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Um Estudo sobre
N˜ o-Comutatividade e
 a
   Dualidade T em
 Cordas Bosˆ nicas
            o
      Rafael D’Andrea Alves da Rocha


 Orientador: Nelson Ricardo de Freitas Braga
Um Estudo sobre N˜ o-Comutatividade e
                 a
  Dualidade T em Cordas Bosˆ nicas
                            o

         Rafael D’Andrea Alves da Rocha




                       Tese de Mestrado apresentada ao Programa de
                       P´ s-Graduacao em F´sica, Instituto de F´sica, da
                          o        ¸˜       ı                  ı
                       Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
                       parte dos requisitos necess´ rios a obtencao do
                                                   a      `      ¸˜
                       t´tulo de Mestre em Ciˆ ncias (F´sica).
                        ı                     e        ı


                       Orientador: Nelson Ricardo de Freitas Braga
                       Colaborador: Carlos Alfonso M. Ball´ n Bayona
                                                           o




                  Rio de Janeiro
                  Marco de 2008
                      ¸
D’Andrea, Rafael
Um Estudo sobre N˜ o-Comutatividade e Dualidade T em
                 a
Cordas Bosˆ nicas/ Rafael D’Andrea A. da Rocha. Rio de
          o
Janeiro: UFRJ/IF, 2008.

   xi, 91f.: il. ; 30cm.
   Orientador: Nelson Ricardo de Freitas Braga.
   Dissertacao (Mestrado) - UFRJ / Instituto de F´sica /
           ¸˜                                    ı
Programa de P´ s-graduacao em F´sica, 2008.
             o         ¸˜      ı
   Referˆ ncias Bibliogr´ ficas: f. 90-93.
        e               a

    1. Teoria de Cordas. 2. N˜ o-Comutatividade. 3. Du-
                             a
alidade T. 4. Quantizacao de Dirac. 5. D-branas. I. Braga,
                      ¸˜
Nelson Ricardo de Freitas. II. Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Instituto de F´sica. Programa de P´ s-graduacao
                          ı                   o         ¸˜

em F´sica. III. Um Estudo sobre N˜ o-Comutatividade e D-
    ı                            a
ualidade T em Cordas Bosˆ nicas.
                        o
Resumo


Um Estudo sobre N˜ o-Comutatividade e Dualidade T em Cordas
                 a
                                               Bosˆ nicas
                                                  o


                                    Rafael D’Andrea Alves da Rocha.


                               Orientador: Nelson Ricardo de Freitas Braga.
                           Colaborador: Carlos Alfonso M. Ball´ n Bayona.
                                                              o



    Resumo da Dissertacao de Mestrado submetida ao Programa de P´ s-graduacao em F´sica, Instituto de F´sica,
                      ¸˜                                        o         ¸˜      ı                    ı

da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necess´ rios a obtencao do t´tulo de
                                                                                  a      `      ¸˜      ı

Mestre em Ciˆ ncias (F´sica)
            e         ı




    A dissertacao e um estudo sobre n˜ o-comutatividade e dualidade T em D-branas de cor-
              ¸˜ ´                   a
das bosˆ nicas. Particularmente, o objetivo e investigar se (ou como) a n˜ o-comutatividade
       o                                    ´                            a
se manifesta no sistema dual a uma D2-brana com campo magn´ tico, este sendo um espaco
                                                          e                         ¸
n˜ o-comutativo. O trabalho organiza-se como a seguir: 1. Introducao da corda bosˆ nica. 2.
 a                                                               ¸˜              o

Quantizacao da corda. Surgimento da n˜ o-comutatividade em cordas ligadas a D-branas com
        ¸˜                           a
campo de fundo constante. 3. Breve exposicao sobre dualidade T em cordas fechadas e abertas.
                                         ¸˜
Apresentacao dos ”candidatos” a sistema dual. 4. Quantizacao dos candidatos. 5. Conclus˜ es.
         ¸˜                                              ¸˜                            o



Palavras-chave: teoria de Cordas, n˜ o-comutatividade, dualidade T, quantizacao de Dirac, quantizacao
                                   a                                        ¸˜                    ¸˜

simpl´ tica, D-branas.
     e


                                               Rio de Janeiro
                                               Marco de 2008
                                                  ¸
Abstract


 A Study of Noncommutativity and T-Duality in Bosonic Strings



                                    Rafael D’Andrea Alves da Rocha.


                               Advisor: Nelson Ricardo de Freitas Braga.
                           Collaborator: Carlos Alfonso M. Ball´ n Bayona.
                                                               o


    Abstract da dissertacao de Mestrado apresentada ao Programa de P´ s-graduacao em F´sica, Instituto de F´sica,
                        ¸˜                                          o         ¸˜      ı                    ı

da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necess´ rios a obtencao do t´tulo de
                                                                                  a      `      ¸˜      ı

Mestre em Ciˆ ncias (F´sica)
            e         ı




    The dissertation is a study on noncommutativity and T-duality in D-branes for bosonic
strings. In particular, the goal is to figure out whether (or how) noncommutativity appears in a

system dual to a D2-brane with background, which a known noncommutative space. The work
is organized as follows: 1. The bosonic string setup is introduced. 2. The string is quantized by
means of several methods; noncommutativity shows up for a D2-brane with a constant B-field
spread over it. 3. A brief explanation on T-duality in closed and open strings is given; the

candidates for a dual system are presented. 4. Those candidates are quantized. 5. Conclusions.



Key-words: string theory, noncommutativity, T-duality, Dirac quantization, symplectic quanti-
zation, D-branes.



                                               Rio de Janeiro
                                                 March 2008
´
Indice

         ¸˜
1 Introducao                                                                                     6
   1.1   A acao da corda bosˆ nica livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
            ¸˜              o                                                                    6

   1.2   Introducao dos campos de fundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
                ¸˜                                                                               9
   1.3   Compatibilidade entre comutadores e condicoes de contorno . . . . . . . . . .
                                                  ¸˜                                            13
   1.4   A expans˜ o em modos de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
                 a                                                                              16

          ¸˜
2 Quantizacao e N˜ o-Comutatividade
                 a                                                                              18

   2.1   Quantizacao via equacao de Heisenberg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
                 ¸˜          ¸˜                                                                 18
   2.2   Quantizacao simpl´ tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
                 ¸˜       e                                                                     23
   2.3   Quantizacao de Dirac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
                 ¸˜                                                                             25

3 Dualidade T                                                                                   33

   3.1   Cordas fechadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .    34
         3.1.1   Cordas fechadas em R1,25 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .       34
         3.1.2   Cordas fechadas em S 1 ⊗ R1,24 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .       35
   3.2   Cordas abertas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   41
         3.2.1   Caso livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   41

         3.2.2   D2-brana num toro T 2 com campo B . . . . . . . . . . . . . . . . . .          45
         3.2.3   Uma prescricao para a dualizacao de X 2 . . . . . . . . . . . . . . . . .
                            ¸˜                ¸˜                                                48
         3.2.4   Uma outra dualizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
                                  ¸˜                                                            51
         3.2.5   Dualizando X 1 e X 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .     56




                                               xi
xii
          ¸˜
4 Quantizacao do Sistema Dual                                                                  60
   4.1   Dualizacao por condicoes de contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
                ¸˜           ¸˜                                                                60

         4.1.1   Quantizacao via equacao de Heisenberg . . . . . . . . . . . . . . . . .
                         ¸˜          ¸˜                                                        60
         4.1.2   Quantizacao via m´ todo de Dirac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
                         ¸˜       e                                                            63
   4.2   Dualizacao por multiplicador de Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
                ¸˜                                                                             66
   4.3   Dualizacao de X 1 e X 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
                ¸˜                                                                             68

Apˆ ndices
  e                                                                                            69

   e                 ¸˜
A M´ todo de quantizacao de Dirac para a corda livre num espaco 1-d
                                                             ¸                                 69

B C´ lculo da massa
   a                                                                                           76
   B.1 Cordas fechadas em R1,25 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .      78
   B.2 Cordas fechadas em S 1 ⊗ R1,24 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .      79

   B.3 Cordas abertas livres em S1 ⊗ R1,24 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .       80
   B.4 D2-brana num toro T 2 com campo B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .         81
   B.5 Sistemas duais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .    83

C Conex˜ es entre simetrias da teoria e simetrias do toro
       o                                                                                       85

D Descricao da worldsheet com X i adimensionais
        ¸˜                                                                                     88

Conclus˜ es
       o                                                                                       90
Primeiras palavras


      ¸˜
Motivacao: Uma breve hist´ ria das cordas
                         o


   A teoria de cordas surgiu nos anos 60 como uma tentativa de descrever as interacoes fortes.
                                                                                  ¸˜
Ap´ s um per´odo inicial de popularidade, essa iniciativa foi suplantada em 1974 pela rec´ m-
  o         ı                                                                            e
nascida cromodinˆ mica quˆ ntica. N˜ o obstante, logo em seguida se descobriu que o gr´ viton
                a        a         a                                                  a
surge naturalmente nessa descricao baseada em cordas, e comecou-se a pensar nas cordas como
                               ¸˜                           ¸
um modelo para a gravitacao. Estava inaugurada a teoria de cordas bosˆ nicas.
                        ¸˜                                           o

   No entanto, a teoria tinha problemas. Por exemplo, o espectro das cordas apresentava esta-
dos de massa negativa (t´ quions). Al´ m disso, percebeu-se que a teoria apresentaria anomalias
                        a            e
a menos que o espaco-tempo tivesse inopinadas 26 dimens˜ es; demais, os f´ rmions n˜ o eram
                  ¸                                    o                 e         a
descritos pela teoria. Para consertar esses embaracos, acrescentou-se-lhe a supersimetria, que
                                                  ¸

promoveu as cordas a “supercordas”, e n˜ o s´ introduziu os f´ rmions no jogo como eliminou os
                                       a o                   e
t´ quions. E, se n˜ o livrou a teoria das inacredit´ veis 22 dimens˜ es extras, reduziu seu n´ mero
 a                a                                a               o                         u
para mais toler´ veis 6, constituindo um espaco-tempo de (1+9) dimens˜ es.
               a                             ¸                       o
   Na d´ cada de 80, com a chamada primeira revolucao das supercordas, a teoria despontou
       e                                          ¸˜

como uma poss´vel descricao de todas as interacoes conhecidas, e portanto uma promessa de
             ı          ¸˜                    ¸˜
unificacao da f´sica. Foi nessa epoca que comecou a ser chamada de “teoria de tudo”. Vier-
      ¸˜      ı                ´             ¸
am os anos 90, e, com eles, a segunda revolucao das supercordas, que trouxe as D-branas, as
                                            ¸˜
equivalˆ ncias da teoria (tais como a dualidade T), e a correspondˆ ncia AdS/CFT [18], que en-
       e                                                          e
gatilhou uma nova busca por descricoes das interacoes fortes via modelos fenomenol´ gicos de
                                  ¸˜             ¸˜                               o

                                                1
2
cordas, uma area muito ativa hoje na f´sca te´ rica. Ela possui muitas caracter´sticas de interesse
            ´                         ı      o                                 ı
matem´ tico e incorpora naturalmente todas as propriedades essenciais do Modelo Padr˜ o, tais
     a                                                                              a

como grupos de calibre n˜ o-abelianos e As supercordas, entretanto, tˆ m seus cr´ticos, que n˜ o
                        a                                            e          ı            a
s˜ o poucos. A teoria ainda n˜ o foi verificada f´ rmions quirais. experimentalmente. Na ver-
 a                           a                  e
dade, nenhuma vers˜ o da teoria de cordas apresentou qualquer resultado sujeito aos meios de
                  a
verificcao atuais que difira daqueles de outras teorias. A escala de energia em que seria poss´vel
      ¸˜                                                                                    ı

ver o car´ ter “c´ rdico” das part´culas e muito maior do que as dispon´veis experimentalmente.
         a       o                ı      ´                             ı
O LHC e visto como uma oportunidade sem precedentes de se obter suporte emp´rico a teo-
      ´                                                                    ı     `
ria, como a deteccao de part´culas supersim´ tricas ou a observacao de um car´ ter in´ dito da
                 ¸˜         ı              e                    ¸˜           a       e
interacao gravitacional condizente com dimens˜ es extras. De qualquer modo, a teoria tal como
      ¸˜                                     o

est´ poderia sobreviver mesmo a ausˆ ncia de quaisquer novidades experimentais encorajadoras
   a                          `    e
que o LHC possa trazer, e por isso alguns argumentam [30] que at´ o momento a teoria de
                                                                e
cordas n˜ o e false´ vel, e portanto talvez sequer mereca ser chamada de ciˆ ncia.
        a ´        a                                   ¸                   e
    N˜ o est´ claro como as supercordas produzir˜ o um modelo realista e preditivo da natureza,
     a      a                                   a
se e que um dia o far˜ o. Mas a teoria e elegante, e no m´nimo j´ apresentou a comunidade cien-
   ´                 a                 ´                 ı      a            `

t´fica novos conceitos, como D-branas e dimens˜ es extras compactificadas, que possivelmente
 ı                                           o
ser˜ o parte fundamental de uma descricao completa do Universo. De maneira que, assim me
   a                                  ¸˜
parece, n˜ o faltam motivos para investigar o que mais pode advir desta “not´ vel e fascinante
         a                                                                  a
teoria” [4].



          ¸˜
A dissertacao


    Os conceitos-chave nesta dissertacao s˜ o n˜ o-comutatividade, dualidade T e D-branas.
                                     ¸˜ a a
Segue abaixo uma explanacao sobre o que s˜ o esses conceitos e o que se prop˜ e fazer com
                        ¸˜               a                                  o
eles neste trabalho.
3
N˜ o-comutatividade
 a


   Este n˜ o e um assunto novo. Pelo menos desde 1947 [51] concebeu-se um espaco-tempo
         a ´                                                                  ¸
n˜ o comutativo em mecˆ nica quˆ ntica. No entanto, at´ recentemente n˜ o se levava realmente a
 a                    a        a                      e               a
s´ rio tal tipo de tratamento, por raz˜ es que envolvem a n˜ o-localidade intr´nseca a tais modelos
 e                                    o                    a                  ı

e at´ mesmo quebra da invariˆ ncia de Lorentz e da causalidade [10, 22].
    e                       a
   No entanto, h´ mais de uma boa raz˜ o para estudar n˜ o-comutatividade. Uma delas seria a
                a                    a                 a
possiblidade de melhorar a divergˆ ncia UV em teorias de campos. Uma segunda motivacao e
                                 e                                                 ¸˜ ´
a tentativa de se encontrar variantes de teorias de Yang-Mills que sejam mais trat´ veis pertur-
                                                                                  a

bativamente. Entre essas variantes, figuram teorias de calibre n˜ o-comutativas [40, 52]. Uma
                                                               a
outra raz˜ o e a busca pela gravidade quˆ ntica. Talvez espacos n˜ o-comutativos sejam mais ad-
         a ´                            a                   ¸    a
                                                  a        ´
equados para descrever a gravidade a pequenas distˆ ncias. E poss´vel que a gravidade sequer
                                                                 ı
seja local nessa escala. O fato e que a n˜ o-localidade ainda n˜ o e bem entendida, e n˜ o faria
                                ´        a                     a ´                     a

mal estud´ -la em modelos simples a fim de aplic´ -las em tentativas realistas de se chegar a uma
         a                                     a
teoria quˆ ntica da gravitacao.
         a                 ¸˜
   Essa e uma das principais motivacoes para a atual atividade na area em teoria de cordas. De
        ´                          ¸˜                             ´
fato, a n˜ o-comutatividade surge em modelos muito simples de cordas interagindo com campos
         a
de fundo. E o melhor e que as patologias apresentadas em teorias com n˜ o-comutatividade do
                     ´                                                a

espaco-tempo n˜ o aparecem em teorias de cordas [22]. Um desses modelos simples e analisado
    ¸         a                                                                 ´
nesta dissertacao.
              ¸˜


D-branas


   Existem dois tipos gerais de cordas: fechadas e abertas, e v´ rias vers˜ es de teorias de cordas
                                                               a          o

envolvem ambas (nem todas envolvem as abertas). Cedo se deu conta de que existe um fluxo
de energia pela corda, e no caso da corda aberta isso implica um problema com conservacao da
                                                                                      ¸˜
energia. Portanto, uma teoria de cordas abertas consistente deve incluir um lugar para onde a
4
energia flua uma vez que deixe a corda pelas pontas. Esse lugar e a chamada D-brana. Toda
                                                               ´
corda aberta deve ter cada uma de suas pontas presas a alguma D-brana, que ali´ s, n˜ o e encar-
                                                                              a a ´

ada como uma estrutura matem´ tica, e sim como um objeto f´sico, t˜ o real quanto as pr´ prias
                            a                             ı       a                    o
cordas.
   D-branas s˜ o hiper-superf´cies e podem possuir qualquer n´ mero de dimens˜ es, com um
             a               ı                               u               o
limite m´ ximo estabelecido pela dimensionalidade do espac o-tempo (no caso das cordas bosˆ nicas,
        a                                                ¸                                o

25 dimens˜ es espaciais). Como as pontas de uma corda aberta n˜ o podem se soltar da D-brana,
         o                                                    a
decorre que D-branas determinam a condicao de contorno que as cordas devem satisfazer. Uma
                                       ¸˜
ponta de corda presa a uma D1-brana que se estende sobre o eixo X 1 pode mover-se apenas
nesta direcao, enquanto que uma ponta de corda presa a uma D25-brana (space-filling brane)
          ¸˜

est´ livre para mover-se sobre todo o espaco. No caso mais simples, as condicoes de contorno
   a                                      ¸                                 ¸˜
satisfeitas pelas 25 coordenadas de uma ponta de corda s˜ o indepententes entre si, e teremos
                                                        a
condicoes de Neumann para todas as direcoes paralelas a D-brana e de Dirichlet (o “D” em
     ¸˜                                ¸˜             `
D-brana e de Dirichlet) para as ortogonais. As coisas se complicam quando existem campos na
        ´
D-brana, como veremos.

