1. SolucĢ§oĢes de ExercıĢcios do Livro
āCurso de AnaĢliseā, Volume I,
de Elon Lages Lima
Cleber Fernando Colle,
Edson JoseĢ Teixeira,
JuĢlio C. C. da Silva (jcconegundes@gmail.com) e
Rodrigo Carlos Silva de Lima (rodrigo.uļ¬.math@gmail.com)
24 de dezembro de 2013
9. ExercıĢcio 1.1:
Dados os conjuntos A e B, seja X um conjunto com as seguintes propriedades:
(1a
) X ā A e X ā B,
(2a
) Se Y ā A e Y ā B entaĢo Y ā X.
Prove que X = A āŖ B.
A inclusaĢo A āŖ B ā X eĢ fornecida pela primeira hipoĢtese. De fato, se x ā A ā X ou x ā B ā X (isto eĢ, se
x ā A āŖ B) entaĢo x ā X.
E a segunda hipoĢtese fornece a inclusaĢo A āŖ B ā X pois A āŖ B ā A e A āŖ B ā B.
Portanto, X = A āŖ B.
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20. ExercıĢcio 1.12:
Dada uma funcĢ§aĢo f : A ā B:
(a) Prove que se tem f(XY ) ā f(X)f(Y ), sejam quais forem os subconjuntos X e Y de A;
(b) Mostre que se f for injetora entaĢo f(XY ) = f(X)f(Y ) para quaisquer X e Y contidos em A.
(a)
Suponhamos que z ā f(X)f(Y ). Desta forma, temos que z ā f(X) e, consequentemente, existe x ā X tal
que f(x) = z. Como z /
ā f(Y ) e z = f(x), devemos ter que x /
ā Y . Logo, x ā XY . Assim, concluimos que
z = f(x) ā f(XY ).
Portanto, devemos ter que f(XY ) ā f(X)f(Y ).
(b)
Pelo item (a), temos que f(XY ) ā f(X)f(Y ). Logo, basta veriļ¬carmos que f(XY ) ā f(X)f(Y ).
Seja z ā f(XY ). EntaĢo, podemos escolher x ā XY tal que f(x) = z. Assim, z = f(x) ā f(X) pois x ā X.
Por outro lado, como f eĢ injetivo, f(x) = z e x /
ā Y , nenhum y ā Y eĢ tal que f(y) = z. Logo, z /
ā f(Y ). Portanto,
z ā f(X)f(Y ).
Com isso, concluimos que f(XY ) = f(X)f(Y ).
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21. ExercıĢcio 1.13:
Mostre que a funcĢ§aĢo f : A ā B eĢ injetora se, e somente se, f(AX) = f(A)f(X) para todo X ā A.
Se f : A ā B eĢ injetiva, pelo item (b) do exercıĢcio 1.12, a igualdade f(AX) = f(A)f(X) eĢ vaĢlida para todo
X ā A.
Suponhamos que a igualdade f(AX) = f(A)f(X) seja vaĢlida para todo X ā A. Seja a ā A e denotemos por
b o elemento f(a) ā B. Assim,
b /
ā f(A{a}) = f(A)f({a}).
Logo, naĢo existe aā²
ā A{a} tal que f(aā²
) = b = f(a). Desta forma, como a ā A eĢ arbitraĢrio, concluimos que f eĢ
injetivo.
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22. ExercıĢcio 1.14:
Dada a funcĢ§aĢo f : A ā B, prove que:
(a) fā1
(f(X)) ā X para todo X ā A;
(b) f eĢ injetora se, e somente se, fā1
(f(X)) = X para todo X ā A.
(a)
Se x ā X entaĢo x ā fā1
(f(X)) pois f(x) ā f(X). Assim, devemos ter que fā1
(f(X)) ā X.
(b)
Suponhamos que f eĢ injetora e ļ¬xemos X ā A. Provaremos que fā1
(f(X)) ā X e concluiremos, pelo item
(a), que fā1
(f(X)) = X. Desta forma, podemos concluir que se f eĢ injetora entaĢo fā1
(f(X)) = X, para qualquer
X ā A.
Seja y ā fā1
(f(X)). Segue que f(y) ā f(X). Assim, existe x ā X tal que f(x) = f(y). Sendo f injetiva,
conclui-se que y = x ā X. Portanto, como y ā fā1
(f(X)) eĢ arbitraĢrio, temos que fā1
(f(X)) ā X.
Suponhamos, por outro lado, que f seja tal que fā1
(f(X)) = X, para qualquer X ā A. Sejam x e y ā A
tais que f(x) = f(y). Neste caso, temos que f({x}) = f({x, y}). Assim, fā1
(f({x})) = fā1
(f({x, y})) e, pela
hipoĢtese,
{x} = fā1
(f({x})) = fā1
(f({x, y})) = {x, y}.
Desta forma, y ā {x} e, consequentemente, x = y. Com isso, concluimos que se x e y ā A saĢo tais que f(x) = f(y)
entaĢo x = y. Portanto, f eĢ injetiva.
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23. ExercıĢcio 1.15:
Dada f : A ā B, prove:
(a) Para todo Z ā B, tem-se que f(fā1
(Z)) ā Z;
(b) f eĢ sobrejetora se, e somente se, f(fā1
(Z)) = Z para todo Z ā B.
(a)
Seja z ā f(fā1
(Z)). Existe x ā fā1
(Z) tal que f(x) = z. Assim, como x ā fā1
(Z), z = f(x) ā Z.
Portanto, podemos concluir que f(fā1
(Z)) ā Z.
(b)
Suponhamos que f seja sobrejetora. Provaremos, para um Z ā B arbitraĢrio, que f(fā1
(Z)) = Z.
Pelo item (a), temos que f(fā1
(Z)) ā Z.
Seja z ā Z. Como f eĢ sobrejetiva, existe x ā A tal que z = f(x). Desta forma, como f(x) = z ā Z, segue que
x ā fā1
(Z). Logo, z = f(x) ā f(fā1
(Z)).
Desta forma, concluimos que f(fā1
(Z)) ā Z.
Portanto, devemos ter que f(fā1
(Z)) = Z.
Suponhamos, por outro lado, que f(fā1
(Z)) = Z, para todo Z ā B.
Seja z ā B. Deļ¬nindo Z = {z}, temos que
f(fā1
(Z)) = Z = {z}.
Desta forma, temos que z ā f(fā1
(Z)). Assim, existe x ā fā1
(Z) ā A tal que f(x) = z.
Portanto, neste caso, f eĢ sobrejetiva.
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24. ExercıĢcio 1.16:
Dada uma famıĢlia de conjuntos (AĪ»)Ī»āL, seja X um conjunto com as seguintes propriedades:
(1a
) Para todo Ī» ā L, tem-se X ā AĪ»;
(2a
) Se Y ā AĪ», para todo Ī» ā L, entaĢo Y ā X.
Prove que, nestas condicĢ§oĢes, tem-se X =
āŖ
Ī»āL
AĪ».
Pela primeira condicĢ§aĢo, temos que X ā AĪ» para cada Ī» ā L. Assim,
āŖ
Ī»āL
AĪ» ā X pois cada x ā
āŖ
Ī»āL
AĪ» pertence
a AĪ» ā X, para algum Ī» ā L.
O conjunto
āŖ
Ī»āL
AĪ» eĢ tal que
āŖ
Ī»āL
AĪ» ā AĪ», para todo Ī» ā L. Logo, pela segunda condicĢ§aĢo,
āŖ
Ī»āL
AĪ» ā X.
Portanto, X =
āŖ
Ī»āL
AĪ».
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30. ExercıĢcio 1.21:
Dados os conjuntos A, B, C, estabelecĢ§a uma bijecĢ§aĢo entre F(A Ć B; C) e F(A; F(B; C)).
Seja f : A Ć B ā C. Podemos deļ¬nir uma funcĢ§aĢo Ļf : A ā F(B; C) deļ¬nindo Ļf (a): B ā C como sendo a
funcĢ§aĢo dada por (
Ļf (a)
)
(b) := f(a, b),
para todo b ā B. Veriļ¬caremos que a funcĢ§aĢo Ļ: F(A Ć B; C) ā F(A; F(B; C)), dada por
Ļ(f) := Ļf ,
para cada f ā F(A Ć B; C), eĢ uma bijecĢ§aĢo.
