1) A polícia do Luxemburgo registrou 1.116 roubos em estabelecimentos comerciais em 2009, principalmente por bandos organizados que visam bebidas alcoólicas, itens de barbear, eletrônicos e bijuterias.
2) O estacionamento P&R Luxembourg-Sud agora tem 746 vagas após a adição de 133 novas vagas para atender à demanda crescente.
3) O Festival do Móvel, que apresenta móveis de designers europeus, está ocorrendo até 14 de março para que compradores
"Caça aos cafés que alugam quartos insalubres", no jornal CONTACTO.
1. 10 DE MARÇO DE 20105 luxemburgo actualidade
■ 1.116 roubos em 2009
A polícia Grã-Ducal registou 1.116
roubos nos estabelecimentos comer-
ciais do Luxemburgo.
Os dados dizem respeito aos furtos
efectuados nas prateleiras dos esta-
belecimentos comerciais, sobretudo
das estações de serviço, dos grandes
centros comerciais, das lojas de
venda de produtos electrónicos e dos
pronto-a-vestir.
Se até há alguns anos os roubos
eram efectuados de forma individual,
a polícia garante que agora os furtos
são efectuados por bandos organiza-
dos que têm por alvo as bebidas
alcoólicas, as lâminas de barbear,
material electrónico e bijuteria.
Este tipo de furto está sujeito a
uma pena de prisão efectiva que
pode ir até aos cinco anos e a multas
que variam entre os 251 e os cinco
mil euros.
Foto: Maurice Fick
■ P&R do Sul da capital vai ter
133 novos lugares
Desde quarta-
feira, o P&R Lu-
xembourg-Sud
dispõe de 133
novos lugares
de estaciona-
mento.
Situado en-
tre a Cloche
d'Or e o bairro de Howald, o parque
de estacionamento passa ter um total
de 746 lugares.
Com este alargamento, a cidade
do Luxemburgo pretende responder
às necessidades dos automobilistas
que diariamente recorrem aos P&R,
assim como à rede de autocarros da
capital para irem para o emprego.
O P&R do Sul da cidade do Lu-
xemburgo está ligado ao resto da
capital através da linha de autocarro
n°22 todos os oito minutos.
■ Festival do Móvel
até 14 de Março
A edição deste ano do já tradicional
Festival do Móvel prolonga-se até ao
próximo dia 14 de Março.
Durante esta semana, os potenci-
ais interessados em comprar mobiliá-
rio podem aproveitar as condições
mais vantajosas apresentadas pelos
comerciantes nesta altura do ano.
No total, são 35 lojas que aderiram
ao Festival, e a organização garante
que os lojistas vão aproveitar para
apresentarem as novidades no sector,
com modelos exclusivos dos maiores
fabricantes europeus. Algumas peças
já passaram por feiras internacionais,
como a de Bruxelas, Frankfurt, Coló-
nia, Paris e Milão.
No próximo domingo, as lojas vão
estar abertas entre as 14 e as 18h.
■ Automobilista alvejado
no bairro da Gare
Dois homens que circulavam de auto-
móvel na avenue de la Gare na capital
não ganharam para o susto na noite
de quarta para quinta-feira pelas 4h
da madrugada. Um veículo estacio-
nou ao lado das vítimas, tendo o
condutor do carro tentado alvejá-los
antes de se pôr em fuga em direcção à
zona alta da cidade do Luxemburgo.
Trata-se de um Audi A6 break de
cor preta cuja placa de matrícula é
luxemburguesa, mas que, após verifi-
cação, não está declarada.
Ninguém ficou ferido. A Polícia
inspeccionou o veículo dos dois ho-
mens bem como as fachadas da zona
envolvente e não encontrou nenhum
rasto de impacto de balas. A Polícia
admite tratar-se de uma pistola de
alarme. Entretanto, as acções levadas
a cabo para apanhar o atirador tê-
m-se revelado infrutíferas.
