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Tecnologia
22 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Editora: Ana Paula Macedo
anapaula.df@dabr.com.br
3214-1195 • 3214-1172 / fax: 3214-1155
Da internet
Nova rede social criada por brasileiros localiza
pessoas que moram perto umas das outras,
para que se conheçam e descubram afinidades.
No DF, 4 mil usuários já se cadastraram
para a vida real
oi-se o tempo em que se
Breno Fortes/CB/D.A Press
emboradequatroemquatroanos
F tocava a campainha da
porta ao lado para receber
novatos na vizinhança
com um prato na mão e um sorri-
so no rosto. Diante das telas dos
e não se criavam laços entre os vi-
zinhos. Além disso, o conserva-
dorismo do poder faz as pessoas
ficarem mais retraídas, com me-
do de dizer algo que as compro-
computadores, hoje é mais co- meta. Isso deixou heranças, mes-
mum que as pessoas se conhe- mo hoje em dia.”
çam e se relacionem virtualmen- Passar a maior parte do tempo
te do que em carne e osso. Na in- fora de casa também pode ser
ternet, é possível fazer amigos até uma explicação para o distancia-
do outro lado do mundo, mesmo mento entre vizinhos. O arquite-
sem poder encontrá-los pessoal- to de software Luiz Diogo Olivei-
mente. Mas, por meio da rede, ra, 26 anos, trabalha o dia inteiro
também pode-se encontrar al- e sente a dificuldade de fazer
guém muito mais próximo, que amizade com seus vizinhos. Ele
pode estar a apenas alguns me- mora há oito anos em um aparta-
tros de distância. Pelo menos es- mento no Cruzeiro, mas não co-
sa é a proposta do Cromaz, rede nhece ninguém no prédio. Luiz
social brasileira que, em seis me- se diz uma pessoa extremamente
ses de existência, conta com sociável e adora redes sociais.
161.398 adeptos. “Como eu trabalho com isso, me
A ideia é simples. Unir pessoas sinto na obrigação de estar por
com interesses em comum a par- dentro de todas”, diz. Para, ele o
tir de um filtro geográfico. Em vez Cromaz ainda pode crescer bas-
de perfis e grupos de amigos, o tante. “Gosto muito de fazer ami-
foco do Cromaz é criar fórums e gos e também toco guitarra. Seria
páginas de vizinhos de rua, bair- interessante encontrar pessoas
ro e cidade. A partir daí, é possível que também gostem e morem
entrar em contato com pessoas por perto, de repente dá até para
que moram perto e comparti- montar uma banda.”
lham gostos. É uma maneira de Para o professor de comuni-
descobrir quem mora logo ali, Luiz Diogo Oliveira, inscrito no Cromaz, mora há oito anos no Cruzeiro mas, como passa o dia inteiro no trabalho, não conhece os vizinhos cação e multimídia Alberto Mar-
ouve o mesmo tipo de música e ques, do Instituto de Educação
adoraria companhia para aquele Superior de Brasília (Iesb), ainda
novo restaurante. Ou conhecer o maior que os usuários dos pri- Encontros há muito o que melhorar na no-
vizinho do apartamento de baixo Três perguntas para meiros nove meses do Twitter va rede social, mas a proposta de
que também gosta jogar bola no que, nesse tempo, reuniu 20 mil Depois de se conhecerem usar a internet para aproximar as
fim de semana, e o de cima, que seguidores e seguidos. Já o Face- graças ao Cromaz, alguns pessoas no mundo real tem po-
PABLO CURTY, um dos criadores do Cromaz
trabalha perto e poderia dividir a book fechou o primeiro mês de vizinhos marcam encontros tencial para dar certo. “O virtual
gasolina. Além disso, a rede per- conhecendo as pessoas quem vida com 10 mil perfis. Apesar do em bares, lanchonetes e não é algo que não existe, é um
Estamos mais conectados e mais
mite compartilhar informações moram no meu prédio. O rela- começo positivo, a rede ainda es- restaurantes, sempre nos complemento. A pessoa pode
distantes ao mesmo tempo?