Suponhamos que f e g ā F(A Ć B; C) sejam tais que Ļ(f) = Ļ(g). Assim, Ļf = Ļg. Logo, dado (a, b) ā A Ć B,
temos que
Ļf (a) = Ļg(a)
e, consequentemente,
f(a, b) =
(
Ļf (a)
)
(b) =
(
Ļg(b)
)
(b) = g(a, b).
Portanto, f = g. Com isso, concluimos que Ļ eĢ injetiva.
Seja Ļ: A ā F(B; C). Podemos deļ¬nir uma funcĢ§aĢo f : A Ć B ā C por
f(a, b) :=
(
Ļ(a)
)
(b),
para todo (a, b) ā A Ć B. Seja a ā A. Temos que
(
Ļf (a)
)
(b) = f(a, b) =
(
Ļ(a)
)
(b),
para todo b ā B. Desta forma Ļf (a) = Ļ(a). Portanto, como a eĢ arbitraĢrio, concluıĢmos que Ļf = Ļ. Com isso,
concluimos que Ļ eĢ sobrejetiva.
Portanto, Ļ: F(A Ć B; C) ā F(A; F(B; C)) eĢ uma bijecĢ§aĢo como querıĢamos demonstrar.
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32. ExercıĢcio 2.1:
Prove que, na presencĢ§a dos axiomas P1 e P2, o axioma A abaixo eĢ equivalente a P3:
A : Para todo subconjunto naĢo-vazio X ā N, tem-se Xs(X) Ģø= ā .
Relembremos as propriedades:
P1 : s : N ā N eĢ injetora;
P2 : Ns(N) = {1};
P3 : Se X ā N eĢ tal que 1 ā X e, para todo n ā X, s(n) ā X, entaĢo X = N.
Suponhamos que as aļ¬rmacĢ§oĢes P1, P2 e P3 sejam vaĢlidos. Concluiremos que o axioma A eĢ valido mostrando que
se X ā N eĢ tal que Xs(X) = ā entaĢo X = ā . Equivalentemente, se X ā s(X) entaĢo NX = N. Primeiramente,
temos que 1 ā NX, pois, caso contraĢrio, 1 ā s(N) jaĢ que
X ā s(X) ā s(N),
contradizendo P2. Por P1,
s(NX) = s(N)s(X) ā s(N)X.
Desta forma, se n ā NX entaĢo s(n) /
ā X e, consequentemente, s(n) ā NX. Assim, por P3, concluimos que
NX = N.
Reciprocamente, suponhamos que os axiomas P1, P2 e A sejam vaĢlidos. Seja X ā N tal que 1 ā X e, para
todo n ā X, s(n) ā X. Provaremos que X = N e concluiremos daıĢ que P3 eĢ vaĢlido. Suponhamos por absurdo que
NX Ģø= ā . Por A, segue que existe
n ā (NX)s(NX).
Como 1 /
ā NX, devemos ter que n Ģø= 1 e, por P2, existe m ā N tal que
s(m) = n.
Por P1, m /
ā NX jaĢ que s(m) = n /
ā s(NX). Assim, m ā X e s(m) = n /
ā X, contradizendo a hipoĢtese sobre X.
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33. ExercıĢcio 2.2:
Dados os nuĢmeros naturais a e b, prove que existe um nuĢmero natural m tal que m Ā· a > b.
Se a = 1, basta tomar m = b + 1, pois
1(b + 1) = b + 1 > b.
Se a Ģø= 1 entaĢo a > 1 jaĢ que a ā Z+. Assim, pela monoticidade da multiplicacĢ§aĢo em Z+,
ba > b.
Logo, para m := b, temos que ma > b.
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34. ExercıĢcio 2.3:
Seja a um nuĢmero natural. Se um conjunto X eĢ tal que a ā X e, aleĢm disso, n ā X ā n + 1 ā X, entaĢo X conteĢm
todos os nuĢmeros naturais ā„ a.
Seja
A := {k ā Z+ : a + k ā X}.
Pela deļ¬nicĢ§aĢo da relacĢ§aĢo 6 em Z+, b > a se e somente se b = a+k para algum k ā Z>0. Desta forma, provando
que A = Z+ podemos concluir que X conteĢm todos os nuĢmeros naturais > a.
Como a ā X, temos, pela propriedade de X, que a + 1 ā X. Logo, 1 ā A.
Suponhamos que k ā A. Pela deļ¬nicĢ§aĢo de A, isto implica que a + k ā X. Assim pela propriedade de X, temos
que a + k + 1 ā X. Logo, k + 1 ā A.
Portanto, pelo PIF, segue que A = Z+.
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35. ExercıĢcio 2.4:
Tente descobrir, independentemente, algumas das demonstracĢ§oĢes omitidas no texto.
Associatividade: m + (n + p) = (m + n) + p.
Provada no livro.
Comutatividade: m + n = n + m.
Primeiramente mostraremos que
m + 1 = 1 + m,
para todo m ā Z+. O caso em que m = 1 eĢ tautoloĢgico. Supondo, como hipoĢtese de inducĢ§aĢo, que
m + 1 = 1 + m
para algum m ā Z+, segue que
s(m) + 1 = s(s(m)) = s(m + 1) = s(1 + m) = 1 + s(m).
Assim, pelo PIF, temos que m + 1 = 1 + m, para todo m ā Z+.
Por ļ¬m, provaremos, para m ā Z+ arbitraĢrio e por inducĢ§aĢo em n ā Z+, que
m + n = n + m.
O caso n = 1 foi provado no paraĢgrafo anterior. Supondo, como hipoĢtese de inducĢ§aĢo, que
m + n = n + m
para algum n ā Z+, segue que
m + s(n) = s(m + n) = s(n + m)
= n + s(m) = n + (m + 1)
= n + (1 + m) = (n + 1) + m
= s(n) + m.
E o resultado segue pelo PIF.
Lei do Corte: m + n = m + p ā n = p.
Sejam n e p ā Z+. Provaremos, por inducĢ§aĢo em m ā Z+, que se m + n = m + p entaĢo n = p.
O caso em que m = 1 resume-se aĢ injetividade da funcĢ§aĢo s: Z+ ā Z+. Isto eĢ, como
s(n) = n + 1 = 1 + n = 1 + p = p + 1 = s(p),
temos que
n = p.
Suponhamos, como hipoĢtese de inducĢ§aĢo, que m+n = m+p implique que n = p. Assim, se s(m)+n = s(m)+p
entaĢo
s(m + n) = s(n + m) = n + s(m)
= s(m) + n = s(m) + p
= p + s(m) = s(p + m)
= s(m + p).
Assim, se s(m) + n = s(m) + p temos, novamente pela injetividade de s: Z+ ā Z+, que m + n = m + p e, pela
hipoĢtese de inducĢ§aĢo, n = p.
E o resultado segue pelo PIF.
Tricotomia: Dados m e n ā Z+, exatamente uma das treĢs alternativas seguintes podem ocorrer: ou m = n,
ou existe p ā Z+ tal que m = n + p, ou, entaĢo, existe q ā Z+ com n = m + q.
Dizemos que (m, n) ā Z+ Ć Z+ satisfaz a condicĢ§aĢo C se exatamente uma das exatamente uma das treĢs alterna-
tivas ocorre:
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36. ā¢ m = n;
ā¢ m = n + p, para algum p ā Z+;
ā¢ n = m + q, para algum q ā Z+.
Seja X o subconjunto de Z+ Ć Z+ deļ¬nido por
T := {(m, n) ā Z+ Ć Z+ : (m, n) satisfaz C}.
Observemos que, como
T =
āŖ
māZ+
{m} Ć Tm,
onde
Tm := {n ā Z+ : (m, n) satisfaz C},
mostrando que
Tm = Z+,
para cada m ā Z+, podemos concluir que
T =
āŖ
māZ+
{m} Ć Tm =
āŖ
māZ+
{m} Ć Z+ = Z+ Ć Z+.
Portanto, concluimos a Lei da Tricotomia.
Procederemos com a demonstracĢ§aĢo de que Tm = Z+ por inducĢ§aĢo em m ā Z+.
