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Teorias da Localização Industrial
Alexandre Porsse • Vinícius Vale
 Professor do Departamento de Economia e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Econômico (PPGDE) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Pesquisador do Núcleo de Estudos
em Desenvolvimento Urbano e Regional (NEDUR)
Material desenvolvido para a disciplina Economia Regional e Urbana do Curso de Ciências
Econômicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os professores autorizam o uso
desse material em outros cursos desde que devidamente citados os créditos.
Agosto/2020
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Introdução
• Modelo de Weber (1909)
• Modelo de Moses (1958)
• Modelos de Área de Mercado: Palander (1935)
• Modelos de Área de Mercado: Hotelling (1929)
2
Tópicos
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Teoria da localização da firma:
• Que fatores determinam a localização das firmas?
o Distância ao mercado consumidor;
o Distância ao mercado de insumos;
o Custo dos insumos;
o Custo de transporte;
o Distância relativa aos concorrentes;
o etc. (...)
3
Introdução
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Os seguintes modelos serão abordados:
1. Modelo de Weber (1909);
2. Modelo de Moses (1958); e
3. Modelos de Área de Mercado: Palander (1935) e Hotelling (1929).
4
Introdução
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Premissas iniciais:
o Apenas uma firma – inexistência de competição;
o A firma definida em um ponto no espaço;
o A firma tem como objetivo a maximização do lucro.
• Perguntas:
o Onde a firma irá se localizar?
o Em qual localidade a firma irá maximizar seu lucro?
5
Modelo de Weber (1909)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Para responder estas perguntas, podemos utilizar o triângulo locacional
de Weber.
• A firma utiliza dois insumos, 1 e 2, para produzir um único produto, 3.
6
Modelo de Weber (1909)
Variáveis:
M1 e M2: localização da produção dos insumos 1 e 2;
M3: localização do mercado final;
K: localização da firma;
d1 e d2: distância dos mercados de insumos 1 e 2 até a firma em K;
d3: distância da firma em K até o mercado final, M3;
m1 e m2: pesos dos insumos 1 e 2 consumidos pela firma em ton;
m3: peso do produto final produzido pela firma em ton;
p1 e p2: preços por ton dos insumos 1 e 2 no seu ponto de produção;
p3: preço por ton do produto final no mercado final;
t1 e t2: taxa de transporte ton/km para transportar os insumos 1 e 2;
t3: taxa de transporte ton/km para transportar o produto final.
Triângulo locacional de Weber
M1 M2
M3
d3
d1 d2
K
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• No modelo de Weber, os coeficientes de produção são fixos (relação
fixa entre as quantidades de insumos requeridas para produzir uma
unidade do produto).
• Função de produção do tipo Leontief é representada na forma de pesos
(coeficientes técnicos de utilização dos insumos):
𝑚3 = 𝑓(𝑘1𝑚1, 𝑘2𝑚2)
• Supondo 𝑘1 = 𝑘2 = 1, temos:
𝑚3 = 𝑓(𝑚1, 𝑚2)
• Logo, a quantidade produzida do bem 3 é igual a combinação dos
insumos 1 e 2:
𝑚3 = 𝑚1 + 𝑚2
7
Modelo de Weber (1909)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
Premissas adicionais:
• (M1, M2 e M3); (p1, p2 e p3) e (d1, d2 e d3) são dados;
• A firma é tomadora de preços e é capaz de vender uma quantidade
ilimitada do produto 3 ao preço p3 (como em competição perfeita);
• t1, t2 e t3 são dados e representam os custos para transportar uma
tonelada de 1, 2 e 3 por km, respectivamente;
• Fatores de produção, trabalho e capital, estão igualmente disponíveis no
espaço e as suas quantidades não variam entre as localidades; e o fator
terra é homogêneo;
• O preço e quantidade de trabalho são constantes no espaço, assim como
o custo e qualidade do capital e o preço (aluguel) e qualidade da terra;
• As localidades apresentam as mesmas atribuições em termos de
disponibilidade dos fatores de produção (espaço é homogêneo).
8
Modelo de Weber (1909)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Se a firma é capaz de se estabelecer em qualquer lugar e assumindo que
a mesma seja racional, a escolha da localização será dada pela
maximização do lucro.
• Dado que os preços de todos os insumos e do produto são exógenos e os
preços dos fatores de produção são invariantes no espaço, o único fator
que afeta o lucro relativo de diferentes localidades é a distância em
relação aos insumos e ao mercado final.
• Diferentes localidades incorrem em diferentes custos de transporte.
9
Modelo de Weber (1909)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Se p3 é fixo, a localização que garante o maior lucro é aquela que
minimiza o custo de transporte.
• Portanto, a localização ótima de Weber é dada por:
𝐶𝑇 = 𝑀𝑖𝑛 ෍
𝑖=1
3
𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑖
𝐶𝑇 = 𝑀𝑖𝑛(𝑚1𝑡1𝑑1 + 𝑚2𝑡2𝑑2 + 𝑚3𝑡3𝑑3)
em que 𝑚𝑖 é o peso em ton, 𝑡𝑖 a taxa de transporte ton/km e 𝑑𝑖 a distância.
• Quais são os efeitos de alterações nos parâmetros do modelo sobre
a localização da firma?
10
Modelo de Weber (1909)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
Efeito locacional dos custos de transporte dos insumos:
Diferentes funções de produção afetam o comportamento de localização
das firmas.
Exemplo:
• Considere duas firmas, A e B, que produzem automóveis (i = 3) a partir da
combinação de aço (i = 1) e plástico (i = 2);
• Firma A é mais intensiva em plástico; e
• Firma B é mais intensiva em aço.
• As firmas podem diminuir seus custos de transporte reduzindo o valor de
d1 relativo a d2 e vice-versa.
11
Modelo de Weber (1909)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Se a Firma A é mais intensiva em plástico e a Firma B é mais intensiva em
aço:
o a Firma A irá se localizar relativamente mais perto de M2, fonte de
plástico; e
o a Firma B relativamente mais perto de M1, fonte de aço.
