SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 5
Baixar para ler offline
Revista da Associação dos Diplomatas Brasileiros
Ano XXIII nº 92 • Janeiro - Abril 2016
• ADB negocia pauta de
reivindicaçãoes com MRE (Pg 9)
• Estudo analisa a participação da
mulher na diplomacia brasileira (Pg 12)
REVISTA DA ADB | 15
pelo mundo
Uma espiada no FCO: como funciona
a diplomacia de Sua Majestade
Em seguimento às matérias publicadas nas edi-
ções 90 e 91 da Revista da ADB sobre os servi-
ços diplomáticos pelo mundo, nessa edição são
apresentadas algumas características do Foreign
and Commonwealth Office (FCO), a chancela-
ria do Reino Unido. Na embaixada britânica em
Brasília, o Ministro Conselheiro Wasim Mir e a
Secretária Kate Thornley receberam gentilmente
a reportagem da revista e compartilharam seu
conhecimento e experiências com relação aos
desafios e projetos dos diplomatas britânicos.
F
undado em 1782, o FCO dispõe de uma rede
de 275 postos, sendo cinco no Brasil, e 4,5 mil
servidores diplomáticos. É um ministério que
hoje prioriza reformas e reformulações da atuação
diplomática para melhor se adaptar às exigências do
mundo contemporâneo. Sua organização e métodos
de trabalho refletem as prioridades da política externa
britânica, com grande foco em planejamento estraté-
gico, transparência e governança. Detalhes sobre a
estrutura, orçamento e ações do foreign office estão
disponíveis em seus relatórios anuais e no sítio
www.gov.uk/government/organisations/foreign-
commonwealth-office.
A diplomata britânica Kate Thornley (esq.), uma das co-ordenadoras da FCO Women´s Association Brazil, com colegas da Embaixada do Reino Unido
Divulgação/FCO
16 | REVISTA DA ADB
pelo mundo
Qual a estrutura do Foreign Com-
monwealth Office (FCO)?
Wasim Mir – O FCO tem como titular
o Secretário do Exterior, que histo-
ricamente tem sido um membro do
parlamento. Abaixo dele, estão os
junior ministers, especialistas em
suas respectivas áreas de atuação,
e o subsecretário-permanente, um
funcionário da carreira do Serviço
Exterior. São cinco as subsecreta-
rias (em inglês, directorates-gene-
ral): Econômica e Consular; Defesa
e Inteligência; Política; Operações; e
Grupo Central. Há um total de 4.500
diplomatas distribuídos entre os 275
postos (incluindo embaixadas e con-
sulados), nove missões e a chan-
celaria. Além disso, outros 6.500
funcionários completam o quadro do
Serviço Exterior, entre contratados
locais e alguns poucos servidores
que permanecem em Londres por
toda a carreira.
No Brasil, há 30 diplomatas e adi-
dos e outros 250 contratados locais
servindo em Brasília, Rio de Janei-
ro, São Paulo, Recife, Porto Alegre e
Belo Horizonte. O novo posto em Belo
Horizonte foi inaugurado em 2015
pelo ministro Hugo Swire, aberto
em menos de um ano. As chefias
de postos no exterior são ocupadas
por servidores de carreira. Houve, no
passado, algumas nomeações políti-
cas, mas hoje todas as missões são
chefiadas por embaixadores e côn-
sules de carreira. Para dar conta das
atividades do Serviço Exterior, o FCO
tem orçamento anual de 1,8 bilhão
de libras (R$ 9,9 bilhões).
Como se dá o ingresso no Serviço
Exterior Britânico?
Kate Thornley – É necessário ter curso
universitário com nota mínima de 2.2.
Depois de formado, o candidato se
inscreve em um exame nacional para
o serviço público e provas adicionais
para a carreira diplomática. A maior
parte desse processo é baseada em
entrevistas e simulações de situações
de trabalho com atores ou outros can-
didatos. Não há um curso específico
de formação, acadêmico. Se aprovado
nessa etapa, passa por uma verifica-
ção de segurança, que avalia antece-
dentes profissionais e pessoais.
Em seguida, é convocado para
duas semanas de palestras sobre a
estrutura da organização, a carreira di-
plomática e algumas regras e obriga-
ções básicas. A partir daí, já começa a
trabalhar, frequentando uma Academia
Diplomática de maneira virtual (cursos
online). O salário inicial de um diplo-
mata em Londres é de 27 mil libras
anuais [pouco mais de R$ 11 mil men-
sais, ao câmbio de R$ 5], valor apro-
ximado de outras profissões de nível
superior em início de carreira.
Existem políticas específicas de pro-
moção da igualdade de gênero e raça?
WM – A legislação britânica não per-
mite um sistema de quotas. Há, no
entanto, estabelecimento de metas de
diversidade. Por exemplo, estabele-
ceu-se que, até 2018, é desejável que
39% dos embaixadores sejam mulhe-
res. Atualmente, esse percentual é de
27%. Mas não há uma determinação
sobre como atingir essas metas, de
forma que muitas vezes se torna difícil
alcançá-las. Além disso, há programas
específicos de estágios em órgãos pú-
blicos para atração de minorias, como
forma de divulgar e estimular interesse
no serviço público. Dentro do ministé-
rio temos associações que promovem
e apoiam mulheres e pessoas de mi-
norias, organizam eventos, provocam
debate e oferecem conselhos. Aqui na
embaixada, por exemplo, acabamos
de criar nossa filial da Women’s Asso-
ciation, que já existe globalmente.
Como é o sistema de designação de di-
plomatas para um determinado posto?
KT – As vagas em aberto nos pos-
tos são mensalmente publicadas, por
meio eletrônico. Quem se inscreve, o
faz para um setor específico em uma
cidade específica. Ao me candidatar,
por exemplo, me inscrevi para a vaga
no Setor Político, na embaixada em
Brasília. Encerradas as inscrições,
passamos por um processo seletivo,
que inclui análise de currículo e entre-
vista por videoconferência com o che-
fe do Setor no Posto. Formalizada a
designação pelo futuro chefe imediato
isso costuma ser feito com antecedên-
A legislação britânica
não permite um sistema
de cotas, mas há metas
de diversidade a serem
cumpridas
REVISTA DA ADB | 17
pelo mundo
cia. No meu caso, soube que
viria para o Brasil 18 meses
antes da partida , o candidato
se prepara para as novas fun-
ções, estudando seus temas e
a língua do país.
Recentemente, o FCO, pela
primeira vez abriu a função de
deputy consul general, aber-
ta a candidaturas internas de
diplomatas e também para
outros interessados. Ao final,
foi selecionado um cidadão
português (não diplomata)
que trabalhava na embaixada
em Lisboa. Esse processo
inovador está em linha com a
atual politica do ministério de
promover e valorizar o papel
dos contratados locais que
trabalham na rede mundial.
Em postos com maiores riscos de
segurança, o candidato passa ainda
por um rápido curso de segurança
pessoal, de cerca de uma semana,
que ensina como reagir em situa-