Consideremos o caso em que m = 1. Se n = 1 temos que n = m. AleĢm disso, como 1 /
ā s(Z), segue que
m = 1 Ģø= sp
(n) = n + p
e
n = 1 Ģø= sq
(m) = m + q,
para todos p e q ā Z+. Logo, (1, 1) satisfaz a condicĢ§aĢo C e, consequentemente, 1 ā T1. Supondo que n ā T1, como
naĢo se pode ter que 1 = m + q = sq
(m) jaĢ que 1 /
ā s(Z+), temos que exatamente uma das duas alternativas ocorre:
ā¢ n = 1 e, equivalentemente, s(n) = 1 + 1;
ā¢ n = 1 + q e, equivalentemente, s(n) = s(1 + q) = 1 + s(q).
Logo, se n ā T1 entaĢo s(n) ā T1. Com isso, concluimos, pelo PIF, que T1 = Z+.
Suponhamos, como hipoĢtese de inducĢ§aĢo, que Tm = Z+. Provaremos que Ts(m) = Z+.
Como X1 = Z+, temos imediatamente que (1, s(m)) satisfaz a condicĢ§aĢo C e, consequentemente, (s(m), 1)
satisfaz a condicĢ§aĢo C. Logo, 1 ā Ts(m). Supondo que n ā Ts(m), temos que exatamente uma das treĢs alternativas
ocorrem:
ā¢ n = s(m): Neste caso, s(n) = s(s(m)) = s(m) + 1;
ā¢ n = s(m) + q, para algum q ā Z+: Neste caso, s(n) = s(s(m) + q) = s(m) + s(q);
ā¢ s(m) = n + p, para algum p ā Z+: Neste caso, se p = 1 entaĢo s(m) = s(n). E, se p ā Z+{1} = s(Z+), existe
pĢZ+ tal que p = s(pĢ), e assim
s(m) = n + p = n + s(pĢ) = n + (1 + pĢ) = (n + 1) + pĢ = s(n) + pĢ.
Assim, se n ā Ts(m), temos que exatamente uma das treĢs alternativas ocorrem:
ā¢ s(n) = s(m) (no caso em que n = s(m));
ā¢ s(n) = s(m) + qĢ (no caso em que n = s(m) ou n = s(m) + q, onde qĢ = s(q));
ā¢ s(m) = s(n) + pĢ (no caso em que s(m) = n + p, onde p = s(pĢ)).
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37. Logo, se n ā Ts(m) entaĢo s(n) ā Ts(m). Com isso, concluimos, pelo PIF, que Ts(m) = Z+.
Portanto, Xm = Z+, para todo m ā Z+.
Transitividade: se m < n e n < p entaĢo m < p.
Se, para m, n e p ā Z+, tivermos que m < n e n < p entaĢo existem r e s ā Z+ tais que
m + r = n
e
n + s = p.
Desta forma,
p = n + s = (m + r) + s = m + (r + s).
Logo,
m < p.
Tricotomia: dados m e n ā Z+ exatamente uma das alternativas seguintes pode ocorrer: ou m = n, ou m < n
ou n < m.
Sejam m e n ā Z+. Segundo a tricotomia da adicĢ§aĢo (provada acima), exatamente uma das treĢs condicĢ§oĢes eĢ
vaĢlida: ou m = n; ou existe p ā Z+ tal que m = n + p e, portanto, m > n; ou existe q ā Z+ tal que n = m + q e,
portanto, m < n.
Monoticidade da adicĢ§aĢo: se m < n entaĢo, para todo p ā Z+, tem-se m + p < n + p.
Provada no livro.
Associatividade: m Ā· (n Ā· p) = (m Ā· n) Ā· p.
Provada no livro.
Comutatividade: m Ā· n = n Ā· m.
Primeiramente, provaremos que m Ā· 1 = 1 Ā· m, para todo m ā Z+. Depois, supondo, como hipoĢtese de inducĢ§aĢo,
que n ā Z+ eĢ tal que m Ā· n = n Ā· m, para todo m ā Z+, provaremos que n + 1 eĢ tal que m Ā· (n + 1) = (n + 1) Ā· m.
Como isso, o resultado segue pelo PrincıĢpio da InducĢ§aĢo Finita.
Provaremos a igualdade m Ā· 1 = 1 Ā· m por inducĢ§aĢo em m ā Z+. Para m = 1 a igualdade eĢ trivial. Suponhamos,
como hipoĢtese de inducĢ§aĢo, que m Ā· 1 = 1 Ā· m, para algum m ā Z+. Desta forma, temos que
(m + 1) Ā· 1 = m + 1 = m Ā· 1 + 1 = 1 Ā· m + 1 = 1 Ā· (m + 1).
Logo, pelo PIF, a igualdade eĢ vaĢlida.
Suponhamos que n ā Z+ seja tal que m Ā· n = n Ā· m, para todo m ā Z+. Mostraremos, por inducĢ§aĢo em m, que
m Ā· (n + 1) = (n + 1) Ā· m, para todo m ā Z+. Para m = 1, o resultado segue do paraĢgrafo anterior. E, supondo que
m Ā· (n + 1) = (n + 1) Ā· m, temos que
(m + 1) Ā· (n + 1) = (m + 1) Ā· n + (m + 1)
= n Ā· (m + 1) + (m + 1)
= n Ā· m + n + m + 1
= m Ā· n + m + n + 1
= m Ā· (n + 1) + (n + 1)
= (n + 1) Ā· m + (n + 1)
= (n + 1) Ā· (m + 1).
E temos o resultado.
Distributividade: m(n + p) = m Ā· n + m Ā· p.
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38. Provada no livro.
Lei do Corte: m Ā· p = n Ā· p ā m = n.
Suponhamos que m, n e p ā Z+ saĢo tais que
m Ā· p = n Ā· p.
Pela tricotomia, exatamente uma das treĢs condicĢ§oĢes eĢ satisfeita: ou m = n + q, para algum q ā Z+; ou m = n + q,
m = n + q, para algum q ā Z+; ou m = n. Provaremos que as duas primeiras condicĢ§oĢes naĢo saĢo possıĢveis e, com
isso, teremos o resultado.
Suponhamos que m = n + q, para algum q ā Z+. Segue que
n Ā· p = m Ā· p = (n + q) Ā· p = p Ā· (n + q) = p Ā· n + p Ā· q = n Ā· p + p Ā· q.
Contradizendo a tricotomia.
De forma anaĢloga, naĢo podemos ter n = m + q, para algum q ā Z+.
Monoticidade: m < n ā m Ā· p < n Ā· p.
Sejam n e m ā Z+ tais que
m < n.
Provaremos que
m Ā· p < n Ā· p,
para todo p ā Z+, por inducĢ§aĢo em p.
Para p = 1, a desigualdade eĢ imediata.
Suponhamos, como hipoĢtese de inducĢ§aĢo, que m Ā· p < n Ā· p, para um certo p ā Z+. Como m < n, existe q ā Z+
tal que
n = m + q.
Assim,
n Ā· (p + 1) = (m + q) Ā· (p + 1) = (p + 1) Ā· (m + q) = (p + 1) Ā· m + (p + 1) Ā· q = m Ā· (p + 1) + (p + 1) Ā· q.
e, consequentemente,
n Ā· (p + 1) < m Ā· (p + 1).
E o resultado segue, como querıĢamos, pelo PIF.
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39. ExercıĢcio 2.5:
Um elemento a ā Z+ chama-se antecessor de b ā Z quando se tem a < b mas naĢo existe c ā Z+ tal que a < c < b.
Prove que, exceto 1, todo nuĢmero natural possui um antecessor.
Seja x ā Z+{1}. Mostraremos que x possui um antecesor.
Pelo axioma de Peano P2, x = s(y) = y + 1 para algum y ā Z+. Logo, y < x.
Suponhamos que z ā Z+ eĢ tal que z < x. Mostraremos que z 6 y. Temos que
x = z + n,
para algum n ā Z+. Se n = 1 temos que
y + 1 = x = z + 1
e, consequentemente, pela Lei do Corte, y = z. Se n ā Z+{1} entaĢo, novamente pelo axioma de Peano P2, existe
m ā Z+ tal que n = s(m). Assim,
s(y) = x = z + n = z + s(m) = s(z + m)
e, pela injetividade da funcĢ§aĢo s (axioma de Peano P1),
y = z + m.
Logo, z < y.
Portanto, y eĢ um antecessor de x.
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40. ExercıĢcio 2.6:
Use inducĢ§aĢo para demonstrar os seguintes fatos:
a) 2(1 + 2 + 3 + ... + n) = n(n + 1);
b) 1 + 3 + 5 + ... + (2n + 1) = (n + 1)2
;
c) (a ā 1)(1 + a + a2
+ ... + an
) = an+1
ā 1, seja quais forem a, n ā N;
d) n ā„ 4 ā n! > 2n
.