12
Modelo de Weber (1909)
Triângulo locacional de Weber
M1 M2
M3
d2A
A
d3A
d1A
B
d2B
d3B
d1B
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
Efeito locacional dos custos de transporte dos produtos:
Diferentes pesos e dimensões do produto afetam a localização ótima das
firmas em relação ao mercado final e insumos.
Exemplo:
• Considere novamente duas firmas, A e B, que produzem automóveis (i = 3)
a partir da combinação de aço (i = 1) e plástico (i = 2);
• As funções de produção das firmas são idênticas; entretanto, a Firma A é
mais eficiente em termos de utilização dos insumos que a Firma B:
o Firma A descarta 70% dos insumos durante o processo de produção enquanto a
Firma B descarta apenas 40%;
o O peso do produto da Firma A é menor que o peso do produto da Firma B.
• As firmas podem diminuir seus custos de transporte reduzindo d3 (distância
até o mercado final).
13
Modelo de Weber (1909)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• O maior peso do produto irá encorajar a Firma B a se localizar mais
próxima do mercado final.
• Portanto, a Firma B é mais orientada pelo mercado que a Firma A no seu
comportamento de localização.
14
Modelo de Weber (1909)
Triângulo locacional de Weber
M1 M2
M3
d2A
A
d3A
d1A
B
d2B
d3B
d1B
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
Efeito locacional da variação dos preços dos fatores:
• Embora tenhamos assumido preços do trabalho e da terra idênticos em
todas as localidades, os preços dos fatores podem variar
significantemente no espaço.
• Para avaliar variações dos preços dos fatores e seus efeitos sobre a
localização ótima de Weber, é necessário construir uma mapa de contorno
no triângulo de Weber.
o Mapas de contorno (conceito geográfico): mapas que ligam todas as
localizações com a mesma altitude.
o Isodapanas: contornos que incluem todas as localidades que
apresentam o mesmo custo adicional associado ao transporte dos
insumos e do produto, por unidade produzida de m3, em relação à
localização ótima K*.
15
Modelo de Weber (1909)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 16
Modelo de Weber (1909)
Isodapanas
Isodapanas mais
afastadas refletem
aumentos dos custos,
por unidade do produto
m3 produzido, relativo à
localização ótima de
Weber, K*.
M1
M2
X
M3
K*
W V U
C
D
Q R S T
E
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Em quanto os preços dos fatores deve cair em uma determinada
localidade em relação à localização ótima de Weber, K*, para as
firmas se moverem para lá?
Exemplo:
• Localidade X: em quanto os preços dos fatores devem ser menores, em
relação ao preços em K*, para a firma se mover de K* para X?
• X está na isodapana $50:
o Se o custo dos fatores requeridos para produzir uma unidade do
produto m3 em X for menor, porém menos do que $50 em relação a K*,
não será vantajoso para a firma mover de K* para X.
o Se for mais do que $50, será vantajoso para a firma se mover e
aumentar seu lucro.
17
Modelo de Weber (1909)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Em quanto o salário deve variar no espaço para que os lucros das
firmas sejam os mesmo em todas as localidades?
18
Modelo de Weber (1909)
Firma indiferente em
relação às localidades
(substitutos perfeitos)
M1
M2
X
M3
K*
W V U
C
D
Q R S T
E
w*
-$10
-$25
-$40
-$50
K* Q R S T
Salário
Distância
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Limitações do modelo de Weber:
o O mercado consumidor é um ponto no espaço;
o Ausência de competição;
o Ausência de efeitos de escala no transporte e produção - ver Apêndice
1.1. de McCann (2013).
19
Modelo de Weber (1909)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• O modelo de Weber assume que as quantidades de insumos, m1 e m2,
são fixas por unidade de produto (m3). Entretanto, substituição é uma
característica do comportamento das firmas.
• A condição de eficiência significa que as firmas fazem substituições em
favor dos insumos relativamente mais baratos, ceteris paribus.
• O comportamento de substituição foi incorporado na análise de Weber por
Moses (1958).
20
Modelo de Moses (1958)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Para introduzir avaliar o efeito substituição podemos utilizar o triângulo
locacional de Weber-Moses.
• O arco IJ no triângulo M1M2M3 representa uma distância constante em
relação ao mercado, ponto M3.
• Ou seja, se a firma estiver localizada neste arco, a distância entre a sua
localização (K) e o mercado M3 será constante.
21
Modelo de Moses (1958)
Triângulo locacional de Weber-Moses
M1
M2
M3
d2
K
d3
d1
𝜃
J
I
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Se a firma está localizada em I, o preço do insumo 1 (p1+t1d1) será
mínimo, pois a distância d1, de M1 para I, será a menor possível.
• Similarmente, o preço do insumo 2 (p2+t2d2) será máximo, pois a distância
d2, de M2 para I, será a maior possível.
• Neste caso, a razão de preços será mínima:
𝑝1+𝑡1𝑑1
𝑝2+𝑡2𝑑2
• O inverso vale para o ponto J onde a razão de preços será máxima.
22
Modelo de Moses (1958)
Triângulo locacional de Weber-Moses
M1
M2
M3
d2
K
d3
d1
𝜃
J
I
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Em microeconomia, a combinação ótima de insumos é determinada pelo
ponto em que a isoquanta mais alta tangência a restrição orçamentária
(R.O.).
• Sendo a inclinação da R.O. determinada pelo preço relativo dos bens,
podemos representar as R.O. em I e em J conforme figura abaixo:
23
Modelo de Moses (1958)
𝛽𝐽
𝛽𝐼
𝛼𝐼
𝛼𝐽
Restrição Orçamentária em I
Restrição Orçamentária em J
m1
m2
As razões de preços em I e J são dadas
pela razão das tangentes dos ângulos
αI /βI e αJ /βJ.
αI /βI é mínima e αJ /βJ é máxima.
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Se existem diferentes razões de preços para diferentes localidades, temos
uma restrição orçamentária para cada um dos pontos do arco IJ.
• A medida que movemos no arco IJ de I para J, a razão de preços aumenta
e para cada localidade no arco IJ existe uma única razão de preços.
• Portanto, a abordagem usual para analisar eficiência microeconômica não
é aplicada para o caso das firmas no espaço.
o É preciso incorporar os efeitos da localização na inclinação da restrição
orçamentária.
