realização deste trabalho. Ser orientado por
alguém com tanto conhecimento e competência incute-nos mais
responsabilidade, mas também mais confiança no que fazemos.
Ao PROFESSOR DOUTOR VÍTOR MAÇAS pelo apoio e pela disponibilidade
demonstrada em vários momentos da elaboração deste trabalho.
Ao MÁRIO NUNES, ao MIGUEL CARVALHO, ao PATRICK CANTO, ao FILIPE ROSÁRIO,
ao RICARDO DUARTE, ao FILIPE PEREIRA, à TERESA FIÚZA, ao OCTÁVIO MEIRA e à
HELENA COSTA que de diferentes formas participaram na realização deste
trabalho.
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste
trabalho exprimo o meu agradecimento.
3. III
RESUMO
O jogo de Futebol tem sido analisado sobre as perspectivas das fases do ataque e da defesa,
sendo escassos os estudos que caracterizam a transição entre estas fases, contribuindo assim
para um maior esclarecimento acerca deste processo. Neste sentido, o presente estudo teve
como objectivos: identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente
significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis relativas à fase final
do processo ofensivo, em função do nível de qualidade das equipas (nível superior e nível
inferior); identificar relações entre as variáveis da transição defesa-ataque e as variáveis que
caracterizam o contexto momentâneo do jogo; identificar, também em situações de finalização,
associações estatisticamente significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as
variáveis relativas à fase final do processo ofensivo, em função dos três tipos de confrontos
(entre equipas de qualidade superior; entre equipas de qualidade inferior e entre equipas de
qualidade superior com inferior).
Foram recolhidas e analisadas 392 sequências ofensivas terminadas em finalização de equipas
de nível superior (equipas que superaram os quartos-de-final) e 284 de equipas de nível inferior
(equipas que não superaram a fase de grupos), relativas ao Campeonato do Mundo de Futebol
de 2006. Foram produzidas tabelas de contingência associadas aos valores do teste qui-quadrado,
com nível de significância definido mantido em 5%, entre as variáveis zona de
recuperação, tipo de recuperação, primeiro passe, tipo de relação numérica ataque-defesa com
a forma como termina a acção ofensiva e com a zona de finalização, escalonados por equipas
superiores e equipas inferiores. Realizou-se a comparação de resultados, com a Anova simples
entre as variáveis número de variações de corredor, número de jogadores, relação numérica
ataque-defesa e velocidade de transmissão da bola com a forma como termina a acção
ofensiva e com a zona de finalização.
Na análise diferenciada por dois níveis qualitativos de equipas, verificou-se que: (1) no que
respeita à recuperação da posse de bola, as ESUP apresentaram maior êxito nas
recuperações realizadas em zonas mais ofensivas, em relação às EINF, tendo-se identificando
uma relação estatisticamente significativa (P<.05) entre as recuperações na zona ofensiva
direita e ofensiva centro com finalizações dentro da grande área e entre recuperações de bola
na zona ofensiva esquerda e finalizações fora da grande área. No entanto, a intercepção foi o
meio mais utilizado nas sequencias culminadas em golo tanto pelas equipas de nível superior
como pelas de nível inferior (38,3% e 38,9% respectivamente). (2) Os passes curtos/médios
são os utilizados com maior frequência no início das sequências ofensivas analisadas,
identificando-se uma variação significativa entre o tipo de passe utilizado e o decorrer do jogo.
(3) Apesar da tendência vincada das sequências ofensivas analisadas culminarem em maior
frequência em inferioridade numérica, dos atacantes em relação aos defesas, verificou-se que,
com o decorrer do tempo de jogo, as equipas superiores são as que mais atenuam essa
tendência. Ainda de realçar a relação estatisticamente significativa (P<.05) entre as categorias
4. da relação numérica entre atacantes e defesas e a forma como termina a acção ofensiva,
unicamente encontrada, nas equipas de nível superior.
Na análise relativa aos tipos de confrontos, basicamente realçamos a associação significativa
identificada (P<.05) entre algumas categorias da relação numérica entre atacantes e
defensores e a forma como termina a acção ofensiva, nos confrontos entre equipas inferiores,
e com a zona de finalização, em confrontos entre equipas superiores e entre equipas do
mesmo nível.
IV
Palavras chave: Futebol, transição defesa-ataque, finalização, níveis qualitativos de
equipas, tipos de confrontos.
5. V
ABSTRACT
Football matches have been analysed in the perspective of the phases of attack and defence.
The studies which characterize the transition between these phases are scarce, therefore
demanding a greater explanation regarding this process. In this way, this present study has as
its aims: identifying, in finalisation situations, statistically significant associations between
defence-attack transition variables and variables relating to the final phase of the offensive
process, in function of the level of the quality of the teams (superior and inferior level);
identifying the relations between the defence-attack transition variables and the variables which
characterize the momentary context of the match; also identifying in finalisation situations,
statistically significant associations between defence-attack transition variables and variables
relating to the final phase of the offensive process, in function of the level of the three types of
confrontations (between teams with a superior quality, between teams with an inferior quality
and teams with a superior versus an inferior quality).
392 offensive sequences, which were achieved in the finalisation of teams from a superior level
(teams that surpassed the quarter final), were compiled and analysed and 284 teams from an
inferior level (teams that didn’t surpass the group phase) were also compiled and analysed,
relating to the Football World Cup of 2006. Tables of contingency were produced and were
associated to the values of the test qui-quadrado, with a defined level of significance maintained
at 5%, between the variables recuperation zone, type of recuperation, first pass, type of numeric
relation of attack-defence with the way the offensive action ends and with the finalisation zone,
staggered by superior and inferior teams. We carried out a comparison of results, with the
simple Anova between the different numbers of variables of corridors, number of players,
numeric relation of attack-defence and the velocity of the ball transmission with the way the
offensive action ends and with the finalisation area.
In the analysis differed by two qualitative team levels, we verified that (1) as far as ball
possession, the ESUP presented a bigger success in recuperations carried out in more
offensive areas, as far as EINF, having identified a statistically significant relation (P<.05)
between the recuperations in the right offensive area and offensive centre with finalisations
inside the penalty area and between ball recuperations in the left offensive area and
finalisations out of the penalty area.
However, the interception was the more utilized means in the culminated sequences in goal in
the superior teams as much as in the inferior teams (38,3% and 38,9% respectively). (2) The
short/medium passes are utilized with a bigger frequency at the beginning of the analysed
offensive sequences, identifying a significant variable between the type of utilized pass and the
happening of the match. (3) Although the tendency of the analysed offensive sequences
reached in bigger frequency in numeric inferiority, of the attackers in relation to the defenders,
we verified the, with the going on of the playtime, the superior teams are those that most
attenuate this tendency. We also have to enhance the statistically significant relation (P<.05)
between the categories of the numeric relation between attackers and defenders and the way
the offensive action ends, uniquely found in the teams from superior level.
6. In the analysis to the types of contests, we basically enhance the identified significant
association (P<.05) between some categories from the numeric relation between attackers and
defenders and the way the offensive action ends, in the contests between inferior teams and
with de finalisation area, in contests between superior teams and between teams of the same
level.
Key-words: Football, transition of defence-attack, finalisation, qualitative level of the
teams, types of contests.
VI
7. VII
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS …………………………………………………………………………… II
RESUMO …………………………………………………………………………………………. III
ABSTRACT ……………………………………………………………………………………… V
ÍNDICE GERAL ………………………………………………………………………………….. VII
ÍNIDICE DE FIGURAS ………………………………………………………………………….. XI
ÍNDICE DE QUADROS …………………………………………………………………………. XII
ÍNIDICE DE ABREVIATURAS………...……………………………………………………….. XV
I. INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………………... 1
1.1. PREÂMBULO ………………………………………………….………………………….. 1
1.2. OBJECTIVOS E HIPOTESES…..……………………………………………………….. 4
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .……………………………………………………….………. 6
2.1. FASES DO JOGO DE FUTEBOL: DEFESA E ATAQUE ………………………...….. 6
2.1.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO …………………..…………………………....….. 8
2.1.2. VARIÁVEIS DE ESTUDO …..…………………..…………………………....….. 8
2.3. EFEITOS DA TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE NO PROCESSO OFENSIVO ..….. 20
2.4. SÍNTESE …………………………………………………………………………….....….. 22
III. METODOLOGIA ………………………………………………………………………….. 27
3.1 AMOSTRA ……………………………………………….…………………………………. 27
3.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ………………………………………..…. 27
3.1.2. PROCEDIMENTOS PRÉVIOS ………………………………………….......….. 29
3.1.3. RECOLHA E REGISTO DE IMAGENS …..…………………………….......….. 30
3.2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS E DISCRIMINAÇÃO DAS CATEGORIAS …………. 31
3.2.1. VARIÁVEIS ………………………...……..……………………………….......….. 31
3.3. OBSERVAÇÃO………………...………………………………………………….………. 42
3.4. ANÁLISE DA FIABILIDADE ….………………………………………………….………. 43
3.4.1. FIABILIDADE INTRA-OBSERVADOR E INTER-OBSERVADOR .………..... 43
3.5. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS ………………………………………….………. 45
8. IV. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ….………………..………… 46
4.1. RELAÇÃO ENTRE A TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE COM A FORMA COMO
TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA E COM A ZONA DE FINALIZAÇÃO EM ENS E ENI… 47
4.1.1. ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…...……….. 47
VIII
4.2.1.1. Zona de recuperação da posse de bola e forma como termina a
acção ofensiva …………………….…………………………….......….. 48
4.2.1.2. Zona de recuperação da posse de bola e zona de finalização ….….. 51
4.1.2. TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…....……….. 57
4.1.2.1. Tipo de recuperação da posse de bola e forma como termina a
acção ofensiva ….………………….…………………………….......….. 57
4.1.2.2. Tipo de recuperação da posse de bola e zona de finalização …...….. 58
4.1.3. PRIMEIRO PASSE ….………….…....…………………………………………... 59
4.1.3.1. Primeiro passe e forma como termina a acção ofensiva …….......….. 61
4.1.3.2. Primeiro passe e zona de finalização ….............................................. 63
4.1.4. TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA ……...………………... 65
4.1.4.1. Tipo de relação numérica ataque-defesa e forma como termina a
acção ofensiva ……......................................................................….. 65
4.1.5. NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR ….………….…....…………..... 66
4.1.5.1. Número de variações de corredor e forma como termina a acção
ofensiva……......................................................…………………….... 66
4.1.5.2. Número de variações de corredor e zona de finalização …………..... 68
4.1.6. NÚMERO DE JOGADORES …..…....…………………………………………... 68
4.1.6.1. Número de jogadores e forma como termina a acção ofensiva …….. 69
4.1.6.2. Número de jogadores e zona de finalização …................................... 69
4.1.7. RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA …………………………………... 70
4.1.7.1. Relação numérica ataque-defesa e forma como termina a acção
ofensiva …….......………………………………………………………... 70
4.1.7.2. Relação numérica ataque-defesa e zona de finalização …………...... 72
4.1.8. VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA ………………………………... 73
4.1.8.1. Velocidade de transmissão da bola e forma como termina a acção
ofensiva …….......………………………………………………………... 74
4.1.8.2. Velocidade de transmissão da bola e zona de finalização …………... 75
