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REVISTAMENSALDETENDÊNCIASEGUIACULTURALGRATUITO.NÚMERO105.SETEMBRO2014
105
CORTA/ ACÇÃO!
Passou depressa como sempre passa o tempo que se goza. Quem não gosta doVerão, de ter um livro para ler e
não o fazer? O email a ganhar pó, a casa que se abandona alegremente, a secretária do trabalho impoluta. E, de
repente, cai-nos Setembro em cima: voltamos à cidade ainda a cheirar a praia, bronzeado orgulhoso, suspiros ao
apanhar o metro, o dedo a escorregar para as fotos das férias. Nesta edição não pudemos, à imagem deste mês
fronteiriço, escapar a alguma nostalgia na forma de revistações:Arcade Fire,AntónioVariações, Fleetwood Mac ou
o maior rock’n’roller portuguêsVictor Gomes. Mas, também à sua semelhança, há nestas páginas que vais agora
fazer tuas, rostos e projectos que nos inspiram para olhar em frente. O mesmo ímpeto de sempre: fazer. Seja
música, pintura, fotografia ou roupa interior. Setembro é, semelhante a um Janeiro, o mês das resoluções. Por isso
te dizemos: avança, faz e mostra-nos, a DIF quer falar sobre ti.
MARTA GONZÁLEZ
Por decisão editorial, cada artigo nesta DIF foi mantido na sua ortografia original.
DIRECTOR
Trevenen Morris-Grantham
trevenen@difmag.com
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Marta González
marta@difmag.com
DIRECTOR DE ARTE
Ricardo Galésio
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO
Alexandra João, Elsa Garcia, Francisco Ferreira,
Frederico Moreno, Gone Monteiro, Herberto
Smith, Ines Ferreira, João Moço, Joel Alves, Magali,
Pedro Saavedra, Ricardo Aço, Ricardo Santos,
RitaTomás, Rute Correia,Tiago Costa,Victoria
Goulding,Wellington de Oliveira Mainardinng
Capa
Fotografia:Tiago Costa
Styling: Magali
Make Up e Cabelos:
Wellington de Oliveira Mainardinng
Modelo: FredericoVentura (Just Models)
Camisola Le coq sportif
Calças Carhartt
Ténis Converse
Pulseira e Anel da produção
06. Fotografia
(In)definições de género
Texto: João Moço
08. Capa Dura
Victor Gomes, Juntos Outra Vez
Texto: Elsa Garcia
10. Cultura
Um hemisfério de cada vez
Texto: Rute Correia
12. New Stars Factory
Hexágono Amoroso de Miguel
Torga
Texto: Elsa Garcia
14. Fotografia
A beleza da banalidade
Texto: Marta González
16. Intervenção Urbana
Eu sou Hazul
Texto: Alexandra João
18. Moda
Lady Levi’s: We Can Do It!
Texto: Marta González
20. Moda
Merrell Outono/Inverno 2014
Texto: Marta González
22. Design
Lingerie Cibernética
Texto: Elsa Garcia
24. Kukies
28. Still Life
Stepping Stones
Fotografia: Tiago Costa
Set Design: Marta González
32. Moda
Rebel, rebel
Fotografia Tiago Costa
Styling Magali
38. Extra-Pessoal
Conversa com Délio Jasse
Texto: Pedro Saavedra
Fotografia: Herberto Smith
44. Moda
Coreto Raw: o palco dos
autênticos
Texto: Marta González
com Inês Ferreira
Fotografia: Tiago Costa
50. Música
Fleetwood Mac:
a melhor banda do mundo?
Texto: João Moço
52. Música
10 anos de Arcade Fire
Texto: Francisco Ferreira
54. Moda
Blue is the warmest colour
Fotografia: Ricardo Santos
Styling: Joel Alves
62. Arte
Susana Pomba, a curadora
invisível
Texto: Rita Tomás
Fotografia: Vera Marmelo
64. Retro Culture
“ O António Variações cortou-
me o cabelo”
Texto: Frederico Moreno
Ilustração: Gone Monteiro
66. Places
ÍNDICE
PROPRIEDADE Publicards, Publicidade Lda.
DISTRIBUIÇÃO Publicards publicards@netcabo.pt
REGISTO ERC 125233,
NÚMERO DE DEPÓSITO LEGAL
185063/02 ISSN 1645-5444,
COPYRIGHT Publicards, Publicidade Lda.,
TIRAGEM MÉDIA: 17 000 exemplares
PERIODICIDADE Mensal,
ASSINATURA 10€ (8 Números)
REDACÇÃO E DEPARTAMENTO COMERCIAL
LX Factory, sala 3.11
Rua Rodrigues Faria 103
1300-501, Lisboa
Telefone: 21 32 25 727
Fax: 21 32 25 729
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NIB: 0038 0051 00904658771 96, enviando comprovativo para o e-mail
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Tudo começou há ano e meio, numa conversa entre
amigos. Chloe Aftel, fotógrafa norte-americana, tomou
contacto com uma jovem rapariga que se identificava
como genderqueer, ou seja, foge ao binário de género, não
se identificando exclusivamente nem como mulher, nem
como homem. A partir daqui decidiu explorar com maior
profundidade esta comunidade, tendo já retratado dezenas
de pessoas com a sua câmara,sendo este um projeto ainda
em continuidade.
“O que eu adoro nesta série é que cada sujeito, cada
sessão fotográfica é uma experiência totalmente única”,
afirmou a própria fotógrafa numa breve entrevista dada
à DIF. Já fotografou dezenas de pessoas, entre eles Sasha
Fleischman, estudante no liceu de Maybeck, na cidade
norte-americana de São Francisco,que sofreu um crime de
ódio a 4 de novembro de 2013 quando, a caminho de casa,
foi incendiado/a num autocarro público por envergar uma
saia e uma camisa de homem.
Apesar da forte dimensão política que um trabalho
fotográfico desta natureza pode ganhar no contexto atual,
ainda assim Chloe Aftel não associa estes seus retratos
como uma forma de alertar para determinadas realidades
desprivilegiadas. “Gosto sempre que as pessoas retirem
algo das imagens sem que exista alguém que lhes diga o
que pensar. E estou muito grata por ter tido a possibilidade
de criar esta série”, explicou.
Um ano depois do projeto se ter iniciado a fotógrafa
foi contratada pela San Francisco Magazine, onde já foram
publicados retratos não só de Sasha Fleischaman, mas
de outros jovens que se recusam a que a sociedade os
defina. Nesta comunidade a diversidade e individualidade
são valores altamente protegidos, como esclareceu Chloe
Aftel. “Existem pessoas nesta série fotográfica que se
identificam como gender neutral [termo que não se
refere a um só género], genderqueer, agender [a ausência
de género] e de muitas outras formas. Estão aqui pessoas
dentro do regime binário, outras estão fora dele ou em
muitos lugares no meio.”
As políticas de género são um assunto com o qual
a norte-americana se preocupa há largos anos, tendo
para este projeto contado com ajuda inicial do também
fotógrafo Antonio De Lucci, que lhe falou pela primeira vez
do termo agender.
Esta série fotográfica de Chloe Aftel vem assim mostrar
como a realidade é muito mais rica e diversa do que é
imposto pelas normais socioculturais, sendo também um
testemunho de demonstração de coragem e liberdade.
www.chloeaftel.com
(IN)DEFINIÇÕES DE GÉNERO
TEXTO JOÃO MOÇO
Sasha
Viola
Edie
6 DIF FOTOGRAFIA
São muitos e complexos os motivos do quase
esquecimento da cena rock primitiva portuguesa, entre
eles uma ditadura que se prolongou demasiado tempo
e uma espécie de obliteração dos artistas dos anos 50 e
60 no pós-25 de Abril. Entre eles está Victor Gomes e os
seus Gatos Negros. Com uma atitude selvagem e espírito
destemido Victor acendia de emoção os vários palcos por
onde actuou.Muitas destas performances podem agora ser
lidas na biografia Juntos Outra Vez que deu também título
ao famoso EP de 1968.
Luís Futre, co-autor do livro Portugal Eléctrico lançou
o desafio e Ondina Pires agarrou-o. Afinal “segundo
as palavras dele e mais tarde, de Victor Gomes, algumas
pessoas tinham começado a escrever a sua biografia mas
depois não puderam continuar, por vários motivos. Era
extremamente importante e urgente registar a vida de
um português fora do comum”, conta Ondina Pires. Entre
entrevistas, investigação e tradução, Ondina levou um ano
e meio a escrever o livro. “Tive momentos difíceis, de
autêntico desafio, e outros mais serenos. Não é fácil falar
sobre um artista tão especial e polémico”. Ao fim de dois
meses já nada a surpreendia, mas aquela que considera
a faceta mais interessante do artista “é a sua persistência
teimosa (no bom sentido) de levar todas as coisas avante.
Isso é fabuloso”.
Desde pequeno que Victor transparecia o seu gosto
pela música. Sempre muito afinado e com extremo bom
ouvido. A mãe fadista e a tia cançonetista ajudaram ao
talento. Os primeiros passos que deu foram no Instituto
onde estudou, perto de Lourenço Marques, actual Maputo.
Posteriormente venceu de forma arrebatada um concurso
do Rádio Clube e entretanto aconteceram muitas coisas
ao nível pessoal que atrasaram um pouco o lançamento da
sua carreira profissional.“A partir de 1961 nunca parou –
Angola, África do Sul...” Actuou em diversas bandas como
os Siderais, Dardos do Lobito e Corsários de Lourenço
Marques, mas foi nos Gatos Negros que mais se destacou.
“Pelo menos é assim que muitos portugueses continuam
a lembrar-se dele. Eram uns tipos bestiais! Souberam
compreender a garra rockeira e selvagem do seu vocalista
e acompanhavam-no em palco,com arrojo e determinação.
Do ponto de vista técnico não seriam os melhores mas o
que interessava acima de tudo era o espírito destemido e
espontâneo do conjunto”, conta Ondina Pires.
Os rebeldes Gatos Negros chegaram a fazer três e
quatro espectáculos num só dia. Pelo meio arrancavam
a roupa, seduziam raparigas e pregavam partidas nos
restaurantes onde comiam. Existe inclusive a memória
fotográfica e escrita da sua actuação ao vivo no meio da
Praça do Saldanha num concerto para o até então maior
ajuntamento de Portugal. “Foi algo muito insólito para
os brandos costumes portugueses da época e arrastou
uma multidão desvairada”. Ao nível de performance e
rebeldia nunca existiu ninguém assim neste país. “Ele
estava no sítio errado. Se fosse americano, inglês, francês
ou mesmo espanhol, o seu nome estaria no panteão
global dos rockers”.
O que começou por ser um longo relato de estórias
verdadeiras e fabulosas de uma vida cheia de aventuras
e emoções resultou numa obra sensorial, quase
cinematográfica que ao invés de capítulos tem cenas
quase fílmicas. Neste livro a história da vida do artista está
mesclada de episódios cómicos, outros trágicos, sendo
que as histórias mais curiosas estão relacionadas com
“affairs” amorosos e atitude em palco.ActualmenteVictor
quer casar, continuar a actuar, comer petiscos, conviver, e
como o próprio diz:“ai de quem não tiver estórias da sua
vida para contar.”
VICTOR GOMES, JUNTOS OUTRA VEZ
TEXTO ELSA GARCIA FOTOGRAFIA JOÃO FOLGOSA
8 DIF CAPA DURA
Caracas, Luanda, Lisboa. Não, não são só os Buraka Som
Sistema. Nem sequer o Diplo ou a ex-namorada M.I.A.
É certo que os resquícios de tropicalidade estacionaram
nas colunas de bons clubes há já vários anos, mas agora
parece que o passo de dança está a desacelerar. Entre
cumbias ou bachatas, o aquecimento tropical chegou à
Europa para ficar e já não é chunga tarraxar.
Frankfurt - Domingo,20h.A rua que vai do magnânimo
Banco Central Europeu à Hauptbahnhof (principal estação
de comboios da cidade) está praticamente deserta. No
meio do silêncio que se respira, avistam-se meia dúzia de
pessoas polvilhadas por entre os minutos que espaçam
cada metro que pára ali perto. A maior parte vira no
número 39 da Kaiserstrasse. Aqui é dia santo porque as
aulas de dança chegam em doses gratuitas. Esta semana,
aprende-se kizomba como se estivéssemos no Mussulo.
É verdade que a paixão pelos trópicos não é de hoje.
As mornas de Cabo Verde invadiram há muito uma
espécie de elite que se delicia com as prateleiras deWorld
Music. Em Lisboa, o caso é mais do que particular: graças
a uma segunda geração de portugueses cujo coração
ainda sente em criolo, os ritmos dos trópicos tornaram-se
uma espécie de movimento cultural semioficial entre os
habitantes dos subúrbios em qualquer uma das margens.
E se países como a França ou a Holanda assistiram a
movimentos semelhantes fruto das migrações das ex-
colónias, onde o zouk imperou nos anos 80 (das Antilhas
a Camarões), o mesmo não se pode dizer de paragens
como a Alemanha, onde a paixão é relativamente recente.
De volta à capital portuguesa, no MusicBox, desde
Dezembro de 2013 que o Baile Tropicante se tornou
residência mensal, mas a cumbia ecoa pela sala pelo
menos desde 2012 a ritmo assíduo, com as noites de
Flama Branca e seus convidados. Algumas boas centenas
de metros acima, a Enchufada tem editado regularmente
alguns dos talentos mais estimulantes da América Latina.
Talvez por isso não seja de estranhar que os mentores
Buraka Som Sistema também andem a produzir canções
de compasso lento. Basta ouvir alguns dos últimos
singles como “Sente” ou “Zouk Flute”, ou até o set que
apresentaram no primeiro “Boiler Room” lisboeta, para
ver que o paradigma rítmico está mesmo a mudar.
Perto do “progressivo” que o kuduro de “Wegue
Wegue” nos trouxe, existem agora (e cada vez mais)
reinvenções de géneros como o merengue, a bachata, a
kizomba,o tarraxo,a cumbia (entre tantos outros) vestidas
de sintetizadores modernos e batidas mais arrojadas. De
festivais de topo como o belga Dour a longos artigos no
Resident Advisor, as “menos de 120 bpms” do Tropical
Bass são muito mais do que uma febre sazonal.
E, se até aqui evitámos o name dropping, eis alguns
dos nomes a ter debaixo de olho: Maria Sonora, Dengue
Dengue Dengue!, Rafael Aragón, Roulet, Sunsplash ou
editoras como a ZZK Records, a Cabeza netlabel e,
claro, a portuguesíssima Príncipe Discos são referências
obrigatórias.
UM HEMISFÉRIO DE CADA VEZ
TEXTO RUTE CORREIA
Dengue Dengue Dengue
10 DIF CULTURA
TEXTO ELSA GARCIA
Fotografia Ricardo Santos
Styling Joel Alves
Make Up Victoria Goulding por MAC
Cosmetics
Blazer e Calças Dockers
Camisa Levi’s
Óculos Ray-Ban
Ténis Converse
13 DIF NEW STARS FACTORY
Miguel Torga gosta de melodias fragmentadas. De dia é
técnico informático num banco, à noite vai a correr para
casa para o seu playground: os sintetizadores e a música
que deles sai.
Há dois anos enviou um EP de um dos seus projectos
para várias editoras e muito poucas lhe responderam.
Apercebeu-se que não existia o interesse de ouvir
música de gente que não conheciam. O melhor seria
então lidar com pessoas que conhece. Assim, contactou
a editora Elements, que já lhe tinha perguntado se tinha
músicas para editar ao que Miguel respondeu: “tenho
mais do que isso, tenho um álbum”. Assim foi e nasce
Hexágono Amoroso. O título é um reflexo do que é viver
e conhecer muitas pessoas, mas não pretende de todo
transmitir a ideia de playboy.
No teu disco encontramos para além do Manifesto
Anti Dantas, diálogos de João César Monteiro e Manuel
de Oliveira. O que te levou a fazer estas fusões com a
música electrónica?
Tem a ver com o cinema que eu vejo. Samplo cinema
português porque é uma fonte de palavra e quero usar
palavras na minha música. Não sou nada original nessa
ideia, se reparares, o house e o techno dos anos 90 está
cheio de samples de filmes em inglês. Em Manuel de
Oliveira há muitos diálogos non sense, até próximos do
absurdo e eu gosto disso. Gosto de coisas que não são
concretas, são abstractas e que se podem interpretar de
muitas formas.
Como foi o processo de construção do disco desde que
surgiu a ideia até ao resultado final?
Inicialmente não estava a pensar fazer um disco, só queria
fazer músicas. Já tinha mais de 40 temas e pensei que
desses 40 poderia escolher 10 ou 15 que se inserissem
dentro do mesmo conceito.
E qual é o conceito?
É uma onda um bocado bucólica. Campo, espaços
abertos, natureza e verdura com muita clorofila.
Um campo que está relacionado com as tuas raízes: o
Alentejo.
As raízes e o gostar do mato e de pescar, mas não em
Lisboa. Aqui tento convencer os amigos a ir à pesca mas
ninguém quer. Mas aqui também não me interessa, vão
para o rio e ficam parados a olhar para a cana e a beber
minis.A pesca que eu faço é totalmente diferente. O isco
não pode ir ao fundo e torna-se numa actividade muito
física e dinâmica. Um género de pesca solitária.
Já eras fã de música electrónica quando começaste a
fazer música?
Tinha 17 anos quando a cultura rave apareceu em
Portugal, o primeiro disco dos Underground Sound
of Lisbon com o tema So Get Up. Eu já ouvia música
electrónica há bastante tempo, mas o conceito da música
de dança não me agradava. Depois explodiu em Portugal,
dançava até ao nascer do sol e comecei a querer fazer
aquele tipo de música. Durante muito tempo fiz coisas
que não me apetecia mostrar a ninguém e a partir de
2005 encarei a ideia com maior seriedade e fui ficando
cada vez mais satisfeito.
Fazes música todos os dias?
Sim, e quando sair daqui vou fazer.
Mas tens sempre vontade ou fazes por disciplina?
Não. Faço por necessidade, é preciso. Sinto-me inútil
quando não a estou a fazer.
Nas tuas pesquisas, quando estás na tua actividade
laboratorial de criador, o que é que te inspira?
Oiço muita música pop, folk, funk e tudo o que possas
imaginar. Às vezes estou a ver um filme, oiço uma frase
que me agrada, paro o filme, gravo e a seguir continuo.
O teu disco faz-me lembrar o universo do Herbert.
Sim, é um dos meus pilares, tal como o Akufen, Basic
Channel e a cena dub techno que me remete muito para
natureza.
Preferes fazer música ou passá-la em DJ sets?
São coisas completamente diferentes.Gosto mais de fazer,
mas gosto muito de tocar. É a última fase do processo em
que estás a testar a música na pista e a ver como é que
as pessoas reagem.
E como reagem?
Dançam que se fartam (risos).
E o que vem a seguir?
Já tenho outro álbum pronto, o primeiro EP de Early
Jacker que vai sair pela Extended Records. É diferente,
com uma linguagem mais universal, mais soul, funk e disco
e mais facilmente exportável. Miguel Torga não consigo
exportar, tem uma linguagem extremamente portuguesa.
HEXÁGONO AMOROSO DE MIGUEL TORGA
TEXTO ELSA GARCIA
13 DIF NEW STARS FACTORY
facebook.com/gshockpt
Procura-nos no facebook
Há tumblrs assim mas são raros. Colecções de fotografias
que nos fazem querer perguntar ao autor: “Posso ser tua
amiga?”Instigam a vontade de saber mais,de estar presente,
de conhecer as pessoas retratadas, de perceber como é
que aquilo aconteceu.A DIF falou com Rui Palma, formado
em teatro, que recentemente descobriu a fotografia e nela
uma verdadeira “obsessão”.
“É inevitável fotografar”, diz Rui Palma de 20 anos.
“Comecei quando fui a Barcelona e uma amiga me ofereceu
uma câmara” recordando o primeiro clique:“Fomos a uma
espécie de cabaret e estava lá a Didi Maquiaveli, um Drag
de uma beleza incrível. Pus-lhe o dedo na boca e disparei”.
Bang bang, o momento ficou registado numa das mais
hipnotizantes imagens de Rui Palma. Admite-se viciado
nesse “gesto de me intrometer e guardar algo”, o que nos
leva a perguntar se há encenação nas imagens que capta.
O fotógrafo desvenda que enquanto algumas das imagens
têm uma preparação, outras “encontra-as por acaso”. “A
banalidade está cheia de beleza” e por isso preocupa-se
em não se esquecer da máquina pois “há sempre algo
interessante para fotografar, sejam amigos ou estranhos”.
A tua vida parece ser uma festa constante, atiramos em
jeito de provocação.“Não é, isso seria aborrecido.Algumas
imagens são captadas em situação de festa e é nesses
registos que se vê a solidão.” E o Rui está lá para gravar a
breve brecha que se abre para a alma: “Não procuro ser
melancólico, procuro uma certa franqueza”.
Acompanha em ruipalma.tumblr.com
A BELEZA DA BANALIDADE
TEXTO MARTA GONZÁLEZ
14 DIF FOTOGRAFIA
WALK,don’t
fly
WWW.FLYLONDON.COM
NãoCaminhes,VOA!
Não lhe conhecemos a idade mas Hazul já pinta na rua há
cerca de 15 anos. Primeiro veio o graffiti tradicional - “de
letra”, como o artista lhe chama -, e em 2007 o desenho
figurativo,sob o pseudónimo pelo qual hoje o conhecemos.