ções extremas, como bombardeios
e sequestros. Antes da partida, o
diplomata deverá ser aprovado em
exames médicos e odontológicos.
Para postos considerados mais ar-
riscados, como Somália, Iêmen e
Afeganistão, são requeridos também
exames psicológicos. Idealmente, o
novo diplomata deve chegar ao posto
antes da partida de seu antecessor,
para a passagem de assuntos (han-
dover). Diplomatas podem ficar no
exterior em dois postos consecutivos
antes de voltar para Londres, requisi-
to necessário para a promoção.
Quais os benefícios que tem o diplo-
mata no exterior?
KT – Todos os postos oferecem imó-
veis funcionais para seus servidores,
devidamente mobiliados e equipados,
ou pagamento de aluguel até certo li-
mite – variável conforme o número de
dependentes. O diplomata tem direito
a transportar para o posto apenas al-
guns metros cúbicos (depende do ta-
manho da familia) de bens pessoais,
como roupas, livros, CDs. Não pode-
mos levar moveis. Em Brasília, a em-
baixada tem um prédio próprio na Asa
Sul, com 12 apartamentos, e outras
sete casas no Lago Norte.
Todos os servidores estão cober-
tos por seguro de saúde básico, no
padrão oferecido pela saúde pública
britânica. A remuneração no posto é
calculada a partir de adi-
cional sobre o vencimento
básico na chancelaria, e
varia de acordo com as
condições e custo de vida
locais. O adicional é revis-
to semestralmente confor-
me as variações cambiais
no período. A unidade res-
ponsável pela logística do
foreign office, FCO Servi-
ces, também fornece um
serviço de caixa postal
em Londres para a remes-
sa de correspondência
particular aos servidores
no exterior. Em Brasília, a
frequência da mala diplo-
mática é semanal.
Como é o ensino dos filhos e depen-
dentes dos diplomatas britânicos a
serviço no exterior? Há algum tipo
de auxílio?
WM – Tenho dois filhos em idade es-
colar, ambos em nível fundamental,
matriculados na Escola Americana.
Fizemos a opção por essa instituição
por causa da linguagem e da conve-
niência. A chancelaria garante auxílio-
-educação para todos os filhos e en-
teados de funcionários que trabalham
no exterior nos níveis fundamental e
básico, paga pelo FCO. Há um teto
para esse benefício, que varia confor-
me o país. Esse subsídio inclui todos
os custos (jóia, matrícula, mensali-
dades). Essa garantia não precisa de
uma base legal, é parte de um pacote
de benefícios oferecidos aos diploma-
tas, como o seguro-saúde no exterior.
Ministro-Conselheiro da Embaixada do Reino Unido em Brasília, Wasim Mir
Divulgação/FCO
pelo mundo
Quais os critérios para passagens e
diárias em viagens a serviço?
KT – O servidor não recebe diárias,
mas autorização para realizar gastos
até um limite, que varia conforme a
cidade, para suas diferentes despe-
sas: hotel, transporte, alimentação.
Esses valores são reembolsáveis
mediante apresentação dos recibos.
Outra opção é o uso do cartão de
crédito corporativo. Quanto a pas-
sagens de avião, se o servidor tiver
uma reunião na manhã seguinte a um
vôo que dure a noite toda (overnight
flight) ou se permanecer no vôo por
mais de dez horas, pode comprar de
passagem em classe executiva – inde-
pendente da hierarquia do funcionário.
Deslocamentos mais curtos são fei-
tos em classe econômica, mesmo no
caso de embaixadores e do ministro.
Qual o papel desempenhado pelos con-
tratados locais dos postos no exterior?
WM – O FCO procura capacitar e va-
lorizar a contribuição de contratados
locais em suas missões no exterior.
Os processos seletivos de contratação
buscam candidatos qualificados para
o desempenho de tarefas substantivas
e de apoio aos diversos setores da em-
baixada. Em Brasília, por exemplo, os
temas de meio ambiente e o programa
de bolsas Chevening são de respon-
sabilidade de contratados locais, que
trabalham com os diplomatas do setor
político. O preenchimento de vagas no
exterior nem sempre é feito com servi-
dores do corpo diplomático. Há casos
•Entrevistadores: Ministro João Pedro Costa – Diretor do DCD | Secretária Marcela Campos de Almeida – Assessora do DCD.
18 | REVISTA DA ADB
em que as vagas são oferecidas aos
servidores de outros departamentos
ou ministérios que, aprovados, tam-
bém cumprem missões no exterior.
Como a Kate falou, tambem houve um
caso recente de abrir um posto para
diplomata e contratados locais. Há
também funcionários que auxiliam em
funções de apoio, como secretárias,
guardas e motoristas.
Quais são as normas de segurança
para uso da tecnologia da informação?
WM – Investimentos importantes são
feitos na área de segurança cibernética
e nos padrões de utilização dos meios
de comunicação digital. Na sede em
Londres, só há rede de internet sem
fio em algumas áreas específicas e o
acesso a programas e sistemas de
uso pessoal (Facebook, Gmail, etc)
é severamente restringido nas redes
corporativas. Somente equipamentos
(laptops, tablets e celulares) autoriza-
dos pela área de segurança podem ser
utilizados pelos servidores. Por outro
lado, é encorajada a utilização de mí-
dias sociais oficiais para a divulgação
das atividades das missões (blogs,
canais do Facebook e Twitter). Há três
anos, estabeleceram um formato pa-
dronizado para os sítios oficiais de todo
o governo, incluindo as embaixadas. O
chefe da missão, Embaixador Alex Ellis,
tem sua própria conta no Twitter https://
twitter.com/alexwellis, assim como os
cônsules no Brasil têm as deles.
Como o FCO gerencia os pedidos de
acesso à informação?
KT – Em 2000, quando foi implementa-
da a lei de acesso à informação no Rei-
no Unido (Freedom of Information Act,
FOIA), foi criada uma unidade específica
para receber e responder aos pedidos
de informações. A complexidade e es-
pecificidade dos dados requeridos, no
entanto, levaram a uma mudança desse
sistema, onde o ponto focal do FCO ape-
nas encaminha os pedidos para as áreas
responsáveis pelo tema, para a elabora-
ção das respostas.
Como é a aposentadoria dos diplo-
matas britânicos?
WM – Não há uma idade mínima para
se aposentar, nem aposentadoria
compulsória por idade. A contribuição
média de um funcionário na ativa é de
3,5% do salário. A pensão que o apo-
sentado recebe depende do tempo de
contribuição e o cálculo é feito com
uma média dos últimos salários. No
novo sistema após 40 anos de servi-
ços prestados, é comum um diploma-
ta se aposentar com 50% da média do
que ganhava na ativa.
Se o servidor tiver
reunião na manhã
seguinte a vôo que dure
a noite toda, tem direito
à classe executiva,
independentemente da
hierarquia