24
Modelo de Moses (1958)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Para tal, devemos construir o “envelope” de restrições orçamentarias que
contém todas as R.O. associadas a cada uma das localidades ao longo do
arco IJ.
25
Modelo de Moses (1958)
m1
m2
Envelope de R.O.
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• O argumento de Moses é que assim podemos aplicar as condições de
eficiência para encontrar o ponto em que o “envelope” de R.O. é tangente
a isoquanta mais alta.
• A figura abaixo mostra que E* é o ponto de máxima eficiência.
• No ponto E*, a combinação ótima de insumos é dada por m1* e m2*. E*
também representa a localização ótima de Moses (K*).
26
Modelo de Moses (1958)
m2
Envelope de R.O.
𝑚2
∗
𝑚1
∗
Q2
Q1
Isoquantas
𝐸*
m1
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• O que ocorre se t1 diminuir?
• Se todos os outros parâmetros permanecerem constantes, a razão de
preços
𝑝1+𝑡1𝑑1
𝑝2+𝑡2𝑑2
em todos as localidades ao longo do arco IJ irá diminuir.
• A inclinação de cada uma das R.O., ceteris paribus, fica mais íngreme,
assim como o “envelope” de R.O. Dado o efeito substituição, o “envelope”
de R.O. se desloca para cima (e esquerda).
27
Modelo de Moses (1958)
m1
m2
Envelope de R.O. antes
da mudança de preços
𝑚2
∗
𝑚1
∗
Q1
Isoquanta
𝐸*
Envelope de R.O. após
da mudança de preços
𝑚2
′
𝑚1
′ 𝐸’
A combinação ótima de
produção muda do ponto
E* para E’.
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Resumidamente, a firma faz substituição em favor do insumo 1 que agora
é relativamente mais barato.
• Essa mudança tem implicação na localização original K*.
o A firma aumenta o custo de transporte (m1t1d1) para o insumo 1 em
relação ao custo de transporte para o insumo 2 (m2t2d2).
o A firma irá se mover em direção a M1 para reduzir os custos de
transporte.
• O novo ponto ótimo de localização K*´ é mais perto de M1 do que o ponto
original (K*).
28
Modelo de Moses (1958)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• O resultado de uma queda em t1 seria o mesmo no modelo simples
de Weber?
o Se a taxa de transporte t1 diminui, ceteris paribus, o efeito no modelo de
Weber é mover a localização ótima para longe de M1.
• Por quê?
o Como o insumo 2 agora ficou relativamente mais caro para transportar,
e como os coeficientes de produção são fixos no modelo de Weber, tal
que a quantidade relativa de m1 e m2 consumida continua a mesma, a
firma irá se mover em direção ao insumo 2 para reduzir o custo total de
transporte.
29
Modelo de Moses (1958)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 30
Modelos de Área de Mercado
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Áreas de mercado diferem no espaço devido a:
o Diferenças nas densidades populacionais;
o Diferenças nas distribuições de renda;
o Diferenças nas demandas dos consumidores; etc.
• Mesmo que essas diferenças não existam, o espaço pode representar
uma importante questão de competitividade.
• Geografia e Espaço podem propiciar poder de monopólio para as firmas.
• Firmas se engajam em competição espacial.
31
Modelos de área de mercado
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Para avaliar a competição espacial, podemos, inicialmente, utilizar a
abordagem de Palander (1935).
Palander:
• 2 firmas, A e B, localizadas nos pontos A e B ao longo de uma área de
mercado unidimensional definida por O-L;
• As firmas produzem um produto idêntico (produto homogêneo);
• Consumidores estão distribuídos uniformemente ao longo de O-L;
• pa e pb são os custos de produção das firmas A e B, respectivamente;
• As taxas de transporte das firmas são idênticas (ta = tb);
• Preço do produto da firma A: pa+tada
• Preço do produto da firma B: pb+tbdb
32
Palander (1935)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Assumindo que os consumidores são racionais e que irão comprar da
firma que é capaz de ofertar, naquela localidade específica, ao menor
preço, a área de mercado será dividida em duas: OX e XL.
33
Palander (1935)
Custo de produção
da firma A (pa)
Custo de produção
da firma B (pb)
Entre O e X, o preço da firma A
(pa+tada) é sempre menor que o
preço da firma B (pb+tbdb).
Entre X e L, o preço da
firma B é sempre menor
que o preço da firma A.
A
Área de mercado da firma A
O
X
Área de mercado da firma B
Preço/Custo
B
L
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Embora a firma A seja mais eficiente que a firma B e os produtos sejam
idênticos, a firma A não ganha todo o mercado.
• A localização dá poder de mercado (monopólio) para cada uma das firmas
nas áreas ao redor delas mesmas.
• E se as taxas de transporte forem diferentes?
o As áreas de mercado podem ser divididas de maneira diferente quando
os custos de produção e as taxas de transporte são diferentes entre as
firmas.
34
Palander (1935)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 35
Palander (1935)
A
Área de mercado
da firma A
B
Área de mercado
da firma B
Preço/Custo
L
O
A
Área de mercado
da firma A
B
Área de
mercado
da firma B
Preço/Custo
L
O
Área de
mercado
da firma A
Exemplo A Exemplo B
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• O que ocorre se:
o Caso 1: a eficiência de uma das firmas aumenta?
o Caso 2: o custo de transporte de uma das firmas diminui?
o Caso 3: uma das firmas se move?
36
Palander (1935)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 37
Palander (1935)
• Caso 1: Eficiência da firma A aumenta.
A B
Preço/Custo
O L
Área de mercado da firma A
Nova Área de mercado da firma A Nova Área de mercado da firma B
Área de mercado da firma B
pa
pa’
X
X’
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 38
Palander (1935)
• Caso 2: Custo de transporte da firma A diminui.
A B
Preço/Custo
O L
pa
X
X’
Área de mercado da firma A
Nova Área de mercado da firma A Nova Área de mercado da firma B
Área de mercado da firma B
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 39
Palander (1935)
• Caso 3: A firma A se move.
