O poema descreve o estado mental e espiritual do autor após abandonar desejos, ansiedades e lutas internas. Ele agora traz a alma nua, sem propósitos, e a mente vazia de sinapses, pronto para recomeçar livre de intenções e emoções.
1. DESPIDO DE INTENÇÕES
trago agora a alma nua
sem anseios ou ansiedades
também sou humilde portador
de um coração aliviado
que abandonou os desejos
e dirige os pés descalços,
andarilhos de caminhos intrilháveis
na sua senda costumeira
em busca do indizível
vazias de propósitos
as mãos foram mantidas
desde que largaram as pedras
sob o último combate
uma luta assim, assim,
feito de palavras ásperas
contra ouvidos surdos
como em um filme mudo
e sem legendas
o sangue está filtrado
livre de impurezas emocionais
vazado a navalhadas
psicologicamente improváveis
em duelos desnecessários
sem que houvesse no final
vencedores ou vencidos
nem juízes ou testemunhas.
trago a mente vazia de sinapses
estacionada em ponto-morto
á espera de estímulos que valham á pena
já que vários sonhos foram destroçados
na caminhada por linhas tortuosas
por vezes refém dos falsos devaneios
assim me encontro agora
lançando mão de um testemunho canhestro
livre e pronto para recomeçar
despido totalmente de intenções.
Betusko10.05.10