[1] A revista apresenta uma variedade de artigos culturais sobre música, arte, moda e design. [2] O editor encoraja os leitores a se inspirarem nos projetos apresentados e a continuarem criando. [3] A edição celebra artistas portugueses como Victor Gomes e António Variações, ao mesmo tempo em que apresenta novos talentos.
2. CORTA/ ACÇÃO!
Passou depressa como sempre passa o tempo que se goza. Quem não gosta doVerão, de ter um livro para ler e
não o fazer? O email a ganhar pó, a casa que se abandona alegremente, a secretária do trabalho impoluta. E, de
repente, cai-nos Setembro em cima: voltamos à cidade ainda a cheirar a praia, bronzeado orgulhoso, suspiros ao
apanhar o metro, o dedo a escorregar para as fotos das férias. Nesta edição não pudemos, à imagem deste mês
fronteiriço, escapar a alguma nostalgia na forma de revistações:Arcade Fire,AntónioVariações, Fleetwood Mac ou
o maior rock’n’roller portuguêsVictor Gomes. Mas, também à sua semelhança, há nestas páginas que vais agora
fazer tuas, rostos e projectos que nos inspiram para olhar em frente. O mesmo ímpeto de sempre: fazer. Seja
música, pintura, fotografia ou roupa interior. Setembro é, semelhante a um Janeiro, o mês das resoluções. Por isso
te dizemos: avança, faz e mostra-nos, a DIF quer falar sobre ti.
MARTA GONZÁLEZ
Por decisão editorial, cada artigo nesta DIF foi mantido na sua ortografia original.
DIRECTOR
Trevenen Morris-Grantham
trevenen@difmag.com
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Marta González
marta@difmag.com
DIRECTOR DE ARTE
Ricardo Galésio
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO
Alexandra João, Elsa Garcia, Francisco Ferreira,
Frederico Moreno, Gone Monteiro, Herberto
Smith, Ines Ferreira, João Moço, Joel Alves, Magali,
Pedro Saavedra, Ricardo Aço, Ricardo Santos,
RitaTomás, Rute Correia,Tiago Costa,Victoria
Goulding,Wellington de Oliveira Mainardinng
Capa
Fotografia:Tiago Costa
Styling: Magali
Make Up e Cabelos:
Wellington de Oliveira Mainardinng
Modelo: FredericoVentura (Just Models)
Camisola Le coq sportif
Calças Carhartt
Ténis Converse
Pulseira e Anel da produção
06. Fotografia
(In)definições de género
Texto: João Moço
08. Capa Dura
Victor Gomes, Juntos Outra Vez
Texto: Elsa Garcia
10. Cultura
Um hemisfério de cada vez
Texto: Rute Correia
12. New Stars Factory
Hexágono Amoroso de Miguel
Torga
Texto: Elsa Garcia
14. Fotografia
A beleza da banalidade
Texto: Marta González
16. Intervenção Urbana
Eu sou Hazul
Texto: Alexandra João
18. Moda
Lady Levi’s: We Can Do It!
Texto: Marta González
20. Moda
Merrell Outono/Inverno 2014
Texto: Marta González
22. Design
Lingerie Cibernética
Texto: Elsa Garcia
24. Kukies
28. Still Life
Stepping Stones
Fotografia: Tiago Costa
Set Design: Marta González
32. Moda
Rebel, rebel
Fotografia Tiago Costa
Styling Magali
38. Extra-Pessoal
Conversa com Délio Jasse
Texto: Pedro Saavedra
Fotografia: Herberto Smith
44. Moda
Coreto Raw: o palco dos
autênticos
Texto: Marta González
com Inês Ferreira
Fotografia: Tiago Costa
50. Música
Fleetwood Mac:
a melhor banda do mundo?
Texto: João Moço
52. Música
10 anos de Arcade Fire
Texto: Francisco Ferreira
54. Moda
Blue is the warmest colour
Fotografia: Ricardo Santos
Styling: Joel Alves
62. Arte
Susana Pomba, a curadora
invisível
Texto: Rita Tomás
Fotografia: Vera Marmelo
64. Retro Culture
“ O António Variações cortou-
me o cabelo”
Texto: Frederico Moreno
Ilustração: Gone Monteiro
66. Places
ÍNDICE
PROPRIEDADE Publicards, Publicidade Lda.
DISTRIBUIÇÃO Publicards publicards@netcabo.pt
REGISTO ERC 125233,
NÚMERO DE DEPÓSITO LEGAL
185063/02 ISSN 1645-5444,
COPYRIGHT Publicards, Publicidade Lda.,
TIRAGEM MÉDIA: 17 000 exemplares
PERIODICIDADE Mensal,
ASSINATURA 10€ (8 Números)
REDACÇÃO E DEPARTAMENTO COMERCIAL
LX Factory, sala 3.11
Rua Rodrigues Faria 103
1300-501, Lisboa
Telefone: 21 32 25 727
Fax: 21 32 25 729
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Tudo começou há ano e meio, numa conversa entre
amigos. Chloe Aftel, fotógrafa norte-americana, tomou
contacto com uma jovem rapariga que se identificava
como genderqueer, ou seja, foge ao binário de género, não
se identificando exclusivamente nem como mulher, nem
como homem. A partir daqui decidiu explorar com maior
profundidade esta comunidade, tendo já retratado dezenas
de pessoas com a sua câmara,sendo este um projeto ainda
em continuidade.
“O que eu adoro nesta série é que cada sujeito, cada
sessão fotográfica é uma experiência totalmente única”,
afirmou a própria fotógrafa numa breve entrevista dada
à DIF. Já fotografou dezenas de pessoas, entre eles Sasha
Fleischman, estudante no liceu de Maybeck, na cidade
norte-americana de São Francisco,que sofreu um crime de
ódio a 4 de novembro de 2013 quando, a caminho de casa,
foi incendiado/a num autocarro público por envergar uma
saia e uma camisa de homem.
Apesar da forte dimensão política que um trabalho
fotográfico desta natureza pode ganhar no contexto atual,
ainda assim Chloe Aftel não associa estes seus retratos
como uma forma de alertar para determinadas realidades
desprivilegiadas. “Gosto sempre que as pessoas retirem
algo das imagens sem que exista alguém que lhes diga o
que pensar. E estou muito grata por ter tido a possibilidade
de criar esta série”, explicou.
Um ano depois do projeto se ter iniciado a fotógrafa
foi contratada pela San Francisco Magazine, onde já foram
publicados retratos não só de Sasha Fleischaman, mas
de outros jovens que se recusam a que a sociedade os
defina. Nesta comunidade a diversidade e individualidade
são valores altamente protegidos, como esclareceu Chloe
Aftel. “Existem pessoas nesta série fotográfica que se
identificam como gender neutral [termo que não se
refere a um só género], genderqueer, agender [a ausência
de género] e de muitas outras formas. Estão aqui pessoas
dentro do regime binário, outras estão fora dele ou em
muitos lugares no meio.”
As políticas de género são um assunto com o qual
a norte-americana se preocupa há largos anos, tendo
para este projeto contado com ajuda inicial do também
fotógrafo Antonio De Lucci, que lhe falou pela primeira vez
do termo agender.
Esta série fotográfica de Chloe Aftel vem assim mostrar
como a realidade é muito mais rica e diversa do que é
imposto pelas normais socioculturais, sendo também um
testemunho de demonstração de coragem e liberdade.
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(IN)DEFINIÇÕES DE GÉNERO
TEXTO JOÃO MOÇO
Sasha
Viola
Edie
6 DIF FOTOGRAFIA
5. São muitos e complexos os motivos do quase
esquecimento da cena rock primitiva portuguesa, entre
eles uma ditadura que se prolongou demasiado tempo
e uma espécie de obliteração dos artistas dos anos 50 e
60 no pós-25 de Abril. Entre eles está Victor Gomes e os
seus Gatos Negros. Com uma atitude selvagem e espírito
destemido Victor acendia de emoção os vários palcos por
onde actuou.Muitas destas performances podem agora ser
lidas na biografia Juntos Outra Vez que deu também título
ao famoso EP de 1968.
Luís Futre, co-autor do livro Portugal Eléctrico lançou
o desafio e Ondina Pires agarrou-o. Afinal “segundo
as palavras dele e mais tarde, de Victor Gomes, algumas
pessoas tinham começado a escrever a sua biografia mas
depois não puderam continuar, por vários motivos. Era
extremamente importante e urgente registar a vida de
um português fora do comum”, conta Ondina Pires. Entre
entrevistas, investigação e tradução, Ondina levou um ano
e meio a escrever o livro. “Tive momentos difíceis, de
autêntico desafio, e outros mais serenos. Não é fácil falar
sobre um artista tão especial e polémico”. Ao fim de dois
meses já nada a surpreendia, mas aquela que considera
a faceta mais interessante do artista “é a sua persistência
teimosa (no bom sentido) de levar todas as coisas avante.
Isso é fabuloso”.
Desde pequeno que Victor transparecia o seu gosto
pela música. Sempre muito afinado e com extremo bom
ouvido. A mãe fadista e a tia cançonetista ajudaram ao
talento. Os primeiros passos que deu foram no Instituto
onde estudou, perto de Lourenço Marques, actual Maputo.
Posteriormente venceu de forma arrebatada um concurso
do Rádio Clube e entretanto aconteceram muitas coisas
ao nível pessoal que atrasaram um pouco o lançamento da
sua carreira profissional.“A partir de 1961 nunca parou –
Angola, África do Sul...” Actuou em diversas bandas como
os Siderais, Dardos do Lobito e Corsários de Lourenço
Marques, mas foi nos Gatos Negros que mais se destacou.
“Pelo menos é assim que muitos portugueses continuam
a lembrar-se dele. Eram uns tipos bestiais! Souberam
compreender a garra rockeira e selvagem do seu vocalista
e acompanhavam-no em palco,com arrojo e determinação.
Do ponto de vista técnico não seriam os melhores mas o
que interessava acima de tudo era o espírito destemido e
espontâneo do conjunto”, conta Ondina Pires.