FacĢ§amos as demonstracĢ§oĢes de maneira bem resumida.
a) Para n = 1, temos obviamente a igualdade uma vez que
2(1) = 1(1 + 1).
Suponhamos que a igualdade seja verdadeira para n = k, ou seja,
2(1 + 2 + 3 + ... + k) = k(k + 1)
e provemos a sua validade para n = k + 1.
Temos pela hipoĢtese de inducĢ§aĢo que
2(1 + 2 + 3 + ... + k + (k + 1)) = 2(1 + 2 + 3 + ... + k) + 2(k + 1)
= k(k + 1) + 2(k + 1)
= (k + 1)(k + 2) = (k + 1)((k + 1) + 1).
b) Para n = 1, temos a igualdade veriļ¬cada obviamente pois
1 + 3 = 4 = (1 + 1)2
.
Suponhamos que a igualdade seja veriļ¬cada para n = k, ou seja,
1 + 3 + 5 + ... + (2k + 1) = (k + 1)2
.
Assim, temos que
1 + 3 + 5 + ... + (2(k + 1) + 1) = 1 + 3 + 5 + ... + (2k + 1)(2k + 3)
= (k + 1)2
+ 2k + 3
= k2
+ 2k + 1 + 2k + 3
= k2
+ 4k + 4
= (k + 2)2
= ((k + 1) + 1)2
c) Para n = 1, temos a igualdade veriļ¬cada obviamente, pois (a ā 1)(1 + a) = a2
ā 1.
Suponhamos que a igualdade seja verdadeira para n = k, ou seja, (a ā 1)(1 + a + a2
+ ... + ak
) = ak+1
ā 1.
Assim, temos que
(a ā 1)(1 + a + a2
+ ... + ak
+ ak+1
) = (a ā 1)(1 + a + a2
+ ... + ak
) + (a ā 1)(ak+1
)
= ak+1
ā 1 + ak+2
ā ak+1
= ak+2
ā 1.
d) Para n = 4, temos a igualdade veriļ¬cada. Suponhamos que a igualdade seja veriļ¬cada para n = k, ou seja,
k! > 2k
.
Assim, temos que
(k + 1)! > (k + 1)k! > (k + 1)2k
> 2k+1
39
41. ExercıĢcio 2.7:
Use o Segundo PrincıĢpio de InducĢ§aĢo para demonstrar a unicidade de decomposicĢ§aĢo de um nuĢmero natural em
fatores primos.
Seja n ā N. Suponha que todos os nuĢmeros naturais menores do que n sejam escritos de forma uĢnica como
produto de fatores primos. Suponhamos que n tenha duas decomposicĢ§oĢes
n = Ī±1Ī±2...Ī±m
e
n = Ī²1Ī²2...Ī²p,
com Ī±i e Ī²j nuĢmeros primos. Se Ī±i = Ī²j para determinados i, j,(neste caso podemos supor sem perda de generali-
dade Ī±1 = Ī²1) ent ao temos que
n = Ī±ir
e
n = Ī²1s,
com r = Ī±2...Ī±m, s = Ī²2...Ī²p e r = s < n. Pelo segundo princıĢpio de inducĢ§aĢo, temos que m = p e Ī±i = Ī²i, para
i = 2, 3, ..., m.
Se Ī±i Ģø= Ī²j para qualquer i = 1, 2, ..., m e j = 1, 2, ..., p, entaĢo temos que
mdc(n, n) = mdc(Ī±1...Ī±m, Ī²1...Ī²p) = 1,
o que eĢ um absurdo. Logo ocorre o primeiro caso e segue o resultado.
40
42. ExercıĢcio 2.8:
Seja X um conjunto com n elementos. Use inducĢ§aĢo para provar que o conjunto das bijecĢ§oĢes (ou permutacĢ§oĢes)
f : X ā X tem n! elementos.
Provemos este exercıĢcio usando inducĢ§aĢo sobre o nuĢmero de elementos de X. Para |X| = 1, temos obvia-
mente |F| = 1. Suponhamos que se |X| = k, entaĢo |F| = k!. Suponhamos que |X| = k + 1, digamos X =
{x1, x2, ..., xn, xn+1}. Para cada i = 1, 2, ..., k + 1, seja fi : X ā X tal que fi(xk+1) = xi. Temos entaĢo k + 1 fā²
is.
Agora, por inducĢ§aĢo existem k! restricĢ§oĢes fi X{xk+1}
, pois cada restricĢ§aĢo fi X{xk+1}
: X {xk+1} ā X {xk+1} eĢ
uma bijecĢ§aĢo. Portanto |F| = (k + 1)k! = (k + 1)!, o que conclui a demonstracĢ§aĢo.
41
44. ExercıĢcio 2.10:
Dado um conjunto ļ¬nito X, prove que uma funcĢ§aĢo f : X ā X eĢ injetora se, e somente se, eĢ sobrejetora.
(ā) Temos que g : X ā f(X) dada por g(x) = f(x) eĢ uma bijecĢ§aĢo. Se f(X) Ģø= X terıĢamos um absurdo pois
naĢo pode haver bijecĢ§aĢo entre um conjunto ļ¬nito e um subconjunto proĢprio deste conjunto.
(ā) Seja X = {x1, x2, ..., xn}. Suponha que f naĢo seja injetora, ou seja, existem xi Ģø= xj em X tais que
f(x1) = f(x2). Assim, f(X) = {f(x1), f(x2), ..., f(xn)} teria no maĢximo n ā 1 elementos e desta forma f(X) Ģø= X,
o que eĢ um absurdo. Logo, f eĢ injetora.
43
45. ExercıĢcio 2.11:
Formule matematicamente e demonstre o seguinte fato(conhecido como princıĢpio das gavetas). Se m < n, entaĢo
de qualquer modo como se guardem n objetos em m gavetas, haveraĢ sempre uma gaveta, pelo menos, que conteraĢ
mais de um objeto.
f : In ā Im com n > m naĢo eĢ injetiva.
Se f naĢo eĢ sobrejetora, f|In tambeĢm naĢo seraĢ. Logo, f|In tambeĢm naĢo seraĢ injetiva pelo exercıĢcio anterior. E
consequentemente f tambeĢm naĢo seria injetiva.
Por outro lado, mesmo que f fosse sobrejetiva, se fosse tambeĢm injetiva, f seria uma bijecĢ§aĢo entre um conjunto
ļ¬nito e um subconjunto proĢprio dele, que eĢ um absurdo.
44
46. ExercıĢcio 2.12:
Seja X um conjunto com n elementos. Determine o nuĢmero de funcĢ§oĢes injetivas f : Ip ā X.
PrincıĢpio da contagem. Escolhamos um dos n elementos de X para ser f(1). DaıĢ escolhamos 1 dos n ā 1
elementos restantes para ser f(2). E assim sucessivamente temos que o nuĢmero de funcĢ§oĢes injetivas possıĢveis eĢ
n(n ā 1)(n ā 2)...(n ā p + 1).
45
48. ExercıĢcio 2.14:
Prove que se A tem n elementos, entaĢo P(A) tem 2n
elementos.
Associemos a cada X ā P(A) uma funcĢ§aĢo fX : A ā {0, 1} dada por f(x) = 1 se x ā X e f(x) = 0 se x /
ā X.
Temos entaĢo que a aplicacĢ§aĢo X ā fX eĢ uma bijecĢ§aĢo. E como, pelo princıĢpio da contagem, eĢ possıĢvel se fazer 2
funcĢ§oĢes f : A ā {0, 1} diferentes, temos que a ordem de P(A) eĢ exatamente 2.
47
49. ExercıĢcio 2.15:
Deļ¬na um funcĢ§aĢo sobrejetiva f : N ā N tal que, para todo n ā N, o conjunto fā1
(n) seja inļ¬nito.
Seja f : N ā N tal que f(2n
3m
) = n e f(x) = 1 para x divisıĢvel por qualquer primo diferente de 2 e 3. Portanto,
fā1
(N) ā {2n
3, 2n
32
, ..., 2n
3m
, ...}.
48
50. ExercıĢcio 2.16:
Prove que se X eĢ inļ¬nito enumeraĢvel, o conjunto das partes ļ¬nitas de X tambeĢm eĢ (inļ¬nito) enumeraĢvel.