   As D-branas, como objetos f´sicos que s˜ o, possuem tens˜ o, massa, e uma acao que deter-
                              ı           a                a                  ¸˜
mina sua dinˆ mica. No entanto, para os nossos fins, basta que elas sejam tratadas como objetos
            a
infinitamente massivos e sem dinˆ mica, e nossa acao n˜ o incluir´ termos de D-branas.
                               a                ¸˜ a            a


Dualidade T


   A palavra “dualidade” ser´ usada aqui com o significado de equivalˆ ncia f´sica entre difer-
                            a                                       e       ı
entes descricoes ou teorias. Em f´sica, uma dualidade e sempre bem-vinda, porque nos permite
            ¸˜                   ı                    ´
aplicar resultados de um dado modelo trat´ vel mas n˜ o realista no sistema que efetivamente
                                         a          a
queremos descrever, que em geral e bem menos simples e palat´ vel.
                                 ´                          a

   A dualidade T, especificamente, relaciona diferentes teorias de corda (uma vez que se lhes
inclua supersimetria, uma caracter´stica importante de teorias de cordas mais realistas mas que
                                  ı
n˜ o ser´ inclu´da nesta dissertacao), o que aponta para uma unificacao de duas das diferentes
 a      a      ı                 ¸˜                                ¸˜
5
vers˜ es de supercordas (quais sejam, IIA e IIB) [16, 20, 4]. Para n´ s, no entanto, o que interessa
    o                                                               o
e que a dualidade T aparece sempre que se tˆ m espacos em que ao menos uma direcao possui a
´                                          e       ¸                           ¸˜

topologia de uma c´rculo (o que chamaremos de “compactificacao”), e conecta um espaco com
                  ı                                       ¸˜                      ¸
raio de compactificacao pequeno a um de raio grande (essencialmente, de raio inverso). Mais
                   ¸˜
detalhes sobre essa propriedade a conferir no cap´tulo 3.
                                                 ı


Roteiro do trabalho


   ´
   E sabido [1, 23, 8, 14, 5] que uma D-brana com campo magn´ tico (ou, equivalentemente,
                                                            e
um campo de Kalb-Rammond) configura um espaco n˜ o-comutativo. Nosso objetivo principal
                                          ¸ a
e estabelecer a permanˆ ncia (ou n˜ o) do car´ ter n˜ o-comutativo na teoria que cont´ m o espaco
´                     e           a          a      a                                e         ¸
dual a esse (dual via dualidade T, entenda-se). Chegamos a um resultado surpreendente, que

pede uma reinterpretacao do papel f´sico desempenhado pelas propriedades de comutacao de
                     ¸˜            ı                                              ¸˜
campos em dimens˜ es compactificadas. Pelo caminho, encontramos mais de uma maneira de
                o
encontrar o espaco dual (cap´tulo 3), e um curioso paralelismo entre simetrias da nossa teoria e
                ¸           ı
simetrias do toro sobre o qual a situamos (apˆ ndice C).
                                             e

   No cap.1, introduzimos a acao da corda bosˆ nica, o tal sistema da D-brana com um cam-
                             ¸˜              o
po magn´ tico, as expans˜ es de Fourier dos campos e da hamiltoniana, e mostramos a incon-
       e                o
sistˆ ncia dos comutadores canˆ nicos no sistema referido. No cap.2, apresentamos trˆ s difer-
    e                         o                                                     e
entes maneiras consistentes de quantizar as cordas, o que nos leva as relacoes de comutacao
                                                                   `      ¸˜            ¸˜

apropriadas. No cap.3, falamos de dualidade T, mostramos como ela assoma em sistemas sim-
ples e, em particular, obtemos o espaco dual ao sistema de interesse deste estudo. No cap.4,
                                     ¸
aplicamos os m´ todos de quantizacao do cap.2 ao sistema dual apresentado no cap.3. Fechamos
              e                  ¸˜
com as conclus˜ es e os apˆ ndices.
              o           e
Cap´tulo 1
   ı

       ¸˜
Introducao

   Neste cap´tulo apresentamos o ferramental b´ sico da teoria de cordas bosˆ nicas abertas,
            ı                                 a                             o
delineamos o sistema sobre o qual desejamos nos deter, e mostramos por que a quantizacao
                                                                                     ¸˜
canˆ nica n˜ o funciona para ele.
   o       a

   A corda bosˆ nica possui coordenadas X i (τ, σ) e momentos canˆ nicos P i (τ, σ), como se
              o                                                  o
ver´ . Assim, parece razo´ vel postular os comutadores canˆ nicos
   a                     a                                o


                            (X i (τ, σ), P j (τ, σ )) = iδ ij δ(σ − σ )

                            (X i (τ, σ), X j (τ, σ )) = 0                               (1.1)

                             (P i (τ, σ), P j (τ, σ )) = 0.


   No entanto, e necess´ rio verificar a compatibilidade dos comutadores com as condicoes
               ´       a                                                            ¸˜

de contorno para uma corda aberta. O campo de fundo (background) altera as condicoes de
                                                                                ¸˜
contorno que aparecem para a acao de corda livre, de modo que n˜ o e autom´ tico que relacoes
                              ¸˜                               a ´        a              ¸˜
de comutacao que valham em um caso sejam aceit´ veis em outro. A bem da verdade, mesmo
         ¸˜                                   a
para uma corda livre os comutadores acima n˜ o s˜ o permitidos.
                                           a a



       ¸˜
1.1 A acao da corda bosˆ nica livre
                       o



                                                6
7
   Devido ao fato de que uma part´cula relativ´stica livre se move numa geod´ sica sobre o
                                 ı            ı                             e
espaco-tempo, sua acao e aquela que extremiza o comprimento invariante de sua trajet´ ria (linha
    ¸              ¸˜ ´                                                             o

de mundo, ou worldline),
                                       Sparticula ∝     ds,                                (1.2)

   Da mesma forma, a acao de um objeto de p dimens˜ es movendo-se no espaco-tempo e
                      ¸˜                          o                      ¸        ´
proporcional ao hiper-volume (p+1)-dimensional da trajet´ ria [20, 13, 4, 17, 16]. Para o caso
                                                        o

     ı                    a                              ¸˜ ´               ` ´
espec´fico de cordas, que s˜ o objetos bidimensionais, a acao e proporcional a area de sua folha
de mundo ou worldsheet (que nada mais e que a extens˜ o natural da linha de mundo de uma
                                      ´             a
part´cula a corda):
    ı     `
                                  S=T        d2 σ     − det Gαβ                            (1.3)

onde T e a tens˜ o da corda e a m´ trica induzida e dada por
       ´       a                 e                ´


                           Gαβ = gµν (X)∂α X µ ∂β X ν      α, β = 0, 1.                    (1.4)


e a worldsheet e parametrizada pelas coordenadas σ 0 = τ , de car´ ter temporal, e σ 1 = σ,
               ´                                                 a
de car´ ter espacial. Para cordas abertas, σ assume valores num intervalo finito (que aqui e
      a                                                                                   ´
escolhido como σ ∈ [0, π], sendo que σ = 0 corresponde a uma das pontas da corda e σ = π

corresponde a outra). No caso de cordas fechadas, σ e peri´ dico (j´ que as “pontas” devem ser
            `                                       ´     o        a
identificadas).
   O espaco no qual a worldsheet est´ inserida e descrito pelas coordenadas X µ (τ, σ), cf.
         ¸                          a          ´
Fig.1.2.
   Para o caso de um espaco de Minkowski, a acao (1.3) toma a forma
                         ¸                   ¸˜


                            SN G = T     d2 σ    ˙          ˙
                                                (X · X )2 − X 2 X 2 ,                      (1.5)


chamada acao de Nambu-Goto [31]. O ponto denota derivada em τ , e a linha, em σ. Devido
         ¸˜
a raiz quadrada que aparece em 1.5, esta acao e complicada de quantizar. Para contornar esse
`                                         ¸˜ ´
problema, usa-se uma acao classicamente equivalente: a chamada acao de modelo sigma de
                      ¸˜                                        ¸˜
8




Figura 1.1: worldline de uma part´cula, worldsheet de uma corda aberta, e worldsheet de uma
                                 ı
corda fechada




Figura 1.2: Worldsheet no embedding space. A linha na worldsheet representa uma corda num
dado tempo τ . Um ponto da corda e mapeado para as coordenadas X µ (τ, σ).
                                 ´

cordas, ou acao de Polyakov [20, 4]:
            ¸˜

                                    T        √
                             Sσ =        d2 σ −hhαβ ∂α X · ∂β X,                          (1.6)
                                    2

   Repare que a´ se utiliza um campo auxiliar, a m´ trica da worldsheet, hα,β , com h = det hαβ
               ı                                  e
e hα,β = (h−1 )α,β . Esta acao possui simetrias, que nos permitir˜ o, ao serem fixadas com
                           ¸˜                                    a
escolhas de calibre convenientes, tornar a quantizacao particularmente simples. Ei-las:
                                                   ¸˜
   • Transformacoes de Poincar´
               ¸˜             e
9
   • Reparametrizacoes. A acao e invariante sob os difeomorfismos
                  ¸˜       ¸˜ ´

                                                             ∂f γ ∂f δ
                     σ α → f α (σ) = σ α ,       hαβ (σ) =             hγδ (σ )
                                                             ∂σ α ∂σ β

   • Transformacoes de Weyl. A acao e invariante sob a transformacao de escala
               ¸˜               ¸˜ ´                             ¸˜


                               hαβ → eφ(σ,τ ) hαβ ,     δX µ = 0


   As ultimas duas s˜ o simetrias locais, que podem ser usadas para escolher um calibre em que
      ´             a
a m´ trica hαβ assume uma forma particular. Fixaremos nossa m´ trica como se segue:
   e                                                         e
                                                             
                                                1 0 
                                  hαβ = η αβ =                                           (1.7)
                                                 0 −1

   Com isso, (1.6) toma a forma

                                        T          ˙
                                   S=         d2 σ(X 2 − X 2 )                             (1.8)
                                        2

   A tens˜ o T da corda pode ser escrita em termos de um parˆ metro da teoria de cordas, o
         a                                                  a
parˆ metro de Regge (Regge slope), α , que remonta aos prim´ rdios da teoria de cordas e prov´ m
   a                                                       o                                 e

da associacao das trajetorias de Regge observadas para hadrons a estados de cordas. A relacao
                                                                                          ¸˜
              1
e [31] T =
´            2πα
                . Esse parˆ metro tamb´ m se relaciona com a escala de comprimento da corda,
                          a           e
               √
ls , sendo ls = 2α . Para simplificar a notacao, estabeleceremos daqui em diante T = 1 [8].
                                           ¸˜
   Est´ , pois, apresentada a acao para a corda livre. Estaremos interessados, entretanto, no
      a                        ¸˜

caso em que existe um campo de fundo com o qual a corda interage.



           ¸˜
1.2 Introducao dos campos de fundo


   Quando se calcula o espectro de cordas abertas e fechadas, aparecem campos n˜ o mas-
                                                                               a
sivos (entre eles, o gr´ viton e o f´ ton). Estes campos, assim como as D-branas, possuem uma
                       a            o
10
dinˆ mica ditada por uma acao. Novamente como com as D-branas, n˜ o estamos interessados
   a                      ¸˜                                    a
na dinˆ mica deles, e sim em como eles afetam a dinˆ mica das cordas, de modo que aqui ol-
      a                                            a

haremos apenas para o termo de interacao da corda com os campos. Estes, pois, ser˜ o tratados
                                     ¸˜                                          a
como campos de fundo prescritos. No caso, para nossos fins (quais sejam, de obter um espaco
                                                                                        ¸
n˜ o-comutativo), basta-nos considerar a interacao da corda aberta com dois desses campos, o
 a                                             ¸˜
campo de Kalb-Rammond [31] e o de Maxwell. Na verdade, sequer precisamos considerar os

dois. O acoplamento deles com as cordas e tal que, como ser´ mostrado abaixo, existe uma
                                        ´                  a
liberdade de calibre que nos permite ajustar, e.g., o campo de Maxwell para zero.
   Investiguemos, portanto, o caso de cordas abertas interagindo com um campo de fundo
composto por um campo antissim´ trico de Kalb-Rammond e um campo de Maxwell. A acao
                              e                                                 ¸˜

ser´ composta do termo livre (1.8) mais os termos de interacao com os respectivos campos [20]:
   a                                                       ¸˜


                 S = Sf + SB + SA
                                              1                   ˙ ˙
                                         Sf =           d2 σ gµν (X µ X ν − X µ X ν )
                                              2
                                              1
                                         SB =           d2 σ   αβ
                                                                    Bµν ∂α X µ ∂β X ν
                                              2
                                         SA =      dτ Aµ ∂τ X µ |σ=0
                                                                 σ=π
                                                                                             (1.9)

                        
       αβ 0 1 
onde   =           .
            −1 0
   Podemos expressar SA em uma forma mais interessante. Seja F = dA uniforme. Temos
Aµ = − 1 Fµν X ν , e
       2


                           1
                SA = −         dτ Fµν X ν ∂τ X µ |σ=0
                                                  σ=π
                           2
                           1
                       = −     dτ dσ∂σ (Fµν X ν ∂τ X µ )
                           2
                           1                               1
                       = −     dτ dσFµν ∂σ X ν ∂τ X µ −             dτ dσFµν X ν ∂σ ∂τ X µ
                           2                               2
11
   Integrando por partes em τ o ultimo termo, temos
                                ´

             1                                     1                                  1
 SA = −           dτ dσFµν ∂σ X ν ∂τ X µ +             dτ dσFµν ∂τ X ν ∂σ X µ −            dσ Fµν ∂σ X ν X µ |τ2
                                                                                                              τ1
             2                                     2                                  2
                          αβ
      = −        dτ dσ         Fµν ∂α X µ ∂β X ν                                                            (1.10)


onde se supˆ s Fµν (τ1 ) = Fµν (τ2 ) = 0.
           o
   Note-se que a acao resultante,
                  ¸˜

                      1
                 S=             d2 σhαβ gµν ∂α X µ ∂β X ν +   αβ
                                                                   (Bµν − Fµν )∂α X µ ∂β X ν ,              (1.11)
                      2

possui uma simetria de calibre nos campos de background,
                                         
                                         
                                          Bµν → Bµν + ∂(µ Λν)
                                                                                                            (1.12)
                                         
                                          Fµν → Fµν + ∂(µ Λν)


de modo que o campo fisicamente significativo (invariante de calibre) e F := B − F . Isso sig-
                                                                    ´
nifica que podemos escolher um calibre em que, por exemplo, B = 0, ou F = 0. Trabalharemos
com este ultimo. Nossa acao, portanto, simplifica-se:
         ´              ¸˜

                                     1
                               S=          d2 σ(hαβ gµν +    αβ
                                                                  Bµν )∂α X µ ∂β X ν .                      (1.13)
                                     2

   Usamos o princ´pio variacional para encontrar as equacoes de movimento e as condicoes de
                 ı                                      ¸˜                          ¸˜
contorno:

           1
   δS =           d2 σ(∂α X µ ∂β δX ν + ∂α δX µ ∂β X ν )(hαβ gµν +            αβ
                                                                                   Bµν )
           2
           1
         =        d2 σ ∂β (∂α X µ δX ν (hαβ gµν +       αβ
                                                             Bµν )) − δX ν ∂α ∂β X µ (hαβ gµν +      αβ
                                                                                                          Bµν )
           2
           1
         =        d2 σ ∂β (∂α X µ δX ν (hαβ gµν +       αβ
                                                             Bµν )) − δX ν ∂α ∂β X µ hαβ gµν
           2
         = 0.                                                                                               (1.14)


   Na segunda linha, integramos por partes, e, na terceira, eliminamos o ultimo termo pela
                                                                         ´
12
                    αβ
antissimetria de         . A equacao de movimento e, portanto,
                                 ¸˜               ´


                                           hαβ ∂α ∂β gµν X µ = 0                                       (1.15)


       Vemos, com isso, que o campo B n˜ o contribui para a equacao de movimento (que e a
                                       a                        ¸˜                    ´
mesma encontrada no caso B = 0), o que e esperado, j´ que o campo interage com a corda
                                       ´            a
somente nas pontas. Para o termo de superf´cie, encontramos
                                          ı


                                   δX ν (∂σ gµν X µ + ∂τ Bµν X µ ) = 0.                                (1.16)


       Vamos trabalhar com um campo Bµν constante e uniforme e tal que B12 = −B21 = B e

Bµ,ν = 0 ∀ µ, ν = 1, 2.1 Al´ m disso, estaremos num espaco plano de Minkowski, gµν = ηµν =
                           e                            ¸
diag{−1, 1, ..., 1}. A equacao de movimento torna-se a equacao de onda
                           ¸˜                              ¸˜


                                          ¨
                             X µ (τ, σ) − X µ (τ, σ) = 0,       µ = 0, 1, ..., 25.                     (1.17)


       Usaremos o calibre est´ tico, X 0 (τ, σ) = τ . Neste calibre, a equacao de movimento (1.17) e
                             a                                             ¸˜                      ´
trivialmente satisfeita para µ = 0.