A B
Preço/Custo
O L
pa
X
X’
A’
Área de mercado da firma A
Nova Área de mercado da firma A Nova Área de mercado da firma B
Área de mercado da firma B
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• Conclusões da análise baseada em Palander:
• O tamanho do mercado (área de mercado) depende da(o):
o Eficiência da firma;
o Custo de transporte; e
o Escolha da localização.
40
Palander (1935)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• A existência do poder de monopólio espacial cria incentivos para as firmas
usarem a localização como um artifício de competição para adquirir maior
poder de mercado.
• Prática importante para firmas que não competem via preços.
o Exemplo: competição via qualidade do produto.
• Em Oligopólio, a interdependência das firmas em determinar quantidades
e parcelas de mercado é também resultado de decisões locacionais e de
preços.
• O modelo de Hotelling (1929) descreve a interdependência espacial
das firmas dentro do contexto de um jogo locacional.
41
Hotelling (1929)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
Premissas:
• Firmas com mesmos custos de produção e transporte (pa=pb e ta=tb).
• Os consumidores estão distribuídos uniformemente ao longo de O-L.
• Demanda dos consumidores é perfeitamente inelástica:
o Consumidores consomem uma parcela fixa por período
independentemente dos preços.
• As firmas tomam suas decisões estratégicas de competição assumindo
que a firma concorrente não irá mudar seu comportamento.
• Dado que as firmas não estão competindo via preços, cada uma delas
pode apenas ajustar sua localização para adquirir maior parcela de
mercado.
42
Hotelling (1929)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• No período 1, as firmas possuem a mesma parcela de mercado.
o Firma A tem poder de mercado sobre a área OX e a firma B sobre a
área XL.
43
Hotelling (1929)
A
Área de mercado da firma A
no período 1
B
L
O
Área de mercado da firma B
no período 1
Preço/Custo
X
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• A firma A move-se da sua localização original para a localização C
(esquerda de B).
• Dessa maneira, a firma A aumenta sua parcela de mercado de OX para
OC. A firma B ficará com a parcela de mercado BL.
44
Hotelling (1929)
A
Área de mercado da firma A
no período 1
B
L
O
X
Área de mercado da
firma B no período 2
Área de mercado da firma A
no período 2
C
Área de mercado da firma B
no período 1
Preço/Custo
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• No período 2, a firma B assumirá que a firma A irá manter sua localização
em C, movendo-se para esquerda de C (para o ponto D).
• Dessa maneira, a firma B aumenta sua parcela de mercado para OD. A
firma A , por sua vez, ficará com a parcela de mercado CL.
45
Hotelling (1929)
A
Área de mercado da
firma A no período 3
B
L
O
Área de mercado da
firma B no período 2
Área de mercado da firma A
no período 2
Área de mercado da firma B
no período 3
Preço/Custo
C
D
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• No período 3, a firma A responderá movendo-se para a esquerda da firma
A.
• Essa mudança de localização ocorrerá até que ambas estejam localizadas
em X.
• Quando as firmas atingem o ponto X, nenhuma delas têm incentivo para
mudar, pois qualquer mudança envolve redução do seu market-share.
• Esse resultado é conhecido como resultado de Hotelling.
• O resultado em termos de parcela de mercado é exatamente o mesmo do
início do jogo: cada firma detém metade da parcela de mercado.
• Entretanto, há perda de bem-estar para os consumidores no agregado.
46
Hotelling (1929)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 47
Hotelling (1929)
O resultado final com cada
firma localizada no centro do
mercado é o Equilíbrio de
Nash para esse jogo.
A B
L
O
Preço/Custo
Área de mercado da firma A
no período 1
Área de mercado da firma B
no período 1
Cada firma detém metade da parcela de mercado
quando ambas estão localizadas em X
X
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 48
Hotelling (1929)
A B
L
O
Preço/Custo
Área de mercado da firma A
no período 1
Área de mercado da firma B
no período 1
Cada firma detém metade da parcela de mercado
quando ambas estão localizadas em X
X
Os consumidores que estão
localizados no centro do
mercado se beneficiam devido
a redução do preço do produto
(área egjh).
Os consumidores localizados
nas beiradas perdem devido
ao aumento do preço do
produto (área defc + jklm).
Os ganhos dos consumidores
centrais são superados pelas
perdas dos consumidores
periféricos.
O resultado é uma perda de
bem-estar.
d
c
f
e
g
h
j
m
k
l
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• E se as firmas competissem via preços?
• Competição via preço geraria um equilíbrio de Nash de longo-prazo em
que as firmas venderiam ao lucro zero e permaneceriam localizadas no
centro do mercado (ponto X).
• O preço cairia até o equivalente ao custo marginal de produção (resultado
típico de um mercado competitivo).
49
Hotelling (1929)
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 50
Hotelling (1929)
A
Área de mercado da firma A
no período 1
B
L
O
Área de mercado da firma B
no período 1
Preço/Custo
Área de mercado da firma A
no período 2 dado um corte de preços
X
Área de mercado da firma B
no período 3 dado um corte de preços
Área de mercado da firma A
no equilíbrio de longo prazo
Área de mercado da firma B
no equilíbrio de longo prazo
Se a firma A diminui seu preço
quando ambas as firmas estão
localizadas em X, ela ganha todo
o mercado no período 2.
Se a firma B define seu preço no
período 3 abaixo do preço
cobrado pela firma A, ela agora
ganha todo o mercado.
A competição via preço geraria
um equilíbrio de Nash de longo-
prazo em que as firmas
venderiam ao lucro zero e
permaneceriam localizadas no
centro do mercado (ponto X).
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale
• A escolha da localização é determinada por vários fatores e mecanismos:
o Custos de transporte;
o Preços dos fatores no espaço;
o Possibilidades de substituição;
o Possibilidades de produção;
o Estruturas de mercado;
o Competição;
o Informação;
o etc. (...)
51
Conclusões
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 52
Referências
Básica:
• McCANN, P. Modern Urban and Regional Economics. Industrial
location: the location of the firm in theory. Oxford University Press: United
Kingdom, 2013.
Complementar:
• CAPELLO, R. Regional Economics. Agglomeration and location.
Routledge, 2007.
• HOOVER, E. M.; GIARRATANI, F. An Introduction to Regional
Economics. Individual Location Decisions. Regional Research Institute,
West Virginia University, 1999.
Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 53
Contato
• Professores:
Prof. Alexandre Alves Porsse:
porsse@gmail.com
Prof. Vinícius de Almeida Vale:
vinicius.a.vale@gmail.com
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  • 1. Teorias da Localização Industrial Alexandre Porsse • Vinícius Vale  Professor do Departamento de Economia e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico (PPGDE) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Pesquisador do Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Urbano e Regional (NEDUR) Material desenvolvido para a disciplina Economia Regional e Urbana do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os professores autorizam o uso desse material em outros cursos desde que devidamente citados os créditos. Agosto/2020
  • 2. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Introdução • Modelo de Weber (1909) • Modelo de Moses (1958) • Modelos de Área de Mercado: Palander (1935) • Modelos de Área de Mercado: Hotelling (1929) 2 Tópicos
  • 3. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Teoria da localização da firma: • Que fatores determinam a localização das firmas? o Distância ao mercado consumidor; o Distância ao mercado de insumos; o Custo dos insumos; o Custo de transporte; o Distância relativa aos concorrentes; o etc. (...) 3 Introdução
  • 4. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Os seguintes modelos serão abordados: 1. Modelo de Weber (1909); 2. Modelo de Moses (1958); e 3. Modelos de Área de Mercado: Palander (1935) e Hotelling (1929). 4 Introdução
  • 5. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Premissas iniciais: o Apenas uma firma – inexistência de competição; o A firma definida em um ponto no espaço; o A firma tem como objetivo a maximização do lucro. • Perguntas: o Onde a firma irá se localizar? o Em qual localidade a firma irá maximizar seu lucro? 5 Modelo de Weber (1909)
  • 6. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Para responder estas perguntas, podemos utilizar o triângulo locacional de Weber. • A firma utiliza dois insumos, 1 e 2, para produzir um único produto, 3. 6 Modelo de Weber (1909) Variáveis: M1 e M2: localização da produção dos insumos 1 e 2; M3: localização do mercado final; K: localização da firma; d1 e d2: distância dos mercados de insumos 1 e 2 até a firma em K; d3: distância da firma em K até o mercado final, M3; m1 e m2: pesos dos insumos 1 e 2 consumidos pela firma em ton; m3: peso do produto final produzido pela firma em ton; p1 e p2: preços por ton dos insumos 1 e 2 no seu ponto de produção; p3: preço por ton do produto final no mercado final; t1 e t2: taxa de transporte ton/km para transportar os insumos 1 e 2; t3: taxa de transporte ton/km para transportar o produto final. Triângulo locacional de Weber M1 M2 M3 d3 d1 d2 K
  • 7. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • No modelo de Weber, os coeficientes de produção são fixos (relação fixa entre as quantidades de insumos requeridas para produzir uma unidade do produto). • Função de produção do tipo Leontief é representada na forma de pesos (coeficientes técnicos de utilização dos insumos): 𝑚3 = 𝑓(𝑘1𝑚1, 𝑘2𝑚2) • Supondo 𝑘1 = 𝑘2 = 1, temos: 𝑚3 = 𝑓(𝑚1, 𝑚2) • Logo, a quantidade produzida do bem 3 é igual a combinação dos insumos 1 e 2: 𝑚3 = 𝑚1 + 𝑚2 7 Modelo de Weber (1909)
  • 8. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale Premissas adicionais: • (M1, M2 e M3); (p1, p2 e p3) e (d1, d2 e d3) são dados; • A firma é tomadora de preços e é capaz de vender uma quantidade ilimitada do produto 3 ao preço p3 (como em competição perfeita); • t1, t2 e t3 são dados e representam os custos para transportar uma tonelada de 1, 2 e 3 por km, respectivamente; • Fatores de produção, trabalho e capital, estão igualmente disponíveis no espaço e as suas quantidades não variam entre as localidades; e o fator terra é homogêneo; • O preço e quantidade de trabalho são constantes no espaço, assim como o custo e qualidade do capital e o preço (aluguel) e qualidade da terra; • As localidades apresentam as mesmas atribuições em termos de disponibilidade dos fatores de produção (espaço é homogêneo). 8 Modelo de Weber (1909)
  • 9. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Se a firma é capaz de se estabelecer em qualquer lugar e assumindo que a mesma seja racional, a escolha da localização será dada pela maximização do lucro. • Dado que os preços de todos os insumos e do produto são exógenos e os preços dos fatores de produção são invariantes no espaço, o único fator que afeta o lucro relativo de diferentes localidades é a distância em relação aos insumos e ao mercado final. • Diferentes localidades incorrem em diferentes custos de transporte. 9 Modelo de Weber (1909)
  • 10. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Se p3 é fixo, a localização que garante o maior lucro é aquela que minimiza o custo de transporte. • Portanto, a localização ótima de Weber é dada por: 𝐶𝑇 = 𝑀𝑖𝑛 ෍ 𝑖=1 3 𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑖 𝐶𝑇 = 𝑀𝑖𝑛(𝑚1𝑡1𝑑1 + 𝑚2𝑡2𝑑2 + 𝑚3𝑡3𝑑3) em que 𝑚𝑖 é o peso em ton, 𝑡𝑖 a taxa de transporte ton/km e 𝑑𝑖 a distância. • Quais são os efeitos de alterações nos parâmetros do modelo sobre a localização da firma? 10 Modelo de Weber (1909)
  • 11. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale Efeito locacional dos custos de transporte dos insumos: Diferentes funções de produção afetam o comportamento de localização das firmas. Exemplo: • Considere duas firmas, A e B, que produzem automóveis (i = 3) a partir da combinação de aço (i = 1) e plástico (i = 2); • Firma A é mais intensiva em plástico; e • Firma B é mais intensiva em aço. • As firmas podem diminuir seus custos de transporte reduzindo o valor de d1 relativo a d2 e vice-versa. 11 Modelo de Weber (1909)
  • 12. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Se a Firma A é mais intensiva em plástico e a Firma B é mais intensiva em aço: o a Firma A irá se localizar relativamente mais perto de M2, fonte de plástico; e o a Firma B relativamente mais perto de M1, fonte de aço. 12 Modelo de Weber (1909) Triângulo locacional de Weber M1 M2 M3 d2A A d3A d1A B d2B d3B d1B