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Painel 3 – Hydrokinetic Energy Experience
Painel 3 – Hydrokinetic Energy ExperiencePainel 3 – Hydrokinetic Energy Experience
Painel 3 – Hydrokinetic Energy ExperienceUKinBrazilNetwork
 
Painel 4 – O Papel da Energia Nuclear em uma Economia de Baixo Carbono
Painel 4 – O Papel da Energia Nuclear em uma Economia de Baixo CarbonoPainel 4 – O Papel da Energia Nuclear em uma Economia de Baixo Carbono
Painel 4 – O Papel da Energia Nuclear em uma Economia de Baixo CarbonoUKinBrazilNetwork
 
Painel 1 – Tidal Energy in Orkney
Painel 1 – Tidal Energy in OrkneyPainel 1 – Tidal Energy in Orkney
Painel 1 – Tidal Energy in OrkneyUKinBrazilNetwork
 
Opportunities in Mega Markets: Mexico & Brazil
 Opportunities in Mega Markets: Mexico & Brazil Opportunities in Mega Markets: Mexico & Brazil
Opportunities in Mega Markets: Mexico & BrazilUKinBrazilNetwork
 
Painel 4 – Energia Nuclear e os Desafio do Século XXI
Painel 4 – Energia Nuclear e os Desafio do Século XXIPainel 4 – Energia Nuclear e os Desafio do Século XXI
Painel 4 – Energia Nuclear e os Desafio do Século XXIUKinBrazilNetwork
 
Diploma Validation in Brazil
Diploma Validation in BrazilDiploma Validation in Brazil
Diploma Validation in BrazilUKinBrazilNetwork
 
Painel 2 – Aliança Empresarial pela Eficiência Energética
Painel 2 – Aliança Empresarial pela Eficiência EnergéticaPainel 2 – Aliança Empresarial pela Eficiência Energética
Painel 2 – Aliança Empresarial pela Eficiência EnergéticaUKinBrazilNetwork
 
Painel 6 – Energia Hidrocinética no Norte do Brasil
Painel 6 – Energia Hidrocinética no Norte do BrasilPainel 6 – Energia Hidrocinética no Norte do Brasil
Painel 6 – Energia Hidrocinética no Norte do BrasilUKinBrazilNetwork
 