“Mudei o nome para não estar associado ao trabalho
anterior mas aproveitei o que tinha aprendido com o
graffiti para continuar a pintar.Agora com outra linguagem
e noutros locais”, conta Hazul, que prefere os muros do
centro da cidade às auto-estradas das periferias.Totalmente
autodidacta, a frequência num “curso chato” valeu-lhe a
motivação para o desenho pois “era a única coisa que
fazia nas aulas”.“Acho que o truque foi escolher um curso
mesmo muito chato”, graceja entre sorrisos.
Hazul sempre se interessou pela simbologia e
iconografia dos povos antigos, pelo que, quando deixou de
desenhar letras,“automaticamente” começou a reproduzir
figuras semelhantes. Ressalva, contudo, que uma vez que
não tem formação, este processo de viragem foi “muito
lento” embora “gradual”. Primeiro,“desconstruir as letras”;
depois,“abstratizar as formas”, e, por último,“criar padrões
e figuras”. Com a adopção de uma linguagem menos
limitadora de que o graffiti, o artista sentiu necessidade
de alugar um estúdio-atelier para desenvolver projectos a
médio e longo prazo. Como pinta quase sempre na rua e
de forma ilegal, as condições são precárias: pouco tempo,
pouco material, muita pressão, o que implica “sintetizar”. Já
no atelier, tem a possibilidade de fazer o que realmente
quer, sem restrições, e de dar o seu melhor.
Apesar de artista urbano, as referências de Hazul
atravessam fronteiras: desde a arte conceptual à natureza,
da arte tradicional aos seus próprios amigos. No fim, a
representação tem que ser de leitura universal, tem que
ser contemporânea, de maneira a que daqui a cem ou
duzentos anos,seja igualmente válida para qualquer cidadão
do mundo.Tudo isto obriga a que o artista não se deixe
agregar por modas, grupos e estilos.A nível técnico e visual,
Hazul rejeita a vectorização e o tecnológico em prol de
formas geométricas, manuais e orgânicas.
Os antepassados fazem parte do trabalho do artista,
porém este não se considera um saudosista mas antes
um futurista ancestral. Acredita que “falta à humanidade
voltar a fazer essa ligação às coisas mais importantes, num
mundo que se tornou tão material e,agora,virtual”.Não se
apoquenta quando lhe chamam pop pois considera a arte
popular mais interessante do que a erudita, ainda que sem
menosprezo para a segunda.“No meu trabalho tento criar
um espaço transversal entre aquele que desconhece e os
académicos”, explica Hazul. Também por isso opta quase
sempre por pintar no centro da cidade para estar mais
próximo das pessoas.
Catapultado para as luzes da ribalta após as acções
anti-graffiti levadas a cabo pelo antigo executivo da
Câmara Municipal do Porto, liderado por Rui Rio, Hazul
deseja agora que o seu trabalho seja reconhecido. Apesar
da mudança (para melhor) de governação local, mantém
os pés bem assentes na terra até porque “há pessoas na
câmara que gostam [de arte urbana] e outras que nem
tanto”.“A Câmara fica ao lado dos artistas que, por várias
razões, se sobressaem e são acarinhados, e tenta isolar os
que não gosta”, alerta.
O interesse crescente das galerias e do mercado pela
arte urbana não o surpreende pois reflecte a vontade do
público. Encontra dois motivos: a arte urbana faz parte da
vida das pessoas e é de fácil compreensão.
Acompanha em www.fb.com/eusouhazul
EU SOU HAZUL
TEXTO ALEXANDRA JOÃO FOTOGRAFIA MIGUEL REFRESCO
16 DIF INTERVENÇÃO URBANA
#WEARETIPPED FREDPERRY.COM
Sagatex,Lda.-Telefone225089160-Email-sagatex@net.novis.pt
Houve um tempo em que só os homens podiam usar calças.
Hoje em dia, de acordo com uma sondagem da americana
“Cotton Incorporated’s Lifestyle Monitor” as mulheres
possuem em média 7 pares de jeans no seu guarda-roupa.
E se hoje é um dado adquirido, o direito das mulheres a
usarem calças generalizou-se há menos de 50 anos.
Na verdade o registo de mulheres a usarem calças
remonta à era Victoriana, às chamadas Pit Brow Girls,
filhas de mineiros que, impelidas pela pobreza e
apesar das interdições sociais, trabalhavam nas minas
e usavam as calças por baixo das saias. Mas só mais
tarde, na década de 30 do século XX, a guerra, a
entrada das mulheres no mercado de trabalho e o
cinema impeliram as mulheres para o uso desta peça.
Atenta às transformações sociais, em 1934 a Levi’s
lança os primeiros jeans pensados exclusivamente
para mulheres, a linha Lady Levi’s. Já em 1873 a Levi
Strauss & Co. tinha revolucionado ao criar as Levi’s
501, os primeiros jeans da história. Com este pequeno
passo para os homens mas gigante para as mulheres,
a Levi’s inscreveu-se para sempre como uma das mais
vanguardistas marcas de moda.
Havia naquelas primeiras calças de ganga femininas algo
que ultrapassava a herança do western americano e da
working class. Na década seguinte, os jeans chegam à capa
da Vogue e nas décadas seguintes sobem ao pedestal de
ícone.A Levi’s tem vindo, nos 80 anos que nos separam os
primeiros Lady Levi’s, a captar a essência da feminilidade,
ousadia e identidade dos primeiros jeans.Como dizia Rosie,
the Riveter:“We can do it!”
LADY LEVI’S: WE CAN DO IT!
TEXTO MARTA GONZÁLEZ
18 DIF MODA
21 DIF MODA
Rant Finn Mid
Estação após estação, a Merrell continua a ser uma das marcas que mais
vemos nos pés dos portugueses. Para a nova temporada Outono/ Inverno
2014, a marca americana traz novidades no que toca a um dos nossos
modelos preferidos: o Rant. Pertencente à linha mais casual da Merrell,
este modelo beneficia de toda a tecnologia de conforto desenvolvida
pela marca para actividades outdoor mas com um design que os torna
ideais para a cidade. Os Rant dividem-se em modelos baixos e mid top e
vêm com texturas e paleta de cores dotadas para as estações mais frias.
Destaque também para oVerterraWaterproof,já da gama de calçado para
escalada, mas que se adequa perfeitamente a caminhadas mais urbanas. MG
21 DIF MODA
Merrell
Outono.Inverno
2014
Verterra WaterproofRant Ace
Rant Dex FOTOGRAFIA RICARDO SANTOS
STYLING JOEL ALVES
QUEER LISBOA 18
Festival Internacional de Cinema Queer
Lisboa 19 – 27.09.2014
Cinema São Jorge
Cinemateca Portuguesa
Porto 3 – 4.10.2014
Casa das Artes
www.queerlisboa.pt
Festival
Apoiado pelo
Festival Co-Financiado
pelo
Co-ProduçãoParceria EstratégicaProdução
Após uma noite à volta dos jogos que fizeram parte da sua
infância, Sebastião teve um sonho em que várias mulheres
usavam cuecas pixelizadas. Falou com Cesária, igualmente
designer, parceira do projecto e o sonho tornou-se real:
criaram as Pixel Panties.
Para passar do sonho à realidade optaram pelo
crowdfunding. Além do aspecto prático do financiamento,
“o crowdfunding é no fundo uma prova de conceito e
teste de viabilidade de uma ideia, o que era perfeito para
nós”, conta Sebastião. Pediram cerca de 9500€, o valor
necessário para lançar uma microprodução e montar a loja
online mas conseguiram quase o dobro do valor.
Com um orçamento de 1000 euros colocaram tudo
a funcionar através de um vídeo e de uma produção
fotográfica. “Às pessoas já é pedido que façam o esforço
de investir em algo que ainda não existe, mas se não
conseguirem visualizar em que consistirá o produto final,
então suponho que esse esforço se torne gigante e mais
improvável”, desvenda. O amigo Luís Miranda – copywriter
– criou o slogan: “made with squares, fit for round
bottoms”. A sorte estava lançada. Estavam nos 30% do
objectivo quando saiu um artigo no site americano Boing
Boing.As contribuições dispararam e a partir daí entraram
numa espiral que nunca mais parou.
Crowdfunding, investir numa ideia
A quem queira lançar um projecto e tentar a sorte através
do crowdfunding, Sebastião aconselha a“demorar tempo a
afinar a ideia. Não vale a pena lançar um esboço. Convém
também não ignorar as pessoas que contribuem pois
são elas que ajudam e merecem toda a atenção possível,
mesmo depois de darem o seu contributo. Por último, ter
pelo menos uma pessoa a tempo inteiro a acompanhar o
processo. Dá muito mais trabalho gerir uma campanha do
que criá-la”.
Uma vez que conseguiram o dobro do valor que
pediram inicialmente pretendem produzir mais peças e
fazer o registo de marca num maior número de países.
Actualmente a loja já existe em www.pixelpanties.com e
as “pixel” custam 18 euros com portes de envio incluídos
para todo o mundo. Há ainda uma edição especial limitada
a custar 55 euros. É composta por 100 cuequinhas, feitas
em licra prateada, numeradas e assinadas pelos criadores.
Sebastião usa-as desde que desenvolveram os protótipos
(sim,é mesmo isto que estás a ler).“São muito confortáveis
e não têm costuras”.
LINGERIE CIBERNÉTICA
TEXTO ELSA GARCIA
22 DIF DESIGN
CONVERSE CHUCKTAYLOR ALL
STAR X MISSONI
A Converse apresenta a coleção
Converse ChuckTaylor All Star
Missoni para o Outono 2014, com
a assinatura do design em zig zag da
Missoni, na icónica silhueta Converse
All Star.As duas marcas mantêm uma
parceria desde 2010 e já criaram oito
sneakers premium para a coleção
Converse First String, uma edição
limitada que celebra o artesanato,
a autenticidade e a colaboração ao
mais alto nível. Consulta os pontos de
venda em converse.pt
24 DIF KUKIES
ANITA PICNIC
A celebração da vida ao ar livre está na base de criação
da Anita Picnic, que tal como o nome indica, é uma marca
de produtos para piqueniques, para o campo, praia, jardim,
montanha ou uma festa.
É composta por produtos artesanais, com design exclusivo,
muito fofinhos e feitos à mão. Cestos e têxteis originais com
padrões desenhados, ideais para fazer um brilharete na vida ao
ar livre. São portugueses e aproveitam a produção das nossas
indústrias tradicionais. O nome deve-se à carga romântica e
ingenuidade que transporta. www.anitapicnic.com EG
BARBOURVESTE DEUS
A Barbour International colabora com a australiana Deus Ex
Machina, famosa pelas suas motas customizadas, numa coleção
limitada para a estação outono/inverno 2014. Esta é a primeira
colaboração de roupa masculina que a Barbour realiza desde que
se tornou numa marca autónoma. O resultado inclui casacos para
mota inspirados no arquivo da marca com colarinhos de couro de
alta qualidade, impermeabilizados com cera de abelha e botões de
mola, especialmente desenhados para Barbour x Deus Ex Machina,
malhas masculinas simples e t-shirts com ilustrações feitas à mão.
27 DIF KUKIES26 DIF KUKIES
O GALOVIROU CISNE
A Le coq sportif convidou a australiana Highs and Lows para
uma colaboração em que o modelo LCS R1000 foi reeditado.
O cisne foi escolhido para representar a união das duas marcas.
Existem dois modelos, um branco e outro preto, cuja inspiração
foram o cisne branco europeu e o cisne negro australiano
respetivamente. Não está prevista a venda em território
nacional mas podem ser encontrados nas lojas 24 Kilates e
Limiteditions em Barcelona.
LOUISVUITTON EM LIVRO
A LouisVuitton, pelas mãos da
editora Rizzoli NewYork, vai
lançar um livro de fotografia de
moda com as imagens produzidas
pela marca para campanhas
publicitárias e artigos de moda nas
mais conceituadas revistas.
Esta edição oferece uma
abordagem singular da história
da mulher e da fotografia desde
dos anos 50 até a actualidade
e contam com contribuições
de Mert Alas & Marcus Piggott,
Patrick Demarchelier,Annie
Leibovitz, Steven Meisel, Helmut
Newton, JuergenTeller e Inez van
Lamsweerde &Vinoodh Matadin,
entre outros.
Preço da edição de luxo: 100€
Preço da edição de livrarias: 75€
CARHARTT WIP XVANS CLASSICS
Para o Outono/Inverno 2014, a Carhartt Wip juntou-se uma
vez mais à equipa daVans Classics para lançar uns ténis únicos
que dão forma ao padrão Camo Mitchell.
O padrão original com a planta hera foi desenvolvido nos
anos 50 e usado pela primeira vez em 1953 pela Marinha
dos EUA. Esta colaboração está disponível na loja online e em
algumas lojas selecionadas.Aos ténis soma-se uma coleção
cápsula exclusiva, que inclui uma seleção de malas, acessórios e
t-shirts com o mesmo padrão.
PAREDE ETELA
Inaugura a 20 de Setembro, no Porto, a exposição coletiva
“Street Art On Canvas”. Nesta mostra os artistas são
convidados a unir duas linguagens – a tela e a intervenção
em parede - e desta forma “refirmar a força da arte urbana”.
Responderam ao apeloVanessaTeodoro, Frederico Draw,
Tamara Alves (na imagem), Gustavo Mesk e a Hazul Luzah,
entre outros.A exposição está patente até 25 de Outubro
de 2014 na DaVinci Art Gallery.
BANHO DE CERVEJA
A Sovina, marca nacional de cerveja, criou dois
sabonetes com base nos ingredientes daquela bebida:
um hidratante e outro exfoliante. Rica em cereais,
flor de lúpulo e levedura, a cerveja tem propriedades
antibacterianas e antioxidantes sendo ideais para
o cuidado da pele e do cabelo. O packaging e a
identidade dos sabonetes artesanais ficaram ao cargo
da supply, agência de comunicação e proprietária
da marca de estacionário de luxo Fine&Candy. Um
projeto confiado ao conhecimento e experiência da
centenária Saboaria e Perfumaria Confiança.
27 DIF KUKIES26 DIF KUKIES
E-BIKES DO PASSADO
Chamam-se Otor e Otok e querem ocupar um lugar na tua
garagem. São bicicletas eléctricas mas vestidas com detalhes
retro, inspiradas nos modelos das motorizadas dos anos 50. Este
meio de transporte sustentável é o ideal para a cidade, com os
seus 23 kilos e motor com autonomia de 40 a 65 quilómetros
que acumula a energia gerada pelas pedaladas.
Começou por ser um hobby de uma família de Barcelona,
com alguns membros engenheiros e com mais de 15 anos de
experiência e paixão pelas bicicletas e mobilidade sustentável.
Tudo começou na garagem da família cujo dono, engenheiro
mecânico, mantinha o hábito desde criança de montar e
desmontar bicicletas. Primeiro desenhou um quadro, depois o
motor e com ajuda do pai, um verdadeiro mãozinhas, juntou-lhe
detalhes para que se assemelhasse às motorizadas históricas.
Desta mistura original nasceu a Otocycles.
A marca de bicicletas eléctricas especializou-se na produção
artesanal, o que permite aos clientes personalizar o seu modelo
ao escolher entre uma variedade de cores e componentes. Não
há duas bicicletas iguais, assegura a marca. MG
PEPE JEANS LONDON
DENIM CELEBRATION
A história da Pepe Jeans London foi
construída em denim.“A linha azul corre nas
nossas veias” diz a marca britânica recordando
o seu início há mais de 40 anos, numa humilde
banca do mercado de Portobello Road.
Para a nova estação, a Pepe Jeans apresenta
orgulhosamente as suas peças icónicas
assim como os bestsellers e os modelos
intemporais. Qualidade, ajuste perfeito e
design são atributos que se encontram nas
quatro linhas da marca, seja na enérgica
Portobello, na colecão ’73, cuja inspiração são
o rock’n’roll, a arte e a música, na masculina
Heritage e na ecológicaTrue Blue.
Sapato NoBrand
FOTOGRAFIA TIAGO COSTA
SET DESIGN MARTA GONZÁLEZ
Ténis Alexandra Moura para Goldmud
Botim Pepe JeansBotim Fred Perry
Calças Carhartt
Pulseira da produção
Rebel, rebel
FOTOGRAFIA TIAGO COSTA
STYLING MAGALI
MAKE UP E CABELOS WELLINGTON DE OLIVEIRA MAINARDINNG
(com produtos Redken)
MODELO FREDERICO VENTURA (Just Models)
Bomber jacket Dockers
T-shirt Cheap Monday
Calças Dockers
Botas Fly London
Fio e brinco da produção
Casaco RVCA
Tank top H&M
Jeans Levi's
Ténis Puma
Camisola Levi’s
Calças Carhartt
Underware do modelo
Botas Fly London
Casaco Cheap Monday
Hoodie, Camisa e Calças Diesel
Acessórios da produção
TEXTO PEDRO SAAVEDRA FOTOGRAFIA HERBERTO SMITH
MAS QUEM É ESTETIPO?
O Délio nasceu em Luanda e tem 33 anos.
Veio para Portugal com 18 anos para trabalhar
com um primo numa serigrafia. Para fazer a
sua vida continuar nesta direcção geográfica,
viu a família espalhar-se pela Europa e
por África. Não teve medo e manteve a sua
curiosidade sempre activa, a abrir aparelhos
electrónicos, a colecionar fotografias e
documentos, até ao ponto em que começou
a mostrar as suas “brincadeiras” ao mundo.
Nunca estragou uma única fotografia original,
mas os processos que usa ofereceram ao
mundo pequenas máquinas do tempo, entre
o que cada história pessoal já foi e aquilo
que ainda pode ser hoje. De pequeno, o
trabalho do Délio, não tem nada e as suas
“brincadeiras” já o levaram, em pouco
tempo, a ser finalista no BESphoto.
O ANGOLANO
Nestes últimos tempos, as ideias que os
portugueses têm sobre Angola e os angolanos
sobre Portugal têm mudado muito, mas o
meu interesse é sobre este angolano com o
curioso nome de Délio. De onde vem o teu
nome? “Os meus pais sempre foram criativos
com os nomes, o meu irmão mais velho é
o Mudassir, que é um nome árabe, a seguir
eu, que sou o Délio, um nome grego, depois
o Danilo, um nome hebraico, depois a Irina,
nome russo, e depois a Daia, que é um mix
de Diana Ross, porque ela é Daia Rosélia.
Acho que a minha mãe tinha uma panca por
essa cantora…” Era mesmo para Portugal
que querias vir? “Era para aqui sim, porque
já desde miúdo falávamos de eu ir para
Portugal, para além disso tinha um bisavô
português. Daqueles que foram entalados e
tiveram de casar e ficar por lá, a família da
minha avó agarrou-o, ele casou e registou os
filhos.”
O COLECIONADOR
Reparei que o Délio coleciona coisas, entre
documentos, cartas, aerogramas e até
relógios, quase um arquivista do tempo a
precisar rapidamente de uma casa-museu
para lá guardar todo este espólio. Lembras-te
de quando começaste a colecionar coisas?
“Nunca fui um colecionador de cromos ou
de carrinhos de brincar, eu gostava mesmo
era de desmontar as coisas, tirar os dínamos
e fazer barcos. Descobrir como é que o íman
funciona, ver como é o interior das coisas.
Mas onde me bate a cena do colecionar é
já em Portugal, porque cresci a ver registos
e documentos do avô e da família, e eu era
muito ligado ao álbum de família.” E quando
chegava a casa, naqueles dias especiais
como o aniversário de alguém, ficava a olhar
para como era a Irina [irmã] há uns anos… E
vem daí a vontade de colecionar. Comecei
por colecionar máquinas fotográficas
antigas, polaroids e isso. Depois comecei a
comprar fotos de desconhecidos, para ver
como se fotografava na altura, a qualidade
da imagem… hoje há muita fotografia no
mercado, na altura a fotografia era muito bem
feita, serrilhada à volta, muito bem tirada, ao
pé do avião, ao pé de uma ovelha que não era
da pessoa… aquilo era lindo!”
O ARQUEÓLOGO
Tantos documentos arquivados, como
passaportes, cartas de aviso de morte,
aerogramas, farão do Délio um arqueólogo
descobridor de histórias pessoais fósseis,
ou até um arquivista de emoções. Sentes
essa responsabilidade? “Sinto. O caso da
identidade, de onde é que nós viemos, das
colónias. Fomos colonizados, e isso vai
sendo apagado da identidade. Há camadas,
eu mexo com isso, à procura de desvendar
alguma coisa, ou de mostrar alguma coisa.
Ninguém se recorda, há pessoas que não
sabem que existiu, que existe ou que já
existiu. Os aerogramas, por exemplo, eram
enviados pelas madrinhas de guerra, que
podiam ser homens ou mulheres. Alguns têm
até uma escrita diferente que eu não consigo
decifrar, mas há muitos enviados para cativar
o pessoal que estava lá na guerra, uma cena
de carinho que mexia com os soldados.” E
o que é que vais fazer a todo esse arquivo?