  • 13. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale Efeito locacional dos custos de transporte dos produtos: Diferentes pesos e dimensões do produto afetam a localização ótima das firmas em relação ao mercado final e insumos. Exemplo: • Considere novamente duas firmas, A e B, que produzem automóveis (i = 3) a partir da combinação de aço (i = 1) e plástico (i = 2); • As funções de produção das firmas são idênticas; entretanto, a Firma A é mais eficiente em termos de utilização dos insumos que a Firma B: o Firma A descarta 70% dos insumos durante o processo de produção enquanto a Firma B descarta apenas 40%; o O peso do produto da Firma A é menor que o peso do produto da Firma B. • As firmas podem diminuir seus custos de transporte reduzindo d3 (distância até o mercado final). 13 Modelo de Weber (1909)
  • 14. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • O maior peso do produto irá encorajar a Firma B a se localizar mais próxima do mercado final. • Portanto, a Firma B é mais orientada pelo mercado que a Firma A no seu comportamento de localização. 14 Modelo de Weber (1909) Triângulo locacional de Weber M1 M2 M3 d2A A d3A d1A B d2B d3B d1B
  • 15. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale Efeito locacional da variação dos preços dos fatores: • Embora tenhamos assumido preços do trabalho e da terra idênticos em todas as localidades, os preços dos fatores podem variar significantemente no espaço. • Para avaliar variações dos preços dos fatores e seus efeitos sobre a localização ótima de Weber, é necessário construir uma mapa de contorno no triângulo de Weber. o Mapas de contorno (conceito geográfico): mapas que ligam todas as localizações com a mesma altitude. o Isodapanas: contornos que incluem todas as localidades que apresentam o mesmo custo adicional associado ao transporte dos insumos e do produto, por unidade produzida de m3, em relação à localização ótima K*. 15 Modelo de Weber (1909)
  • 16. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 16 Modelo de Weber (1909) Isodapanas Isodapanas mais afastadas refletem aumentos dos custos, por unidade do produto m3 produzido, relativo à localização ótima de Weber, K*. M1 M2 X M3 K* W V U C D Q R S T E
  • 17. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Em quanto os preços dos fatores deve cair em uma determinada localidade em relação à localização ótima de Weber, K*, para as firmas se moverem para lá? Exemplo: • Localidade X: em quanto os preços dos fatores devem ser menores, em relação ao preços em K*, para a firma se mover de K* para X? • X está na isodapana $50: o Se o custo dos fatores requeridos para produzir uma unidade do produto m3 em X for menor, porém menos do que $50 em relação a K*, não será vantajoso para a firma mover de K* para X. o Se for mais do que $50, será vantajoso para a firma se mover e aumentar seu lucro. 17 Modelo de Weber (1909)
  • 18. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Em quanto o salário deve variar no espaço para que os lucros das firmas sejam os mesmo em todas as localidades? 18 Modelo de Weber (1909) Firma indiferente em relação às localidades (substitutos perfeitos) M1 M2 X M3 K* W V U C D Q R S T E w* -$10 -$25 -$40 -$50 K* Q R S T Salário Distância
  • 19. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Limitações do modelo de Weber: o O mercado consumidor é um ponto no espaço; o Ausência de competição; o Ausência de efeitos de escala no transporte e produção - ver Apêndice 1.1. de McCann (2013). 19 Modelo de Weber (1909)
  • 20. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • O modelo de Weber assume que as quantidades de insumos, m1 e m2, são fixas por unidade de produto (m3). Entretanto, substituição é uma característica do comportamento das firmas. • A condição de eficiência significa que as firmas fazem substituições em favor dos insumos relativamente mais baratos, ceteris paribus. • O comportamento de substituição foi incorporado na análise de Weber por Moses (1958). 20 Modelo de Moses (1958)
  • 21. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Para introduzir avaliar o efeito substituição podemos utilizar o triângulo locacional de Weber-Moses. • O arco IJ no triângulo M1M2M3 representa uma distância constante em relação ao mercado, ponto M3. • Ou seja, se a firma estiver localizada neste arco, a distância entre a sua localização (K) e o mercado M3 será constante. 21 Modelo de Moses (1958) Triângulo locacional de Weber-Moses M1 M2 M3 d2 K d3 d1 𝜃 J I
  • 22. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Se a firma está localizada em I, o preço do insumo 1 (p1+t1d1) será mínimo, pois a distância d1, de M1 para I, será a menor possível. • Similarmente, o preço do insumo 2 (p2+t2d2) será máximo, pois a distância d2, de M2 para I, será a maior possível. • Neste caso, a razão de preços será mínima: 𝑝1+𝑡1𝑑1 𝑝2+𝑡2𝑑2 • O inverso vale para o ponto J onde a razão de preços será máxima. 22 Modelo de Moses (1958) Triângulo locacional de Weber-Moses M1 M2 M3 d2 K d3 d1 𝜃 J I
  • 23. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Em microeconomia, a combinação ótima de insumos é determinada pelo ponto em que a isoquanta mais alta tangência a restrição orçamentária (R.O.). • Sendo a inclinação da R.O. determinada pelo preço relativo dos bens, podemos representar as R.O. em I e em J conforme figura abaixo: 23 Modelo de Moses (1958) 𝛽𝐽 𝛽𝐼 𝛼𝐼 𝛼𝐽 Restrição Orçamentária em I Restrição Orçamentária em J m1 m2 As razões de preços em I e J são dadas pela razão das tangentes dos ângulos αI /βI e αJ /βJ. αI /βI é mínima e αJ /βJ é máxima.
  • 24. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Se existem diferentes razões de preços para diferentes localidades, temos uma restrição orçamentária para cada um dos pontos do arco IJ. • A medida que movemos no arco IJ de I para J, a razão de preços aumenta e para cada localidade no arco IJ existe uma única razão de preços. • Portanto, a abordagem usual para analisar eficiência microeconômica não é aplicada para o caso das firmas no espaço. o É preciso incorporar os efeitos da localização na inclinação da restrição orçamentária. 24 Modelo de Moses (1958)
  • 25. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Para tal, devemos construir o “envelope” de restrições orçamentarias que contém todas as R.O. associadas a cada uma das localidades ao longo do arco IJ. 25 Modelo de Moses (1958) m1 m2 Envelope de R.O.