Painel 3 – Chilean Case Study: Marine Energy Roadmap
Painel 3 – Chilean Case Study: Marine Energy RoadmapPainel 3 – Chilean Case Study: Marine Energy Roadmap
Painel 3 – Chilean Case Study: Marine Energy RoadmapUKinBrazilNetwork
 
Painel 4 – Energia Hidrocinética no Norte do Brasil
Painel 4 – Energia Hidrocinética no Norte do BrasilPainel 4 – Energia Hidrocinética no Norte do Brasil
Painel 4 – Energia Hidrocinética no Norte do BrasilUKinBrazilNetwork
 
Palestra Magna – Setor Energético Brasileiro
Palestra Magna – Setor Energético BrasileiroPalestra Magna – Setor Energético Brasileiro
Palestra Magna – Setor Energético BrasileiroUKinBrazilNetwork
 
Painel 3 – Ocean Energy: The British Experience
Painel 3 – Ocean Energy: The British ExperiencePainel 3 – Ocean Energy: The British Experience
Painel 3 – Ocean Energy: The British ExperienceUKinBrazilNetwork
 
Webinar ITI Brazil - Investment Partnerships Program (PPI)
Webinar ITI Brazil - Investment Partnerships Program (PPI)Webinar ITI Brazil - Investment Partnerships Program (PPI)
Webinar ITI Brazil - Investment Partnerships Program (PPI)UKinBrazilNetwork
 
Painel 6 – Global and US Nuclear Energy Perspective
Painel 6 – Global and US Nuclear Energy PerspectivePainel 6 – Global and US Nuclear Energy Perspective
Painel 6 – Global and US Nuclear Energy PerspectiveUKinBrazilNetwork
 
Painel 1 – Oportunidades para Redução de Carbono no Setor de Distribuição Elé...
Painel 1 – Oportunidades para Redução de Carbono no Setor de Distribuição Elé...Painel 1 – Oportunidades para Redução de Carbono no Setor de Distribuição Elé...
Painel 1 – Oportunidades para Redução de Carbono no Setor de Distribuição Elé...UKinBrazilNetwork
 

Destaque (18)

Painel 3 – Hydrokinetic Energy Experience
Painel 3 – Hydrokinetic Energy ExperiencePainel 3 – Hydrokinetic Energy Experience
Painel 3 – Hydrokinetic Energy Experience
 
Painel 4 – O Papel da Energia Nuclear em uma Economia de Baixo Carbono
Painel 4 – O Papel da Energia Nuclear em uma Economia de Baixo CarbonoPainel 4 – O Papel da Energia Nuclear em uma Economia de Baixo Carbono
Painel 4 – O Papel da Energia Nuclear em uma Economia de Baixo Carbono
 
Webinar UKTI- Environmental
Webinar UKTI- EnvironmentalWebinar UKTI- Environmental
Webinar UKTI- Environmental
 
Painel 1 – Tidal Energy in Orkney
Painel 1 – Tidal Energy in OrkneyPainel 1 – Tidal Energy in Orkney
Painel 1 – Tidal Energy in Orkney
 
Opportunities in Mega Markets: Mexico & Brazil
 Opportunities in Mega Markets: Mexico & Brazil Opportunities in Mega Markets: Mexico & Brazil
Opportunities in Mega Markets: Mexico & Brazil
 
Painel 4 – Energia Nuclear e os Desafio do Século XXI
Painel 4 – Energia Nuclear e os Desafio do Século XXIPainel 4 – Energia Nuclear e os Desafio do Século XXI
Painel 4 – Energia Nuclear e os Desafio do Século XXI
 
Diploma Validation in Brazil
Diploma Validation in BrazilDiploma Validation in Brazil
Diploma Validation in Brazil
 
Painel 2 – Aliança Empresarial pela Eficiência Energética
Painel 2 – Aliança Empresarial pela Eficiência EnergéticaPainel 2 – Aliança Empresarial pela Eficiência Energética
Painel 2 – Aliança Empresarial pela Eficiência Energética
 
Painel 6 – Energia Hidrocinética no Norte do Brasil
Painel 6 – Energia Hidrocinética no Norte do BrasilPainel 6 – Energia Hidrocinética no Norte do Brasil
Painel 6 – Energia Hidrocinética no Norte do Brasil
 
Painel 3 – Chilean Case Study: Marine Energy Roadmap
Painel 3 – Chilean Case Study: Marine Energy RoadmapPainel 3 – Chilean Case Study: Marine Energy Roadmap
Painel 3 – Chilean Case Study: Marine Energy Roadmap
 
Painel 4 – Energia Hidrocinética no Norte do Brasil
Painel 4 – Energia Hidrocinética no Norte do BrasilPainel 4 – Energia Hidrocinética no Norte do Brasil
Painel 4 – Energia Hidrocinética no Norte do Brasil
 
Webinar UKTI- Rural lands
Webinar UKTI- Rural landsWebinar UKTI- Rural lands
Webinar UKTI- Rural lands
 
Palestra Magna – Setor Energético Brasileiro
Palestra Magna – Setor Energético BrasileiroPalestra Magna – Setor Energético Brasileiro
Palestra Magna – Setor Energético Brasileiro
 
Painel 3 – Ocean Energy: The British Experience
Painel 3 – Ocean Energy: The British ExperiencePainel 3 – Ocean Energy: The British Experience
Painel 3 – Ocean Energy: The British Experience
 