Os rebeldes Gatos Negros chegaram a fazer três e
quatro espectáculos num só dia. Pelo meio arrancavam
a roupa, seduziam raparigas e pregavam partidas nos
restaurantes onde comiam. Existe inclusive a memória
fotográfica e escrita da sua actuação ao vivo no meio da
Praça do Saldanha num concerto para o até então maior
ajuntamento de Portugal. “Foi algo muito insólito para
os brandos costumes portugueses da época e arrastou
uma multidão desvairada”. Ao nível de performance e
rebeldia nunca existiu ninguém assim neste país. “Ele
estava no sítio errado. Se fosse americano, inglês, francês
ou mesmo espanhol, o seu nome estaria no panteão
global dos rockers”.
O que começou por ser um longo relato de estórias
verdadeiras e fabulosas de uma vida cheia de aventuras
e emoções resultou numa obra sensorial, quase
cinematográfica que ao invés de capítulos tem cenas
quase fílmicas. Neste livro a história da vida do artista está
mesclada de episódios cómicos, outros trágicos, sendo
que as histórias mais curiosas estão relacionadas com
“affairs” amorosos e atitude em palco.ActualmenteVictor
quer casar, continuar a actuar, comer petiscos, conviver, e
como o próprio diz:“ai de quem não tiver estórias da sua
vida para contar.”
VICTOR GOMES, JUNTOS OUTRA VEZ
TEXTO ELSA GARCIA FOTOGRAFIA JOÃO FOLGOSA
8 DIF CAPA DURA
6. Caracas, Luanda, Lisboa. Não, não são só os Buraka Som
Sistema. Nem sequer o Diplo ou a ex-namorada M.I.A.
É certo que os resquícios de tropicalidade estacionaram
nas colunas de bons clubes há já vários anos, mas agora
parece que o passo de dança está a desacelerar. Entre
cumbias ou bachatas, o aquecimento tropical chegou à
Europa para ficar e já não é chunga tarraxar.
Frankfurt - Domingo,20h.A rua que vai do magnânimo
Banco Central Europeu à Hauptbahnhof (principal estação
de comboios da cidade) está praticamente deserta. No
meio do silêncio que se respira, avistam-se meia dúzia de
pessoas polvilhadas por entre os minutos que espaçam
cada metro que pára ali perto. A maior parte vira no
número 39 da Kaiserstrasse. Aqui é dia santo porque as
aulas de dança chegam em doses gratuitas. Esta semana,
aprende-se kizomba como se estivéssemos no Mussulo.
É verdade que a paixão pelos trópicos não é de hoje.
As mornas de Cabo Verde invadiram há muito uma
espécie de elite que se delicia com as prateleiras deWorld
Music. Em Lisboa, o caso é mais do que particular: graças
a uma segunda geração de portugueses cujo coração
ainda sente em criolo, os ritmos dos trópicos tornaram-se
uma espécie de movimento cultural semioficial entre os
habitantes dos subúrbios em qualquer uma das margens.
E se países como a França ou a Holanda assistiram a
movimentos semelhantes fruto das migrações das ex-
colónias, onde o zouk imperou nos anos 80 (das Antilhas
a Camarões), o mesmo não se pode dizer de paragens
como a Alemanha, onde a paixão é relativamente recente.
De volta à capital portuguesa, no MusicBox, desde
Dezembro de 2013 que o Baile Tropicante se tornou
residência mensal, mas a cumbia ecoa pela sala pelo
menos desde 2012 a ritmo assíduo, com as noites de
Flama Branca e seus convidados. Algumas boas centenas
de metros acima, a Enchufada tem editado regularmente
alguns dos talentos mais estimulantes da América Latina.
Talvez por isso não seja de estranhar que os mentores
Buraka Som Sistema também andem a produzir canções
de compasso lento. Basta ouvir alguns dos últimos
singles como “Sente” ou “Zouk Flute”, ou até o set que
apresentaram no primeiro “Boiler Room” lisboeta, para
ver que o paradigma rítmico está mesmo a mudar.
Perto do “progressivo” que o kuduro de “Wegue
Wegue” nos trouxe, existem agora (e cada vez mais)
reinvenções de géneros como o merengue, a bachata, a
kizomba,o tarraxo,a cumbia (entre tantos outros) vestidas
de sintetizadores modernos e batidas mais arrojadas. De
festivais de topo como o belga Dour a longos artigos no
Resident Advisor, as “menos de 120 bpms” do Tropical
Bass são muito mais do que uma febre sazonal.
E, se até aqui evitámos o name dropping, eis alguns
dos nomes a ter debaixo de olho: Maria Sonora, Dengue
Dengue Dengue!, Rafael Aragón, Roulet, Sunsplash ou
editoras como a ZZK Records, a Cabeza netlabel e,
claro, a portuguesíssima Príncipe Discos são referências
obrigatórias.
UM HEMISFÉRIO DE CADA VEZ
TEXTO RUTE CORREIA
Dengue Dengue Dengue
10 DIF CULTURA
7. TEXTO ELSA GARCIA
Fotografia Ricardo Santos
Styling Joel Alves
Make Up Victoria Goulding por MAC
Cosmetics
Blazer e Calças Dockers
Camisa Levi’s
Óculos Ray-Ban
Ténis Converse
13 DIF NEW STARS FACTORY
Miguel Torga gosta de melodias fragmentadas. De dia é
técnico informático num banco, à noite vai a correr para
casa para o seu playground: os sintetizadores e a música
que deles sai.
Há dois anos enviou um EP de um dos seus projectos
para várias editoras e muito poucas lhe responderam.
Apercebeu-se que não existia o interesse de ouvir
música de gente que não conheciam. O melhor seria
então lidar com pessoas que conhece. Assim, contactou
a editora Elements, que já lhe tinha perguntado se tinha
músicas para editar ao que Miguel respondeu: “tenho
mais do que isso, tenho um álbum”. Assim foi e nasce
Hexágono Amoroso. O título é um reflexo do que é viver
e conhecer muitas pessoas, mas não pretende de todo
transmitir a ideia de playboy.
No teu disco encontramos para além do Manifesto
Anti Dantas, diálogos de João César Monteiro e Manuel
de Oliveira. O que te levou a fazer estas fusões com a
música electrónica?
Tem a ver com o cinema que eu vejo. Samplo cinema
português porque é uma fonte de palavra e quero usar
palavras na minha música. Não sou nada original nessa
ideia, se reparares, o house e o techno dos anos 90 está
cheio de samples de filmes em inglês. Em Manuel de
Oliveira há muitos diálogos non sense, até próximos do
absurdo e eu gosto disso. Gosto de coisas que não são
concretas, são abstractas e que se podem interpretar de
muitas formas.
Como foi o processo de construção do disco desde que
surgiu a ideia até ao resultado final?
Inicialmente não estava a pensar fazer um disco, só queria
fazer músicas. Já tinha mais de 40 temas e pensei que
desses 40 poderia escolher 10 ou 15 que se inserissem
dentro do mesmo conceito.
E qual é o conceito?
É uma onda um bocado bucólica. Campo, espaços
abertos, natureza e verdura com muita clorofila.
Um campo que está relacionado com as tuas raízes: o
Alentejo.
As raízes e o gostar do mato e de pescar, mas não em
Lisboa. Aqui tento convencer os amigos a ir à pesca mas
ninguém quer. Mas aqui também não me interessa, vão
para o rio e ficam parados a olhar para a cana e a beber
minis.A pesca que eu faço é totalmente diferente. O isco
não pode ir ao fundo e torna-se numa actividade muito
física e dinâmica. Um género de pesca solitária.
Já eras fã de música electrónica quando começaste a
fazer música?
Tinha 17 anos quando a cultura rave apareceu em
Portugal, o primeiro disco dos Underground Sound
of Lisbon com o tema So Get Up. Eu já ouvia música
electrónica há bastante tempo, mas o conceito da música
de dança não me agradava. Depois explodiu em Portugal,
dançava até ao nascer do sol e comecei a querer fazer
aquele tipo de música. Durante muito tempo fiz coisas
que não me apetecia mostrar a ninguém e a partir de
2005 encarei a ideia com maior seriedade e fui ficando
cada vez mais satisfeito.
Fazes música todos os dias?
Sim, e quando sair daqui vou fazer.
Mas tens sempre vontade ou fazes por disciplina?
Não. Faço por necessidade, é preciso. Sinto-me inútil
quando não a estou a fazer.
Nas tuas pesquisas, quando estás na tua actividade
laboratorial de criador, o que é que te inspira?
Oiço muita música pop, folk, funk e tudo o que possas
imaginar. Às vezes estou a ver um filme, oiço uma frase
que me agrada, paro o filme, gravo e a seguir continuo.
O teu disco faz-me lembrar o universo do Herbert.
Sim, é um dos meus pilares, tal como o Akufen, Basic
Channel e a cena dub techno que me remete muito para
natureza.
Preferes fazer música ou passá-la em DJ sets?
São coisas completamente diferentes.Gosto mais de fazer,
mas gosto muito de tocar. É a última fase do processo em
que estás a testar a música na pista e a ver como é que
as pessoas reagem.
E como reagem?
Dançam que se fartam (risos).
E o que vem a seguir?
Já tenho outro álbum pronto, o primeiro EP de Early
Jacker que vai sair pela Extended Records. É diferente,
com uma linguagem mais universal, mais soul, funk e disco
e mais facilmente exportável. Miguel Torga não consigo
exportar, tem uma linguagem extremamente portuguesa.
HEXÁGONO AMOROSO DE MIGUEL TORGA
TEXTO ELSA GARCIA
13 DIF NEW STARS FACTORY
8. facebook.com/gshockpt
Procura-nos no facebook
Há tumblrs assim mas são raros. Colecções de fotografias
que nos fazem querer perguntar ao autor: “Posso ser tua
amiga?”Instigam a vontade de saber mais,de estar presente,
de conhecer as pessoas retratadas, de perceber como é
que aquilo aconteceu.A DIF falou com Rui Palma, formado
em teatro, que recentemente descobriu a fotografia e nela
uma verdadeira “obsessão”.
“É inevitável fotografar”, diz Rui Palma de 20 anos.
“Comecei quando fui a Barcelona e uma amiga me ofereceu
uma câmara” recordando o primeiro clique:“Fomos a uma
espécie de cabaret e estava lá a Didi Maquiaveli, um Drag
de uma beleza incrível. Pus-lhe o dedo na boca e disparei”.