       Do conjunto de condicoes de contorno que anulam o termo de superf´cie, escolhemos o
                           ¸˜                                           ı
seguinte:
                         
                         
                         
                         
                                    X a |σ=0,π = 0,         a = 0, 3, 4, ..., 25
                         
                                   ˙
                           X 1 + B X 2 |σ=0,π = 0                                                      (1.18)
                         
                         
                         
                         
                          X 2 − B X 1 |σ=0,π = 0
                                   ˙


       Nos limites B = 0 e B → ∞, obtemos condicoes de Neumann e Dirichlet, respectivamente.
                                               ¸˜
Portanto, eis a´ a contribuicao do campo B: ele torna o que seriam as usuais condicoes de
               ı            ¸˜                                                    ¸˜
contorno de Neumann e de Dirichlet em condicoes mistas, e que correlacionam as coordenadas
                                           ¸˜
   1
    Repare-se que isso e equivalente, por uma transformacao de calibre do tipo (1.12), a ter-se F12 = B e Fµν =
                       ´                                ¸˜
0 ∀ µ, ν = 1, 2. Em outras palavras, um campo B de Kalb-Rammond constante sobre todo o espaco-tempo e ¸       ´
fisicamente equivalente a um campo magn´ tico constante sobre a superf´cie onde as cordas prendem suas pontas.
                                          e                           ı
13
X 1 e X 2 . Veremos que este sistema n˜ o e compat´vel com os comutadores canˆ nicos, fazendo-
                                      a ´         ı                          o
se necess´ rios m´ todos de quantizacao que levem em conta esse conjunto de condicoes de
         a       e                  ¸˜                                           ¸˜

contorno.



                                             ¸˜
1.3 Compatibilidade entre comutadores e condicoes de con-
          torno


      Vamos analisar a estrutura canˆ nica desta corda bosˆ nica. Da acao (1.13), temos a la-
                                    o                     o           ¸˜
grangeana
                                 1          ˙                ˙             ˙
                       L(τ ) =          dσ (X)2 − (X )2 + 2B(X 1 X 2 − X 1 X 2 )        (1.19)
                                 2

      Os momentos conjugados2 s˜ o
                               a


                                              ˙
                                 P a (τ, σ) = X a (τ, σ)                                (1.20)
                                              ˙
                                 P 1 (τ, σ) = X 1 (τ, σ) + BX 2 (τ, σ)                  (1.21)
                                              ˙
                                 P 2 (τ, σ) = X 2 (τ, σ) − BX 1 (τ, σ)                  (1.22)


Nota: Como se pode ver, a escolha de Bµν = 0 ∀ µ, ν = 1, 2 deixa as coordenadas X a into-

cadas, com o momento e as condicoes de contorno usuais. Doravante, portanto, registraremos
                               ¸˜
X a apenas quando for relevante.
      Escrevamos as c.c. (condicoes de contorno) em funcao de X e P:
                               ¸˜                      ¸˜


                                        MX 1 + BP 2 |σ=0,π    = 0                       (1.23)

                                        MX 2 − BP 1 |σ=0,π    = 0                       (1.24)


com M := 1 + B 2 . Conforme veremos no Cap´tulo 2, podemos encarar (1.23) e (1.24) como
                                          ı
  2
      A rigor, densidades de momento.
14
v´nculos. Nesse caso, o comutador entre (1.23) e (1.24) deve se anular:
 ı


                   (MX 1 (σ) + BP 2 (σ)|σ=0 , MX 2 (σ ) − BP 1 (σ )|σ =0 ) ≈ 0


   Se aplicarmos as relacoes usuais de comutacao, (1.1), e usarmos a relacao entre a distribuicao
                        ¸˜                   ¸˜                          ¸˜                   ¸˜
de Dirac e sua derivada δ (x) = −δ(x)/x [29], isso torna-se


      −MB (∂σ X 1 (σ), P 1 (σ ))|σ,σ =0 + (∂σ X 2 (σ ), P 2 (σ))|σ,σ =0   =
                                                         δ(σ − σ )
                 −2MB ∂σ δ(σ − σ ) |σ,σ =0 = 2MB                   |σ,σ =0 ≈ 0, absurdo !
                                                          σ−σ




   Outra maneira de constatar esse conflito e discretizar a coordenada σ, dividindo o intervalo
                                           ´
[0, π] numa malha de N pontos, com N → ∞:


                                              X i (σ) → Xn
                                                         i


                                       X i (σ = 0, π) → X0,π
                                                         i




     i    i
com X0 e Xπ correspondendo as pontas σ = 0 e σ = π, respectivamente. A lagrangeana
                           `

discretizada e
             ´

       1           ˙          1                   2B ˙ 1 2                      1 ˙
 L→              ( Xn ) 2 −   2
                                (Xn+1 − Xn )2 +      Xn (Xn+1 − Xn ) − (Xn+1 − Xn )X 2 , (1.25)
                                                                 2       1
       2   n=0


e os momentos,


                                       1   ˙1     2
                                      Pn = Xn + BXn+1 n                                       (1.26)
                                       2   ˙2     1
                                      Pn = Xn − BXn+1 n                                       (1.27)


                                                                                Pn
onde Xn+1 n := Xn+1 − Xn . Note-se que no limite           → 0, temos P (σ) →        , donde Pn e de
                                                                                                ´
ordem O( ).
15
       Os comutadores canˆ nicos (1.1) para a vers˜ o discretizada s˜ o
                         o                        a                 a


                                                   (Xm , Pn ) := δ ij δmn
                                                     i    j
                                                                                                       (1.28)
                                    i    j        i    j
                                  (Xm , Xn ) := (Pm , Pn ) := 0                                        (1.29)


       Observe que, no limite → 0, esses comutadores reproduzem os da vers˜ o cont´nua.
                                                                          a       ı
       As c.c. tornam-se

                                               1      1      2
                                     φ1 :=         (MX10 + BP0 ) = 0                                   (1.30)
                                               1      2      1
                                     φ2 :=         (MX10 − BP0 ) = 0.                                  (1.31)


       Assim, para que valham as c.c., devemos ter (φ1 , φ2 ) ≈ 0.


                                 1      1      2     2      1
                                 2
                                     (MX10 + BP0 , MX10 − BP0 ) ≈ 0.

       Se aplicarmos (1.28) e(1.29), obtemos

               MB       1     1       2    2           MB      1    1       2    2
                 2
                     −(X10 , P0 ) + (P0 , X10 ) =        2
                                                             (X0 , P0 ) + (X0 , P0 )      ≈ 0,         (1.32)


o que e uma contradicao.
      ´             ¸˜



       Portanto, vemos que este sistema n˜ o aceita os comutadores canˆ nicos3 . Devemos proceder
                                         a                            o
a quantizacao com cuidado. Proporemos neste estudo trˆ s m´ todos de quantizacao: quantizacao
`         ¸˜                                         e e                     ¸˜           ¸˜
via equacao de Heisenberg, a quantizacao simpl´ tica e a quantizacao de Dirac, a serem desen-
        ¸˜                           ¸˜       e                  ¸˜

volvidos no pr´ ximo cap´tulo. Os dois primeiros m´ todos fazem uso da expans˜ o das coorde-
              o         ı                         e                          a
nadas e momentos em modos de Fourier, que apresentaremos a seguir.
   3
    A rigor, as relacoes (1.1) devem ser modificadas mesmo no caso de corda livre. A saber, a δ(σ − σ ) deve ser
                    ¸˜
substitu´da por uma funcao semelhante, mas cuja derivada se anule para σ ( ) = 0, π
        ı               ¸˜
16
            ˜
1.4 A expansao em modos de Fourier


      A expans˜ o de Fourier da solucao mais geral poss´vel para a equacao de movimento (1.17)
              a                     ¸˜                 ı               ¸˜
e
´

                                                  1 i −inτ              1 i −inτ
        X i (τ, σ) = xi + pi τ + wi σ + i           αn e   cos nσ +      β e     sin nσ,        (1.33)
                                            n=0
                                                  n                 n=0
                                                                        n n


                     ¸˜                                   o                     i    ¯i
com i = 1, 2. A condicao de realidade sobre X i (τ, σ) imp˜ e as relacoes αn = α−n , βn = β−n .
                                                                     ¸ ˜ ¯i                i


Com isso, podemos reescrever (1.33):

                                      1 i −inτ                         1 i −inτ ¯i inτ
X i (τ, σ) = xi +pi τ +wi σ+i           (αn e  − αn einτ ) cos nσ+
                                                 ¯i                     (β e   + βn e ) sin nσ.
                                n>0
                                      n                            n>0
                                                                       n n
                                                                                         (1.34)
      Vamos introduzir os modos dependentes de τ , αn (τ ) := αn e−inτ , βn (τ ) := βn e−inτ , e a
                                                    i          i          i          i


    ¸ ˜ i+          i
                             ¯i        i−         i
                                                           ¯i
notacao αn (τ ) := αn (τ ) + αn (τ ); αn (τ ) := αn (τ ) − αn (τ ); (an´ logo para β). A expans˜ o
                                                                       a                       a
fica
                                                     i i−              1 i+
                 X i (τ, σ) = xi + pi τ + wi σ +       αn (τ ) cos nσ + βn (τ ) sin nσ.         (1.35)
                                                     n                 n

      Daqui em diante, o somat´ rio em n > 0 fica impl´cito. Se substituirmos (1.35) em (1.18),
                              o                      ı
obtemos relacoes entre os modos de X 1 e X 2 :
            ¸˜


                           ˙
                   X 1 + B X 2 |σ=0,π = w1 + βn (τ ) + Bp2 + Bαn (τ ) = 0
                                              1+               2+


                           ˙
                   X 2 − B X 1 |σ=0,π = w2 + βn (τ ) − Bp1 − Bαn (τ ) = 0
                                              2+               1+


                                            ⇓


           w1 = −Bp2          w2 = Bp1              1           2
                                                   βn (τ ) = −Bαn (τ )      2          1
                                                                           βn (τ ) = Bαn (τ )

      Para simplificar a notacao, vamos renomear os modos:
                            ¸˜


            p := p1           w := p2                          1
                                                   αn (τ ) := αn (τ )                  2
                                                                           βn (τ ) := αn (τ )
17
   Com isso, as expans˜ es para X 1 (τ, σ) e X 2 (τ, σ), tornam-se, finalmente,
                      o

                                              i −          B +
                  X 1 (τ, σ) = x1 + pτ − Bwσ +  αn cos nσ − βn sin nσ                      (1.36)
                                              n            n
                                              i −          B +
                  X 2 (τ, σ) = x2 + wτ + Bpσ + βn cos nσ + αn sin nσ,                      (1.37)
                                              n            n

onde, por brevidade, omitiremos o argumento dos α s e β s, mantendo em mente que eles s˜ o
                                                                                       a
funcoes de τ .
   ¸˜
   As expans˜ es para os momentos (1.21) e (1.22) s˜ o
            o                                      a


                                P 1 (τ, σ) = M(p + αn cos nσ)
                                                    +
                                                                                           (1.38)

                                P 2 (τ, σ) = M(w + βn cos nσ)
                                                    +
                                                                                           (1.39)


   A hamiltoniana e
                  ´


H(τ ) =                 ˙
                 dσ P · X − L

                     ˙           ˙      ˙           ˙    1 ˙                ˙             ˙
       =         dσ (X 1 + BX 2 )X 1 + (X 2 − BX 1 )X 2 − (X)2 − (X )2 + 2B(X 1 X 2 − X 1 X 2 )
                                                         2
         1 π        ˙
       =       dσ (X)2 + (X )2
         2 0
         1 π
       =       dσ (P )2 + M(X )2 + 2B(−P 1 X 2 + P 2 X 1 )                                           (1.40)
         2 0
         Mπ 2                                ¯    ¯
       =     [(p + w2 ) + αn αn + αn αn + βn βn + βn βn ]
                             ¯    ¯                                                                  (1.41)
          2

   Obs: Conquanto a hamiltoniana receba contribuicoes das coordenadas transversais ao cam-
                                                 ¸˜
po, X a , a = 3, 4, ..., 25, focaremo-nos apenas nas coordenadas X 1 e X 2 , j´ que, como dito, as
                                                                              a

transversais comoportam-se de maneira idˆ ntica a do caso livre.
                                        e       `
Cap´tulo 2
   ı

        ¸˜
Quantizacao e N˜ o-Comutatividade
               a

   Aqui, apresentamos os m´ todos de quantizacao usados neste estudo (para outras abordagen-
                          e                  ¸˜
                            ´
s, cf., e.g., [19, 6, 21]). E neste cap´tulo que obtemos a n˜ o-comutatividade, ao calcularmos as
                                       ı                    a
relacoes de comutacao numa D2-brana com campo magn´ tico.
    ¸˜            ¸˜                              e



            ¸˜          ¸˜
2.1 Quantizacao via equacao de Heisenberg


   O m´ todo mais simples de encontrar os comutadores (X µ (τ, σ), X ν (τ, σ )), (X µ (τ, σ), P ν (τ, σ )),
      e
(P µ (τ, σ), P ν (τ, σ )) consiste em aplicar a equacao de Heisenberg nos operadores X µ . Com-
                                                    ¸˜
                 o                                                               a      ˙
paramos as expans˜ es do comutador entre X i (τ, σ) e a Hamiltoniana com a expans˜ o de X i (τ, σ).