“Ainda não pensei nisso, mas eu não mexo
com os originais, estão todos intactos. São
fotografados e re-fotografados, passam pelo
scanner, são limpos e quase esculpidos para
um dia apresentar não sei onde, mas guardo
tudo. Os meus documentos da segurança
social ou do IRS, não lhes dou importância,
mas o resto guardo tudo. É como aquelas
coisas dos arquivos mortos em que tens
de guardar durante 5 anos ou isso, e isto
para mim é um arquivo vivo, porque conta
uma história. Uma certidão, uma fotografia
tipo passe, um cartão antigo do metro, tem
mais história e valor. Um documento com
uma assinatura, um cheque que tem coisas
escritas no verso, têm códigos e fronteiras.
Uma fatura da farmácia com palavras a
vermelho e tracejados a preto, para mim é
interessante.” O que muda tudo é um sinal
pessoal? “É a assinatura por baixo, um
carimbo, isso para mim é um documento, é
uma fotografia, e não uma mera fatura, é uma
imagem que revela um momento.”
39 DIF EXTRA-PESSOAL38 DIF EXTRA-PESSOAL
TEXTO PEDRO SAAVEDRA FOTOGRAFIA HERBERTO SMITH
CONVERSA
COM
DÉLIO
JASSE
39 DIF EXTRA-PESSOAL38 DIF EXTRA-PESSOAL
Camisa Fred Perry42 DIF EXTRA-PESSOAL
O SERIGRAFISTA
O Délio chegou a Portugal para trabalhar na
serigrafia de um primo, Aladino Jasse, que
estava por cá desde os anos 70. Como é que
começou o bichinho da fotografia? Dentro
do atelier havia um quarto escuro para
revelar fotos, para se fazer os fotolitos para
a serigrafia, e é aí que começa esse bichinho
pelas artes visuais. Comecei a fotografar
sem máquina, não tinha uma. Pegava numa
box (caixa de sapatos com um furo) onde
entrava o papel directamente e abria ao sol.
Fazia isso por gozo.” E quem reparou nisso
que estavas a fazer? “Foi no segundo atelier
de serigrafia em que trabalhei, que também
tinha um laboratório, máquinas fotográficas,
livros, era uma biblioteca e foi a minha
grande escola. Na altura o meu chefe, que
foi um guia para mim, é que me cativou.
Mostrava-lhe as imagens, às vezes eram
praticamente todas negras, mas ele respondia
sempre com palavras de incentivo, tipo isto
está óptimo mas tens que dar um bocado de
contraste aqui ou ali, mas está óptimo, estás
melhor.” Foi aí que te sentiste artista? “Eu
sempre gostei de fazer coisas diferentes, de
mexer com coisas, criar coisas. Mas eu, até
agora, não me sinto artista, sou um criador.
Artistas há vários, cada um na sua área, mas
gosto dessa parte da criação.” É aí que fazes
a tua primeira exposição? “Sim, a primeira
exposição, que hoje não ponho no currículo,
foi na Livraria Italiana da Rua do Salitre. O
trabalho mais honesto que eu tinha na altura,
bem feito e bem mixado, era mais plástico
do que agora. Estamos a falar de fotografia
com borrões de tinta por cima, não era um
Arnulf Rainer mas era um Délio Jasse que
nem conhecia o Arnulf Rainer na altura mas
já estava a fazer Arnulf Rainer. A exposição
era individual, com 18 peças emolduradas, e
chamava-se Sombra/Reflexos.”
O FOTÓGRAFO
Recentemente o Délio foi reconhecido através
do BESphoto, sendo um dos três finalistas
deste ano. Continuas a ser o mesmo miúdo
que gosta de experimentar coisas? “Até agora
não parei, continuo a experimentar, todos os
dias experimento. Não digo que estou prestes
a fazer do quadrado redondo, mas tento fazer
a fórmula triangular a partir desse quadrado.
Todos os dias eu tento lapidar um canto desse
quadrado e estar sempre a experimentar,
a improvisar e a ver outras formas do
quadrado. Esse trabalho do BESphoto, que
me deu mais visibilidade, ao ser projectado
e maquetizado, deu origem a cinco projectos
diferentes. Expus um, guardei três e outro
deles já apresentei. E agora, para onde vais?
“Esse trabalho do BESphoto vai para São
Paulo no Brasil, e fica num prédio lindíssimo
do Instituto Tomie Ohtake. Tenho também
uma exposição, em novembro, para uma
galeria na Cidade do Cabo. E uma residência
artística/exposição para a Alemanha.”
Consegues viver da fotografia? “Cá consigo,
em Angola já não, que é tudo mais caro e
complicado. Mas quando melhorar quero
passar temporadas lá e outras aqui. Um
dia gostava, mas não digo agora, por várias
razões.”
Observação:
A entrevista foi realizada na esplanada da
Cantina Lx com som de aviões, clientes
habituais e até uma outra entrevista a um
realizador conhecido, na mesa ao lado.
www.deliojasse.com
42 DIF EXTRA-PESSOAL
44 DIF MODA 45 DIF MODA
SEQUIN
Sequin é o projecto a solo de Ana Miró, cujo primeiro sucesso foi o tema Beijing. Há nas suas músicas
o que já foi chamado de ‘orientalidade electro pop’, em que a sua voz quente e inocente combina com
ritmos electrónicos num misto de festa e nostalgia. Lançou, em Abril, o disco de estreia Penelope.
+ sequinsequin.bandcamp.com
“É estranho ver as
pessoas a cantar as
nossas músicas.”
Na última edição do NOS Alive em Algés, a G-Star convidou para
o seu Coreto músicos, Dj’s e bandas em expansão. Como não
podia deixar de ser, a marca holandesa vestiu cada um deles a rigor
primando pelo denim e acabamentos de qualidade.
Mesmo a competir com os brindes e néons de outros palcos
maiores, o Coreto RAW atraiu público consistente, em contra-
corrente mas coeso, atraído pelo magnetismo destas novas bandas.
A DIF apanhou-os no fim das actuações e numa conversa à boca de
cena trocou umas palavras e apresentações.
CORETO RAW: O PALCO DOS AUTÊNTICOS
44 DIF MODA 45 DIF MODA
CPT. LUVLACE
RodrigoVon Schanderl ao longo de mais de uma década de carreira já passou pelos maiores
clubes nacionais, granjeando uma audiência fiel. Conhecido pelo eclectismo e a adaptação aos
diversos ambientes, o capitão dos discos é conhecido por espalhar o amor por onde passa.
+ www.mixcloud.com/cptluvlace
“O meu nome é
um tributo à Linda
Lovelace e ao filme
Garganta Funda.”
TEXTO MARTA GONZÁLEZ COM INÊS FERREIRA
FOTOGRAFIA TIAGO COSTA
TODOS OS MÚSICOS ESTÃO INTEGRALMENTE VESTIDOS COM
PEÇAS G-STAR COM EXCEPÇÃO DO CALÇADO E ACESSÓRIOS.
46 DIF MODA 47 DIF MODA
KEEP RAZORS SHARP
Keep Razors Sharp são Afonso (Sean Riley &The Slowriders), Rai (The Poppers), Bráulio (ex-Capitão
Fantasma) e Bibi (Riding Pânico, entre outros). Com uma sonoridade entre o psicadelismo, o shoegaze
e o pós-rock, os dois singles de estreia “I SeeYour Face” e “9th” tornaram-se sucessos radiofónicos e
levaram a banda a ser uma das presenças mais assíduas dos festivais deVerão deste ano.
+ www.fb.com/KeepRazorsSharp
“O nosso estilo é um estilo livre,
é o que é. Todos nós vimos de
background diferentes.”
46 DIF MODA 47 DIF MODA
BRUSHY ONE STRING
A guitarra com apenas uma corda acompanha a voz jamaicana de Brushy
One String e o palco fica cheio. O músico ficou conhecido mesmo antes de
lançar o álbum Destiny graças aos seus vídeos noYouTube e a sua aparição
no documentário de culto sobre o reggae Rise Up.
+ brushyonestring.com
“I love to do what I do.”
THE WALKS
Banda formada por Gonçalo Carvalheiro (baixo), Hélder Antunes
(bateria), John Silva (voz), Nelson Matias (guitarra) e Miguel Martins
(guitarra). Com uma forte aposta na vertente de performance, a
banda personaliza a essência da fusão entre a pujança do rock n’ roll
com o groove do r’n’b e do soul.
+ www.fb.com/thewalksband
“The Walks é uma experiência.”
48 DIF MODA 49 DIF MODA
GRRRL RIOT
Colectivo de dj’s do Porto, que iniciaram actividade no clube Plano B. O núcleo duro
da Grrrl Riot é composto pela Jackie (ausente na actuação no Coreto RAW), Maria e
Min & Supa, activistas musicais da Invicta, com um fraquinho para a paz e para o amor.
+ grrrlriotplanob.tumblr.com
"Os espanhóis adoraram...
Guapas, guapas!"
48 DIF MODA 49 DIF MODA
D’ALVA
Alex d’AlvaTeixeira e Ben Monteiro apresentaram-se, acompanhados por Carolina
Barreiro, em versão redux, mostrando o seu lado mais electrónico. Um concerto
cheio de entusiasmo que roubou público aos cabeças de cartaz de outros palcos.
D’Alva e o seu disco #batequebate são, sem dúvida, essenciais em 2014.
+ www.fb.com/somosdalva
“Foi assustador!
Em palco nasce um
instinto animal: tu vês
a presa e tens que ir lá”
TEXTO JOÃO MOÇO
Às vezes acredito que a The Chain é a melhor
canção alguma vez escrita. Noutros dias
vêm-me à memória outras como a Dreams,
Never Going Back Again, You Make Loving Fun,
Sara, Storms, Think About Me, Seven Wonders,
Everywhere, Rhiannon ou Landslide. Tudo razões
mais que suficientes para me questionar
se serão os Fleetwood Mac a melhor banda
do mundo. Um grupo que partiu do Reino
Unido com os blues rock movidos a LSD pela
guitarra de Peter Green e daí teve certamente
mais que sete vidas até se transformar na
instituição pop que ainda hoje resiste, um
grupo que tem à sua frente mulheres como
Steve Nicks e Christine McVie, parece
impossível não afirmar que, a escolher só
uma, seriam os Fleetwood Mac a melhor
banda do mundo.
Entre as canções anteriormente
enumeradas ficou por referir Little Lies, canção
difícil de esconder a qualquer alma desde
que foi revelada pela primeira vez ao mundo
no verão de 1987. Tendo nascido na recta
final dessa década parece-me natural que
tenha crescido com as melodias luminosas
e maiores que a vida do álbum Tango in the
Night (1987) a entranharem-se na minha
genética. Se me parece impossível de definir
uma época em que não tenha conhecido a
Little Lies, por outro lado sei que no início da
adolescência voltei aos Fleetwood Mac por
culpa da excelente versão que os Smashing
Pumpkins fizeram da Landslide. Mas durante
anos não revelava de peito aberto esta paixão.
Não eram propriamente um grupo que desse
pontos de “credibilidade” a quem estava a
crescer munido de insegurança. Percebi, com
o tempo, que guilty pleasure é dos conceitos
mais nefastos e errados criados por uma certa
intelligentsia e há muito que uso as canções
dos Fleetwood Mac como um coração na
lapela e um possível caminho de definição
individual.
Não podia, por isso, estar mais
entusiasmado por este regresso que a partir
de Setembro terá lugar nos Estados Unidos
(é fazer figas para que venha, pelo menos,
à Europa) e que reunirá a formação que
gravou obras-primas como o Rumours (1977)
e Tusk (1979). Christine McVie, que há 16
anos abandonou a banda e, na altura, parecia
mesmo que era para não mais voltar, decidiu
juntar-se uma vez mais a Steve Nicks,
Lindsey Buckingham, John McVie e Mick
Fleetwood para uma série de espetáculos que
se prolongarão até ao final do ano.
Esta parece ser altura perfeita para mais
uma reunião dos Fleetwood Mac, sendo
hoje o grupo alvo de uma respeitabilidade
generalizada (não que precisassem dela,
são e serão sempre muito maiores que
estes elitismos perpetuados por poderes
estabelecidos), além de que o soft rock
deixou também ele de ser encarado como
um “género menor” (o quer que seja que isto
signifique).
As marcas da influência dos Fleetwood
Mac (seja por via dos blues que os
caracterizaram numa primeira fase, seja pelas
melodias pop da segunda época) encontram-
se por todo o lado. As norte-americanas
Haim são dos casos mais recentes, sendo
das melhores heranças vindas do Tango in
the Night, orgulhosamente descentes de uma
corrente pop de finais dos anos 1980 que os
Fleetwood Mac ajudaram a definir. Taylor
Swift, uma das mais talentosas compositoras
de canções do nosso tempo, é outra das
herdeiras do património do grupo (daí ter
atuado ao lado de Stevie Nicks, nos Grammys,
em 2010). As marcas dos Fleetwood Mac
chegam, inclusive, a nomes que não
merecem essa aproximação, como Best Coast
ou Sharon Van Etten ou 90% dos artistas
escolhidos para o disco de tributo Just Tell Me
That You Want Me (2012).
A verdade é que os Fleetwood Mac
continuam a querer mostrar porque são a
melhor banda do mundo e, como o nome da
nova digressão deixa claro, eles vão continuar
com o show.
50 DIF MÚSICA
TEXTO JOÃO MOÇO
FLEETWOOD
MAC: A
MELHOR
BANDA DO
MUNDO?
Look Total Diesel
Durante anos não revelava
de peito aberto a paixão por
Fleetwood Mac. Não eram
propriamente um grupo que
desse pontos de credibilidade.
50 DIF MÚSICA
TEXTO FRANCISCO FERREIRA
Em Setembro de 2004, Funeral caía com
estrondo no panorama musical de então: uma
jovem banda canadiana, liderada pelo casal
Win e Régine, lançava o seu álbum de estreia,
seguindo-se a um EP que tinha passado
despercebido do grande público. Funeral -
nome escolhido porque vários membros da
banda tinham perdido membros das suas
famílias mas, no fim de contas, mero ponto
de partida para reflectirem sobre a dor de
crescer, sobre a dor de perder e para gritarem
bem alto que o mundo adulto lhes estava
a esconder muita coisa. Dez anos depois
deram-nos quatro álbuns e quatro concertos
memoráveis. Mais do que isto, temos uma
relação especial com eles. Mesmo sendo
hoje uma banda com um estatuto global e de
reconhecimento unânime, só isso não chega
para explicar porque os acolhemos tão bem
sempre que vieram a terras portuguesas –
há algo mais, difícil de explicar mas fácil
de perceber quando estamos no meio do
uníssono que se forma nos concertos deles.
Os Arcade Fire aproximam-nos para depois
se juntarem a nós – a festa deles só é possível
desta maneira – e, o que lhes tem conferido
este estatuto que poucas bandas têm, é
o facto de fazerem tudo isto a crescer e a
reinventarem-se, quer seja a tocarem para
umas centenas de pessoas ao final da tarde
em Paredes de Coura ou como cabeças-de-
cartaz no Parque da Bela Vista, com 48 mil
pessoas a assistirem.
“Uma das razões pelas quais eu tinha ido
ao festival foi para vê-los. O Funeral tinha
acabado de sair e andava obcecado com o
álbum. Obriguei o meu grupo a acompanhar-
me, embora só duas pessoas conhecessem
uma música e o resto quisesse passar a
tarde a descansar enquanto esperavam pelo
concerto dos Pixies”, conta-nos Francisco
Silva, sobre a tarde de Agosto de 2005 em
que os Arcade Fire se estrearam em Portugal,
no festival Paredes de Coura. “Eles tocaram
ao fim da tarde. No início estava pouca
gente - apenas os poucos fãs e o pessoal
que os fãs arrastaram para ver a banda.
Abriram com a ‘Wake Up’ e passaram logo
para a ‘Laika’, onde dois dos elementos da
banda começaram à porrada como parte
do acto. Acabaram o concerto com a noite
a chegar e casa cheia de pessoal de boca
aberta, conscientes de que estavam a assistir
ao início de uma banda grande”. Muitos de
nós não estávamos lá mas as gravações do
concerto que encontramos no Youtube dão
razão ao Francisco e a quem estava com ele
naquela tarde: era mesmo o início de uma
banda grande.
Em 2007 a história já era outra. O álbum
de estreia tinha o seu lugar cimentado
como um dos melhores álbuns dos últimos
anos e seguia-se a difícil tarefa de criar um
sucessor. Neon Bible foi, como Nuno Galopim
disse, na sua crítica ao álbum, “um disco
cujo único senão é o facto de suceder a um
daqueles álbuns que não admitem igual”
– tarefa cumprida, portanto. Meses depois
de lançarem o álbum, voltavam a Portugal,
naquela que foi a última edição do Super
Bock Super Rock realizada exclusivamente
no Parque do Tejo. “Eles tinham uma postura
relaxada mas ainda suficientemente inocente
para conseguirem admirar-se com aquele
público e deleitar-se com a sintonia que
houve naquela noite”, conta-nos Mariana
Branco. “Via-se um mar de gente, isqueiros
e telemóveis no ar, as luzes da ponte e da
margem sul a acrescentarem uma aura
mágica àquele quadro. De volta e meia, eles
olhavam uns para os outros com aquele ar
genuinamente espantado e maravilhado” e
havíamos de voltar a ver esse ar cada vez que
cá voltassem – e nessa noite ainda voltariam
para o encore com a ‘Wake up’, entretanto
tornado hino da banda (e nosso).
Andamos mais três anos para a frente,
até ao Verão de 2010. Ao terceiro álbum não
restavam dúvidas: The Suburbs confirmava
o estatuto global de uma banda que se
distingue a cada disco, adicionando mais
uma camada à sua identidade e que juntava,
assim, mais um álbum brilhante à sua obra.
O regresso estava marcado para Novembro de
2010 mas havia de ser cancelado e tivemos
que esperar para ir ao Meco, na edição de
2011 do Super Bock Super Rock. Estava um
mar de gente à espera que a banda pisasse os
palcos portugueses pela terceira vez e havia
um nervosinho miúdo no ar – há quatro anos
que não os víamos. Embalados pelo som da
‘The Suburbs (continued)’ e acordados pela
‘Ready to Start’, começava uma noite mágica
– um mar de gente que gritava cada verso
como se fosse o último. Eles já nos tinham
dito que a digressão já ia no fim mas que ali
sentiam-se como se tivesse a começar mas
foi quando voltaram para o encore que o Win
nos surpreendia: “Fucking hell! Thank you!
Please can someone from Portugal start a
company that teaches other countries how to
be crowds? You guys are fucking awesome!”.
Nessa noite, o Meco acabou todo a dançar
com a Régine, ao som da Sprawl II.
Mantendo a tradição que dita um intervalo
de três anos entre os discos da banda,
teríamos que esperar até 2013 para ouvirmos
Reflektor. Ao quarto álbum ainda sabemos
quem eles são mas há cada vez menos algo
que os liga aos putos que fizeram Funeral. A
excelência a que nos habituaram continua lá
e desta vez com mais pezinho de dança que
o habitual. Nunca se duvidou da qualidade
dos Arcade Fire mas fazer o que é feito neste
álbum é um feito reservado para poucas
bandas - virarem-se do avesso, mostrarem-
se inquietos e, no processo, tornarem-se
maiores. Foi assim que eles se mostraram,
há poucos meses, no Parque da Bela Vista,
no Rock in Rio. O palco era um autêntico
cenário, membros da banda vestidos a rigor e
a condizer, figurantes com máscaras gigantes,
as músicas do novo álbum acompanhadas
de uma grande teatralidade e tudo culminou
na grandiosa festa que foi a ‘Here Comes the
Night Time’. Pelo meio, houve um William
a tropeçar e a rebolar, enquanto atirava o
tambor ao ar, durante a ‘Rebellion (Lies)’. Por
momentos, parecia que tínhamos recuado
uns anos e, como os miúdos que ainda
somos, enchemos o Parque da Bela Vista com
“Lies! Lies!”. Mais uma noite para recordar e
admirar – eles estão crescidos e as perguntas
que fazem, com as novas músicas, não são
tão naives, mas nós também não – afinal de
contas crescemos com eles.
52 DIF MÚSICA
TEXTO FRANCISCO FERREIRA
10 ANOS DE
ARCADE FIRE
Look Total Diesel
Please can someone from Portugal start a
company that teaches other countries how to be
crowds? You guys are fucking awesome.
Win Butler
52 DIF MÚSICA
Casaco Miguel Vieira
Camisola H&M
Impermeável 55DSL
Anel Aristocrazy
FOTOGRAFIA RICARDO SANTOS
STYLING JOEL ALVES
MAKE UP VICTORIA MARIE GOULDING
por MAC COSMETICS
MODELO NATALIA BRHEL
t h e
B l u e
i s
w a r m E S T
c o l o U r
Bomber Diesel
Vestido H&M
Saia Nuno Baltazar
Sneakers Puma
Polo Lacoste
T-shirt 55DSL
Mochila Carhartt
Garrafa Bobble
Saia Carlos Gil
Sneakers Converse
Casaco Pepe Jeans
Vestido polo Lacoste
Vestido H&M
Mochila Gola
Camisola Nuno Baltazar
Camisola tule Cheap Monday
Sneakers Onitsuka Tiger
Relógio Aristocrazy
Bomber H&M
Camisola Cheap Monday
Calças Carlos Gil
Sneakers Puma
Casaco Ricardo Preto
Calças Levi’s
Sneakers Converse
Óculos de sol Miu Miu
Vestido Ricardo Preto
Casaco H&M
Calças Nuno Baltazar
TEXTO RITA TOMÁS FOTOGRAFIA VERA MARMELO
Não sinto que tenha de ter protagonismo
para sentir orgulho no que faço.