Bang bang, o momento ficou registado numa das mais
hipnotizantes imagens de Rui Palma. Admite-se viciado
nesse “gesto de me intrometer e guardar algo”, o que nos
leva a perguntar se há encenação nas imagens que capta.
O fotógrafo desvenda que enquanto algumas das imagens
têm uma preparação, outras “encontra-as por acaso”. “A
banalidade está cheia de beleza” e por isso preocupa-se
em não se esquecer da máquina pois “há sempre algo
interessante para fotografar, sejam amigos ou estranhos”.
A tua vida parece ser uma festa constante, atiramos em
jeito de provocação.“Não é, isso seria aborrecido.Algumas
imagens são captadas em situação de festa e é nesses
registos que se vê a solidão.” E o Rui está lá para gravar a
breve brecha que se abre para a alma: “Não procuro ser
melancólico, procuro uma certa franqueza”.
Acompanha em ruipalma.tumblr.com
A BELEZA DA BANALIDADE
TEXTO MARTA GONZÁLEZ
14 DIF FOTOGRAFIA
9. WALK,don’t
fly
WWW.FLYLONDON.COM
NãoCaminhes,VOA!
Não lhe conhecemos a idade mas Hazul já pinta na rua há
cerca de 15 anos. Primeiro veio o graffiti tradicional - “de
letra”, como o artista lhe chama -, e em 2007 o desenho
figurativo,sob o pseudónimo pelo qual hoje o conhecemos.
“Mudei o nome para não estar associado ao trabalho
anterior mas aproveitei o que tinha aprendido com o
graffiti para continuar a pintar.Agora com outra linguagem
e noutros locais”, conta Hazul, que prefere os muros do
centro da cidade às auto-estradas das periferias.Totalmente
autodidacta, a frequência num “curso chato” valeu-lhe a
motivação para o desenho pois “era a única coisa que
fazia nas aulas”.“Acho que o truque foi escolher um curso
mesmo muito chato”, graceja entre sorrisos.
Hazul sempre se interessou pela simbologia e
iconografia dos povos antigos, pelo que, quando deixou de
desenhar letras,“automaticamente” começou a reproduzir
figuras semelhantes. Ressalva, contudo, que uma vez que
não tem formação, este processo de viragem foi “muito
lento” embora “gradual”. Primeiro,“desconstruir as letras”;
depois,“abstratizar as formas”, e, por último,“criar padrões
e figuras”. Com a adopção de uma linguagem menos
limitadora de que o graffiti, o artista sentiu necessidade
de alugar um estúdio-atelier para desenvolver projectos a
médio e longo prazo. Como pinta quase sempre na rua e
de forma ilegal, as condições são precárias: pouco tempo,
pouco material, muita pressão, o que implica “sintetizar”. Já
no atelier, tem a possibilidade de fazer o que realmente
quer, sem restrições, e de dar o seu melhor.
Apesar de artista urbano, as referências de Hazul
atravessam fronteiras: desde a arte conceptual à natureza,
da arte tradicional aos seus próprios amigos. No fim, a
representação tem que ser de leitura universal, tem que
ser contemporânea, de maneira a que daqui a cem ou
duzentos anos,seja igualmente válida para qualquer cidadão
do mundo.Tudo isto obriga a que o artista não se deixe
agregar por modas, grupos e estilos.A nível técnico e visual,
Hazul rejeita a vectorização e o tecnológico em prol de
formas geométricas, manuais e orgânicas.
Os antepassados fazem parte do trabalho do artista,
porém este não se considera um saudosista mas antes
um futurista ancestral. Acredita que “falta à humanidade
voltar a fazer essa ligação às coisas mais importantes, num
mundo que se tornou tão material e,agora,virtual”.Não se
apoquenta quando lhe chamam pop pois considera a arte
popular mais interessante do que a erudita, ainda que sem
menosprezo para a segunda.“No meu trabalho tento criar
um espaço transversal entre aquele que desconhece e os
académicos”, explica Hazul. Também por isso opta quase
sempre por pintar no centro da cidade para estar mais
próximo das pessoas.
Catapultado para as luzes da ribalta após as acções
anti-graffiti levadas a cabo pelo antigo executivo da
Câmara Municipal do Porto, liderado por Rui Rio, Hazul
deseja agora que o seu trabalho seja reconhecido. Apesar
da mudança (para melhor) de governação local, mantém
os pés bem assentes na terra até porque “há pessoas na
câmara que gostam [de arte urbana] e outras que nem
tanto”.“A Câmara fica ao lado dos artistas que, por várias
razões, se sobressaem e são acarinhados, e tenta isolar os
que não gosta”, alerta.
O interesse crescente das galerias e do mercado pela
arte urbana não o surpreende pois reflecte a vontade do
público. Encontra dois motivos: a arte urbana faz parte da
vida das pessoas e é de fácil compreensão.
Acompanha em www.fb.com/eusouhazul
EU SOU HAZUL
TEXTO ALEXANDRA JOÃO FOTOGRAFIA MIGUEL REFRESCO
16 DIF INTERVENÇÃO URBANA
10. #WEARETIPPED FREDPERRY.COM
Sagatex,Lda.-Telefone225089160-Email-sagatex@net.novis.pt
Houve um tempo em que só os homens podiam usar calças.
Hoje em dia, de acordo com uma sondagem da americana
“Cotton Incorporated’s Lifestyle Monitor” as mulheres
possuem em média 7 pares de jeans no seu guarda-roupa.
E se hoje é um dado adquirido, o direito das mulheres a
usarem calças generalizou-se há menos de 50 anos.
Na verdade o registo de mulheres a usarem calças
remonta à era Victoriana, às chamadas Pit Brow Girls,
filhas de mineiros que, impelidas pela pobreza e
apesar das interdições sociais, trabalhavam nas minas
e usavam as calças por baixo das saias. Mas só mais
tarde, na década de 30 do século XX, a guerra, a
entrada das mulheres no mercado de trabalho e o
cinema impeliram as mulheres para o uso desta peça.
Atenta às transformações sociais, em 1934 a Levi’s
lança os primeiros jeans pensados exclusivamente
para mulheres, a linha Lady Levi’s. Já em 1873 a Levi
Strauss & Co. tinha revolucionado ao criar as Levi’s
501, os primeiros jeans da história. Com este pequeno
passo para os homens mas gigante para as mulheres,
a Levi’s inscreveu-se para sempre como uma das mais
vanguardistas marcas de moda.
Havia naquelas primeiras calças de ganga femininas algo
que ultrapassava a herança do western americano e da
working class. Na década seguinte, os jeans chegam à capa
da Vogue e nas décadas seguintes sobem ao pedestal de
ícone.A Levi’s tem vindo, nos 80 anos que nos separam os
primeiros Lady Levi’s, a captar a essência da feminilidade,
ousadia e identidade dos primeiros jeans.Como dizia Rosie,
the Riveter:“We can do it!”
LADY LEVI’S: WE CAN DO IT!
TEXTO MARTA GONZÁLEZ
18 DIF MODA
11. 21 DIF MODA
Rant Finn Mid
Estação após estação, a Merrell continua a ser uma das marcas que mais
vemos nos pés dos portugueses. Para a nova temporada Outono/ Inverno
2014, a marca americana traz novidades no que toca a um dos nossos
modelos preferidos: o Rant. Pertencente à linha mais casual da Merrell,
este modelo beneficia de toda a tecnologia de conforto desenvolvida
pela marca para actividades outdoor mas com um design que os torna
ideais para a cidade. Os Rant dividem-se em modelos baixos e mid top e
vêm com texturas e paleta de cores dotadas para as estações mais frias.
Destaque também para oVerterraWaterproof,já da gama de calçado para
escalada, mas que se adequa perfeitamente a caminhadas mais urbanas. MG
21 DIF MODA
Merrell
Outono.Inverno
2014
Verterra WaterproofRant Ace
Rant Dex FOTOGRAFIA RICARDO SANTOS
STYLING JOEL ALVES
12. QUEER LISBOA 18
Festival Internacional de Cinema Queer
Lisboa 19 – 27.09.2014
Cinema São Jorge
Cinemateca Portuguesa
Porto 3 – 4.10.2014
Casa das Artes
www.queerlisboa.pt
Festival
Apoiado pelo
Festival Co-Financiado
pelo
Co-ProduçãoParceria EstratégicaProdução
Após uma noite à volta dos jogos que fizeram parte da sua
infância, Sebastião teve um sonho em que várias mulheres
usavam cuecas pixelizadas. Falou com Cesária, igualmente
designer, parceira do projecto e o sonho tornou-se real:
criaram as Pixel Panties.
Para passar do sonho à realidade optaram pelo
crowdfunding. Além do aspecto prático do financiamento,
“o crowdfunding é no fundo uma prova de conceito e
teste de viabilidade de uma ideia, o que era perfeito para
nós”, conta Sebastião. Pediram cerca de 9500€, o valor
necessário para lançar uma microprodução e montar a loja
online mas conseguiram quase o dobro do valor.
Com um orçamento de 1000 euros colocaram tudo
a funcionar através de um vídeo e de uma produção
fotográfica. “Às pessoas já é pedido que façam o esforço
de investir em algo que ainda não existe, mas se não
conseguirem visualizar em que consistirá o produto final,
então suponho que esse esforço se torne gigante e mais
improvável”, desvenda. O amigo Luís Miranda – copywriter
– criou o slogan: “made with squares, fit for round
bottoms”. A sorte estava lançada. Estavam nos 30% do
objectivo quando saiu um artigo no site americano Boing
Boing.As contribuições dispararam e a partir daí entraram
numa espiral que nunca mais parou.
Crowdfunding, investir numa ideia
A quem queira lançar um projecto e tentar a sorte através
do crowdfunding, Sebastião aconselha a“demorar tempo a
afinar a ideia. Não vale a pena lançar um esboço. Convém
também não ignorar as pessoas que contribuem pois
são elas que ajudam e merecem toda a atenção possível,
mesmo depois de darem o seu contributo. Por último, ter
pelo menos uma pessoa a tempo inteiro a acompanhar o
processo. Dá muito mais trabalho gerir uma campanha do
que criá-la”.
