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Conto de
António Torrado

Conto de António Torrado /
A nuvem andava lá no
alto, a espreguiçar-se muito
vagarosa, muito preguiçosa.

O caracol andava cá por baixo, a correr muito
devagarinho, muito devagarinho, porque não sabia correr
mais depressa. Andava à sua vida, o caracol.
Lá no alto, a nuvem, porque não tinha nada que fazer,
bocejava:
- Ah, que dia
pasmado
este!
Cá em baixo, o caracol, que tinha imensos
afazeres, murmurava:
- Ah, que dia
tão atarefado
este!
Mas afinal era apenas mais um
lindo dia, um lindo dia de sol.
Para se entreter, a nuvem começou a
brincar ao faz-de-conta. Como não havia
mais nuvens, tinha de brincar sozinha.
- Faz de conta que
sou um cavalo…

- e um cavalo-nuvem
desenhava-se no céu.
- Agora, faz de
conta que sou um
palhaço…
- e a cara de um palhaço,
feito de nuvem, recortavase no azul do céu.
- Agora sou uma
casa…

- e uma casa-nuvem
aparecia no céu.
Entretinha-se assim. Mas, quando, a
certa altura, se alongou e espreguiçou
mais e mais, a fazer de conta que era um
comboio de mercadorias, a nuvem tapou
o Sol. O dia escureceu.
Cá em baixo, o caracol, que andava à
sua vida, suspirou, aborrecido:

- Esta nuvem só faz
disparates. É o que sucede a
quem não tem nada que
fazer.
Parece que ela, a nuvem, lá em cima, o ouviu, porque, passado
tempo, escureceu de triste que estava e começou a choramingar
sobre a terra.
Foram umas gotinhas poucas, uns chuviscos - que ela
também era pequenina - mas bastaram para pôr a reluzir
as folhas e as ervas por onde o caracol andava à sua vida.
Quando se foi a chuva, e o Sol voltou a aparecer, o caracol,
que entretanto se abrigara na sua casa, deitou os
pauzinhos para fora e disse, muito satisfeito:

- Assim,
sim!
Virou então a cabeça para o céu, para
agradecer à nuvem, mas já ela tinha
desaparecido.
Agora é a tua vez de imaginares
outras brincadeiras da nuvem…
http://www.escolovar.org
Por favor,
não colocar na INTERNET.

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Nuvem e caracol

  • 1. Conto de António Torrado Conto de António Torrado /
  • 2.
  • 3.
  • 4. A nuvem andava lá no alto, a espreguiçar-se muito vagarosa, muito preguiçosa. O caracol andava cá por baixo, a correr muito devagarinho, muito devagarinho, porque não sabia correr mais depressa. Andava à sua vida, o caracol.
  • 5. Lá no alto, a nuvem, porque não tinha nada que fazer, bocejava: - Ah, que dia pasmado este!
  • 6. Cá em baixo, o caracol, que tinha imensos afazeres, murmurava: - Ah, que dia tão atarefado este! Mas afinal era apenas mais um lindo dia, um lindo dia de sol.
  • 7. Para se entreter, a nuvem começou a brincar ao faz-de-conta. Como não havia mais nuvens, tinha de brincar sozinha.
  • 8. - Faz de conta que sou um cavalo… - e um cavalo-nuvem desenhava-se no céu.
  • 9. - Agora, faz de conta que sou um palhaço… - e a cara de um palhaço, feito de nuvem, recortavase no azul do céu.
  • 10. - Agora sou uma casa… - e uma casa-nuvem aparecia no céu.
  • 11. Entretinha-se assim. Mas, quando, a certa altura, se alongou e espreguiçou mais e mais, a fazer de conta que era um comboio de mercadorias, a nuvem tapou o Sol. O dia escureceu.
  • 12. Cá em baixo, o caracol, que andava à sua vida, suspirou, aborrecido: - Esta nuvem só faz disparates. É o que sucede a quem não tem nada que fazer.
  • 13. Parece que ela, a nuvem, lá em cima, o ouviu, porque, passado tempo, escureceu de triste que estava e começou a choramingar sobre a terra.
  • 14. Foram umas gotinhas poucas, uns chuviscos - que ela também era pequenina - mas bastaram para pôr a reluzir as folhas e as ervas por onde o caracol andava à sua vida.
  • 15. Quando se foi a chuva, e o Sol voltou a aparecer, o caracol, que entretanto se abrigara na sua casa, deitou os pauzinhos para fora e disse, muito satisfeito: - Assim, sim!
  • 16. Virou então a cabeça para o céu, para agradecer à nuvem, mas já ela tinha desaparecido.
  • 17. Agora é a tua vez de imaginares outras brincadeiras da nuvem…
  • 18.