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MODELO PREDOMINANTE DE

EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS
PARA ANÁLISE ENERGÉTICA EM FLORIANÓPOLIS

TIAGO TAMANINI JUNIOR
ENEDIR GHISI ORIENTADOR
ULISSES MUNARIM COLABORADOR
PIBIC/CNPq

BIPI/UFSC
UNIVERSIDADE	FEDERAL	DE	SANTA	CATARINA	
CENTRO	TECNOLÓGICO	
DEPARTAMENTO	DE	ENGENHARIA	CIVIL	
PROGRAMA	INSTITUCIONAL	DE	BOLSAS	DE	INICIAÇÃO	CIENTÍFICA	
PIBIC/CNPq	–	BIPI/UFSC	2012/2013	
	

MODELO	PREDOMINANTE	DE	EDIFÍCIOS	DE	ESCRITÓRIOS	
PARA	ANÁLISE	ENERGÉTICA	EM	FLORIANÓPOLIS	
	
	
	
	
	
	
	
	
Tiago	Tamanini	Junior	
	
ORIENTADOR	
Enedir	Ghisi,	PhD	
	
COLABORADOR	
Ulisses	Munarim	
	
	
	
	
	
	
	
	
Florianópolis,	31	de	agosto	de	2013.
AGRADECIMENTOS	
Primeiramente,	 ao	 meu	 orientador,	 Enedir	 Ghisi,	 pela	 oportunidade	 de	
aceitar	e	acreditar	na	minha	pesquisa	que,	acima	de	tudo,	é	mérito	da	continuidade	
de	 trabalhos	 precedentes	 e	 será	 fonte	 para	 outros	 futuros	 que	 assim	 o	
considerarem	pertinente.	
Ao	 Ulisses	 Munarim,	 importante	 colaborador	 e	 fomentador	 da	 minha	
temática	 e	 base	 literária.	 Foi	 quem	 me	 ingressou	 neste	 meio	 e	 que	 tem	 me	
estimulado	ainda	mais	a	continuar	sendo	pesquisador.		
À	 Fernanda	 Sasse,	 minha	 esposa,	 a	 qual	 esteve	 do	 meu	 lado	 em	 diversos	
momentos	 da	 pesquisa,	 seja	 ouvindo	 minhas	 felicitações	 por	 novas	 descobertas,	
seja	pelas	frustrações	dos	caminhos	não	satisfatórios	que	a	pesquisa	científica	gera	
ocasionalmente.	
Aos	 meus	 pais,	 Frida	 Lange	 e	 Tiago	 Tamanini,	 que	 acreditaram	 e	 me	
incentivaram	 nos	 estudos	 desde	 minha	 formação	 primária.	 A	 estes	 devo	 muito	
mais	do	que	ainda	poderei	retribuir.	
Ao	CNPq	e	à	UFSC	que	me	concederam	a	bolsa	de	pesquisa,	a	qual	reconheci	
melhor	 após	 o	 ingresso	 e	 que,	 se	 houvesse	 nova	 oportunidade,	 novamente	
ingressaria.	
À Jonathan	Raphael	Vieira	da	Rosa,	o	qual	concedeu	para	mim	livre	uso	de	
sua	fotografia	do	centro	de	Florianópolis	para	ilustrar	a	capa	deste	trabalho.	
Tentando	 fazer	 jus	 a	 todos	 que	 me	 auxiliaram	 de	 alguma	 forma	 nesta	
pesquisa,	 cito	 os	 nomes	 das	 instituições,	 empresas	 e	 profissionais,	 mesmo	 com	
questionável	risco	de	cometer	deslembrança	dos	que	também	tiveram	importância	
neste	trabalho:	
	
Cota	Empreendimentos	–	Marco	Aurélio	Alberton	(Diretor	Técnico).	
Espaço	Livre	Arquitetura	–	Patrizia	Chippari	(Arqª).	
Hoepcke	Administração	e	Construção	–	Adriano.	
RCD	Participações	–	Andreza	De	Jesus	e	Gilnei	João	do	Bem	(Engº	Civil).	
Labcon	–Fernando	Simon	Westphal	(Engº	PhD.).	
LabEEE	–	Aline	Schaefer	(Arqª),	Ariadne	Marques	de	Mendonça	(Engª	Civil),	
Arthur	 Santos	 Silva	 (Engº	 Civil),	 Bruna	 Balvedi	 (Arqª),	 Cláudia	 Donald	 Pereira	
(Arqª	 Ma.),	 Karran	 Besen	 (Graduando	 em	 Ciências	 da	 Computação),	 Leonardo	
Mazzaferro	 (Engº	 Civil),	 Márcio	 Sorgato	 (Arqº	 Me.),	 Miguel	 Pacheco	 (Arqº	 Dr.),	
Renata	De	Vecchi	(Arqªl	Ma.)	e	Arquiteto	Mestre	Rogério	Versage	(Arqº	Me.).	
SUSP	–	Eneda	e	Adam	de	Lima	Cardoso	(Estagiário).
“O	propósito	existencial	do	construir	é	fazer	
um	sítio	tornar‐se	um	lugar,	isto	é,	revelar	os	
significados	presentes	de	modo	latente	no	
ambiente	dado.”	
	