Com isso, fazendo uso de algumas hip´ teses simplificadoras, obtemos muito diretamente os co-
                                    o
mutadores dos modos de expans˜ o. Finalmente, usamos estes para calcular os comutadores
                             a
desejados.
   Usando as expans˜ es (1.35) para X e (1.41) para a hamiltoniana, aplicamos a equacao de
                   o                                                                ¸˜
Heisenberg em X 1 (τ, σ):

                              Mπ 1 2                i −
        (X 1 (τ, σ), H(τ )) =      [(x , p + w2 ) + (αn , αm αm + αm αm ) cos nσ −
                                                             ¯     ¯
                                2                   n
                                 B +        ¯    ¯
                              − (βn , βm βm + βm βm ) sin nσ]
                                 n
                               ˙                +              −
                            = X 1 (τ, σ) = p + αn cos nσ + iBβn sin nσ ,


                                                18
19
onde fizemos nossa primeira hip´ tese, de que os modos-zero xi , p, w comutam com os modos
                              o
de oscilacao, αn , αn , etc. Comparando os termos em τ e σ, vem
         ¸˜        ¯

                                               Mπ 1 2
                                                  (x , p + w2 ) = p
                                                2
                             iMπ                                +
                                 (αn − αn , αm αm + αm αm ) = αn
                                       ¯       ¯     ¯
                              2n
                             MπB        ¯       ¯    ¯            −
                           −      (βn + βn , βm βm + βm βm ) = iBβn
                              2n

    Supondo, agora, que os comutadores1 dos modos de expans˜ o sejam n´ meros, obtemos
                                                           a          u

                                                            1
                                              (x1 , p) =                                                (2.1)
                                                           πM


        iMπ
            [αm (αn , αm ) + (αn , αm )αm − (αn , αm )αm − αm (αn , αm )] =
                      ¯            ¯         ¯        ¯    ¯ ¯
         2n
                                       iMπ                                   +
                                           [(αn , αm )αm + (αm , αn )αm ] = αn
                                                  ¯              ¯ ¯
                                        n
                                                                                             in
                                                                    → (αn , αm ) = −
                                                                            ¯                   δmn (2.2)
                                                                                            πM

                                                ¯         in
                                          (βn , βm ) = −     δmn                                        (2.3)
                                                         πM

    Aplicando o mesmo procedimento para X 2 (τ.σ), o unico comutador novo e
                                                     ´                    ´

                                                            1
                                              (x2 , w) =                                                (2.4)
                                                           πM

    Todos os outros comutadores se anulam.
   1
     Na verdade, estes s˜ o os parˆ nteses de Poisson, da teoria cl˜ ssica. Como usaremos sempre a prescricao
                        a         e                                a                                       ¸˜
usual de quantizacao, [A, B]P.B. → i(A, B), tomaremos a liberdade de nos referirmos aos parˆ nteses de Poisson
                 ¸˜                                                                         e
como “comutadores” por todo o resto do trabalho, subentendendo-se sempre essa prescricao para os comutadores
                                                                                       ¸˜
quˆ nticos.
  a
20
    Para futura referˆ ncia, eis algumas expans˜ es de Fourier uteis [3]:
                     e                         o               ´

        1
          (1 + 2     cos nσ cos nσ ) = δN (σ − σ )2 , para σ, σ ∈ [0, π]                            (2.5)
        π        n>0
                1
                  2   sin nσ sin nσ        = δD (σ − σ )3 , para σ, σ ∈ [0, π].                     (2.6)
                π n>0
                                           
                                           
                                            π − (σ + σ ), para 0 < σ + σ < 2π
                         1
               2           sin n(σ + σ ) =                                                          (2.7)
                         n                 
                                           
                   n>0                                  0,     σ, σ = 0 ou π

    De posse disso, procedemos aos comutadores dos campos:

                                                                            iM − +
 (X 1 (τ, σ), P 1 (τ, σ )) = (X 2 (τ, σ), P 2 (τ, σ )) = M(x1 , p) +           (αn , αm ) cos nσ cos nσ
                                                                             n
                                                             1
                                                        =      (1 + 2 cos nσ cos nσ )
                                                             π
                                                        = δN (σ − σ )                               (2.8)




                         (X 1 (τ, σ), P 2 (τ, σ )) = (X 2 (τ, σ), P 1 (τ, σ )) = 0                  (2.9)


                                        (P 1 (τ, σ), P 2 (τ, σ )) = 0                              (2.10)



    (X 1 (τ, σ), X 2 (τ, σ )) = (x1 , x2 ) + (x1 , p)Bσ − (w, x2 )Bσ +
                                  iB − +                         iB + −
                                      (αn , αm ) cos nσ sin mσ −    (β , β ) sin nσ cos mσ
                                 nm                              nm n m
                                               B               1
                               = (x1 , x2 ) +     [(σ + σ) + 2 sin n(σ + σ)]             (2.11)
                                              πM               n

    De (2.7), vemos que o somat´ rio acima sofre uma descontinuidade entre o corpo (bulk) e as
                               o
pontas da corda. No bulk, ele cancela a dependˆ ncia do comutador em σ e σ . Portanto, nesta
                                              e
regi˜ o (X 1 (τ, σ), X 2 (τ, σ )) e constante,
    a                             ´

                                                                           B
                                (X 1 (τ, σ), X 2 (τ, σ )) = (x1 , x2 ) +     .
                                                                           M

    Como B n˜ o interage com a corda nesta regi˜ o, e natural impormos (X 1 (τ, σ), X 2 (τ, σ )) =
            a                                  a ´
21
                                                                             B
0, como no caso livre. Com isso, fixamos o valor da constante, (x1 , x2 ) = − M , e podemos
avaliar o comutador (X 1 (σ), X 2 (σ )) em todos os pontos. Resumindo nossos resultados, fi-

camos com


                    (P i (σ), P j (σ )) = 0                                              (2.12)

                   (X i (σ), P j (σ )) = δ ij δN (σ − σ )                                (2.13)
                                         
                                         
                                         
                                         
                                                  0,    0 < σ, σ < π
                                         
                   (X i (σ), X j (σ )) =          ij
                                               − B , ponta σ = σ = 0                     (2.14)
                                          M
                                         
                                         
                                          B ij
                                                    , ponta σ = σ = π
                                                 M


onde subentendem-se comutadores a tempos iguais.
   Nota-se que a unica diferenca entre os comutadores neste sistema e aqueles no caso de uma
                 ´            ¸

D2-brana sem campo e a n˜ o-comutatividade entre X 1 (τ, σ) e X 2 (τ, σ), que, ali´ s, se anula
                   ´    a                                                         a
para B = 0. Todas as outras relacoes de comutatividade s˜ o idˆ nticas.
                                ¸˜                      a     e




A diferenca de sinal entre os comutadores nas pontas
         ¸


   Observe-se que o sinal do comutador na ponta 0 e oposto ao da ponta π. Tal situacao
                                                  ´                                ¸˜
e intrigante porque, em princ´pio, a n˜ o-comutatividade e uma caracter´stica do espaco, n˜ o
´                            ı        a                  ´             ı             ¸    a
devendo ter dependˆ ncia com a corda.
                  e

   Em [8], argumenta-se que isso e esperado, porque estamos trabalhando com uma teoria de
                                 ´
cordas orientadas (isto e, uma teoria sens´vel a uma invers˜ o na orientacao da corda). De fato,
                        ´                 ı                a             ¸˜
se reorientarmos a corda, via uma reparametrizacao σ → σ := π − σ, inverte-se o sinal do
                                               ¸˜      ˜
22
acoplamento com o campo B na acao, efetivamente mudando o sinal do campo:
                              ¸˜

                              π
         S =        dτ            dσ (∂τ X)2 − (∂σ X)2 + 2B(∂τ X 1 ∂σ X 2 − ∂σ X 1 ∂τ X 2 )
                          0
                                      0
             = −         dτ               d˜ (∂τ X)2 − (∂σ X)2 − 2B(∂τ X 1 ∂σ X 2 − ∂σ X 1 ∂τ X 2 )
                                           σ             ˜                  ˜        ˜
                                  π
                              π
             =      dτ            d˜ (∂τ X)2 − (∂σ X)2 − 2B(∂τ X 1 ∂σ X 2 − ∂σ X 1 ∂τ X 2 ).
                                   σ             ˜                  ˜        ˜
                          0


   Ou seja, a mudanca de sinal no comutador que ocorreria por causa da reorientacao e neu-
                   ¸                                                            ¸˜ ´
tralizada pela correspondente mudanca de sinal de B.
                                   ¸
   Mas isso n˜ o liquida o problema. Se tivermos uma corda aberta com ambas as pontas presas
             a

a uma mesma brana, ou duas cordas de orientacoes opostas tocando a mesma D-brana, difer-
                                            ¸˜
entes pontos na D-brana apresentar˜ o diferentes valores para (X 1 , X 2 ). E, e.g., se porventura
                                  a
um ponto da brana que num dado tempo foi visitado por uma ponta da corda vier a ser visitado
pela outra, teremos uma invers˜ o no sinal do comutador ali. Mais ainda, pode-se perguntar o
                              a

que acontece com a n˜ o-comutatividade na D-brana quando n˜ o h´ cordas presas a ela.
                    a                                     a a




Figura 2.1: (A) Uma corda com as duas pontas presas a mesma brana; (B) Duas cordas de
                                                      `
orientacoes opostas presas a uma brana; (C) Uma corda movendo-se: a ponta 0 tocar´ o ponto
       ¸˜                                                                        a
que no momento e tocado pela ponta π; (D) Uma brana sem cordas
                 ´


   Enfim, se aceitarmos a dependˆ ncia do comutador na brana com a ponta de corda em
                               e
quest˜ o, somos levados a quest˜ es como que significado f´sico tˆ m as relacoes de comutacao
     a                         o                         ı      e          ¸˜            ¸˜
entre as coordenadas da ponta corda na D-brana.
23

            ¸˜
2.2 Quantizacao simpl´ tica
                     e


    Outro m´ todo para encontrar os comutadores e o de quantizacao simpl´ tica. Aqui, o mecan-
           e                                    ´              ¸˜       e
ismo tamb´ m consistir´ em obter os comutadores dos modos de expans˜ o e us´ -los para calcular
         e            a                                            a       a

os comutadores entre X e P .
    Primeiramente, escrevemos a lagrangeana na forma simpl´ tica (i.e., com somente termos
                                                          e
lineares nas velocidades),


          L(τ ) = −H(τ ) +                 ˙
                                    dσ P · X
                                    π
                                                 +        i −         B ˙+
                   = −H + M                                αn cos nσ − βn sin nσ)
                                                            ˙
                                        dσ (p + αm cos mσ)(p +
                                  0                      n            n
                                +            i ˙−        B +
                         +(w + βm cos mσ)(w + βn cos nσ + αn sin nσ)
                                                            ˙                     (2.15)
                                             n           n

    Integrando em σ, obtemos

                                 iπM + −        + ˙−    MB              ˙+
        L = πM (p2 + w2 ) +                                                   ˙+
                                     (αn αn + βn βn ) + 2 (cos nπ − 1)(pβn − wαn )
                                          ˙
                                  2n                    n
                      MB                        + +     + ˙+
                   + 2   2
                           (1 − cos mπ cos nπ)(βm αn − αm βn ) − H
                                                  ˙                                (2.16)
                    n −m

    Aqui, estenderemos ao nosso caso o m´ todo apresentado por Faddeev e Jackiw em [11]:
                                        e


                             L =                          ˙µi
                                                      aµi ξn − H
                                                       n
                                    n>0 µ=1,2 i=1,2

                                =            ˙    ˜ ¯˙       ˙    b ¯˙
                                          an αn + an αn + bn βn + ˜n βn − H,                  (2.17)
                                    n>0


com µ sendo o ´ndice de Lorentz e i indicando se se trata de α e β, ou de seus complexos con-
              ı
                                                    ˙ a       ˙ ¯ ˙ ¯
                                                                   ˙         ˙
jugados. Aqui, portanto, as vari´ veis simpl´ ticas ξ s˜ o os αn , αn , βn , βn e os coeficientes s˜ o
                                a           e                                                     a
os an , an , bn , ˜n .
        ˜         b



    Parˆ ntese: um modo alternativo, com uma notacao menos pesada, e usar um unico ´ndice,
       e                                         ¸˜                ´         ´     ı
que dˆ conta de todos os osciladores αn , βn e seus conjugados. Nesse caso, ter´amos um sistema
     e                                                                         ı
24
n˜ o muito diferente do tratado em [11]:
 a


                                      L=             ˙
                                                  an ξn − H
                                             n


No entanto, a notacao usada nesta secao, com v´ rios ´ndices, e vantajosa no ato de calcular os
                  ¸˜                ¸˜        a      ı        ´
comutadores.


   Os comutadores dos osciladores – que aqui s˜ o as vari´ veis simpl´ ticas – s˜ o dados pela
                                              a          a           e          a

inversa da matriz Hessiana da Lagrangeana.

                                                                     mn
                                 (ξm , ξn ) = [(f µν )−1 ]ji
                                   µi νj
                                                                                               (2.18)


                                     µν           ∂aνi
                                                    n   ∂aµj
                                   (fij )mn =       µj − mνi
                                                                                               (2.19)
                                                  ∂ξm   ∂ξn

   Assim,                                                                                 
                                                     ∂an           ∂am    ∂bn        ∂am
                    µν         ∂aν
                                 n  ∂aµ             ∂αm
                                                               −   ∂αn    ∂αm
                                                                                 −   ∂βn   
                  (f11 )mn =     µ − m =
                                      ν                                                       (2.20)
                               ∂ξm  ∂ξn                 ∂an
                                                               −   ∂bm    ∂bn
                                                                                 −   ∂bm
                                                        ∂βm        ∂αn    ∂βm        ∂βn
                                                                                          
                                                     ∂an           ∂˜m
                                                                    a     ∂bn        ∂˜m
                                                                                      a
                    µν         ∂aνn  ∂˜µ
                                      a             ∂ αm
                                                       ¯
                                                               −   ∂αn    ∂ αm
                                                                            ¯
                                                                                 −   ∂βn   
                  (f12 )mn =     ¯µ − m =
                                        ν                                                     (2.21)
                               ∂ ξm  ∂ξn                ∂an
                                                               −   ∂˜m
                                                                    b     ∂bn
                                                                                 −   ∂˜m
                                                                                      b
                                                          ¯
                                                        ∂ βm       ∂αn      ¯
                                                                          ∂ βm       ∂βn



                                                 etc.

   No caso,

           ∂L       iπM + MB                       MB                         +
    an =          =      αn − 2 (cos nπ − 1)w + 2        (1 − cos mπ cos nπ)βm
           ∂ αn
             ˙       2n        n                 n − m2
           ∂L         iπM + MB                      MB                          +
    an
    ˜    =        =−       αn − 2 (cos nπ − 1)w + 2        (1 − cos mπ cos nπ)βm
             ˙
           ∂ αn
             ¯         2n        n                 n − m2
           ∂L       iπM + MB                      MB                         +
    bn   =        =      βn + 2 (cos nπ − 1)p − 2       (1 − cos mπ cos nπ)αm
             ˙
           ∂ βn      2n        n                n −m  2


    ˜n     ∂L         iπM + MB                      MB                         +
    b    =        =−       βn + 2 (cos nπ − 1)p − 2       (1 − cos mπ cos nπ)αm
             ˙
             ¯
           ∂ βn        2n        n                n − m2
25
donde obtemos


                         µν         µν
                       (f11 )mn = (f22 )mn = 0
                                                                          
                                                               δmn
                       µν          µν                          n
                                                                     0 
                     (f12 )mn = −(f22 )mn = iπM                       .
                                                                     δmn
                                                                0     n


   Portanto,
                                                                          
                                                               δmn
                                               0       0             0
                                                               n          
                                                                          
                                       0         0    0 δmn               
                                                            n             
                       f µν     = iπM                                     
                                       − δmn     0    0     0             
                                          n                               
                                                                          
                                          0     − δmn 0
                                                   n
                                                             0
                                                                                 
                                           0        0    nδmn               0
                                                                                 
                                                                                 
                                    i 
                                          0        0      0               nδmn   
                                                                                  
                ⇒ (f µν )−1     =                                                .
                                  πM  −nδ          0      0                0
                                                                                  
                                            mn                                   
                                                                                 
                                           0     −nδmn     0                0

   Assim, os unicos comutadores n˜ o-nulos para os osciladores s˜ o
             ´                   a                              a


                                                 ¯         in
                              (αm , αn ) = (βm , βn ) = −
                                    ¯                         δm,n                      (2.22)
                                                          πM

idˆ ntico a (2.2) e (2.3). Os comutadores restantes, entre os modos-zero, s˜ o obtidos pela
  e                                                                        a
equacao de movimento dos operadores, com exatamente o mesmo mecanismo desenvolvido
    ¸˜

na secao anterior, de modo que o resultado e necessariamente o mesmo.
     ¸˜                                    ´
   Portanto, o m´ todo de quantizacao simpl´ tica dos osciladores fornece os mesmos resultados
                e                 ¸˜       e
que obtivemos com o m´ todo via equacao de Heisenberg: (2.12), (2.13), (2.14).
                     e              ¸˜



            ¸˜
2.3 Quantizacao de Dirac
26
      Um modo alternativo de quantizacao e encarar as condicoes de contorno como v´nculos e
                                     ¸˜ ´                  ¸˜                     ı
usar o m´ todo de Dirac para sistemas vinculados [23].
        e

      O mecanismo consiste em, primeiramente, construir uma s´ rie de v´nculos φ(m) , m =
                                                             e         ı
0, 1, 2, ... a partir das condicoes de contorno. Ent˜ o, se o conjunto de v´nculos obtido for de
                               ¸˜                   a                      ı
segunda classe, define-se a matriz invers´vel C a partir dos comutadores canˆ nicos entre os
                                        ı                                  o
v´nculos, Cmn := (φ(m) , φ(n) ) (se os v´nculos formarem um conjunto de primeira classe, ent˜ o
 ı                                      ı                                                   a

ainda subsiste uma simetria a fixar na teoria). Com isso, os comutadores de Dirac s˜ o definidos
                                                                                  a
por
                           (A, B)∗ := (A, B) − (A, φ(m) )Cmn (φ(n) , B)
                                                          −1
                                                                                          (2.23)

      Comutadores de Dirac implementam os v´nculos na quantizacao do sistema. Esses comuta-
                                           ı                  ¸˜

dores possuem a propriedade de valer fortemente para os v´nculos, pois
                                                         ı


                      (A, φ(p) )∗ = (A, φ(p) ) − (A, φ(m) )Cmn (φ(n) , φ(p) )
                                                            −1


                                    = (A, φ(p) ) − (A, φ(m) )δmp       Cnp

                                    = 0


      Para fins de ilustracao, no apˆ ndice A aplicamos o m´ todo ao caso da corda livre (sem
                         ¸˜        e                      e
campo de fundo) num espaco 1-d (uma dimens˜ o espacial). Na secao a seguir, estendemos para
                        ¸                 a                   ¸˜

o caso de interesse – a D2-brana com campo B.