úteis no dia a dia do bairro, como cionamento com vizinhos per- tá dando seus passos iniciais. No bairros onde moram, para se não estar presente em matéria,
Acho que sim. Tanto que a
festas, eventos ou a situação do deu muito espaço com a falta Distrito Federal, são cerca de 4 mil conhecerem pessoalmente. mas está em bits”, filosofa. Para
proposta do Cromaz é o con-
trânsito por ali. de tempo de hoje em dia. Mas pessoas usando o Cromaz. A Em Brasília, os usuários ele, a internet mexe com o con-
trário: fazer você usar a inter-
De acordo com um dos cria- dá para encontrá-los na inter- exemplo do que já aconteceu em chegaram a marcar uma ceito de território: o indivíduo se
net para conhecer pessoas na
dores do Cromaz, o mineiro Pa- net para, depois, conhecê-los outras capitais, como São Paulo e reunião, mas a torna próximo de gente que está
vida real. Se você não se apro-
blo Curty, o objetivo da rede é fa- pessoalmente. Porto Alegre, os brasilienses pre- incompatibilidade de fisicamente a quilômetros de dis-
xima de alguém pessoalmente,
zer as pessoas usarem a internet tendem organizar encontros dos horários impediu o tância. Não há motivo, porém,
pode usar a internet para isso.
para se conhecerem fora dela. “A Já conheceu algum no Cromaz? usuários da rede. acontecimento. para não se aproximar também
Na Tailândia, existe uma ten-
internet aproxima gente do mun- dência chamada disconect to Já conversei com pessoas A estudante Karine Taveira, das pessoas que estão apenas a
do inteiro, mas também afasta. A conect (desconectar para co- que moram no meu bairro por 24 anos, moradora do Distrito alguns metros.
proposta é quebrar isso e usá-la nectar), que incentiva as pes- causa do Cromaz. Também co- Federal há quatro, é uma das Pablo Curty conta que novi-
para encontrar o vizinho que vo- soas a saírem do mundo virtual nheci muita gente nos encon- que apoiam a ideia. Ela usa re- dades estão por vir. Uma nova
cê nem imaginava que tinha tan- para o real. Então, você faz no- tros que foram combinados des sociais principalmente para De porta em porta ferramenta que permite localizar
tos interesses em comum.” A vos amigos na rede para en- por lá. Fiz questão de compare- estar em contato com os amigos estabelecimentos próximos às
ideia surgiu quando um dos qua- contrá-los pessoalmente. cer no primeiro que aconteceu, e a família, mas já conheceu Segundo o sociólogo Marcello residências dos usuários foi lan-
tro criadores, Miguel Meirelles, fã em São Paulo. Descobri tam- muita gente por meio da inter- Barra, professor da Universidade çada recentemente no site. Cha-
de bicicletas, tentou encontrar Você conhece os seus vizinhos? bém que pessoas muito baca- net. A estudante tem amigos em de Brasília, isso acontece porque, mada “Ao seu redor”, ela tenta
pessoas que compartilhassem a Não. Com a correria entre nas que eu já conhecia mora- Brasília, Campo Grande, São quando interagem on-line, os encontrar restaurantes, farmá-
vontade de pedalar por Belo Ho- trabalho e trânsito, acabo não vam perto de mim. Paulo, Anápolis e Rio de Janeiro. usuários estão sentados na frente cias e outros locais de interesse
rizonte, onde mora. Por meio de Em contrapartida, Karine afir- de um computador. “Apesar de, de quem usa o Cromaz. “Em bre-
redes sociais, conheceu ciclistas ma ter dificuldade de conhecer na internet, as pessoas estarem ve, também deve sair uma nova
do mundo inteiro, mas ninguém as pessoas que moram no mes- falando para milhões de outros versão do Cromaz, com navega-
na capital mineira. do seu bairro e conferir o que está tema de debate entre os usuários mo prédio que ela. “Acho muito indivíduos, elas se sentem muito ção mais fácil.” Um aplicativo
rolando por lá.” Para ele, o Cro- que, unidos, poderão saber dizer difícil fazer amizade com os vi- menos tímidas porque estão ape- para celular também está nos
Internet de bairro maz pode ser usado inclusive po- aos governantes o que está legal zinhos aqui em Brasília. São nas diante de um objeto, não de planos dos mineiros. “Muitas re-
liticamente, como em uma asso- por ali e o que não está. Funciona meio fechados. Já dei muito uma plateia lotada.” Ele também des sociais unem pessoas distan-
Segundo Pablo Curty, a ten- ciação de moradores. “Problemas como um termômetro do país”, bom-dia e obtive apenas o silên- explica o porquê da falta de hábi- tes, mas nós somos os primeiros
dência é regionalizar a rede. na vizinhança podem ter uma so- acredita. cio.” Para ela, que viu no Cro- to do brasiliense de bater à porta a conectar pessoas próximas.”