Seja X = {x1, x2, ...}. Temos que
P =
ā
āŖ
i=1
{A ā {x1, x2, ..., xi}} =
ā
āŖ
i=1
Fi.
Temos que cardFi = 2i
. Como P eĢ uma reuniaĢo enumeraĢvel de conjuntos enumeraĢveis, P eĢ enumeraĢvel.
49
51. ExercıĢcio 2.17:
Seja f : X ā X uma funcĢ§aĢo. Um subconjunto Y ā X chama-se estaĢvel relativamente aĢ f quando f(Y ) ā Y. Prove
que um subconjunto X eĢ ļ¬nito se, e somente existe um funcĢ§aĢo f : X ā X que soĢ admite os subconjuntos estaĢveis
ā e X.
(ā) Seja X = {x1, x2, ..., xn} e f : X ā X dado por f(xi) = xi+1 se 1 ā¤ i < n e f(xn) = x1. Se f eĢ estaĢvel em
A e xp ā A, temos que xq = fqāp(modn)
(xp) ā A. Logo, A = X.
(ā) Dado x0 ā X (se X Ģø= ā , X eĢ ļ¬nito) consideremos o conjunto A = {x0, f(x0), f2
(x0), ..., fn
(x0), ...}. DaıĢ
X = A, pois f eĢ estaĢvel em A e A Ģø= ā .
Se naĢo existir k ā N tal que fk
(x0) = x0, A ā {x0} eĢ estaĢvel por f e logo A ā {x0} = X ā {x0} = ā , ou seja,
X = {x0}, ou A = X = A ā {x0}, absurdo.
Por outro lado, se existir k ā N tal que fk
(x0) = x0 o conjunto {x0, f(x0), f2
(x0), ..., fkā1
(x0)} eĢ estaĢvel por A
e naĢo vazio, logo eĢ igual a X.
50
52. ExercıĢcio 2.18:
Seja f : X ā X uma funcĢ§aĢo injetiva tal que f(X) Ģø= X. Tomando x ā X ā f(X), prove que os elementos
x, f(x), f(f(x)), ... saĢo dois a dois distintos.
Provaremos por inducĢ§aĢo em n que para todo p ā N, temos que fn
(x) Ģø= fn+p
(x) e a proposicĢ§ ao estarĀ“a
demonstrada. Com x /
ā f(X), temos que x Ģø= fp
(x), para todo p ā N. Suponhamos que fn
(x) Ģø= fn+p
(x). EntaĢo
fn+1
(x) Ģø= fn+1+p
(x) pois f eĢ injetora. Pelo PIF o resultado segue.
51
53. ExercıĢcio 2.19:
Dado um conjunto ļ¬nito X, prove que uma funcĢ§aĢo f : X ā X eĢ injetora se, e somente se, eĢ sobrejetora.
(ā) Temos que g : X ā f(X) dada por g(x) = f(x) eĢ uma bijecĢ§aĢo. Se f(X) Ģø= X terıĢamos um absurdo pois
naĢo pode haver bijecĢ§aĢo entre um conjunto ļ¬nito e um subconjunto proĢprio deste conjunto.
(ā) Seja X = {x1, x2, ..., xn}. Suponha que f naĢo seja injetora, ou seja, existem xi Ģø= xj em X tais que
f(x1) = f(x2). Assim, f(X) = {f(x1), f(x2), ..., f(xn)} teria no maĢximo n ā 1 elementos e desta forma f(X) Ģø= X,
o que eĢ um absurdo. Logo, f eĢ injetora.
52
54. ExercıĢcio 2.20:
(a) Se X eĢ ļ¬nito e Y eĢ enumeraĢvel, entaĢo F(X, Y ) eĢ enumeraĢvel.
(b) Para cada funcĢ§aĢo f : N ā N seja Af = {n ā N; f(n) Ģø= 1}. Prove que o conjunto X das funcĢ§oĢes f : N ā N
tais que Af eĢ ļ¬nito eĢ um conjunto enumeraĢvel.
Item (a)
Seja X = {x1, ..., xn}. Deļ¬nimos
Ļ : F(X, Y ) ā Y n
f ā (f(x1), ..., f(xn)).
Temos que Ļ eĢ claramente injetiva. Logo, F(X, Y ) estaĢ em bijecĢ§aĢo com o conjunto Ļ(F(X, Y )) ā Y n
. Como
Y eĢ enumeraĢvel, Y n
eĢ enumeraĢvel (pois eĢ produto ļ¬nito de conjuntos enumeraĢveis). Assim, Ļ(F(X, Y )) ā Y n
eĢ
anumeraĢvel e, consequentemente, F(X, Y ) eĢ enumeraĢvel.
Item (b)
Seja
Fn := {Y ā N; cardY = n}.
Deļ¬nimos
Ļ : Fn ā Y n
Y = {y1, ..., yn} ā (y1, ..., yn).
Claramente, Ļ eĢ injetiva. Como Y n
eĢ enumeraĢvel, segue que Fn eĢ enumeraĢvel. Portanto,
F :=
ā
āŖ
n=1
Fn
eĢ enumeraĢvel.
Seja
Ļ : X ā
āŖ
Y āF F(Y, N)
f ā f|Af
.
Temos que Ļ eĢ injetiva. De fato, se f, g ā X saĢo tais que Ļ(f) = Ļ(g) temos que
f|Af
= g|Ag
implicando que Af = Ag,
f|Af
= g|Ag ,
e
f = g
jaĢ que
f|NAf
= 1 = g|NAf
.
Pelo item anterior,
āŖ
Y āF F(Y, N) eĢ uma uniaĢo enumeraĢvel de conjuntos enumeraĢveis. Logo,
āŖ
Y āF F(Y, N) eĢ
enumeraĢvel. Assim, como Ļ eĢ injetiva, segue que X eĢ enumeraĢvel.
53
55. ExercıĢcio 2.21:
Obtenha uma decomposicĢ§aĢo N = āŖā
i=1Xi tal que os conjuntos Xi saĢo inļ¬nitos e dois aĢ dois disjuntos.
Para todo n ā N, existe um uĢnico k ā Z>0 tal que
2k
6 n < 2k+1
.
Por isso, ļ¬ca bem deļ¬nida a funcĢ§aĢo f : N ā Z>0 dada por
f(n) = n ā 2k
,
onde 2k
6 n < 2k+1
. Desta forma, temos, para
Xi := fā1
(i ā 1),
que
N =
ā
āŖ
i=1
Xi
com os conjuntos Xi sendo dois aĢ dois disjuntos. Adiante, como
Xi = {2k
+ i ā 1 | k ā Z>0, i ā 1 < 2k
},
temos que cada Xi eĢ inļ¬nito.
54
56. ExercıĢcio 2.22:
Deļ¬na f : N Ć N ā N, pondo f(1, n) = 2n ā 1 e f(m + 1, n) = 2m
(2n ā 1). Prove que f eĢ uma bijecĢ§aĢo.
Para cada nuĢmero natural p, temos, pela unicidade da decomposicĢ§aĢo de nuĢmeros naturais em nuĢmeros primos,
que existem uĢnicos m e q ā Z+ tais que p = 2mā1
q e q eĢ ıĢmpar. Sendo q ıĢmpar, existe um uĢnico n ā Z+ tal que
q = 2n ā 1. Assim, existem uĢnicos m e n ā Z>0 tais que p = 2mā1
(2n ā 1). Portanto, eĢ bem deļ¬nida a funcĢ§aĢo
g : Z+ ā Z+ Ć Z+
p = 2mā1
(2n ā 1) ā (m, n).
Como g eĢ uma inversa para f, temos que f eĢ bijetiva.
55
57. ExercıĢcio 2.23:
Seja X ā N um subconjunto inļ¬nito. Prove que existe uma uĢnica bijecĢ§aĢo crescente f : N ā X.
Deļ¬nimos, indutivamente f : N ā X por
f(1) = min(X)
e
f(n) = min
(
X ā
nā1
āŖ
i=1
{f(i)}
)
,
para n > 1. Temos, pelo PIF e pelo fato de X ā N ser bem ordenado, que f estaĢ bem deļ¬nida.
