Marco Aurélio Brotto é um empresário brasileiro que se apaixonou por fotografar a aurora boreal após sua primeira viagem ao Ártico em 2011. Desde então, ele já fez 18 viagens a países do círculo polar para capturar o fenômeno, tornando-se um especialista. Sua paixão pelo Ártico é tanta que ele passou a orientar outros fotógrafos e turistas nas expedições, e continua aperfeiçoando suas técnicas para registrar as luzes coloridas no céu, que
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
O Caçador da Aurora Boreal
1. ENSAIO
44
Depois de 18 viagens ao Ártico, o empresário Marco Aurélio
Brotto virou um especialista em tirar fotos do fenômeno
Texto Daniela Venerando Fotos Marco Brotto
AURORA
OCAÇADORDA
BOREAL
AURORA
BOREAL
AURORA
REV_ED_DPBR061.44-50_ensaio nacional_ALE.indd 44 16/12/15 16:06
2. 45
Nestaspáginas
Paixão
Brotto já presenciou 100
noites de auroras boreais.
E por ele,a jornada está
longe de terminar
REV_ED_DPBR061.44-50_ensaio nacional_ALE.indd 45 16/12/15 16:06
3. ENSAIO
F
oi paixão ao primeiro clique.
Depois de fotografar pela
primeira vez a aurora boreal
em 2011, o empresário
curitibano Marco Brotto, 44 anos,
se encantou e repetiu o feito por
cem noites. Até agora, foram 18
viagens aos países do círculo polar
ártico: Noruega, Finlândia, Suécia,
Dinamarca, Islândia, Ilhas Faroe,
Svalbard, Rússia, Canadá e Estados
Unidos. Só falta a Groenlândia,
onde ele pretende colocar os pés
em 2016. Suas fotos conquistaram
o primeiro lugar no II Concurso
Nacional de Astrofotografia (2014)
e foram expostas no mesmo ano
na Feira da Escandinávia e na
Photoimage, em 2015. Com tanta
experiência, passou a ser coach
para fotógrafos e aventureiros em
expedições ao Ártico. E poucos
sabem, mas para ver o fenômeno
é preciso literalmente caçá-lo. Não
raro, turistas têm o azar de fazer
a longa viagem e não ver nada
no céu. As auroras acontecem
quando partículas carregadas de
energia do sol – conhecidas como
ventos solares – interagem com
os gases da atmosfera terrestre e
causam o efeito de luzes coloridas
no céu. De acordo com Brotto, as
condições ideais para ver a aurora
boreal são: frio, céu limpo – de
preferência que não seja na fase
da lua cheia –, escuridão, presença
de massa coronal (partículas da
atmosfera do Sol), velocidade e
vento solar. E mesmo pegando
temperaturas de -45ºC, a exemplo
do Canadá, a última coisa que
Marco quer, é ficar no hotel. "Viajar
ao Ártico para fotografar é ficar
24 horas de prontidão. Já cheguei
a acordar meu grupo três vezes
em uma mesma noite, porque a
aurora boreal não parava. Depois,
amanheceu com céu limpo, azul,
continuamos fotografando e só
fomos parar às duas da manhã do
outro dia", conta Marco. Incansável,
em uma das viagens, já ficou
oito horas em frente à lagoa dos
icebergs Jokursarlon, na Islândia,
apreciando o fenômeno, que
registrou 5 horas de atividade. "A
magnitude do ártico é inesquecível
e incomparável. O importante é
estar no lugar certo para caçar a
aurora e ter calma suficiente para
se concentrar", diz.
Autodidata, Marco descobriu
aos poucos toda a técnica
necessária para registrar o
fenômeno. Nas primeiras
tentativas, cometia o erro de
usar lanterna na escuridão.
"Agora só utilizo em necessidade
extrema, assim como o Live
View, que deve ser mantido
desligado. É essencial acostumar
o olho à escuridão", explica. Seu
kit básico consiste em tripé,
temporizador ou controle remoto
e duas câmeras (ele usa uma
Canon 5D Mark III com lente 24
mm e a Sony α7II).
Entre as dificuldades para
registrar a aurora boreal
está atingir o equilíbrio nas
configurações: ter uma abertura
grande o suficiente para alcançar
uma luz equilibrada e fazer com
que a profundidade de campo
seja razoável para uma focagem
mais ampla, além de um ISO sem
ruído. Na hora H, o tempo de
exposição é determinante para
alcançar nitidez e ver a dança da
aurora. Quanto menor o tempo
de exposição da foto, mais nítida
fica a aurora. Já em relação ao
foco é necessário um pouco
mais de experiência, já que no
escuro, não há referência. "Alguns
fotógrafos usam o infinito, mas eu
não gosto. Uma dica é determinar
qual é a distância hiperfocal da
sua câmera/lente e utilizá-la para
46
REV_ED_DPBR061.44-50_ensaio nacional_ALE.indd 46 16/12/15 16:06
4. Página ao lado
Caçada
Para ver o fenômeno,
é preciso encontrá-lo.
“Estar no lugar certo e
ter calma suficiente
para se concentrar”,
aconselha Marco
Nesta página
Autodidata
As técnicas
necessárias para
fotografar a aurora
foram descobertas
pelo proóprio fotógrafo
47
REV_ED_DPBR061.44-50_ensaio nacional_ALE.indd 47 16/12/15 16:06
5. ENSAIO
48
obter fotos interessantes", indica
Marco. E ainda há o frio para se
preocupar. Em temperaturas
extremas, abaixo de -20C, são
necessários alguns cuidados
com o equipamento, além de
técnicas que não podem ser
usadas, como o bloqueio do
espelho. "Quando estamos a -5ºC
ou menos, ao entrar em ambiente
quente, há condensação na lente,
por isso carrego sempre um
pacote plástico para colocar a
câmera como se fosse uma bolha.
Também boto pacotes de sílica
dentro da mala, ajudam bastante
a eliminar a umidade. Ah, e trocar
a lente em temperaturas baixas
sem proteção, nem pensar", avisa.
Em março de 2016, Marco
encara uma nova aventura na
Islândia. E depois da Groelândia,
há planos de lançar um livro.
Quando perguntamos se não se
cansa do fenômeno, ele responde
enfaticamente: "Impossível, a cada
segundo, a aurora tem uma forma
diferente e, a cada instante,
quero registrar mais e mais".
“Acada
segundo,
aaurora
temuma
forma
diferente
e,acada
instante,
quero
registrar
maise
mais”
REV_ED_DPBR061.44-50_ensaio nacional_ALE.indd 48 16/12/15 16:07
6. 49
Página ao lado
Para poucos
Em temperaturas de
-46ºC, no Canadá, o
habitat dos ursos
pode ser visitado por
apenas 40 pessoas,
em 8 dias do ano
Nesta página, topo
Zoom
Por segurança, a foto
foi feita de dentro
de um veículo.Aqui,
Marco usou lente
800mm
Nesta página, abaixo
Contemplação
“A magnitude do
Àrtico é inesquecível e
imcomparável.Além
da beleza, existe todo
um esforço para estar
lá”, conta Brotto
REV_ED_DPBR061.44-50_ensaio nacional_ALE.indd 49 16/12/15 16:07
7. Breu
Para registrar a
dança da aurora, é
essencial acostumar
o olho à escuridão
Expedições
Marco chegou a acordar
seu grupo três vezes na
na mesma noite para
fotografar uma aurora
50
ENSAIO
REV_ED_DPBR061.44-50_ensaio nacional_ALE.indd 50 16/12/15 16:07