Christian	Norberg‐Schulz
SUMÁRIO	

AGRADECIMENTOS	.............................................................................................................................................	2	
LISTA	DE	TABELAS	.............................................................................................................................................	7	
SIGLAS...........	.........................................................................................................................................................	8	
RESUMO…….	 .........................................................................................................................................................	9	
.
1INTRODUÇÃO	.................................................................................................................................................	10	
.
1.1	Considerações	iniciais	..........................................................................................................................	10	
1.2	Objetivos	.................................................................................................................................................	14	
1.2.1Objetivo	geral....	................................................................................................................................................	14	
1.2.2Objetivos	específicos	......................................................................................................................................	14	
1.3	Estrutura	do	trabalho	...........................................................................................................................	14	
2	REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	...........................................................................................................................	16	
2.1	Introdução	..............................................................................................................................................	16	
2.2	Consumo	Energético	da	Construção	Civil	no	Brasil	.......................................................................	16	
.
2.3	Análise	de	Ciclo	de	Vida	Energético	...................................................................................................	18	
2.3.1	Contexto	Histórico	.........................................................................................................................................	18	
.
2.3.2	Normalização....	................................................................................................................................................	19	
2.3.3	Análise	de	Ciclo	de	Vida	Energético	(ACVE)	em	Edificações	.......................................................	20	
2.4	Simulação	Computacional	...................................................................................................................	22	
2.4.1	BIM	–	Building	Information	Modeling	....................................................................................................	22	
2.4.2	Simulação	energética	computacional	....................................................................................................	24	
2.4.3	Interoperacionalidade	entre	BIM	e	simulação	energética	computacional	...........................	25	
2.4.4	Integração	entre	BIM	e	simulação	energética	computacional	....................................................	27	
2.5	Modelo	predominante	..........................................................................................................................	27	
2.6	Considerações	finais	.............................................................................................................................	30	
3	MÉTODO....	......................................................................................................................................................	32	
3.1	Introdução	..............................................................................................................................................	32	
3.2	Levantamento	de	dados	.......................................................................................................................	32	
3.3	Distinção	dos	edifícios	de	escritório	..................................................................................................	32	
3.4	Localização	.............................................................................................................................................	33	
3.5	Orientação	solar	dos	edifícios	.............................................................................................................	34	
3.6	Forma	......................................................................................................................................................	34	
.
3.7	Elementos	de	proteção	solar	...............................................................................................................	34	
3.8	Relação	solo‐edifício	.............................................................................................................................	34	
3.9	Definição	do	modelo	predominante	..................................................................................................	34	
3.9.1	Número	de	pavimentos	.....................................................................................................................	35	
3.9.2	Forma	...................................................................................................................................................	35	
3.9.3	Dimensões	.....................................................................................................................................	35	
3.9.4	Orientações	das	fachadas	...........................................................................................................	35	
3.9.5	Elementos	de	proteção	solar	.....................................................................................................	36	
3.9.6	Detalhes	construtivos	 .................................................................................................................	36	
.
3.9.7	Percentual	de	área	de	janela	na	fachada	–	PJF	.......................................................................	36	
3.9.8	Relação	solo‐edifício	....................................................................................................................	36	
3.9.9	Entorno	..........................................................................................................................................	36	
3.10	Considerações	finais	...........................................................................................................................	37	
4	RESULTADOS	.................................................................................................................................................	38	
4.1	Considerações	Iniciais	..........................................................................................................................	38	
4.2	Análise	de	levantamento	do	parque	edilício	....................................................................................	41	
4.2.1	Tempo	de	execução	das	obras	..................................................................................................................	41	
4.2.2	Localização	dos	edifícios	.............................................................................................................................	43	
4.2.3	Orientação	solar	das	Fachadas	.................................................................................................................	44	
4.2.4	Forma	das	edificações	..................................................................................................................................	44	
4.2.5	Quantidade	de	pavimentos	por	edifício	................................................................................................	46	
4.2.6	Pé‐direito	dos	escritórios	............................................................................................................................	47	
4.2.7	Áreas	envidraçadas	........................................................................................................................................	47	
4.2.8	Relação	solo‐edifício	.....................................................................................................................................	54	
.
4.2.9	Obstrução	de	entorno	...................................................................................................................................	55	
4.3	Modelo	predominante	..........................................................................................................................	55	
5	CONCLUSÕES	..................................................................................................................................................	61
5.1	Limitações	do	trabalho	.........................................................................................................................	61	
5.2	Sugestões	para	trabalhos	futuros	......................................................................................................	62	
.
REFERÊNCIAS	BIBLIOGRÁFICAS	.................................................................................................................	64	
APÊNDICES.........	................................................................................................................................................	65	
ANEXOS..................................................................................................................................................................96
LISTA	DE	FIGURAS	
Figura	1	–	Diagrama	esquemático	da	Análise	de	Ciclo	de	Vida	em	Edificações.	..........................................	11	
Figura	2	–	Produção	de	Energia	Primária.	....................................................................................................................	17	
Figura	3	–	Participação	da	construção	civil	no	PIB,	emprego	e	energia	consumida	brasileira	.	..........	18	
Figura	4	–	Organograma	da	Análise	de	Ciclo	de	Vida.	.............................................................................................	20	
Figura	5	–	Cronologia	esquemática	de	uma	ACVE	para	edifícios.	......................................................................	21	
Figura	6	–	Diferença	entre	CAD	e	BIM	para	atribuição	de	informações	em	um	projeto.	.........................	23	
Figura	7	–	Processo	de	gerenciamento	de	um	modelo	BIM	para	análise	energética.................................	24	
Figura	 8	 –	 Ilustração	 dos	 quatro	 parâmetros	 utilizados	 para	 definição	 de	 tipo	 predominante	 de	
edifícios	conforme	a	metodologia	DOE.	.........................................................................................................................	27	
Figura	9	–	Porcentagem	de	edifícios	que	possuem	elementos	de	proteção	solar.	......................................	29	
Figura	10	–	Tipos	de	vidros	utilizados	em	edifícios	de	escritórios.	..................................................................	30	
Figura	11	–	Região	de	estudo	dos	edifícios	de	escritório	em	Florianópolis.	.................................................	33	
Figura	12	–	Relação	de	estudo	da	obstrução	do	entorno.	......................................................................................	37	
Figura	13	–	Número	de	Habite‐ses	de	edifícios	de	escritórios	novos	liberados	por	ano	entre	2004	e	
2012.																..............................................................................................................................................................................	40	
Figura	14	–	Tempo	de	execução	dos	edifícios	por	ano	de	início	de	construção.	.........................................	41	
Figura	 15	 –	 Eficiência	 construtiva	 dos	 edifícios	 de	 escritórios	 em	 Florianópolis	 por	 tamanho	 de	
empreendimento......................................................................................................................................................................	42	
Figura	17	‐	Ocorrência	de	edifícios	de	escritórios	por	bairro.	.............................................................................	43	
Figura	18	‐	Orientação	da	fachada	principal.	..............................................................................................................	44	
.
Figura	19	‐	Forma	em	planta	dos	edifícios.	..................................................................................................................	44	
Figura	 20	 –	 Desenho	 arquitetônico	 em	 corte	 e	 respectiva	 fotografia	 do	 edifício	 Dall	 Center	 para	
representação	de	chanfro	na	volumetria	do	edifício.	..............................................................................................	45	
Figura	 21	 –	 Desenho	 arquitetônico	 em	 corte	 e	 respectiva	 fotografia	 do	 edifício	 ACCR	 para	
demonstração	de	escalonamento	na	volumetria	do	edifício.	...............................................................................	45	
Figura	22	–	Quantidade	de	edifícios	por	número	pavimentos.	...........................................................................	46	
Figura	23	–	Quantidade	de	pavimentos	por	edifício	em	detrimento	do	ano	de	alvará.	...........................	46	
Figura	24	–	Quantidade	de	edifícios	por	pé‐direito	dos	pavimentos‐tipo.	....................................................	47	
.
Figura	25	–	Percentual	de	área	envidraçada	por	fachada	principal	(2004‐2012).	....................................	48	
Figura	26	–	Percentual	de	área	envidraçada	por	fachada	principal	(1974‐2003).	....................................	48	
Figura	27	–	Área	envidraçada	na	fachada	principal	por	ano	de	liberação	de	alvará	da	SUSP.	..............	49	
Figura	28	–	Variação	de	percentagem	de	área	envidraçada	nas	fachadas	principais	no	decorrer	do	
tempo	(datas	por	alvarás).	...................................................................................................................................................	50	
Figura	29	–	Percentual	de	área	envidraçada	por	fachada	secundária.	............................................................	51	
Figura	30	–	Percentual	de	área	envidraçada	por	fachada	secundária.	............................................................	52	
Figura	31	–	Percentual	de	área	envidraçada	por	orientação	e	tempo.	............................................................	53	
Figura	32	–	Quantidade	de	edifícios	por	pavimentos	no	subsolo.	.....................................................................	54	
Figura	33	–	Desenho	arquitetônico	em	corte	mostrando	os	pavimentos	de	subsolo	do	edifício	Prime	
Tower.														..............................................................................................................................................................................	54	
Figura	 34	 –	 Premier	 Office	 Center	 e	 Max	 &	 Flora	 Center,	 empreendimentos	 excepcionais	 aos	
resultados	dos	modelos	predominantes.	......................................................................................................................	58	
Figura	35	–	Maquete	eletrônica	do	modelo	predominante	do	Centro.	............................................................	59	
Figura	36	–	Maquete	eletrônica	do	modelo	predominante	da	Bacia	do	Itacorubi.	....................................	59	
Figura	37	–	Características	dos	pavimentos	nos	modelos	predominantes.	...................................................	60
LISTA	DE	TABELAS	
Tabela	1	–	Consumo	de	materiais	e	energia	no	setor	da	construção	civil	......................................................	11	
Tabela	2	–	Capacidade	de	interoperacionalidade	entre	ferramentas	BIM	e	de	simulação	energética	
computacional	através	de	arquivos	gbXML.	................................................................................................................	26	
Tabela	3	–	Quantidade	de	edifícios	ocupados	por	variação	de	anos.	................................................................	38	
Tabela	4	–	Características	dos	edifícios	analisados.	.................................................................................................	39	
Tabela	 5	 –	 Quadro	 de	 áreas	 do	 edifício	 Premier	 Office	 Center	 com	 previsão	 de	 ganho	 de	 área	
construída	por	transferência	do	direito	de	construir	e	construção	de	obra	de	arte.	................................	40	
Tabela	6	–	Características	dos	modelos	predominantes.	.......................................................................................	57
SIGLAS	
ACV	 Análise	de	Ciclo	de	Vida	
ACVE	 Análise	de	Ciclo	de	Vida	Energético	
BIM	 Building	Information	Modeling	
CAD	 Computer‐aided	Design	
DOE	 Department	of	Energy	
EI	
Energia	Incorporada	
IBPSA	 International	Building	Performance	Simulation	Association	
IEA	 International	Energy	Agency	
ISO	 International	Organization	for	Standardization	
NBR	 Norma	Brasileira	Regulamentadora	
SETAC	Society	of	Environmental	Toxicology	and	Chemistry
RESUMO	
	