9. 4.2. RELAÇÃO ENTRE A TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE COM A FORMA COMO
TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA E COM A ZONA DE FINALIZAÇÃO EM
DIFERENTES TIPOS DE CONFRONTOS DE EQUIPA ……………………………………. 77
4.2.1. ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…...……….. 77
IX
4.2.1.1. Zona de recuperação da posse de bola e forma como termina a
acção ofensiva …………………….…………………………….......….. 78
4.2.1.2. Zona de recuperação da posse de bola e zona de finalização ….….. 82
4.2.2. TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…....……….. 82
4.2.2.1. Tipo de recuperação da posse de bola e forma como termina a
acção ofensiva ….………………….…………………………….......….. 82
4.2.2.2. Tipo de recuperação da posse de bola e zona de finalização …...….. 83
4.2.3. PRIMEIRO PASSE ….………….…....…………………………………………... 85
4.2.3.1. Primeiro passe e forma como termina a acção ofensiva …….......….. 85
4.2.3.2. Primeiro passe e zona de finalização ….............................................. 87
4.2.4. TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA ……...………………... 87
4.2.4.1. Tipo de relação numérica ataque-defesa e forma como termina a
acção ofensiva ……......................................................................….. 88
4.2.4.2. Tipo de relação numérica ataque-defesa e zona de finalização ...….. 89
4.2.5. NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR ….………….…....…………..... 90
4.2.5.1. Número de variações de corredor e forma como termina a acção
ofensiva …….......………………………………………………………... 90
4.2.5.2. Número de variações de corredor e zona de finalização …………..... 91
4.2.6. NÚMERO DE JOGADORES …..…....…………………………………………... 91
4.2.6.1. Número de jogadores e forma como termina a acção ofensiva …….. 91
4.2.6.2. Número de jogadores e zona de finalização …................................... 92
4.2.7. RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA …………………………………... 93
4.2.7.1. Relação numérica ataque-defesa e forma como termina a acção
ofensiva ……....…………………………………………………………... 93
4.2.7.2. Relação numérica ataque-defesa e zona de finalização …………...... 95
4.2.8. VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA ………………………………... 98
4.2.8.1. Velocidade de transmissão da bola e forma como termina a acção
ofensiva …….......………………………………………………………... 99
10. 4.2.8.2. Velocidade de transmissão da bola e zona de finalização …………... 101
V. CONCLUSÕES …………………………………………………..………...………………… 104
VI. BIBLIOGRAFIA ………………………………………………....………...………………… 108
VI. ANEXOS
X
11. XI
ÍNDICE FIGURAS
Figura 2.1. Divisão do Campograma em quatro sectores e três corredores para a
Variável ZRPB ……………………………………………………………………. 10
Figura 2.2. Esquema descritivo do presente estudo ………………………………………… 25
Figura 3.1. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 32
Figura 3.2. Divisão em quatro sectores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 32
Figura 3.3. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 33
Figura 3.4. Campograma da variável de ZF ………………………………………………….. 40
12. XII
ÍNDICE QUADROS
Quadro 2.1. Resultados da Velocidade de Transmissão da Bola nos estudos de
Quarteu (1996), Oliveira (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004) ……………. 15
Quadro 2.2. Resultados da Número de Bolas Recebidas nos estudos de Quarteu
(1996), Oliveira (1996) e Reis (2004) ……………………………………….... 16
Quadro 2.3. Resultados do número de contactos nos estudos de Quarteu (1996),
Oliveira (1996) e Reis (2004) …...…………………………………………….. 16
Quadro 2.4. Analise das acções técnico-tácticas de remate e remate com eficácia
(golo), segundo Bezerra (1995) .………………………………………………. 20
Quadro 2.5. Resultado das sequências ofensivas segundo Felisberto (2004)……………. 21
Quadro 2.6 Associação das variáveis observadas na revisão com a definição do
conceito de transição defesa-ataque ………………………………………… 23
Quadro 3.1. Resultados dos Coeficientes de Kappa e de correlação interclasses para
cálculo da Fiabilidade intra-observador e inter-observadores……………… 44
Quadro 4.1. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e
FTAO em ESUP………………………………………………………………… 49
Quadro 4.2. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e
FTAO em EINF. ...……………………………………………………………..... 50
Quadro 4.3. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e
ZF nas ESUP. ...……………………………………………………………....... 51
Quadro 4.4. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF
nas ESUP. ...……………………………………………………………............. 53
Quadro 4.5. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF
nas ESUP. ...……………………………………………………………............. 54
Quadro 4.6. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e
ZF nas EINF. ...……………………………………………………………......... 54
Quadro 4.7. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF
nas EINF. ...……………………………………………………………............... 56
Quadro 4.8. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF
nas EINF. ...……………………………………………………………............... 56
Quadro 4.9. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e
FTAO em dois Níveis de Equipa. ...…………………………………………… 58
Quadro 4.10. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e
ZF nas ESUP e EINF. ...………………………………………………………... 59
Quadro 4.11. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e
TJD nas EINF. ...……………………………………………………………....... 61
Quadro 4.12. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e
FTAO em ESUP e EINF. ...…………………………………………………….. 62
Quadro 4.13. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e ZF
nas ESUP e EINF. ...……………………………………………………………. 63
Quadro 4.14. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e
FTAO em dois Níveis de Equipa. ...…………………………………………… 64
Quadro 4.15. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos dois Níveis
de Equipas. ...……………………………………………………………............ 67
13. XIII
Quadro 4.16. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos dois Níveis de
Equipas. ...…………………………………………………………….................
68
Quadro 4.17. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO nos dois Níveis
de Equipas. ...……………………………………………………………............ 69
Quadro 4.18. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos dois Níveis de
Equipas. ...……………………………………………………………................. 69
Quadro 4.19. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos dois
Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………. 71
Quadro 4.20. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e
FTAO em ESUP. ...……………………………………………………………... 71
Quadro 4.21. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e ZF nos dois Níveis de
Equipas. ...……………………………………………………………................. 72
Quadro 4.22. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e
FTAO em ESUP e EINF. ...…………………………………………………….. 73
Quadro 4.23. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos dois Níveis
de Equipas. ...……………………………………………………………............ 74
Quadro 4.24. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos dois Níveis de
Equipas. ...……………………………………………………………................. 75
Quadro 4.25. Testes post hoc de- Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e
ZF em ESUP e EINF. ...………………………………………………………… 76
Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e
FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 78
Quadro 4.27. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e
FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 81
Quadro 4.28. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e
FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 83
Quadro 4.29. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e
ZF em diferentes tipos de Confrontos. ...……………………………………... 84
Quadro 4.30. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e
FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 86
Quadro 4.31. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TRNAD
e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...……………………………….. 88
Quadro 4.32. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos diferentes
Tipos de Confrontos……..……………………………………………………. 90
Quadro 4.33. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos diferentes
Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 91
Quadro 4.34. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO nos diferentes
Tipos de Confrontos…………..………………………………………………… 92
Quadro 4.35. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos diferentes
Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 92
Quadro 4.36. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes
Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 93
Quadro 4.37. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e
FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 94
Quadro 4.38. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes
Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 96
Quadro 4.39. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e
FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 97
14. XIV
Quadro 4.40. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos diferentes
Tipos de Confrontos. ...………………………………………………………….
99
Quadro 4.41. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e
FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 100
Quadro 4.42. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos diferentes Tipo
de Confrontos. ...……………………………………………………………....... 101
Quadro 4.43. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF
em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………………… 102
15. XV
ÍNDICE DE ABREVIATURAS
SFIN – Sequências Ofensivas Terminadas em Finalização;
ZREC – Zona de Recuperação da Posse de Bola;
TREC – Tipo de Recuperação da Posse de Bola;
VTB – Velocidade de Transmissão da Bola;
NR – Número de Bolas Recebidas;
NC – Número de Contactos;
NVC – Número de Variações de Corredor;
NJOG – Número de Jogadores com Intervenção na Acção Ofensiva;
RNAD – Relação Numérica Ataque-Defesa;
TRNAD – Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa;
ZF – Zona de Finalização;
FTAO – Forma como Termina a Acção Ofensiva;
NE – Nível da Equipa;
ESUP – Equipas Nível Superior;
EINF – Equipas de Nível Inferior.
16. 1
I. INTRODUÇÃO
1.1 PREÂMBULO
Nos nossos dias, o Futebol é uma modalidade de grande interesse e impacto
na sociedade, facto que faz emergir a importância de o conhecer e
compreender melhor, seja ao nível social, financeiro ou desportivo. Um dos
objectos de estudo mais atractivos no âmbito deste Jogo Desportivo Colectivo
(JDC) é a competição, quando analisada no sentido de obter mais e melhor
informação acerca do seu conteúdo (Maçãs, 1997).
Segundo Bangsbo (2002), as exigências do Futebol podem dividir-se em quatro
componentes: técnicas, tácticas, sócio-psicológicas e físicas. No Futebol de
alto rendimento, as equipas tentam conseguir os mais elevados índices de
performance nestas componentes. Assim, se explica o crescente interesse por
parte da investigação científica, que tem como consequência o aparecimento
constante de estudos sobre estes factores de rendimento, de forma a aumentar
o conhecimento sobre o mesmos, com o fim de se conseguir melhorar a
qualidade do jogo.
Com o intuito de proceder à caracterização da actividade desenvolvida pelos
jogadores e das equipas durante as partidas, os especialistas centraram,
inicialmente os seus estudos na actividade física imposta aos jogadores
(Garganta, 2001). Segundo Bangsbo (2002), os resultados de estudos
científicos podem ajudar a obter uma melhor compreensão das exigências e
limitações do rendimento físico no Futebol. Na pesquisa efectuada à literatura
disponível, verifica-se que a grande parte de estudos encontrados, referem-se
ao estudo das capacidades condicionais de velocidade, força e resistência.
(Weineck, 1997; Bangsbo, 2002; Cometti, 2002). Por outro lado, existem vários
estudos que se concentram num outro factor de rendimento, o técnico-táctico.
(Maças, 1997; Castelo, 2003; Felisberto, 2004). Segundo Castelo (2003), este
subsistema estabelece os meios de base que os jogadores, quer individual,
quer colectivamente, accionam na fase do ataque ou defesa, com vista à
resolução eficaz das situações de jogo.
17. No entanto, o jogo de Futebol decorre da natureza do confronto entre dois
sistemas complexos, as equipas, e caracteriza-se pela sucessiva alternância
de estados de ordem e desordem, estabilidade e instabilidade, uniformidade e
variedade (Garganta, 2001). Neste contexto, dado que se trata de situações de
mudança de final aberto, torna-se inglória a busca de laços directos
causa/efeito quando pretendemos interligar a lógica da actividade. O raciocínio
eficaz está sobretudo relacionado com a descoberta de novos significados e o
desenvolvimento de novas perspectivas (Stacey, 1995).
