O diabo encontra Zé e propõe dividir um saco de ouro se ele o ajudar a recuperá-lo de um penhasco. Zé concorda, mas quando o diabo se afasta, Zé faz com que um boi assuste o diabo, que cai do penhasco. Quando pede ajuda, Zé se recusa a ajudá-lo, fazendo com que o diabo caia e retorne ao inferno. A esperteza de Zé prova que nem mesmo o diabo consegue enganá-lo.
Como o Zé esperto enganou o Diabo e salvou o sertão da seca
1. Cap 2.
A CRÔNICA DO ZÉ
Reza a lenda que Zé foi o culpado da seca no sertão.
Mas quem diria não é?
Que seria o Zé, filho de tantos Zés, matuto que só ele, que causaria tanto alvoroço.
Certa vez em suas andanças lesas e corriqueiras
O pobre Zé deparou-se com o Diabo
Seria azar do pobre Zé? Ou má sorte de o ter encontrado?
-MINHA VIRGE, MI PRUTEGE DO FILHOTE DE CRUZ CREDO!
-Acalme-se meu bom homem, não venho lhe faze mal algum...
-O matuto Zé observou o sujeito coberto de linho e seda vermelhas de cabo a rabo.
-O QUE VOSSA DESGRACENÇA QUER CUM POBRE TRABAIADOR COMO
EU?
-Eu estava passando pela região quando eu deixei cair um saco com meus dobrões do
ouro
Respondeu educadamente o distinto ser infernal
Zé coberto de desinteligência e cheio de esperteza
Tornou mais uma vez a perguntar para o ser que sorria estridente
-MAS O QUE EU POSSO FAZER? EU NUM TENHO CURPA SE O SENHOR E
LERDO
-O que quero meu bom homem é que me ajude a pegá-lo e eu dividirei com você.
Os olhos do faminto Zé arregalou-se perante a oferta irrecusável do diabo
As suas Marias e seus Raimundos ficariam muito felizes.
-POIS MUITCHO BEM... ONDE E QUE TU PERDEU ESSE SACO?
O diabo sorrindo agora maliciosamente levou o pobre olhudo Zé até um enorme
penhasco.
-Vê? La está o meu saco?
Com seus olhos profundos e cansados Zé avistou o saco jogado abaixo no penhasco
-MAS E MUITO DANADO DE ARTO, CUME QUE EU VOU PEGA ELE?
-O diabo esticou uma corda da sua veste e lhe ofertou
-Pegue meu bom homem, eu lhe ajudarei a descer...
Zé então viu no olho do diabo as suas verdadeiras intenções
O que seria das Marias e dos Raimundos sem o Zé?
-EU VO DERCER PELA CORDA E O SINHOR SEGURA ELA PRA EU NUM
CAIR
-Muito bem... Farei isso! Disse o diabo sentindo-se vitorioso
-ENTÃO PRUQUE O SENHOR NÃO FICA UM POUCO MAIS PRA TRAZ...
O diabo muito obediente afastou-se para que Zé descesse para buscar o tal ouro
Mas sem notar um boi que ali pastava, o diabo aproximou-se da cerca enlouquecendo
o bicho ao ver a sangrenta cor que o vestia.
O diabo recebeu uma chifrada tão brutal que foi jogado penhasco abaixo, salvando-se
apenas por um galho que ali brotara.
-Ajude-me!
2. Gritou o diabo...
E o Zé esperto que só ele, jogou a corda que o diabo lhe ofertara.
-A corda não! Dê-me o seu braço.
-MAS QUI DIFERENÇA FAZ? TU NÃO IA ME DEIXAR DESCER CUM ELA?
Muito irritado o diabo agarrou a corda e ela partiu no meio.
O diabo caiu do penhasco e virando pó voltou para os quintos dos infernos.
Estranho pensar que o Zé seria fácil de pegar
Tão humilde e tão trabalhador, burro como uma pedra
Zé não era diferente de um daqueles animais da fazenda do Coronel
Mas a esperteza do homem, nem o diabo consegue enganar
Ele tinha artimanhas, mas não sabia que o Zé, que era pai do Zé, que era pai do Zé
Sempre dizia:
“Di graça só o mundo meu fiu! Como confiar no diabo se nem Deus confia?”