1. ARTE EM PARALAXE
Camila Nascimento dos Santos
Título da obra: “Jorge”
O consumo do tabaco é um dos maiores problemas de saúde pública, de proporções
internacionais. Seu consumo já esteve associado a comportamentos sociais que iam do glamour à
rebeldia em décadas passadas e este comportamento ainda é visto na atualidade. O combate ao
fumo e seus malefícios ganhou fôlego apenas nos últimos vinte anos. O cigarro e outras formas
de uso do tabaco são capazes de provocar dependência, decorrente da ação da nicotina. Com o
uso prolongado os efeitos passam a ser físicos, psicológicos e patológicos.
A obra “Jorge” é uma crítica ao uso abusivo pelos homens de substâncias tóxicas, neste caso, o
cigarro. Ela simboliza uma fusão entre o homem consumidor e o seu objeto de consumo exaltando
as consequências físicas do uso abusivo do cigarro. Isto engrandece a crítica e o pensamento de
que o homem é o causador de sua própria destruição, sendo consumidor de si mesmo.
O interesse em abordar esse assunto numa obra de arte surgiu decorrente do falecimento do meu
avô (Jorge, dá-se o nome da obra) por Câncer de Pulmão, fumante dos 14 ao 78 anos.
“Jorge” tem como objetivo provocar o observador (principalmente os fumantes) do que a droga
pode causar a ele. O “cigarro humano” se mostra destruído pelo consumo de seu próprio corpo. O
título da obra enfatiza o homem inserido nesse processo de destruição. As cinzas queimadas e
em declínio lembra a embalagem que mostra a impotência sexual. O pulmão enegrecido ressalta
o câncer. E a magreza também é visível na obra, assim como um sangue que se escorre só para
deixar a obra um pouco mais agressiva.
A obra se marca pela fugacidade da vida, do prazer e do vício (e, por estes, a identificação), da
certeza da morte e do domínio do tempo, daquilo que caracteriza o indivíduo, dos hábitos que o
tornam naquilo que é.
“Jorge” é fumante.
2. Ficha técnica
Materiais: Tubo branco 150mm e Resina.
Altura: 2,20 m; Largura: 0,30 m; Profundidade: 0,50 (medidas aproximadas)