No jogo de Futebol é possível identificar duas grandes fases, em cada uma das
quais as equipas perseguem objectivos antagónicos: a fase de ataque e a fase
da defesa (Garganta e Pinto, 1998). Apesar de recentemente alguns estudos
se começarem a dedicar sobre os aspectos relativos à fase defensiva (Suzuki,
2005; Seabra & Dantas, 2006) a maior parte incide sobre o estudo do processo
ofensivo. (Maças, 1997; Felisberto, 2004; Costa, 2005; Lago & Martin, 2007).
Consideramos como explicação para esta tendência o facto, de ser nesta fase
do jogo que se atinge o momento mais desejado por todos: o golo.
Conjuntamente, as transições entre estas duas fases, tem vindo a levantar
algum interesse para os investigadores. Denominadas por transição defesa-ataque
e transição ataque-defesa estas constituem o momento em as equipas
mudam de papéis no jogo, dada a recuperação ou perda da posse de bola,
respectivamente.
Se entendermos o conceito de modelo de jogo como “a cristalização de formas
fundamentais (idênticas), da competição, que é obtida através da abstracção
desses elementos e da sua natureza” (Castelo, 2003), é aceitável a ideia
defendida por Gréhaigne (1989, cit. Garganta, 1997), de que as transições
defesa-ataque são importantes na caracterização do modelo de jogo adoptado
por uma equipa, Mesma ideia defende Castelo (2003) que considera a
velocidade de transição um dos pressupostos essenciais de qualquer método
ofensivo. Realçando-se assim a pertinência de uma equipa conseguir
rapidamente chegar a zonas de finalização, logo após a recuperação da posse
de bola.
2
18. Este é um conteúdo que começa a ter bastante ênfase na construção do
processo ofensivo das equipas contemporâneas, começando a despertar
diversas questões sobre a sua concepção, características e possíveis
comportamentos padrão existentes. Este pequeno momento entre o fim da
acção defensiva e o início da acção ofensiva, denominado, por muitos, de
transição defesa-ataque, é sem dúvida, nos tempos de hoje, um novo conceito
pertinente na obtenção do mais alto rendimento em Futebol.
Da diversidade de factores que compõe o jogo de Futebol, provocadoras de
sequências defensivas e ofensivas de variedades ilimitadas, resulta também
uma multiplicidade de formas como pode decorrer cada transição defesa-ataque,
3
sendo de todo o interesse investiga-la.
Ocasionalmente, em alguns dos estudos no âmbito da análise do processo
ofensivo, encontramos aspectos relacionados com a transição defesa-ataque.
Para além de serem escassos os estudos em Futebol, que se dedicam em
exclusivo a esta fase de transição defesa-ataque (Gonçalves, 1994; Mendes,
2002; Ribeiro, 2003), nunca esta foi associada ao sucesso final das acções
ofensivas que lhe sucedem.
Como tal, seria de todo o interesse caracterizar as transições defesa-ataque
das acções ofensivas terminadas em golo, permitindo-nos associar estas
características da transição ao sucesso no jogo. Por outro lado, apesar do golo
ser o momento mais valioso no jogo e factor de estudo para alguns (Jinshan et
al., 1993; Ramos, 1999; Yiannakos e Armatas, 2006), acontece que em relação
aos outros JDC de invasão (i.e: andebol e basquetebol), o futebol não é tão rico
neste tipo de situações.
A finalização é uma acção técnico-táctica individual na que culmina todo o
processo ofensivo (Castelo, 2003). É uma acção associada com o poder
ofensivo da equipa que a executa, bem como aumenta o potencial de
oportunidades de atingir o golo. Deste modo, poderá ser mais pertinente
estudar as acções ofensivas culminadas em finalização, do que propriamente
restringir as análises às acções terminadas em golo. São já vários os autores
que fizeram esta opção (Coelho, 1995; Cunha, 1995; Pereira, 1995; Oliveira,
1996).
19. Por outro lado, parece igualmente importante estudar esta relação em dois
níveis de equipas de qualidade distinta, variante também já verificada em
vários estudos do âmbito da análise do processo ofensivo do jogo (Oliveira,
1996; Silva, 1998; Almeida, 1999). Assim poder-se-à perceber, se existem
diferenças entre as transições defesa-ataque culminadas em finalização, em
função da qualidade das equipas.
Neste sentido, a competição eleita para análise é a Fase Final do Campeonato
do Mundo de Futebol de 2006. Esta escolha, foi efectuada mediante o facto de
ser uma prova recente, de elevado rendimento competitivo, com participação
de selecções sujeitas a uma fase de pré-qualificação com outras selecções,
permitindo uma filtragem na qualidade das equipas que participam nesta Fase
Final.
4
1.2 OBJECTIVOS E HIPOTESES
No seguimento das questões formuladas e apresentadas, o presente estudo
apresenta como objectivo fundamental:
- Identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente
significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis
relativas à fase final do processo ofensivo1, em função dos diferentes níveis
qualitativos de equipas (nível superior e nível inferior).
A par deste objectivo propomo-nos a:
- Identificar relações entre as variáveis da transição defesa-ataque2 e as
variáveis que caracterizam o contexto momentâneo do jogo3.
- Identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente
significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis
1 As variáveis de análise da fase final do processo ofensivo são as seguintes: Zona de
Finalização e a Forma como Termina a Acção Ofensiva.
2 As variáveis de análise do momento de transição defesa-ataque são as seguintes: Zona de
Recuperação da Posse de Bola, Tipo de Recuperação da Posse de Bola, Primeiro Passe, Tipo
de Relação Numérica Ataque-Defesa, Número de Variação de Corredores, Número de
Jogadores, Relação Numérica Ataque-Defesa e Velocidade de Transmissão da Bola.
3 As variáveis de análise que caracterizam o contexto momentâneo do jogo são as seguintes:
Resultado Parcial e Tempo de Jogo Decorrido.
20. relativas à fase final do processo ofensivo4,em função de três categorias de
confrontos (1) entre equipas de qualidade superior; (2) entre equipas de
qualidade inferior; e (3) entre equipas de qualidade superior com inferior.
5
Decorrente destes objectivos, formularam-se as seguintes hipóteses:
1º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do
momento de transição defesa-ataque e a Forma como Termina a Acção
Ofensiva (FTAO) em função dos diferentes Níveis de Equipa.
2º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do
momento de transição defesa-ataque e a Zona de Finalização (ZF) em função
dos diferentes Níveis de Equipa.
3º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do
momento de transição defesa-ataque e o Tempo de Jogo Decorrido (TJD) em
função dos diferentes Níveis de Equipa.
4º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do
momento de transição defesa-ataque e o Resultado Parcial (RP) em função
dos diferentes Níveis de Equipa.
5º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do
momento de transição defesa-ataque e a Forma como Termina a Acção
Ofensiva (FTAO) em função dos diferentes Tipos de Confrontos.
6º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do
momento de transição defesa-ataque5 e a Zona de Finalização (ZF) em função
dos diferentes Tipos de Confrontos.
4 As variáveis de análise da fase final do processo ofensivo são as seguintes: Zona de
Finalização e a Forma como Termina a Acção Ofensiva.
5 As variáveis de análise do momento de transição defesa-ataque são as seguintes: Zona de
Recuperação da Posse de Bola, Tipo de Recuperação da Posse de Bola, Primeiro Passe, Tipo
de Relação Numérica Ataque-Defesa, Número de Variação de Corredores, Número de
Jogadores, Relação Numérica Ataque-Defesa e Velocidade de Transmissão da Bola.
21. 6
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. FASES DO JOGO DE FUTEBOL: DEFESA E ATAQUE.
São inúmeros os estudos realizados no âmbito do Futebol, com o intuito de
investigar os diferentes factores de rendimento presentes no jogo, de modo a
melhorar continuamente a sua qualidade. Segundo Silva (1998) o estudo do
comportamento dos jogadores e das equipas em competição, permite-nos
representar modelos da actividade dos jogadores e das equipas, permitindo-nos
entender quais os mais e menos eficazes, definir as estratégias de trabalho
mais vantajosas e indicar tendências evolutivas da modalidade. Para
Gréhaigne (1992), é através da observação de competições e da análise das
mesmas, que podemos descobrir pontos sensíveis de um sistema complexo.
Esta é a preocupação dos estudos relacionados com a análise do jogo,
procurando melhorar o rendimento táctico-técnico, evoluindo no conhecimento
já existente, para podermos também evoluir no trabalho prático elaborado na
modalidade.
Quando pesquisamos sobre os trabalhos já realizados, no âmbito da análise do
jogo, grande parte investiga o processo ofensivo do jogo. No entanto e em
menor quantidade, encontramos estudos com temas diversificados. Esta
diversidade, parece estar associada à especificidade do jogo, ao conjunto de
características únicas do mesmo, que têm levantado interesse vista a sua
importância no alto rendimento desportivo.
2.2.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO
Segundo Valdano (2001), “as equipas devem saber atacar e defender.
Algumas sabem mais: fazer transições”. As transições decorrem em períodos
de tempo muito curtos, porém, segundo Gréhaigne (1989, cit. Garganta, 1997)
“constata-se um maior volume de jogo de transição (mais de 95%) em
detrimento da finalização”.
22. As transições podem ser de dois tipos: transição ataque-defesa, aquando da
perda da posse de bola, e defesa-ataque, aquando da recuperação da mesma.
Sendo o Futebol, uma modalidade com muitos anos, tendo atingido um nível de
rendimento, em que os pormenores diferenciam o poder das equipas, denota-se
importante, para as mesmas, a preparação detalhada destes momentos de
transição. Deste modo, o conceito de transição no Futebol, tem vindo a levantar
algum interesse em estudos recentes (Mendes, 2002; Ribeiro, 2003; Reis,
2004).
Na transição de um momento defensivo para um momento ofensivo, o objectivo
fundamental é progredir em direcção à baliza adversária (Silva, 1998), de uma
forma rápida e eficaz, evitando ao máximo interrupções deste processo, com
vista à concretização do objectivo fundamental do jogo (o golo), respeitando o
princípio da penetração (Garganta & Pinto, 1998).
Segundo Queiroz (2003), na transição defesa-ataque o objectivo fundamental,
e caso haja condições para o efectuar, é o de aproveitar a desorganização
posicional do adversário, e progredir em direcção à baliza adversária, para
criar, o mais rápido possível, situações de golo.
Ou seja, para além do importante empenho em conhecermos a fase ofensiva
do jogo, parece-nos determinante perceber, o seu início, aspecto que tantas
vezes surge no jogo. A capacidade de atacar rapidamente e de forma eficaz,
poderá estar relacionado à preparação prévia do ataque, mesmo enquanto a
equipa ainda defende.