Webinar ITI Brazil - Investment Partnerships Program (PPI)
Webinar ITI Brazil - Investment Partnerships Program (PPI)Webinar ITI Brazil - Investment Partnerships Program (PPI)
Webinar ITI Brazil - Investment Partnerships Program (PPI)
 
Painel 3 – MERIC
Painel 3 – MERICPainel 3 – MERIC
Painel 3 – MERIC
 
Painel 6 – Global and US Nuclear Energy Perspective
Painel 6 – Global and US Nuclear Energy PerspectivePainel 6 – Global and US Nuclear Energy Perspective
Painel 6 – Global and US Nuclear Energy Perspective
 
Painel 1 – Oportunidades para Redução de Carbono no Setor de Distribuição Elé...
Painel 1 – Oportunidades para Redução de Carbono no Setor de Distribuição Elé...Painel 1 – Oportunidades para Redução de Carbono no Setor de Distribuição Elé...
Painel 1 – Oportunidades para Redução de Carbono no Setor de Distribuição Elé...
 

Mais de UKinBrazilNetwork

Chevening Scholarship | How to Apply: step by-step guide
Chevening Scholarship | How to Apply: step by-step guideChevening Scholarship | How to Apply: step by-step guide
Chevening Scholarship | How to Apply: step by-step guideUKinBrazilNetwork
 
Brazil Economic Focus | June 2017
Brazil Economic Focus | June 2017Brazil Economic Focus | June 2017
Brazil Economic Focus | June 2017UKinBrazilNetwork
 
Brazil Monthly Chart Pack | February 2017
Brazil Monthly Chart Pack | February 2017Brazil Monthly Chart Pack | February 2017
Brazil Monthly Chart Pack | February 2017UKinBrazilNetwork
 
Cross Whitehall Prosperity Framework | Supplier Engagement
Cross Whitehall Prosperity Framework | Supplier Engagement Cross Whitehall Prosperity Framework | Supplier Engagement
Cross Whitehall Prosperity Framework | Supplier Engagement UKinBrazilNetwork
 
Hangout: Making Smart Cities a Reality in Brazil: Call for projects with Newt...
Hangout: Making Smart Cities a Reality in Brazil: Call for projects with Newt...Hangout: Making Smart Cities a Reality in Brazil: Call for projects with Newt...
Hangout: Making Smart Cities a Reality in Brazil: Call for projects with Newt...UKinBrazilNetwork
 
Analyzing the Integration of Brazilian Financial Markets
Analyzing the Integration of Brazilian Financial MarketsAnalyzing the Integration of Brazilian Financial Markets
Analyzing the Integration of Brazilian Financial MarketsUKinBrazilNetwork
 
Webinar ITI Brazil - Investing in Brazil in a time of change
Webinar ITI Brazil - Investing in Brazil in a time of changeWebinar ITI Brazil - Investing in Brazil in a time of change
Webinar ITI Brazil - Investing in Brazil in a time of changeUKinBrazilNetwork
 
Artigo Alex Ellis | Historia mostra capacidade de manter a calma e ir adiante
Artigo Alex Ellis | Historia mostra capacidade de manter a calma e ir adianteArtigo Alex Ellis | Historia mostra capacidade de manter a calma e ir adiante
Artigo Alex Ellis | Historia mostra capacidade de manter a calma e ir adianteUKinBrazilNetwork
 
Exporting is GREAT – Opportunities in Latin America
Exporting is GREAT – Opportunities in Latin AmericaExporting is GREAT – Opportunities in Latin America
Exporting is GREAT – Opportunities in Latin AmericaUKinBrazilNetwork
 
UKTI Brazil Webinar - How Agribusiness in Brazil Works
UKTI Brazil Webinar - How Agribusiness in Brazil WorksUKTI Brazil Webinar - How Agribusiness in Brazil Works
UKTI Brazil Webinar - How Agribusiness in Brazil WorksUKinBrazilNetwork
 
Painel 1 – Perspectivas da Geração de Energia Hidrocinética
Painel 1 – Perspectivas da Geração de Energia HidrocinéticaPainel 1 – Perspectivas da Geração de Energia Hidrocinética
Painel 1 – Perspectivas da Geração de Energia HidrocinéticaUKinBrazilNetwork
 
Applying UK Expertise to Develop a Smarter Grid in Brazil
Applying UK Expertise to Develop a Smarter Grid in BrazilApplying UK Expertise to Develop a Smarter Grid in Brazil
Applying UK Expertise to Develop a Smarter Grid in BrazilUKinBrazilNetwork
 
Painel 5 - UK's Smart Grids Policy Landscape and Reflections for Brazil
Painel 5 - UK's Smart Grids Policy Landscape and Reflections for Brazil Painel 5 - UK's Smart Grids Policy Landscape and Reflections for Brazil
Painel 5 - UK's Smart Grids Policy Landscape and Reflections for Brazil UKinBrazilNetwork
 

Mais de UKinBrazilNetwork (14)

Chevening Scholarship | How to Apply: step by-step guide
Chevening Scholarship | How to Apply: step by-step guideChevening Scholarship | How to Apply: step by-step guide
Chevening Scholarship | How to Apply: step by-step guide
 
Brazil Economic Focus | June 2017
Brazil Economic Focus | June 2017Brazil Economic Focus | June 2017
Brazil Economic Focus | June 2017
 