“Quanto mais gente tiver no Cro- lução mais rápida quando as pes- A regionalização aumenta com maz uma oportunidade de se ao lado e convidar para um café. Com essa ajuda extra, poderá ser
maz, mais localizada a interação soas se conhecem e estão em o número de pessoas da rede, que aproximar dos vizinhos brasi- “Nascida para ser o centro do po- uma boa ideia ligar o computa-
se torna. Assim, o usuário pode contato. Uma obra mal concluída teve 30 mil cadastrados apenas lienses, as pessoas ficam mais der, a capital dos primeiros anos dor da próxima vez que alguém
entrar no mural da sua cidade ou no bairro, por exemplo, pode ser no primeiro mês. O número é sociáveis na internet. tinha muitos moradores que iam precisar de uma xícara de açúcar.
APPLE
Justin Sullivan/AFP - 6/6/11
sobre isso, simplesmente fun-
O preço para ficar ciona”, disse Jobs à época do
lançamento. Tamanha facilida-
de, contudo, merece atenção
nas nuvens dos consumidores. “Os prove-
dores oferecem um nível de se-
gurança, mas não existe ne-
nhum ambiente aberto para a
» CAROLINA VICENTIN Grosso modo, a cloud compu- internet que seja 100% seguro”,
ting permite que programas e ar- alerta Vicente Lima, diretor co-
A Apple divulgou, nesta sema- quivos não sejam mais guarda- mercial da Symantec.
na, os preços do serviço de com- dos na máquina de cada um. O O especialista recomenda que
putação em nuvem que deve conteúdo fica em servidores das os usuários — pessoas físicas ou
chegar ao mercado norte-ameri- empresas provedoras da tecnolo- corporações — tenham o cuida-
cano em setembro. O iCloud ofe- gia, e os usuários podem acessá- Steve Jobs, da do de contratar serviços de prove-
recerá até 5 gigabytes (GB) gra- lo conforme a necessidade. Além Apple, entrou no dores renomados e bem estrutu-
tuitos para os usuários dos pro- de diminuir a carga que compu- mercado de rados, caso da Apple. Essa carac-
dutos da empresa. Para ter 10GB, tadores, tablets e laptops preci- armazenamento terística, porém, não elimina as
será preciso desembolsar US$ 20 sam carregar, a nuvem é mais jus- remoto em junho ameaças na web.“Já existem vírus
anuais; 20GB custarão US$ 40; e ta em termos de pagamento do passado para equipamentos da empresa
50GB sairão por US$ 100. Com o serviço, uma vez que as pessoas da maçã, e a qualquer momento
serviço, músicas, fotos, vídeos e serão cobradas apenas pela um usuário pode ser atacado, ter
informações de contatos pode- quantidade demandada. Com o das buscas mostrou, no mesmo deve chegar ao Brasil pouco biblioteca de dados na nuvem. dados clonados.” Para evitar pro-
rão ser armazenadas remota- iCloud, lançado em junho passa- mês, o Chrome OS, um sistema depois da estreia nos EUA, do- “Tudo acontece de forma auto- blemas, Lima lembra que tam-
mente e controladas via internet do, Steve Jobs entrou de vez na operacional para notebooks to- nos de iPods, iPads, iPhones, mática e sem fios, e, como é in- bém é preciso ter cuidado com
a partir de qualquer equipamen- briga por esse mercado, ao lado talmente baseado na web. MacBooks e outros portáteis tegrado em nossos aplicativos, cada aparelho. “Ter um antivírus
to da companhia. do concorrente Google. O gigante Com o serviço da Apple, que poderão sincronizar toda a sua você não precisa nem pensar e um antispam ainda é essencial.”
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