SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 16
Baixar para ler offline
Pra que Mentir?
TESOUROS OCEÂNICOS
Era domingo e Toninho havia convidado seus
amigos, Pedro, Tuca e Patrícia, para passarem a
tarde em sua casa.
— Tudo bem com vocês? — Vovô Juca
perguntou ao passar pela sala onde as crianças
estavam entretidas brincando.
— Tudo bem — responderam as crianças, ainda
muito ocupadas com seus brinquedos.
— Vovô Juca — perguntou Patrícia — é verdade
que o Toninho é o menino mais inteligente que o
senhor conhece?
— O que a fez perguntar isso? — perguntou
Vovô Juca curioso.
— Foi ele quem disse.
34
— Lembra, Vovô
— interrompeu
Toninho — quando
eu estava fazendo
aquele dever de
casa? Era difícil, mas
eu consegui fazer,
e depois o senhor
disse que eu era
muito inteligente…
a criança mais
inteligente que o
senhor já tinha visto!
— Sim, eu me
lembro de ter dito que você é bem inteligente —
respondeu Vovô Juca coçando levemente a barba.
Mas dizer que você era o mais inteligente… Olha…
dessa parte não me lembro bem.
— Às vezes queremos nos sentir importantes
porque achamos que assim os outros vão gostar
mais de nós. Mas sabe, nossos amigos gostam de
nós como somos — explicou Vovô Juca.
— Conheço uma história de uma estrela-do-
mar que achava que precisava ser alguém especial
para que seus amigos gostassem dela.
As crianças animadamente pediram que Vovô
lhes contasse a história.
335
Toninho, Pedro, Tuca e Patrícia guardaram os
brinquedos e arrumaram a sala direitinho enquanto
Vovô Juca foi pegar seu livro de histórias.
— Todo o mundo já decidiu onde vai se sentar?
— perguntou Vovô Juca.
— Ainda não — responderam as crianças
enquanto se acomodavam.
436
Contemplamos a noite estrelada
Com seu brilho deslumbrante
É a imensidão com estrelas pontilhada.
Sabem por que brilham tanto?
Eu sei! —
É o toque de Deus
A noite embelezando.
537
— Foi minha mãe que me ensinou esse
poeminha — disse Xalo. Eu pedia para ela recitá-lo
pra mim antes de dormir.
— É uma gracinha — confirmou Estrelico, uma
estrela-do-mar, que era amigo de Xalo.
Os dois amigos se sentaram numa pedra, ouvindo
as ondas baterem contra o rochedo escarpado e
admirando as estrelas cintilantes.
— Você sabia que antes eu era uma estrela? —
gabou-se Estrelico.
— Você quer dizer que gostaria de ter sido uma
estrela, não é? — perguntou Xalo.
— Não, eu era uma estrela mesmo! — confirmou
Estrelico.
— O que aconteceu então? Você tem que me contar!
638
— Ah… bem… —
gaguejou Estrelico. Ele
só queria impressionar
o Xalo, mas agora não
sabia o que dizer. Será
que ele deveria inventar uma
história, ou contar a verdade?
Se eu disser a verdade agora, ele vai deixar de
gostar de mim. Vai olhar para mim e pensar que
não passo de uma simples e feia estrela-do-mar sem
graça. E talvez não vai mais querer ser meu amigo.
— Então, vai me contar? — indagou Xalo curioso.
— Olha, antes de conhecer você eu era uma
estrela que ficava bem longe no céu. Mas eu
não era uma estrela qualquer. Era toda colorida.
Às vezes meu brilho era esbranquiçado, mas eu
também mudava de cor e ficava azul, vermelho,
amarelo e verde.
— Puxa, que legal! — exclamou Xalo
impressionado. E o que aconteceu?
739
— É que, algumas
das outras estrelas
tinham inveja de mim,
porque elas não podiam
mudar de cor como eu.
Então elas se reuniram
para ver como se
livrarem de mim.
— Meu Deus, que
horrível — disse Xalo
todo preocupado.
— Um belo dia, lá