  • 26. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • O argumento de Moses é que assim podemos aplicar as condições de eficiência para encontrar o ponto em que o “envelope” de R.O. é tangente a isoquanta mais alta. • A figura abaixo mostra que E* é o ponto de máxima eficiência. • No ponto E*, a combinação ótima de insumos é dada por m1* e m2*. E* também representa a localização ótima de Moses (K*). 26 Modelo de Moses (1958) m2 Envelope de R.O. 𝑚2 ∗ 𝑚1 ∗ Q2 Q1 Isoquantas 𝐸* m1
  • 27. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • O que ocorre se t1 diminuir? • Se todos os outros parâmetros permanecerem constantes, a razão de preços 𝑝1+𝑡1𝑑1 𝑝2+𝑡2𝑑2 em todos as localidades ao longo do arco IJ irá diminuir. • A inclinação de cada uma das R.O., ceteris paribus, fica mais íngreme, assim como o “envelope” de R.O. Dado o efeito substituição, o “envelope” de R.O. se desloca para cima (e esquerda). 27 Modelo de Moses (1958) m1 m2 Envelope de R.O. antes da mudança de preços 𝑚2 ∗ 𝑚1 ∗ Q1 Isoquanta 𝐸* Envelope de R.O. após da mudança de preços 𝑚2 ′ 𝑚1 ′ 𝐸’ A combinação ótima de produção muda do ponto E* para E’.
  • 28. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Resumidamente, a firma faz substituição em favor do insumo 1 que agora é relativamente mais barato. • Essa mudança tem implicação na localização original K*. o A firma aumenta o custo de transporte (m1t1d1) para o insumo 1 em relação ao custo de transporte para o insumo 2 (m2t2d2). o A firma irá se mover em direção a M1 para reduzir os custos de transporte. • O novo ponto ótimo de localização K*´ é mais perto de M1 do que o ponto original (K*). 28 Modelo de Moses (1958)
  • 29. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • O resultado de uma queda em t1 seria o mesmo no modelo simples de Weber? o Se a taxa de transporte t1 diminui, ceteris paribus, o efeito no modelo de Weber é mover a localização ótima para longe de M1. • Por quê? o Como o insumo 2 agora ficou relativamente mais caro para transportar, e como os coeficientes de produção são fixos no modelo de Weber, tal que a quantidade relativa de m1 e m2 consumida continua a mesma, a firma irá se mover em direção ao insumo 2 para reduzir o custo total de transporte. 29 Modelo de Moses (1958)
  • 30. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 30 Modelos de Área de Mercado
  • 31. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Áreas de mercado diferem no espaço devido a: o Diferenças nas densidades populacionais; o Diferenças nas distribuições de renda; o Diferenças nas demandas dos consumidores; etc. • Mesmo que essas diferenças não existam, o espaço pode representar uma importante questão de competitividade. • Geografia e Espaço podem propiciar poder de monopólio para as firmas. • Firmas se engajam em competição espacial. 31 Modelos de área de mercado
  • 32. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Para avaliar a competição espacial, podemos, inicialmente, utilizar a abordagem de Palander (1935). Palander: • 2 firmas, A e B, localizadas nos pontos A e B ao longo de uma área de mercado unidimensional definida por O-L; • As firmas produzem um produto idêntico (produto homogêneo); • Consumidores estão distribuídos uniformemente ao longo de O-L; • pa e pb são os custos de produção das firmas A e B, respectivamente; • As taxas de transporte das firmas são idênticas (ta = tb); • Preço do produto da firma A: pa+tada • Preço do produto da firma B: pb+tbdb 32 Palander (1935)
  • 33. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Assumindo que os consumidores são racionais e que irão comprar da firma que é capaz de ofertar, naquela localidade específica, ao menor preço, a área de mercado será dividida em duas: OX e XL. 33 Palander (1935) Custo de produção da firma A (pa) Custo de produção da firma B (pb) Entre O e X, o preço da firma A (pa+tada) é sempre menor que o preço da firma B (pb+tbdb). Entre X e L, o preço da firma B é sempre menor que o preço da firma A. A Área de mercado da firma A O X Área de mercado da firma B Preço/Custo B L
  • 34. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Embora a firma A seja mais eficiente que a firma B e os produtos sejam idênticos, a firma A não ganha todo o mercado. • A localização dá poder de mercado (monopólio) para cada uma das firmas nas áreas ao redor delas mesmas. • E se as taxas de transporte forem diferentes? o As áreas de mercado podem ser divididas de maneira diferente quando os custos de produção e as taxas de transporte são diferentes entre as firmas. 34 Palander (1935)
  • 35. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 35 Palander (1935) A Área de mercado da firma A B Área de mercado da firma B Preço/Custo L O A Área de mercado da firma A B Área de mercado da firma B Preço/Custo L O Área de mercado da firma A Exemplo A Exemplo B
  • 36. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • O que ocorre se: o Caso 1: a eficiência de uma das firmas aumenta? o Caso 2: o custo de transporte de uma das firmas diminui? o Caso 3: uma das firmas se move? 36 Palander (1935)
  • 37. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 37 Palander (1935) • Caso 1: Eficiência da firma A aumenta. A B Preço/Custo O L Área de mercado da firma A Nova Área de mercado da firma A Nova Área de mercado da firma B Área de mercado da firma B pa pa’ X X’
  • 38. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 38 Palander (1935) • Caso 2: Custo de transporte da firma A diminui. A B Preço/Custo O L pa X X’ Área de mercado da firma A Nova Área de mercado da firma A Nova Área de mercado da firma B Área de mercado da firma B
  • 39. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 39 Palander (1935) • Caso 3: A firma A se move. A B Preço/Custo O L pa X X’ A’ Área de mercado da firma A Nova Área de mercado da firma A Nova Área de mercado da firma B Área de mercado da firma B
  • 40. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • Conclusões da análise baseada em Palander: • O tamanho do mercado (área de mercado) depende da(o): o Eficiência da firma; o Custo de transporte; e o Escolha da localização. 40 Palander (1935)