63 DIF ARTE62 DIF ARTE
TEXTO RITA TOMÁS FOTOGRAFIA VERA MARMELO
Susana Pomba é do tempo em que uma
comunidade se fazia pelo boca-a-boca e
pelo acompanhar contínuo do trabalho dos
outros. Formada em Belas Artes, nos anos
oitenta, é fotógrafa e curadora, mas também
já foi crítica e DJ. Obteve maior visibilidade
enquanto curadora da exposição O dia pela
noite, que celebrou o 10.º aniversário da
discoteca LuxFrágil. Actualmente está nos
comandos da vertente editorial do Teatro
Praga, é guardiã convicta do MissDove,
blogue que iniciou em 2007 e que documenta
grande parte da cena das artes visuais
lisboeta, e – porque isto poderia parecer
pouco – é a cabeça, o coração e as mãos do
Old School, um projecto curatorial mensal
apresentado no DNA, Rua das Gaivotas, n.º 6,
em Lisboa.
Como é que nasceu o Old School?
O Old School nasceu a seguir à exposição no
LuxFrágil, que foi um projecto de grandes
dimensões para um espaço muito conhecido
da cidade. Depois desse projecto tão grande,
quis voltar à estaca zero. Queria fazer algo
que pudesse ser só eu e o artista. Isso acabou
por definir a génese do projecto.
Cada Old School é específico para o espaço
da Escola das Gaivotas?
Quando comecei, em 2011, pensei logo no
Teatro Praga para albergar o Old School,
porque cumpria de forma perfeita a minha
intenção de cruzar os mundos das artes
performativas e artes visuais. O primeiro
espaço era no Poço do Bispo, mas, em 2013,
o Teatro Praga mudou-se para a Rua das
Gaivotas e eu vim com ele. Sempre me fui
adaptando a outros espaços: os Praga foram
convidados para ir ao Théâtre de la Ville, em
Paris, e eu tive a oportunidade de fazer Old
Schools lá.
Apresentas sempre peças novas?
No início, pensava que seria impossível,
porque já havia uma grande preocupação
com a crise e eu não tinha dinheiro, mas
depressa me apercebi que os artistas estavam
receptivos a criar obras novas. É isso que o
Old School é hoje: um espaço em que artistas
podem tirar ideias da gaveta e ensaiar uma
obra nova, exercendo uma liberdade diferente
e muitas vezes oposta à que têm numa galeria
ou num museu.
O que esperas de cada Old School?
Tenho expectativas, nunca é um tiro no
escuro. O que é importante é esta relação de
total liberdade criativa que se estabelece entre
mim e o artista.
Achas que os artistas beneficiam desta
experiência?
Os resultados são sempre íntimos, só o artista
o sabe. Mas também há consequências
práticas visíveis: a palestra-performance
do Pedro Barateiro já foi apresentada em
Antuérpia, Roma e Paris; e a peça do Sam
Smith foi apresentada no ICA em Londres em
Junho. Isso é sempre gratificante.
Além do Old School, também és editora da
Props, projecto editorial do Teatro Praga, e
ainda manténs o MissDove, um blogue sobre
artes visuais.
O blogue percorre a minha vida. Além de
arquivo de memória colectiva, também é uma
espécie de diário. Mas serve para me fazer
ver coisas novas, faz-me procurar artistas
novos. Na Props, deixo de estar nessa posição
de arquivista e passo para o lado criativo, o
que me agrada, porque me faz repensar as
definições de autor e editor.
Não sentes que o teu trabalho é muitas vezes
demasiado invisível?
Pode ser invisível, mas faço-o para pessoas
que o merecem e que me respondem na
mesma moeda, com grande generosidade.
No Terceira Idade, do Teatro Praga, diz-se
em certa altura que o que é mais difícil hoje
é fazer algo que não fique. É um exemplo
extremo, mas não sinto que tenha de ter
protagonismo para sentir orgulho no que
faço. Prefiro que as obras dos artistas sejam
mais visíveis do que eu.
Achas que estás a contribuir para o
fortalecimento da comunidade artística?
Sinto que estou, sem dúvida. Há poucas
pessoas a querer fazer isto, porque é um
trabalho oculto de persistência que apenas dá
frutos visíveis e gordos depois de longos anos.
Um exemplo disso é o blogue. Mas não existe
uma estratégia rigorosa, estanque e delineada
― grande parte do que faço é instinto.
Tens alguns projectos na gaveta? Ideias para
o futuro?
Quero escrever mais. E outros projectos do
lado da curadoria, é o que me falta e me
completa neste momento.
oldschoolpomba.blogspot.pt
www.missdove.org
SUSANA POMBA,
A CURADORA INVISÍVEL
63 DIF ARTE62 DIF ARTE
TEXTO FREDERICO MORENO ILUSTRAÇÃO GONE MONTEIRO
64 DIF RETRO CULTURE
O nome do célebre jogo “pedra, papel,
tesoura” adequa-se à vida e obra de António
Variações: os seus rasgos foram uma
autêntica ‘pedrada’ no charco no panorama
musical português; acabou por assumir um
‘papel’ de destaque (de tal maneira que se
pode falar na música nacional AA/DC ‘Antes
de António’ e ‘Depois de António); e também
se celebrizou de ‘tesoura’ em punho, a
definir novas tendências. No ano em que se
assinalam três décadas da morte de António
Variações, a conclusão é óbvia: este artista
mexeu com a cabeça das pessoas, em todos
os sentidos.
O corpo é que paga, já dizia o artista. Talvez
por isso, optasse por cortar o cabelo sentado...
“Ao contrário dos outros cabeleireiros, que
trabalhavam de pé, o António Variações
cortava o cabelo numa cadeira de pé alto. Até
nisso era diferente”. Lurdes Santos, 56 anos,
puxa pela memória. No final da década de 70
do século passado, foi, de propósito, àquele
salão de cabeleireiro, no Centro Comercial
Imaviz, em Lisboa. Queria ver António
Variações. Não de microfone na mão. Antes
a manusear, com arte e engenho, um pente e
uma tesoura.
“Ele ainda não era famoso pela música.
Mas já tinha aquela longa barba e já se vestia
com roupas extravagantes. Apareciam ali
muitos curiosos, só para vê-lo trabalhar.
Ficavam literalmente colados na montra do
salão, a espreitar lá para dentro por causa
dele”, lembra.
Quanto aos tipos de corte, desengane-
se quem acha que o cliente tinha voto na
matéria. Lurdes sorri e recorda que era o
compositor/cantor/cabeleireiro quem decidia
tudo. “Olhava para nós e escolhia o corte
que mais nos favorecia. A mim, cortou-me o
cabelo bem curtinho, quase ‘à rapaz’!”.
É PARA AMANHÃ...
Não deixes para amanhã, o que podes fazer
hoje. Um conselho que Maria de Fátima, 66
anos, não teve autorização para seguir. Ela
bem queria cortar o cabelo com António
Variações... Queria, queria muito. Mas o
marido simplesmente não a deixou. “O meu
marido não ia assim muito com a cara dele.
Era um pouco conservador. O meu filho
ainda cortou o cabelo com o sr. Variações,
mas eu, infelizmente, não podia.” Os olhos
de Maria de Fátima brilham ao recordar as
inúmeras vezes que se cruzou com António
Variações, na última barbearia onde o artista
trabalhou, no nº 70 da Rua de São José, em
Lisboa. Apesar de morar ali perto, Maria de
Fátima acabou por nunca se tornar cliente
da barbearia unissexo com um nome que
não deixava dúvidas: ‘É Pró Menino e Prá
Menina’. Hoje, lamenta a oportunidade
perdida: “O sr. Variações era um grande
cabeleireiro, um artista moderno. Saíam dali
cabeças espectaculares!”.
Após a morte do cantor, a 13 de Junho
de 1984, as empregadas da barbearia ainda
tentaram aguentar o negócio, mas sem
sucesso. As portas estiveram encerradas
durante anos, até que o senhor Kantilal
(português de origem moçambicana) decidiu
abrir ali uma drogaria. “Quando comprei
o espaço, ainda restavam alguns objectos
da antiga barbearia. Fiz questão de guardar
esta vitrina, como homenagem ao António
Variações.” Kantilal sente-se honrado por ter
herdado o último local de trabalho do músico,
que inspirou diversas gerações de artistas
portugueses.
‘FIZ DOSTEUS CABELOS A MINHA BANDEIRA’
- (1.ºVERSO DA MÚSICA “VOZ AMÁLIA DE NÓS”)
Por muito que gostasse de cortar cabelo,
ofício que aprendeu quando viveu em
Amesterdão em 1974, aquilo que Variações
verdadeiramente amava era a Música. Queria
“Mudar de Vida”. Sonhava largar os secadores
e pisar o palco para mostrar ao mundo as
suas canções. Curiosamente, conseguiu
o bilhete para a fama num momento em
que estava de tesoura na mão, em plena
actividade de cabeleireiro. Tudo mudou no
preciso instante em que um homem influente
se sentou na sua cadeira de barbeiro, o
Midas da canção nacional daquele tempo:
Júlio Isidro. Enquanto lhe cortava o cabelo,
António segredou-lhe: “O Júlio sabe que eu
também canto...?” Mais tarde, entregou-
lhe uma maquete em formato cassete. Júlio
Isidro ouviu-a - foi música para os seus
ouvidos - ficou rendido ao talento do cantor
e acabou por ‘descobrir’ mais um ícone da
música portuguesa. Uma semana depois,
António Joaquim Rodrigues Ribeiro (nome de
nascimento) estava a estrear-se na televisão,
no programa da RTP, “O Passeio dos Alegres”.
“O ANTÓNIO VARIAÇÕES CORTOU-ME O CABELO”
TEXTO FREDERICO MORENO ILUSTRAÇÃO GONE MONTEIRO
64 DIF RETRO CULTURE
FRED PERRY AUTHENTIC STORE
A visão da marca britânica Fred Perry materializou-
se na sua primeira loja na cidade de Lisboa. A nova
FRED PERRY Authentic Store segue as tendências
internacionais da marca, com grande simplicidade na
decoração e predomínio dos tons azuis e brancos, que
remetem para a sua origem, fundada em 1952.
Situada na Rua do Ouro, em plena baixa lisboeta,
a loja procura conquistar um público que valoriza
produtos com qualidade, que segue e dita as tendências
da moda. Um dos principais objectivos do novo espaço
é possibilitar uma visão mais alargada do universo Fred
Perry ao público fiel da marca.
A loja disponibiliza as coleções Authentic masculina e
feminina, assim como, a linha da Fred Perry para os mais
novos. Está também disponível a linha de calçado, malas
e outros acessórios tão característicos da marca, bem
como edições limitadas.
Fred Perry Authentic Store
Rua do Ouro, 234, Lisboa
Segunda-feira a Sábado, das 10h às 19.30h
SUPERDRY NO PORTO
A marca britânica Superdry, referência internacional
no universo da moda casual, chega agora a Portugal.
Inspirada por uma viagem aTóquio, a marca inglesa
representa uma fusão entre o grafismo japonês, as
referências da tradição americana e os conhecimentos
britânicos de tailoring.
A Superdry aposta no mercado português e tem
em desenvolvimento um plano de expansão para
os próximos anos no país.A primeira loja abriu no
coração da cidade do Porto, na Rua das Carmelitas
130, sob a alçada da Marques Soares.
O primeiro ponto de venda Superdry conta com
uma área de 80 metros quadrados e apresenta os
“must-have” da marca: camisas axadrezadas, hoodies,
malhas em tamanho XL e jeans com estética Superdry.
Uma segunda loja já abriu no Centro Comercial
Marshopping, em Matosinhos, com uma área de
vendas de 180 metros quadrados.A Superdry tem
atualmente mais de 450 lojas em todos os continentes
e está comprometida com o mercado Português, com
um ambicioso plano de expansão. MG
Superdry Porto
Rua das Carmelitas, 130
Porto
THE BRITISH ARE COMING!....
66 DIF PLACES
CORTA/ ACÇÃO!
Passou depressa como sempre passa o tempo que se goza. Quem não gosta doVerão, de ter um livro para ler e
não o fazer? O email a ganhar pó, a casa que se abandona alegremente, a secretária do trabalho impoluta. E, de
repente, cai-nos Setembro em cima: voltamos à cidade ainda a cheirar a praia, bronzeado orgulhoso, suspiros ao
apanhar o metro, o dedo a escorregar para as fotos das férias. Nesta edição não pudemos, à imagem deste mês
fronteiriço, escapar a alguma nostalgia na forma de revistações:Arcade Fire,AntónioVariações, Fleetwood Mac ou
o maior rock’n’roller portuguêsVictor Gomes. Mas, também à sua semelhança, há nestas páginas que vais agora
fazer tuas, rostos e projectos que nos inspiram para olhar em frente. O mesmo ímpeto de sempre: fazer. Seja
música, pintura, fotografia ou roupa interior. Setembro é, semelhante a um Janeiro, o mês das resoluções. Por isso
te dizemos: avança, faz e mostra-nos, a DIF quer falar sobre ti.
MARTA GONZÁLEZ
Por decisão editorial, cada artigo nesta DIF foi mantido na sua ortografia original.
DIRECTOR
Trevenen Morris-Grantham
trevenen@difmag.com
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Marta González
marta@difmag.com
DIRECTOR DE ARTE
Ricardo Galésio
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO
Alexandra João, Elsa Garcia, Francisco Ferreira,
Frederico Moreno, Gone Monteiro, Herberto
Smith, Ines Ferreira, João Moço, Joel Alves, Magali,
Pedro Saavedra, Ricardo Aço, Ricardo Santos,
RitaTomás, Rute Correia,Tiago Costa,Victoria
Goulding,Wellington de Oliveira Mainardinng
Capa
Fotografia:Tiago Costa
Styling: Magali
Make Up e Cabelos:
Wellington de Oliveira Mainardinng
Modelo: FredericoVentura (Just Models)
Camisola Le coq sportif
Calças Carhartt
Ténis Converse
Pulseira e Anel da produção
06. Fotografia
(In)definições de género
Texto: João Moço
08. Capa Dura
Victor Gomes, Juntos Outra Vez
Texto: Elsa Garcia
10. Cultura
Um hemisfério de cada vez
Texto: Rute Correia
12. New Stars Factory
Hexágono Amoroso de Miguel
Torga
Texto: Elsa Garcia
14. Fotografia
A beleza da banalidade
Texto: Marta González
16. Intervenção Urbana
Eu sou Hazul
Texto: Alexandra João
18. Moda
Lady Levi’s: We Can Do It!
Texto: Marta González
20. Moda
Merrell Outono/Inverno 2014
Texto: Marta González
22. Design
Lingerie Cibernética
Texto: Elsa Garcia
24. Kukies
28. Still Life
Stepping Stones
Fotografia: Tiago Costa
Set Design: Marta González
32. Moda
Rebel, rebel
Fotografia Tiago Costa
Styling Magali
38. Extra-Pessoal
Conversa com Délio Jasse
Texto: Pedro Saavedra
Fotografia: Herberto Smith
44. Moda
Coreto Raw: o palco dos
autênticos
Texto: Marta González
com Inês Ferreira
Fotografia: Tiago Costa
50. Música
Fleetwood Mac:
a melhor banda do mundo?
Texto: João Moço
52. Música
10 anos de Arcade Fire
Texto: Francisco Ferreira
54. Moda
Blue is the warmest colour
Fotografia: Ricardo Santos
Styling: Joel Alves
62. Arte
Susana Pomba, a curadora
invisível
Texto: Rita Tomás
Fotografia: Vera Marmelo
64. Retro Culture
“ O António Variações cortou-
me o cabelo”
Texto: Frederico Moreno
Ilustração: Gone Monteiro
66. Places
ÍNDICE
PROPRIEDADE Publicards, Publicidade Lda.