Uma vez que conseguiram o dobro do valor que
pediram inicialmente pretendem produzir mais peças e
fazer o registo de marca num maior número de países.
Actualmente a loja já existe em www.pixelpanties.com e
as “pixel” custam 18 euros com portes de envio incluídos
para todo o mundo. Há ainda uma edição especial limitada
a custar 55 euros. É composta por 100 cuequinhas, feitas
em licra prateada, numeradas e assinadas pelos criadores.
Sebastião usa-as desde que desenvolveram os protótipos
(sim,é mesmo isto que estás a ler).“São muito confortáveis
e não têm costuras”.
LINGERIE CIBERNÉTICA
TEXTO ELSA GARCIA
22 DIF DESIGN
13. CONVERSE CHUCKTAYLOR ALL
STAR X MISSONI
A Converse apresenta a coleção
Converse ChuckTaylor All Star
Missoni para o Outono 2014, com
a assinatura do design em zig zag da
Missoni, na icónica silhueta Converse
All Star.As duas marcas mantêm uma
parceria desde 2010 e já criaram oito
sneakers premium para a coleção
Converse First String, uma edição
limitada que celebra o artesanato,
a autenticidade e a colaboração ao
mais alto nível. Consulta os pontos de
venda em converse.pt
24 DIF KUKIES
ANITA PICNIC
A celebração da vida ao ar livre está na base de criação
da Anita Picnic, que tal como o nome indica, é uma marca
de produtos para piqueniques, para o campo, praia, jardim,
montanha ou uma festa.
É composta por produtos artesanais, com design exclusivo,
muito fofinhos e feitos à mão. Cestos e têxteis originais com
padrões desenhados, ideais para fazer um brilharete na vida ao
ar livre. São portugueses e aproveitam a produção das nossas
indústrias tradicionais. O nome deve-se à carga romântica e
ingenuidade que transporta. www.anitapicnic.com EG
BARBOURVESTE DEUS
A Barbour International colabora com a australiana Deus Ex
Machina, famosa pelas suas motas customizadas, numa coleção
limitada para a estação outono/inverno 2014. Esta é a primeira
colaboração de roupa masculina que a Barbour realiza desde que
se tornou numa marca autónoma. O resultado inclui casacos para
mota inspirados no arquivo da marca com colarinhos de couro de
alta qualidade, impermeabilizados com cera de abelha e botões de
mola, especialmente desenhados para Barbour x Deus Ex Machina,
malhas masculinas simples e t-shirts com ilustrações feitas à mão.
14. 27 DIF KUKIES26 DIF KUKIES
O GALOVIROU CISNE
A Le coq sportif convidou a australiana Highs and Lows para
uma colaboração em que o modelo LCS R1000 foi reeditado.
O cisne foi escolhido para representar a união das duas marcas.
Existem dois modelos, um branco e outro preto, cuja inspiração
foram o cisne branco europeu e o cisne negro australiano
respetivamente. Não está prevista a venda em território
nacional mas podem ser encontrados nas lojas 24 Kilates e
Limiteditions em Barcelona.
LOUISVUITTON EM LIVRO
A LouisVuitton, pelas mãos da
editora Rizzoli NewYork, vai
lançar um livro de fotografia de
moda com as imagens produzidas
pela marca para campanhas
publicitárias e artigos de moda nas
mais conceituadas revistas.
Esta edição oferece uma
abordagem singular da história
da mulher e da fotografia desde
dos anos 50 até a actualidade
e contam com contribuições
de Mert Alas & Marcus Piggott,
Patrick Demarchelier,Annie
Leibovitz, Steven Meisel, Helmut
Newton, JuergenTeller e Inez van
Lamsweerde &Vinoodh Matadin,
entre outros.
Preço da edição de luxo: 100€
Preço da edição de livrarias: 75€
CARHARTT WIP XVANS CLASSICS
Para o Outono/Inverno 2014, a Carhartt Wip juntou-se uma
vez mais à equipa daVans Classics para lançar uns ténis únicos
que dão forma ao padrão Camo Mitchell.
O padrão original com a planta hera foi desenvolvido nos
anos 50 e usado pela primeira vez em 1953 pela Marinha
dos EUA. Esta colaboração está disponível na loja online e em
algumas lojas selecionadas.Aos ténis soma-se uma coleção
cápsula exclusiva, que inclui uma seleção de malas, acessórios e
t-shirts com o mesmo padrão.
PAREDE ETELA
Inaugura a 20 de Setembro, no Porto, a exposição coletiva
“Street Art On Canvas”. Nesta mostra os artistas são
convidados a unir duas linguagens – a tela e a intervenção
em parede - e desta forma “refirmar a força da arte urbana”.
Responderam ao apeloVanessaTeodoro, Frederico Draw,
Tamara Alves (na imagem), Gustavo Mesk e a Hazul Luzah,
entre outros.A exposição está patente até 25 de Outubro
de 2014 na DaVinci Art Gallery.
BANHO DE CERVEJA
A Sovina, marca nacional de cerveja, criou dois
sabonetes com base nos ingredientes daquela bebida:
um hidratante e outro exfoliante. Rica em cereais,
flor de lúpulo e levedura, a cerveja tem propriedades
antibacterianas e antioxidantes sendo ideais para
o cuidado da pele e do cabelo. O packaging e a
identidade dos sabonetes artesanais ficaram ao cargo
da supply, agência de comunicação e proprietária
da marca de estacionário de luxo Fine&Candy. Um
projeto confiado ao conhecimento e experiência da
centenária Saboaria e Perfumaria Confiança.
27 DIF KUKIES26 DIF KUKIES
E-BIKES DO PASSADO
Chamam-se Otor e Otok e querem ocupar um lugar na tua
garagem. São bicicletas eléctricas mas vestidas com detalhes
retro, inspiradas nos modelos das motorizadas dos anos 50. Este
meio de transporte sustentável é o ideal para a cidade, com os
seus 23 kilos e motor com autonomia de 40 a 65 quilómetros
que acumula a energia gerada pelas pedaladas.
Começou por ser um hobby de uma família de Barcelona,
com alguns membros engenheiros e com mais de 15 anos de
experiência e paixão pelas bicicletas e mobilidade sustentável.
Tudo começou na garagem da família cujo dono, engenheiro
mecânico, mantinha o hábito desde criança de montar e
desmontar bicicletas. Primeiro desenhou um quadro, depois o
motor e com ajuda do pai, um verdadeiro mãozinhas, juntou-lhe
detalhes para que se assemelhasse às motorizadas históricas.
Desta mistura original nasceu a Otocycles.
A marca de bicicletas eléctricas especializou-se na produção
artesanal, o que permite aos clientes personalizar o seu modelo
ao escolher entre uma variedade de cores e componentes. Não
há duas bicicletas iguais, assegura a marca. MG
PEPE JEANS LONDON
DENIM CELEBRATION
A história da Pepe Jeans London foi
construída em denim.“A linha azul corre nas
nossas veias” diz a marca britânica recordando
o seu início há mais de 40 anos, numa humilde
banca do mercado de Portobello Road.
Para a nova estação, a Pepe Jeans apresenta
orgulhosamente as suas peças icónicas
assim como os bestsellers e os modelos
intemporais. Qualidade, ajuste perfeito e
design são atributos que se encontram nas
quatro linhas da marca, seja na enérgica
Portobello, na colecão ’73, cuja inspiração são
o rock’n’roll, a arte e a música, na masculina
Heritage e na ecológicaTrue Blue.
17. Calças Carhartt
Pulseira da produção
Rebel, rebel
FOTOGRAFIA TIAGO COSTA
STYLING MAGALI
MAKE UP E CABELOS WELLINGTON DE OLIVEIRA MAINARDINNG
(com produtos Redken)
MODELO FREDERICO VENTURA (Just Models)
18. Bomber jacket Dockers
T-shirt Cheap Monday
Calças Dockers
Botas Fly London
Fio e brinco da produção
Casaco RVCA
Tank top H&M
Jeans Levi's
Ténis Puma
20. TEXTO PEDRO SAAVEDRA FOTOGRAFIA HERBERTO SMITH
MAS QUEM É ESTETIPO?
O Délio nasceu em Luanda e tem 33 anos.
Veio para Portugal com 18 anos para trabalhar
com um primo numa serigrafia. Para fazer a
sua vida continuar nesta direcção geográfica,
viu a família espalhar-se pela Europa e
por África. Não teve medo e manteve a sua
curiosidade sempre activa, a abrir aparelhos
electrónicos, a colecionar fotografias e
documentos, até ao ponto em que começou
a mostrar as suas “brincadeiras” ao mundo.
Nunca estragou uma única fotografia original,
mas os processos que usa ofereceram ao
mundo pequenas máquinas do tempo, entre
o que cada história pessoal já foi e aquilo
que ainda pode ser hoje. De pequeno, o
trabalho do Délio, não tem nada e as suas
“brincadeiras” já o levaram, em pouco
tempo, a ser finalista no BESphoto.
O ANGOLANO
Nestes últimos tempos, as ideias que os
portugueses têm sobre Angola e os angolanos
sobre Portugal têm mudado muito, mas o
meu interesse é sobre este angolano com o
curioso nome de Délio. De onde vem o teu
nome? “Os meus pais sempre foram criativos
com os nomes, o meu irmão mais velho é
o Mudassir, que é um nome árabe, a seguir
eu, que sou o Délio, um nome grego, depois
o Danilo, um nome hebraico, depois a Irina,
nome russo, e depois a Daia, que é um mix
de Diana Ross, porque ela é Daia Rosélia.
Acho que a minha mãe tinha uma panca por
essa cantora…” Era mesmo para Portugal
que querias vir? “Era para aqui sim, porque
já desde miúdo falávamos de eu ir para
Portugal, para além disso tinha um bisavô
português. Daqueles que foram entalados e
tiveram de casar e ficar por lá, a família da
minha avó agarrou-o, ele casou e registou os
filhos.”
O COLECIONADOR
Reparei que o Délio coleciona coisas, entre
documentos, cartas, aerogramas e até
relógios, quase um arquivista do tempo a
precisar rapidamente de uma casa-museu
para lá guardar todo este espólio. Lembras-te
de quando começaste a colecionar coisas?