Segundo Castelo (2003) a transição defesa-ataque encontra-se dependente de
dois aspectos fundamentais. O primeiro está relacionado com as atitudes e os
comportamentos dos jogadores no momento logo após à recuperação da
posse de bola, no que respeita a quatro questões fundamentais: i) a quem
(todos os jogadores da equipa); ii) quando (momento imediato após a
recuperação à posse de bola); iii) onde (em qualquer espaço do jogo); e iv)
como (ocupando espaços apropriados, estabelecer linhas de passe, utilizar
mudanças rápidas de ritmo e direcção e executando procedimentos técnico-tácticos
individuais e colectivos). Por outro lado, o segundo aspecto, está
7
23. dependente da rápida transição do centro de jogo, desde a zona de
recuperação da posse de bola em direcção a espaços dominantes de
finalização.
8
2.2.2. VARIÁVEIS DE ESTUDO
Como já referimos anteriormente, no que respeita ao estudo da transição
defesa-ataque, são escassos os estudos encontrados. Vários autores abordam
alguns aspectos relacionados com o tema, mas sempre com a finalidade de
investigar os processos ofensivos e defensivos no seu todo. Assim sendo, para
além de investigarmos os trabalhos realizados, sobre a transição defesa-ataque,
pesquisamos também sobre alguns estudos efectuados no âmbito do
processo ofensivo, onde encontramos variáveis e dados relevantes para o
nosso tema.
Deste modo, apresentamos uma breve descrição das variáveis estudadas no
processo ofensivo e tentamos identificar as que nos parecem pertinentes para
a análise desta fase de transição. As variáveis encontradas na análise do
processo ofensivo foram:
• Variáveis quantitativas: número de processos ofensivos, número
de passes do processo ofensivo, número de contactos realizados,
número de jogadores com intervenção no processo ofensivo,
número de variações de corredor, número de variações de ritmo
de jogo, número de bolas jogadas (indicador composto),
velocidade de transmissão da bola (indicador composto).
• Variáveis qualitativas: zona de recuperação da posse de bola, tipo
de recuperação da posse de bola, características específicas do
primeiro passe, alcance do passe, método de jogo ofensivo,
circulação da bola, zona onde foi executado o ultimo passe, zona
de finalização positiva, distância de finalização positiva e forma
como a equipa termina a acção ofensiva.
24. Perante estas variáveis, denotamos ligação entre algumas delas e o tema do
estudo. Assim sendo, realizamos de seguida uma selecção sobre as variáveis
que consideramos pertinentes para o estudo da transição defesa-ataque e
dissecamos alguns dados que consideramos fundamentais para o
entendimento da mesma.
9
ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (ZREC)
Hughes (1994), refere que a zona onde a bola é recuperada, pode influenciar a
eficácia de uma equipa. Para Reis (2004), a zona do terreno de jogo onde se
conquista a posse de bola é um dos aspectos mais importantes na transição
defesa-ataque. Na realidade se tivermos uma equipa com jogadores rápidos
em espaços amplos e que não têm uma grande habilidade técnica para manter
a posse de bola, é mais positivo organizarmo-nos defensivamente mais
recuados, para posteriormente enviarmos a bola para esses espaços. (Queiroz,
2003; Amaral, 2004). Por sua vez, Taylor & Williams (2002) concluem no seu
estudo que a recuperação da posse de bola na área defensiva resulta em mais
situações de finalização. Assim, não nos podemos esquecer da relevância que
a organização defensiva tem para o desenvolvimento do ataque.
São vários os estudos em que encontramos esta variável. O campograma
normalmente utilizado, para a definição das zonas de recuperação da posse de
bola dispõe da divisão do terreno de jogo em quatro sectores e três corredores.
Os sectores quatro sectores transversais apresentados são o Defensivo (D), o
Médio Defensivo (MD), o Médio Ofensivo (MO) e o Ofensivo (O), dispostos de
forma sequenciada nesta ordem na direcção do ataque da equipa observada. A
estes se sobrepõe três corredores longitudinais esquerdo (E), central (C) e
direito (D). orientados num plano frontal à baliza para onde a equipa observada
ataca.
25. 10
DE MDE MOE OE
DC MDC MOC OC
DD MDD MOD OD
Figura 2.1. – Divisão do Campograma em quatro sectores e três corredores para a Variável ZREC.
Num dos seus estudos, Castelo (1996), salienta que a recuperação da posse
de bola obteve percentagens mais elevadas no sector defensivo e no corredor
central do terreno de jogo. Este facto que pode ser explicado, segundo o
mesmo autor, com a elevada concentração de jogadores, em atitude defensiva,
nos espaços próximos da sua baliza, procurando de forma simultânea protege-la
e recuperar a posse de bola. O mesmo se verifica nos estudos efectuados
por Ribeiro (2003) e Reis (2004), em que a zona central do sector defensivo e
médio defensivo, são os locais onde se verifica maior número de recuperações
de posse de bola. Ao encontro desta ideia converge, Costa (2005), referindo
que o local em que a equipa analisada adquiriu a posse de bola com maior
frequência foi o meio-campo defensivo. No entanto, a autora acrescenta que,
sempre nos focalizamos nas sequências terminadas com remate, verificamos
que dos sectores mais ofensivos contribuíram os corredores laterais (OD e OE,
respectivamente), enquanto que, dos mais defensivos contribui mais o central
(DC e MDC).
Apesar desta predominância visível dos sectores defensivos centrais na
recuperação da posse de bola, outros autores salientam a importância de
tentar recuperar a bola em zonas mais avançadas do terreno de jogo. Assim
será possível defender mais longe da baliza que defendemos e ao mesmo
tempo recuperar a bola mais perto da baliza adversária.
26. Ao encontro desta ideia surge outra das conclusões do estudo de Costa (2005),
em que afirma, que quando a aquisição da posse de bola é concretizada no
meio-campo ofensivo, o número de sequências ofensivas terminadas com
remate é superior às terminadas sem remate.
Esta tentativa de recuperar a bola em zonas mais ofensivas, procura acelerar a
acção do portador da posse de bola, obrigando-o a cometer erros (Castelo,
1996).
11
TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (TREC)
A recuperação da posse de bola resulta de acções táctico-técnicas defensivas,
caracterizando-se pelas tentativas de retirar a posse de bola ao adversário. Na
revisão realizada, encontramos como categorias deste tipo, recuperações de
posse de bola por intercepção, desarme, erro adversário, bola parada e
pressing.
Castelo (1996) refere-se à intercepção como o gesto técnico-táctico que
consiste em o jogador se apoderar da bola, ou a repelir, quando impede um
passe de seguir para o jogador alvo, ou de seguir em direcção à sua baliza.
Garganta (1997) refere que esta é a forma de recuperação da bola mais
vantajosa na procura da eficácia ofensiva.
Relativamente ao desarme, Castelo (1996) define-o como um gesto técnico
efectuado pelo defesa que procura intervir directamente sobre a bola,
disputando-a com o atacante que a possui, respeitando sempre as leis do jogo.
Segundo Garganta (1997), convém que as equipas tentem recuperar a bola
através de situações dinâmicas que garantam a continuidade do jogo ofensivo,
a sua fluidez, podendo assim criar desequilíbrios e surpreender o adversário no
seu processo defensivo (Garganta, 1997).
Por outro lado, a recuperação da posse de bola pode emergir de um erro
adversário (Machado, 1997). Nestas situações o jogador com bola realiza um
mau domínio da mesma ou realiza um passe direccionado directamente para
um adversário, permitindo a sua recuperação (Leal, 1994).
27. Outros autores discriminaram ainda, a recuperação da bola por “bola parada”,
ou seja, todas as situações em que a equipa sem posse de bola recupera-a,
porque esta sai fora das linhas de jogo, ou porque usufrui de uma falta
adversária, ou mesmo um fora de jogo. São situações em que o jogo é
obrigado a parar e, posteriormente, recomeçar com posse de bola para a
equipa contrária.
No que respeita à recuperação da bola por pressing, categoria utilizada em
alguns estudos (Machado, 1997), apresentamos algumas dúvidas sobre a sua
utilização. Em primeiro lugar, sabemos que a sua medição é difícil de obter.
Não conseguimos distinguir, com objectividade, as situações em que existe
pressão do adversário. A distância do defensor ao portador da bola, a zona do
campo em que sucede ou o número de defensores que pressionam são todos
critérios de análise difícil e incerta. Em segundo lugar, a pertinência desta
categoria parece também discutível. Consideramos que as categorias
anteriores englobam, por completo, as diversas situações explicativas da
recuperação da posse de bola. A inclusão do pressing nesta análise,
provocaria casos de dúvida e sobreposição de categorias a escolher (p.ex: a
origem da recuperação poderia ser por pressing, podendo resultar em erro
adversário, intercepção ou desarme). Deste modo, consideramos erróneo
avaliarmos esta categoria e decidimos, como tal, exclui-la do mesmo.
Segundo vários estudos (Mendes, 2002; Ribeiro, 2003; e Reis, 2004) em que
se verifica uma constante supremacia das sequências ofensivas com origem
com recuperações de posse de bola com intercepção, seguidas das
recuperações por erro do adversário e só em terceiro lugar por desarme.
A relevância desta variável prende-se com o facto de compreendermos, não só
a distribuição quantitativa de tipos de recuperações da posse de bola, como
também a possível influência das mesmas no restante processo ofensivo.
Realizando uma abordagem básica ao jogo, sabemos que a recuperação da
posse de bola por bola parada, proporciona normalmente um tempo de
paragem no jogo, que habitualmente poderá permitir uma reorganização
defensiva adversária. Por outro lado, é possível que as bolas recuperadas por
12
28. erro adversário surjam de uma defesa mais activa, que tenta recuperar a posse
da mesma em zonas mais próximas da baliza adversária, ou pelo menos
conduzir o adversário à perda da posse de bola por falta de soluções ofensivas.
13
PRIMEIRO PASSE APÓS A RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (PP)
Garganta (1997) afirma que o passe apenas pode ser considerado um
elemento importante para análise do jogo, mais propriamente para a análise da
táctica da fase ofensiva, quando se consideram factores que não os
estritamente quantitativos.
Silva (1998), caracterizou o primeiro passe segundo a distância desde o seu
ponto de partida ao ponto de chegada (curto e longo). Castelo (1996),
caracterizou a mesma variável quanto à distância, altura, direcção e sentido.
Garganta (1997), caracterizou-o quanto à sua direcção. Estas são algumas das
suas características investigadas no sentido de compreender a pertinência do
mesmo no processo ofensivo.
Silva (1998), refere que na variável características específicas do primeiro
passe, as equipas de distinto nível, não evidenciam diferenças estatisticamente
significativas, sendo o passe mais utilizado, para iniciar o processo ofensivo, o
curto/médio, baixo e longitudinal.
Mendes (2002), conclui no seu estudo que na transição defesa-ataque, o
primeiro passe é predominantemente para a frente, raso e curto/médio, para os
deferentes métodos de jogo ofensivo. No que respeita ao mesmo assunto, Reis
(2004) conclui no seu estudo que as equipas utilizam predominantemente os
passes curtos/médios para a frente.