DISTRIBUIÇÃO Publicards publicards@netcabo.pt
REGISTO ERC 125233,
NÚMERO DE DEPÓSITO LEGAL
185063/02 ISSN 1645-5444,
COPYRIGHT Publicards, Publicidade Lda.,
TIRAGEM MÉDIA: 17 000 exemplares
PERIODICIDADE Mensal,
ASSINATURA 10€ (8 Números)
REDACÇÃO E DEPARTAMENTO COMERCIAL
LX Factory, sala 3.11
Rua Rodrigues Faria 103
1300-501, Lisboa
Telefone: 21 32 25 727
Fax: 21 32 25 729
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  • 2. CORTA/ ACÇÃO! Passou depressa como sempre passa o tempo que se goza. Quem não gosta doVerão, de ter um livro para ler e não o fazer? O email a ganhar pó, a casa que se abandona alegremente, a secretária do trabalho impoluta. E, de repente, cai-nos Setembro em cima: voltamos à cidade ainda a cheirar a praia, bronzeado orgulhoso, suspiros ao apanhar o metro, o dedo a escorregar para as fotos das férias. Nesta edição não pudemos, à imagem deste mês fronteiriço, escapar a alguma nostalgia na forma de revistações:Arcade Fire,AntónioVariações, Fleetwood Mac ou o maior rock’n’roller portuguêsVictor Gomes. Mas, também à sua semelhança, há nestas páginas que vais agora fazer tuas, rostos e projectos que nos inspiram para olhar em frente. O mesmo ímpeto de sempre: fazer. Seja música, pintura, fotografia ou roupa interior. Setembro é, semelhante a um Janeiro, o mês das resoluções. Por isso te dizemos: avança, faz e mostra-nos, a DIF quer falar sobre ti. MARTA GONZÁLEZ Por decisão editorial, cada artigo nesta DIF foi mantido na sua ortografia original. DIRECTOR Trevenen Morris-Grantham trevenen@difmag.com COORDENAÇÃO EDITORIAL Marta González marta@difmag.com DIRECTOR DE ARTE Ricardo Galésio COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Alexandra João, Elsa Garcia, Francisco Ferreira, Frederico Moreno, Gone Monteiro, Herberto Smith, Ines Ferreira, João Moço, Joel Alves, Magali, Pedro Saavedra, Ricardo Aço, Ricardo Santos, RitaTomás, Rute Correia,Tiago Costa,Victoria Goulding,Wellington de Oliveira Mainardinng Capa Fotografia:Tiago Costa Styling: Magali Make Up e Cabelos: Wellington de Oliveira Mainardinng Modelo: FredericoVentura (Just Models) Camisola Le coq sportif Calças Carhartt Ténis Converse Pulseira e Anel da produção 06. Fotografia (In)definições de género Texto: João Moço 08. Capa Dura Victor Gomes, Juntos Outra Vez Texto: Elsa Garcia 10. Cultura Um hemisfério de cada vez Texto: Rute Correia 12. New Stars Factory Hexágono Amoroso de Miguel Torga Texto: Elsa Garcia 14. Fotografia A beleza da banalidade Texto: Marta González 16. Intervenção Urbana Eu sou Hazul Texto: Alexandra João 18. Moda Lady Levi’s: We Can Do It! Texto: Marta González 20. Moda Merrell Outono/Inverno 2014 Texto: Marta González 22. Design Lingerie Cibernética Texto: Elsa Garcia 24. Kukies 28. Still Life Stepping Stones Fotografia: Tiago Costa Set Design: Marta González 32. Moda Rebel, rebel Fotografia Tiago Costa Styling Magali 38. Extra-Pessoal Conversa com Délio Jasse Texto: Pedro Saavedra Fotografia: Herberto Smith 44. Moda Coreto Raw: o palco dos autênticos Texto: Marta González com Inês Ferreira Fotografia: Tiago Costa 50. Música Fleetwood Mac: a melhor banda do mundo? Texto: João Moço 52. Música 10 anos de Arcade Fire Texto: Francisco Ferreira 54. Moda Blue is the warmest colour Fotografia: Ricardo Santos Styling: Joel Alves 62. Arte Susana Pomba, a curadora invisível Texto: Rita Tomás Fotografia: Vera Marmelo 64. Retro Culture “ O António Variações cortou- me o cabelo” Texto: Frederico Moreno Ilustração: Gone Monteiro 66. Places ÍNDICE PROPRIEDADE Publicards, Publicidade Lda. DISTRIBUIÇÃO Publicards publicards@netcabo.pt REGISTO ERC 125233, NÚMERO DE DEPÓSITO LEGAL 185063/02 ISSN 1645-5444, COPYRIGHT Publicards, Publicidade Lda., TIRAGEM MÉDIA: 17 000 exemplares PERIODICIDADE Mensal, ASSINATURA 10€ (8 Números) REDACÇÃO E DEPARTAMENTO COMERCIAL LX Factory, sala 3.11 Rua Rodrigues Faria 103 1300-501, Lisboa Telefone: 21 32 25 727 Fax: 21 32 25 729 info@difmag.com www.difmag.com Facebook: www.facebook.com/difmag.pt DIF EMVERSÃO PARA IPAD Para esta nova experiência basta acederes ao website da DIF em www.difmag.com com o teu iPad. lugar da rosa adidas T. 21 042 44 00 www.adidas.com/pt Adidas Eyewear T. 21 319 31 30 Aforest Design T. 96 689 29 65 Alexandra Moura info@alexandramoura.com Amélie Au Théâtre www.amelieautheatre.com American Vintage T. 21 347 08 30 Ana Salazar T. 21 347 22 89 Anerkjendt, Bench, Fenchurch, nümph, Solid – AboutFace T. 91 257 28 35 A outra face da lua T. 21 886 34 30 Ao Quadrado T. 21 385 04 85 Armistice T. 91 443 2960 Ben Sherman – Lusogoza T. 22 618 25 68 Billabong – Despomar T. 26 186 09 00 Boom Bap www.boombapwear.com By Malene Birger T. 21 394 40 20 Calzedonia T. 21 837 65 76 Carhartt T. 21 342 65 50 Cat, K-Swiss, Keds, Merrell, Palladium, UGG – Bedivar T. 21 938 37 00 Christian Dior www.dior.com Converse – Proged T. 21 446 15 30 Cubanas T. 24 988 93 30 www.cubanas-shoes.com Datch, Indian Rose, Gio Goi e Quick – As coisas pelo nome T. 22 610 55 82 www.ascoisaspelonome.pt Diesel store Lisboa T. 21 342 19 80 Dino Alves T. 21 886 52 52 info@dinoalves.eu DKNY T. 21 711 31 76 Dr. Martens daciano.carneiro@gmail. com Dysfunctional Shoes www.dysfunctionalshoes. com Eastpak - Morais &Gonçalves Lda. T. 21 917 42 11 Energie, Killah e Miss Sixty - Sixty Portugal T. 223 770 230 Ermenegildo Zegna T. 21 837 65 76 Espaço B T. 21 346 12 10 www.espaco-b.com Firetrap – Buscavisual - Rep. de Moda Unip., Lda Tm. 91 744 97 78 Fly London - Fortunato O. Frederico & Cª Lda. T. 25 355 91 40 www.flylondon.com Fornarina Tm. 91 218 18 88 www.fornarina.it Fred Perry - Sagatex T. 22 508 91 53 GAS T. 22 377 11 64 www.gasjeans.com Gola / Shulong – Upset Lda T. 21 445 9404 H&M T. 21 324 5174 Havaianas – Cia Brasil T. 29 121 18 60 Hilfiger Denim T. 21 394 40 20 Hoss T. 22 619 90 50 Hugo Boss – Hugo Boss Portugal Tel. 21 234 31 95 Insight T. 93 760 02 00 www.insight51.com Intimissimi T. 21 837 65 76 La Princesa y la Lechuga T. 96 274 11 77 Lacoste – Devanlay Portugal, Lda T. 21 112 12 12 www.lacoste.com Lee www.eu.lee.com Le Coq Sportif Filipe Beu –Tm. 91 999 15 57 Dayanny Cabral –Tm. 91 605 50 02 Lemon Jelly www.lemonjellyshoes.com Levi’s – Levi’s Portugal T. 21 799 57 30 Levi’s Acessórios – Pedro Nunes lda T. 239 802 500 Lightning Bolt, Nikita, Protest Lightning Bolt Europe SA T. 25 230 06 39 Luís Buchinho T. 22 201 27 76 Luís Onofre T. 21 342 19 80 Maison Margiela, Bernard Willhelm PorVocação, Porto –T. 22 092 70 02 Mango T. 21 347 08 30 Maria Baunilha imourisca@gmail.com Marc by Marc Jacobs T. 21 342 93 15 Marshall, Urbanears, Vestal – Waves&Woods T. 21 346 54 04 info@wavesandwoods. com Marta Fontes T. 91 717 02 79 Melissa T. 244 860 030 www.plastica.pt, www.melissa.com.br More is Better www.moreisbetter.com.pt Munich T. 21 464 36 00 www.munichsports.com New Balance, PF Flyers - Vestima T. 22 953 59 67 www.newbalance.com Nike Sportswear www.nikesportswear.com Nikita – Lightning Bolt Europe, SA. 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ANTÓNIODAGLÓRIA,8 1 .1 2 5 0 -0 8 0 LISBOA RECORTAOUFOTOCOPIAESTEFORMULÁRIOEENVIA-OPARAPUBLICARDSPUBLICIDADELDA. JUNTOCOMUMCHEQUENOVALORDE1 0 EUROSOU REALIZATRANSFERÊNCIAPARAONIB.:0 0 3 8 0 0 5 1 0 0 9 0 4 6 5 8 7 7 1 9 6 ,ENVIANDO COMPROVATIVOPARAOE.MAIL:INFO@DIFMAG.COM (CUSTOSDEENVIOPORDEZNÚMEROS)ERECEBERÁSADIFEMTUACASA. NÚMEROS POR EUROS e-mail: eduardo.guerra@cdesportos.com – tlm: 932 287 504 www.timezone.de ALFRED 25-0129 ALFRED 10 NÚMEROS POR 12 EUROS 2 *Campos obrigatórios para a recepção da DIF em tua casa Endereço: Publicards Publicidade, LDA., Rua St. António da Glória 81, 1250-080 Lisboa Recorta ou fotocopia este formulário e envia-o para Publicards Publicidade, LDA. junto com um cheque no valor de 10 euros ou realiza a transferência para o NIB: 0038 0051 00904658771 96, enviando comprovativo para o e-mail info@difmag.com (custo de envio por oito números) e receberás a DIF em tua casa. 8 números por 10 euros. RECEBE A DIF EM TUA CASA E D I T O R I A L
  • 3. CHEEKY SINCE 1973 SHOP AT PEPEJEANS.COM CHEEKY SINCE 1973 SHOP AT PEPEJEANS.COM
  • 4. www.carhartt-wip.com Photo by Alexander Basile Carhartt WIP Store Lisboa Rua Áurea, 224 1100-065 Lisboa Tudo começou há ano e meio, numa conversa entre amigos. Chloe Aftel, fotógrafa norte-americana, tomou contacto com uma jovem rapariga que se identificava como genderqueer, ou seja, foge ao binário de género, não se identificando exclusivamente nem como mulher, nem como homem. A partir daqui decidiu explorar com maior profundidade esta comunidade, tendo já retratado dezenas de pessoas com a sua câmara,sendo este um projeto ainda em continuidade. “O que eu adoro nesta série é que cada sujeito, cada sessão fotográfica é uma experiência totalmente única”, afirmou a própria fotógrafa numa breve entrevista dada à DIF. Já fotografou dezenas de pessoas, entre eles Sasha Fleischman, estudante no liceu de Maybeck, na cidade norte-americana de São Francisco,que sofreu um crime de ódio a 4 de novembro de 2013 quando, a caminho de casa, foi incendiado/a num autocarro público por envergar uma saia e uma camisa de homem. Apesar da forte dimensão política que um trabalho fotográfico desta natureza pode ganhar no contexto atual, ainda assim Chloe Aftel não associa estes seus retratos como uma forma de alertar para determinadas realidades desprivilegiadas. “Gosto sempre que as pessoas retirem algo das imagens sem que exista alguém que lhes diga o que pensar. E estou muito grata por ter tido a possibilidade de criar esta série”, explicou. Um ano depois do projeto se ter iniciado a fotógrafa foi contratada pela San Francisco Magazine, onde já foram publicados retratos não só de Sasha Fleischaman, mas de outros jovens que se recusam a que a sociedade os defina. Nesta comunidade a diversidade e individualidade são valores altamente protegidos, como esclareceu Chloe Aftel. “Existem pessoas nesta série fotográfica que se identificam como gender neutral [termo que não se refere a um só género], genderqueer, agender [a ausência de género] e de muitas outras formas. Estão aqui pessoas dentro do regime binário, outras estão fora dele ou em muitos lugares no meio.” As políticas de género são um assunto com o qual a norte-americana se preocupa há largos anos, tendo para este projeto contado com ajuda inicial do também fotógrafo Antonio De Lucci, que lhe falou pela primeira vez do termo agender. Esta série fotográfica de Chloe Aftel vem assim mostrar como a realidade é muito mais rica e diversa do que é imposto pelas normais socioculturais, sendo também um testemunho de demonstração de coragem e liberdade. www.chloeaftel.com (IN)DEFINIÇÕES DE GÉNERO TEXTO JOÃO MOÇO Sasha Viola Edie 6 DIF FOTOGRAFIA
  • 5. São muitos e complexos os motivos do quase esquecimento da cena rock primitiva portuguesa, entre eles uma ditadura que se prolongou demasiado tempo e uma espécie de obliteração dos artistas dos anos 50 e 60 no pós-25 de Abril. Entre eles está Victor Gomes e os seus Gatos Negros. Com uma atitude selvagem e espírito destemido Victor acendia de emoção os vários palcos por onde actuou.Muitas destas performances podem agora ser lidas na biografia Juntos Outra Vez que deu também título ao famoso EP de 1968. Luís Futre, co-autor do livro Portugal Eléctrico lançou o desafio e Ondina Pires agarrou-o. Afinal “segundo as palavras dele e mais tarde, de Victor Gomes, algumas pessoas tinham começado a escrever a sua biografia mas depois não puderam continuar, por vários motivos. Era extremamente importante e urgente registar a vida de um português fora do comum”, conta Ondina Pires. Entre entrevistas, investigação e tradução, Ondina levou um ano e meio a escrever o livro. “Tive momentos difíceis, de autêntico desafio, e outros mais serenos. Não é fácil falar sobre um artista tão especial e polémico”. Ao fim de dois meses já nada a surpreendia, mas aquela que considera a faceta mais interessante do artista “é a sua persistência teimosa (no bom sentido) de levar todas as coisas avante. Isso é fabuloso”. Desde pequeno que Victor transparecia o seu gosto pela música. Sempre muito afinado e com extremo bom ouvido. A mãe fadista e a tia cançonetista ajudaram ao talento. Os primeiros passos que deu foram no Instituto onde estudou, perto de Lourenço Marques, actual Maputo. Posteriormente venceu de forma arrebatada um concurso do Rádio Clube e entretanto aconteceram muitas coisas ao nível pessoal que atrasaram um pouco o lançamento da sua carreira profissional.“A partir de 1961 nunca parou – Angola, África do Sul...” Actuou em diversas bandas como os Siderais, Dardos do Lobito e Corsários de Lourenço Marques, mas foi nos Gatos Negros que mais se destacou. “Pelo menos é assim que muitos portugueses continuam a lembrar-se dele. Eram uns tipos bestiais! Souberam compreender a garra rockeira e selvagem do seu vocalista e acompanhavam-no em palco,com arrojo e determinação. Do ponto de vista técnico não seriam os melhores mas o que interessava acima de tudo era o espírito destemido e espontâneo do conjunto”, conta Ondina Pires. Os rebeldes Gatos Negros chegaram a fazer três e quatro espectáculos num só dia. Pelo meio arrancavam a roupa, seduziam raparigas e pregavam partidas nos restaurantes onde comiam. Existe inclusive a memória fotográfica e escrita da sua actuação ao vivo no meio da Praça do Saldanha num concerto para o até então maior ajuntamento de Portugal. “Foi algo muito insólito para os brandos costumes portugueses da época e arrastou uma multidão desvairada”. Ao nível de performance e rebeldia nunca existiu ninguém assim neste país. “Ele estava no sítio errado. Se fosse americano, inglês, francês ou mesmo espanhol, o seu nome estaria no panteão global dos rockers”. O que começou por ser um longo relato de estórias verdadeiras e fabulosas de uma vida cheia de aventuras e emoções resultou numa obra sensorial, quase cinematográfica que ao invés de capítulos tem cenas quase fílmicas. Neste livro a história da vida do artista está mesclada de episódios cómicos, outros trágicos, sendo que as histórias mais curiosas estão relacionadas com “affairs” amorosos e atitude em palco.ActualmenteVictor quer casar, continuar a actuar, comer petiscos, conviver, e como o próprio diz:“ai de quem não tiver estórias da sua vida para contar.” VICTOR GOMES, JUNTOS OUTRA VEZ TEXTO ELSA GARCIA FOTOGRAFIA JOÃO FOLGOSA 8 DIF CAPA DURA
  • 6. Caracas, Luanda, Lisboa. Não, não são só os Buraka Som Sistema. Nem sequer o Diplo ou a ex-namorada M.I.A. É certo que os resquícios de tropicalidade estacionaram nas colunas de bons clubes há já vários anos, mas agora parece que o passo de dança está a desacelerar. Entre cumbias ou bachatas, o aquecimento tropical chegou à Europa para ficar e já não é chunga tarraxar. Frankfurt - Domingo,20h.A rua que vai do magnânimo Banco Central Europeu à Hauptbahnhof (principal estação de comboios da cidade) está praticamente deserta. No meio do silêncio que se respira, avistam-se meia dúzia de pessoas polvilhadas por entre os minutos que espaçam cada metro que pára ali perto. A maior parte vira no número 39 da Kaiserstrasse. Aqui é dia santo porque as aulas de dança chegam em doses gratuitas. Esta semana, aprende-se kizomba como se estivéssemos no Mussulo. É verdade que a paixão pelos trópicos não é de hoje. As mornas de Cabo Verde invadiram há muito uma espécie de elite que se delicia com as prateleiras deWorld Music. Em Lisboa, o caso é mais do que particular: graças a uma segunda geração de portugueses cujo coração ainda sente em criolo, os ritmos dos trópicos tornaram-se uma espécie de movimento cultural semioficial entre os habitantes dos subúrbios em qualquer uma das margens. E se países como a França ou a Holanda assistiram a movimentos semelhantes fruto das migrações das ex- colónias, onde o zouk imperou nos anos 80 (das Antilhas a Camarões), o mesmo não se pode dizer de paragens como a Alemanha, onde a paixão é relativamente recente. De volta à capital portuguesa, no MusicBox, desde Dezembro de 2013 que o Baile Tropicante se tornou residência mensal, mas a cumbia ecoa pela sala pelo menos desde 2012 a ritmo assíduo, com as noites de Flama Branca e seus convidados. Algumas boas centenas de metros acima, a Enchufada tem editado regularmente alguns dos talentos mais estimulantes da América Latina. Talvez por isso não seja de estranhar que os mentores Buraka Som Sistema também andem a produzir canções de compasso lento. Basta ouvir alguns dos últimos singles como “Sente” ou “Zouk Flute”, ou até o set que apresentaram no primeiro “Boiler Room” lisboeta, para ver que o paradigma rítmico está mesmo a mudar. Perto do “progressivo” que o kuduro de “Wegue Wegue” nos trouxe, existem agora (e cada vez mais) reinvenções de géneros como o merengue, a bachata, a kizomba,o tarraxo,a cumbia (entre tantos outros) vestidas de sintetizadores modernos e batidas mais arrojadas. De festivais de topo como o belga Dour a longos artigos no Resident Advisor, as “menos de 120 bpms” do Tropical Bass são muito mais do que uma febre sazonal. E, se até aqui evitámos o name dropping, eis alguns dos nomes a ter debaixo de olho: Maria Sonora, Dengue Dengue Dengue!, Rafael Aragón, Roulet, Sunsplash ou editoras como a ZZK Records, a Cabeza netlabel e, claro, a portuguesíssima Príncipe Discos são referências obrigatórias. UM HEMISFÉRIO DE CADA VEZ TEXTO RUTE CORREIA Dengue Dengue Dengue 10 DIF CULTURA
  • 7. TEXTO ELSA GARCIA Fotografia Ricardo Santos Styling Joel Alves Make Up Victoria Goulding por MAC Cosmetics Blazer e Calças Dockers Camisa Levi’s Óculos Ray-Ban Ténis Converse 13 DIF NEW STARS FACTORY Miguel Torga gosta de melodias fragmentadas. De dia é técnico informático num banco, à noite vai a correr para casa para o seu playground: os sintetizadores e a música que deles sai. Há dois anos enviou um EP de um dos seus projectos para várias editoras e muito poucas lhe responderam. Apercebeu-se que não existia o interesse de ouvir música de gente que não conheciam. O melhor seria então lidar com pessoas que conhece. Assim, contactou a editora Elements, que já lhe tinha perguntado se tinha músicas para editar ao que Miguel respondeu: “tenho mais do que isso, tenho um álbum”. Assim foi e nasce Hexágono Amoroso. O título é um reflexo do que é viver e conhecer muitas pessoas, mas não pretende de todo transmitir a ideia de playboy. No teu disco encontramos para além do Manifesto Anti Dantas, diálogos de João César Monteiro e Manuel de Oliveira. O que te levou a fazer estas fusões com a música electrónica? Tem a ver com o cinema que eu vejo. Samplo cinema português porque é uma fonte de palavra e quero usar palavras na minha música. Não sou nada original nessa ideia, se reparares, o house e o techno dos anos 90 está cheio de samples de filmes em inglês. Em Manuel de Oliveira há muitos diálogos non sense, até próximos do absurdo e eu gosto disso. Gosto de coisas que não são concretas, são abstractas e que se podem interpretar de muitas formas. Como foi o processo de construção do disco desde que surgiu a ideia até ao resultado final? Inicialmente não estava a pensar fazer um disco, só queria fazer músicas. Já tinha mais de 40 temas e pensei que desses 40 poderia escolher 10 ou 15 que se inserissem dentro do mesmo conceito. E qual é o conceito? É uma onda um bocado bucólica. Campo, espaços abertos, natureza e verdura com muita clorofila. Um campo que está relacionado com as tuas raízes: o Alentejo. As raízes e o gostar do mato e de pescar, mas não em Lisboa. Aqui tento convencer os amigos a ir à pesca mas ninguém quer. Mas aqui também não me interessa, vão para o rio e ficam parados a olhar para a cana e a beber minis.A pesca que eu faço é totalmente diferente. O isco não pode ir ao fundo e torna-se numa actividade muito física e dinâmica. Um género de pesca solitária. Já eras fã de música electrónica quando começaste a fazer música? Tinha 17 anos quando a cultura rave apareceu em Portugal, o primeiro disco dos Underground Sound of Lisbon com o tema So Get Up. Eu já ouvia música electrónica há bastante tempo, mas o conceito da música de dança não me agradava. Depois explodiu em Portugal, dançava até ao nascer do sol e comecei a querer fazer aquele tipo de música. Durante muito tempo fiz coisas que não me apetecia mostrar a ninguém e a partir de 2005 encarei a ideia com maior seriedade e fui ficando cada vez mais satisfeito. Fazes música todos os dias? Sim, e quando sair daqui vou fazer. Mas tens sempre vontade ou fazes por disciplina? Não. Faço por necessidade, é preciso. Sinto-me inútil quando não a estou a fazer. Nas tuas pesquisas, quando estás na tua actividade laboratorial de criador, o que é que te inspira? Oiço muita música pop, folk, funk e tudo o que possas imaginar. Às vezes estou a ver um filme, oiço uma frase que me agrada, paro o filme, gravo e a seguir continuo. O teu disco faz-me lembrar o universo do Herbert. Sim, é um dos meus pilares, tal como o Akufen, Basic Channel e a cena dub techno que me remete muito para natureza. Preferes fazer música ou passá-la em DJ sets? São coisas completamente diferentes.Gosto mais de fazer, mas gosto muito de tocar. É a última fase do processo em que estás a testar a música na pista e a ver como é que as pessoas reagem. E como reagem? Dançam que se fartam (risos). E o que vem a seguir? Já tenho outro álbum pronto, o primeiro EP de Early Jacker que vai sair pela Extended Records. É diferente, com uma linguagem mais universal, mais soul, funk e disco e mais facilmente exportável. Miguel Torga não consigo exportar, tem uma linguagem extremamente portuguesa. HEXÁGONO AMOROSO DE MIGUEL TORGA TEXTO ELSA GARCIA 13 DIF NEW STARS FACTORY
