Cerimonial e Protocolo na transmissão de cargo em Jacobina
1. “Quando unum non vult duo ad tango”
Desde a posse do mé- Não me alongando,
dico Ruy Macedo, para a prefei- o que aconteceu no dia 1º de
tura de Jacobina, que se deba- Janeiro e posteriormente, não
te a forma com a qual se proce- foi nada mais nem menos que
deu com relação à famigerada exatamente isso: A “autoridade”
transmissão de cargo. que assumia o poder municipal
A princípio, para que cometeu também o desatino de
você entenda, em todo ato da ignorar as regras protocolares
vida do ser humano “normal”, e a Lei, aliás, nenhuma novida-
desde o seu nascimento, está de.
embutido dezenas de cerimo- Em ambos os lados,
niais e protocolos. Aos nascer, prevalece a ideia que Jacobina
para quem é cristão (católico), ainda é uma cidade provinciana
a primeira cerimônia é a do ba- e que não está acostumada a
tismo, seguida da conhecida ver ou lidar com isso; Que as
Primeira Comunhão, seguida pessoas não “gostam” de ler
pelo casamento, a formatura uma revista, um jornal e prefe-
acadêmica e assim vai. rem ver fotografias, numa clara
Transmissão de cargo de FHC para Lula. Adversários, mas nem por
A vida nossa de cada alusão ao antigo costume de se
lidar com grandes parcelas das isso, anti sociais e protocolares
dia é regida por cerimoniais e
protocolos. Você simplesmente massas, absolutamente analfa-
não vai a um Juiz de Direito e betas. Por outro lado, a sociedade Cerimonial e Protocolo brasi-
pede “Dr. Quero uma ação des- Esquecem-se, as “autorida- precisa deixar de “achar” que o leiro. Exerceu seu papel até o
te ou daquele tipo”. É necessá- des”, que a Jacobina do século político “a” ou o “b” é bonzinho último minuto. O outro, igno-
rio um especialista, neste caso XXI está atualizada, que todos e por isso é seu amigo – não o rante, fez um papelão...
um advogado, que com o seu os anos as faculdades despe- são – apenas usam o lado afe- “Ser Cerimonialista
linguajar próprio, diz ao Juiz o jam no mercado, centenas de tivo na busca por votos e ponto não é apenas pegar uma folha
que o seu cliente deseja, ca- jovens habilitados nas mais di- final. de papel e ler uma ordem de
bendo a este decidir pelo sim versas disciplinas. O episódio, da famige- coisas ao microfone; É uma
ou pelo não. Para piorar a situação, rada transmissão de cargo de profissão, hoje, regulamenta-
Na vida pública, a dis- sempre existiu a ferrenha dis- prefeito no dia 1º de Janeiro em da por Lei no Brasil, e como
tinção entre a autoridade insti- puta de poder pelo poder, igua- Jacobina, entra para a história, tal deve ser exercida” Eliane
tuída e o cidadão comum, está lando-se os três grupos debate- como uma tremenda “gafe” pro- Ubillus, vice-presidente do
exatamente, e em boa parte, na dores. tocolar, já que é uma obrigação CNCP – Conselho Nacional
constituição de um cerimonial e Noutro lado, a figura do legal, constante do Decreto Pre- do Cerimonial Público e da OI-
o protocolo que os diferenciam. prefeito, que deveria ser con- sidencial 70.274, e da Instrução CP-Organização Internacional
Se não fosse assim, não have- siderada a autoridade maior nº 02/2004 do TCM-Tribunal de de Cerimonial e Protocolo.
ria o respeito a quem exerce a dentro do município, sempre foi Contas dos Municípios, igno- Eu, por meu lado,
autoridade. tido como a figura do “vizinho”, rada pelo gestor que assumia Cerimonialista credenciado
Você nunca pode- do “amigo”, do colega da cerve- o cargo, além de ter sido uma e registrado, desisti de ser o
rá chegar à presidente Dilma jinha alí do bar da esquina se descortesia para com a auto- profissional para o qual me
Roussef e dar-lhe um beijo e atropela e “afaga” a cada cum- ridade que deixava o mesmo preparei através do CNCP/
um abraço publicamente por primento. cargo público. Unesp, quando nada enquanto
que o Cerimonial da Presidên- Isso é comum, no inte- De parte da ex-prefei- estiver em Jacobina. Não vale
cia não permitirá. Você pode rior do Estado, por conta de que ta Valdice Castro, apesar de a pena você se decepcionar,
ser o amigo(a) de infância, mas os políticos não costumam pra- nunca ter dado importância às por tentar mostrar às pessoas
não será permitido. ticar exatamente o Cerimonial e questões protocolares, no apa- o elas que não querem ver, o
No estado e no municí- o Protocolo quando assumem gar das luzes, decidiu cumprir caminho correto de se fazer
pio, segue-se a mesma regra. as suas posições, resvalando- o seu papel de autoridade, me- as coisas. “Quando unum non
Aliás, quando nada se tenta se- se para o lugar comum, acre- ramente cumprindo a Lei e as vult duo ad tango”.
guir. O governo da prefeita Val- ditando que assim ele(a) con- diretrizes mais elementares do
dice Castro foi o campeão em quistará os cobiçados votos.
desastres protocolares e ceri- Ao contrário, ao se
monias. Não foi uma ou duas igualar à plebe, a “autoridade”
vezes que o trato com a autori- estará se expondo desneces-
dade foi confundido com o trato sariamente e fugindo do seu
para com a pessoa física. Uma papel institucional, esquecen-
não pode ser confundida com a do-se que os amigos devem
outra sob nenhuma hipótese. ser recebidos em casa e não
Mas, repetindo incan- no gabinete de trabalho.
savelmente o que eu sempre Esquecem-se de que
disse “ Falar em Cerimonial e no mundo do século XXI, pri-
Protocolo” no interior é pala- meiro não se administrar para
vrão”, e fiz questão de exem- indivíduos e sim para a comu-
plificar este comportamento no na, depois não se faz política
8º Encontro de Cerimonialistas individual e sim, de massas.
do Brasil, ocorrido ano passado Há uma necessidade
em Salvador, quando através grave e premente dos políticos
de vários mini vídeos o Brasil, adquirirem conhecimentos so-
ali representado pode vislum- bre Cerimonial e Protocolo para NOTA: Com a criação da profissão -CERIMONIALISTA - as novas
brar como é a vida das “autori- deixarem de cometer as gafes carteiras ainda não foram emitidas, permanecendo o dístico “Co-
dades” no interior do Estado. públicas que protagonizam. mitê” ao invés de Conselho.