Por outro lado, Garganta (1997) conclui que uma acção de jogo aparentemente
simples, como um passe longo, pode induzir desequilíbrio no balanço
ataque/defesa e provocar rupturas no sistema defensivo adversário, levando-nos
investigar a pertinência deste tipos de passa no início das sequencias
ofensivas do jogo. Na mesma ordem de ideias Hughes & Franks (2005), ao
analisarem os jogos da Fase Final do Campeonato do Mundo de 1990 e 1994,
evidenciaram a importância do passe longo, como forma de colocar
rapidamente a bola numa zona propícia de finalização, concluindo no estudo
29. que foram significativamente maior o número de finalizações obtidas através do
passe longo do que através do passe curto.
Desta forma, consideramos que a análise do primeiro passe logo após a
recuperação da posse de bola, poderá denotar algumas tendências na
transição defesa-ataque, sobre uma opção de maior temporização e segurança
ofensiva, passes curtos, passes para trás, ou numa outra de maior risco,
utilizando passes longos denotadores de um jogo mais directo e com maior
profundidade ofensiva.
14
TEMPO DE JOGO DECORRIDO (TJD)
Segundo Garganta (1997), o tempo de jogo decorrido refere-se ao período que
medeia entre o início de jogo e o momento em que tem lugar a acção da posse
de bola relativa ao início da sequência ofensiva observada.
Esta é uma variável habitualmente utilizada (Felisberto, 2004; Matos, 2006) no
intuito de discriminar, no tempo de jogo, a evidência de algumas acções, bem
como a sua relação com outras variáveis analisadas.
Neste contexto, Matos (2006) conclui no seu estudo que os primeiros e últimos
períodos de cada metade do jogo são os períodos com maior percentagem de
golo. De acrescentar que, segundo Costa (2005), a eficácia das sequências
ofensivas aumentam com o tempo de jogo decorrido, sendo que, finaliza-se
mais, e por consequência marcam-se mais golos no último quartil de jogo (dos
76`aos 90`). No entanto, a explicação para esta distribuição não está explícita,
nem aprofundada nestes estudos, podendo estar, na nossa perspectiva
associada à factores relativos às características das transições defesa-ataque
desses momentos de jogo.
VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA (VTB)
Dugrand (1989, cit. Garganta, 1997), foi o criador do conceito de velocidade de
transmissão da bola (VTB). Segundo este, “a velocidade de transmissão da
bola é tanto maior quanto mais o seu valor se aproxima da unidade. Quando o
número de bolas recebidas iguala o número de contactos com a bola, a
30. velocidade de transmissão alcança o seu valor máximo, e sendo que, quando
apenas um jogador intervém sobre a bola esta alcança o seu valor mínimo”.
Seguindo esta ideia, a VTB é um indicador composto, resultado do quociente
entre o Número de Bolas Recebidas (NR) e o Número de Contactos (NC)
realizados (VTB=NR/NC). O primeiro, NR, contabiliza as recepções realizadas
após um passe de um colega durante cada sequência ofensiva. O NC, traduz o
somatório de contactos na bola, utilizados pelos jogadores nessa mesma
sequência. O seu valor varia entre 0 e 1, sendo que, quanto mais se aproximar
da unidade mais rápida é considerada a transmissão da bola.
Deste modo, procura-se encontrar um indicador da “fluidez” do processo
ofensivo, acreditando no princípio de que quanto menor o número de
contactos, em função do número de recepções, maior a rapidez do processo
ofensivo.
Segundo Garganta (1997), a circulação da bola realizada a elevada velocidade
constitui um importante argumento ofensivo do jogo colectivo das equipas de
alto nível.
15
Quadro 2.1. Resultados da Velocidade de Transmissão da Bola nos estudos de Quarteu (1996),
Oliveira (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004).
Autor (data) Amostra VTB
Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 0.33 – 0.37
Oliveira (1996)
Em equipas de diferentes níveis competitivos não existem diferenças
significativas (0.35)
Ribeiro (2003) II Liga – época 2002/2003
Vitória 0,41
Empate 0,35
Derrota 0,20
Reis (2004) Camp. Euro-2004 – Portugal 0,33 + 0,13
Camp. Euro-2004 – Grécia 0,37 + 0,14
Verificou-se assim, que grande parte dos estudos da revisão apresentam uma
VTB entre os 0.30 e 0.40, sendo ainda de realçar que, no estudo de Oliveira
(1996), onde não foram verificadas diferenças significativas entre diferentes
níveis de equipas. Por outro lado, Garganta (1997) conclui no seu estudo que
uma elevada VTB não está necessariamente associada à eficácia ofensiva da
equipa.
31. 16
Número de Bolas Recebidas (NR)
O número de bolas recebidas, tem variado entre os 3.42 e 5.0, realçando o
facto de, se denotar uma redução progressiva com o decorrer das
competições. Levando-me assim a questionar, a redução de número de
jogadores participantes no ataque, com toque sobre o objecto de jogo, bem
como as implicações reflectidas no jogo moderno.
Quadro 2.2. Resultados da Número de Bolas Recebidas nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004).
Autor (data) Amostra Nº bolas recebidas
Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 4,5 – 5,0
Oliveira (1996)
Em média equipas de nível superior apresentam valores mais elevados
(19.3) do que as de nível inferior
Reis (2004) Camp. Euro-2004 – Portugal 4,01 + 2,95
Camp. Euro-2004 – Grécia 3,42 + 2,56
Número de Contactos (NC)
Interpretando a fórmula do autor (Dugrand, 1989, cit. Garganta, 1997), quando
o número de contactos é maior, menor é a velocidade de transmissão da bola.
Deste modo, o número de contactos na bola pode parecer um indicador
contraproducente para o jogo, retardando o processo ofensivo. Segundo
Lemoine et al. (2005), a posse de bola realizada a um único contacto é
eficiente e segura. O número de toques realizado por cada recepção, manifesta
um maior tempo para receber a bola, para decidir, ou possivelmente uma falta
de soluções para passar a bola e progredir, ou mesmo a necessidade de
avançar constantemente em condução da bola, aspectos que parecem
demorar o ataque.
Quadro 2.3. Resultados do número de contactos nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004).
Autor (data) Amostra Nº contactos com bola
Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 11 – 15.1
Oliveira (1996) Equipas de nível superior 14.2 e equipas de nível inferior 9.6
Reis (2004) Camp. Euro-2004 – Portugal 12,68 + 8,44
Camp. Euro-2004 – Grécia 12,95 + 11,13
32. De realçar, nos dados apresentados, que o desvio padrão é elevado, muito
próximo do valor apresentado no número de contactos.
Por outro lado, de referir também que, segundo Oliveira (1996), as equipas de
nível superior realizam o maior número de contactos na bola, em comparação
às equipas de nível inferior. O mesmo se verificou no estudo de Hughes &
Franks (2005) onde as equipas de nível superior apresentaram maior número
de contactos do que as equipas de nível inferior nas sequências ofensivas
finalizadas.
17
NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR (NVC)
Segundo Costa (2005), os deslocamentos em largura permitem ver uma
variação do ângulo de ataque (posição da bola relativamente à baliza
adversária), criando, segundo Castelo (2003), um maior espaço de jogo que
proporciona um número mais elevado de alternativas de resolução técnico-táctica
das situações momentâneas do jogo.
Esta é uma variável, já utilizada em alguns estudos de análise do processo
ofensivo (Garganta, 1997, Costa, 2005), descreve o movimento do objecto de
jogo no espaço, durante uma sequência ofensiva. Segundo Garganta (1997) a
variação de corredor é um indicador de eficácia ofensiva.
Das 523 acções ofensivas analisadas, Costa (2005) constatou um ataque
preferencialmente com uma (38,2%) ou duas (26,6%) variações de corredor. O
mesmo estudo apurou também ser possível associar a eficácia das sequências
ofensivas à variabilidade das mesmas, uma vez que na maioria das sequências
terminadas em remate a equipa observada realizou uma (40%), duas (30,7%) e
três ou mais (20,7%) variações de corredor. De realçar ainda que das acções
que não apresentaram variação de corredor uma pequena parte obteve remate
(8,7%), em comparação com uma maior fatia (22,5%) que culminou sem
remate.
Demonstra-se assim um aspecto causador de instabilidade na equipa
defensora, e como tal, aspecto ofensivo pertinente de análise.
33. 18
NÚMERO DE JOGADORES COM INTERVENÇÃO NA ACÇÃO OFENSIVA (NJOG)
Segundo Maças (1997), esta variável refere-se à quantidade (número) de
jogadores envolvidos na acção ofensiva.
Teodoresco (1984, cit. Garganta, 1997), considera o NJOG, uma variável
importante, dado que a variabilidade das situações de jogo é afectada pela sua
alteração.
Deste modo, o número de jogadores que intervêm na sequência ofensiva, é
não só um indicador quantitativo mediante os jogadores intervenientes, mas
poderá estar relacionado uma maior variabilidade de movimentos do objecto de
jogo em campo, e consequentemente, a uma maior exploração do espaço de
jogo na fase ofensiva do mesmo.
Segundo Faria (1998) intervêm directamente sobre a bola entre dois a seis
jogadores por sequência ofensiva, sendo que segundo o estudo de Rodrigues
(2000) a média de jogadores intervenientes nas sequências ofensivas
finalizadas é inferior a quatro.
Costa (2005), verificou, nas 523 sequências ofensivas observadas, um domínio
das acções ofensivas em que intervinham três jogadores (26,3%), sendo a
intervenção de quatro atacantes a segunda categoria mais observada (18,8%).
Nas 274 sequências ofensivas, terminadas em golo, analisadas por Matos
(2006), identificou-se uma superioridade das acções com três intervenientes
atacantes (28,5%), sendo a intervenção de quatro atacantes a segunda opção
mais verificada no estudo (17,9%).
TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ENTRE ATAQUE E A DEFESA (TRNAD)
Segundo Matos (2006) a presença da bola reúne alguns atacantes e defesas à
sua volta, num mesmo espaço (centro de jogo), e num determinado momento,
separados por objectivos divergentes, os quais regem acções dependentes de
factores estratégicos e tácticos.
Mediante isto, parece-nos pertinente perceber quantos jogadores estão
disponíveis para receber a bola, para que este ataque seja efectuado de forma
rápida e eficaz, bem como o número de defensores que se opõem ao mesmo,
dificultando o ataque. Denota-se assim pertinente contabilizar os jogadores
34. perto da bola (segurança na posse da bola), à frente da linha da mesma
(proporcionado rapidez e objectividade no ataque) e inevitavelmente o número
de defensores pela frente (que dificultam o ataque).
O TRN é uma variável que tem surgido em estudos mais recentes (Costa,
2005; Matos, 2006), a partir da qual os autores têm tentado compreender a
influência desta densidade de jogadores no processo ofensivo, bem como a
interacção com as outras variáveis em estudo.
Costa (2005), verificou que 80,7% das 523 sequências ofensivas analisadas,
ocorreram em situação de inferioridade numérica do ataque perante a defesa.
Em concordância com esta autora, Matos (2006), verificou que nos 274 golos
analisados, 76,3% ocorreram em inferioridade numérica do ataque perante a
defesa, 17,9% em igualdade entre as mesmas e só 5,8% ocorreram em
superioridade do ataque sobre a defesa.