Dados m < n ā N, temos que
f(m) < min
(
X ā
nā1
āŖ
i=1
{f(i)}
)
= f(n)
pois f(m) 6 x, para todo x ā X ā
āŖmā1
i=1 ā X ā
āŖnā1
i=1 , e f(m) /
ā X ā
āŖnā1
i=1 . Com isso, concluimos que f eĢ
estritamente crescente e, consequentemente que f eĢ injetiva.
Provaremos, agora que f eĢ sobrejetiva. ComecĢ§aremos mostrando, por inducĢ§aĢo que
n 6 f(n).
Para n = 1, temos de X ā N, que
1 = min(N) 6 min(X) = f(1).
Usando o passo indutivo, temos que
n 6 f(n) < f(n + 1)
implicando que
n + 1 6 f(n + 1).
Logo, vale a desigualdade acima. Adiante, dado x ā XN, provaremos que x ā f(N). Suponhamos por absurdo que
exista x ā X ā f(N). Existe, pela arquimedianidade de N, n ā N tal que
x < n 6 f(n).
Mas, como
x ā X ā
nā1
āŖ
i=1
{f(i)},
terıĢamos uma contradicĢ§aĢo com o fato de que
x < min
(
X ā
nā1
āŖ
i=1
{f(i)}
)
.
Portanto, f eĢ sobrejetiva.
Provaremos, agora, que se g : N ā X eĢ uma bijecĢ§aĢo crescente entaĢo f = g. Devemos ter que
g(1) = min(X) = f(1)
pois, caso contraĢrio, existiria n ā N, com n > 1, tal que
g(n) = min(X) < g(1).
Contradizendo o fato de g ser crescente. Usando o passo indutivo,
g(k) = f(k),
para todo k < n + 1, devemos que ter
g(n + 1) = min
(
X ā
n
āŖ
i=1
{g(i)}
)
= min
(
X ā
n
āŖ
i=1
{f(i)}
)
= f(n + 1)
56
58. pois, caso contraĢrio, existiria p > n + 1 tal que
g(p) = min
(
X ā
n
āŖ
i=1
{g(i)}
)
< g(n + 1).
Contradizendo o fato de g ser crescente. E o resultado segue.
57
59. ExercıĢcio 2.24:
Prove que todo conjunto inļ¬nito se decompoĢe como reuniaĢo de uma inļ¬nidade enumeraĢvel de conjuntos inļ¬nitos,
dois a dois disjuntos.
Seja C um conjunto inļ¬nito.
Pelo exercıĢcio 2.21, existe uma decomposicĢ§aĢo
N =
āŖ
iāN
Xi
na qual os conjuntos Xi saĢo inļ¬tos e dois aĢ dois disjuntos.
Se C eĢ enumeraĢvel, existe uma bijecĢ§aĢo f : N ā C. Logo,
C =
āŖ
iāN
f(Xi)
eĢ uma decomposicĢ§aĢo na qual os conjuntos f(Xi) saĢo inļ¬tos e dois aĢ dois disjuntos.
Se C eĢ naĢo-enumeraĢvel, existe uma aplicacĢ§aĢo injetiva f : N ā C tal que C ā f(N) eĢ inļ¬nito. Assim,
C = (C ā f(N)) āŖ
āŖ
iāN
f(Xi)
eĢ uma decomposicĢ§aĢo na qual os conjuntos C ā f(N) e f(Xi) saĢo inļ¬tos e dois aĢ dois disjuntos.
58
61. ExercıĢcio 2.26:
Prove que o conjunta das sequeĢncias crescentes (n1 < n2 < n3 < ...) de nuĢmeros naturais naĢo eĢ enumeraĢvel.
Usaremos o argumento da diagonal de Cantor.
Suponhamos, por absurdo, que exista um enumeracĢ§aĢo a1
, a2
, a3
, ... das sequeĢncias crescentes de nuĢmeros naturais
ai
, i ā N, dadas por
ai
1 < ai
2 < ai
3 < ...
Temos que a sequeĢncia b, deļ¬nida indutivamente por
b1 = a1 + 1
e
bn+1 = max(bn, an+1) + 1
naĢo pertence aĢ enumeracĢ§aĢo acima. De fato, temos, pela deļ¬nicĢ§aĢo de b, que
ai
i < bi
e,consequentemente,
b Ģø= ai
para todo i ā N.
60
62. ExercıĢcio 2.27:
Sejan (N, s) e (Nā²
, sā²
) dois pares formados, cada um, por um conjunto e uma funcĢ§aĢo. Suponhamos que ambos
cumpram os axiomas de Peano. Prove que existe uma uĢnica bijecĢ§aĢo f : N ā Nā²
tal que f(1) = 1ā²
, f(s(n)) = sā²
(f(n)).
Conclua que:
a) m < n ā f(m) < f(n);
b) f(m + n) = f(m) + f(n);
c) f(m Ā· n) = f(m) Ā· f(n).
Como (N, s) e (Nā²
, sā²
) satisfazem os axiomas de Peano, devemos ter que a funcĢ§aĢo f : N ā N ļ¬ca bem deļ¬nida
por
f(1) = 1ā²
e
f(s(n)) = sā²
(f(n))
para todo n ā N. De fato, f estaĢ deļ¬nida em todo N = {1} āŖ s(N) pois estaĢ deļ¬nida em {1} e s(N). Como s
eĢ injetiva, segue que f estaĢ bem deļ¬nida. Em particular, segue que f eĢ a uĢnica funcĢ§aĢo N ā Nā²
satisfazendo as
condicĢ§oĢes do enunciado. Temos, tambeĢm, que f eĢ injetiva. De fato, seja
X = {n ā N; f(n) /
ā f(N ā {n})}.
Temos que 1 ā X pois, pela deļ¬nicĢ§aĢo de f,
f(N ā {1}) = f(s(N)) ā sā²
(Nā²
) = Nā²
ā {1ā²
} = Nā²
ā {f(1)}.
E, se n ā X, temos que s(n) ā X. De fato, temos que f(s(n)) Ģø= f(1) = 1ā²
pois
f(s(n)) = sā²
(f(n)) ā sā²
(Nā²
) = Nā²
ā {1ā²
}
e, se m Ģø= n e f(m) Ģø= f(s(m)), entaĢo temos que
f(n) Ģø= f(m),
pois n ā X, e, consequentemente,
f(s(n)) = sā²
(f(n)) Ģø= sā²
(f(m)) = f(s(m)).
Implicando, pelo PIF, que f(s(n)) /
ā f(N ā {s(n)} ou, equivalentemente, s(n) ā X. Portanto, pelo PIF, temos
que X = N e, da deļ¬nicĢ§aĢo de X, concluıĢmos que f eĢ injetiva. Temos, tambeĢm, que f eĢ sobrejetiva. De fato,
1ā²
= f(1) ā f(N) e, se n = f(k) ā f(N) temos que
sā²
(n) = sā²
(f(k)) = f(s(k)) ā f(N).
Assim, pelo PIF, temos que f(N) = Nā²
. Portanto, f eĢ uma bijecĢ§aĢo.
a)
Provaremos primeiro que m < n implica f(m) < f(n). Seja
X = {p ā N; f(n + p) > f(n), ān ā N}.
Temos que 1 ā N pois, dado n ā N,
f(n + 1) = f(s(n)) = sā²
(f(n)) > f(n).
Supondo que p ā X, temos, para qualquer n ā N, que
f(n + s(p)) = f(s(n) + p) > f(s(n)) = sā²
(f(n)) > f(n).
61
63. Logo, p ā X implica que s(p) ā X. Assim, concluıĢmos, pelo PIF, X = N. Portanto, se m < n, temos, para p ā N
tal que n = m + p, que
f(m) < f(m + p) = f(n).
Agora, provaremos que f(m) < f(n) implica que m < n. Seja
X = {p ā Nā²
; f(n) = f(m) + p implica m < n}.
Temos que 1ā²
ā X. De fato,
f(n) = f(m) + 1ā²
implica que
f(n) = sā²
(f(m)) = f(s(m))
e, consequentemente,
n = s(m) > m.
Supondo que p ā X, temos que
f(n) = f(m) + sā²
(p)
implica que
f(n) = sā²
(f(m)) + p = f(s(m)) + p
e, consequentemente,
n > s(m) > m.
Logo, p ā X implica que sā²
(p) ā X. Assim, concluıĢmos que X = Nā²
. Portanto, se f(m) < f(n), temos, para p ā Nā²
tal que f(n) = f(m) + p, que
m < n.
b)
Seja
X = {n ā N; f(n + m) = f(n) + f(m), ām ā N}.