estava eu, brilhando
como sempre, quando
aquelas estrelas
decidiram me empurrar
para fora do céu. E de
repente, bum, elas se
jogaram contra mim!
Perdi o equilíbrio e
comecei a cair. Lá fui eu
caindo pelo céu afora.
Passei medo demais!
Finalmente, depois de
ficar um tempão caindo,
ploft! Bati na água e fui
parar no fundo do mar.
840
— Quando percebi
o que acontecera, olhei
para mim mesmo e vi
que não era mais uma
estrela brilhante, cintilante
e colorida. Eu me tornara
uma estrela-do-mar
desbotada e sem graça. E
é o que tenho sido desde
então.
— Que triste! —
exclamou Xalo. — Mas
mesmo você não sendo
uma estrela como antes,
eu nunca achei você
desbotado nem sem
graça. Sempre gostei de
você como é. Mas sinto
muito por tudo o que você
passou.
— Não se preocupe
— disse Estrelico. — Já
estou me acostumando a
ser uma estrela-do-mar.
Naquela noite, quando
se preparava para deitar
na sua caminha no recife
de corais, algo dentro de
Estrelico o incomodava.
941
Eu não devia ter inventado a história. Não era
verdade, mas agora o Xalo pensa que é. E se ele
contar para os outros? Ah não, o que vou fazer?
— …e as estrelas maldosas empurraram o
coitado do Estrelico e ele despencou lá de cima —
Xalo relatou o acontecido ao Velho Baiacu e a Biju.
— E quando ele bateu na água já não era mais
uma estrela, mas sim uma estrela-do-mar! —
concluiu Xalo.
Biju olhou para o Velho Baiacu e balançou a
cabeça:
— Que eu saiba, pelo que minha mãe me contou,
estrelas-do-mar são estrelas-do-mar. Nunca
foram nenhum outro tipo de estrela antes.
— É isso mesmo — confirmou Velho
Baiacu.
— Bem, então perguntem para
o Estrelico e vão ver!
E lá se foram os três
nadando à procura de
Estrelico.
1042
— Que bom que o encontramos! — disse Xalo a
Estrelico.
— Oi, tudo bem? — respondeu Estrelico meio
acanhado.
— Xalo nos contou a sua história — explicou o
Velho Baiacu. E queríamos saber se é realmente
verdade, porque sempre aprendemos que as
estrelas-do-mar são um animal marinho,
como nós.
— É... eu… — gaguejou Estrelico,
bastante nervoso.
— Foi o que você me
disse — afirmou Xalo. —
Confirme para eles que
é verdade.
O que vou fazer?
Estrelico começou a
entrar em pânico.
Será que digo
que inventei
1143
ou continuo dizendo que é verdade? Eu não devia ter
mentido. Talvez agora eles nunca mais vão acreditar
em nada que eu diga.
Depois de pensar por um momento Estrelico
chegou à conclusão que era melhor contar a
verdade do que continuar inventando histórias.
— Xalo, perdoe-me — ele começou.
— Eu nunca fui uma estrela. Sempre fui uma
estrela-do-mar, só que nunca me considerei
especial. Minhas cores não são muito vivas e eu
não nado graciosamente como um peixe. Eu queria
que você pensasse que eu era especial, porque
achei que assim ia gostar mais de mim.
1244
— Mas eu já gosto de você! — exclamou Xalo.
— Você é meu amigo, e ponto final.
— Sério?
— É claro. Quem se importa com a sua cor ou
como você nada? Gosto de você como você é.
— E nós também — acrescentou Biju.
— Cada um de nós é de um jeito — explicou o
Velho Baiacu. Temos características diferentes, mas
cada um é especial.
— É verdade — disse Estrelico. — Desculpem-
me. Prometo que não vou mais inventar histórias.
Estou muito feliz por ter amigos como vocês.
1345
— Nós também estamos muito felizes por você
ser nosso amigo — confirmou Biju, Velho Baiacu e
Xalo juntos.
Os quatro amigos saíram nadando juntos,
felizes por terem uns aos outros.