Brazil Monthly Chart Pack | February 2017
Brazil Monthly Chart Pack | February 2017Brazil Monthly Chart Pack | February 2017
Brazil Monthly Chart Pack | February 2017
 
The UK Fintech Market
The UK Fintech MarketThe UK Fintech Market
The UK Fintech Market
 
Cross Whitehall Prosperity Framework | Supplier Engagement
Cross Whitehall Prosperity Framework | Supplier Engagement Cross Whitehall Prosperity Framework | Supplier Engagement
Cross Whitehall Prosperity Framework | Supplier Engagement
 
Hangout: Making Smart Cities a Reality in Brazil: Call for projects with Newt...
Hangout: Making Smart Cities a Reality in Brazil: Call for projects with Newt...Hangout: Making Smart Cities a Reality in Brazil: Call for projects with Newt...
Hangout: Making Smart Cities a Reality in Brazil: Call for projects with Newt...
 
Analyzing the Integration of Brazilian Financial Markets
Analyzing the Integration of Brazilian Financial MarketsAnalyzing the Integration of Brazilian Financial Markets
Analyzing the Integration of Brazilian Financial Markets
 
Webinar ITI Brazil - Investing in Brazil in a time of change
Webinar ITI Brazil - Investing in Brazil in a time of changeWebinar ITI Brazil - Investing in Brazil in a time of change
Webinar ITI Brazil - Investing in Brazil in a time of change
 
Artigo Alex Ellis | Historia mostra capacidade de manter a calma e ir adiante
Artigo Alex Ellis | Historia mostra capacidade de manter a calma e ir adianteArtigo Alex Ellis | Historia mostra capacidade de manter a calma e ir adiante
Artigo Alex Ellis | Historia mostra capacidade de manter a calma e ir adiante
 
Exporting is GREAT – Opportunities in Latin America
Exporting is GREAT – Opportunities in Latin AmericaExporting is GREAT – Opportunities in Latin America
Exporting is GREAT – Opportunities in Latin America
 
UKTI Brazil Webinar - How Agribusiness in Brazil Works
UKTI Brazil Webinar - How Agribusiness in Brazil WorksUKTI Brazil Webinar - How Agribusiness in Brazil Works
UKTI Brazil Webinar - How Agribusiness in Brazil Works
 
Painel 1 – Perspectivas da Geração de Energia Hidrocinética
Painel 1 – Perspectivas da Geração de Energia HidrocinéticaPainel 1 – Perspectivas da Geração de Energia Hidrocinética
Painel 1 – Perspectivas da Geração de Energia Hidrocinética
 
Applying UK Expertise to Develop a Smarter Grid in Brazil
Applying UK Expertise to Develop a Smarter Grid in BrazilApplying UK Expertise to Develop a Smarter Grid in Brazil
Applying UK Expertise to Develop a Smarter Grid in Brazil
 
Painel 5 - UK's Smart Grids Policy Landscape and Reflections for Brazil
Painel 5 - UK's Smart Grids Policy Landscape and Reflections for Brazil Painel 5 - UK's Smart Grids Policy Landscape and Reflections for Brazil
Painel 5 - UK's Smart Grids Policy Landscape and Reflections for Brazil
 

