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Mariposas da terra vermelha
Curta de Anderson Craveiro traz pequenas histórias da boemia londrinense

24/08/2011 | 15:21 Bruna   Komarchesqui/JL
Uma passeata de prostitutas contra a desocupação da Vila Matos, zona boêmia de Londrina até meados dos anos 70. A cena real é descrita no livro Terra Vermelha, de
Domingos Pellegrini, e serviu como inspiração ao cineasta Anderson Craveiro para roteirizar o curta-metragem Rubras Mariposas, que termina de ser filmado hoje, na Vila
Cultural Cemitério de Automóveis. Com apoio do Promic e estreia programada para dezembro, o filme faz referência ao contexto da vida boêmia de Londrina, do auge, nos
anos 50, até a decadência, na década de 70. “Pela minha influência cinematográfica e fotográfica, ele tem um tom surrealista. A noite se perde e vai para uma coisa lúdica, o
delírio. O próprio delírio da noite. Eu tenho, por exemplo, prostituta anã, desenhista monobraço e outras coisas que são surpresa”, diz Craveiro.

Apesar de fazer referência a uma época, o filme não tem pretensão histórica. “Ele é documental, mas não é um documentário. Temos feito entrevistas com pessoas da cidade
que viveram nessa época e estamos usando isso para caracterizar, porém, a história em si não é linear, são várias referências a coisas que aconteceram em Londrina, mas
tudo filtrado pela nossa visão”, explica a produtora Nádia Val. De acordo com Craveiro, a proposta do filme também não é contar uma história. “São pequenos recortes do
tempo, em pequenas histórias que fui juntando.”

No elenco, estão 133 atores, que vão de anônimos que nunca fizeram teatro ou cinema, até nomes consagrados como Maria Alice Vergueiro, Mário Bortolotto e Luciano
Chirolli. A personagem de Maria Alice passa pelas três décadas – do glamour dos cabarés ricos até a decadência – mantendo a mesma linha. “Ela é um fio condutor, mas
não podemos dizer que seja um personagem principal, porque o personagem principal é justamente esse tema, essas histórias”, afirma Nádia.

A produtora conta que, como a rubrica para cachê era muito pequena, atores e demais integrantes da equipe estão trabalhando pelo puro prazer de ver o trabalho pronto.
Alguns chegam a colocar dinheiro do próprio bolso para comprar pequenas coisas, como parafusos para os cenários. “Tem cena que a gente está atrás da câmera, deixando
o Anderson trabalhar, e está todo mundo chorando. Você fala ‘meu, não acredito, tá tudo tão lindo, tudo tão do jeito que a gente sonhou, a gente tá dando conta’. Todo mundo
da equipe está dando o sangue”, emociona-se Nádia.

O envolvimento da equipe, que chega a trabalhar 20 horas por dia, é tão grande que em determinado momento todos querem atuar. “Algumas cenas, quando a gente vê tudo
pronto, todo mundo começa a coçar e vem procurar: ‘Tem um figurino pra mim?’. E daqui a pouco está todo mundo entrando em cena, desde a moça que ajuda na limpeza,
até o pessoal cabeça de equipe”, revela Nádia, que interpreta uma cantora dos anos 50 no curta.

Com o orçamento curto – cerca de R$ 90 mil – até o diretor é visto pintando paredes no set improvisado no Cemitério de Automóveis, que cancelou sua agenda para ceder o
espaço às filmagens que duraram nove dias. O título Rubras mariposas é uma referência à terra vermelha de Londrina e à maneira como as prostitutas eram chamadas em
músicas da época. Apesar de trazer homens como personagens até fortes, Nádia explica que o filme é voltado ao trabalho e à sensibilidade da mulher. “É um filme muito
sensível, por isso que a gente chora muito. Não que ele seja um dramalhão, mas ele toca, ele é forte. Tem um trabalho de realismo que vai ser impactante, só que ele é
tocante, bonito, como uma flor”.

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