A par desta variável Costa (2005), também realiza a análise da Relação
Numérica Ataque-Defesa. Esta é uma variável de ordem quantitativa, que
especifica a relação quantitativa numérica do número de atacantes e
defensores, expressa na dimensão qualitativa da variável anterior (TRNAD).
Sobre a mesma, a autora conclui que as relações ataque-defesa que mais
explicam a sua dependência para com a eficácia das sequências ofensivas são
2x3+GR, 2x4+GR, 3x4+GR, 5x6+GR e 5x8+GR.
Em ambas as variáveis apresentadas, os estudos por nós encontrados
divergem no momento exacto em que se contabiliza e qualifica cada uma das
sequências ofensivas. Segundo Costa (2005), esta é avaliada seis segundos
após o momento em que decorre a recuperação da posse de bola. Por sua vez,
Matos (2006), esta é analisada no momento exacto de finalização.
Se por um lado, é compreensível que o critério utilizado em cada um dos
trabalhos é direccionado aos objectivos dos mesmos, por outro, é necessário
algum cuidado na comparação de resultados, visto que, tal pormenor avalia
momentos diferentes do jogo, e consequentemente, apresentará também
significados distintos. Sendo assim, a interpretação dos mesmos deverá ser
feita mediante o critério definido.
19
35. Deste modo, consideramos pertinente o estudo da variável, sendo que, no
entanto, é de salvaguardar o facto, de que o critério da mesma deverá ser alvo
de alguma reflexão, sobre qual o critério mais adequado ao nosso estudo, ou
mesmo sobre a reestruturação do mesmo se necessário.
2.3. EFEITOS DA TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE NO PROCESSO
OFENSIVO.
Constitui como um dos objectivos deste estudo, compreender possíveis
relações entre as variáveis atrás descritas e a fase de finalização produzidas
pelas mesmas. Deste modo, apresentamos algumas variáveis, que na literatura
disponível se entendem como importantes no conhecimento do processo
ofensivo e que, mediante o conceito de transição, atrás definido, poderão estar
condicionadas pela transição defesa-ataque.
20
ZONA DE FINALIZAÇÃO (ZF)
A finalização é o colmatar, o momento mais desejado de qualquer processo
ofensivo, visto que é com esta acção que poderemos ou não atingir o golo. O
sucesso do jogo está dependente da obtenção do golo, que para muitos está
directamente relacionada com o volume de finalizações no jogo.
Vários autores preocuparam-se em perceber zonas de finalização, formas de
finalização, superfície de contacto na finalização, se resulta em golo ou não,
entre outras (Bezerra, 1995; Costa, 2005; Matos, 2006).
Quadro 2.4. Analise das acções técnico-tácticas de remate e remate com eficácia (golo),
segundo Bezerra (1995).
Remates Golos
Nº de acções por jogo Média = 1.6 + 4.5 Média = 1.5 + 1.0
Distância
Pequena área
Grande área
Fora da grande área
7.3%
33.3%
59.4%
14.2%
18.7%
3.5%
36. Matos (2006), verificou no seu estudo, que nas 274 sequências ofensivas,
terminadas em golo, a grande parte dos remates das mesmas ocorreu dentro
da grande área (62,4%), seguido da zona de dentro da pequena área (26,3%),
e sendo a zona de fora da grande área a menos sucedida (11,3%) no momento
de obter o golo. De forma semelhante, Yiannakos & Armatas (2006), tendo
como amostra de estudo 32 jogos do Europeu de 2004, verificaram que a maior
parte das sequencias ofensivas foram finalizadas na grande área (44,1%),
seguidas das finalizadas dentro da pequena área (32,2%) e, por fim, fora da
grande área (20,4%).
Deste modo, escolhemos estudar as zonas em que ocorreram as finalizações,
visto parecer um aspecto determinante na possibilidade de obter golo.
21
FORMA COM TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA (FTAO)
Segundo Hughes (1990), de todos o JDC, o Futebol distingue-se por ter um
dos índices mais baixos, expressa pela relação entre golos conseguidos e o
número de acções ofensivas realizadas. A média do número de remates por
jogo é cerca de 13 (treze) e o golo é conseguido a cada 7 (sete) tentativas.
Refere ainda que “uma equipa que consegue 10 (dez) remates que atinjam a
baliza, tem 86% de hipóteses de ganhar o jogo”.
Garganta (1997) estabeleceu um conjunto de categorias representantes da
forma como terminou a acção ofensiva.
Deste modo, o autor definiu as categorias: acção ofensiva positiva com êxito
total (1), acção ofensiva positiva com êxito parcial (2), acção ofensiva positiva
sem êxito (3), acção com situação de finalização criada terminada, sem remate,
no meio campo ofensivo (4), acção ofensiva negativa terminada no meio
campo ofensivo (5), e acção ofensiva negativa terminada no meio campo
defensivo (6).
Seguindo esta definição, Felisberto (2004) obteve os seguintes resultados na
análise do resultado da sequência ofensiva:
Quadro 2.5. Resultado das sequências ofensivas segundo Felisberto (2004).
Êxito Total (1) Êxito Parcial (2) Sem Êxito (3) Abort (4, 5 e 6)
2,6 3,6 9,5 84,3
37. Nas 523 sequências ofensivas observadas, Costa (2005) verificou uma
predominância das acções ofensivas terminadas sem remate (71,1%), sendo
que, das restantes situações positivas, ou seja com finalização, (28,9%), a
grande parte terminou com êxito parcial (16,1%), seguidas das situações
positivas sem êxito (8,8%) e só no fim as situações de êxito total (4%)
Apesar do grande relevo de todas estas categorias, perante o objectivo do
deste estudo, que só abarca a observação de situações culminadas em
finalização, só as três primeiras categorias definidas pelo autor (ET - êxito total,
EP - êxito parcial, e SE - sem êxito) se enquadram no mesmo.
22
2.4. SINTESE
De encontro à definição de Castelo (2003), - de que, a transição defesa-ataque
encontra-se dependente de dois aspectos fundamentais: (1) um primeiro,
relacionado com as atitudes e os comportamentos dos jogadores no momento
logo após à recuperação da posse de bola, no que respeita a quatro questões
fundamentais: i) a quem (todos os jogadores da equipa); ii) quando (momento
imediato após a recuperação à posse de bola); iii) onde (em qualquer espaço
do jogo); e iv) como (ocupando espaços apropriados, estabelecer linhas de
passe, utilizar mudanças rápidas de ritmo e direcção e executando
procedimentos técnico-tácticos individuais e colectivos) e (2) um segundo,
dependente da rápida transição do centro de jogo, desde a zona de
recuperação da posse de bola em direcção a espaços dominantes de
finalização – podemos identificar algumas variáveis.
38. Quadro 2.6 – Associação das variáveis observadas na revisão com a definição do conceito de transição defesa-ataque.
Questões Variáveis identificadas com a questão
23
A quem? (todos jogadores da equipa)
Tipo de Relação Numérica entre o ataque e a defesa e
Relação Numérica entre o ataque e a defesa
Quando? (momento imediato após a recuperação
à posse de bola)
Tempo de Jogo Decorrido.
Onde (em qualquer espaço do jogo); Zona de recuperação da posse de bola.
Como (ocupando espaços apropriados,
estabelecer linhas de passe, utilizar mudanças
rápidas de ritmo e direcção e executando
procedimentos técnico-tácticos individuais e
colectivos).
Tipo de recuperação da posse de bola.
Velocidade de Transmissão da Bola.
Rápida transição do centro de jogo, desde a zona
de recuperação da posse de bola em direcção a
espaços dominantes de finalização
Duração da acção ofensivas; velocidade de transmissão
da bola; número de contactos; número de bolas
recebidas. Número de Variações de Corredor, Número
de Jogadores, Zonas de Finalização e Forma como
Termina a Acção Ofensiva.
Inevitavelmente, apesar de sabermos que no Futebol é muito curta a diferença
entre o sucesso e o insucesso, torna-se importante diferenciar as
características da transição defesa-ataque, e os processos ofensivos que
desencadeia, com o sucesso ou insucesso que produzem.
Vários autores, tentam diferenciar as suas variáveis de estudo, com o sucesso
ou insucesso que uma equipa, ou um grupo de equipas, obtiveram em
determinada competição, servindo-lhes assim como amostra de estudo
(Hughes et al., 1988; Garganta, 1997; Silva, 1998; Scoulding et al, 2004;
Hughes & Franks, 2005;).
Deste modo, é possível identificar padrões de jogo de equipas de nível superior
e de nível inferior, o que evidentemente, é importantíssimo para o estudo da
modalidade.
No entanto, a divisão de dois níveis de equipas, com escolha de equipas de
nível superior e inferior, deve ser uma tarefa cuidada. Segundo, Low et. al
(2002) a diferença entre equipas, a nível internacional, tem vindo a reduzir,
sendo cada vez mais difícil encontrar diferenças significativas entre as
características que as distinguem.
39. Segundo Stanhope (2001) esta distinção entre o sucesso e o insucesso é na
grande parte das situações baseada nos resultados de um jogo ou pela sua
posição final numa competição. Tendo em conta o formato e os objectivos do
nosso estudo, parece-nos inadequado associarmos o sucesso de uma equipa,
perante um único resultado de um jogo, visto que, algumas vezes verificamos
que a equipa vencedora, nem sempre é a equipa que cria mais oportunidades
de finalização, que tem maior posse de bola, ou possuidora de outros melhores
indicadores de qualidade de jogo. Por outro lado, se uma equipa vence vários
jogos, já podemos ter mais certeza de ser possuidora de um bom nível
competitivo. Assim como, que as que perdem mais vezes, são provavelmente
equipas com um nível de jogo mais baixo. Deste modo, pensamos ser
pertinente diferenciar equipas de nível superior e inferior, mediante a sua
classificação em determinada competição, visto que, este critério resulta da
obtenção de melhores resultados num conjunto de jogos.
Por outro lado, Lago & Martin (2007), perante dados de 170 jogos da Liga
Espanhola de Futebol, identificaram diferenças significativas nas características
da posse de bola das equipas em função do nível da equipa opositora.
Como tal, estando já definidos os níveis de equipas, parece-nos também
importante identificar diferenças entre os vários tipos de confrontos, de acordo
com as variáveis que nos propomos a estudar, sendo este um objectivo que
desconhecemos estar desenvolvido por outros estudos.
24
40. 25
Transição Defesa-Ataque Processo Ofensivo Diferença entre:
Tempo de Jogo Decorrido
Zona de Recuperação Posse
de Bola
Tipo de Recuperação Posse
de Bola
Primeiro Passe
Velocidade de Transmissão da
Bola
Número de Variações de
Corredor
Número de Jogadores
Intervenientes na Acção
Ofensiva
Tipo de Relação Numérica e
Relação Numérica
Figura 2.2. Esquema descritivo do presente estudo.
Forma como Termina a
Acção Ofensiva
Zona de Finalização
Nível da Equipa
Tipos de
Confrontos
Em síntese, perante a revisão realizada procuraremos compreender relações
entre as variáveis da transição defesa-ataque estudadas e as variáveis
ofensivas que se desencadeiam, diferenciando-as, primeiro, em função dos
níveis de equipas e, posteriormente, em função dos tipos de confrontos.