D2-brana com campo B


      Comecamos pela cadeia de v´nculos, que obtemos de modo an´ logo ao usado no apˆ ndice
          ¸                     ı                              a                    e
A.
                          
                          
                           M∂ (m+1) X i + B ij ∂ (m) P j |σ=0,π ,   m par
                φi(m) =                                                                   (2.24)
                          
                                                 ∂ (m) P i |σ=0,π , m impar
27
   A matriz C, neste caso, e
                           ´
            
            
            
            
                                                                          0,     m, n impar
            
     ij                                            (m+1) (n)
    Cmn =         −2MB ij      dσdσ δ(σ)δ(σ )∂σ         ∂σ δ(σ         − σ ),        m, n par       (2.25)
            
            
            
            
                      Mδ ij   dσdσ δ(σ)δ(σ )∂σ
                                                   (m+1) (n)
                                                        ∂σ δ(σ         − σ ), m par, n impar

   Aqui, podemos escrever C como C = D ⊗ E + A ⊗ N , com
                                                                                       
                      −2MB 0                                                  0  M 
                   D=                                                A=            
                         0  0                                                    −M 0

sendo que

                                                                                                2
 ij                      ij                   ij          2m −1                  e−(σ/ )       1
C(2m −2)(2n −2)    =    D00 Em n    := −2MB (−1)          (2(m + n ) − 3)! lim       √
                                                                            ,σ→0       π σ 2(m +n )−3
                                                                                   2
                                                                            e−(σ/ )       1
C(2m −2)(2n −1) = Aij Nm n
 ij
                   01               := M ij (−1)2m −1 (2(m + n ) − 2)! lim    √       2(m +n )−2
                                                                       ,σ→0     π σ

com m , n = 1, 2, 3, .... De modo que

                                                          1        1
                                Em n = Gm n lim
                                                   ,σ→0       σ 2(m +n )−3
                                                          1        1
                                Nm n = Fm n lim
                                                   ,σ→0       σ 2(m +n )−2

               1                              1
onde Gm n = − √π (2(m + n ) − 3)! e Fm n = − √π (2(m + n ) − 2)!. Com isso,


                                 Em n = G−1n lim σ 2(m +n )−3
                                  −1
                                         m                                                          (2.26)
                                                   ,σ→0

                                Nm n = Fm n lim σ 2(m +n )−2 ,
                                 −1     −1
                                                                                                    (2.27)
                                                   ,σ→0



   Quanto a inversa de C
          `
                                                                                             
                                                                                          −1
        −2BE N                                                 1  0       −N         
    C=M                                ⇒          C −1 =                              (2.28)
          −N  0                                                  M   N −1 −2BN −1 EN −1
28
Os comutadores de X e P com os v´nculos s˜ o
                                ı        a
                              
                              
                                                            (m)
        i         (m)j
                                          dσ δ(σ )(X i (σ), ∂σ P j (σ )), m impar
    (X (σ), φ            )=
                               jk
                               B                            (m)
                                          dσ δ(σ )(X i (σ), ∂σ P k (σ )),         m par



                              (m)
                 dσ δ(σ )∂σ δ(σ − σ ) = (−1)m                              (m)
                                                                  dσ δ(σ )∂σ δ(σ − σ )
                                                                                 δ(σ)
                                                = (−1)m ∂σ δ(σ) = m!
                                                         (m)
                                                                                  σm
                                                                 1
                                                = m!δ(σ) lim
                                                            σ→0 σ m



                                     
                                      δ m!δ(σ) lim 1 , m impar
                                      ij
                                                   σ→0 σ m
               ⇒ (X i (σ), φ(m)j ) =                                                        (2.29)
                                      B ji m!δ(σ) lim 1 , m par
                                     
                                                   σ→0 σ m



                                      
                                      
                                                                              0, n impar
            (φ(n)i , P j (σ )) =
                                       ij
                                       M                 (n+1)
                                                dσ δ(σ)∂σ         δ(σ − σ ),       n par
                                      
                                      
                                                                          0, n impar
                                  =                                    1                    (2.30)
                                       M ij (n + 1)!δ(σ ) lim
                                                                          ,     n par
                                                            σ →0   σ   n+1



Usando (2.26), (2.27), (2.28), (2.29) e (2.30), procedemos aos comutadores. Para (X i , P j ),
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Não comutatividade e dualidade t em cordas bosônicas