Diplomacia Britânica: Estrutura e Carreira no Foreign Office

  • 1. Revista da Associação dos Diplomatas Brasileiros Ano XXIII nº 92 • Janeiro - Abril 2016 • ADB negocia pauta de reivindicaçãoes com MRE (Pg 9) • Estudo analisa a participação da mulher na diplomacia brasileira (Pg 12)
  • 2. REVISTA DA ADB | 15 pelo mundo Uma espiada no FCO: como funciona a diplomacia de Sua Majestade Em seguimento às matérias publicadas nas edi- ções 90 e 91 da Revista da ADB sobre os servi- ços diplomáticos pelo mundo, nessa edição são apresentadas algumas características do Foreign and Commonwealth Office (FCO), a chancela- ria do Reino Unido. Na embaixada britânica em Brasília, o Ministro Conselheiro Wasim Mir e a Secretária Kate Thornley receberam gentilmente a reportagem da revista e compartilharam seu conhecimento e experiências com relação aos desafios e projetos dos diplomatas britânicos. F undado em 1782, o FCO dispõe de uma rede de 275 postos, sendo cinco no Brasil, e 4,5 mil servidores diplomáticos. É um ministério que hoje prioriza reformas e reformulações da atuação diplomática para melhor se adaptar às exigências do mundo contemporâneo. Sua organização e métodos de trabalho refletem as prioridades da política externa britânica, com grande foco em planejamento estraté- gico, transparência e governança. Detalhes sobre a estrutura, orçamento e ações do foreign office estão disponíveis em seus relatórios anuais e no sítio www.gov.uk/government/organisations/foreign- commonwealth-office. A diplomata britânica Kate Thornley (esq.), uma das co-ordenadoras da FCO Women´s Association Brazil, com colegas da Embaixada do Reino Unido Divulgação/FCO
  • 3. 16 | REVISTA DA ADB pelo mundo Qual a estrutura do Foreign Com- monwealth Office (FCO)? Wasim Mir – O FCO tem como titular o Secretário do Exterior, que histo- ricamente tem sido um membro do parlamento. Abaixo dele, estão os junior ministers, especialistas em suas respectivas áreas de atuação, e o subsecretário-permanente, um funcionário da carreira do Serviço Exterior. São cinco as subsecreta- rias (em inglês, directorates-gene- ral): Econômica e Consular; Defesa e Inteligência; Política; Operações; e Grupo Central. Há um total de 4.500 diplomatas distribuídos entre os 275 postos (incluindo embaixadas e con- sulados), nove missões e a chan- celaria. Além disso, outros 6.500 funcionários completam o quadro do Serviço Exterior, entre contratados locais e alguns poucos servidores que permanecem em Londres por toda a carreira. No Brasil, há 30 diplomatas e adi- dos e outros 250 contratados locais servindo em Brasília, Rio de Janei- ro, São Paulo, Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte. O novo posto em Belo Horizonte foi inaugurado em 2015 pelo ministro Hugo Swire, aberto em menos de um ano. As chefias de postos no exterior são ocupadas por servidores de carreira. Houve, no passado, algumas nomeações políti- cas, mas hoje todas as missões são chefiadas por embaixadores e côn- sules de carreira. Para dar conta das atividades do Serviço Exterior, o FCO tem orçamento anual de 1,8 bilhão de libras (R$ 9,9 bilhões). Como se dá o ingresso no Serviço Exterior Britânico? Kate Thornley – É necessário ter curso universitário com nota mínima de 2.2. Depois de formado, o candidato se inscreve em um exame nacional para o serviço público e provas adicionais para a carreira diplomática. A maior parte desse processo é baseada em entrevistas e simulações de situações de trabalho com atores ou outros can- didatos. Não há um curso específico de formação, acadêmico. Se aprovado nessa etapa, passa por uma verifica- ção de segurança, que avalia antece- dentes profissionais e pessoais. Em seguida, é convocado para duas semanas de palestras sobre a estrutura da organização, a carreira di- plomática e algumas regras e obriga- ções básicas. A partir daí, já começa a trabalhar, frequentando uma Academia Diplomática de maneira virtual (cursos online). O salário inicial de um diplo- mata em Londres é de 27 mil libras anuais [pouco mais de R$ 11 mil men- sais, ao câmbio de R$ 5], valor apro- ximado de outras profissões de nível superior em início de carreira. Existem políticas específicas de pro- moção da igualdade de gênero e raça? WM – A legislação britânica não per- mite um sistema de quotas. Há, no entanto, estabelecimento de metas de diversidade. Por exemplo, estabele- ceu-se que, até 2018, é desejável que 39% dos embaixadores sejam mulhe- res. Atualmente, esse percentual é de 27%. Mas não há uma determinação sobre como atingir essas metas, de forma que muitas vezes se torna difícil alcançá-las. Além disso, há programas específicos de estágios em órgãos pú- blicos para atração de minorias, como forma de divulgar e estimular interesse no serviço público. Dentro do ministé- rio temos associações que promovem e apoiam mulheres e pessoas de mi- norias, organizam eventos, provocam debate e oferecem conselhos. Aqui na embaixada, por exemplo, acabamos de criar nossa filial da Women’s Asso- ciation, que já existe globalmente. Como é o sistema de designação de di- plomatas para um determinado posto? KT – As vagas em aberto nos pos- tos são mensalmente publicadas, por meio eletrônico. Quem se inscreve, o faz para um setor específico em uma cidade específica. Ao me candidatar, por exemplo, me inscrevi para a vaga no Setor Político, na embaixada em Brasília. Encerradas as inscrições, passamos por um processo seletivo, que inclui análise de currículo e entre- vista por videoconferência com o che- fe do Setor no Posto. Formalizada a designação pelo futuro chefe imediato isso costuma ser feito com antecedên- A legislação britânica não permite um sistema de cotas, mas há metas de diversidade a serem cumpridas