Provaremos que X = N e teremos, assim, o resultado.
ComecĢ§amos mostrando que 1 ā X. Temos que
f(1 + 1) = f(s(1)) = sā²
(f(1)) = f(1) + 1ā²
= f(1) + f(1).
E, se
f(1 + m) = f(1) + f(m),
temos que
f(1 + s(m)) = f(s(s(m))) = sā²
(f(s(m))) = 1ā²
+ f(s(m)) = f(1) + f(s(m)).
Logo, pelo PIF, temos que f(1 + m) = f(1) + f(m) para todo m ā N. Ou seja, 1 ā X.
Suponhamos que n ā X. Provaremos que s(n) ā X. Temos que
f(s(n) + 1) = f(s(s(n))) = sā²
(f(s(n))) = f(s(n)) + 1ā²
= f(s(n)) + f(1).
Adiante, se
f(s(n) + m) = f(s(n)) + f(m),
temos que
f(s(n) + s(m)) = f(s(s(n) + m))
= sā²
(f(s(n) + m))
= f(s(n) + m) + 1ā²
= f(s(n)) + f(m) + 1ā²
= f(s(n)) + f(1) + f(m)
= f(s(n)) + f(1 + m)
= f(s(n)) + f(s(m)).
Assim, concluıĢmos, pelo PIF, que f(s(n) + m) = f(s(n)) + f(m) para todo m ā N. Logo, n ā X implica que
s(n) ā X.
Portanto, concluıĢmos, pelo PIF, que X = N.
62
64. c)
Seja
X = {n ā N; f(n Ā· m) = f(n) Ā· f(m), ām ā N}.
Provaremos que X = N e teremos, assim, o resultado.
ComecĢ§amos mostrando que 1 ā X. De fato, dado m ā N, temos que
f(1 Ā· m) = f(m) = 1ā²
Ā· f(m) = f(1) Ā· f(m).
Suponhamos que n ā X. Provaremos que s(n) ā X. Temos que
f(s(n) Ā· 1) = f(s(n)) = f(s(n)) Ā· 1ā²
= f(s(n)) Ā· f(1)
Adiante, se
f(s(n) Ā· m) = f(s(n)) Ā· f(m),
temos que
f(s(n) Ā· s(m)) = f(s(n) Ā· m + s(n) Ā· 1)
= f(s(n) Ā· m) + f(s(n) Ā· 1)
= f(s(n) Ā· f(m) + f(s(n)) Ā· 1ā²
= f(s(n)) Ā· (f(m) + 1ā²
)
= f(s(n)) Ā· sā²
(f(m))
= f(s(n)) Ā· f(s(m)).
Assim, concluıĢmos, pelo PIF, que f(s(n)Ā·m) = f(s(n))Ā·f(m) para todo m ā N. Logo, n ā X implica que s(n) ā X.
Portanto, concluıĢmos, pelo PIF, que X = N.
63
68. ExercıĢcio 2.29:
(Teorema de Bernstein-Schroeder) Dados conjuntos A e B, suponha que existam funcĢ§oĢes injetivas f : A ā B e
g : B ā A. Prove que existe uma bijecĢ§aĢo h : A ā B.
SolucĢ§aĢo 1:
Seja C := g(B) ā A. Mostraremos que existe uma bijeccĢ§aĢo H : A ā C. Assim, como g : B ā C eĢ uma bijecĢ§aĢo,
temos que h := gā1
ā¦ H : A ā B eĢ uma bijecĢ§aĢo.
Como f : A ā B e g : B ā C saĢo funcĢ§oĢes injetivas, temos que F := g ā¦ f : A ā C eĢ uma funcĢ§aĢo injetiva. Logo,
F(X ā Y ) = F(X) ā F(Y ), para todos X e Y ā A.
Deļ¬nimos A1 := A e C1 := C. E, pelo princıĢpio da deļ¬nicĢ§aĢo recursiva, podemos deļ¬nir
An := F(Anā1)
e
Cn := F(Cnā1)
para todo n > 1.
Desta forma, dado x ā A, temos que x ā An ā Cn, para algum n ā Z+, ou x ā C (pois x /
ā A1 ā C1 = A ā C
implica que x ā C). EntaĢo, a funcĢ§aĢo H : A ā C dada por
H(x) =
{
F(x) se x ā An ā Cn para algum n ā Z+;
x caso contraĢrio,
para todo x ā A, eĢ bem deļ¬nida.
Sejam x e y ā A tais que H(x) = H(y). Se x ā An ā Cn, para algum n ā Z+, entaĢo y ā Ak ā Ck, para algum
k ā Z+. De fato, se y /
ā Ak ā Bk, para todo k ā Z+, entaĢo
y = H(y) = H(x) = F(x) ā F(An ā Bn) = F(An) ā F(Bn) = An+1 ā Bn+1
(pois F eĢ injetivo). Uma contradicĢ§aĢo. Assim, se x ā An ā Cn, para algum n ā Z+, entaĢo
F(x) = H(x) = H(y) = F(y)
e, consequentemente, x = y. AleĢm disso, se x /
ā An ā Cn, para todo n ā Z+, entaĢo, como no caso anterior, temos
que y /
ā An ā Cn, para todo n ā Z+, e, consequentemente,
x = H(x) = H(y) = y.
Logo, em todo caso, x = y. Portanto, podemos concluir que H eĢ injetivo.
Seja x ā C. Se x ā An ā Cn = F(Anā1) ā F(Cnā1) = F(Anā1 ā Cnā1), para algum n > 1, temos que
x = F(y) = H(y)
para algum y ā Anā1 ā Cnā1. Por outro lado, se x /
ā An ā Cn, para todo n ā Z+, Temos que
x = h(x).
Logo, podemos concluir que H eĢ sobrejetiva.
Portanto, temos que H : A ā C eĢ uma bijecĢ§aĢo. E o resultado segue.
SolucĢ§aĢo 2:
A grosso modo analizaremos as quantidades de elmentos das sequeĢncias das formas
x, gā1
(x), fā1
ā¦ gā1
(x), gā1
ā¦ fā1
ā¦ gā1
(x), ...,
x ā A, e
y, fā1
(y), gā1
ā¦ fā1
(y), fā1
ā¦ gā1
ā¦ fā1
(y), ...,
67
69. y ā B. DaıĢ particionaremos A e B de modo a obter uma funcĢ§aĢo entre A e B cuja bijetividade eĢ herdada da
injetividade de f e g.
Sejam
AI = {x ā A; existe k ā Z>0 tal que (g ā¦ f)āk
(x) Ģø= ā e gā1
ā¦ (g ā¦ f)āk
(x) = ā },
AP = {x ā A; existe k ā Z>0 tal que gā1
ā¦ (g ā¦ f)āk
(x) Ģø= ā e (g ā¦ f)ā(k+1)
(x) = ā },
Aā = {x ā A; para todo k ā Z>0 vale (g ā¦ f)āk
(x) Ģø= ā e gā1
ā¦ (g ā¦ f)āk
(x) Ģø= ā },
BI = {y ā B; existe k ā Z>0 tal que (f ā¦ g)āk
(y) Ģø= ā e fā1
ā¦ (f ā¦ g)āk
(y) = ā },
BP = {y ā A; existe k ā Z>0 tal que fā1
ā¦ (f ā¦ g)āk
(y) Ģø= ā e (f ā¦ g)ā(k+1)
(x) = ā }
e
Bā = {y ā A; para todo k ā Z>0 vale (f ā¦ g)āk
(y) Ģø= ā e fā1
ā¦ (f ā¦ g)āk
(y) Ģø= ā }.
Segue que
A = AI Ė
āŖAP Ė
āŖAā
e
B = BI Ė
āŖBP Ė
āŖBā.
Agora, provaremos treĢs detalhes teĢcnicos sobre f e g:
(I) f(AI) = BP
y ā BP āā āk ā Z>0 tal que fā1
ā¦ (f ā¦ g)āk
(y) Ģø= ā e (f ā¦ g)ā(k+1)
(x) = ā
āā fā1
= {x} onde
āk ā Z>0 tal que (g ā¦ f)āk
(x) = fā1
ā¦ (f ā¦ g)āk
(y) Ģø= ā e gā1
ā¦ (g ā¦ f)āk
(x) = (f ā¦ g)ā(k+1)
= ā
āā āx ā AI tal que f(x) = y
āā y ā f(AI).