Diante	 do	 notável	 consumo	 de	 energia	 de	 um	 edifício	 de	 escritórios	 durante	 seu	
ciclo	de	vida,	este	trabalho	avalia	o	parque	edilício	de	escritórios	de	Florianópolis	‐	
SC.	Seu	principal	objetivo	é	elaborar	um	modelo	predominante	deste	parque	com	
início	 de	 ocupação	 entre	 2004	 e	 2012,	 o	 qual	 possa	 ser	 utilizado	 para	 análise	
energética.	 Para	 isso,	 foram	 realizadas,	 a	 partir	 de	 dados	 da	 Secretaria	 de	
Urbanismo	 e	 Serviços	 Públicos	 (SUSP),	 análises	 de	 características	 físicas,	
geométricas	e	geográficas	assim	como	a	modelagem	de	maquetes	eletrônicas	que	
representassem	o	tipo	predominante	dessas	edificações	na	cidade.	O	levantamento	
englobou	30	empreendimentos,	dos	quais	18	no	Centro	e	12	na	Bacia	do	Itacorubi.	
Para	complementar	os	dados	da	SUSP,	foram	consultados	softwares	de	localização	
e	 geração	 de	 imagens	 de	 satélite	 assim	 como	 profissionais	 da	 construção	 civil	
envolvidos	 nos	 edifícios	 analisados.	 Constatou‐se	 assim	 que	 57%	 do	 parque	
edilício	total	possuem	mais	de	50%	de	superfície	envidraçada,	tendo	um	aumento	
significativo	no	decorrer	das	últimas	décadas.	A	pesquisa	resultou	também	que	a	
orientação	de	maior	percentual	de	área	envidraçada	esteve	sempre	relacionada	à	
visualização	 pela	 fachada	 principal	 ou	 secundária	 e	 não	 à	 vulnerabilidade	 do	
impacto	 da	 insolação	 pelas	 faces	 dos	 edifícios.	 Ainda	 foram	 apontados	 que	 os	
modelos	 predominantes	 do	 Centro	 e	 da	 Bacia	 do	 Itacorubi	 possuem	 áreas	
envidraçadas	 semelhantes,	 entretanto	 os	 edifícios	 do	 Centro	 possuem	 maior	
gabarito	que	os	da	Bacia	do	Itacorubi	e	estes	maiores	áreas	construídas	devido	a	
implantações	 em	 lotes	 de	 maiores	 dimensões.	 Deste	 modo	 concluiu‐se	 que	 há	
pouca	 preocupação	 de	 órgãos	 públicos	 e	 parte	 dos	 projetistas	 na	 concepção	 e	
análise	 da	 eficiência	 energética	 das	 edificações.	 A	 finalidade	 estética	 visual	 e	 o	
dimensionamento	de	espaços	conforme	demandas	econômicas	foram	os	elementos	
determinantes	do	projeto	de	edifícios	de	escritórios	em	Florianópolis.	
Palavras‐chave:	edifícios	de	escritórios,	modelo	predominante,	análise	energética.
INTRODUÇÃO	

	

	