Ding, dong!
— Devem ser seus pais que vieram buscar vocês
— disse Vovô Juca, fechando o livro.
— Obrigado pela história, Vovô Juca — disse
Pedro.
— Sempre aprendo tanto com essas histórias
— falou Tuca.
1446
— Eu também — concordou
Patrícia.
— Que bom! — exclamou Vovô
Juca. — Porque adoro ler histórias
para vocês. E sim, há muito que
aprender com elas.
— Não vou me esquecer
dessa história — afirmou
Toninho. — É muito bom ter
amigos que gostam de
mim como sou.
— É verdade —
concordou Vovô Juca,
enquanto ajeitava o
cabelo de Toninho.
— É melhor não
fazermos seus pais
esperarem. Voltem assim
que puderem!
— Até logo! —
disseram juntos
Pedro, Patrícia,
e Tuca ao
saírem.
1547
Moral
Embora
todos sejam
diferentes,
Deus criou
cada um de
nós com algo
especial.

Mais conteúdo relacionado

Mais de Freekidstories

Mais de Freekidstories (20)

Pêche miraculeuse - Cahier de coloriage.pdf
Pêche miraculeuse - Cahier de coloriage.pdfPêche miraculeuse - Cahier de coloriage.pdf
Pêche miraculeuse - Cahier de coloriage.pdf
 
Der wunderbare Fischfang - Malbuch
Der wunderbare Fischfang - MalbuchDer wunderbare Fischfang - Malbuch
Der wunderbare Fischfang - Malbuch
 
Чудесный улов рыбы - книжка-раскраска
Чудесный улов рыбы - книжка-раскраскаЧудесный улов рыбы - книжка-раскраска
Чудесный улов рыбы - книжка-раскраска
 
Pesca miracolosa - Libro da colorare
Pesca miracolosa - Libro da colorarePesca miracolosa - Libro da colorare
Pesca miracolosa - Libro da colorare
 
Pêche miraculeuse
Pêche miraculeusePêche miraculeuse
Pêche miraculeuse
 
Der wunderbare Fischfang
Der wunderbare FischfangDer wunderbare Fischfang
Der wunderbare Fischfang
 
Чудесный улов рыбы
Чудесный улов рыбыЧудесный улов рыбы
Чудесный улов рыбы
 
Pesca miracolosa.pdf
Pesca miracolosa.pdfPesca miracolosa.pdf
Pesca miracolosa.pdf
 
AS HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU - O BOM SAMARITANO
AS HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU - O BOM SAMARITANOAS HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU - O BOM SAMARITANO
AS HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU - O BOM SAMARITANO
 
Der barmherzige Samariter
Der barmherzige SamariterDer barmherzige Samariter
Der barmherzige Samariter
 
LES HISTOIRES RACONTÉES PAR JÉSUS - LE BON SAMARITAIN
LES HISTOIRES RACONTÉES PAR JÉSUS - LE BON SAMARITAINLES HISTOIRES RACONTÉES PAR JÉSUS - LE BON SAMARITAIN
LES HISTOIRES RACONTÉES PAR JÉSUS - LE BON SAMARITAIN
 
Истории, рассказанные Иисусом - Добрый самарянин
Истории, рассказанные Иисусом - Добрый самарянинИстории, рассказанные Иисусом - Добрый самарянин
Истории, рассказанные Иисусом - Добрый самарянин
 
As 12 Pedrinhas do Alicerce Aula 1B para crianças menores - Memorização.pdf
As 12 Pedrinhas do Alicerce Aula 1B para crianças menores - Memorização.pdfAs 12 Pedrinhas do Alicerce Aula 1B para crianças menores - Memorização.pdf
As 12 Pedrinhas do Alicerce Aula 1B para crianças menores - Memorização.pdf
 
Les Douze Pierres de Fondation Leçon 1B pour les plus jeunes - La Mémorisatio...
Les Douze Pierres de Fondation Leçon 1B pour les plus jeunes - La Mémorisatio...Les Douze Pierres de Fondation Leçon 1B pour les plus jeunes - La Mémorisatio...
Les Douze Pierres de Fondation Leçon 1B pour les plus jeunes - La Mémorisatio...
 
Biba, sapone e conchiglie
Biba, sapone e conchiglieBiba, sapone e conchiglie
Biba, sapone e conchiglie
 
Le ratel et l'indicateur
Le ratel et l'indicateurLe ratel et l'indicateur
Le ratel et l'indicateur
 
La parabole de la veuve et du juge
La parabole de la veuve et du jugeLa parabole de la veuve et du juge
La parabole de la veuve et du juge
 
The Parable of the Persistent Widow - Parábola de la viuda y el juez injusto
The Parable of the Persistent Widow - Parábola de la viuda y el juez injustoThe Parable of the Persistent Widow - Parábola de la viuda y el juez injusto
The Parable of the Persistent Widow - Parábola de la viuda y el juez injusto
 
Parabola del giudice e della vedova
Parabola del giudice e della vedovaParabola del giudice e della vedova
Parabola del giudice e della vedova
 