(II) g(BI) = AP
Prova-se de modo anaĢlogo aĢ prova de (I).
(III) f(Aā) = Bā
y ā Bā āā āk ā Z>0 vale fā1
ā¦ (f ā¦ g)āk
(y) Ģø= ā e (f ā¦ g)k
(x) Ģø= ā
āā fā1
= {x} onde
āk ā Z>0 vale (g ā¦ f)āk
(x) = fā1
ā¦ (f ā¦ g)āk
(y) Ģø= ā e gā1
ā¦ (g ā¦ f)āk
(x) = (f ā¦ g)āk
Ģø= ā
āā āx ā Aā tal que f(x) = y
āā y ā f(Aā).
Agora, segue de A = AI Ė
āŖAP Ė
āŖAā e de (II), que a funcĢ§aĢo
H : A ā B
x ā AI ā f(x) ā BP
x ā AP ā y ā BI, tal que g(y) = x
x ā Aā ā f(x) ā Bā.
eĢ bem deļ¬nida e, da injetividade de f e g e de (I)-(III), que esta eĢ uma bijecĢ§aĢo.
68
71. ExercıĢcio 3.01:
Dados a, b, c, d num corpo K, sendo b e d diferentes de zero, prove:
(1)
a
b
+
c
d
=
ad + bc
bd
;
(2)
a
b
Ā·
c
d
=
a Ā· c
b Ā· d
.
(1)
Temos que
a
b
= bā1
a = bā1
dā1
da = (bd)ā1
(ad) =
ad
bd
e, analogamente,
c
d
=
bc
bd
.
Assim,
a
b
+
c
d
=
ad
bd
+
bc
bd
= (bd)ā1
(ad) + (bd)ā1
(bc)
= (bd)ā1
(ad + bc)
=
ad + bc
bd
.
(2)
Temos que
a
b
Ā·
c
d
= (bā1
a) Ā· (dā1
c) = acbā1
dā1
= (bd)ā1
(ac) =
a Ā· c
b Ā· d
.
70
72. ExercıĢcio 3.02:
QuestaĢo 2-1ā¦
Propriedade 1. Para todo m inteiro vale
am
.a = am+1
.
DemonstracĢ§aĢo. Para m natural vale pela deļ¬nicĢ§aĢo de poteĢncia, agora para m = ān, n > 0 ā N um inteiro vamos
provar aān
.a = aān+1
. Para n = 1 temos
aā1
a = aā1+1
= a0
= 1.
Vamos provar agora para n > 1, n ā 1 > 0
aān
= (an
)ā1
= (anā1
a)ā1
= aān+1
aā1
multiplicando por a de ambos lados aān
.a = aān+1
como querıĢamos demonstrar.
Propriedade 2.
am
.an
= am+n
.
DemonstracĢ§aĢo. Primeiro seja m um inteiro qualquer e n natural, vamos provar a identidade por inducĢ§aĢo sobre n,
para n = 0 vale
am
.a0
= am
= am+0
para n = 1 vale
am
a1
= am
a = am+1
.
Supondo vaĢlido para n
am
.an
= am+n
vamos provar para n + 1
am
.an+1
= am+n+1
temos
am
.an+1
= am
an
a = am+n
.a = am+n+1
.
Agora para ān com n natural , se m eĢ natural temos que a propriedade jaĢ foi demonstrada
am
aān
= amān
se m eĢ inteiro negativo temos
am
aān
= amān
pois o inverso de am
aān
eĢ aām
an
= aām+n
propriedade que jaĢ estaĢ provada por ām e n serem naturais e
amān
anām
= 1 por unicidade do inverso de = aām
an
= aām+n
eĢ am
aān
logo ļ¬ca provado para n e m inteiros.
Para poteĢncia negativa ān podemos fazer como se segue
am
aān
= (aām
)ā1
(an
)ā1
= (aām
an
)ā1
= (aām+n
)ā1
= amān
.
71
73. QuestaĢo 2-2ā¦
Propriedade 3.
(am
)n
= amn
para m e n inteiros.
DemonstracĢ§aĢo. Primeiro por inducĢ§aĢo para m inteiro e n natural
(am
)0
= 1 = am.0
(am
)1
= am
= am.1
.
Supondo vaĢlido para n
(am
)n
= amn
vamos provar para n + 1
(am
)n+1
= am(n+1)
temos pela deļ¬nicĢ§aĢo de poteĢncia e pela hipoĢtese da inducĢ§aĢo que
(am
)n+1
= (am
)n
am
= amn
am
= amn+m
= am(n+1)
onde usamos a propriedade do produto de poteĢncia de mesma base. Para n inteiro negativo
(am
)ān
= ((am
)n
)ā1
= (amn
)(ā1)
= aāmn
.
72
74. ExercıĢcio 3.03:
Exemplo 1. Se xk
yk
= xs
ys
para todos k, s ā In, num corpo K, prove que dados, ak ā K, k ā In tais que
n
ā
k=1
akyk Ģø= 0
tem-se
n
ā
k=1
akxk
n
ā
k=1
akyk
=
x1
y1
.
Chamando x1
y1
= p temos xk
yk
= p logo xk = pyk e a soma
n
ā
k=1
akxk = p
n
ā
k=1
akyk
logo
n
ā
k=1
akxk
n
ā
k=1
akyk
= p =
x1
y1
.
73
75. ExercıĢcio 3.04:
DefinicĢ§aĢo 1 (Homomorļ¬smo de corpos). Sejam A, B corpos. Uma funcĢ§aĢo f : A ā B chama-se um homomorfismo
quando se tem
f(x + y) = f(x) + f(y)
f(x.y) = f(x).f(y)
f(1A) = 1B
para quaisquer x, y ā A. Denotaremos nesse caso as unidades 1A e 1B pelos mesmos sıĢmbolos e escrevemos f(1) = 1.
Propriedade 4. Se f eĢ homomorfismo entaĢo f(0) = 0.
DemonstracĢ§aĢo. Temos
f(0 + 0) = f(0) + f(0) = f(0)
somando āf(0) a ambos lados segue
f(0) = 0.
Propriedade 5. Vale f(āa) = āf(a).
DemonstracĢ§aĢo. Pois
f(a ā a) = f(0) = 0 = f(a) + f(āa)
daıĢ f(āa) = āf(a).
CorolaĢrio 1.
f(a ā b) = f(a) + f(āb) = f(a) ā f(b).
Propriedade 6. Se a eĢ invertıĢvel entaĢo f(a) eĢ invertıĢvel e vale f(aā1
) = f(a)ā1
.
DemonstracĢ§aĢo.
f(a.aā1
) = f(1) = 1 = f(a).f(aā1
)
entaĢo pela unicidade de inverso em corpos segue que f(a)ā1
= f(aā1
).
Propriedade 7. f eĢ injetora.
DemonstracĢ§aĢo. Sejam x, y tais que f(x) = f(y), logo f(x) ā f(y) = 0, f(x ā y) = 0, se x Ģø= y entaĢo x ā y seria
invertıĢvel logo f(x ā y) naĢo seria nulo, entaĢo segue que x = y.
Propriedade 8. Se f : A ā B com f(x + y) = f(x) + f(y) e f(x.y) = f(x)f(y) para x, y arbitraĢrios, entaĢo
f(x) = 0 āx ou f(1) = 1.
DemonstracĢ§aĢo. f(1) = f(1.1) = f(1)f(1), logo f(1) = f(1)2
por isso f(1) = 1 ou f(1) = 0. Se f(1) = 0 entaĢo
f(x.1) = f(x)f(1) = 0, f(x) = 0 āx.
74
76. ExercıĢcio 3.05:
Propriedade 9. Se f : Q ā Q eĢ um homomorfismo entaĢo f(x) = x āx ā Q.
DemonstracĢ§aĢo. Vale que f(x + y) = f(x) + f(y), tomando x = kh e y = h ļ¬xo, tem-se
f((k + 1)h) ā f(kh) = f(h)
aplicamos a soma
ānā1
k=0 de ambos lados, a soma eĢ telescoĢpica e resulta em
f(nh) = nf(h)
tomando h = 1 segue que f(n) = n, tomando h = p
n segue
f(n
p
n
) = f(p) = p = nf(
p
n
) ā f(
p
n
) =
p
n
.
75