10	

1 INTRODUÇÃO	
	
1.1 Considerações	iniciais	
A	 busca	 por	 suprir	 as	 necessidades	 humanas	 nos	 ambientes	 construídos	 sempre	
foi	 uma	 premissa	 básica	 da	 arquitetura.	 Os	 primeiros	 núcleos	 de	 civilização	
possuíam	 uma	 íntima	 integração	 com	 a	 natureza,	 onde	 a	 matéria‐prima	 extraída	
sofria	poucos	processos	de	transformação	até	a	sua	fase	final	de	uso.	Dessa	forma,	
havia	um	baixo	consumo	de	energia,	que	inicialmente	era	movido	por	força	animal	
(incluindo	a	humana).	
A	 partir	 da	 era	 moderna,	 os	 processos	 de	 transformação	 da	 matéria‐prima	
passaram	a	ser	industrializados,	aumentando	a	extração	de	recursos	naturais	e	o	
consumo	 de	 energia.	 A	 larga	 escala	 de	 produção	 de	 materiais	 para	 a	 construção	
civil	 se	 disseminou	 pelo	 mundo	 e	 tornou	 a	 máquina	 o	 centro	 de	 expectativas	 da	
humanidade.	 Durante	 meados	 do	 século	 XX	 foi	 reduzido	 o	 uso	 de	 variáveis	
ambientais	 como	 condicionantes	 de	 projetos	 para	 edificações,	 visto	 que	 os	
sistemas	elétricos	(ventiladores,	condicionadores	de	ar)	substituíram	os	sistemas	
passivos	 de	 conforto	 ambiental	 e	 os	 materiais	 naturais	 para	 construção	 foram	
substituídos	 por	 materiais	 manufaturados.	 Além	 disso,	 devido	 ao	 processo	 de	
globalização,	 a	 indústria	 levou	 ao	 mundo	 materiais	 de	 regiões	 específicas,	
aumentando	 as	 distâncias	 de	 transporte	 e	 desfavorecendo	 o	 balanço	 energético	
entre	produção	e	consumo	locais.	
Havendo	a	primeira	crise	energética	nos	anos	1970,	com	o	aumento	dos	preços	dos	
barris	 de	 petróleo	 no	 Oriente	 Médio,	 a	 origem	 das	 fontes	 energéticas	 foi	
questionada.	 Reduzir	 o	 consumo	 e	 substituir	 combustíveis	 fósseis	 por	 energias	
renováveis	tornou‐se	pauta	de	vários	congressos	e	acordos	internacionais,	como	a	
Rio	92	e	o	Tratado	de	Kyoto.	
A	 amplitude	 dessa	 problemática	 mundial	 chegou	 à	 construção	 civil	
posteriormente.	 Alguns	 segmentos	 do	 setor	 se	 voltaram	 para	 os	 processos	 de	
fabricação	 de	 materiais	 enquanto	 outras	 linhas	 de	 pesquisa	 discutiram	 os	 usos	
finais	de	equipamentos	eletrodomésticos	e	de	climatização.	Houve	neste	momento	
um	 despertar	 para	 as	 questões	 relacionadas	 ao	 ciclo	 de	 vida	 das	 edificações	
(TAVARES,	2006).	
Além	da	crise	energética,	houve	também	preocupações	relacionadas	aos	impactos	
da	 construção	 civil	 no	 meio	 ambiente	 e	 na	 saúde	 humana.	 Um	 exemplo	 da	
interferência	 que	 o	 setor	 tem	 gerado	 em	 escala	 global	 a	 estes	 casos	 pode	 ser	
observado	na	Tabela	1.
INTRODUÇÃO	

	

	

11	

Tabela	1	–	Consumo	de	materiais	e	energia	no	setor	da	construção	civil	
Recurso	
Índice	de	uso	
Efeitos	
Destruição	do	ambiente	de	mineração,	geração	
40%	
de	resíduos	tóxicos,	remoção	de	florestas,	
Matéria‐prima	
Atividades	de	mineração	

Madeira	
Energia	
Água	
Resíduos	
Ar	

25%	

Exploração	de	reservas	

40%	

Fontes	de	energia	

poluição	do	ar	e	água	do	processamento	
Desflorestamento,	perda	da	diversidade	de	fauna	
e	flora,	desertificação	e	comprometimento	de	
mananciais	de	água	
Poluição	do	ar,	chuva	ácida,	mudança	de	cursos	
de	rios,	lixo	atômico	e	aumento	do	aquecimento	
global	

16%	

Poluição	de	córregos	e	rios,	escassez	de	água	
para	consumo	humano	

50%	

Lixo	municipal	

Acúmulo	de	resíduos	com	infiltrações	de	líquidos	
tóxicos	e	metais	pesados	para	os	lençóis	
freáticos	

30%	

Aumento	dos	índices	de	doenças	respiratórias	e	

Recursos	hídricos	continentais	

perdas	de	10	bilhões	de	dólares	em	
Má	qualidade	interna	do	ar	das	
produtividade	das	empresas	
novas	edificações	ou	das	reformadas	
Fonte:	Roodman	et	al,	1995	apud	Tavares	(2006).	
	

Esses	 dados	 revelam,	 de	 uma	 forma	 geral,	 os	 principais	 impactos	 da	 construção	
civil,	 apontando	 conclusões	 da	 influência	 que	 as	 edificações	 geram	 ao	 longo	 de	
suas	vidas.	O	estudo	destes	impactos	ao	longo	da	vida	de	um	bem	ou	serviço	está	
relacionado	ao	método	da	Análise	de	Ciclo	de	Vida.	
Esse	método,	a	Análise	de	Ciclo	de	Vida,	surgiu	a	partir	de	estudos	de	impactos	de	
produtos	 manufaturados,	 onde	 se	 pôde	 chegar	 posteriormente	 à	 aplicação	 em	
edifícios.	Deste	modo,	seu	conceito	baseia‐se	na	formação	de	uma	base	de	dados	–	
inventário	–	para	posterior	avaliação	comparativa	de	entradas,	saídas	e	impactos	
ambientais	potenciais.	
O	processo	de	Análise	de	Ciclo	de	Vida	de	Edificações	pode	ser	compreendido	de	
forma	resumida	através	da	Figura	1.	

	
Figura	1	–	Diagrama	esquemático	da	Análise	de	Ciclo	de	Vida	em	Edificações.	
Fonte:	Tavares	(2006).
INTRODUÇÃO	

	

	