  • 41. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • A existência do poder de monopólio espacial cria incentivos para as firmas usarem a localização como um artifício de competição para adquirir maior poder de mercado. • Prática importante para firmas que não competem via preços. o Exemplo: competição via qualidade do produto. • Em Oligopólio, a interdependência das firmas em determinar quantidades e parcelas de mercado é também resultado de decisões locacionais e de preços. • O modelo de Hotelling (1929) descreve a interdependência espacial das firmas dentro do contexto de um jogo locacional. 41 Hotelling (1929)
  • 42. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale Premissas: • Firmas com mesmos custos de produção e transporte (pa=pb e ta=tb). • Os consumidores estão distribuídos uniformemente ao longo de O-L. • Demanda dos consumidores é perfeitamente inelástica: o Consumidores consomem uma parcela fixa por período independentemente dos preços. • As firmas tomam suas decisões estratégicas de competição assumindo que a firma concorrente não irá mudar seu comportamento. • Dado que as firmas não estão competindo via preços, cada uma delas pode apenas ajustar sua localização para adquirir maior parcela de mercado. 42 Hotelling (1929)
  • 43. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • No período 1, as firmas possuem a mesma parcela de mercado. o Firma A tem poder de mercado sobre a área OX e a firma B sobre a área XL. 43 Hotelling (1929) A Área de mercado da firma A no período 1 B L O Área de mercado da firma B no período 1 Preço/Custo X
  • 44. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • A firma A move-se da sua localização original para a localização C (esquerda de B). • Dessa maneira, a firma A aumenta sua parcela de mercado de OX para OC. A firma B ficará com a parcela de mercado BL. 44 Hotelling (1929) A Área de mercado da firma A no período 1 B L O X Área de mercado da firma B no período 2 Área de mercado da firma A no período 2 C Área de mercado da firma B no período 1 Preço/Custo
  • 45. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • No período 2, a firma B assumirá que a firma A irá manter sua localização em C, movendo-se para esquerda de C (para o ponto D). • Dessa maneira, a firma B aumenta sua parcela de mercado para OD. A firma A , por sua vez, ficará com a parcela de mercado CL. 45 Hotelling (1929) A Área de mercado da firma A no período 3 B L O Área de mercado da firma B no período 2 Área de mercado da firma A no período 2 Área de mercado da firma B no período 3 Preço/Custo C D
  • 46. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • No período 3, a firma A responderá movendo-se para a esquerda da firma A. • Essa mudança de localização ocorrerá até que ambas estejam localizadas em X. • Quando as firmas atingem o ponto X, nenhuma delas têm incentivo para mudar, pois qualquer mudança envolve redução do seu market-share. • Esse resultado é conhecido como resultado de Hotelling. • O resultado em termos de parcela de mercado é exatamente o mesmo do início do jogo: cada firma detém metade da parcela de mercado. • Entretanto, há perda de bem-estar para os consumidores no agregado. 46 Hotelling (1929)
  • 47. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 47 Hotelling (1929) O resultado final com cada firma localizada no centro do mercado é o Equilíbrio de Nash para esse jogo. A B L O Preço/Custo Área de mercado da firma A no período 1 Área de mercado da firma B no período 1 Cada firma detém metade da parcela de mercado quando ambas estão localizadas em X X
  • 48. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 48 Hotelling (1929) A B L O Preço/Custo Área de mercado da firma A no período 1 Área de mercado da firma B no período 1 Cada firma detém metade da parcela de mercado quando ambas estão localizadas em X X Os consumidores que estão localizados no centro do mercado se beneficiam devido a redução do preço do produto (área egjh). Os consumidores localizados nas beiradas perdem devido ao aumento do preço do produto (área defc + jklm). Os ganhos dos consumidores centrais são superados pelas perdas dos consumidores periféricos. O resultado é uma perda de bem-estar. d c f e g h j m k l
  • 49. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • E se as firmas competissem via preços? • Competição via preço geraria um equilíbrio de Nash de longo-prazo em que as firmas venderiam ao lucro zero e permaneceriam localizadas no centro do mercado (ponto X). • O preço cairia até o equivalente ao custo marginal de produção (resultado típico de um mercado competitivo). 49 Hotelling (1929)
  • 50. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 50 Hotelling (1929) A Área de mercado da firma A no período 1 B L O Área de mercado da firma B no período 1 Preço/Custo Área de mercado da firma A no período 2 dado um corte de preços X Área de mercado da firma B no período 3 dado um corte de preços Área de mercado da firma A no equilíbrio de longo prazo Área de mercado da firma B no equilíbrio de longo prazo Se a firma A diminui seu preço quando ambas as firmas estão localizadas em X, ela ganha todo o mercado no período 2. Se a firma B define seu preço no período 3 abaixo do preço cobrado pela firma A, ela agora ganha todo o mercado. A competição via preço geraria um equilíbrio de Nash de longo- prazo em que as firmas venderiam ao lucro zero e permaneceriam localizadas no centro do mercado (ponto X).
  • 51. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale • A escolha da localização é determinada por vários fatores e mecanismos: o Custos de transporte; o Preços dos fatores no espaço; o Possibilidades de substituição; o Possibilidades de produção; o Estruturas de mercado; o Competição; o Informação; o etc. (...) 51 Conclusões
  • 52. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 52 Referências Básica: • McCANN, P. Modern Urban and Regional Economics. Industrial location: the location of the firm in theory. Oxford University Press: United Kingdom, 2013. Complementar: • CAPELLO, R. Regional Economics. Agglomeration and location. Routledge, 2007. • HOOVER, E. M.; GIARRATANI, F. An Introduction to Regional Economics. Individual Location Decisions. Regional Research Institute, West Virginia University, 1999.
  • 53. Economia Regional e Urbana – SE314 – Prof. Alexandre Porsse e Prof. Vinícius Vale 53 Contato • Professores: Prof. Alexandre Alves Porsse: porsse@gmail.com Prof. Vinícius de Almeida Vale: vinicius.a.vale@gmail.com