“Nunca fui um colecionador de cromos ou
de carrinhos de brincar, eu gostava mesmo
era de desmontar as coisas, tirar os dínamos
e fazer barcos. Descobrir como é que o íman
funciona, ver como é o interior das coisas.
Mas onde me bate a cena do colecionar é
já em Portugal, porque cresci a ver registos
e documentos do avô e da família, e eu era
muito ligado ao álbum de família.” E quando
chegava a casa, naqueles dias especiais
como o aniversário de alguém, ficava a olhar
para como era a Irina [irmã] há uns anos… E
vem daí a vontade de colecionar. Comecei
por colecionar máquinas fotográficas
antigas, polaroids e isso. Depois comecei a
comprar fotos de desconhecidos, para ver
como se fotografava na altura, a qualidade
da imagem… hoje há muita fotografia no
mercado, na altura a fotografia era muito bem
feita, serrilhada à volta, muito bem tirada, ao
pé do avião, ao pé de uma ovelha que não era
da pessoa… aquilo era lindo!”
O ARQUEÓLOGO
Tantos documentos arquivados, como
passaportes, cartas de aviso de morte,
aerogramas, farão do Délio um arqueólogo
descobridor de histórias pessoais fósseis,
ou até um arquivista de emoções. Sentes
essa responsabilidade? “Sinto. O caso da
identidade, de onde é que nós viemos, das
colónias. Fomos colonizados, e isso vai
sendo apagado da identidade. Há camadas,
eu mexo com isso, à procura de desvendar
alguma coisa, ou de mostrar alguma coisa.
Ninguém se recorda, há pessoas que não
sabem que existiu, que existe ou que já
existiu. Os aerogramas, por exemplo, eram
enviados pelas madrinhas de guerra, que
podiam ser homens ou mulheres. Alguns têm
até uma escrita diferente que eu não consigo
decifrar, mas há muitos enviados para cativar
o pessoal que estava lá na guerra, uma cena
de carinho que mexia com os soldados.” E
o que é que vais fazer a todo esse arquivo?
“Ainda não pensei nisso, mas eu não mexo
com os originais, estão todos intactos. São
fotografados e re-fotografados, passam pelo
scanner, são limpos e quase esculpidos para
um dia apresentar não sei onde, mas guardo
tudo. Os meus documentos da segurança
social ou do IRS, não lhes dou importância,
mas o resto guardo tudo. É como aquelas
coisas dos arquivos mortos em que tens
de guardar durante 5 anos ou isso, e isto
para mim é um arquivo vivo, porque conta
uma história. Uma certidão, uma fotografia
tipo passe, um cartão antigo do metro, tem
mais história e valor. Um documento com
uma assinatura, um cheque que tem coisas
escritas no verso, têm códigos e fronteiras.
Uma fatura da farmácia com palavras a
vermelho e tracejados a preto, para mim é
interessante.” O que muda tudo é um sinal
pessoal? “É a assinatura por baixo, um
carimbo, isso para mim é um documento, é
uma fotografia, e não uma mera fatura, é uma
imagem que revela um momento.”
39 DIF EXTRA-PESSOAL38 DIF EXTRA-PESSOAL
TEXTO PEDRO SAAVEDRA FOTOGRAFIA HERBERTO SMITH
CONVERSA
COM
DÉLIO
JASSE
39 DIF EXTRA-PESSOAL38 DIF EXTRA-PESSOAL
21.
22. Camisa Fred Perry42 DIF EXTRA-PESSOAL
O SERIGRAFISTA
O Délio chegou a Portugal para trabalhar na
serigrafia de um primo, Aladino Jasse, que
estava por cá desde os anos 70. Como é que
começou o bichinho da fotografia? Dentro
do atelier havia um quarto escuro para
revelar fotos, para se fazer os fotolitos para
a serigrafia, e é aí que começa esse bichinho
pelas artes visuais. Comecei a fotografar
sem máquina, não tinha uma. Pegava numa
box (caixa de sapatos com um furo) onde
entrava o papel directamente e abria ao sol.
Fazia isso por gozo.” E quem reparou nisso
que estavas a fazer? “Foi no segundo atelier
de serigrafia em que trabalhei, que também
tinha um laboratório, máquinas fotográficas,
livros, era uma biblioteca e foi a minha
grande escola. Na altura o meu chefe, que
foi um guia para mim, é que me cativou.
Mostrava-lhe as imagens, às vezes eram
praticamente todas negras, mas ele respondia
sempre com palavras de incentivo, tipo isto
está óptimo mas tens que dar um bocado de
contraste aqui ou ali, mas está óptimo, estás
melhor.” Foi aí que te sentiste artista? “Eu
sempre gostei de fazer coisas diferentes, de
mexer com coisas, criar coisas. Mas eu, até
agora, não me sinto artista, sou um criador.
Artistas há vários, cada um na sua área, mas
gosto dessa parte da criação.” É aí que fazes
a tua primeira exposição? “Sim, a primeira
exposição, que hoje não ponho no currículo,
foi na Livraria Italiana da Rua do Salitre. O
trabalho mais honesto que eu tinha na altura,
bem feito e bem mixado, era mais plástico
do que agora. Estamos a falar de fotografia
com borrões de tinta por cima, não era um
Arnulf Rainer mas era um Délio Jasse que
nem conhecia o Arnulf Rainer na altura mas
já estava a fazer Arnulf Rainer. A exposição
era individual, com 18 peças emolduradas, e
chamava-se Sombra/Reflexos.”
O FOTÓGRAFO
Recentemente o Délio foi reconhecido através
do BESphoto, sendo um dos três finalistas
deste ano. Continuas a ser o mesmo miúdo
que gosta de experimentar coisas? “Até agora
não parei, continuo a experimentar, todos os
dias experimento. Não digo que estou prestes
a fazer do quadrado redondo, mas tento fazer
a fórmula triangular a partir desse quadrado.
Todos os dias eu tento lapidar um canto desse
quadrado e estar sempre a experimentar,
a improvisar e a ver outras formas do
quadrado. Esse trabalho do BESphoto, que
me deu mais visibilidade, ao ser projectado
e maquetizado, deu origem a cinco projectos
diferentes. Expus um, guardei três e outro
deles já apresentei. E agora, para onde vais?
“Esse trabalho do BESphoto vai para São
Paulo no Brasil, e fica num prédio lindíssimo
do Instituto Tomie Ohtake. Tenho também
uma exposição, em novembro, para uma
galeria na Cidade do Cabo. E uma residência
artística/exposição para a Alemanha.”
Consegues viver da fotografia? “Cá consigo,
em Angola já não, que é tudo mais caro e
complicado. Mas quando melhorar quero
passar temporadas lá e outras aqui. Um
dia gostava, mas não digo agora, por várias
razões.”
Observação:
A entrevista foi realizada na esplanada da
Cantina Lx com som de aviões, clientes
habituais e até uma outra entrevista a um
realizador conhecido, na mesa ao lado.
www.deliojasse.com
42 DIF EXTRA-PESSOAL
23. 44 DIF MODA 45 DIF MODA
SEQUIN
Sequin é o projecto a solo de Ana Miró, cujo primeiro sucesso foi o tema Beijing. Há nas suas músicas
o que já foi chamado de ‘orientalidade electro pop’, em que a sua voz quente e inocente combina com
ritmos electrónicos num misto de festa e nostalgia. Lançou, em Abril, o disco de estreia Penelope.
+ sequinsequin.bandcamp.com
“É estranho ver as
pessoas a cantar as
nossas músicas.”
Na última edição do NOS Alive em Algés, a G-Star convidou para
o seu Coreto músicos, Dj’s e bandas em expansão. Como não
podia deixar de ser, a marca holandesa vestiu cada um deles a rigor
primando pelo denim e acabamentos de qualidade.
Mesmo a competir com os brindes e néons de outros palcos
maiores, o Coreto RAW atraiu público consistente, em contra-
corrente mas coeso, atraído pelo magnetismo destas novas bandas.
A DIF apanhou-os no fim das actuações e numa conversa à boca de
cena trocou umas palavras e apresentações.
CORETO RAW: O PALCO DOS AUTÊNTICOS
44 DIF MODA 45 DIF MODA
CPT. LUVLACE
RodrigoVon Schanderl ao longo de mais de uma década de carreira já passou pelos maiores
clubes nacionais, granjeando uma audiência fiel. Conhecido pelo eclectismo e a adaptação aos
diversos ambientes, o capitão dos discos é conhecido por espalhar o amor por onde passa.
+ www.mixcloud.com/cptluvlace
“O meu nome é
um tributo à Linda
Lovelace e ao filme
Garganta Funda.”
TEXTO MARTA GONZÁLEZ COM INÊS FERREIRA
FOTOGRAFIA TIAGO COSTA
TODOS OS MÚSICOS ESTÃO INTEGRALMENTE VESTIDOS COM
PEÇAS G-STAR COM EXCEPÇÃO DO CALÇADO E ACESSÓRIOS.
24. 46 DIF MODA 47 DIF MODA
KEEP RAZORS SHARP
Keep Razors Sharp são Afonso (Sean Riley &The Slowriders), Rai (The Poppers), Bráulio (ex-Capitão
Fantasma) e Bibi (Riding Pânico, entre outros). Com uma sonoridade entre o psicadelismo, o shoegaze
e o pós-rock, os dois singles de estreia “I SeeYour Face” e “9th” tornaram-se sucessos radiofónicos e
levaram a banda a ser uma das presenças mais assíduas dos festivais deVerão deste ano.
+ www.fb.com/KeepRazorsSharp
“O nosso estilo é um estilo livre,
é o que é. Todos nós vimos de
background diferentes.”
46 DIF MODA 47 DIF MODA
BRUSHY ONE STRING
A guitarra com apenas uma corda acompanha a voz jamaicana de Brushy
One String e o palco fica cheio. O músico ficou conhecido mesmo antes de
lançar o álbum Destiny graças aos seus vídeos noYouTube e a sua aparição
no documentário de culto sobre o reggae Rise Up.
+ brushyonestring.com
“I love to do what I do.”