12	

A	 NBR	 ISO	 14040	 de	 2001	 identifica	 a	 ACV	 como	 uma	 técnica	 que	 estuda	 os	
aspectos	 ambientais	 e	 os	 impactos	 potenciais	 ao	 longo	 da	 vida	 de	 um	 bem	 ou	
serviço.	 Os	 aspectos	 e	 impactos	 ambientais	 estudados	 na	 ACV	 são	 diversos	 e	
incluem	o	uso	de	recursos,	a	saúde	humana	e	as	consequências	ecológicas.		
A	 partir	 da	 avaliação	 destes	 impactos,	 a	 ACV	 pode	 auxiliar	 na	 melhoria	 dos	
aspectos	 ambientais	 de	 bens	 ou	 serviços,	 na	 tomada	 de	 decisões	 de	 empresas	 e	
organizações	 governamentais,	 além	 da	 seleção	 de	 indicadores	 de	 desempenho	
ambiental	(NBR	ISO	14040,	2001).	
Apesar	 de	 a	 ACV	 possuir	 grande	 utilidade,	 exige	 considerável	 tempo	 e	 recursos	
para	 levantamento	 de	 dados	 (CHEHEBE,	 1998).	 É	 recorrente	 que	 os	 impactos	
relativos	 ao	 consumo	 de	 energia	 são	 significativos	 nos	 estudos	 de	 ACV.	 Dessa	
forma,	 analisando	 tempo	 e	 recursos,	 esta	 pesquisa	 se	 foca	 apenas	 na	 modelagem	
de	um	edifício	referencial	que	possa	ser	utilizado	para	análise	energética,	podendo	
incluir	assim	a	Análise	de	Ciclo	de	Vida	Energético	–	ACVE.	
A	 ACVE	 estuda,	 principalmente,	 o	 conceito	 de	 Energia	 Incorporada.	 Esta	 avalia	 a	
soma	de	todos	os	recursos	energéticos	consumidos	na	fabricação	de	um	produto.	O	
processo	 inicia‐se	 com	 a	 extração	 de	 matéria‐prima,	 a	 fabricação	 e	montagem	do	
produto,	 além	 de	 todo	 o	 ciclo	 de	 transporte	 necessário	 à	 consolidação	 e	
distribuição	até	a	chegada	ao	consumidor	final	(NBR	ISO	14040,	2001).	
No	 panorama	 brasileiro	 da	 construção	 civil	 todos	 os	 setores	 apontam	 para	 um	
contínuo	crescimento	do	consumo	de	energia.	O	setor	residencial	contém	o	maior	
valor	 absoluto	 de	 consumo,	 enquanto	 o	 comercial,	 o	 maior	 valor	 de	 expansão.	
Entre	 2001	 e	 2009,	 edifícios	 comerciais	 aumentaram	 em	 32%	 o	 consumo	 de	
energia	operacional,	sendo	que	desta	a	elétrica	superou	sozinha	44%	(BEN,	2011).	
Em	 Florianópolis,	 a	 eletricidade	 em	 edificações	 comerciais	 corresponde	 a	 um	
crescimento	 de	 49%	 para	 o	 mesmo	 período,	 significativo	 para	 uma	 cidade	 que,	
sobretudo,	tem	sofrido	igualmente	um	aumento	do	consumo	de	28%	em	edifícios	
residenciais	(CELESC,	2009).	
O	 acelerado	 crescimento	 econômico	 de	 Florianópolis	 aliado	 a	 um	 ecossistema	
insular	 e	 continental	 devem	 coexistir	 pacificamente.	 O	 setor	 de	 prestação	 de	
serviços,	 responsável	 por	 grande	 parte	 do	 PIB	 municipal	 (IBGE,	 2009),	 merece	
atenção	em	meio	às	fragilidades	ambientais	da	cidade.	Sua	inserção	aflorada	de	um	
marketing	 dito	 sustentável	 deve	 provir	 de	 políticas	 de	 eficiência	 energética	
durante	todo	o	ciclo	de	vida	das	edificações	que	o	representam.	
A	 construção	 civil	 dentro	 do	 setor	 comercial,	 em	 especial	 os	 edifícios	 de	
escritórios,	tem	se	alimentado	da	produção	de	edificações	tecnologicamente	mais	
sofisticadas.	 Florianópolis	 já	 aponta	 propagandas	 e	 investimentos	 de	 grandes	
corporações	da	construção	civil	para	realização	de	arquiteturas	corporativas,	onde	
se	 tem	 repercutido	 estéticas	 de	 edifícios	 envidraçados	 como	 ideais	 do	 sucesso
INTRODUÇÃO	

	

	

13	

empresarial.	Diversos	casos	a	partir	do	final	da	década	de	1980	apontam	100%	de	
áreas	 envidraçadas	 em	 algumas	 fachadas	 dos	 edifícios	 de	 escritórios	 (SANTANA,	
2006).	 Esses	 tipos	 predominantes	 de	 arquiteturas	 se	 mostram	 interessantes	 a	
serem	 analisadas,	 especialmente	 por	 contradizerem	 em	 alguns	 casos	 o	 uso	 de	
tecnologias	modernas	com	impactos	ambientais	severos.	O	consumo	de	energia	e	
de	 recursos	 naturais	 são	 fatores	 relevantes	 na	 análise	 de	 levantamento	 dos	 tipos	
predominantes	de	edificações	comerciais	em	Florianópolis.	
Os	profissionais	que	projetam	estes	edifícios	possuem	grande	responsabilidade	na	
tomada	 de	 decisões	 ao	 escolherem	 formas	 construtivas	 e	 especificação	 de	
materiais.	Parâmetros	 construtivos	 como	 fundação,	 estrutura,	 paredes	externas	e	
cobertura	 influenciam	 na	 maior	 parte	 da	 energia	 incorporada	 em	 edificações	
(THORMARK,	 2002).	 Embora	 a	 atual	 arquitetura	 de	 edifícios	 de	 escritórios	
apresente	 modernas	 e	 inteligentes	 tecnologias,	 pouco	 demonstra	 de	 uma	
preocupação	real	com	a	sustentabilidade.	
Dessa	 forma	 pode‐se	 ter	 um	 balanço	 do	 quanto	 realmente	 as	 tecnologias	 mais	
recentes	da	construção	civil	influenciam	no	processo	de	análise	do	projetista	com	o	
desenho	 de	 um	 envelope	 arquitetônico	 eficiente	 energeticamente.	 Devido	 à	
evolução	tecnológica	dos	elementos	construtivos,	o	projeto	do	edifício	em	si	passa	
muitas	 vezes	 a	 ser	 um	 mero	 desenho	 estético	 e	 organizacional,	 não	 relevando	 o	
processo	intelectual	do	projetista	em	realizar	arquiteturas	inteligentes	do	ponto	de	
vista	ambiental.	
Como	 já	 citado,	 desde	 a	 década	 de	 1990	 acordos	 e	 tratados	 ambientais	 mundiais	
têm	pressionado	a	construção	civil	a	melhorar	seus	índices	de	impacto	ambiental.	
Devido	 a	 isso,	 o	 modo	 de	 projetar	 já	 inserido	 no	 meio	 computacional	 foi	
incorporado	a	novos	processos	de	testes	e	simulações	de	edifícios.	Ferramentas	de	
computador	 que	 simulam	 o	 consumo	 de	 energia	 em	 edifícios	 e	 o	 conforto	
ambiental	têm	sido	os	mais	comuns	nos	novos	processos	de	projetação	com	ênfase	
em	 eficiência	 energética.	 Por	 isso,	 diversos	 estudos	 e	 pesquisas	 se	 lançaram	
especialmente	na	criação	e	desenvolvimento	dessas	plataformas.	
Organizações	 como	 a	 International	 Building	 Performance	 Simulation	 Association	
(IBPSA)	 e	 a	 International	 Energy	 Agency	 (IEA)	 têm	 amplamente	 divulgado	 e	
estimulado	 o	 uso	 de	 simulação	 energética	 computacional	 em	 edificações.	
Encontros	 internacionais	 como	 a	 Building	 Simulation	 Conference	 são	 as	 grandes	
apostas	 de	 possibilidades	 de	 avanço	 científico	 nos	 processos	 de	 projetação	 de	
edifícios	mais	sustentáveis	(IBPSA,	2011).	
De	modo	contextualizado	a	esses	estudos	entre	estéticas	arquitetônicas	e	eficiência	
energética,	 esta	 pesquisa	 traz	 à	 tona	 a	 influência	 do	 envelope	 arquitetônico	 ao	
longo	 do	 ciclo	 de	 vida	 energético	 das	 edificações	 de	 escritórios.	 Através	 de	
levantamentos	dos	principais	edifícios	de	escritórios	de	Florianópolis	com	início	de
INTRODUÇÃO	

	

	

14	

ocupação	entre	2004	e	2012,	realizar‐se‐á	a	modelagem	de	um	tipo	predominante	
de	edifício	para	utilidade	posterior	em	simulações	energéticas	computacionais.	
	