O Futebol tem particularidades que o distinguem de outros desportos de
equipa. Quando comparado com o basquetebol e o andebol, apresenta uma
supremacia da defesa sobre o ataque (Grehaigne, 1992; Garganta, 1997).
Enquanto que no andebol, em média, os jogadores terminam com êxito cada
sexta acção ofensiva e no basquetebol, em cinco ataques realizados, dois
terminam com um lançamento eficaz, já no Futebol 1% dos ataques culminam
com a obtenção do golo (Sleziewski, 1986), o que faz com que um dos grandes
problemas do jogo consista em criar oportunidades de finalização. (Castelo,
1994).
Claudino (1993), apurou no seu estudo entre 159 a 204 acções ofensivas,
sendo que, 90 % terminaram sem remate à baliza e das 10% somente 1% foi
convertido em golo. Felisberto (2004), denota a mesma tendência quando em
41. 1249 sequências ofensivas verificou que 84,3% das mesmas não atingiram
finalização, e dos restantes 15,7% só 2,6% alcançaram o golo.
Deste modo, há que ter em conta as suas características como JDC, mas
atender sobretudo à especificidade do jogo.
A análise aprofundada da transição defesa-ataque levaria a termos como
amostra de estudo todas as acções defensivas e ofensivas do jogo, dado o
extenso número de transições existentes.
No entanto, seguindo o raciocínio efectuado na síntese do estudo e o problema
existente de criar situações de finalização no jogo, consideramos pertinente
estudar as transições defesa-ataque, as suas consequências no processo
ofensivo, em dois contextos diferentes (dois níveis de equipa), só e só em
situações culminadas em finalização.
Deste modo, limitando o estudo à observação de acções ofensivas terminadas
em finalização, tentaremos compreender qual o caminho para alcançar a
finalização em situação de jogo, nas equipas de nível superior e nas de nível
inferior.
26
42. 27
III. METODOLOGIA
3.1. AMOSTRA
3.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
O estudo terá uma amostra constituída pelas Acções Ofensivas terminadas em
Finalização, dos jogos das Selecções que participaram na Fase Final do
Mundial de 2006, decorrido entre os dias 9 de Junho a 9 de Julho de 2006 na
Alemanha.
A definição desta amostra foi sujeita aos seguintes critérios:
a) A observação de competições entre selecções, como é o caso do
Campeonato do Mundo ou da Europa, tem sido hábito frequente nos estudos
por nós abordados na revisão bibliográfica. Tal escolha, é alicerçada no facto
de serem provas, onde o nível competitivo é bastante elevado, com selecções
de alto nível. Antes de se qualificarem para as mesmas competições, estas
selecções têm de ultrapassar uma fase preliminar, denominada de fase de
qualificação para as fases finais, facto que provoca uma filtragem das melhores
selecções. Assim decidimos a utilização dos jogos do Campeonato do Mundo
realizado no ano de 2006.
b) Dentro do elevado nível de rendimento que caracteriza esta competição, é
nossa intenção diferenciar selecções de dois níveis, denominados de “superior”
e “inferior”, mediante a classificação das selecções participantes.
De forma a vincarmos bem estas diferenças, utilizamos como critério, a
classificação das equipas na fase final. Consideramos as equipas de nível
superior, todas as aquelas que atingiram os quartos-de-final da competição
(Itália, França, Alemanha, Portugal, Argentina, Inglaterra, Ucrânia e Brasil), e
as de nível inferior, todas as equipas que não superaram a fase de grupos
(Polónia, Costa Rica, Paraguai, Trindade e Tobago, Costa de Marfim, Sérvia e
Montenegro, Angola, Irão, Republica Checa, Estados Unidos da América,
Croácia, Japão, Coreia do Sul, Togo, Tunísia e Arábia Saudita).
43. Existe ainda um grupo de selecções que obtiveram um nível intermédio,
superando a fase de grupos mas sendo eliminadas nos oitavos-de-final da
competição (Equador, Suécia, Holanda, México, Austrália, Gana, Suiça e
Espanha), equipas estas excluídas da amostra, de modo a ser criada uma
distinção mais marcada entre os dados das equipas de nível superior e as de
nível inferior.
Deste modo, foram realizadas 48 (quarenta e oito) observações respectivas
aos jogos de 8 (oito) selecções denominadas de nível superior e 48 (quarenta e
oito) observações correspondentes aos jogos de 16 (dezasseis) selecções
denominadas de nível inferior, sendo ainda excluídas 16 (dezasseis)
observações de jogos de 4 (quatro) selecções de nível intermédio (ANEXO A)
De esclarecer ainda que cada observação é realizada em função da equipa
observada. Ou seja, como em cada jogo participam duas equipas, em algumas
situações o mesmo jogo teve de ser observado duas vezes, uma para cada
uma das mesmas.
c) Vários estudos já efectuados (Claudino, 1993; Garganta, 1997; Maças, 1997)
apresentaram uma amostra centrada no número de acções ofensivas, e não no
número de jogos, com o objectivo de melhor caracterizar a transição defesa-ataque
e o restante processo ofensivo pela eficácia das sequências analisadas.
Da mesma forma, consideramos pertinente a utilização deste critério, sendo
assim por nós adoptado, com a diferença de só analisarmos as Sequências
terminadas em Finalização, no objectivo de conhecer melhor o percurso para a
obtenção do golo, nos dois níveis diferenciados. Para esta triagem,
consideramos como Sequências Ofensivas terminadas em Finalização, todas
as sequencias ofensivas que culminassem com: Remate enquadrado com a
baliza, do qual poderá advir: golo (1), defesa do guarda-redes (2), intercepção
de um jogador da equipa que defende, que se constitui como ultimo obstáculo
móvel a transpor, substituindo posicionalmente o guarda-redes da sua equipa
(3) (Garganta, 1997). Consideramos ainda, todas as situações em que após
uma acção de remate intencional, a bola sai pela linha final da equipa
defensora (adversária).
28
44. Respeitando ainda todos estes critérios, algumas situações culminadas em
finalização foram excluídas, não sendo efectuada qualquer tipo de análise ou
recolha de dados sobre as mesmas, sendo elas: (1) todas as sequências
ofensivas, que segundo o árbitro da partida transgrediram as leis do jogo; (2)
todas as grandes penalidades, considerando-as descontextualizadas do nosso
objectivo de estudo; e (3) todas as sequências ofensivas decorridas em tempo
de prolongamento, ou seja, em partes de jogos posteriores às duas primeiras
regulamentadas.
Desta forma, foram identificadas 676 Sequencias Ofensivas Terminadas em
Finalização, de quarenta e seis jogos realizados, posteriormente analisadas
para a recolha de dados das variáveis em estudo.
29
3.1.2 PROCEDIMENTOS PRÉVIOS
De forma a concretizar a presente metodologia foi necessário percorrer um
conjunto de etapas, cuja discrição apresentamos de seguida:
Etapa 1 – Obtenção dos jogos a observar:
Todos os jogos da competição foram, transmitidos pelos canais televisivos
abertos, e paralelamente gravados directamente por vídeo, em formato VHS,
sendo depois realizada uma cópia em formato DVD, acompanhada de
cronometragem no canto inferior da imagem. Posteriormente, foram extraídas
todas as acções terminadas em finalização, para outro DVD, ficando sempre
contextualizadas ao jogo a que pertencem.
Etapa 2 – Construção do sistema de observação – Escolha e definição das
variáveis:
Após consulta da bibliografia e mediante o objectivo do estudo, seleccionamos
as variáveis que compuseram o sistema de observação utilizado. As mesmas
variáveis foram descritas de forma exaustiva, tendo sido levantadas as
categorias possíveis de cada variável.
45. Etapa 3 – Determinação da objectividade do sistema de observação:
Recorrendo a um jogo aleatório da amostra, observaram-se 15 minutos do
mesmo, de forma a determinar a objectividade do sistema de observação.
Pretendia-se, também, confirmar se as categorias de cada variável abrangiam
todos os comportamentos possíveis de ocorrerem no jogo.
Avaliando a sua validade, o instrumento em causa foi colocado à disposição de
um grupo de peritos, que emitiram opiniões relativas à composição do sistema
de observação (variáveis), categorias de observação de cada variável, à
pertinência das mesmas face à realidade, de forma a procedermos a alguns
ajustamentos necessários.
Ainda com o mesmo fragmento de jogo, o observador testou a fiabilidade inter-observador
do instrumento, e colocou-o à disposição de um grupo de peritos,
30
que testou a sua fiabilidade intra-observadores.
Etapa 4 – Discriminação da amostra de estudo:
Após finalizada a competição foi realizado um corte na amostra, com distinção
das equipas de nível superior e de nível inferior, discriminado os jogos dos
respectivos níveis.
Etapa 5 – Observação e recolha de dados:
Depois de asseguradas todas as condições de validade e fiabilidade do
instrumento, observaram-se todas acções ofensivas terminadas em finalização
recolhidas, anotando-se todos os dados em fichas de registo elaboradas para o
efeito (Anexo B).
Etapa 6 – Análise e tratamento de dados.
3.1.3. RECOLHA E REGISTO DE IMAGENS
Os jogos foram transmitidos por estações televisivas e depois de gravados em
dvd foram sujeitos a uma observação sistemática. Durante a observação dos
jogos, os comportamentos observados foram sendo descritos na folha de
recolha de dados (Anexo B), sendo que, sempre que necessário revistas, até
termos a certeza sobre a categoria observada. A incerteza, ou falta de clareza,
46. no registo dos dados de algumas acções observadas, levou-nos à exclusão
dos mesmos, procurando garantir a uma maior qualidade dos dados.
Normalmente, estas situações ocorreram em repetições de imagens de
sequências ofensivas ou defensivas, que decorriam imediatamente antes ao
momento que pretendíamos observar, sobrepondo-o. Ou pela imagem focar o
protagonista da mesma sequência, excluindo aspectos por nós pretendidos.
31
3.2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS E DISCRIMINAÇÃO DAS CATEGORIAS
Desenvolvemos um sistema de observação, classificado como sistema de
categorias, uma vez que para cada variável se sistematizaram um conjunto de
comportamentos que sempre que se manifestaram foram anotados. Na
construção deste sistema de observação tivemos em consideração alguns
sistemas de observação de referência, Claudino (1993), Castelo (1994), Maças
Garganta (1997), Silva (1998), Costa (2005), tendo sido realizados alguns
reajustes mediantes as orientações e necessidades do estudo, seguindo
sempre o objectivo inicialmente delineado.
3.2.1. VARIÁVEIS
Zona de Recuperação da Posse de Bola (ZREC)
Segundo Garganta (1997) “uma equipa encontra-se em posse de bola, quando
qualquer um dos seus jogadores realiza pelo menos três contactos
consecutivos com a bola, e/ou executa um passe positivo, permitindo manter a
posse de bola, e/ou realiza um remate”.