THE WALKS
Banda formada por Gonçalo Carvalheiro (baixo), Hélder Antunes
(bateria), John Silva (voz), Nelson Matias (guitarra) e Miguel Martins
(guitarra). Com uma forte aposta na vertente de performance, a
banda personaliza a essência da fusão entre a pujança do rock n’ roll
com o groove do r’n’b e do soul.
+ www.fb.com/thewalksband
“The Walks é uma experiência.”
25. 48 DIF MODA 49 DIF MODA
GRRRL RIOT
Colectivo de dj’s do Porto, que iniciaram actividade no clube Plano B. O núcleo duro
da Grrrl Riot é composto pela Jackie (ausente na actuação no Coreto RAW), Maria e
Min & Supa, activistas musicais da Invicta, com um fraquinho para a paz e para o amor.
+ grrrlriotplanob.tumblr.com
"Os espanhóis adoraram...
Guapas, guapas!"
48 DIF MODA 49 DIF MODA
D’ALVA
Alex d’AlvaTeixeira e Ben Monteiro apresentaram-se, acompanhados por Carolina
Barreiro, em versão redux, mostrando o seu lado mais electrónico. Um concerto
cheio de entusiasmo que roubou público aos cabeças de cartaz de outros palcos.
D’Alva e o seu disco #batequebate são, sem dúvida, essenciais em 2014.
+ www.fb.com/somosdalva
“Foi assustador!
Em palco nasce um
instinto animal: tu vês
a presa e tens que ir lá”
26. TEXTO JOÃO MOÇO
Às vezes acredito que a The Chain é a melhor
canção alguma vez escrita. Noutros dias
vêm-me à memória outras como a Dreams,
Never Going Back Again, You Make Loving Fun,
Sara, Storms, Think About Me, Seven Wonders,
Everywhere, Rhiannon ou Landslide. Tudo razões
mais que suficientes para me questionar
se serão os Fleetwood Mac a melhor banda
do mundo. Um grupo que partiu do Reino
Unido com os blues rock movidos a LSD pela
guitarra de Peter Green e daí teve certamente
mais que sete vidas até se transformar na
instituição pop que ainda hoje resiste, um
grupo que tem à sua frente mulheres como
Steve Nicks e Christine McVie, parece
impossível não afirmar que, a escolher só
uma, seriam os Fleetwood Mac a melhor
banda do mundo.
Entre as canções anteriormente
enumeradas ficou por referir Little Lies, canção
difícil de esconder a qualquer alma desde
que foi revelada pela primeira vez ao mundo
no verão de 1987. Tendo nascido na recta
final dessa década parece-me natural que
tenha crescido com as melodias luminosas
e maiores que a vida do álbum Tango in the
Night (1987) a entranharem-se na minha
genética. Se me parece impossível de definir
uma época em que não tenha conhecido a
Little Lies, por outro lado sei que no início da
adolescência voltei aos Fleetwood Mac por
culpa da excelente versão que os Smashing
Pumpkins fizeram da Landslide. Mas durante
anos não revelava de peito aberto esta paixão.
Não eram propriamente um grupo que desse
pontos de “credibilidade” a quem estava a
crescer munido de insegurança. Percebi, com
o tempo, que guilty pleasure é dos conceitos
mais nefastos e errados criados por uma certa
intelligentsia e há muito que uso as canções
dos Fleetwood Mac como um coração na
lapela e um possível caminho de definição
individual.
Não podia, por isso, estar mais
entusiasmado por este regresso que a partir
de Setembro terá lugar nos Estados Unidos
(é fazer figas para que venha, pelo menos,
à Europa) e que reunirá a formação que
gravou obras-primas como o Rumours (1977)
e Tusk (1979). Christine McVie, que há 16
anos abandonou a banda e, na altura, parecia
mesmo que era para não mais voltar, decidiu
juntar-se uma vez mais a Steve Nicks,
Lindsey Buckingham, John McVie e Mick
Fleetwood para uma série de espetáculos que
se prolongarão até ao final do ano.
Esta parece ser altura perfeita para mais
uma reunião dos Fleetwood Mac, sendo
hoje o grupo alvo de uma respeitabilidade
generalizada (não que precisassem dela,
são e serão sempre muito maiores que
estes elitismos perpetuados por poderes
estabelecidos), além de que o soft rock
deixou também ele de ser encarado como
um “género menor” (o quer que seja que isto
signifique).
As marcas da influência dos Fleetwood
Mac (seja por via dos blues que os
caracterizaram numa primeira fase, seja pelas
melodias pop da segunda época) encontram-
se por todo o lado. As norte-americanas
Haim são dos casos mais recentes, sendo
das melhores heranças vindas do Tango in
the Night, orgulhosamente descentes de uma
corrente pop de finais dos anos 1980 que os
Fleetwood Mac ajudaram a definir. Taylor
Swift, uma das mais talentosas compositoras
de canções do nosso tempo, é outra das
herdeiras do património do grupo (daí ter
atuado ao lado de Stevie Nicks, nos Grammys,
em 2010). As marcas dos Fleetwood Mac
chegam, inclusive, a nomes que não
merecem essa aproximação, como Best Coast
ou Sharon Van Etten ou 90% dos artistas
escolhidos para o disco de tributo Just Tell Me
That You Want Me (2012).
A verdade é que os Fleetwood Mac
continuam a querer mostrar porque são a
melhor banda do mundo e, como o nome da
nova digressão deixa claro, eles vão continuar
com o show.
50 DIF MÚSICA
TEXTO JOÃO MOÇO
FLEETWOOD
MAC: A
MELHOR
BANDA DO
MUNDO?
Look Total Diesel
Durante anos não revelava
de peito aberto a paixão por
Fleetwood Mac. Não eram
propriamente um grupo que
desse pontos de credibilidade.
50 DIF MÚSICA
27. TEXTO FRANCISCO FERREIRA
Em Setembro de 2004, Funeral caía com
estrondo no panorama musical de então: uma
jovem banda canadiana, liderada pelo casal
Win e Régine, lançava o seu álbum de estreia,
seguindo-se a um EP que tinha passado
despercebido do grande público. Funeral -
nome escolhido porque vários membros da
banda tinham perdido membros das suas
famílias mas, no fim de contas, mero ponto
de partida para reflectirem sobre a dor de
crescer, sobre a dor de perder e para gritarem
bem alto que o mundo adulto lhes estava
a esconder muita coisa. Dez anos depois
deram-nos quatro álbuns e quatro concertos
memoráveis. Mais do que isto, temos uma
relação especial com eles. Mesmo sendo
hoje uma banda com um estatuto global e de
reconhecimento unânime, só isso não chega
para explicar porque os acolhemos tão bem
sempre que vieram a terras portuguesas –
há algo mais, difícil de explicar mas fácil
de perceber quando estamos no meio do
uníssono que se forma nos concertos deles.
Os Arcade Fire aproximam-nos para depois
se juntarem a nós – a festa deles só é possível
desta maneira – e, o que lhes tem conferido
este estatuto que poucas bandas têm, é
o facto de fazerem tudo isto a crescer e a
reinventarem-se, quer seja a tocarem para
umas centenas de pessoas ao final da tarde
em Paredes de Coura ou como cabeças-de-
cartaz no Parque da Bela Vista, com 48 mil
pessoas a assistirem.
“Uma das razões pelas quais eu tinha ido
ao festival foi para vê-los. O Funeral tinha
acabado de sair e andava obcecado com o
álbum. Obriguei o meu grupo a acompanhar-
me, embora só duas pessoas conhecessem
uma música e o resto quisesse passar a
tarde a descansar enquanto esperavam pelo
concerto dos Pixies”, conta-nos Francisco
Silva, sobre a tarde de Agosto de 2005 em
que os Arcade Fire se estrearam em Portugal,
no festival Paredes de Coura. “Eles tocaram
ao fim da tarde. No início estava pouca
gente - apenas os poucos fãs e o pessoal
que os fãs arrastaram para ver a banda.
Abriram com a ‘Wake Up’ e passaram logo
para a ‘Laika’, onde dois dos elementos da
banda começaram à porrada como parte
do acto. Acabaram o concerto com a noite
a chegar e casa cheia de pessoal de boca
aberta, conscientes de que estavam a assistir
ao início de uma banda grande”. Muitos de
nós não estávamos lá mas as gravações do
concerto que encontramos no Youtube dão
razão ao Francisco e a quem estava com ele
naquela tarde: era mesmo o início de uma
banda grande.
Em 2007 a história já era outra. O álbum
de estreia tinha o seu lugar cimentado
como um dos melhores álbuns dos últimos
anos e seguia-se a difícil tarefa de criar um
sucessor. Neon Bible foi, como Nuno Galopim
disse, na sua crítica ao álbum, “um disco
cujo único senão é o facto de suceder a um
daqueles álbuns que não admitem igual”
– tarefa cumprida, portanto. Meses depois
de lançarem o álbum, voltavam a Portugal,
naquela que foi a última edição do Super
Bock Super Rock realizada exclusivamente
no Parque do Tejo. “Eles tinham uma postura
relaxada mas ainda suficientemente inocente
para conseguirem admirar-se com aquele
público e deleitar-se com a sintonia que
houve naquela noite”, conta-nos Mariana
Branco. “Via-se um mar de gente, isqueiros
e telemóveis no ar, as luzes da ponte e da
margem sul a acrescentarem uma aura
mágica àquele quadro. De volta e meia, eles
olhavam uns para os outros com aquele ar
genuinamente espantado e maravilhado” e
havíamos de voltar a ver esse ar cada vez que
cá voltassem – e nessa noite ainda voltariam
para o encore com a ‘Wake up’, entretanto
tornado hino da banda (e nosso).
Andamos mais três anos para a frente,
até ao Verão de 2010. Ao terceiro álbum não
restavam dúvidas: The Suburbs confirmava
o estatuto global de uma banda que se
distingue a cada disco, adicionando mais
uma camada à sua identidade e que juntava,
assim, mais um álbum brilhante à sua obra.
