O documento discute como os relacionamentos podem morrer quando as pessoas param de esperar mudança e crescimento um do outro, e começam a julgar e interpretar demais o parceiro. Manter a delicadeza, dar espaço para surpresas e não julgar é essencial para que o amor conjugal e a amizade permaneçam sadios e renovados.
2. A pior coisa que pode acontecer a uma amizade ou
relacionamento... — é quando os amigos ou parceiros
julgam que se conhecem mutuamente por completo;
e, também, quando pensando assim, os anos se
passam, e eles, por julgarem conhecer o outro, o
congelam em um estado de imutabilidade
3. e, desse modo, sem que se
saiba o que outro quer..., já se
o interpreta; ou quando não
sabendo que algo nele mudou,
se o fixa por antecipação; ou
quando amando o outro, se
assume que nosso amor por
ele é apesar dele, pois, não
damos mais a ele o poder de
nos surpreender..., apenas
porque o tenhamos frisado
numa bolha de amor fraterno
ou relacional que já não o
permita mudar aos nossos
olhos.
4. É assim que as amizades
vão morrendo e os
casamentos vão
ficando a mesma
coisa...
Sim, pois a história
impõe vícios
interpretativos!
A coisa boa de uma
amizade é justamente
a expectativa de
mutabilidade para o
bem...Por isto,
verdadeiros amigos
sempre se encontram
esperando o melhor
como surpresa
fraterna.
5. O mesmo se pode dizer do
casamento...Quando os cônjuges perdem a
esperança e alegria na possibilidade de
que o outro cresça e mude, então, inicia-
se o processo de falência do amor...
6. Digo..., não do amor
mesmo, que tudo sofre
e segue adiante... —
mas falo do amor
conjugal, que se
alimenta também da
alegria pela existência
do outro; e, mais que
isto: sempre espera que
o bem não cesse na vida
dele...
7. Na realidade, se há um ambiente no qual
mais do que em qualquer outro não se
deve julgar para que não se seja julgado,
esse tal ambiente é o da amizade e o do
casamento.
8. Entretanto, é justamente em tais/mesmos/ambientes que menos
se leva á serio tal recomendação de Jesus.Sim, pois é aí, pela
suposta segurança e indissolubilidade do vínculo, que mais se
julga, se interpreta e se projeta sobre o outro aquilo que não
necessariamente nele esteja presente ou sequer em processo de
existência...
9. “Segurança relacional”, seja pelo casamento ou pela
amizade, não devem funcionar justamente para a
realização do oposto: a ofensa, o julgamento, o
sincericidismo, ou a impaciência que diz: “Já sei que
tipo de coelho sai dessa mata...”
10. Todavia, é porque as pessoas se sentem
“seguras”, que ofendem, julgam ou pré-
definem o outro; e, depois, não sabem por
que ambos vão ficando cada vez mais
distantes...
11. Todas as coisas sadias
se alimentam de
pequenas gentilezas...
Todas as coisas sadias,
por mais intimas que
sejam, guardam
sempre um lugar para
a parcimônia e o
cuidado da não
ofensa...
12. Todas as coisas
sadias em um
relacionamento se
alimentam de
cuidado e
carinho...Todas as
coisas sadias em um
vínculo..., demandam
e dependem do
evitar das gritarias
e das histerias que
ofendem sem
capacidade para
retirar a ofensa...
13. O que se precisa crer
sempre é que o outro, seja
o amigo ou o cônjuge, são
seres com quem Deus
também fala; por isto,
muitas vezes, é melhor que
a nossa naturalidade no
trato persista na direção
do outro, sempre crendo
que não é a nossa voz a
única que fala, posto que
Deus também fale;
especialmente quando
abrimos mão da gritaria e
entregamos a questão ao
amor e à verdade de Deus.
14. O momento relacional
mais difícil é aquele no
qual um dos implicados
ou mesmo ambos,
julgam que já se
tornaram tão amigos
ou íntimos, que o
relacionamento já se
cimentou de um modo
tão concreto que já
não mais se quebre...
15. Aí reside grande engano... Pois, o amor não
acaba, mas pode entrar em um processo de
tanto sofrimento, que, em razão disso, perca a
felicidade no se dar...
16. Cada um de nós deve pensar
nisto; e, mais que isto: deve ver
com quem se perdeu a
delicadeza de manter a
amizade ou a conjugalidade
como coisa nova todos dias;
dando sempre ao outro a
chance de amanhecer melhor
para nós, e nós para ele; assim
como são as misericórdias de
Deus todos os dias, renovando-
se a cada manhã.
Nele, que assim manda que
seja, até 70x7,
Caio
25 de maio de 2009
Largo Norte Brasília- DF