Притча Иисуса о настойчивой вдове
Притча Иисуса о настойчивой вдовеПритча Иисуса о настойчивой вдове
Притча Иисуса о настойчивой вдове
 

Tesouros Oceânicos: Pra que mentir

  • 2. Era domingo e Toninho havia convidado seus amigos, Pedro, Tuca e Patrícia, para passarem a tarde em sua casa. — Tudo bem com vocês? — Vovô Juca perguntou ao passar pela sala onde as crianças estavam entretidas brincando. — Tudo bem — responderam as crianças, ainda muito ocupadas com seus brinquedos. — Vovô Juca — perguntou Patrícia — é verdade que o Toninho é o menino mais inteligente que o senhor conhece? — O que a fez perguntar isso? — perguntou Vovô Juca curioso. — Foi ele quem disse. 34
  • 3. — Lembra, Vovô — interrompeu Toninho — quando eu estava fazendo aquele dever de casa? Era difícil, mas eu consegui fazer, e depois o senhor disse que eu era muito inteligente… a criança mais inteligente que o senhor já tinha visto! — Sim, eu me lembro de ter dito que você é bem inteligente — respondeu Vovô Juca coçando levemente a barba. Mas dizer que você era o mais inteligente… Olha… dessa parte não me lembro bem. — Às vezes queremos nos sentir importantes porque achamos que assim os outros vão gostar mais de nós. Mas sabe, nossos amigos gostam de nós como somos — explicou Vovô Juca. — Conheço uma história de uma estrela-do- mar que achava que precisava ser alguém especial para que seus amigos gostassem dela. As crianças animadamente pediram que Vovô lhes contasse a história. 335
  • 4. Toninho, Pedro, Tuca e Patrícia guardaram os brinquedos e arrumaram a sala direitinho enquanto Vovô Juca foi pegar seu livro de histórias. — Todo o mundo já decidiu onde vai se sentar? — perguntou Vovô Juca. — Ainda não — responderam as crianças enquanto se acomodavam. 436
  • 5. Contemplamos a noite estrelada Com seu brilho deslumbrante É a imensidão com estrelas pontilhada. Sabem por que brilham tanto? Eu sei! — É o toque de Deus A noite embelezando. 537
  • 6. — Foi minha mãe que me ensinou esse poeminha — disse Xalo. Eu pedia para ela recitá-lo pra mim antes de dormir. — É uma gracinha — confirmou Estrelico, uma estrela-do-mar, que era amigo de Xalo. Os dois amigos se sentaram numa pedra, ouvindo as ondas baterem contra o rochedo escarpado e admirando as estrelas cintilantes. — Você sabia que antes eu era uma estrela? — gabou-se Estrelico. — Você quer dizer que gostaria de ter sido uma estrela, não é? — perguntou Xalo. — Não, eu era uma estrela mesmo! — confirmou Estrelico. — O que aconteceu então? Você tem que me contar! 638
  • 7. — Ah… bem… — gaguejou Estrelico. Ele só queria impressionar o Xalo, mas agora não sabia o que dizer. Será que ele deveria inventar uma história, ou contar a verdade? Se eu disser a verdade agora, ele vai deixar de gostar de mim. Vai olhar para mim e pensar que não passo de uma simples e feia estrela-do-mar sem graça. E talvez não vai mais querer ser meu amigo. — Então, vai me contar? — indagou Xalo curioso. — Olha, antes de conhecer você eu era uma estrela que ficava bem longe no céu. Mas eu não era uma estrela qualquer. Era toda colorida. Às vezes meu brilho era esbranquiçado, mas eu também mudava de cor e ficava azul, vermelho, amarelo e verde. — Puxa, que legal! — exclamou Xalo impressionado. E o que aconteceu? 739
  • 8. — É que, algumas das outras estrelas tinham inveja de mim, porque elas não podiam mudar de cor como eu. Então elas se reuniram para ver como se livrarem de mim. — Meu Deus, que horrível — disse Xalo todo preocupado. — Um belo dia, lá estava eu, brilhando como sempre, quando aquelas estrelas decidiram me empurrar para fora do céu. E de repente, bum, elas se jogaram contra mim! Perdi o equilíbrio e comecei a cair. Lá fui eu caindo pelo céu afora. Passei medo demais! Finalmente, depois de ficar um tempão caindo, ploft! Bati na água e fui parar no fundo do mar. 840