Para a recolha de dados nesta esta variável, o observador utilizou um
campograma (figura 3.3.) dividido em quatro sectores transversais (defensivo,
médio defensivo, médio ofensivo e ofensivo) e três corredores longitudinais
(lateral direito e esquerdo e corredor central), resultando um total de doze
zonas, tendo as linhas do campo como referência nessa divisão.
47. As zonas determinadas, por vezes definidas por linhas virtuais, são
ocasionalmente indutoras de algumas dúvidas nas observações realizadas.
Assim sendo, importa clarificar quais as estratégias seguidas para a superação
das mesmas.
Os corredores esboçados, são resultantes do prolongamento da linha lateral da
pequena área, facilitando a observação realizada. A divisão de sectores, teve
em conta as linhas frontais da grande área, na delimitação dos sectores
defensivo e ofensivo, bem como a linha do meio campo, na distinção dos
sectores médio defensivo e médio ofensivo.
Em ambas as situações, apesar de tais definições facilitarem a visualização e
interpretação das imagens, este aspecto nunca se sobrepôs ou desprezou a
coerência da informação pretendida nesta variável.
32
Sentido do Ataque
Figura 3.1. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZREC.
Sentido do Ataque
Sector
Defensivo
Sector
Médio
Defensivo
Sector
Médio
Ofensivo
Figura 3.2. Divisão em quatro sectores do Campograma da Variável ZREC.
Sector
Ofensivo
Corredor Esquerdo
Corredor Central
Corredor Direito
48. 33
Sentido do Ataque
DE MDE MOE OE
DC MDC MOC OC
DD MDD MOD OD
Figura 3.3. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZREC.
Desta forma, o campograma constitui-se por doze zonas devidamente
identificadas por:
– DE (Defensiva Esquerda);
– DC (Defensiva Central);
– DD (Defensiva Direita);
– MDE (Média Defensiva Esquerda);
– MDC (Média Defensiva Central);
– MDD (Média Defensiva Direita);
– MOE (Média Ofensiva Esquerda);
– MOC (Média Ofensiva Central);
– MOD (Média Ofensiva Direita);
– OE (Ofensiva Esquerda);
– OC (Ofensiva Central);
– OD (Ofensiva Direita).
Na observação de variável, para cada acção ofensiva terminada em
finalização, registou-se a zona do campograma, correspondente ao primeiro
momento de posse de bola da equipa que finaliza.
De realçar que, em certos momento da observação, as pequenas áreas não
estavam visíveis ao observador, pontos importantes de referência na
identificação dos sectores do campo.
49. De forma a ultrapassar este obstáculo, foram utilizadas como estratégias de
auxílio: (1) as linhas do circulo central do campo, sendo que os pontos de
intercepção destas com a linha do meio campo coincidem com as linhas
divisoras dos corredores; (2) as faixas longitudinais de relva, resultantes dos
efeitos de corte realizados no campo, que em todas as situações coincidiram
com a divisão dos corredores.
34
Tipo de Recuperação da Posse de Bola (TREC)
Segundo Machado (1997), a recuperação da posse de bola pode ser
classificada em:
– Intercepção directa da defesa (I) – o jogador consegue recuperar a
posse de bola, quer através de um desarme (disputa da bola entre um jogador
da equipa que defende e o adversário que está na posse de bola), quer através
de uma intercepção (acção desenvolvida por um jogador que se coloca entre a
linha da bola, sendo esta conduzida ou rematada por um adversário ou ainda
dirigida para um outro adversário);
– Erro Adversário (E Adv.) – situação do jogo que leva à recuperação da
posse de bola, sempre que a equipa de posse de bola cometa um erro, sem
que a nossa equipa tenha que realizar qualquer tipo de acção para ficar com a
posse de bola;
– Bola Parada (BP) – Sempre que se recupera a posse de bola por
motivos de reposição em jogo (lançamento da bola pela linha lateral, pontapés
de baliza, cantos) por infracção às leis do jogo (livres, pontapés de penalidade)
e início ou reinício de jogo;
– Outros (O) – Todas as acções não especificadas nas anteriormente
citadas.
Primeiro Passe após a Recuperação da Posse de Bola (PP)
A análise desta variável teve sempre como referência a trajectória da bola,
desde o ponto onde o jogador que recupera a posse de bola realiza o primeiro
passe e ponto onde o seu colega de equipa efectua a recepção da mesma.
50. Os passes foram classificados, quanto à sua direcção (frente, trás, lados e
oblíquos) e quanto ao seu comprimento (curto e longo). Desta forma, as
categorias definidas foram:
- Passe curto/médio para frente (CMF) – passe realizado no sentido do ataque,
da equipa observada, dentro do mesmo corredor, sendo realizado para um
receptor dentro dessa mesma zona ou para uma zona contígua da zona do
passe;
- Passe curto/médio para trás (CMT) – passe realizado no sentido contrário ao
do ataque, da equipa observada, dentro do mesmo corredor, sendo realizado
para um receptor dentro dessa mesma zona ou para uma zona contígua da
zona do passe;
- Passe curto/médio para o lado (CML) – passe realizado dentro do mesmo
sector, sendo realizado para um receptor dentro dessa mesma zona ou para
uma zona contígua da zona do passe;
- Passe curto/médio oblíquo (CMO) – passe realizado para uma zona contígua
à zona do passe, mas que não pertence nem ao mesmo corredor, nem ao
mesmo sector;
- Passe longo para a frente (LF) – passe realizado no sentido do ataque, da
equipa observada, dentro do mesmo corredor, cuja trajectória da bola transpõe
completamente um corredor intermédio até chegar à zona onde decorre a
recepção;
- Passe longo para trás (LT) – passe realizado no sentido contrário ao sentido
do ataque, da equipa observada, dentro do mesmo corredor, cuja trajectória da
bola transpõe completamente um corredor intermédio até chegar à zona onde
decorre a recepção;
- Passe longo para o lado (LL) – passe realizado dentro do mesmo sector, cuja
trajectória da bola transpõe completamente um corredor intermédio até chegar
à zona onde decorre a recepção;
- Passe longo oblíquo (LO) – passe cuja trajectória da bola ultrapassa
obrigatória e completamente um corredor e um sector intermédio até chegar à
zona onde decorre a recepção;
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51. Para além destas categorias consideramos ainda a categoria:
- Sem primeiro passe (SPP) – sempre que o jogador que recupera a bola é o
que finaliza, e sendo assim, não chega a efectuar o passe analisado.
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Tempo de Jogo Decorrido (TJD)
Consideramos o TJD como o período de tempo que decorreu desde o inicio do
jogo até ao momento em que se verificou a acção de posse de bola da
sequência ofensiva observada.
Ao se verificar o primeiro contacto com a bola no jogo – pontapé de saída –
começou a contagem no cronómetro incorporado no dvd, do respectivo jogo, a
partir de 00´00´´, indicando assim, automaticamente, o tempo de jogo decorrido
de cada sequência ofensiva observada.
Apoiado neste indicador, foram discriminadas seis categorias, já adoptadas por
outros autores (Garganta, 1997):
- Dos [0´aos 15´[;
- Dos [15´aos 30´[;
- Dos [30´aos 45´[;
- Dos [45´aos 60´[;
- Dos [60´aos 75´[;
- Dos [75´aos 90´[.
Velocidade de Transmissão da Bola (VTB)
Dugrand, 1989, cit. Garganta (1997), preconiza a utilização de um índice, ao
qual chama velocidade de transmissão da bola (VTB), que é calculado a partir
do quociente entre o Número de Bolas Recebidas (NR) e o Número de
Contactos (NC) realizados para a transmitir em cada acção ofensiva
observada. (VTB=NR/NC).
Número de Contactos (NC)
Revela-se no somatório de contactos com a bola, de todos os jogadores da
equipa atacante, em cada acção ofensiva observada.
52. Número de Bolas Recebidas (NR)
Define-se como o somatório de recepções efectuadas, após passe realizado
por um colega de equipa, em cada acção ofensiva observada.
O seu valor varia entre 0 e 1, sendo que, quanto mais se aproximar da unidade
mais rápida é considerada a transmissão da bola.
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Número de Variações de Corredor (NVC)
Esta variável demonstra o número de vezes que a equipa faz circular a bola de
um corredor para outro, através de um passe, traduzindo a amplitude das
acções ofensivas realizadas.
Perante o campograma dividido em três corredores (figura 3.1.), enumeramos
as categorias em seis variáveis possíveis, mediante a mudança do objecto do
jogo: do corredor direito para o central ou esquerdo, do corredor esquerdo para
o central ou direito e do corredor central para os corredores direito ou
esquerdo.
Deste modo as categorias possíveis são:
– Nenhuma variação de corredor;
– Uma variação de corredor;
– Duas variações de corredor;
– Três ou mais variações de corredor.
Número de Jogadores com Intervenção na Acção Ofensiva (NJOG)
O observador considerou como o número total de jogadores com intervenção
na acção ofensiva, todos os jogadores que contactaram com o objecto de jogo,
no decorrer da acção ofensiva observada.
Foram consideradas onze categorias:
– Um jogador;
– Dois jogadores;
– Três jogadores;
– Quatro jogadores;
– Cinco jogadores;
– Seis jogadores;
– Sete jogadores;
– Oito jogadores;
– Nove jogadores;
– Dez jogadores;
– Onze jogadores.
53. Em algumas situações pontuais, na análise desta variável, utilizamos como
estratégia, o número da camisola dos jogadores, para diferenciar os diferentes
jogadores participantes na sequência ofensiva.
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Relação Numérica entre o ataque e a defesa (RNAD)
Este indicador depende da relação quantitativa ataque-defesa, ou seja, da
diferença entre o número de jogadores envolventes de ambas as partes em
determinada situação de jogo. Procura identificar uma relação numérica
quantitativa, discriminando o número efectivo de jogadores atacantes e
defensores activos (no centro de jogo), disponíveis a participar na fase final da
sequência ofensiva.
A análise da mesma decorre no momento final da sequência ofensiva, sendo
que, o momento exacto de avaliação e os critérios da contagem são feitos de
acordo com a situação/contexto em que decorre:
1. Quando o passador efectua passe, para a frente, para o colega finalizar:
paramos a imagem no momento do passe e contabilizam-se os jogadores
atacantes e defensores à frente da linha bola (linha imaginária paralela à linha
final e que intercepta a bola) no momento realização do mesmo;
2. Quando o passador realiza passe para o lado ou para trás no sector ofensivo
(figura 3.3.), contabilizam-se os jogadores atacantes e defensores no mesmo
corredor, incluindo o jogador finalizador, no momento desse mesmo passe;
3. Quando o finalizador efectua mais de dois contactos na bola antes de
rematar, contabilizam-se os jogadores atacantes e defensores à frente da linha
da bola no momento do remate;
4. Quando é realizado um passe em profundidade, o defesa contacta a bola
enviando-a no sentido contrário à baliza atacante, e um atacante ganha o
ressalto (denominado por segunda bola) e finaliza, contabilizamos o número de
atacantes e defesas à frente da linha da bola no momento do remate.
Perante isto, após identificarmos a situação em causa, contabilizamos primeiro
o número de atacantes e posteriormente o número de defesas.