  • 1. Um Estudo sobre N˜ o-Comutatividade e a Dualidade T em Cordas Bosˆ nicas o Rafael D’Andrea Alves da Rocha Orientador: Nelson Ricardo de Freitas Braga
  • 2. Um Estudo sobre N˜ o-Comutatividade e a Dualidade T em Cordas Bosˆ nicas o Rafael D’Andrea Alves da Rocha Tese de Mestrado apresentada ao Programa de P´ s-Graduacao em F´sica, Instituto de F´sica, da o ¸˜ ı ı Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necess´ rios a obtencao do a ` ¸˜ t´tulo de Mestre em Ciˆ ncias (F´sica). ı e ı Orientador: Nelson Ricardo de Freitas Braga Colaborador: Carlos Alfonso M. Ball´ n Bayona o Rio de Janeiro Marco de 2008 ¸
  • 3.
  • 4. D’Andrea, Rafael Um Estudo sobre N˜ o-Comutatividade e Dualidade T em a Cordas Bosˆ nicas/ Rafael D’Andrea A. da Rocha. Rio de o Janeiro: UFRJ/IF, 2008. xi, 91f.: il. ; 30cm. Orientador: Nelson Ricardo de Freitas Braga. Dissertacao (Mestrado) - UFRJ / Instituto de F´sica / ¸˜ ı Programa de P´ s-graduacao em F´sica, 2008. o ¸˜ ı Referˆ ncias Bibliogr´ ficas: f. 90-93. e a 1. Teoria de Cordas. 2. N˜ o-Comutatividade. 3. Du- a alidade T. 4. Quantizacao de Dirac. 5. D-branas. I. Braga, ¸˜ Nelson Ricardo de Freitas. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de F´sica. Programa de P´ s-graduacao ı o ¸˜ em F´sica. III. Um Estudo sobre N˜ o-Comutatividade e D- ı a ualidade T em Cordas Bosˆ nicas. o
  • 5. Resumo Um Estudo sobre N˜ o-Comutatividade e Dualidade T em Cordas a Bosˆ nicas o Rafael D’Andrea Alves da Rocha. Orientador: Nelson Ricardo de Freitas Braga. Colaborador: Carlos Alfonso M. Ball´ n Bayona. o Resumo da Dissertacao de Mestrado submetida ao Programa de P´ s-graduacao em F´sica, Instituto de F´sica, ¸˜ o ¸˜ ı ı da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necess´ rios a obtencao do t´tulo de a ` ¸˜ ı Mestre em Ciˆ ncias (F´sica) e ı A dissertacao e um estudo sobre n˜ o-comutatividade e dualidade T em D-branas de cor- ¸˜ ´ a das bosˆ nicas. Particularmente, o objetivo e investigar se (ou como) a n˜ o-comutatividade o ´ a se manifesta no sistema dual a uma D2-brana com campo magn´ tico, este sendo um espaco e ¸ n˜ o-comutativo. O trabalho organiza-se como a seguir: 1. Introducao da corda bosˆ nica. 2. a ¸˜ o Quantizacao da corda. Surgimento da n˜ o-comutatividade em cordas ligadas a D-branas com ¸˜ a campo de fundo constante. 3. Breve exposicao sobre dualidade T em cordas fechadas e abertas. ¸˜ Apresentacao dos ”candidatos” a sistema dual. 4. Quantizacao dos candidatos. 5. Conclus˜ es. ¸˜ ¸˜ o Palavras-chave: teoria de Cordas, n˜ o-comutatividade, dualidade T, quantizacao de Dirac, quantizacao a ¸˜ ¸˜ simpl´ tica, D-branas. e Rio de Janeiro Marco de 2008 ¸
  • 6. Abstract A Study of Noncommutativity and T-Duality in Bosonic Strings Rafael D’Andrea Alves da Rocha. Advisor: Nelson Ricardo de Freitas Braga. Collaborator: Carlos Alfonso M. Ball´ n Bayona. o Abstract da dissertacao de Mestrado apresentada ao Programa de P´ s-graduacao em F´sica, Instituto de F´sica, ¸˜ o ¸˜ ı ı da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necess´ rios a obtencao do t´tulo de a ` ¸˜ ı Mestre em Ciˆ ncias (F´sica) e ı The dissertation is a study on noncommutativity and T-duality in D-branes for bosonic strings. In particular, the goal is to figure out whether (or how) noncommutativity appears in a system dual to a D2-brane with background, which a known noncommutative space. The work is organized as follows: 1. The bosonic string setup is introduced. 2. The string is quantized by means of several methods; noncommutativity shows up for a D2-brane with a constant B-field spread over it. 3. A brief explanation on T-duality in closed and open strings is given; the candidates for a dual system are presented. 4. Those candidates are quantized. 5. Conclusions. Key-words: string theory, noncommutativity, T-duality, Dirac quantization, symplectic quanti- zation, D-branes. Rio de Janeiro March 2008
  • 7.
  • 8. ´ Indice ¸˜ 1 Introducao 6 1.1 A acao da corda bosˆ nica livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ¸˜ o 6 1.2 Introducao dos campos de fundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ¸˜ 9 1.3 Compatibilidade entre comutadores e condicoes de contorno . . . . . . . . . . ¸˜ 13 1.4 A expans˜ o em modos de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a 16 ¸˜ 2 Quantizacao e N˜ o-Comutatividade a 18 2.1 Quantizacao via equacao de Heisenberg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ¸˜ ¸˜ 18 2.2 Quantizacao simpl´ tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ¸˜ e 23 2.3 Quantizacao de Dirac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ¸˜ 25 3 Dualidade T 33 3.1 Cordas fechadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 3.1.1 Cordas fechadas em R1,25 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 3.1.2 Cordas fechadas em S 1 ⊗ R1,24 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.2 Cordas abertas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 3.2.1 Caso livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 3.2.2 D2-brana num toro T 2 com campo B . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 3.2.3 Uma prescricao para a dualizacao de X 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . ¸˜ ¸˜ 48 3.2.4 Uma outra dualizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ¸˜ 51 3.2.5 Dualizando X 1 e X 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 xi
  • 9. xii ¸˜ 4 Quantizacao do Sistema Dual 60 4.1 Dualizacao por condicoes de contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ¸˜ ¸˜ 60 4.1.1 Quantizacao via equacao de Heisenberg . . . . . . . . . . . . . . . . . ¸˜ ¸˜ 60 4.1.2 Quantizacao via m´ todo de Dirac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ¸˜ e 63 4.2 Dualizacao por multiplicador de Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ¸˜ 66 4.3 Dualizacao de X 1 e X 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ¸˜ 68 Apˆ ndices e 69 e ¸˜ A M´ todo de quantizacao de Dirac para a corda livre num espaco 1-d ¸ 69 B C´ lculo da massa a 76 B.1 Cordas fechadas em R1,25 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 B.2 Cordas fechadas em S 1 ⊗ R1,24 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 B.3 Cordas abertas livres em S1 ⊗ R1,24 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 B.4 D2-brana num toro T 2 com campo B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 B.5 Sistemas duais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 C Conex˜ es entre simetrias da teoria e simetrias do toro o 85 D Descricao da worldsheet com X i adimensionais ¸˜ 88 Conclus˜ es o 90
  • 10. Primeiras palavras ¸˜ Motivacao: Uma breve hist´ ria das cordas o A teoria de cordas surgiu nos anos 60 como uma tentativa de descrever as interacoes fortes. ¸˜ Ap´ s um per´odo inicial de popularidade, essa iniciativa foi suplantada em 1974 pela rec´ m- o ı e nascida cromodinˆ mica quˆ ntica. N˜ o obstante, logo em seguida se descobriu que o gr´ viton a a a a surge naturalmente nessa descricao baseada em cordas, e comecou-se a pensar nas cordas como ¸˜ ¸ um modelo para a gravitacao. Estava inaugurada a teoria de cordas bosˆ nicas. ¸˜ o No entanto, a teoria tinha problemas. Por exemplo, o espectro das cordas apresentava esta- dos de massa negativa (t´ quions). Al´ m disso, percebeu-se que a teoria apresentaria anomalias a e a menos que o espaco-tempo tivesse inopinadas 26 dimens˜ es; demais, os f´ rmions n˜ o eram ¸ o e a descritos pela teoria. Para consertar esses embaracos, acrescentou-se-lhe a supersimetria, que ¸ promoveu as cordas a “supercordas”, e n˜ o s´ introduziu os f´ rmions no jogo como eliminou os a o e t´ quions. E, se n˜ o livrou a teoria das inacredit´ veis 22 dimens˜ es extras, reduziu seu n´ mero a a a o u para mais toler´ veis 6, constituindo um espaco-tempo de (1+9) dimens˜ es. a ¸ o Na d´ cada de 80, com a chamada primeira revolucao das supercordas, a teoria despontou e ¸˜ como uma poss´vel descricao de todas as interacoes conhecidas, e portanto uma promessa de ı ¸˜ ¸˜ unificacao da f´sica. Foi nessa epoca que comecou a ser chamada de “teoria de tudo”. Vier- ¸˜ ı ´ ¸ am os anos 90, e, com eles, a segunda revolucao das supercordas, que trouxe as D-branas, as ¸˜ equivalˆ ncias da teoria (tais como a dualidade T), e a correspondˆ ncia AdS/CFT [18], que en- e e gatilhou uma nova busca por descricoes das interacoes fortes via modelos fenomenol´ gicos de ¸˜ ¸˜ o 1
  • 11. 2 cordas, uma area muito ativa hoje na f´sca te´ rica. Ela possui muitas caracter´sticas de interesse ´ ı o ı matem´ tico e incorpora naturalmente todas as propriedades essenciais do Modelo Padr˜ o, tais a a como grupos de calibre n˜ o-abelianos e As supercordas, entretanto, tˆ m seus cr´ticos, que n˜ o a e ı a s˜ o poucos. A teoria ainda n˜ o foi verificada f´ rmions quirais. experimentalmente. Na ver- a a e dade, nenhuma vers˜ o da teoria de cordas apresentou qualquer resultado sujeito aos meios de a verificcao atuais que difira daqueles de outras teorias. A escala de energia em que seria poss´vel ¸˜ ı ver o car´ ter “c´ rdico” das part´culas e muito maior do que as dispon´veis experimentalmente. a o ı ´ ı O LHC e visto como uma oportunidade sem precedentes de se obter suporte emp´rico a teo- ´ ı ` ria, como a deteccao de part´culas supersim´ tricas ou a observacao de um car´ ter in´ dito da ¸˜ ı e ¸˜ a e interacao gravitacional condizente com dimens˜ es extras. De qualquer modo, a teoria tal como ¸˜ o est´ poderia sobreviver mesmo a ausˆ ncia de quaisquer novidades experimentais encorajadoras a ` e que o LHC possa trazer, e por isso alguns argumentam [30] que at´ o momento a teoria de e cordas n˜ o e false´ vel, e portanto talvez sequer mereca ser chamada de ciˆ ncia. a ´ a ¸ e N˜ o est´ claro como as supercordas produzir˜ o um modelo realista e preditivo da natureza, a a a se e que um dia o far˜ o. Mas a teoria e elegante, e no m´nimo j´ apresentou a comunidade cien- ´ a ´ ı a ` t´fica novos conceitos, como D-branas e dimens˜ es extras compactificadas, que possivelmente ı o ser˜ o parte fundamental de uma descricao completa do Universo. De maneira que, assim me a ¸˜ parece, n˜ o faltam motivos para investigar o que mais pode advir desta “not´ vel e fascinante a a teoria” [4]. ¸˜ A dissertacao Os conceitos-chave nesta dissertacao s˜ o n˜ o-comutatividade, dualidade T e D-branas. ¸˜ a a Segue abaixo uma explanacao sobre o que s˜ o esses conceitos e o que se prop˜ e fazer com ¸˜ a o eles neste trabalho.
  • 12. 3 N˜ o-comutatividade a Este n˜ o e um assunto novo. Pelo menos desde 1947 [51] concebeu-se um espaco-tempo a ´ ¸ n˜ o comutativo em mecˆ nica quˆ ntica. No entanto, at´ recentemente n˜ o se levava realmente a a a a e a s´ rio tal tipo de tratamento, por raz˜ es que envolvem a n˜ o-localidade intr´nseca a tais modelos e o a ı e at´ mesmo quebra da invariˆ ncia de Lorentz e da causalidade [10, 22]. e a No entanto, h´ mais de uma boa raz˜ o para estudar n˜ o-comutatividade. Uma delas seria a a a a possiblidade de melhorar a divergˆ ncia UV em teorias de campos. Uma segunda motivacao e e ¸˜ ´ a tentativa de se encontrar variantes de teorias de Yang-Mills que sejam mais trat´ veis pertur- a bativamente. Entre essas variantes, figuram teorias de calibre n˜ o-comutativas [40, 52]. Uma a outra raz˜ o e a busca pela gravidade quˆ ntica. Talvez espacos n˜ o-comutativos sejam mais ad- a ´ a ¸ a a ´ equados para descrever a gravidade a pequenas distˆ ncias. E poss´vel que a gravidade sequer ı seja local nessa escala. O fato e que a n˜ o-localidade ainda n˜ o e bem entendida, e n˜ o faria ´ a a ´ a mal estud´ -la em modelos simples a fim de aplic´ -las em tentativas realistas de se chegar a uma a a teoria quˆ ntica da gravitacao. a ¸˜ Essa e uma das principais motivacoes para a atual atividade na area em teoria de cordas. De ´ ¸˜ ´ fato, a n˜ o-comutatividade surge em modelos muito simples de cordas interagindo com campos a de fundo. E o melhor e que as patologias apresentadas em teorias com n˜ o-comutatividade do ´ a espaco-tempo n˜ o aparecem em teorias de cordas [22]. Um desses modelos simples e analisado ¸ a ´ nesta dissertacao. ¸˜ D-branas Existem dois tipos gerais de cordas: fechadas e abertas, e v´ rias vers˜ es de teorias de cordas a o envolvem ambas (nem todas envolvem as abertas). Cedo se deu conta de que existe um fluxo de energia pela corda, e no caso da corda aberta isso implica um problema com conservacao da ¸˜ energia. Portanto, uma teoria de cordas abertas consistente deve incluir um lugar para onde a
  • 13. 4 energia flua uma vez que deixe a corda pelas pontas. Esse lugar e a chamada D-brana. Toda ´ corda aberta deve ter cada uma de suas pontas presas a alguma D-brana, que ali´ s, n˜ o e encar- a a ´ ada como uma estrutura matem´ tica, e sim como um objeto f´sico, t˜ o real quanto as pr´ prias a ı a o cordas. D-branas s˜ o hiper-superf´cies e podem possuir qualquer n´ mero de dimens˜ es, com um a ı u o limite m´ ximo estabelecido pela dimensionalidade do espac o-tempo (no caso das cordas bosˆ nicas, a ¸ o 25 dimens˜ es espaciais). Como as pontas de uma corda aberta n˜ o podem se soltar da D-brana, o a decorre que D-branas determinam a condicao de contorno que as cordas devem satisfazer. Uma ¸˜ ponta de corda presa a uma D1-brana que se estende sobre o eixo X 1 pode mover-se apenas nesta direcao, enquanto que uma ponta de corda presa a uma D25-brana (space-filling brane) ¸˜ est´ livre para mover-se sobre todo o espaco. No caso mais simples, as condicoes de contorno a ¸ ¸˜ satisfeitas pelas 25 coordenadas de uma ponta de corda s˜ o indepententes entre si, e teremos a condicoes de Neumann para todas as direcoes paralelas a D-brana e de Dirichlet (o “D” em ¸˜ ¸˜ ` D-brana e de Dirichlet) para as ortogonais. As coisas se complicam quando existem campos na ´ D-brana, como veremos. As D-branas, como objetos f´sicos que s˜ o, possuem tens˜ o, massa, e uma acao que deter- ı a a ¸˜ mina sua dinˆ mica. No entanto, para os nossos fins, basta que elas sejam tratadas como objetos a infinitamente massivos e sem dinˆ mica, e nossa acao n˜ o incluir´ termos de D-branas. a ¸˜ a a Dualidade T A palavra “dualidade” ser´ usada aqui com o significado de equivalˆ ncia f´sica entre difer- a e ı entes descricoes ou teorias. Em f´sica, uma dualidade e sempre bem-vinda, porque nos permite ¸˜ ı ´ aplicar resultados de um dado modelo trat´ vel mas n˜ o realista no sistema que efetivamente a a queremos descrever, que em geral e bem menos simples e palat´ vel. ´ a A dualidade T, especificamente, relaciona diferentes teorias de corda (uma vez que se lhes inclua supersimetria, uma caracter´stica importante de teorias de cordas mais realistas mas que ı n˜ o ser´ inclu´da nesta dissertacao), o que aponta para uma unificacao de duas das diferentes a a ı ¸˜ ¸˜