1.2 Objetivos	
	
1.2.1 Objetivo	geral	
Este	 trabalho	 tem	 como	 objetivo	 principal	 elaborar	 um	 modelo	 predominante	 de	
um	grupo	de	edifícios	de	escritórios	construídos	em	Florianópolis‐SC	entre	2004	e	
2012	que	possa	ser	utilizado	para	análise	energética.	
	
1.2.2 Objetivos	específicos	
Os	objetivos	específicos	deste	trabalho	consistem	em:	
 Definir	 o	 modelo	 predominante	 de	 edifícios	 de	 escritórios	 com	 início	 de	
ocupação	entre	2004	e	2012	em	Florianópolis	–	SC;	
 Obter	 um	 novo	 acervo	 edilício	 para	 futuras	 pesquisas	 acerca	 da	 análise	
energética	dos	mesmos;	
 Levantar	as	principais	características	construtivas	dos	edifícios	estudados.	
	
1.3 Estrutura	do	trabalho	
O	 presente	 trabalho	 encontra‐se	 divido	 em	 cinco	 capítulos:	 Introdução,	 Revisão	
Bibliográfica,	Método,	Resultados	e	Conclusões.	No	primeiro	capítulo	–	Introdução	
–	 o	 tema	 do	 trabalho	 é	 apresentado	 e	 justificado,	 apontando	 brevemente	 a	
importância	do	assunto	e	os	objetivos	a	serem	alcançados.	
A	Revisão	Bibliográfica	faz	uma	apresentação	e	explanação	do	método	de	análise	
de	 ciclo	 de	 vida	 energético	 em	 edificações.	 Revela‐se	 então	 um	 levantamento	 de	
formas	 de	 definição	 de	 tipo	 predominante	 para	 edifícios.	 Posteriormente	 são	
apresentados	os	programas	computacionais	para	efetivação	da	pesquisa.	
O	Método	está	englobado	então	no	terceiro	capítulo,	onde	se	mostra	inicialmente	
uma	 breve	 descrição	 dos	 métodos	 adotados	 seguidos	 da	 explicação	 de	 como	 se	
realizou	o	levantamento	de	dados	das	edificações	existentes	para	posteriormente	
se	fazer	a	definição	do	tipo	predominante.	Ao	final	é	mostrado	um	subcapítulo	com	
breves	considerações	sobre	o	método	instituído.
INTRODUÇÃO	

	

	

15	

No	quarto	capítulo,	Resultados,	é	apresentada	a	fase	de	saída	de	dados	do	método	
aplicado.	 Dessa	 forma,	 o	 tipo	 predominante	 é	 caracterizado	 para	 uso	 futuro	 de	
análises	energéticas.	Ao	final	do	capítulo	novamente	são	realizadas	considerações	
sobre	os	resultados	obtidos.	
São	 obtidas	 então	 no	 quinto	 capítulo	 as	 Conclusões,	 as	 quais	 são	 extraídas	 das	
análises	obtidas	a	partir	dos	resultados	expostos	no	quarto	capítulo	deste	trabalho.	
Estas	 considerações	 finais	 apontam	 para	 um	 breve	 diagnóstico	 do	 envelope	
arquitetônico	 de	 edifícios	 de	 escritórios.	 Serão	 apresentadas	 ainda	 limitações	 da	
pesquisa	e	sugestões	para	futuros	trabalhos.
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

16	

2 REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	
	
2.1 Introdução	
Neste	capítulo	são	abordados	quatro	temas	de	importância	para	essa	pesquisa:	o	
consumo	 energético	 da	 construção	 civil	 no	 Brasil;	 a	 análise	 de	 ciclo	 de	 vida	
energético	 em	 edificações;	 a	 simulação	 computacional	 e	 a	 análise	 de	 tipos	
predominantes	de	edifícios.	
Referente	 à	 importância	 de	 se	 estudar	 eficiência	 energética	 em	 edificações,	 o	
subcapítulo	 sobre	 o	 consumo	 energético	 da	 construção	 civil	no	 Brasil	 relaciona	 e	
descreve	 o	 alto	 consumo	 de	 energia	 por	 parte	 do	 setor	 com	 a	 baixa	
empregabilidade	 e	 participação	 do	 PIB	 se	 visto	 proporcionalmente	 a	 outros	
setores	da	economia.	A	literatura	também	percorre	referências	internacionais	que	
mostram	 o	 impacto	 dos	 edifícios	 no	 globo	 e	 a	 preocupação	 de	 diversos	 países	
acerca	do	tema	desde	a	década	de	1970.	
Sequencialmente	 o	 subcapítulo	 da	 análise	 de	 ciclo	 de	 vida	 energético	 em	
edificações	 explica	 a	 origem	 e	 a	 importância	 dessa	 metodologia	 na	 avaliação	
potencial	de	impacto	dos	edifícios	no	meio	ambiente.	
Na	 literatura	 da	 simulação	 computacional	 são	 levantadas	 as	 referências	
bibliográficas	 mais	 recentes	 nacionais	 e	 internacionais,	 principalmente	 às	 que	
relacionam	 atuais	 problemáticas	 de	 interoperacionalidade	 entre	 Building	
Information	Modeling	e	Simulação	Energética	Computacional.	
Antes	 das	 considerações	 finais	 há	 um	 breve	 levantamento	 de	 pesquisas	
relacionadas	 a	 tipos	 predominantes	 de	 edifícios,	 em	 especial	 edifícios	 de	
escritórios	 para	 que	 se	 possam	 ser	 utilizadas	 informações	 construtivas	 na	
simulação	e	caracterização	de	elementos	relevantes	das	edificações	analisadas.	
	
2.2 Consumo	Energético	da	Construção	Civil	no	Brasil	
Os	países	atingidos	pela	crise	do	petróleo	durante	a	década	de	1970	estão	entre	os	
maiores	financiadores	de	políticas	de	eficiência	energética	em	edificações.	Segundo	
a	International	Energy	Agency	(IEA),	as	edificações	contam	por	quase	um	terço	da	
energia	 final	 consumida	 no	 mundo	 (IEA,	 2011).	 Desta	 parte,	 aproximadamente	
metade	 do	 consumo	 energético	 em	 edificações	 é	 devido	 ao	 aquecimento	 e	
resfriamento	 de	 ambientes	 assim	 como	 ao	 aquecimento	 de	 água.	 Estes	 fatores	
tornam	o	desempenho	energético	em	edifícios	um	critério	essencial	para	políticas	
governamentais	em	países	com	escassez	de	energia.	
No	 panorama	 brasileiro,	 o	 crescimento	 econômico	 nas	 últimas	 décadas	 tem	
demandado	 uma	 expansão	 da	 matriz	 energética	 nacional.	 Para	 a	 expansão	 das
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

17	

fontes	 de	 energia,	 os	 planos	 nacionais	 de	 governo	 têm	 tratado	 de	 ampliar	 os	
centros	 de	 produção	 de	 energia,	 em	 especial	 os	 derivados	 da	 cana‐de‐açúcar.	 A	
Figura	 2	 demonstra	 a	 variação	 da	 produção	 de	 energia	 primária	 no	 Brasil	 em	
quarenta	anos.	
	