  • 8. facebook.com/gshockpt Procura-nos no facebook Há tumblrs assim mas são raros. Colecções de fotografias que nos fazem querer perguntar ao autor: “Posso ser tua amiga?”Instigam a vontade de saber mais,de estar presente, de conhecer as pessoas retratadas, de perceber como é que aquilo aconteceu.A DIF falou com Rui Palma, formado em teatro, que recentemente descobriu a fotografia e nela uma verdadeira “obsessão”. “É inevitável fotografar”, diz Rui Palma de 20 anos. “Comecei quando fui a Barcelona e uma amiga me ofereceu uma câmara” recordando o primeiro clique:“Fomos a uma espécie de cabaret e estava lá a Didi Maquiaveli, um Drag de uma beleza incrível. Pus-lhe o dedo na boca e disparei”. Bang bang, o momento ficou registado numa das mais hipnotizantes imagens de Rui Palma. Admite-se viciado nesse “gesto de me intrometer e guardar algo”, o que nos leva a perguntar se há encenação nas imagens que capta. O fotógrafo desvenda que enquanto algumas das imagens têm uma preparação, outras “encontra-as por acaso”. “A banalidade está cheia de beleza” e por isso preocupa-se em não se esquecer da máquina pois “há sempre algo interessante para fotografar, sejam amigos ou estranhos”. A tua vida parece ser uma festa constante, atiramos em jeito de provocação.“Não é, isso seria aborrecido.Algumas imagens são captadas em situação de festa e é nesses registos que se vê a solidão.” E o Rui está lá para gravar a breve brecha que se abre para a alma: “Não procuro ser melancólico, procuro uma certa franqueza”. Acompanha em ruipalma.tumblr.com A BELEZA DA BANALIDADE TEXTO MARTA GONZÁLEZ 14 DIF FOTOGRAFIA
  • 9. WALK,don’t fly WWW.FLYLONDON.COM NãoCaminhes,VOA! Não lhe conhecemos a idade mas Hazul já pinta na rua há cerca de 15 anos. Primeiro veio o graffiti tradicional - “de letra”, como o artista lhe chama -, e em 2007 o desenho figurativo,sob o pseudónimo pelo qual hoje o conhecemos. “Mudei o nome para não estar associado ao trabalho anterior mas aproveitei o que tinha aprendido com o graffiti para continuar a pintar.Agora com outra linguagem e noutros locais”, conta Hazul, que prefere os muros do centro da cidade às auto-estradas das periferias.Totalmente autodidacta, a frequência num “curso chato” valeu-lhe a motivação para o desenho pois “era a única coisa que fazia nas aulas”.“Acho que o truque foi escolher um curso mesmo muito chato”, graceja entre sorrisos. Hazul sempre se interessou pela simbologia e iconografia dos povos antigos, pelo que, quando deixou de desenhar letras,“automaticamente” começou a reproduzir figuras semelhantes. Ressalva, contudo, que uma vez que não tem formação, este processo de viragem foi “muito lento” embora “gradual”. Primeiro,“desconstruir as letras”; depois,“abstratizar as formas”, e, por último,“criar padrões e figuras”. Com a adopção de uma linguagem menos limitadora de que o graffiti, o artista sentiu necessidade de alugar um estúdio-atelier para desenvolver projectos a médio e longo prazo. Como pinta quase sempre na rua e de forma ilegal, as condições são precárias: pouco tempo, pouco material, muita pressão, o que implica “sintetizar”. Já no atelier, tem a possibilidade de fazer o que realmente quer, sem restrições, e de dar o seu melhor. Apesar de artista urbano, as referências de Hazul atravessam fronteiras: desde a arte conceptual à natureza, da arte tradicional aos seus próprios amigos. No fim, a representação tem que ser de leitura universal, tem que ser contemporânea, de maneira a que daqui a cem ou duzentos anos,seja igualmente válida para qualquer cidadão do mundo.Tudo isto obriga a que o artista não se deixe agregar por modas, grupos e estilos.A nível técnico e visual, Hazul rejeita a vectorização e o tecnológico em prol de formas geométricas, manuais e orgânicas. Os antepassados fazem parte do trabalho do artista, porém este não se considera um saudosista mas antes um futurista ancestral. Acredita que “falta à humanidade voltar a fazer essa ligação às coisas mais importantes, num mundo que se tornou tão material e,agora,virtual”.Não se apoquenta quando lhe chamam pop pois considera a arte popular mais interessante do que a erudita, ainda que sem menosprezo para a segunda.“No meu trabalho tento criar um espaço transversal entre aquele que desconhece e os académicos”, explica Hazul. Também por isso opta quase sempre por pintar no centro da cidade para estar mais próximo das pessoas. Catapultado para as luzes da ribalta após as acções anti-graffiti levadas a cabo pelo antigo executivo da Câmara Municipal do Porto, liderado por Rui Rio, Hazul deseja agora que o seu trabalho seja reconhecido. Apesar da mudança (para melhor) de governação local, mantém os pés bem assentes na terra até porque “há pessoas na câmara que gostam [de arte urbana] e outras que nem tanto”.“A Câmara fica ao lado dos artistas que, por várias razões, se sobressaem e são acarinhados, e tenta isolar os que não gosta”, alerta. O interesse crescente das galerias e do mercado pela arte urbana não o surpreende pois reflecte a vontade do público. Encontra dois motivos: a arte urbana faz parte da vida das pessoas e é de fácil compreensão. Acompanha em www.fb.com/eusouhazul EU SOU HAZUL TEXTO ALEXANDRA JOÃO FOTOGRAFIA MIGUEL REFRESCO 16 DIF INTERVENÇÃO URBANA
  • 10. #WEARETIPPED FREDPERRY.COM Sagatex,Lda.-Telefone225089160-Email-sagatex@net.novis.pt Houve um tempo em que só os homens podiam usar calças. Hoje em dia, de acordo com uma sondagem da americana “Cotton Incorporated’s Lifestyle Monitor” as mulheres possuem em média 7 pares de jeans no seu guarda-roupa. E se hoje é um dado adquirido, o direito das mulheres a usarem calças generalizou-se há menos de 50 anos. Na verdade o registo de mulheres a usarem calças remonta à era Victoriana, às chamadas Pit Brow Girls, filhas de mineiros que, impelidas pela pobreza e apesar das interdições sociais, trabalhavam nas minas e usavam as calças por baixo das saias. Mas só mais tarde, na década de 30 do século XX, a guerra, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o cinema impeliram as mulheres para o uso desta peça. Atenta às transformações sociais, em 1934 a Levi’s lança os primeiros jeans pensados exclusivamente para mulheres, a linha Lady Levi’s. Já em 1873 a Levi Strauss & Co. tinha revolucionado ao criar as Levi’s 501, os primeiros jeans da história. Com este pequeno passo para os homens mas gigante para as mulheres, a Levi’s inscreveu-se para sempre como uma das mais vanguardistas marcas de moda. Havia naquelas primeiras calças de ganga femininas algo que ultrapassava a herança do western americano e da working class. Na década seguinte, os jeans chegam à capa da Vogue e nas décadas seguintes sobem ao pedestal de ícone.A Levi’s tem vindo, nos 80 anos que nos separam os primeiros Lady Levi’s, a captar a essência da feminilidade, ousadia e identidade dos primeiros jeans.Como dizia Rosie, the Riveter:“We can do it!” LADY LEVI’S: WE CAN DO IT! TEXTO MARTA GONZÁLEZ 18 DIF MODA
  • 11. 21 DIF MODA Rant Finn Mid Estação após estação, a Merrell continua a ser uma das marcas que mais vemos nos pés dos portugueses. Para a nova temporada Outono/ Inverno 2014, a marca americana traz novidades no que toca a um dos nossos modelos preferidos: o Rant. Pertencente à linha mais casual da Merrell, este modelo beneficia de toda a tecnologia de conforto desenvolvida pela marca para actividades outdoor mas com um design que os torna ideais para a cidade. Os Rant dividem-se em modelos baixos e mid top e vêm com texturas e paleta de cores dotadas para as estações mais frias. Destaque também para oVerterraWaterproof,já da gama de calçado para escalada, mas que se adequa perfeitamente a caminhadas mais urbanas. MG 21 DIF MODA Merrell Outono.Inverno 2014 Verterra WaterproofRant Ace Rant Dex FOTOGRAFIA RICARDO SANTOS STYLING JOEL ALVES
  • 12. QUEER LISBOA 18 Festival Internacional de Cinema Queer Lisboa 19 – 27.09.2014 Cinema São Jorge Cinemateca Portuguesa Porto 3 – 4.10.2014 Casa das Artes www.queerlisboa.pt Festival Apoiado pelo Festival Co-Financiado pelo Co-ProduçãoParceria EstratégicaProdução Após uma noite à volta dos jogos que fizeram parte da sua infância, Sebastião teve um sonho em que várias mulheres usavam cuecas pixelizadas. Falou com Cesária, igualmente designer, parceira do projecto e o sonho tornou-se real: criaram as Pixel Panties. Para passar do sonho à realidade optaram pelo crowdfunding. Além do aspecto prático do financiamento, “o crowdfunding é no fundo uma prova de conceito e teste de viabilidade de uma ideia, o que era perfeito para nós”, conta Sebastião. Pediram cerca de 9500€, o valor necessário para lançar uma microprodução e montar a loja online mas conseguiram quase o dobro do valor. Com um orçamento de 1000 euros colocaram tudo a funcionar através de um vídeo e de uma produção fotográfica. “Às pessoas já é pedido que façam o esforço de investir em algo que ainda não existe, mas se não conseguirem visualizar em que consistirá o produto final, então suponho que esse esforço se torne gigante e mais improvável”, desvenda. O amigo Luís Miranda – copywriter – criou o slogan: “made with squares, fit for round bottoms”. A sorte estava lançada. Estavam nos 30% do objectivo quando saiu um artigo no site americano Boing Boing.As contribuições dispararam e a partir daí entraram numa espiral que nunca mais parou. Crowdfunding, investir numa ideia A quem queira lançar um projecto e tentar a sorte através do crowdfunding, Sebastião aconselha a“demorar tempo a afinar a ideia. Não vale a pena lançar um esboço. Convém também não ignorar as pessoas que contribuem pois são elas que ajudam e merecem toda a atenção possível, mesmo depois de darem o seu contributo. Por último, ter pelo menos uma pessoa a tempo inteiro a acompanhar o processo. Dá muito mais trabalho gerir uma campanha do que criá-la”. Uma vez que conseguiram o dobro do valor que pediram inicialmente pretendem produzir mais peças e fazer o registo de marca num maior número de países. Actualmente a loja já existe em www.pixelpanties.com e as “pixel” custam 18 euros com portes de envio incluídos para todo o mundo. Há ainda uma edição especial limitada a custar 55 euros. É composta por 100 cuequinhas, feitas em licra prateada, numeradas e assinadas pelos criadores. Sebastião usa-as desde que desenvolveram os protótipos (sim,é mesmo isto que estás a ler).“São muito confortáveis e não têm costuras”. LINGERIE CIBERNÉTICA TEXTO ELSA GARCIA 22 DIF DESIGN
  • 13. CONVERSE CHUCKTAYLOR ALL STAR X MISSONI A Converse apresenta a coleção Converse ChuckTaylor All Star Missoni para o Outono 2014, com a assinatura do design em zig zag da Missoni, na icónica silhueta Converse All Star.As duas marcas mantêm uma parceria desde 2010 e já criaram oito sneakers premium para a coleção Converse First String, uma edição limitada que celebra o artesanato, a autenticidade e a colaboração ao mais alto nível. Consulta os pontos de venda em converse.pt 24 DIF KUKIES ANITA PICNIC A celebração da vida ao ar livre está na base de criação da Anita Picnic, que tal como o nome indica, é uma marca de produtos para piqueniques, para o campo, praia, jardim, montanha ou uma festa. É composta por produtos artesanais, com design exclusivo, muito fofinhos e feitos à mão. Cestos e têxteis originais com padrões desenhados, ideais para fazer um brilharete na vida ao ar livre. São portugueses e aproveitam a produção das nossas indústrias tradicionais. O nome deve-se à carga romântica e ingenuidade que transporta. www.anitapicnic.com EG BARBOURVESTE DEUS A Barbour International colabora com a australiana Deus Ex Machina, famosa pelas suas motas customizadas, numa coleção limitada para a estação outono/inverno 2014. Esta é a primeira colaboração de roupa masculina que a Barbour realiza desde que se tornou numa marca autónoma. O resultado inclui casacos para mota inspirados no arquivo da marca com colarinhos de couro de alta qualidade, impermeabilizados com cera de abelha e botões de mola, especialmente desenhados para Barbour x Deus Ex Machina, malhas masculinas simples e t-shirts com ilustrações feitas à mão.
  • 14. 27 DIF KUKIES26 DIF KUKIES O GALOVIROU CISNE A Le coq sportif convidou a australiana Highs and Lows para uma colaboração em que o modelo LCS R1000 foi reeditado. O cisne foi escolhido para representar a união das duas marcas. Existem dois modelos, um branco e outro preto, cuja inspiração foram o cisne branco europeu e o cisne negro australiano respetivamente. Não está prevista a venda em território nacional mas podem ser encontrados nas lojas 24 Kilates e Limiteditions em Barcelona. LOUISVUITTON EM LIVRO A LouisVuitton, pelas mãos da editora Rizzoli NewYork, vai lançar um livro de fotografia de moda com as imagens produzidas pela marca para campanhas publicitárias e artigos de moda nas mais conceituadas revistas. Esta edição oferece uma abordagem singular da história da mulher e da fotografia desde dos anos 50 até a actualidade e contam com contribuições de Mert Alas & Marcus Piggott, Patrick Demarchelier,Annie Leibovitz, Steven Meisel, Helmut Newton, JuergenTeller e Inez van Lamsweerde &Vinoodh Matadin, entre outros. Preço da edição de luxo: 100€ Preço da edição de livrarias: 75€ CARHARTT WIP XVANS CLASSICS Para o Outono/Inverno 2014, a Carhartt Wip juntou-se uma vez mais à equipa daVans Classics para lançar uns ténis únicos que dão forma ao padrão Camo Mitchell. O padrão original com a planta hera foi desenvolvido nos anos 50 e usado pela primeira vez em 1953 pela Marinha dos EUA. Esta colaboração está disponível na loja online e em algumas lojas selecionadas.Aos ténis soma-se uma coleção cápsula exclusiva, que inclui uma seleção de malas, acessórios e t-shirts com o mesmo padrão. PAREDE ETELA Inaugura a 20 de Setembro, no Porto, a exposição coletiva “Street Art On Canvas”. Nesta mostra os artistas são convidados a unir duas linguagens – a tela e a intervenção em parede - e desta forma “refirmar a força da arte urbana”. Responderam ao apeloVanessaTeodoro, Frederico Draw, Tamara Alves (na imagem), Gustavo Mesk e a Hazul Luzah, entre outros.A exposição está patente até 25 de Outubro de 2014 na DaVinci Art Gallery. BANHO DE CERVEJA A Sovina, marca nacional de cerveja, criou dois sabonetes com base nos ingredientes daquela bebida: um hidratante e outro exfoliante. Rica em cereais, flor de lúpulo e levedura, a cerveja tem propriedades antibacterianas e antioxidantes sendo ideais para o cuidado da pele e do cabelo. O packaging e a identidade dos sabonetes artesanais ficaram ao cargo da supply, agência de comunicação e proprietária da marca de estacionário de luxo Fine&Candy. Um projeto confiado ao conhecimento e experiência da centenária Saboaria e Perfumaria Confiança. 27 DIF KUKIES26 DIF KUKIES E-BIKES DO PASSADO Chamam-se Otor e Otok e querem ocupar um lugar na tua garagem. São bicicletas eléctricas mas vestidas com detalhes retro, inspiradas nos modelos das motorizadas dos anos 50. Este meio de transporte sustentável é o ideal para a cidade, com os seus 23 kilos e motor com autonomia de 40 a 65 quilómetros que acumula a energia gerada pelas pedaladas. Começou por ser um hobby de uma família de Barcelona, com alguns membros engenheiros e com mais de 15 anos de experiência e paixão pelas bicicletas e mobilidade sustentável. Tudo começou na garagem da família cujo dono, engenheiro mecânico, mantinha o hábito desde criança de montar e desmontar bicicletas. Primeiro desenhou um quadro, depois o motor e com ajuda do pai, um verdadeiro mãozinhas, juntou-lhe detalhes para que se assemelhasse às motorizadas históricas. Desta mistura original nasceu a Otocycles. A marca de bicicletas eléctricas especializou-se na produção artesanal, o que permite aos clientes personalizar o seu modelo ao escolher entre uma variedade de cores e componentes. Não há duas bicicletas iguais, assegura a marca. MG PEPE JEANS LONDON DENIM CELEBRATION A história da Pepe Jeans London foi construída em denim.“A linha azul corre nas nossas veias” diz a marca britânica recordando o seu início há mais de 40 anos, numa humilde banca do mercado de Portobello Road. Para a nova estação, a Pepe Jeans apresenta orgulhosamente as suas peças icónicas assim como os bestsellers e os modelos intemporais. Qualidade, ajuste perfeito e design são atributos que se encontram nas quatro linhas da marca, seja na enérgica Portobello, na colecão ’73, cuja inspiração são o rock’n’roll, a arte e a música, na masculina Heritage e na ecológicaTrue Blue.
  • 15. Sapato NoBrand FOTOGRAFIA TIAGO COSTA SET DESIGN MARTA GONZÁLEZ Ténis Alexandra Moura para Goldmud
  • 16. Botim Pepe JeansBotim Fred Perry
  • 17. Calças Carhartt Pulseira da produção Rebel, rebel FOTOGRAFIA TIAGO COSTA STYLING MAGALI MAKE UP E CABELOS WELLINGTON DE OLIVEIRA MAINARDINNG (com produtos Redken) MODELO FREDERICO VENTURA (Just Models)
  • 18. Bomber jacket Dockers T-shirt Cheap Monday Calças Dockers Botas Fly London Fio e brinco da produção Casaco RVCA Tank top H&M Jeans Levi's Ténis Puma
  • 19. Camisola Levi’s Calças Carhartt Underware do modelo Botas Fly London Casaco Cheap Monday Hoodie, Camisa e Calças Diesel Acessórios da produção
  • 20. TEXTO PEDRO SAAVEDRA FOTOGRAFIA HERBERTO SMITH MAS QUEM É ESTETIPO? O Délio nasceu em Luanda e tem 33 anos. Veio para Portugal com 18 anos para trabalhar com um primo numa serigrafia. Para fazer a sua vida continuar nesta direcção geográfica, viu a família espalhar-se pela Europa e por África. Não teve medo e manteve a sua curiosidade sempre activa, a abrir aparelhos electrónicos, a colecionar fotografias e documentos, até ao ponto em que começou a mostrar as suas “brincadeiras” ao mundo. Nunca estragou uma única fotografia original, mas os processos que usa ofereceram ao mundo pequenas máquinas do tempo, entre o que cada história pessoal já foi e aquilo que ainda pode ser hoje. De pequeno, o trabalho do Délio, não tem nada e as suas “brincadeiras” já o levaram, em pouco tempo, a ser finalista no BESphoto. O ANGOLANO Nestes últimos tempos, as ideias que os portugueses têm sobre Angola e os angolanos sobre Portugal têm mudado muito, mas o meu interesse é sobre este angolano com o curioso nome de Délio. De onde vem o teu nome? “Os meus pais sempre foram criativos com os nomes, o meu irmão mais velho é o Mudassir, que é um nome árabe, a seguir eu, que sou o Délio, um nome grego, depois o Danilo, um nome hebraico, depois a Irina, nome russo, e depois a Daia, que é um mix de Diana Ross, porque ela é Daia Rosélia. Acho que a minha mãe tinha uma panca por essa cantora…” Era mesmo para Portugal que querias vir? “Era para aqui sim, porque já desde miúdo falávamos de eu ir para Portugal, para além disso tinha um bisavô português. Daqueles que foram entalados e tiveram de casar e ficar por lá, a família da minha avó agarrou-o, ele casou e registou os filhos.” O COLECIONADOR Reparei que o Délio coleciona coisas, entre documentos, cartas, aerogramas e até relógios, quase um arquivista do tempo a precisar rapidamente de uma casa-museu para lá guardar todo este espólio. Lembras-te de quando começaste a colecionar coisas? “Nunca fui um colecionador de cromos ou de carrinhos de brincar, eu gostava mesmo era de desmontar as coisas, tirar os dínamos e fazer barcos. Descobrir como é que o íman funciona, ver como é o interior das coisas. Mas onde me bate a cena do colecionar é já em Portugal, porque cresci a ver registos e documentos do avô e da família, e eu era muito ligado ao álbum de família.” E quando chegava a casa, naqueles dias especiais como o aniversário de alguém, ficava a olhar para como era a Irina [irmã] há uns anos… E vem daí a vontade de colecionar. Comecei por colecionar máquinas fotográficas antigas, polaroids e isso. Depois comecei a comprar fotos de desconhecidos, para ver como se fotografava na altura, a qualidade da imagem… hoje há muita fotografia no mercado, na altura a fotografia era muito bem feita, serrilhada à volta, muito bem tirada, ao pé do avião, ao pé de uma ovelha que não era da pessoa… aquilo era lindo!” O ARQUEÓLOGO Tantos documentos arquivados, como passaportes, cartas de aviso de morte, aerogramas, farão do Délio um arqueólogo descobridor de histórias pessoais fósseis, ou até um arquivista de emoções. Sentes essa responsabilidade? “Sinto. O caso da identidade, de onde é que nós viemos, das colónias. Fomos colonizados, e isso vai sendo apagado da identidade. Há camadas, eu mexo com isso, à procura de desvendar alguma coisa, ou de mostrar alguma coisa. Ninguém se recorda, há pessoas que não sabem que existiu, que existe ou que já existiu. Os aerogramas, por exemplo, eram enviados pelas madrinhas de guerra, que podiam ser homens ou mulheres. Alguns têm até uma escrita diferente que eu não consigo decifrar, mas há muitos enviados para cativar o pessoal que estava lá na guerra, uma cena de carinho que mexia com os soldados.” E o que é que vais fazer a todo esse arquivo? “Ainda não pensei nisso, mas eu não mexo com os originais, estão todos intactos. São fotografados e re-fotografados, passam pelo scanner, são limpos e quase esculpidos para um dia apresentar não sei onde, mas guardo tudo. Os meus documentos da segurança social ou do IRS, não lhes dou importância, mas o resto guardo tudo. É como aquelas coisas dos arquivos mortos em que tens de guardar durante 5 anos ou isso, e isto para mim é um arquivo vivo, porque conta uma história. Uma certidão, uma fotografia tipo passe, um cartão antigo do metro, tem mais história e valor. Um documento com uma assinatura, um cheque que tem coisas escritas no verso, têm códigos e fronteiras. Uma fatura da farmácia com palavras a vermelho e tracejados a preto, para mim é interessante.” O que muda tudo é um sinal pessoal? “É a assinatura por baixo, um carimbo, isso para mim é um documento, é uma fotografia, e não uma mera fatura, é uma imagem que revela um momento.” 39 DIF EXTRA-PESSOAL38 DIF EXTRA-PESSOAL TEXTO PEDRO SAAVEDRA FOTOGRAFIA HERBERTO SMITH CONVERSA COM DÉLIO JASSE 39 DIF EXTRA-PESSOAL38 DIF EXTRA-PESSOAL
  • 21.