  • 14. 5 vers˜ es de supercordas (quais sejam, IIA e IIB) [16, 20, 4]. Para n´ s, no entanto, o que interessa o o e que a dualidade T aparece sempre que se tˆ m espacos em que ao menos uma direcao possui a ´ e ¸ ¸˜ topologia de uma c´rculo (o que chamaremos de “compactificacao”), e conecta um espaco com ı ¸˜ ¸ raio de compactificacao pequeno a um de raio grande (essencialmente, de raio inverso). Mais ¸˜ detalhes sobre essa propriedade a conferir no cap´tulo 3. ı Roteiro do trabalho ´ E sabido [1, 23, 8, 14, 5] que uma D-brana com campo magn´ tico (ou, equivalentemente, e um campo de Kalb-Rammond) configura um espaco n˜ o-comutativo. Nosso objetivo principal ¸ a e estabelecer a permanˆ ncia (ou n˜ o) do car´ ter n˜ o-comutativo na teoria que cont´ m o espaco ´ e a a a e ¸ dual a esse (dual via dualidade T, entenda-se). Chegamos a um resultado surpreendente, que pede uma reinterpretacao do papel f´sico desempenhado pelas propriedades de comutacao de ¸˜ ı ¸˜ campos em dimens˜ es compactificadas. Pelo caminho, encontramos mais de uma maneira de o encontrar o espaco dual (cap´tulo 3), e um curioso paralelismo entre simetrias da nossa teoria e ¸ ı simetrias do toro sobre o qual a situamos (apˆ ndice C). e No cap.1, introduzimos a acao da corda bosˆ nica, o tal sistema da D-brana com um cam- ¸˜ o po magn´ tico, as expans˜ es de Fourier dos campos e da hamiltoniana, e mostramos a incon- e o sistˆ ncia dos comutadores canˆ nicos no sistema referido. No cap.2, apresentamos trˆ s difer- e o e entes maneiras consistentes de quantizar as cordas, o que nos leva as relacoes de comutacao ` ¸˜ ¸˜ apropriadas. No cap.3, falamos de dualidade T, mostramos como ela assoma em sistemas sim- ples e, em particular, obtemos o espaco dual ao sistema de interesse deste estudo. No cap.4, ¸ aplicamos os m´ todos de quantizacao do cap.2 ao sistema dual apresentado no cap.3. Fechamos e ¸˜ com as conclus˜ es e os apˆ ndices. o e
  • 15. Cap´tulo 1 ı ¸˜ Introducao Neste cap´tulo apresentamos o ferramental b´ sico da teoria de cordas bosˆ nicas abertas, ı a o delineamos o sistema sobre o qual desejamos nos deter, e mostramos por que a quantizacao ¸˜ canˆ nica n˜ o funciona para ele. o a A corda bosˆ nica possui coordenadas X i (τ, σ) e momentos canˆ nicos P i (τ, σ), como se o o ver´ . Assim, parece razo´ vel postular os comutadores canˆ nicos a a o (X i (τ, σ), P j (τ, σ )) = iδ ij δ(σ − σ ) (X i (τ, σ), X j (τ, σ )) = 0 (1.1) (P i (τ, σ), P j (τ, σ )) = 0. No entanto, e necess´ rio verificar a compatibilidade dos comutadores com as condicoes ´ a ¸˜ de contorno para uma corda aberta. O campo de fundo (background) altera as condicoes de ¸˜ contorno que aparecem para a acao de corda livre, de modo que n˜ o e autom´ tico que relacoes ¸˜ a ´ a ¸˜ de comutacao que valham em um caso sejam aceit´ veis em outro. A bem da verdade, mesmo ¸˜ a para uma corda livre os comutadores acima n˜ o s˜ o permitidos. a a ¸˜ 1.1 A acao da corda bosˆ nica livre o 6
  • 16. 7 Devido ao fato de que uma part´cula relativ´stica livre se move numa geod´ sica sobre o ı ı e espaco-tempo, sua acao e aquela que extremiza o comprimento invariante de sua trajet´ ria (linha ¸ ¸˜ ´ o de mundo, ou worldline), Sparticula ∝ ds, (1.2) Da mesma forma, a acao de um objeto de p dimens˜ es movendo-se no espaco-tempo e ¸˜ o ¸ ´ proporcional ao hiper-volume (p+1)-dimensional da trajet´ ria [20, 13, 4, 17, 16]. Para o caso o ı a ¸˜ ´ ` ´ espec´fico de cordas, que s˜ o objetos bidimensionais, a acao e proporcional a area de sua folha de mundo ou worldsheet (que nada mais e que a extens˜ o natural da linha de mundo de uma ´ a part´cula a corda): ı ` S=T d2 σ − det Gαβ (1.3) onde T e a tens˜ o da corda e a m´ trica induzida e dada por ´ a e ´ Gαβ = gµν (X)∂α X µ ∂β X ν α, β = 0, 1. (1.4) e a worldsheet e parametrizada pelas coordenadas σ 0 = τ , de car´ ter temporal, e σ 1 = σ, ´ a de car´ ter espacial. Para cordas abertas, σ assume valores num intervalo finito (que aqui e a ´ escolhido como σ ∈ [0, π], sendo que σ = 0 corresponde a uma das pontas da corda e σ = π corresponde a outra). No caso de cordas fechadas, σ e peri´ dico (j´ que as “pontas” devem ser ` ´ o a identificadas). O espaco no qual a worldsheet est´ inserida e descrito pelas coordenadas X µ (τ, σ), cf. ¸ a ´ Fig.1.2. Para o caso de um espaco de Minkowski, a acao (1.3) toma a forma ¸ ¸˜ SN G = T d2 σ ˙ ˙ (X · X )2 − X 2 X 2 , (1.5) chamada acao de Nambu-Goto [31]. O ponto denota derivada em τ , e a linha, em σ. Devido ¸˜ a raiz quadrada que aparece em 1.5, esta acao e complicada de quantizar. Para contornar esse ` ¸˜ ´ problema, usa-se uma acao classicamente equivalente: a chamada acao de modelo sigma de ¸˜ ¸˜
  • 17. 8 Figura 1.1: worldline de uma part´cula, worldsheet de uma corda aberta, e worldsheet de uma ı corda fechada Figura 1.2: Worldsheet no embedding space. A linha na worldsheet representa uma corda num dado tempo τ . Um ponto da corda e mapeado para as coordenadas X µ (τ, σ). ´ cordas, ou acao de Polyakov [20, 4]: ¸˜ T √ Sσ = d2 σ −hhαβ ∂α X · ∂β X, (1.6) 2 Repare que a´ se utiliza um campo auxiliar, a m´ trica da worldsheet, hα,β , com h = det hαβ ı e e hα,β = (h−1 )α,β . Esta acao possui simetrias, que nos permitir˜ o, ao serem fixadas com ¸˜ a escolhas de calibre convenientes, tornar a quantizacao particularmente simples. Ei-las: ¸˜ • Transformacoes de Poincar´ ¸˜ e
  • 18. 9 • Reparametrizacoes. A acao e invariante sob os difeomorfismos ¸˜ ¸˜ ´ ∂f γ ∂f δ σ α → f α (σ) = σ α , hαβ (σ) = hγδ (σ ) ∂σ α ∂σ β • Transformacoes de Weyl. A acao e invariante sob a transformacao de escala ¸˜ ¸˜ ´ ¸˜ hαβ → eφ(σ,τ ) hαβ , δX µ = 0 As ultimas duas s˜ o simetrias locais, que podem ser usadas para escolher um calibre em que ´ a a m´ trica hαβ assume uma forma particular. Fixaremos nossa m´ trica como se segue: e e    1 0  hαβ = η αβ =   (1.7) 0 −1 Com isso, (1.6) toma a forma T ˙ S= d2 σ(X 2 − X 2 ) (1.8) 2 A tens˜ o T da corda pode ser escrita em termos de um parˆ metro da teoria de cordas, o a a parˆ metro de Regge (Regge slope), α , que remonta aos prim´ rdios da teoria de cordas e prov´ m a o e da associacao das trajetorias de Regge observadas para hadrons a estados de cordas. A relacao ¸˜ 1 e [31] T = ´ 2πα . Esse parˆ metro tamb´ m se relaciona com a escala de comprimento da corda, a e √ ls , sendo ls = 2α . Para simplificar a notacao, estabeleceremos daqui em diante T = 1 [8]. ¸˜ Est´ , pois, apresentada a acao para a corda livre. Estaremos interessados, entretanto, no a ¸˜ caso em que existe um campo de fundo com o qual a corda interage. ¸˜ 1.2 Introducao dos campos de fundo Quando se calcula o espectro de cordas abertas e fechadas, aparecem campos n˜ o mas- a sivos (entre eles, o gr´ viton e o f´ ton). Estes campos, assim como as D-branas, possuem uma a o
  • 19. 10 dinˆ mica ditada por uma acao. Novamente como com as D-branas, n˜ o estamos interessados a ¸˜ a na dinˆ mica deles, e sim em como eles afetam a dinˆ mica das cordas, de modo que aqui ol- a a haremos apenas para o termo de interacao da corda com os campos. Estes, pois, ser˜ o tratados ¸˜ a como campos de fundo prescritos. No caso, para nossos fins (quais sejam, de obter um espaco ¸ n˜ o-comutativo), basta-nos considerar a interacao da corda aberta com dois desses campos, o a ¸˜ campo de Kalb-Rammond [31] e o de Maxwell. Na verdade, sequer precisamos considerar os dois. O acoplamento deles com as cordas e tal que, como ser´ mostrado abaixo, existe uma ´ a liberdade de calibre que nos permite ajustar, e.g., o campo de Maxwell para zero. Investiguemos, portanto, o caso de cordas abertas interagindo com um campo de fundo composto por um campo antissim´ trico de Kalb-Rammond e um campo de Maxwell. A acao e ¸˜ ser´ composta do termo livre (1.8) mais os termos de interacao com os respectivos campos [20]: a ¸˜ S = Sf + SB + SA 1 ˙ ˙ Sf = d2 σ gµν (X µ X ν − X µ X ν ) 2 1 SB = d2 σ αβ Bµν ∂α X µ ∂β X ν 2 SA = dτ Aµ ∂τ X µ |σ=0 σ=π (1.9)   αβ 0 1  onde = . −1 0 Podemos expressar SA em uma forma mais interessante. Seja F = dA uniforme. Temos Aµ = − 1 Fµν X ν , e 2 1 SA = − dτ Fµν X ν ∂τ X µ |σ=0 σ=π 2 1 = − dτ dσ∂σ (Fµν X ν ∂τ X µ ) 2 1 1 = − dτ dσFµν ∂σ X ν ∂τ X µ − dτ dσFµν X ν ∂σ ∂τ X µ 2 2
  • 20. 11 Integrando por partes em τ o ultimo termo, temos ´ 1 1 1 SA = − dτ dσFµν ∂σ X ν ∂τ X µ + dτ dσFµν ∂τ X ν ∂σ X µ − dσ Fµν ∂σ X ν X µ |τ2 τ1 2 2 2 αβ = − dτ dσ Fµν ∂α X µ ∂β X ν (1.10) onde se supˆ s Fµν (τ1 ) = Fµν (τ2 ) = 0. o Note-se que a acao resultante, ¸˜ 1 S= d2 σhαβ gµν ∂α X µ ∂β X ν + αβ (Bµν − Fµν )∂α X µ ∂β X ν , (1.11) 2 possui uma simetria de calibre nos campos de background,    Bµν → Bµν + ∂(µ Λν) (1.12)   Fµν → Fµν + ∂(µ Λν) de modo que o campo fisicamente significativo (invariante de calibre) e F := B − F . Isso sig- ´ nifica que podemos escolher um calibre em que, por exemplo, B = 0, ou F = 0. Trabalharemos com este ultimo. Nossa acao, portanto, simplifica-se: ´ ¸˜ 1 S= d2 σ(hαβ gµν + αβ Bµν )∂α X µ ∂β X ν . (1.13) 2 Usamos o princ´pio variacional para encontrar as equacoes de movimento e as condicoes de ı ¸˜ ¸˜ contorno: 1 δS = d2 σ(∂α X µ ∂β δX ν + ∂α δX µ ∂β X ν )(hαβ gµν + αβ Bµν ) 2 1 = d2 σ ∂β (∂α X µ δX ν (hαβ gµν + αβ Bµν )) − δX ν ∂α ∂β X µ (hαβ gµν + αβ Bµν ) 2 1 = d2 σ ∂β (∂α X µ δX ν (hαβ gµν + αβ Bµν )) − δX ν ∂α ∂β X µ hαβ gµν 2 = 0. (1.14) Na segunda linha, integramos por partes, e, na terceira, eliminamos o ultimo termo pela ´
  • 21. 12 αβ antissimetria de . A equacao de movimento e, portanto, ¸˜ ´ hαβ ∂α ∂β gµν X µ = 0 (1.15) Vemos, com isso, que o campo B n˜ o contribui para a equacao de movimento (que e a a ¸˜ ´ mesma encontrada no caso B = 0), o que e esperado, j´ que o campo interage com a corda ´ a somente nas pontas. Para o termo de superf´cie, encontramos ı δX ν (∂σ gµν X µ + ∂τ Bµν X µ ) = 0. (1.16) Vamos trabalhar com um campo Bµν constante e uniforme e tal que B12 = −B21 = B e Bµ,ν = 0 ∀ µ, ν = 1, 2.1 Al´ m disso, estaremos num espaco plano de Minkowski, gµν = ηµν = e ¸ diag{−1, 1, ..., 1}. A equacao de movimento torna-se a equacao de onda ¸˜ ¸˜ ¨ X µ (τ, σ) − X µ (τ, σ) = 0, µ = 0, 1, ..., 25. (1.17) Usaremos o calibre est´ tico, X 0 (τ, σ) = τ . Neste calibre, a equacao de movimento (1.17) e a ¸˜ ´ trivialmente satisfeita para µ = 0. Do conjunto de condicoes de contorno que anulam o termo de superf´cie, escolhemos o ¸˜ ı seguinte:      X a |σ=0,π = 0, a = 0, 3, 4, ..., 25  ˙ X 1 + B X 2 |σ=0,π = 0 (1.18)      X 2 − B X 1 |σ=0,π = 0 ˙ Nos limites B = 0 e B → ∞, obtemos condicoes de Neumann e Dirichlet, respectivamente. ¸˜ Portanto, eis a´ a contribuicao do campo B: ele torna o que seriam as usuais condicoes de ı ¸˜ ¸˜ contorno de Neumann e de Dirichlet em condicoes mistas, e que correlacionam as coordenadas ¸˜ 1 Repare-se que isso e equivalente, por uma transformacao de calibre do tipo (1.12), a ter-se F12 = B e Fµν = ´ ¸˜ 0 ∀ µ, ν = 1, 2. Em outras palavras, um campo B de Kalb-Rammond constante sobre todo o espaco-tempo e ¸ ´ fisicamente equivalente a um campo magn´ tico constante sobre a superf´cie onde as cordas prendem suas pontas. e ı
  • 22. 13 X 1 e X 2 . Veremos que este sistema n˜ o e compat´vel com os comutadores canˆ nicos, fazendo- a ´ ı o se necess´ rios m´ todos de quantizacao que levem em conta esse conjunto de condicoes de a e ¸˜ ¸˜ contorno. ¸˜ 1.3 Compatibilidade entre comutadores e condicoes de con- torno Vamos analisar a estrutura canˆ nica desta corda bosˆ nica. Da acao (1.13), temos a la- o o ¸˜ grangeana 1 ˙ ˙ ˙ L(τ ) = dσ (X)2 − (X )2 + 2B(X 1 X 2 − X 1 X 2 ) (1.19) 2 Os momentos conjugados2 s˜ o a ˙ P a (τ, σ) = X a (τ, σ) (1.20) ˙ P 1 (τ, σ) = X 1 (τ, σ) + BX 2 (τ, σ) (1.21) ˙ P 2 (τ, σ) = X 2 (τ, σ) − BX 1 (τ, σ) (1.22) Nota: Como se pode ver, a escolha de Bµν = 0 ∀ µ, ν = 1, 2 deixa as coordenadas X a into- cadas, com o momento e as condicoes de contorno usuais. Doravante, portanto, registraremos ¸˜ X a apenas quando for relevante. Escrevamos as c.c. (condicoes de contorno) em funcao de X e P: ¸˜ ¸˜ MX 1 + BP 2 |σ=0,π = 0 (1.23) MX 2 − BP 1 |σ=0,π = 0 (1.24) com M := 1 + B 2 . Conforme veremos no Cap´tulo 2, podemos encarar (1.23) e (1.24) como ı 2 A rigor, densidades de momento.
  • 23. 14 v´nculos. Nesse caso, o comutador entre (1.23) e (1.24) deve se anular: ı (MX 1 (σ) + BP 2 (σ)|σ=0 , MX 2 (σ ) − BP 1 (σ )|σ =0 ) ≈ 0 Se aplicarmos as relacoes usuais de comutacao, (1.1), e usarmos a relacao entre a distribuicao ¸˜ ¸˜ ¸˜ ¸˜ de Dirac e sua derivada δ (x) = −δ(x)/x [29], isso torna-se −MB (∂σ X 1 (σ), P 1 (σ ))|σ,σ =0 + (∂σ X 2 (σ ), P 2 (σ))|σ,σ =0 = δ(σ − σ ) −2MB ∂σ δ(σ − σ ) |σ,σ =0 = 2MB |σ,σ =0 ≈ 0, absurdo ! σ−σ Outra maneira de constatar esse conflito e discretizar a coordenada σ, dividindo o intervalo ´ [0, π] numa malha de N pontos, com N → ∞: X i (σ) → Xn i X i (σ = 0, π) → X0,π i i i com X0 e Xπ correspondendo as pontas σ = 0 e σ = π, respectivamente. A lagrangeana ` discretizada e ´ 1 ˙ 1 2B ˙ 1 2 1 ˙ L→ ( Xn ) 2 − 2 (Xn+1 − Xn )2 + Xn (Xn+1 − Xn ) − (Xn+1 − Xn )X 2 , (1.25) 2 1 2 n=0 e os momentos, 1 ˙1 2 Pn = Xn + BXn+1 n (1.26) 2 ˙2 1 Pn = Xn − BXn+1 n (1.27) Pn onde Xn+1 n := Xn+1 − Xn . Note-se que no limite → 0, temos P (σ) → , donde Pn e de ´ ordem O( ).
  • 24. 15 Os comutadores canˆ nicos (1.1) para a vers˜ o discretizada s˜ o o a a (Xm , Pn ) := δ ij δmn i j (1.28) i j i j (Xm , Xn ) := (Pm , Pn ) := 0 (1.29) Observe que, no limite → 0, esses comutadores reproduzem os da vers˜ o cont´nua. a ı As c.c. tornam-se 1 1 2 φ1 := (MX10 + BP0 ) = 0 (1.30) 1 2 1 φ2 := (MX10 − BP0 ) = 0. (1.31) Assim, para que valham as c.c., devemos ter (φ1 , φ2 ) ≈ 0. 1 1 2 2 1 2 (MX10 + BP0 , MX10 − BP0 ) ≈ 0. Se aplicarmos (1.28) e(1.29), obtemos MB 1 1 2 2 MB 1 1 2 2 2 −(X10 , P0 ) + (P0 , X10 ) = 2 (X0 , P0 ) + (X0 , P0 ) ≈ 0, (1.32) o que e uma contradicao. ´ ¸˜ Portanto, vemos que este sistema n˜ o aceita os comutadores canˆ nicos3 . Devemos proceder a o a quantizacao com cuidado. Proporemos neste estudo trˆ s m´ todos de quantizacao: quantizacao ` ¸˜ e e ¸˜ ¸˜ via equacao de Heisenberg, a quantizacao simpl´ tica e a quantizacao de Dirac, a serem desen- ¸˜ ¸˜ e ¸˜ volvidos no pr´ ximo cap´tulo. Os dois primeiros m´ todos fazem uso da expans˜ o das coorde- o ı e a nadas e momentos em modos de Fourier, que apresentaremos a seguir. 3 A rigor, as relacoes (1.1) devem ser modificadas mesmo no caso de corda livre. A saber, a δ(σ − σ ) deve ser ¸˜ substitu´da por uma funcao semelhante, mas cuja derivada se anule para σ ( ) = 0, π ı ¸˜