Figura	2	–	Produção	de	Energia	Primária.	
	

Fonte:	MME,	2012.	

Contrário	 ao	 que	 se	 espera,	 o	 Brasil	 passou	 por	 um	 crescimento	 muito	 mais	
expressivo	na	produção	de	energia	a	partir	do	petróleo	do	que	a	partir	de	energias	
renováveis.	 Contudo,	 programas	 governamentais	 têm	 realizado	 grandes	
investimentos	 no	 setor	 energético	 renovável.	 Como	 exemplo,	 tem‐se	 a	 usina	 de	
Belo	Monte	e	as	usinas	eólicas	nordestinas.	
Além	da	produção	de	energia	renovável,	houve	também	um	olhar	para	a	eficiência	
energética	dos	setores	da	economia	brasileira.	Com	a	crise	de	energia	em	2001,	o	
Brasil	 se	 voltou	 a	 inserir	 leis	 que	 exigissem	 minimamente	 bons	 desempenhos	
energéticos	 de	 aparelhos	 e	 máquinas	 domésticas.	 A	 etiqueta	 Procel	 é	 o	 maior	
contribuinte	para	esses	casos.	
No	 país,	 o	 consumo	 de	 energia	 elétrica	 em	 edificações,	 ou	 seja,	 nos	 setores	
residencial,	 comercial	 e	 público,	 correspondeu	 a	 47%	 da	 eletricidade	 consumida	
em	 2010	 (BEN,	 2011).	 Porém,	 de	 modo	 geral,	 o	 setor	 da	 construção	 civil	 ainda	
recebe	pouca	atenção	quanto	ao	uso	racional	de	energia.	Além	do	uso	de	energia	
para	operação	das	edificações,	há	também	o	impacto	da	própria	construção	para	a	
sociedade.	 A	 exemplo	 disso,	 a	 construção	 civil	 ocupa	 um	 valor	 significativo	 no
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

18	

âmbito	ambiental,	social	e	econômico	brasileiro.	Enquanto	representa	5,7%	do	PIB	
brasileiro,	consome	15%	de	toda	a	energia	secundária	e	gera	7,6%	de	empregos	no	
país.	A	Figura	3	demonstra	o	cruzamento	dessas	informações	em	dez	anos.	
16
14
12
10
8
6
4

Participação	do	PIB	(%)
Participação	de	Emprego	(%)

2

Energia	Consumida	(%)

0
2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Figura	3	–	Participação	da	construção	civil	no	PIB,	emprego	e	energia	
consumida	brasileira.	

	

Fonte:	IBGE,	2010.	

	

Apesar	de	considerável	participação	do	PIB	e	da	oferta	de	empregos,	a	construção	
civil	 responde	 por	 um	 índice	 muito	 elevado	 da	 energia	 total	 consumida	 no	 país.	
Segundo	 o	 Conselho	 Brasileiro	 de	 Construção	 Sustentável	 (CBCS),	 a	 construção	
civil	 poderia	 reduzir	 a	 energia	 consumida	 de	 30%	 a	 40%,	 o	 que	 significaria	 uma	
queda	de	aproximadamente	5%	do	total	no	país.	
	
2.3 Análise	de	Ciclo	de	Vida	Energético	
	
2.3.1 Contexto	Histórico	
No	 período	 pós‐guerra	 novas	 tecnologias	 para	 a	 geração	 de	 energia	 foram	
pesquisadas	 e	 balanceadas	 entre	 si.	 Um	 bom	 exemplo	 disso	 foram	 as	 usinas	
nucleares,	 estudadas	 por	 pesquisadores	 para	 um	 olhar	 além	 da	 sua	 energia	
produzida,	onde	também	se	levantou	a	geração	do	“bolo	amarelo”	e	da	mineração	
de	 urânio,	 a	 gestão	 de	 resíduos	 a	 longo	 prazo,	 e	 até	 mesmo	 os	 impactos	 de	
transporte.	 Desse	 modo	 se	 formou	 o	 precursor	 do	 que	 ficou	 conhecido	 como	
Análise	 de	 Ciclo	 de	 Vida,	 um	 processo	 sistemático	 orientado	 para	 identificar	
entradas	energéticas	na	produção	de	serviços	de	energia	para	a	época	(HORNE	et	
al.,	2009).
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

19	

Com	 a	 crise	 energética	 dos	 anos	 1970	 e	 posteriormente	 os	 interesses	 sociais	 e	
econômicos,	pesquisas	buscaram	métodos	de	avaliar	impactos	ambientais.	Por	isso	
as	 pesquisas	 relacionadas	 aos	 ciclos	 de	 vida	 completos	 de	 serviços	 e	 produtos	
tornaram‐se	de	maior	interesse	para	a	comunidade	científica.	
Durante	 meados	 dos	 anos	 1980	 novos	 termos	 apareceram	 para	 descrever	 esses	
estudos	 incluindo	 “balanço	 ecológico”	 e	 “análise	 do	 berço	 ao	 túmulo”	 –	 cradle‐to‐
grave	analysis.	 Em	 1990	 o	 termo	 Avaliação	 de	 Ciclo	 de	 Vida	 foi	 proposto	 em	 um	
Congresso	 em	 Vermont,	 Estados	 Unidos,	 realizado	 pela	 SETAC	 (Society	 of	
Environmental	Toxicology	and	Chemistry)	(HORNE	et	al.,	2009).	
Com	 o	 rápido	 crescimento	 do	 interesse	 por	 parte	 de	 cientistas	 e	 políticos	
internacionais,	 em	 2002,	 a	 UNEP	 (United	 Nations	 Environment	 Programme)	 e	 a	
SETAC	 criaram	 a	 UNEP/SETAC	 Life	 Cycle	 Iniciative	 para	 acompanhar	 o	
desenvolvimento	 da	 ACV	 nas	 bases	 práticas	 de	 países	 europeus,	 dos	 Estados	
Unidos	e	do	Japão.	Posteriormente,	o	foco	também	se	voltou	para	as	indústrias	da	
Ásia,	 África	 e	 América	 do	 Sul	 em	 detrimento	 do	 processo	 de	 globalização.	 Assim,	
profissionais	da	ACV	aprimoraram	técnicas	e	métodos	para	calcular	impactos	dos	
sistemas	de	produção	e	consumo	(HORNE	et	al.,	2009).	
	