O regresso estava marcado para Novembro de
2010 mas havia de ser cancelado e tivemos
que esperar para ir ao Meco, na edição de
2011 do Super Bock Super Rock. Estava um
mar de gente à espera que a banda pisasse os
palcos portugueses pela terceira vez e havia
um nervosinho miúdo no ar – há quatro anos
que não os víamos. Embalados pelo som da
‘The Suburbs (continued)’ e acordados pela
‘Ready to Start’, começava uma noite mágica
– um mar de gente que gritava cada verso
como se fosse o último. Eles já nos tinham
dito que a digressão já ia no fim mas que ali
sentiam-se como se tivesse a começar mas
foi quando voltaram para o encore que o Win
nos surpreendia: “Fucking hell! Thank you!
Please can someone from Portugal start a
company that teaches other countries how to
be crowds? You guys are fucking awesome!”.
Nessa noite, o Meco acabou todo a dançar
com a Régine, ao som da Sprawl II.
Mantendo a tradição que dita um intervalo
de três anos entre os discos da banda,
teríamos que esperar até 2013 para ouvirmos
Reflektor. Ao quarto álbum ainda sabemos
quem eles são mas há cada vez menos algo
que os liga aos putos que fizeram Funeral. A
excelência a que nos habituaram continua lá
e desta vez com mais pezinho de dança que
o habitual. Nunca se duvidou da qualidade
dos Arcade Fire mas fazer o que é feito neste
álbum é um feito reservado para poucas
bandas - virarem-se do avesso, mostrarem-
se inquietos e, no processo, tornarem-se
maiores. Foi assim que eles se mostraram,
há poucos meses, no Parque da Bela Vista,
no Rock in Rio. O palco era um autêntico
cenário, membros da banda vestidos a rigor e
a condizer, figurantes com máscaras gigantes,
as músicas do novo álbum acompanhadas
de uma grande teatralidade e tudo culminou
na grandiosa festa que foi a ‘Here Comes the
Night Time’. Pelo meio, houve um William
a tropeçar e a rebolar, enquanto atirava o
tambor ao ar, durante a ‘Rebellion (Lies)’. Por
momentos, parecia que tínhamos recuado
uns anos e, como os miúdos que ainda
somos, enchemos o Parque da Bela Vista com
“Lies! Lies!”. Mais uma noite para recordar e
admirar – eles estão crescidos e as perguntas
que fazem, com as novas músicas, não são
tão naives, mas nós também não – afinal de
contas crescemos com eles.
52 DIF MÚSICA
TEXTO FRANCISCO FERREIRA
10 ANOS DE
ARCADE FIRE
Look Total Diesel
Please can someone from Portugal start a
company that teaches other countries how to be
crowds? You guys are fucking awesome.
Win Butler
52 DIF MÚSICA
28. Casaco Miguel Vieira
Camisola H&M
Impermeável 55DSL
Anel Aristocrazy
FOTOGRAFIA RICARDO SANTOS
STYLING JOEL ALVES
MAKE UP VICTORIA MARIE GOULDING
por MAC COSMETICS
MODELO NATALIA BRHEL
t h e
B l u e
i s
w a r m E S T
c o l o U r
Bomber Diesel
Vestido H&M
Saia Nuno Baltazar
Sneakers Puma
29. Polo Lacoste
T-shirt 55DSL
Mochila Carhartt
Garrafa Bobble
Saia Carlos Gil
Sneakers Converse
Casaco Pepe Jeans
Vestido polo Lacoste
Vestido H&M
Mochila Gola
30. Camisola Nuno Baltazar
Camisola tule Cheap Monday
Sneakers Onitsuka Tiger
Relógio Aristocrazy
Bomber H&M
Camisola Cheap Monday
Calças Carlos Gil
Sneakers Puma
31. Casaco Ricardo Preto
Calças Levi’s
Sneakers Converse
Óculos de sol Miu Miu
Vestido Ricardo Preto
Casaco H&M
Calças Nuno Baltazar
32. TEXTO RITA TOMÁS FOTOGRAFIA VERA MARMELO
Não sinto que tenha de ter protagonismo
para sentir orgulho no que faço.
63 DIF ARTE62 DIF ARTE
TEXTO RITA TOMÁS FOTOGRAFIA VERA MARMELO
Susana Pomba é do tempo em que uma
comunidade se fazia pelo boca-a-boca e
pelo acompanhar contínuo do trabalho dos
outros. Formada em Belas Artes, nos anos
oitenta, é fotógrafa e curadora, mas também
já foi crítica e DJ. Obteve maior visibilidade
enquanto curadora da exposição O dia pela
noite, que celebrou o 10.º aniversário da
discoteca LuxFrágil. Actualmente está nos
comandos da vertente editorial do Teatro
Praga, é guardiã convicta do MissDove,
blogue que iniciou em 2007 e que documenta
grande parte da cena das artes visuais
lisboeta, e – porque isto poderia parecer
pouco – é a cabeça, o coração e as mãos do
Old School, um projecto curatorial mensal
apresentado no DNA, Rua das Gaivotas, n.º 6,
em Lisboa.
Como é que nasceu o Old School?
O Old School nasceu a seguir à exposição no
LuxFrágil, que foi um projecto de grandes
dimensões para um espaço muito conhecido
da cidade. Depois desse projecto tão grande,
quis voltar à estaca zero. Queria fazer algo
que pudesse ser só eu e o artista. Isso acabou
por definir a génese do projecto.
Cada Old School é específico para o espaço
da Escola das Gaivotas?
Quando comecei, em 2011, pensei logo no
Teatro Praga para albergar o Old School,
porque cumpria de forma perfeita a minha
intenção de cruzar os mundos das artes
performativas e artes visuais. O primeiro
espaço era no Poço do Bispo, mas, em 2013,
o Teatro Praga mudou-se para a Rua das
Gaivotas e eu vim com ele. Sempre me fui
adaptando a outros espaços: os Praga foram
convidados para ir ao Théâtre de la Ville, em
Paris, e eu tive a oportunidade de fazer Old
Schools lá.
Apresentas sempre peças novas?
No início, pensava que seria impossível,
porque já havia uma grande preocupação
com a crise e eu não tinha dinheiro, mas
depressa me apercebi que os artistas estavam
receptivos a criar obras novas. É isso que o
Old School é hoje: um espaço em que artistas
podem tirar ideias da gaveta e ensaiar uma
obra nova, exercendo uma liberdade diferente
e muitas vezes oposta à que têm numa galeria
ou num museu.
O que esperas de cada Old School?
Tenho expectativas, nunca é um tiro no
escuro. O que é importante é esta relação de
total liberdade criativa que se estabelece entre
mim e o artista.
Achas que os artistas beneficiam desta
experiência?
Os resultados são sempre íntimos, só o artista
o sabe. Mas também há consequências
práticas visíveis: a palestra-performance
do Pedro Barateiro já foi apresentada em
Antuérpia, Roma e Paris; e a peça do Sam
Smith foi apresentada no ICA em Londres em
Junho. Isso é sempre gratificante.
Além do Old School, também és editora da
Props, projecto editorial do Teatro Praga, e
ainda manténs o MissDove, um blogue sobre
artes visuais.
O blogue percorre a minha vida. Além de
arquivo de memória colectiva, também é uma
espécie de diário. Mas serve para me fazer
ver coisas novas, faz-me procurar artistas
novos. Na Props, deixo de estar nessa posição
de arquivista e passo para o lado criativo, o
que me agrada, porque me faz repensar as
definições de autor e editor.
Não sentes que o teu trabalho é muitas vezes
demasiado invisível?
Pode ser invisível, mas faço-o para pessoas
que o merecem e que me respondem na
mesma moeda, com grande generosidade.
No Terceira Idade, do Teatro Praga, diz-se
em certa altura que o que é mais difícil hoje
é fazer algo que não fique. É um exemplo
extremo, mas não sinto que tenha de ter
protagonismo para sentir orgulho no que
faço. Prefiro que as obras dos artistas sejam
mais visíveis do que eu.
Achas que estás a contribuir para o
fortalecimento da comunidade artística?
Sinto que estou, sem dúvida. Há poucas
pessoas a querer fazer isto, porque é um
trabalho oculto de persistência que apenas dá
frutos visíveis e gordos depois de longos anos.
Um exemplo disso é o blogue. Mas não existe
uma estratégia rigorosa, estanque e delineada
― grande parte do que faço é instinto.
Tens alguns projectos na gaveta? Ideias para
o futuro?
Quero escrever mais. E outros projectos do
lado da curadoria, é o que me falta e me
completa neste momento.
oldschoolpomba.blogspot.pt
www.missdove.org
SUSANA POMBA,
A CURADORA INVISÍVEL
63 DIF ARTE62 DIF ARTE
33. TEXTO FREDERICO MORENO ILUSTRAÇÃO GONE MONTEIRO
64 DIF RETRO CULTURE
O nome do célebre jogo “pedra, papel,
tesoura” adequa-se à vida e obra de António
Variações: os seus rasgos foram uma
autêntica ‘pedrada’ no charco no panorama
musical português; acabou por assumir um
‘papel’ de destaque (de tal maneira que se
pode falar na música nacional AA/DC ‘Antes
de António’ e ‘Depois de António); e também
se celebrizou de ‘tesoura’ em punho, a
definir novas tendências. No ano em que se
assinalam três décadas da morte de António
Variações, a conclusão é óbvia: este artista
mexeu com a cabeça das pessoas, em todos
os sentidos.
O corpo é que paga, já dizia o artista. Talvez
por isso, optasse por cortar o cabelo sentado...
“Ao contrário dos outros cabeleireiros, que
trabalhavam de pé, o António Variações
cortava o cabelo numa cadeira de pé alto. Até
nisso era diferente”. Lurdes Santos, 56 anos,
puxa pela memória. No final da década de 70
do século passado, foi, de propósito, àquele
salão de cabeleireiro, no Centro Comercial
Imaviz, em Lisboa. Queria ver António
Variações. Não de microfone na mão. Antes
a manusear, com arte e engenho, um pente e
uma tesoura.
“Ele ainda não era famoso pela música.
Mas já tinha aquela longa barba e já se vestia
com roupas extravagantes. Apareciam ali
muitos curiosos, só para vê-lo trabalhar.
Ficavam literalmente colados na montra do
salão, a espreitar lá para dentro por causa
dele”, lembra.