  • 4. REVISTA DA ADB | 17 pelo mundo cia. No meu caso, soube que viria para o Brasil 18 meses antes da partida , o candidato se prepara para as novas fun- ções, estudando seus temas e a língua do país. Recentemente, o FCO, pela primeira vez abriu a função de deputy consul general, aber- ta a candidaturas internas de diplomatas e também para outros interessados. Ao final, foi selecionado um cidadão português (não diplomata) que trabalhava na embaixada em Lisboa. Esse processo inovador está em linha com a atual politica do ministério de promover e valorizar o papel dos contratados locais que trabalham na rede mundial. Em postos com maiores riscos de segurança, o candidato passa ainda por um rápido curso de segurança pessoal, de cerca de uma semana, que ensina como reagir em situa- ções extremas, como bombardeios e sequestros. Antes da partida, o diplomata deverá ser aprovado em exames médicos e odontológicos. Para postos considerados mais ar- riscados, como Somália, Iêmen e Afeganistão, são requeridos também exames psicológicos. Idealmente, o novo diplomata deve chegar ao posto antes da partida de seu antecessor, para a passagem de assuntos (han- dover). Diplomatas podem ficar no exterior em dois postos consecutivos antes de voltar para Londres, requisi- to necessário para a promoção. Quais os benefícios que tem o diplo- mata no exterior? KT – Todos os postos oferecem imó- veis funcionais para seus servidores, devidamente mobiliados e equipados, ou pagamento de aluguel até certo li- mite – variável conforme o número de dependentes. O diplomata tem direito a transportar para o posto apenas al- guns metros cúbicos (depende do ta- manho da familia) de bens pessoais, como roupas, livros, CDs. Não pode- mos levar moveis. Em Brasília, a em- baixada tem um prédio próprio na Asa Sul, com 12 apartamentos, e outras sete casas no Lago Norte. Todos os servidores estão cober- tos por seguro de saúde básico, no padrão oferecido pela saúde pública britânica. A remuneração no posto é calculada a partir de adi- cional sobre o vencimento básico na chancelaria, e varia de acordo com as condições e custo de vida locais. O adicional é revis- to semestralmente confor- me as variações cambiais no período. A unidade res- ponsável pela logística do foreign office, FCO Servi- ces, também fornece um serviço de caixa postal em Londres para a remes- sa de correspondência particular aos servidores no exterior. Em Brasília, a frequência da mala diplo- mática é semanal. Como é o ensino dos filhos e depen- dentes dos diplomatas britânicos a serviço no exterior? Há algum tipo de auxílio? WM – Tenho dois filhos em idade es- colar, ambos em nível fundamental, matriculados na Escola Americana. Fizemos a opção por essa instituição por causa da linguagem e da conve- niência. A chancelaria garante auxílio- -educação para todos os filhos e en- teados de funcionários que trabalham no exterior nos níveis fundamental e básico, paga pelo FCO. Há um teto para esse benefício, que varia confor- me o país. Esse subsídio inclui todos os custos (jóia, matrícula, mensali- dades). Essa garantia não precisa de uma base legal, é parte de um pacote de benefícios oferecidos aos diploma- tas, como o seguro-saúde no exterior. Ministro-Conselheiro da Embaixada do Reino Unido em Brasília, Wasim Mir Divulgação/FCO
  • 5. pelo mundo Quais os critérios para passagens e diárias em viagens a serviço? KT – O servidor não recebe diárias, mas autorização para realizar gastos até um limite, que varia conforme a cidade, para suas diferentes despe- sas: hotel, transporte, alimentação. Esses valores são reembolsáveis mediante apresentação dos recibos. Outra opção é o uso do cartão de crédito corporativo. Quanto a pas- sagens de avião, se o servidor tiver uma reunião na manhã seguinte a um vôo que dure a noite toda (overnight flight) ou se permanecer no vôo por mais de dez horas, pode comprar de passagem em classe executiva – inde- pendente da hierarquia do funcionário. Deslocamentos mais curtos são fei- tos em classe econômica, mesmo no caso de embaixadores e do ministro. Qual o papel desempenhado pelos con- tratados locais dos postos no exterior? WM – O FCO procura capacitar e va- lorizar a contribuição de contratados locais em suas missões no exterior. Os processos seletivos de contratação buscam candidatos qualificados para o desempenho de tarefas substantivas e de apoio aos diversos setores da em- baixada. Em Brasília, por exemplo, os temas de meio ambiente e o programa de bolsas Chevening são de respon- sabilidade de contratados locais, que trabalham com os diplomatas do setor político. O preenchimento de vagas no exterior nem sempre é feito com servi- dores do corpo diplomático. Há casos •Entrevistadores: Ministro João Pedro Costa – Diretor do DCD | Secretária Marcela Campos de Almeida – Assessora do DCD. 18 | REVISTA DA ADB em que as vagas são oferecidas aos servidores de outros departamentos ou ministérios que, aprovados, tam- bém cumprem missões no exterior. Como a Kate falou, tambem houve um caso recente de abrir um posto para diplomata e contratados locais. Há também funcionários que auxiliam em funções de apoio, como secretárias, guardas e motoristas. Quais são as normas de segurança para uso da tecnologia da informação? WM – Investimentos importantes são feitos na área de segurança cibernética e nos padrões de utilização dos meios de comunicação digital. Na sede em Londres, só há rede de internet sem fio em algumas áreas específicas e o acesso a programas e sistemas de uso pessoal (Facebook, Gmail, etc) é severamente restringido nas redes corporativas. Somente equipamentos (laptops, tablets e celulares) autoriza- dos pela área de segurança podem ser utilizados pelos servidores. Por outro lado, é encorajada a utilização de mí- dias sociais oficiais para a divulgação das atividades das missões (blogs, canais do Facebook e Twitter). Há três anos, estabeleceram um formato pa- dronizado para os sítios oficiais de todo o governo, incluindo as embaixadas. O chefe da missão, Embaixador Alex Ellis, tem sua própria conta no Twitter https:// twitter.com/alexwellis, assim como os cônsules no Brasil têm as deles. Como o FCO gerencia os pedidos de acesso à informação? KT – Em 2000, quando foi implementa- da a lei de acesso à informação no Rei- no Unido (Freedom of Information Act, FOIA), foi criada uma unidade específica para receber e responder aos pedidos de informações. A complexidade e es- pecificidade dos dados requeridos, no entanto, levaram a uma mudança desse sistema, onde o ponto focal do FCO ape- nas encaminha os pedidos para as áreas responsáveis pelo tema, para a elabora- ção das respostas. Como é a aposentadoria dos diplo- matas britânicos? WM – Não há uma idade mínima para se aposentar, nem aposentadoria compulsória por idade. A contribuição média de um funcionário na ativa é de 3,5% do salário. A pensão que o apo- sentado recebe depende do tempo de contribuição e o cálculo é feito com uma média dos últimos salários. No novo sistema após 40 anos de servi- ços prestados, é comum um diploma- ta se aposentar com 50% da média do que ganhava na ativa. Se o servidor tiver reunião na manhã seguinte a vôo que dure a noite toda, tem direito à classe executiva, independentemente da hierarquia