  • 9. — Quando percebi o que acontecera, olhei para mim mesmo e vi que não era mais uma estrela brilhante, cintilante e colorida. Eu me tornara uma estrela-do-mar desbotada e sem graça. E é o que tenho sido desde então. — Que triste! — exclamou Xalo. — Mas mesmo você não sendo uma estrela como antes, eu nunca achei você desbotado nem sem graça. Sempre gostei de você como é. Mas sinto muito por tudo o que você passou. — Não se preocupe — disse Estrelico. — Já estou me acostumando a ser uma estrela-do-mar. Naquela noite, quando se preparava para deitar na sua caminha no recife de corais, algo dentro de Estrelico o incomodava. 941
  • 10. Eu não devia ter inventado a história. Não era verdade, mas agora o Xalo pensa que é. E se ele contar para os outros? Ah não, o que vou fazer? — …e as estrelas maldosas empurraram o coitado do Estrelico e ele despencou lá de cima — Xalo relatou o acontecido ao Velho Baiacu e a Biju. — E quando ele bateu na água já não era mais uma estrela, mas sim uma estrela-do-mar! — concluiu Xalo. Biju olhou para o Velho Baiacu e balançou a cabeça: — Que eu saiba, pelo que minha mãe me contou, estrelas-do-mar são estrelas-do-mar. Nunca foram nenhum outro tipo de estrela antes. — É isso mesmo — confirmou Velho Baiacu. — Bem, então perguntem para o Estrelico e vão ver! E lá se foram os três nadando à procura de Estrelico. 1042
  • 11. — Que bom que o encontramos! — disse Xalo a Estrelico. — Oi, tudo bem? — respondeu Estrelico meio acanhado. — Xalo nos contou a sua história — explicou o Velho Baiacu. E queríamos saber se é realmente verdade, porque sempre aprendemos que as estrelas-do-mar são um animal marinho, como nós. — É... eu… — gaguejou Estrelico, bastante nervoso. — Foi o que você me disse — afirmou Xalo. — Confirme para eles que é verdade. O que vou fazer? Estrelico começou a entrar em pânico. Será que digo que inventei 1143
  • 12. ou continuo dizendo que é verdade? Eu não devia ter mentido. Talvez agora eles nunca mais vão acreditar em nada que eu diga. Depois de pensar por um momento Estrelico chegou à conclusão que era melhor contar a verdade do que continuar inventando histórias. — Xalo, perdoe-me — ele começou. — Eu nunca fui uma estrela. Sempre fui uma estrela-do-mar, só que nunca me considerei especial. Minhas cores não são muito vivas e eu não nado graciosamente como um peixe. Eu queria que você pensasse que eu era especial, porque achei que assim ia gostar mais de mim. 1244
  • 13. — Mas eu já gosto de você! — exclamou Xalo. — Você é meu amigo, e ponto final. — Sério? — É claro. Quem se importa com a sua cor ou como você nada? Gosto de você como você é. — E nós também — acrescentou Biju. — Cada um de nós é de um jeito — explicou o Velho Baiacu. Temos características diferentes, mas cada um é especial. — É verdade — disse Estrelico. — Desculpem- me. Prometo que não vou mais inventar histórias. Estou muito feliz por ter amigos como vocês. 1345
  • 14. — Nós também estamos muito felizes por você ser nosso amigo — confirmou Biju, Velho Baiacu e Xalo juntos. Os quatro amigos saíram nadando juntos, felizes por terem uns aos outros.  Ding, dong! — Devem ser seus pais que vieram buscar vocês — disse Vovô Juca, fechando o livro. — Obrigado pela história, Vovô Juca — disse Pedro. — Sempre aprendo tanto com essas histórias — falou Tuca. 1446
  • 15. — Eu também — concordou Patrícia. — Que bom! — exclamou Vovô Juca. — Porque adoro ler histórias para vocês. E sim, há muito que aprender com elas. — Não vou me esquecer dessa história — afirmou Toninho. — É muito bom ter amigos que gostam de mim como sou. — É verdade — concordou Vovô Juca, enquanto ajeitava o cabelo de Toninho. — É melhor não fazermos seus pais esperarem. Voltem assim que puderem! — Até logo! — disseram juntos Pedro, Patrícia, e Tuca ao saírem. 1547