Subsídios ao consumo vão acabar
Preço da água
deverá aumentar
O Parlamento luxemburguês apro-
vou na semana passada uma nova
lei relativa ao consumo de água e
que deverá entrar em vigor em
Janeiro do próximo ano.
Uma medida que deverá agravar
ainda mais o custo do consumo
doméstico. Até agora, o preço final
ao consumidor não reflectia o
custo real da água, uma vez que o
consumo é subsidiado pelas co-
munas.
Na capital, desde o início do ano
que a comuna do Luxemburgo pas-
sou a facturar directamente o con-
sumo da água. Até ao final do ano
passado, a factura da água chegava
a casa dos munícipes juntamente
com a da electricidade e a do gás.
Uma factura que era emitida com o
símbolo da LEO.
Com a liberalização do mercado
da energia a LEO ficou apenas
responsável pela facturação do
consumo de energia, tendo passado
o consumo da água para a comuna
do Luxemburgo. Quem paga por
transferência bancária não terá que
se preocupar. Os dados já estão
todos informatizados.
No Luxemburgo
Mulheres trabalham mais
mas recebem menos
De 2000 a 2008, a percentagem de
mulheres no mercado de trabalho
passou de 50 para 55,1 %. Um nú-
mero que fica abaixo da média euro-
peia. Os dados foram revelados pelo
Statec, por ocasião da passagem do
Dia Internacional da Mulher, esta
segunda-feira.
O fosso salarial entre homens e
mulheres tem diminuído, mas a ver-
dade é que para trabalho igual, uma
mulher ganha, em média, menos
15 % do que um homem. As mulhe-
res também são as maiores vitimas
do desemprego. O Instituto de esta-
tísticas do Luxemburgo garante
ainda que no pais há mais mulheres
que homens: 102 para 100. Mas se
se analisar apenas a faixa etária
de +65 anos, aí a diferença é maior:
138 mulheres para cem homens. No
caso dos jovens, o desequilíbrio é
inverso. A média de idade da mulher
luxemburguesa é de 40 anos; casa-se
aos 32 anos e divorcia-se aos 41,4
anos. Os homens divorciam-se aos
44,3 anos. A esperança média de vida
de uma mulher no Luxemburgo é de
82,7 anos, mais 5,1 anos que no caso
dos homens.
Quartos nos cafés
preocupam deputados
Entre a escassez de alojamentos a preço razoável e a penúria dos novos imigrantes, o negócio dos "vendedores do sono" está aí para durar Foto: Paulo Lobo
Um ano depois dos primeiros alertas
na imprensa, o problema das más
condições nos quartos arrendados em
cafés chegou finalmente ao Parla-
mento luxemburguês.
Os deputados discutiram o assunto
com o ministro da Habitação, Marco
Schank, na semana passada. Os depu-
tados querem reforçar a fiscalização
nos cafés e encontrar soluções para a
penúria de alojamentos a baixo custo,
que obriga muitos imigrantes a viver
em condições insalubres.
Há um ano, o CONTACTO já dava
conta do problema. Nessa altura, as
autarquias de Esch e Differdange
abriram caça aos cafés que alugam
quartos insalubres. Por cima dos
estabelecimentos, a maioria explora-
dos por portugueses, as autoridades
descobriram condições de tirar o
sono. Em Differdange, havia 17 pes-
soas a partilhar uma só sanita e
duche, e quartos com 1,5 m de
altura. Em Esch, a autarquia teme
uma tragédia.
A maioria dos cerca de mil hóspe-
des nestas condições são portugueses
recém-chegados ao Luxemburgo a
trabalhar na construção: pagam entre
300 a 650 euros para dormir num
quarto com mais duas a quatro pes-
soas, com ou sem alimentação. "É um
caso de exploração de portugueses
por portugueses", acusava na altura
Roberto Traversini, vereador para os
Assuntos Sociais de Differdange.
"Eles vêm para cá e não conhecem
ninguém, não falam a língua, têm
medo da Polícia, e acabam a viver em
condições miseráveis".