  • 22. Camisa Fred Perry42 DIF EXTRA-PESSOAL O SERIGRAFISTA O Délio chegou a Portugal para trabalhar na serigrafia de um primo, Aladino Jasse, que estava por cá desde os anos 70. Como é que começou o bichinho da fotografia? Dentro do atelier havia um quarto escuro para revelar fotos, para se fazer os fotolitos para a serigrafia, e é aí que começa esse bichinho pelas artes visuais. Comecei a fotografar sem máquina, não tinha uma. Pegava numa box (caixa de sapatos com um furo) onde entrava o papel directamente e abria ao sol. Fazia isso por gozo.” E quem reparou nisso que estavas a fazer? “Foi no segundo atelier de serigrafia em que trabalhei, que também tinha um laboratório, máquinas fotográficas, livros, era uma biblioteca e foi a minha grande escola. Na altura o meu chefe, que foi um guia para mim, é que me cativou. Mostrava-lhe as imagens, às vezes eram praticamente todas negras, mas ele respondia sempre com palavras de incentivo, tipo isto está óptimo mas tens que dar um bocado de contraste aqui ou ali, mas está óptimo, estás melhor.” Foi aí que te sentiste artista? “Eu sempre gostei de fazer coisas diferentes, de mexer com coisas, criar coisas. Mas eu, até agora, não me sinto artista, sou um criador. Artistas há vários, cada um na sua área, mas gosto dessa parte da criação.” É aí que fazes a tua primeira exposição? “Sim, a primeira exposição, que hoje não ponho no currículo, foi na Livraria Italiana da Rua do Salitre. O trabalho mais honesto que eu tinha na altura, bem feito e bem mixado, era mais plástico do que agora. Estamos a falar de fotografia com borrões de tinta por cima, não era um Arnulf Rainer mas era um Délio Jasse que nem conhecia o Arnulf Rainer na altura mas já estava a fazer Arnulf Rainer. A exposição era individual, com 18 peças emolduradas, e chamava-se Sombra/Reflexos.” O FOTÓGRAFO Recentemente o Délio foi reconhecido através do BESphoto, sendo um dos três finalistas deste ano. Continuas a ser o mesmo miúdo que gosta de experimentar coisas? “Até agora não parei, continuo a experimentar, todos os dias experimento. Não digo que estou prestes a fazer do quadrado redondo, mas tento fazer a fórmula triangular a partir desse quadrado. Todos os dias eu tento lapidar um canto desse quadrado e estar sempre a experimentar, a improvisar e a ver outras formas do quadrado. Esse trabalho do BESphoto, que me deu mais visibilidade, ao ser projectado e maquetizado, deu origem a cinco projectos diferentes. Expus um, guardei três e outro deles já apresentei. E agora, para onde vais? “Esse trabalho do BESphoto vai para São Paulo no Brasil, e fica num prédio lindíssimo do Instituto Tomie Ohtake. Tenho também uma exposição, em novembro, para uma galeria na Cidade do Cabo. E uma residência artística/exposição para a Alemanha.” Consegues viver da fotografia? “Cá consigo, em Angola já não, que é tudo mais caro e complicado. Mas quando melhorar quero passar temporadas lá e outras aqui. Um dia gostava, mas não digo agora, por várias razões.” Observação: A entrevista foi realizada na esplanada da Cantina Lx com som de aviões, clientes habituais e até uma outra entrevista a um realizador conhecido, na mesa ao lado. www.deliojasse.com 42 DIF EXTRA-PESSOAL
  • 23. 44 DIF MODA 45 DIF MODA SEQUIN Sequin é o projecto a solo de Ana Miró, cujo primeiro sucesso foi o tema Beijing. Há nas suas músicas o que já foi chamado de ‘orientalidade electro pop’, em que a sua voz quente e inocente combina com ritmos electrónicos num misto de festa e nostalgia. Lançou, em Abril, o disco de estreia Penelope. + sequinsequin.bandcamp.com “É estranho ver as pessoas a cantar as nossas músicas.” Na última edição do NOS Alive em Algés, a G-Star convidou para o seu Coreto músicos, Dj’s e bandas em expansão. Como não podia deixar de ser, a marca holandesa vestiu cada um deles a rigor primando pelo denim e acabamentos de qualidade. Mesmo a competir com os brindes e néons de outros palcos maiores, o Coreto RAW atraiu público consistente, em contra- corrente mas coeso, atraído pelo magnetismo destas novas bandas. A DIF apanhou-os no fim das actuações e numa conversa à boca de cena trocou umas palavras e apresentações. CORETO RAW: O PALCO DOS AUTÊNTICOS 44 DIF MODA 45 DIF MODA CPT. LUVLACE RodrigoVon Schanderl ao longo de mais de uma década de carreira já passou pelos maiores clubes nacionais, granjeando uma audiência fiel. Conhecido pelo eclectismo e a adaptação aos diversos ambientes, o capitão dos discos é conhecido por espalhar o amor por onde passa. + www.mixcloud.com/cptluvlace “O meu nome é um tributo à Linda Lovelace e ao filme Garganta Funda.” TEXTO MARTA GONZÁLEZ COM INÊS FERREIRA FOTOGRAFIA TIAGO COSTA TODOS OS MÚSICOS ESTÃO INTEGRALMENTE VESTIDOS COM PEÇAS G-STAR COM EXCEPÇÃO DO CALÇADO E ACESSÓRIOS.
  • 24. 46 DIF MODA 47 DIF MODA KEEP RAZORS SHARP Keep Razors Sharp são Afonso (Sean Riley &The Slowriders), Rai (The Poppers), Bráulio (ex-Capitão Fantasma) e Bibi (Riding Pânico, entre outros). Com uma sonoridade entre o psicadelismo, o shoegaze e o pós-rock, os dois singles de estreia “I SeeYour Face” e “9th” tornaram-se sucessos radiofónicos e levaram a banda a ser uma das presenças mais assíduas dos festivais deVerão deste ano. + www.fb.com/KeepRazorsSharp “O nosso estilo é um estilo livre, é o que é. Todos nós vimos de background diferentes.” 46 DIF MODA 47 DIF MODA BRUSHY ONE STRING A guitarra com apenas uma corda acompanha a voz jamaicana de Brushy One String e o palco fica cheio. O músico ficou conhecido mesmo antes de lançar o álbum Destiny graças aos seus vídeos noYouTube e a sua aparição no documentário de culto sobre o reggae Rise Up. + brushyonestring.com “I love to do what I do.” THE WALKS Banda formada por Gonçalo Carvalheiro (baixo), Hélder Antunes (bateria), John Silva (voz), Nelson Matias (guitarra) e Miguel Martins (guitarra). Com uma forte aposta na vertente de performance, a banda personaliza a essência da fusão entre a pujança do rock n’ roll com o groove do r’n’b e do soul. + www.fb.com/thewalksband “The Walks é uma experiência.”
  • 25. 48 DIF MODA 49 DIF MODA GRRRL RIOT Colectivo de dj’s do Porto, que iniciaram actividade no clube Plano B. O núcleo duro da Grrrl Riot é composto pela Jackie (ausente na actuação no Coreto RAW), Maria e Min & Supa, activistas musicais da Invicta, com um fraquinho para a paz e para o amor. + grrrlriotplanob.tumblr.com "Os espanhóis adoraram... Guapas, guapas!" 48 DIF MODA 49 DIF MODA D’ALVA Alex d’AlvaTeixeira e Ben Monteiro apresentaram-se, acompanhados por Carolina Barreiro, em versão redux, mostrando o seu lado mais electrónico. Um concerto cheio de entusiasmo que roubou público aos cabeças de cartaz de outros palcos. D’Alva e o seu disco #batequebate são, sem dúvida, essenciais em 2014. + www.fb.com/somosdalva “Foi assustador! Em palco nasce um instinto animal: tu vês a presa e tens que ir lá”
  • 26. TEXTO JOÃO MOÇO Às vezes acredito que a The Chain é a melhor canção alguma vez escrita. Noutros dias vêm-me à memória outras como a Dreams, Never Going Back Again, You Make Loving Fun, Sara, Storms, Think About Me, Seven Wonders, Everywhere, Rhiannon ou Landslide. Tudo razões mais que suficientes para me questionar se serão os Fleetwood Mac a melhor banda do mundo. Um grupo que partiu do Reino Unido com os blues rock movidos a LSD pela guitarra de Peter Green e daí teve certamente mais que sete vidas até se transformar na instituição pop que ainda hoje resiste, um grupo que tem à sua frente mulheres como Steve Nicks e Christine McVie, parece impossível não afirmar que, a escolher só uma, seriam os Fleetwood Mac a melhor banda do mundo. Entre as canções anteriormente enumeradas ficou por referir Little Lies, canção difícil de esconder a qualquer alma desde que foi revelada pela primeira vez ao mundo no verão de 1987. Tendo nascido na recta final dessa década parece-me natural que tenha crescido com as melodias luminosas e maiores que a vida do álbum Tango in the Night (1987) a entranharem-se na minha genética. Se me parece impossível de definir uma época em que não tenha conhecido a Little Lies, por outro lado sei que no início da adolescência voltei aos Fleetwood Mac por culpa da excelente versão que os Smashing Pumpkins fizeram da Landslide. Mas durante anos não revelava de peito aberto esta paixão. Não eram propriamente um grupo que desse pontos de “credibilidade” a quem estava a crescer munido de insegurança. Percebi, com o tempo, que guilty pleasure é dos conceitos mais nefastos e errados criados por uma certa intelligentsia e há muito que uso as canções dos Fleetwood Mac como um coração na lapela e um possível caminho de definição individual. Não podia, por isso, estar mais entusiasmado por este regresso que a partir de Setembro terá lugar nos Estados Unidos (é fazer figas para que venha, pelo menos, à Europa) e que reunirá a formação que gravou obras-primas como o Rumours (1977) e Tusk (1979). Christine McVie, que há 16 anos abandonou a banda e, na altura, parecia mesmo que era para não mais voltar, decidiu juntar-se uma vez mais a Steve Nicks, Lindsey Buckingham, John McVie e Mick Fleetwood para uma série de espetáculos que se prolongarão até ao final do ano. Esta parece ser altura perfeita para mais uma reunião dos Fleetwood Mac, sendo hoje o grupo alvo de uma respeitabilidade generalizada (não que precisassem dela, são e serão sempre muito maiores que estes elitismos perpetuados por poderes estabelecidos), além de que o soft rock deixou também ele de ser encarado como um “género menor” (o quer que seja que isto signifique). As marcas da influência dos Fleetwood Mac (seja por via dos blues que os caracterizaram numa primeira fase, seja pelas melodias pop da segunda época) encontram- se por todo o lado. As norte-americanas Haim são dos casos mais recentes, sendo das melhores heranças vindas do Tango in the Night, orgulhosamente descentes de uma corrente pop de finais dos anos 1980 que os Fleetwood Mac ajudaram a definir. Taylor Swift, uma das mais talentosas compositoras de canções do nosso tempo, é outra das herdeiras do património do grupo (daí ter atuado ao lado de Stevie Nicks, nos Grammys, em 2010). As marcas dos Fleetwood Mac chegam, inclusive, a nomes que não merecem essa aproximação, como Best Coast ou Sharon Van Etten ou 90% dos artistas escolhidos para o disco de tributo Just Tell Me That You Want Me (2012). A verdade é que os Fleetwood Mac continuam a querer mostrar porque são a melhor banda do mundo e, como o nome da nova digressão deixa claro, eles vão continuar com o show. 50 DIF MÚSICA TEXTO JOÃO MOÇO FLEETWOOD MAC: A MELHOR BANDA DO MUNDO? Look Total Diesel Durante anos não revelava de peito aberto a paixão por Fleetwood Mac. Não eram propriamente um grupo que desse pontos de credibilidade. 50 DIF MÚSICA
  • 27. TEXTO FRANCISCO FERREIRA Em Setembro de 2004, Funeral caía com estrondo no panorama musical de então: uma jovem banda canadiana, liderada pelo casal Win e Régine, lançava o seu álbum de estreia, seguindo-se a um EP que tinha passado despercebido do grande público. Funeral - nome escolhido porque vários membros da banda tinham perdido membros das suas famílias mas, no fim de contas, mero ponto de partida para reflectirem sobre a dor de crescer, sobre a dor de perder e para gritarem bem alto que o mundo adulto lhes estava a esconder muita coisa. Dez anos depois deram-nos quatro álbuns e quatro concertos memoráveis. Mais do que isto, temos uma relação especial com eles. Mesmo sendo hoje uma banda com um estatuto global e de reconhecimento unânime, só isso não chega para explicar porque os acolhemos tão bem sempre que vieram a terras portuguesas – há algo mais, difícil de explicar mas fácil de perceber quando estamos no meio do uníssono que se forma nos concertos deles. Os Arcade Fire aproximam-nos para depois se juntarem a nós – a festa deles só é possível desta maneira – e, o que lhes tem conferido este estatuto que poucas bandas têm, é o facto de fazerem tudo isto a crescer e a reinventarem-se, quer seja a tocarem para umas centenas de pessoas ao final da tarde em Paredes de Coura ou como cabeças-de- cartaz no Parque da Bela Vista, com 48 mil pessoas a assistirem. “Uma das razões pelas quais eu tinha ido ao festival foi para vê-los. O Funeral tinha acabado de sair e andava obcecado com o álbum. Obriguei o meu grupo a acompanhar- me, embora só duas pessoas conhecessem uma música e o resto quisesse passar a tarde a descansar enquanto esperavam pelo concerto dos Pixies”, conta-nos Francisco Silva, sobre a tarde de Agosto de 2005 em que os Arcade Fire se estrearam em Portugal, no festival Paredes de Coura. “Eles tocaram ao fim da tarde. No início estava pouca gente - apenas os poucos fãs e o pessoal que os fãs arrastaram para ver a banda. Abriram com a ‘Wake Up’ e passaram logo para a ‘Laika’, onde dois dos elementos da banda começaram à porrada como parte do acto. Acabaram o concerto com a noite a chegar e casa cheia de pessoal de boca aberta, conscientes de que estavam a assistir ao início de uma banda grande”. Muitos de nós não estávamos lá mas as gravações do concerto que encontramos no Youtube dão razão ao Francisco e a quem estava com ele naquela tarde: era mesmo o início de uma banda grande. Em 2007 a história já era outra. O álbum de estreia tinha o seu lugar cimentado como um dos melhores álbuns dos últimos anos e seguia-se a difícil tarefa de criar um sucessor. Neon Bible foi, como Nuno Galopim disse, na sua crítica ao álbum, “um disco cujo único senão é o facto de suceder a um daqueles álbuns que não admitem igual” – tarefa cumprida, portanto. Meses depois de lançarem o álbum, voltavam a Portugal, naquela que foi a última edição do Super Bock Super Rock realizada exclusivamente no Parque do Tejo. “Eles tinham uma postura relaxada mas ainda suficientemente inocente para conseguirem admirar-se com aquele público e deleitar-se com a sintonia que houve naquela noite”, conta-nos Mariana Branco. “Via-se um mar de gente, isqueiros e telemóveis no ar, as luzes da ponte e da margem sul a acrescentarem uma aura mágica àquele quadro. De volta e meia, eles olhavam uns para os outros com aquele ar genuinamente espantado e maravilhado” e havíamos de voltar a ver esse ar cada vez que cá voltassem – e nessa noite ainda voltariam para o encore com a ‘Wake up’, entretanto tornado hino da banda (e nosso). Andamos mais três anos para a frente, até ao Verão de 2010. Ao terceiro álbum não restavam dúvidas: The Suburbs confirmava o estatuto global de uma banda que se distingue a cada disco, adicionando mais uma camada à sua identidade e que juntava, assim, mais um álbum brilhante à sua obra. O regresso estava marcado para Novembro de 2010 mas havia de ser cancelado e tivemos que esperar para ir ao Meco, na edição de 2011 do Super Bock Super Rock. Estava um mar de gente à espera que a banda pisasse os palcos portugueses pela terceira vez e havia um nervosinho miúdo no ar – há quatro anos que não os víamos. Embalados pelo som da ‘The Suburbs (continued)’ e acordados pela ‘Ready to Start’, começava uma noite mágica – um mar de gente que gritava cada verso como se fosse o último. Eles já nos tinham dito que a digressão já ia no fim mas que ali sentiam-se como se tivesse a começar mas foi quando voltaram para o encore que o Win nos surpreendia: “Fucking hell! Thank you! Please can someone from Portugal start a company that teaches other countries how to be crowds? You guys are fucking awesome!”. Nessa noite, o Meco acabou todo a dançar com a Régine, ao som da Sprawl II. Mantendo a tradição que dita um intervalo de três anos entre os discos da banda, teríamos que esperar até 2013 para ouvirmos Reflektor. Ao quarto álbum ainda sabemos quem eles são mas há cada vez menos algo que os liga aos putos que fizeram Funeral. A excelência a que nos habituaram continua lá e desta vez com mais pezinho de dança que o habitual. Nunca se duvidou da qualidade dos Arcade Fire mas fazer o que é feito neste álbum é um feito reservado para poucas bandas - virarem-se do avesso, mostrarem- se inquietos e, no processo, tornarem-se maiores. Foi assim que eles se mostraram, há poucos meses, no Parque da Bela Vista, no Rock in Rio. O palco era um autêntico cenário, membros da banda vestidos a rigor e a condizer, figurantes com máscaras gigantes, as músicas do novo álbum acompanhadas de uma grande teatralidade e tudo culminou na grandiosa festa que foi a ‘Here Comes the Night Time’. Pelo meio, houve um William a tropeçar e a rebolar, enquanto atirava o tambor ao ar, durante a ‘Rebellion (Lies)’. Por momentos, parecia que tínhamos recuado uns anos e, como os miúdos que ainda somos, enchemos o Parque da Bela Vista com “Lies! Lies!”. Mais uma noite para recordar e admirar – eles estão crescidos e as perguntas que fazem, com as novas músicas, não são tão naives, mas nós também não – afinal de contas crescemos com eles. 52 DIF MÚSICA TEXTO FRANCISCO FERREIRA 10 ANOS DE ARCADE FIRE Look Total Diesel Please can someone from Portugal start a company that teaches other countries how to be crowds? You guys are fucking awesome. Win Butler 52 DIF MÚSICA
  • 28. Casaco Miguel Vieira Camisola H&M Impermeável 55DSL Anel Aristocrazy FOTOGRAFIA RICARDO SANTOS STYLING JOEL ALVES MAKE UP VICTORIA MARIE GOULDING por MAC COSMETICS MODELO NATALIA BRHEL t h e B l u e i s w a r m E S T c o l o U r Bomber Diesel Vestido H&M Saia Nuno Baltazar Sneakers Puma
  • 29. Polo Lacoste T-shirt 55DSL Mochila Carhartt Garrafa Bobble Saia Carlos Gil Sneakers Converse Casaco Pepe Jeans Vestido polo Lacoste Vestido H&M Mochila Gola
  • 30. Camisola Nuno Baltazar Camisola tule Cheap Monday Sneakers Onitsuka Tiger Relógio Aristocrazy Bomber H&M Camisola Cheap Monday Calças Carlos Gil Sneakers Puma
  • 31. Casaco Ricardo Preto Calças Levi’s Sneakers Converse Óculos de sol Miu Miu Vestido Ricardo Preto Casaco H&M Calças Nuno Baltazar