  • 25. 16 ˜ 1.4 A expansao em modos de Fourier A expans˜ o de Fourier da solucao mais geral poss´vel para a equacao de movimento (1.17) a ¸˜ ı ¸˜ e ´ 1 i −inτ 1 i −inτ X i (τ, σ) = xi + pi τ + wi σ + i αn e cos nσ + β e sin nσ, (1.33) n=0 n n=0 n n ¸˜ o i ¯i com i = 1, 2. A condicao de realidade sobre X i (τ, σ) imp˜ e as relacoes αn = α−n , βn = β−n . ¸ ˜ ¯i i Com isso, podemos reescrever (1.33): 1 i −inτ 1 i −inτ ¯i inτ X i (τ, σ) = xi +pi τ +wi σ+i (αn e − αn einτ ) cos nσ+ ¯i (β e + βn e ) sin nσ. n>0 n n>0 n n (1.34) Vamos introduzir os modos dependentes de τ , αn (τ ) := αn e−inτ , βn (τ ) := βn e−inτ , e a i i i i ¸ ˜ i+ i ¯i i− i ¯i notacao αn (τ ) := αn (τ ) + αn (τ ); αn (τ ) := αn (τ ) − αn (τ ); (an´ logo para β). A expans˜ o a a fica i i− 1 i+ X i (τ, σ) = xi + pi τ + wi σ + αn (τ ) cos nσ + βn (τ ) sin nσ. (1.35) n n Daqui em diante, o somat´ rio em n > 0 fica impl´cito. Se substituirmos (1.35) em (1.18), o ı obtemos relacoes entre os modos de X 1 e X 2 : ¸˜ ˙ X 1 + B X 2 |σ=0,π = w1 + βn (τ ) + Bp2 + Bαn (τ ) = 0 1+ 2+ ˙ X 2 − B X 1 |σ=0,π = w2 + βn (τ ) − Bp1 − Bαn (τ ) = 0 2+ 1+ ⇓ w1 = −Bp2 w2 = Bp1 1 2 βn (τ ) = −Bαn (τ ) 2 1 βn (τ ) = Bαn (τ ) Para simplificar a notacao, vamos renomear os modos: ¸˜ p := p1 w := p2 1 αn (τ ) := αn (τ ) 2 βn (τ ) := αn (τ )
  • 26. 17 Com isso, as expans˜ es para X 1 (τ, σ) e X 2 (τ, σ), tornam-se, finalmente, o i − B + X 1 (τ, σ) = x1 + pτ − Bwσ + αn cos nσ − βn sin nσ (1.36) n n i − B + X 2 (τ, σ) = x2 + wτ + Bpσ + βn cos nσ + αn sin nσ, (1.37) n n onde, por brevidade, omitiremos o argumento dos α s e β s, mantendo em mente que eles s˜ o a funcoes de τ . ¸˜ As expans˜ es para os momentos (1.21) e (1.22) s˜ o o a P 1 (τ, σ) = M(p + αn cos nσ) + (1.38) P 2 (τ, σ) = M(w + βn cos nσ) + (1.39) A hamiltoniana e ´ H(τ ) = ˙ dσ P · X − L ˙ ˙ ˙ ˙ 1 ˙ ˙ ˙ = dσ (X 1 + BX 2 )X 1 + (X 2 − BX 1 )X 2 − (X)2 − (X )2 + 2B(X 1 X 2 − X 1 X 2 ) 2 1 π ˙ = dσ (X)2 + (X )2 2 0 1 π = dσ (P )2 + M(X )2 + 2B(−P 1 X 2 + P 2 X 1 ) (1.40) 2 0 Mπ 2 ¯ ¯ = [(p + w2 ) + αn αn + αn αn + βn βn + βn βn ] ¯ ¯ (1.41) 2 Obs: Conquanto a hamiltoniana receba contribuicoes das coordenadas transversais ao cam- ¸˜ po, X a , a = 3, 4, ..., 25, focaremo-nos apenas nas coordenadas X 1 e X 2 , j´ que, como dito, as a transversais comoportam-se de maneira idˆ ntica a do caso livre. e `
  • 27. Cap´tulo 2 ı ¸˜ Quantizacao e N˜ o-Comutatividade a Aqui, apresentamos os m´ todos de quantizacao usados neste estudo (para outras abordagen- e ¸˜ ´ s, cf., e.g., [19, 6, 21]). E neste cap´tulo que obtemos a n˜ o-comutatividade, ao calcularmos as ı a relacoes de comutacao numa D2-brana com campo magn´ tico. ¸˜ ¸˜ e ¸˜ ¸˜ 2.1 Quantizacao via equacao de Heisenberg O m´ todo mais simples de encontrar os comutadores (X µ (τ, σ), X ν (τ, σ )), (X µ (τ, σ), P ν (τ, σ )), e (P µ (τ, σ), P ν (τ, σ )) consiste em aplicar a equacao de Heisenberg nos operadores X µ . Com- ¸˜ o a ˙ paramos as expans˜ es do comutador entre X i (τ, σ) e a Hamiltoniana com a expans˜ o de X i (τ, σ). Com isso, fazendo uso de algumas hip´ teses simplificadoras, obtemos muito diretamente os co- o mutadores dos modos de expans˜ o. Finalmente, usamos estes para calcular os comutadores a desejados. Usando as expans˜ es (1.35) para X e (1.41) para a hamiltoniana, aplicamos a equacao de o ¸˜ Heisenberg em X 1 (τ, σ): Mπ 1 2 i − (X 1 (τ, σ), H(τ )) = [(x , p + w2 ) + (αn , αm αm + αm αm ) cos nσ − ¯ ¯ 2 n B + ¯ ¯ − (βn , βm βm + βm βm ) sin nσ] n ˙ + − = X 1 (τ, σ) = p + αn cos nσ + iBβn sin nσ , 18
  • 28. 19 onde fizemos nossa primeira hip´ tese, de que os modos-zero xi , p, w comutam com os modos o de oscilacao, αn , αn , etc. Comparando os termos em τ e σ, vem ¸˜ ¯ Mπ 1 2 (x , p + w2 ) = p 2 iMπ + (αn − αn , αm αm + αm αm ) = αn ¯ ¯ ¯ 2n MπB ¯ ¯ ¯ − − (βn + βn , βm βm + βm βm ) = iBβn 2n Supondo, agora, que os comutadores1 dos modos de expans˜ o sejam n´ meros, obtemos a u 1 (x1 , p) = (2.1) πM iMπ [αm (αn , αm ) + (αn , αm )αm − (αn , αm )αm − αm (αn , αm )] = ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ 2n iMπ + [(αn , αm )αm + (αm , αn )αm ] = αn ¯ ¯ ¯ n in → (αn , αm ) = − ¯ δmn (2.2) πM ¯ in (βn , βm ) = − δmn (2.3) πM Aplicando o mesmo procedimento para X 2 (τ.σ), o unico comutador novo e ´ ´ 1 (x2 , w) = (2.4) πM Todos os outros comutadores se anulam. 1 Na verdade, estes s˜ o os parˆ nteses de Poisson, da teoria cl˜ ssica. Como usaremos sempre a prescricao a e a ¸˜ usual de quantizacao, [A, B]P.B. → i(A, B), tomaremos a liberdade de nos referirmos aos parˆ nteses de Poisson ¸˜ e como “comutadores” por todo o resto do trabalho, subentendendo-se sempre essa prescricao para os comutadores ¸˜ quˆ nticos. a
  • 29. 20 Para futura referˆ ncia, eis algumas expans˜ es de Fourier uteis [3]: e o ´ 1 (1 + 2 cos nσ cos nσ ) = δN (σ − σ )2 , para σ, σ ∈ [0, π] (2.5) π n>0 1 2 sin nσ sin nσ = δD (σ − σ )3 , para σ, σ ∈ [0, π]. (2.6) π n>0    π − (σ + σ ), para 0 < σ + σ < 2π 1 2 sin n(σ + σ ) = (2.7) n   n>0 0, σ, σ = 0 ou π De posse disso, procedemos aos comutadores dos campos: iM − + (X 1 (τ, σ), P 1 (τ, σ )) = (X 2 (τ, σ), P 2 (τ, σ )) = M(x1 , p) + (αn , αm ) cos nσ cos nσ n 1 = (1 + 2 cos nσ cos nσ ) π = δN (σ − σ ) (2.8) (X 1 (τ, σ), P 2 (τ, σ )) = (X 2 (τ, σ), P 1 (τ, σ )) = 0 (2.9) (P 1 (τ, σ), P 2 (τ, σ )) = 0 (2.10) (X 1 (τ, σ), X 2 (τ, σ )) = (x1 , x2 ) + (x1 , p)Bσ − (w, x2 )Bσ + iB − + iB + − (αn , αm ) cos nσ sin mσ − (β , β ) sin nσ cos mσ nm nm n m B 1 = (x1 , x2 ) + [(σ + σ) + 2 sin n(σ + σ)] (2.11) πM n De (2.7), vemos que o somat´ rio acima sofre uma descontinuidade entre o corpo (bulk) e as o pontas da corda. No bulk, ele cancela a dependˆ ncia do comutador em σ e σ . Portanto, nesta e regi˜ o (X 1 (τ, σ), X 2 (τ, σ )) e constante, a ´ B (X 1 (τ, σ), X 2 (τ, σ )) = (x1 , x2 ) + . M Como B n˜ o interage com a corda nesta regi˜ o, e natural impormos (X 1 (τ, σ), X 2 (τ, σ )) = a a ´
  • 30. 21 B 0, como no caso livre. Com isso, fixamos o valor da constante, (x1 , x2 ) = − M , e podemos avaliar o comutador (X 1 (σ), X 2 (σ )) em todos os pontos. Resumindo nossos resultados, fi- camos com (P i (σ), P j (σ )) = 0 (2.12) (X i (σ), P j (σ )) = δ ij δN (σ − σ ) (2.13)      0, 0 < σ, σ < π  (X i (σ), X j (σ )) = ij − B , ponta σ = σ = 0 (2.14)  M    B ij  , ponta σ = σ = π M onde subentendem-se comutadores a tempos iguais. Nota-se que a unica diferenca entre os comutadores neste sistema e aqueles no caso de uma ´ ¸ D2-brana sem campo e a n˜ o-comutatividade entre X 1 (τ, σ) e X 2 (τ, σ), que, ali´ s, se anula ´ a a para B = 0. Todas as outras relacoes de comutatividade s˜ o idˆ nticas. ¸˜ a e A diferenca de sinal entre os comutadores nas pontas ¸ Observe-se que o sinal do comutador na ponta 0 e oposto ao da ponta π. Tal situacao ´ ¸˜ e intrigante porque, em princ´pio, a n˜ o-comutatividade e uma caracter´stica do espaco, n˜ o ´ ı a ´ ı ¸ a devendo ter dependˆ ncia com a corda. e Em [8], argumenta-se que isso e esperado, porque estamos trabalhando com uma teoria de ´ cordas orientadas (isto e, uma teoria sens´vel a uma invers˜ o na orientacao da corda). De fato, ´ ı a ¸˜ se reorientarmos a corda, via uma reparametrizacao σ → σ := π − σ, inverte-se o sinal do ¸˜ ˜
  • 31. 22 acoplamento com o campo B na acao, efetivamente mudando o sinal do campo: ¸˜ π S = dτ dσ (∂τ X)2 − (∂σ X)2 + 2B(∂τ X 1 ∂σ X 2 − ∂σ X 1 ∂τ X 2 ) 0 0 = − dτ d˜ (∂τ X)2 − (∂σ X)2 − 2B(∂τ X 1 ∂σ X 2 − ∂σ X 1 ∂τ X 2 ) σ ˜ ˜ ˜ π π = dτ d˜ (∂τ X)2 − (∂σ X)2 − 2B(∂τ X 1 ∂σ X 2 − ∂σ X 1 ∂τ X 2 ). σ ˜ ˜ ˜ 0 Ou seja, a mudanca de sinal no comutador que ocorreria por causa da reorientacao e neu- ¸ ¸˜ ´ tralizada pela correspondente mudanca de sinal de B. ¸ Mas isso n˜ o liquida o problema. Se tivermos uma corda aberta com ambas as pontas presas a a uma mesma brana, ou duas cordas de orientacoes opostas tocando a mesma D-brana, difer- ¸˜ entes pontos na D-brana apresentar˜ o diferentes valores para (X 1 , X 2 ). E, e.g., se porventura a um ponto da brana que num dado tempo foi visitado por uma ponta da corda vier a ser visitado pela outra, teremos uma invers˜ o no sinal do comutador ali. Mais ainda, pode-se perguntar o a que acontece com a n˜ o-comutatividade na D-brana quando n˜ o h´ cordas presas a ela. a a a Figura 2.1: (A) Uma corda com as duas pontas presas a mesma brana; (B) Duas cordas de ` orientacoes opostas presas a uma brana; (C) Uma corda movendo-se: a ponta 0 tocar´ o ponto ¸˜ a que no momento e tocado pela ponta π; (D) Uma brana sem cordas ´ Enfim, se aceitarmos a dependˆ ncia do comutador na brana com a ponta de corda em e quest˜ o, somos levados a quest˜ es como que significado f´sico tˆ m as relacoes de comutacao a o ı e ¸˜ ¸˜ entre as coordenadas da ponta corda na D-brana.
  • 32. 23 ¸˜ 2.2 Quantizacao simpl´ tica e Outro m´ todo para encontrar os comutadores e o de quantizacao simpl´ tica. Aqui, o mecan- e ´ ¸˜ e ismo tamb´ m consistir´ em obter os comutadores dos modos de expans˜ o e us´ -los para calcular e a a a os comutadores entre X e P . Primeiramente, escrevemos a lagrangeana na forma simpl´ tica (i.e., com somente termos e lineares nas velocidades), L(τ ) = −H(τ ) + ˙ dσ P · X π + i − B ˙+ = −H + M αn cos nσ − βn sin nσ) ˙ dσ (p + αm cos mσ)(p + 0 n n + i ˙− B + +(w + βm cos mσ)(w + βn cos nσ + αn sin nσ) ˙ (2.15) n n Integrando em σ, obtemos iπM + − + ˙− MB ˙+ L = πM (p2 + w2 ) + ˙+ (αn αn + βn βn ) + 2 (cos nπ − 1)(pβn − wαn ) ˙ 2n n MB + + + ˙+ + 2 2 (1 − cos mπ cos nπ)(βm αn − αm βn ) − H ˙ (2.16) n −m Aqui, estenderemos ao nosso caso o m´ todo apresentado por Faddeev e Jackiw em [11]: e L = ˙µi aµi ξn − H n n>0 µ=1,2 i=1,2 = ˙ ˜ ¯˙ ˙ b ¯˙ an αn + an αn + bn βn + ˜n βn − H, (2.17) n>0 com µ sendo o ´ndice de Lorentz e i indicando se se trata de α e β, ou de seus complexos con- ı ˙ a ˙ ¯ ˙ ¯ ˙ ˙ jugados. Aqui, portanto, as vari´ veis simpl´ ticas ξ s˜ o os αn , αn , βn , βn e os coeficientes s˜ o a e a os an , an , bn , ˜n . ˜ b Parˆ ntese: um modo alternativo, com uma notacao menos pesada, e usar um unico ´ndice, e ¸˜ ´ ´ ı que dˆ conta de todos os osciladores αn , βn e seus conjugados. Nesse caso, ter´amos um sistema e ı
  • 33. 24 n˜ o muito diferente do tratado em [11]: a L= ˙ an ξn − H n No entanto, a notacao usada nesta secao, com v´ rios ´ndices, e vantajosa no ato de calcular os ¸˜ ¸˜ a ı ´ comutadores. Os comutadores dos osciladores – que aqui s˜ o as vari´ veis simpl´ ticas – s˜ o dados pela a a e a inversa da matriz Hessiana da Lagrangeana. mn (ξm , ξn ) = [(f µν )−1 ]ji µi νj (2.18) µν ∂aνi n ∂aµj (fij )mn = µj − mνi (2.19) ∂ξm ∂ξn Assim,   ∂an ∂am ∂bn ∂am µν ∂aν n ∂aµ  ∂αm − ∂αn ∂αm − ∂βn  (f11 )mn = µ − m = ν  (2.20) ∂ξm ∂ξn ∂an − ∂bm ∂bn − ∂bm ∂βm ∂αn ∂βm ∂βn   ∂an ∂˜m a ∂bn ∂˜m a µν ∂aνn ∂˜µ a  ∂ αm ¯ − ∂αn ∂ αm ¯ − ∂βn  (f12 )mn = ¯µ − m = ν  (2.21) ∂ ξm ∂ξn ∂an − ∂˜m b ∂bn − ∂˜m b ¯ ∂ βm ∂αn ¯ ∂ βm ∂βn etc. No caso, ∂L iπM + MB MB + an = = αn − 2 (cos nπ − 1)w + 2 (1 − cos mπ cos nπ)βm ∂ αn ˙ 2n n n − m2 ∂L iπM + MB MB + an ˜ = =− αn − 2 (cos nπ − 1)w + 2 (1 − cos mπ cos nπ)βm ˙ ∂ αn ¯ 2n n n − m2 ∂L iπM + MB MB + bn = = βn + 2 (cos nπ − 1)p − 2 (1 − cos mπ cos nπ)αm ˙ ∂ βn 2n n n −m 2 ˜n ∂L iπM + MB MB + b = =− βn + 2 (cos nπ − 1)p − 2 (1 − cos mπ cos nπ)αm ˙ ¯ ∂ βn 2n n n − m2
  • 34. 25 donde obtemos µν µν (f11 )mn = (f22 )mn = 0   δmn µν µν  n 0  (f12 )mn = −(f22 )mn = iπM  . δmn 0 n Portanto,   δmn 0 0 0  n     0 0 0 δmn   n  f µν = iπM    − δmn 0 0 0   n    0 − δmn 0 n 0   0 0 nδmn 0     i   0 0 0 nδmn   ⇒ (f µν )−1 =  . πM  −nδ 0 0 0   mn    0 −nδmn 0 0 Assim, os unicos comutadores n˜ o-nulos para os osciladores s˜ o ´ a a ¯ in (αm , αn ) = (βm , βn ) = − ¯ δm,n (2.22) πM idˆ ntico a (2.2) e (2.3). Os comutadores restantes, entre os modos-zero, s˜ o obtidos pela e a equacao de movimento dos operadores, com exatamente o mesmo mecanismo desenvolvido ¸˜ na secao anterior, de modo que o resultado e necessariamente o mesmo. ¸˜ ´ Portanto, o m´ todo de quantizacao simpl´ tica dos osciladores fornece os mesmos resultados e ¸˜ e que obtivemos com o m´ todo via equacao de Heisenberg: (2.12), (2.13), (2.14). e ¸˜ ¸˜ 2.3 Quantizacao de Dirac
  • 35. 26 Um modo alternativo de quantizacao e encarar as condicoes de contorno como v´nculos e ¸˜ ´ ¸˜ ı usar o m´ todo de Dirac para sistemas vinculados [23]. e O mecanismo consiste em, primeiramente, construir uma s´ rie de v´nculos φ(m) , m = e ı 0, 1, 2, ... a partir das condicoes de contorno. Ent˜ o, se o conjunto de v´nculos obtido for de ¸˜ a ı segunda classe, define-se a matriz invers´vel C a partir dos comutadores canˆ nicos entre os ı o v´nculos, Cmn := (φ(m) , φ(n) ) (se os v´nculos formarem um conjunto de primeira classe, ent˜ o ı ı a ainda subsiste uma simetria a fixar na teoria). Com isso, os comutadores de Dirac s˜ o definidos a por (A, B)∗ := (A, B) − (A, φ(m) )Cmn (φ(n) , B) −1 (2.23) Comutadores de Dirac implementam os v´nculos na quantizacao do sistema. Esses comuta- ı ¸˜ dores possuem a propriedade de valer fortemente para os v´nculos, pois ı (A, φ(p) )∗ = (A, φ(p) ) − (A, φ(m) )Cmn (φ(n) , φ(p) ) −1 = (A, φ(p) ) − (A, φ(m) )δmp Cnp = 0 Para fins de ilustracao, no apˆ ndice A aplicamos o m´ todo ao caso da corda livre (sem ¸˜ e e campo de fundo) num espaco 1-d (uma dimens˜ o espacial). Na secao a seguir, estendemos para ¸ a ¸˜ o caso de interesse – a D2-brana com campo B. D2-brana com campo B Comecamos pela cadeia de v´nculos, que obtemos de modo an´ logo ao usado no apˆ ndice ¸ ı a e A.    M∂ (m+1) X i + B ij ∂ (m) P j |σ=0,π , m par φi(m) = (2.24)   ∂ (m) P i |σ=0,π , m impar
  • 36. 27 A matriz C, neste caso, e ´      0, m, n impar  ij (m+1) (n) Cmn = −2MB ij dσdσ δ(σ)δ(σ )∂σ ∂σ δ(σ − σ ), m, n par (2.25)      Mδ ij dσdσ δ(σ)δ(σ )∂σ (m+1) (n) ∂σ δ(σ − σ ), m par, n impar Aqui, podemos escrever C como C = D ⊗ E + A ⊗ N , com      −2MB 0   0 M  D=  A=  0 0 −M 0 sendo que 2 ij ij ij 2m −1 e−(σ/ ) 1 C(2m −2)(2n −2) = D00 Em n := −2MB (−1) (2(m + n ) − 3)! lim √ ,σ→0 π σ 2(m +n )−3 2 e−(σ/ ) 1 C(2m −2)(2n −1) = Aij Nm n ij 01 := M ij (−1)2m −1 (2(m + n ) − 2)! lim √ 2(m +n )−2 ,σ→0 π σ com m , n = 1, 2, 3, .... De modo que 1 1 Em n = Gm n lim ,σ→0 σ 2(m +n )−3 1 1 Nm n = Fm n lim ,σ→0 σ 2(m +n )−2 1 1 onde Gm n = − √π (2(m + n ) − 3)! e Fm n = − √π (2(m + n ) − 2)!. Com isso, Em n = G−1n lim σ 2(m +n )−3 −1 m (2.26) ,σ→0 Nm n = Fm n lim σ 2(m +n )−2 , −1 −1 (2.27) ,σ→0 Quanto a inversa de C `     −1  −2BE N  1  0 −N  C=M  ⇒ C −1 =   (2.28) −N 0 M N −1 −2BN −1 EN −1
  • 37. 28 Os comutadores de X e P com os v´nculos s˜ o ı a    (m) i (m)j dσ δ(σ )(X i (σ), ∂σ P j (σ )), m impar (X (σ), φ )=  jk  B (m) dσ δ(σ )(X i (σ), ∂σ P k (σ )), m par (m) dσ δ(σ )∂σ δ(σ − σ ) = (−1)m (m) dσ δ(σ )∂σ δ(σ − σ ) δ(σ) = (−1)m ∂σ δ(σ) = m! (m) σm 1 = m!δ(σ) lim σ→0 σ m   δ m!δ(σ) lim 1 , m impar  ij σ→0 σ m ⇒ (X i (σ), φ(m)j ) = (2.29)  B ji m!δ(σ) lim 1 , m par  σ→0 σ m    0, n impar (φ(n)i , P j (σ )) =  ij  M (n+1) dσ δ(σ)∂σ δ(σ − σ ), n par    0, n impar = 1 (2.30)  M ij (n + 1)!δ(σ ) lim  , n par σ →0 σ n+1 Usando (2.26), (2.27), (2.28), (2.29) e (2.30), procedemos aos comutadores. Para (X i , P j ),