Quanto aos tipos de corte, desengane-
se quem acha que o cliente tinha voto na
matéria. Lurdes sorri e recorda que era o
compositor/cantor/cabeleireiro quem decidia
tudo. “Olhava para nós e escolhia o corte
que mais nos favorecia. A mim, cortou-me o
cabelo bem curtinho, quase ‘à rapaz’!”.
É PARA AMANHÃ...
Não deixes para amanhã, o que podes fazer
hoje. Um conselho que Maria de Fátima, 66
anos, não teve autorização para seguir. Ela
bem queria cortar o cabelo com António
Variações... Queria, queria muito. Mas o
marido simplesmente não a deixou. “O meu
marido não ia assim muito com a cara dele.
Era um pouco conservador. O meu filho
ainda cortou o cabelo com o sr. Variações,
mas eu, infelizmente, não podia.” Os olhos
de Maria de Fátima brilham ao recordar as
inúmeras vezes que se cruzou com António
Variações, na última barbearia onde o artista
trabalhou, no nº 70 da Rua de São José, em
Lisboa. Apesar de morar ali perto, Maria de
Fátima acabou por nunca se tornar cliente
da barbearia unissexo com um nome que
não deixava dúvidas: ‘É Pró Menino e Prá
Menina’. Hoje, lamenta a oportunidade
perdida: “O sr. Variações era um grande
cabeleireiro, um artista moderno. Saíam dali
cabeças espectaculares!”.
Após a morte do cantor, a 13 de Junho
de 1984, as empregadas da barbearia ainda
tentaram aguentar o negócio, mas sem
sucesso. As portas estiveram encerradas
durante anos, até que o senhor Kantilal
(português de origem moçambicana) decidiu
abrir ali uma drogaria. “Quando comprei
o espaço, ainda restavam alguns objectos
da antiga barbearia. Fiz questão de guardar
esta vitrina, como homenagem ao António
Variações.” Kantilal sente-se honrado por ter
herdado o último local de trabalho do músico,
que inspirou diversas gerações de artistas
portugueses.
‘FIZ DOSTEUS CABELOS A MINHA BANDEIRA’
- (1.ºVERSO DA MÚSICA “VOZ AMÁLIA DE NÓS”)
Por muito que gostasse de cortar cabelo,
ofício que aprendeu quando viveu em
Amesterdão em 1974, aquilo que Variações
verdadeiramente amava era a Música. Queria
“Mudar de Vida”. Sonhava largar os secadores
e pisar o palco para mostrar ao mundo as
suas canções. Curiosamente, conseguiu
o bilhete para a fama num momento em
que estava de tesoura na mão, em plena
actividade de cabeleireiro. Tudo mudou no
preciso instante em que um homem influente
se sentou na sua cadeira de barbeiro, o
Midas da canção nacional daquele tempo:
Júlio Isidro. Enquanto lhe cortava o cabelo,
António segredou-lhe: “O Júlio sabe que eu
também canto...?” Mais tarde, entregou-
lhe uma maquete em formato cassete. Júlio
Isidro ouviu-a - foi música para os seus
ouvidos - ficou rendido ao talento do cantor
e acabou por ‘descobrir’ mais um ícone da
música portuguesa. Uma semana depois,
António Joaquim Rodrigues Ribeiro (nome de
nascimento) estava a estrear-se na televisão,
no programa da RTP, “O Passeio dos Alegres”.
“O ANTÓNIO VARIAÇÕES CORTOU-ME O CABELO”
TEXTO FREDERICO MORENO ILUSTRAÇÃO GONE MONTEIRO
64 DIF RETRO CULTURE
34. FRED PERRY AUTHENTIC STORE
A visão da marca britânica Fred Perry materializou-
se na sua primeira loja na cidade de Lisboa. A nova
FRED PERRY Authentic Store segue as tendências
internacionais da marca, com grande simplicidade na
decoração e predomínio dos tons azuis e brancos, que
remetem para a sua origem, fundada em 1952.
Situada na Rua do Ouro, em plena baixa lisboeta,
a loja procura conquistar um público que valoriza
produtos com qualidade, que segue e dita as tendências
da moda. Um dos principais objectivos do novo espaço
é possibilitar uma visão mais alargada do universo Fred
Perry ao público fiel da marca.
A loja disponibiliza as coleções Authentic masculina e
feminina, assim como, a linha da Fred Perry para os mais
novos. Está também disponível a linha de calçado, malas
e outros acessórios tão característicos da marca, bem
como edições limitadas.
Fred Perry Authentic Store
Rua do Ouro, 234, Lisboa
Segunda-feira a Sábado, das 10h às 19.30h
SUPERDRY NO PORTO
A marca britânica Superdry, referência internacional
no universo da moda casual, chega agora a Portugal.
Inspirada por uma viagem aTóquio, a marca inglesa
representa uma fusão entre o grafismo japonês, as
referências da tradição americana e os conhecimentos
britânicos de tailoring.
A Superdry aposta no mercado português e tem
em desenvolvimento um plano de expansão para
os próximos anos no país.A primeira loja abriu no
coração da cidade do Porto, na Rua das Carmelitas
130, sob a alçada da Marques Soares.
O primeiro ponto de venda Superdry conta com
uma área de 80 metros quadrados e apresenta os
“must-have” da marca: camisas axadrezadas, hoodies,
malhas em tamanho XL e jeans com estética Superdry.
Uma segunda loja já abriu no Centro Comercial
Marshopping, em Matosinhos, com uma área de
vendas de 180 metros quadrados.A Superdry tem
atualmente mais de 450 lojas em todos os continentes
e está comprometida com o mercado Português, com
um ambicioso plano de expansão. MG
Superdry Porto
Rua das Carmelitas, 130
Porto
THE BRITISH ARE COMING!....
66 DIF PLACES
CORTA/ ACÇÃO!
Passou depressa como sempre passa o tempo que se goza. Quem não gosta doVerão, de ter um livro para ler e
não o fazer? O email a ganhar pó, a casa que se abandona alegremente, a secretária do trabalho impoluta. E, de
repente, cai-nos Setembro em cima: voltamos à cidade ainda a cheirar a praia, bronzeado orgulhoso, suspiros ao
apanhar o metro, o dedo a escorregar para as fotos das férias. Nesta edição não pudemos, à imagem deste mês
fronteiriço, escapar a alguma nostalgia na forma de revistações:Arcade Fire,AntónioVariações, Fleetwood Mac ou
o maior rock’n’roller portuguêsVictor Gomes. Mas, também à sua semelhança, há nestas páginas que vais agora
fazer tuas, rostos e projectos que nos inspiram para olhar em frente. O mesmo ímpeto de sempre: fazer. Seja
música, pintura, fotografia ou roupa interior. Setembro é, semelhante a um Janeiro, o mês das resoluções. Por isso
te dizemos: avança, faz e mostra-nos, a DIF quer falar sobre ti.
MARTA GONZÁLEZ
Por decisão editorial, cada artigo nesta DIF foi mantido na sua ortografia original.
DIRECTOR
Trevenen Morris-Grantham
trevenen@difmag.com
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Marta González
marta@difmag.com
DIRECTOR DE ARTE
Ricardo Galésio
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO
Alexandra João, Elsa Garcia, Francisco Ferreira,
Frederico Moreno, Gone Monteiro, Herberto
Smith, Ines Ferreira, João Moço, Joel Alves, Magali,
Pedro Saavedra, Ricardo Aço, Ricardo Santos,
RitaTomás, Rute Correia,Tiago Costa,Victoria
Goulding,Wellington de Oliveira Mainardinng
Capa
Fotografia:Tiago Costa
Styling: Magali
Make Up e Cabelos:
Wellington de Oliveira Mainardinng
Modelo: FredericoVentura (Just Models)
Camisola Le coq sportif
Calças Carhartt
Ténis Converse
Pulseira e Anel da produção
06. Fotografia
(In)definições de género
Texto: João Moço
08. Capa Dura
Victor Gomes, Juntos Outra Vez
Texto: Elsa Garcia
10. Cultura
Um hemisfério de cada vez
Texto: Rute Correia
12. New Stars Factory
Hexágono Amoroso de Miguel
Torga
Texto: Elsa Garcia
14. Fotografia
A beleza da banalidade
Texto: Marta González
16. Intervenção Urbana
Eu sou Hazul
Texto: Alexandra João
18. Moda
Lady Levi’s: We Can Do It!
Texto: Marta González
20. Moda
Merrell Outono/Inverno 2014
Texto: Marta González
22. Design
Lingerie Cibernética
Texto: Elsa Garcia
24. Kukies
28. Still Life
Stepping Stones
Fotografia: Tiago Costa
Set Design: Marta González
32. Moda
Rebel, rebel
Fotografia Tiago Costa
Styling Magali
38. Extra-Pessoal
Conversa com Délio Jasse
Texto: Pedro Saavedra
Fotografia: Herberto Smith
44. Moda
Coreto Raw: o palco dos
autênticos
Texto: Marta González
com Inês Ferreira
Fotografia: Tiago Costa
50. Música
Fleetwood Mac:
a melhor banda do mundo?
Texto: João Moço
52. Música
10 anos de Arcade Fire
Texto: Francisco Ferreira
54. Moda
Blue is the warmest colour
Fotografia: Ricardo Santos
Styling: Joel Alves
62. Arte
Susana Pomba, a curadora
invisível
Texto: Rita Tomás
Fotografia: Vera Marmelo
64. Retro Culture
“ O António Variações cortou-
me o cabelo”
Texto: Frederico Moreno
Ilustração: Gone Monteiro
66. Places
ÍNDICE
PROPRIEDADE Publicards, Publicidade Lda.
DISTRIBUIÇÃO Publicards publicards@netcabo.pt
REGISTO ERC 125233,
NÚMERO DE DEPÓSITO LEGAL
185063/02 ISSN 1645-5444,
COPYRIGHT Publicards, Publicidade Lda.,
TIRAGEM MÉDIA: 17 000 exemplares
PERIODICIDADE Mensal,
ASSINATURA 10€ (8 Números)
REDACÇÃO E DEPARTAMENTO COMERCIAL
LX Factory, sala 3.11
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1300-501, Lisboa
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