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A fala de muitos gumes as formas do silêncio orlandi
1. A FALA DE MUITOS GUMES As formas do silêncio
O artigo da Dra. Eni Orlandi intitulado “A FALA DE MUITOS GUMES” traz
uma reflexão sobre o silêncio e suas condições de produção. É perceptível que no
decorrer da leitura ela elucida para o leitor que atrás de cada silêncio existe uma
mensagem e até mesmo no ato da fala, pode haver também um silêncio expressado. O
objeto de trabalho no decorrer de sua discussão é o silêncio que, por muitas vezes, faz
parte do discurso humano, mas, porém passa despercebidos como resultados de um
pensamento individual para não causar desentendimentos ou até mesmo gerar resultados
drásticos perante a sociedade.
A primeira observação feita foi de que o silêncio possui suas circunstâncias para
ser criado e que ao contrário do que pensamos a fala também é silenciadora, ou seja, ela
pode ter sua natureza com base na ideologia que o indivíduo defende. Se tratando da
última, podemos compreender então que muitas vezes não se falam alguma coisa para
não se dizer outras que causariam transformações ou limites e é óbvio que muitos se
prendem nessa “fala silenciadora” para não machucar ou causar desentendimentos com
o próximo.
A segunda análise obtida é referente à fala de quem está falando. Com base
nesse argumento a afirmativa feita pela linguista foi de que as palavras não falam por si,
mas falam pelos homens que as empregam e sendo assim, conclui-se que por esta razão
a palavra começa a ter vários sentidos e não um só. Partindo dessa perspectiva a
compreensão da palavra “sério” é questionada, pois o uso maciço dessa palavra leva a
crer que existe então a presença do ponto de vista ideológico. Quem é sério o suficiente
para se dizer o dono da verdade e quem é sério verdadeiramente quando se diz sério?
Está é uma pergunta que nos reveste de alívio pelo fato de vivenciarmos a cada instante
um grande conflito social que exige de cada um uma posição a respeito disso ou
daquilo. Há aqueles que buscam autenticidade, como também há aqueles que aspiram
por vaidades matérias e que por isso se submetem a deixar de lado a seriedade e são
molestados pela sociedade em todos os aspectos.
O terceiro e último levantamento feito no artigo diz respeito ao discurso
histórico, melhor dizendo, ao Discurso da Nova República que implica em analisar os
aspectos que o silêncio até então produz. O silêncio neste período, em suma, foi o
silêncio que tinha uma tática envolvida por trás dos anseios políticos. O mediador do
2. discurso na verdade, falava em nome de quem, dele ou de outra pessoa? Essa reflexão
coloca em foco a questão do medo de represálias vividas pelo mediador e até mesmo os
rumos que a história na prática deveria tomar. Não se pode negar que o caminho foi
traçado, mas por este acontecido, hoje se pode perfeitamente entender o sistema no qual
nos resta para sobreviver.
A Fala de Muitos Gumes expressa assim, a grande importância representativa
que o silêncio possui e expressa como também a importância do mediador sem a sua
ideologia enraizada na sua fala. O compreendido foi que o discurso não é produzido
sozinho, pois até o não dito participa com suas diferentes formas de funcionamento. O
discurso dos sérios na verdade é uma ilusão, pois aquele que fala , apenas exerce o
poder intelectual e neste caso então apenas o é entregue o desejo da autoria. O
pronunciamento da República na verdade, apenas silencia a ditadura e expressa como
resultado, o desejo do comando. Sempre existiu e existirá várias formas de silêncio e o
na verdade, a palavra de muitos gumes, possui muitos rumos e mostra mais ainda que o
nosso desejo de voltarmos para o próximo, não existe, pois somos egoístas demais e
sempre temos um interesse que coloca tudo voltado para nós mesmos.
ORLANDI,Eni P. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso – 2°ed. rev
.e. aum. Campinas, SP: Pontes,1987