  • 32. TEXTO RITA TOMÁS FOTOGRAFIA VERA MARMELO Não sinto que tenha de ter protagonismo para sentir orgulho no que faço. 63 DIF ARTE62 DIF ARTE TEXTO RITA TOMÁS FOTOGRAFIA VERA MARMELO Susana Pomba é do tempo em que uma comunidade se fazia pelo boca-a-boca e pelo acompanhar contínuo do trabalho dos outros. Formada em Belas Artes, nos anos oitenta, é fotógrafa e curadora, mas também já foi crítica e DJ. Obteve maior visibilidade enquanto curadora da exposição O dia pela noite, que celebrou o 10.º aniversário da discoteca LuxFrágil. Actualmente está nos comandos da vertente editorial do Teatro Praga, é guardiã convicta do MissDove, blogue que iniciou em 2007 e que documenta grande parte da cena das artes visuais lisboeta, e – porque isto poderia parecer pouco – é a cabeça, o coração e as mãos do Old School, um projecto curatorial mensal apresentado no DNA, Rua das Gaivotas, n.º 6, em Lisboa. Como é que nasceu o Old School? O Old School nasceu a seguir à exposição no LuxFrágil, que foi um projecto de grandes dimensões para um espaço muito conhecido da cidade. Depois desse projecto tão grande, quis voltar à estaca zero. Queria fazer algo que pudesse ser só eu e o artista. Isso acabou por definir a génese do projecto. Cada Old School é específico para o espaço da Escola das Gaivotas? Quando comecei, em 2011, pensei logo no Teatro Praga para albergar o Old School, porque cumpria de forma perfeita a minha intenção de cruzar os mundos das artes performativas e artes visuais. O primeiro espaço era no Poço do Bispo, mas, em 2013, o Teatro Praga mudou-se para a Rua das Gaivotas e eu vim com ele. Sempre me fui adaptando a outros espaços: os Praga foram convidados para ir ao Théâtre de la Ville, em Paris, e eu tive a oportunidade de fazer Old Schools lá. Apresentas sempre peças novas? No início, pensava que seria impossível, porque já havia uma grande preocupação com a crise e eu não tinha dinheiro, mas depressa me apercebi que os artistas estavam receptivos a criar obras novas. É isso que o Old School é hoje: um espaço em que artistas podem tirar ideias da gaveta e ensaiar uma obra nova, exercendo uma liberdade diferente e muitas vezes oposta à que têm numa galeria ou num museu. O que esperas de cada Old School? Tenho expectativas, nunca é um tiro no escuro. O que é importante é esta relação de total liberdade criativa que se estabelece entre mim e o artista. Achas que os artistas beneficiam desta experiência? Os resultados são sempre íntimos, só o artista o sabe. Mas também há consequências práticas visíveis: a palestra-performance do Pedro Barateiro já foi apresentada em Antuérpia, Roma e Paris; e a peça do Sam Smith foi apresentada no ICA em Londres em Junho. Isso é sempre gratificante. Além do Old School, também és editora da Props, projecto editorial do Teatro Praga, e ainda manténs o MissDove, um blogue sobre artes visuais. O blogue percorre a minha vida. Além de arquivo de memória colectiva, também é uma espécie de diário. Mas serve para me fazer ver coisas novas, faz-me procurar artistas novos. Na Props, deixo de estar nessa posição de arquivista e passo para o lado criativo, o que me agrada, porque me faz repensar as definições de autor e editor. Não sentes que o teu trabalho é muitas vezes demasiado invisível? Pode ser invisível, mas faço-o para pessoas que o merecem e que me respondem na mesma moeda, com grande generosidade. No Terceira Idade, do Teatro Praga, diz-se em certa altura que o que é mais difícil hoje é fazer algo que não fique. É um exemplo extremo, mas não sinto que tenha de ter protagonismo para sentir orgulho no que faço. Prefiro que as obras dos artistas sejam mais visíveis do que eu. Achas que estás a contribuir para o fortalecimento da comunidade artística? Sinto que estou, sem dúvida. Há poucas pessoas a querer fazer isto, porque é um trabalho oculto de persistência que apenas dá frutos visíveis e gordos depois de longos anos. Um exemplo disso é o blogue. Mas não existe uma estratégia rigorosa, estanque e delineada ― grande parte do que faço é instinto. Tens alguns projectos na gaveta? Ideias para o futuro? Quero escrever mais. E outros projectos do lado da curadoria, é o que me falta e me completa neste momento. oldschoolpomba.blogspot.pt www.missdove.org SUSANA POMBA, A CURADORA INVISÍVEL 63 DIF ARTE62 DIF ARTE
  • 33. TEXTO FREDERICO MORENO ILUSTRAÇÃO GONE MONTEIRO 64 DIF RETRO CULTURE O nome do célebre jogo “pedra, papel, tesoura” adequa-se à vida e obra de António Variações: os seus rasgos foram uma autêntica ‘pedrada’ no charco no panorama musical português; acabou por assumir um ‘papel’ de destaque (de tal maneira que se pode falar na música nacional AA/DC ‘Antes de António’ e ‘Depois de António); e também se celebrizou de ‘tesoura’ em punho, a definir novas tendências. No ano em que se assinalam três décadas da morte de António Variações, a conclusão é óbvia: este artista mexeu com a cabeça das pessoas, em todos os sentidos. O corpo é que paga, já dizia o artista. Talvez por isso, optasse por cortar o cabelo sentado... “Ao contrário dos outros cabeleireiros, que trabalhavam de pé, o António Variações cortava o cabelo numa cadeira de pé alto. Até nisso era diferente”. Lurdes Santos, 56 anos, puxa pela memória. No final da década de 70 do século passado, foi, de propósito, àquele salão de cabeleireiro, no Centro Comercial Imaviz, em Lisboa. Queria ver António Variações. Não de microfone na mão. Antes a manusear, com arte e engenho, um pente e uma tesoura. “Ele ainda não era famoso pela música. Mas já tinha aquela longa barba e já se vestia com roupas extravagantes. Apareciam ali muitos curiosos, só para vê-lo trabalhar. Ficavam literalmente colados na montra do salão, a espreitar lá para dentro por causa dele”, lembra. Quanto aos tipos de corte, desengane- se quem acha que o cliente tinha voto na matéria. Lurdes sorri e recorda que era o compositor/cantor/cabeleireiro quem decidia tudo. “Olhava para nós e escolhia o corte que mais nos favorecia. A mim, cortou-me o cabelo bem curtinho, quase ‘à rapaz’!”. É PARA AMANHÃ... Não deixes para amanhã, o que podes fazer hoje. Um conselho que Maria de Fátima, 66 anos, não teve autorização para seguir. Ela bem queria cortar o cabelo com António Variações... Queria, queria muito. Mas o marido simplesmente não a deixou. “O meu marido não ia assim muito com a cara dele. Era um pouco conservador. O meu filho ainda cortou o cabelo com o sr. Variações, mas eu, infelizmente, não podia.” Os olhos de Maria de Fátima brilham ao recordar as inúmeras vezes que se cruzou com António Variações, na última barbearia onde o artista trabalhou, no nº 70 da Rua de São José, em Lisboa. Apesar de morar ali perto, Maria de Fátima acabou por nunca se tornar cliente da barbearia unissexo com um nome que não deixava dúvidas: ‘É Pró Menino e Prá Menina’. Hoje, lamenta a oportunidade perdida: “O sr. Variações era um grande cabeleireiro, um artista moderno. Saíam dali cabeças espectaculares!”. Após a morte do cantor, a 13 de Junho de 1984, as empregadas da barbearia ainda tentaram aguentar o negócio, mas sem sucesso. As portas estiveram encerradas durante anos, até que o senhor Kantilal (português de origem moçambicana) decidiu abrir ali uma drogaria. “Quando comprei o espaço, ainda restavam alguns objectos da antiga barbearia. Fiz questão de guardar esta vitrina, como homenagem ao António Variações.” Kantilal sente-se honrado por ter herdado o último local de trabalho do músico, que inspirou diversas gerações de artistas portugueses. ‘FIZ DOSTEUS CABELOS A MINHA BANDEIRA’ - (1.ºVERSO DA MÚSICA “VOZ AMÁLIA DE NÓS”) Por muito que gostasse de cortar cabelo, ofício que aprendeu quando viveu em Amesterdão em 1974, aquilo que Variações verdadeiramente amava era a Música. Queria “Mudar de Vida”. Sonhava largar os secadores e pisar o palco para mostrar ao mundo as suas canções. Curiosamente, conseguiu o bilhete para a fama num momento em que estava de tesoura na mão, em plena actividade de cabeleireiro. Tudo mudou no preciso instante em que um homem influente se sentou na sua cadeira de barbeiro, o Midas da canção nacional daquele tempo: Júlio Isidro. Enquanto lhe cortava o cabelo, António segredou-lhe: “O Júlio sabe que eu também canto...?” Mais tarde, entregou- lhe uma maquete em formato cassete. Júlio Isidro ouviu-a - foi música para os seus ouvidos - ficou rendido ao talento do cantor e acabou por ‘descobrir’ mais um ícone da música portuguesa. Uma semana depois, António Joaquim Rodrigues Ribeiro (nome de nascimento) estava a estrear-se na televisão, no programa da RTP, “O Passeio dos Alegres”. “O ANTÓNIO VARIAÇÕES CORTOU-ME O CABELO” TEXTO FREDERICO MORENO ILUSTRAÇÃO GONE MONTEIRO 64 DIF RETRO CULTURE
  • 34. FRED PERRY AUTHENTIC STORE A visão da marca britânica Fred Perry materializou- se na sua primeira loja na cidade de Lisboa. A nova FRED PERRY Authentic Store segue as tendências internacionais da marca, com grande simplicidade na decoração e predomínio dos tons azuis e brancos, que remetem para a sua origem, fundada em 1952. Situada na Rua do Ouro, em plena baixa lisboeta, a loja procura conquistar um público que valoriza produtos com qualidade, que segue e dita as tendências da moda. Um dos principais objectivos do novo espaço é possibilitar uma visão mais alargada do universo Fred Perry ao público fiel da marca. A loja disponibiliza as coleções Authentic masculina e feminina, assim como, a linha da Fred Perry para os mais novos. Está também disponível a linha de calçado, malas e outros acessórios tão característicos da marca, bem como edições limitadas. Fred Perry Authentic Store Rua do Ouro, 234, Lisboa Segunda-feira a Sábado, das 10h às 19.30h SUPERDRY NO PORTO A marca britânica Superdry, referência internacional no universo da moda casual, chega agora a Portugal. Inspirada por uma viagem aTóquio, a marca inglesa representa uma fusão entre o grafismo japonês, as referências da tradição americana e os conhecimentos britânicos de tailoring. A Superdry aposta no mercado português e tem em desenvolvimento um plano de expansão para os próximos anos no país.A primeira loja abriu no coração da cidade do Porto, na Rua das Carmelitas 130, sob a alçada da Marques Soares. O primeiro ponto de venda Superdry conta com uma área de 80 metros quadrados e apresenta os “must-have” da marca: camisas axadrezadas, hoodies, malhas em tamanho XL e jeans com estética Superdry. Uma segunda loja já abriu no Centro Comercial Marshopping, em Matosinhos, com uma área de vendas de 180 metros quadrados.A Superdry tem atualmente mais de 450 lojas em todos os continentes e está comprometida com o mercado Português, com um ambicioso plano de expansão. MG Superdry Porto Rua das Carmelitas, 130 Porto THE BRITISH ARE COMING!.... 66 DIF PLACES CORTA/ ACÇÃO! Passou depressa como sempre passa o tempo que se goza. Quem não gosta doVerão, de ter um livro para ler e não o fazer? O email a ganhar pó, a casa que se abandona alegremente, a secretária do trabalho impoluta. E, de repente, cai-nos Setembro em cima: voltamos à cidade ainda a cheirar a praia, bronzeado orgulhoso, suspiros ao apanhar o metro, o dedo a escorregar para as fotos das férias. Nesta edição não pudemos, à imagem deste mês fronteiriço, escapar a alguma nostalgia na forma de revistações:Arcade Fire,AntónioVariações, Fleetwood Mac ou o maior rock’n’roller portuguêsVictor Gomes. Mas, também à sua semelhança, há nestas páginas que vais agora fazer tuas, rostos e projectos que nos inspiram para olhar em frente. O mesmo ímpeto de sempre: fazer. Seja música, pintura, fotografia ou roupa interior. Setembro é, semelhante a um Janeiro, o mês das resoluções. Por isso te dizemos: avança, faz e mostra-nos, a DIF quer falar sobre ti. MARTA GONZÁLEZ Por decisão editorial, cada artigo nesta DIF foi mantido na sua ortografia original. DIRECTOR Trevenen Morris-Grantham trevenen@difmag.com COORDENAÇÃO EDITORIAL Marta González marta@difmag.com DIRECTOR DE ARTE Ricardo Galésio COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Alexandra João, Elsa Garcia, Francisco Ferreira, Frederico Moreno, Gone Monteiro, Herberto Smith, Ines Ferreira, João Moço, Joel Alves, Magali, Pedro Saavedra, Ricardo Aço, Ricardo Santos, RitaTomás, Rute Correia,Tiago Costa,Victoria Goulding,Wellington de Oliveira Mainardinng Capa Fotografia:Tiago Costa Styling: Magali Make Up e Cabelos: Wellington de Oliveira Mainardinng Modelo: FredericoVentura (Just Models) Camisola Le coq sportif Calças Carhartt Ténis Converse Pulseira e Anel da produção 06. Fotografia (In)definições de género Texto: João Moço 08. Capa Dura Victor Gomes, Juntos Outra Vez Texto: Elsa Garcia 10. Cultura Um hemisfério de cada vez Texto: Rute Correia 12. New Stars Factory Hexágono Amoroso de Miguel Torga Texto: Elsa Garcia 14. Fotografia A beleza da banalidade Texto: Marta González 16. Intervenção Urbana Eu sou Hazul Texto: Alexandra João 18. Moda Lady Levi’s: We Can Do It! Texto: Marta González 20. Moda Merrell Outono/Inverno 2014 Texto: Marta González 22. Design Lingerie Cibernética Texto: Elsa Garcia 24. Kukies 28. Still Life Stepping Stones Fotografia: Tiago Costa Set Design: Marta González 32. Moda Rebel, rebel Fotografia Tiago Costa Styling Magali 38. Extra-Pessoal Conversa com Délio Jasse Texto: Pedro Saavedra Fotografia: Herberto Smith 44. Moda Coreto Raw: o palco dos autênticos Texto: Marta González com Inês Ferreira Fotografia: Tiago Costa 50. Música Fleetwood Mac: a melhor banda do mundo? Texto: João Moço 52. Música 10 anos de Arcade Fire Texto: Francisco Ferreira 54. Moda Blue is the warmest colour Fotografia: Ricardo Santos Styling: Joel Alves 62. Arte Susana Pomba, a curadora invisível Texto: Rita Tomás Fotografia: Vera Marmelo 64. Retro Culture “ O António Variações cortou- me o cabelo” Texto: Frederico Moreno Ilustração: Gone Monteiro 66. Places ÍNDICE PROPRIEDADE Publicards, Publicidade Lda. DISTRIBUIÇÃO Publicards publicards@netcabo.pt REGISTO ERC 125233, NÚMERO DE DEPÓSITO LEGAL 185063/02 ISSN 1645-5444, COPYRIGHT Publicards, Publicidade Lda., TIRAGEM MÉDIA: 17 000 exemplares PERIODICIDADE Mensal, ASSINATURA 10€ (8 Números) REDACÇÃO E DEPARTAMENTO COMERCIAL LX Factory, sala 3.11 Rua Rodrigues Faria 103 1300-501, Lisboa Telefone: 21 32 25 727 Fax: 21 32 25 729 info@difmag.com www.difmag.com Facebook: www.facebook.com/difmag.pt DIF EMVERSÃO PARA IPAD Para esta nova experiência basta acederes ao website da DIF em www.difmag.com com o teu iPad. lugar da rosa adidas T. 21 042 44 00 www.adidas.com/pt Adidas Eyewear T. 21 319 31 30 Aforest Design T. 96 689 29 65 Alexandra Moura info@alexandramoura.com Amélie Au Théâtre www.amelieautheatre.com American Vintage T. 21 347 08 30 Ana Salazar T. 21 347 22 89 Anerkjendt, Bench, Fenchurch, nümph, Solid – AboutFace T. 91 257 28 35 A outra face da lua T. 21 886 34 30 Ao Quadrado T. 21 385 04 85 Armistice T. 91 443 2960 Ben Sherman – Lusogoza T. 22 618 25 68 Billabong – Despomar T. 26 186 09 00 Boom Bap www.boombapwear.com By Malene Birger T. 21 394 40 20 Calzedonia T. 21 837 65 76 Carhartt T. 21 342 65 50 Cat, K-Swiss, Keds, Merrell, Palladium, UGG – Bedivar T. 21 938 37 00 Christian Dior www.dior.com Converse – Proged T. 21 446 15 30 Cubanas T. 24 988 93 30 www.cubanas-shoes.com Datch, Indian Rose, Gio Goi e Quick – As coisas pelo nome T. 22 610 55 82 www.ascoisaspelonome.pt Diesel store Lisboa T. 21 342 19 80 Dino Alves T. 21 886 52 52 info@dinoalves.eu DKNY T. 21 711 31 76 Dr. Martens daciano.carneiro@gmail. com Dysfunctional Shoes www.dysfunctionalshoes. com Eastpak - Morais &Gonçalves Lda. T. 21 917 42 11 Energie, Killah e Miss Sixty - Sixty Portugal T. 223 770 230 Ermenegildo Zegna T. 21 837 65 76 Espaço B T. 21 346 12 10 www.espaco-b.com Firetrap – Buscavisual - Rep. de Moda Unip., Lda Tm. 91 744 97 78 Fly London - Fortunato O. Frederico & Cª Lda. T. 25 355 91 40 www.flylondon.com Fornarina Tm. 91 218 18 88 www.fornarina.it Fred Perry - Sagatex T. 22 508 91 53 GAS T. 22 377 11 64 www.gasjeans.com Gola / Shulong – Upset Lda T. 21 445 9404 H&M T. 21 324 5174 Havaianas – Cia Brasil T. 29 121 18 60 Hilfiger Denim T. 21 394 40 20 Hoss T. 22 619 90 50 Hugo Boss – Hugo Boss Portugal Tel. 21 234 31 95 Insight T. 93 760 02 00 www.insight51.com Intimissimi T. 21 837 65 76 La Princesa y la Lechuga T. 96 274 11 77 Lacoste – Devanlay Portugal, Lda T. 21 112 12 12 www.lacoste.com Lee www.eu.lee.com Le Coq Sportif Filipe Beu –Tm. 91 999 15 57 Dayanny Cabral –Tm. 91 605 50 02 Lemon Jelly www.lemonjellyshoes.com Levi’s – Levi’s Portugal T. 21 799 57 30 Levi’s Acessórios – Pedro Nunes lda T. 239 802 500 Lightning Bolt, Nikita, Protest Lightning Bolt Europe SA T. 25 230 06 39 Luís Buchinho T. 22 201 27 76 Luís Onofre T. 21 342 19 80 Maison Margiela, Bernard Willhelm PorVocação, Porto –T. 22 092 70 02 Mango T. 21 347 08 30 Maria Baunilha imourisca@gmail.com Marc by Marc Jacobs T. 21 342 93 15 Marshall, Urbanears, Vestal – Waves&Woods T. 21 346 54 04 info@wavesandwoods. com Marta Fontes T. 91 717 02 79 Melissa T. 244 860 030 www.plastica.pt, www.melissa.com.br More is Better www.moreisbetter.com.pt Munich T. 21 464 36 00 www.munichsports.com New Balance, PF Flyers - Vestima T. 22 953 59 67 www.newbalance.com Nike Sportswear www.nikesportswear.com Nikita – Lightning Bolt Europe, SA. T. 25 230 06 39 www.nikitaclothing.com Nuno Baltazar T. 22 606 50 81 www.nunobaltazar.com Odd Molly T. 91 986 67 66 Onitsuka Tiger www.onitsukatiger.es Pepe Jeans T. 21 340 00 10 www.pepejeans.com Platadepalo T. 22 940 99 78 Puma T. 21 413 71 20 www.puma.com Purificacion Garcia www.purificaciongarcia.es Reebok www.rbk.com/pt Repetto T. 21 347 08 30 Replay Footwear - Pure Black, Lda T. 21 249 90 50 sales.pureblack@gmail.com Ricardo Dourado T. 96 643 51 79 Ricardo Preto Tm. 91 975 89 53 Rita Vilhena Jóias T. 91 927 47 40 Slazenger T. 91 874 24 78 Sonya by Sonia Rykiel T. 21 347 08 30 Springfield Chiado –T. 21 347 93 37 / Colombo –T. 21 716 61 33 / CascaisShopping –T. 21 460 02 79 Story Tailors T. 21 778 22 70 www.storytailors.pt Timezone – Companhia dos Desportos Tm. 93 228 75 04 Tommy Hilfiger T. 21 394 40 20 UMM Portugal T. 91 996 32 18 fffelizardo@netcabo.pt Valentim Quaresma info@valentimquaresma. com Vans - Nautisurf T. 210 108 950 www.vans.pt WESC T. 21 347 21 36 www.wesc.com White Tent michaelsalac@blow.co.uk Women’s Secret Chiado –T. 21 374 93 38 / Colombo –T. 21 716 61 32 / CascaisShopping – T. 21 460 14 20 YSL www.ysl.com Zilian T. 21 394 4020 GUIA DE COMPRAS Adidas T. 21 042 44 00 www.adidas.com/pt Adidas Eyewear T. 21 319 31 30 Aforest Design T. 96 689 29 65 Alexandra Moura info@alexandramoura.com Amélie Au Théâtre www.amelieautheatre.com American Vintage T. 21 347 08 30 Ana Salazar T. 21 347 22 89 Anerkjendt, Bench, Fenchurch, nümph, Solid – AboutFace T. 91 257 28 35 A outra face da lua T. 21 886 34 30 Ao Quadrado T. 21 385 04 85 Armistice T. 91 443 2960 Ben Sherman – Lusogoza T. 22 618 25 68 Billabong – Despomar T. 26 186 09 00 By Malene Birger T. 21 394 40 20 Calzedonia T. 21 837 65 76 Carhartt T. 21 342 65 50 Cat, K-Swiss, Keds, Merrell, Palladium, UGG – Bedivar T. 21 938 37 00 Christian Dior www.dior.com Converse – Proged T. 21 446 15 30 Cubanas T. 24 988 93 30 www.cubanas-shoes.com Cubanas@cubanas-shoes. com Datch, Indian Rose, Gio Goi e Quick – As coisas pelo nome T. 22 610 55 82 www.ascoisaspelonome.pt Diesel store Lisboa T. 21 342 19 80 Dino Alves T. 21 886 52 52 info@dinoalves.eu DKNY T. 21 711 31 76 Dr. Martens daciano.carneiro@gmail. com Dysfunctional Shoes www.dysfunctionalshoes. com Eastpak - Morais &Gonçalves Lda. T. 21 917 42 11 Energie, Killah e Miss Sixty - Sixty Portugal T. 223 770 230 Ermenegildo Zegna T. 21 837 65 76 Espaço B T. 21 346 12 10 www.espaco-b.com Firetrap – Buscavisual - Rep. de Moda Unip., Lda Tm. 91 744 97 78 Fly London - Fortunato O. Frederico & Cª Lda. 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