O edil iniciou há dois anos uma
campanha de fiscalização dos cafés
que alugam quartos – a maioria,
garante, explorados por portugueses
–, e o que descobriu chocou-o.
"Havia um local com 17 pessoas e
uma só sanita e duche. Tinham umas
águas-furtadas com 1,5 m de altura
onde viviam duas pessoas. E não era
dos sítios piores, porque pelo menos
era relativamente limpo", contou ao
CONTACTO.
O "pior" dos 32 estabelecimentos
fiscalizados pela autarquia, entre os
34 cafés registados, era um antigo
cabeleireiro convertido em dormitó-
rio pelo proprietário do café ao lado –
um "corredor de 12 metros por 2,5
com tabiques a cada dois metros",
sem janelas. Os dez "quartos" assim
formados duplicavam de capacidade
com beliches, ao preço de 350 euros
por cama. A viver entre dois tabiques,
as autoridades encontraram uma grá-
vida de oito meses e o companheiro,
ambos portugueses.
"Fechámos imediatamente o local
e encontrámos um estúdio para o
casal", conta o vereador. Noutro café,
"uma família portuguesa de três pes-
soas, um casal com um bebé de três
meses, estava a viver num quarto de
9,5 m2, e há duas ou três semanas
que não tinham água quente". A
maioria dos 440 hóspedes a viver por
cima dos cafés de Differdange são
"imigrantes portugueses que traba-
lham no sector da construção", ga-
rante o vereador, tal como os 550
habitantes dos cafés em Esch-sur-
Alzette, a segunda maior cidade do
país e uma das que conta com maior
percentagem de portugueses (32,7
%).
"Há alguns luxemburgueses e afri-
canos, mas a maioria dos hóspedes
são portugueses com contratos tem-
porários nas empresas de constru-
ção", disse na altura ao CONTACTO a
vereadora dos Assuntos Sociais de
Esch, Vera Spautz.
"Encontrámos de tudo: insalubri-
dade, problemas de higiene e de
segurança", denunciou Vera Spautz,
que iniciou a campanha de fiscaliza-
ção há cerca de dois anos nos 55
cafés de Esch que arrendam quartos.
"Em três ou quatro cafés, eram casas
que deviam ser terraplanadas e re-
construídas, tal era a falta de segu-
rança. Tremo de pensar no que po-
derá acontecer um dia se houver um
incêndio: seria uma tragédia. Não
podemos continuar a fechar os
olhos".
Mas se as autarquias do Sul do país
não fecham os olhos às más condi-
ções deste tipo de pensões, têm recu-
sado até agora encerrar os dormitó-
rios por cima dos cafés, por falta de
alternativas para as centenas de imi-
grantes a receber salário mínimo que
ali encontram um tecto a preços do
tamanho da bolsa.
"A verdade, é preciso dizê-lo, é que
estes problemas existem devido à
penúria da habitação, sobretudo no
sector do arrendamento, onde as ren-
das são desmesuradamente eleva-
das", admitiu na altura a vereadora
socialista. E as alternativas sociais são
insuficientes. "Esch-sur-Alzette dis-
põe de 440 alojamentos sociais, mas
temos uma lista de espera de 400
famílias, e a procura não pára de
aumentar".
Em Differdange, o dilema é o
mesmo. "Não queremos fechar os
cafés nem pôr ninguém na rua, até
porque não temos alternativas sufici-
entes a nível de alojamento social",
disse ao CONTACTO o vereador de
Differdange.
À passagem dos inspectores sani-
tários, os proprietários são notifica-
dos para melhorar as infra-estruturas
dos estabelecimentos, sob a ameaça
de encerramento ou processo de con-
travenção.
A maioria dos cafés são proprie-
dade das grandes cervejarias nacio-
nais ("brasseries"), a quem os comer-
ciantes que exploram os cafés pagam
renda. Sem o "comércio do sono",
muitos teriam de fechar portas,
afirma Roberto Traversini.
■ Paula Telo Alves
Quartos nos cafés
preocupam deputados