2.3.2 Normalização	
Conforme	a	NBR	ISO	14040	de	2001,	a	ACV	é	uma	técnica	que	estuda	os	aspectos	
ambientais	e	os	impactos	potenciais	ao	longo	da	vida	de	um	produto.	No	caso	de	
edificações,	a	ACV	pode	auxiliar	nas	seguintes	questões:	
 Melhoria	 dos	 aspectos	 ambientais	 dos	 edifícios	 em	 vários	 pontos	 ao	 longo	 do	
seu	ciclo	de	vida;	
 Na	 tomada	 de	 decisão	 de	 projetos	 técnicos	 por	 parte	 de	 arquitetos	 e	
engenheiros;	
 Na	 seleção	 de	 indicadores	 pertinentes	 de	 desempenho	 ambiental	 como	
instrumentos	de	medição	padrões	para	edifícios;	
 No	 próprio	 marketing	 de	 um	 empreendimento	 –	 auxílio	 para	 certificação	
ambiental	ou	como	uso	comparativo	entre	um	novo	edifício	e	um	convencional;	
 Ações	 governamentais	 para	 redução	 do	 consumo	 de	 energia,	 matéria‐prima,	
resíduos	sólidos	e	substâncias	tóxicas.	
Para	uma	melhor	compreensão	da	metodologia	da	ACV,	pode‐se	resumi‐la	como	na	
Figura	4.
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

20	

Figura	4	–	Organograma	da	Análise	de	Ciclo	de	Vida.	

	

Fonte:	NBR	ISO	14040.	

	
A	Figura	4	pode	também	ser	descrita	em	quatro	sentenças:	
A. Definição	 de	 objetivo	 e	 escopo	 –	 com	 clareza	 devem	 declarar	 a	 aplicação	
pretendida,	 as	 razões	 para	 conduzir	 o	 estudo	 e	 o	 público	 alvo,	 considerando	 e	
descrevendo‐os	 através	 de	 parâmetros	 como	 função	 e	 unidade	 funcional,	
fronteiras	 do	 sistema,	 requisitos	 da	 qualidade	 de	 dados,	 comparações	 entre	
sistemas	e	considerações	sobre	análises;	
B. Análise	de	inventário	–	define	a	captação	de	dados	pertinentes	com	relação	a	
entradas	e	saídas	de	um	sistema	de	produto;	
C. Avaliação	 de	 impacto	 –	 é	 voltada	 para	 a	 análise	 de	 impactos	 ambientais	
potenciais,	utilizando	os	resultados	da	análise	de	inventário	do	ciclo	de	vida;	
D. Interpretação	 –	 faz	 o	 desfecho	 da	 ACV,	 onde	 a	 análise	 de	 inventário	 e	 a	
avaliação	 de	 impacto	 são	 combinadas	 a	 fim	 de	 se	 alcançarem	 conclusões	 e	
recomendações	para	os	tomadores	de	decisão.	
	
2.3.3 Análise	de	Ciclo	de	Vida	Energético	(ACVE)	em	Edificações	
No	sentido	de	buscar	soluções	para	a	redução	do	consumo	de	energia,	verificou‐se	
que	as	emissões	de	gases	de	efeito	estufa	–	C02	em	especial	–	gases	ácidos,	VOCs	
(Volatile	 Organic	 Carbons)	 e	 outros	 poluidores	 atmosféricos	 poderiam	 ser	
avaliados	a	partir	dos	conceitos	de	Energia	Incorporada	(ou	Energia	Embutida),	o	
que	 a	 tornou	 uma	 notável	 indicadora	 para	 a	 sustentabilidade	 de	 edificações	
(BUCHANAN	 e	 HONEY,	 1994;	 COLE,	 1999;	 FAY,	 2000;	 TRELOAR	 et	 al,	 2001;	
BROWN;	BURANAKARN,	2003	apud	TAVARES,	2006).
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

21	

As	 análises	 energéticas	 tradicionais	 em	 edifícios	 comumente	 verificam	 a	 etapa	
operacional	ao	longo	da	sua	vida	útil	–	50	anos	–	e	sugerem	alterações	construtivas	
ou	de	instalações,	tomando	como	diretrizes	os	padrões	de	uso	de	equipamentos	e	
ocupação	 da	 tipologia	 em	 estudo	 (SANTANA,	 2006).	 Contudo,	 descartam	 etapas	
pré‐operacionais,	que	podem	chegar	a	40%	do	consumo	operacional	da	edificação	
(TAVARES;	LAMBERTS,	2005).	
Ao	se	observar	a	considerável	diferença	com	a	inclusão	da	etapa	pré‐operacional	
de	 Energia	 Incorporada	 nos	 edifícios,	 enxerga‐se	 a	 importância	 da	 mesma	 nas	
análises	 energéticas	 ao	 longo	 do	 seu	 ciclo	 de	 vida.	 Na	 Figura	 5	 a	 ACVE	 de	 uma	
edificação	pode	ser	compreendida.	É	a	partir	dessa	avaliação	integral	do	berço	ao	
túmulo	 que	 a	 ACV	 se	 torna	 uma	 das	 grandes	 razões	 que	 auxilia	 no	
desenvolvimento	de	políticas	econômicas	nacionais	e	internacionais	voltadas	para	
a	gestão	de	matérias‐primas	e	recursos	energéticos	(EEA,	2002).		
	

Figura	5	–	Cronologia	esquemática	de	uma	ACVE	para	edifícios.	

	

Fonte:	Tavares	(2006).	

	
Dessa	 forma,	 a	 soma	 dos	 recursos	 energéticos	 do	 berço	 ao	 túmulo	 de	 uma	
edificação	é	definida	como	energia	total	ou	global	(NBR	ISO	14040,	2001).	Esta	é	
composta	 pela	 energia	 incorporada	 ou	 pré‐operacional,	 pela	 energia	 de	
manutenção	ou	operacional	e	pela	energia	de	desconstrução	ou	pós‐operacional.	
A	energia	incorporada	contempla	todos	os	insumos	energéticos	diretos	e	indiretos	
para	a	construção	de	um	edifício,	contando	também	com	os	consumos	de	energia	
para	fabricação	de	materiais	na	construção	civil.	
A	energia	de	manutenção	é	analisada	durante	a	vida	útil	de	um	edifício.	Algumas	
necessidades	 de	 operação	 e	 reforma	 consomem	 consideravelmente	 energia	 e	
insumos	 naturais.	 Para	 operação	 considera‐se	 o	 funcionamento	 adequado	 de	
equipamentos	como	sistemas	de	iluminação,	climatização,	cocção,	entretenimento	
e	 ferramentas	 de	 trabalho.	 Nas	 reformas	 o	 consumo	 normalmente	 se	 dá	 pela	
readequação	de	ambientes	depreciados	ou	alterações	para	fins	estéticos.
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

22	

A	 energia	 de	 desconstrução	 é	 obtida	 na	 etapa	 final	 do	 ciclo	 de	 vida.	 Os	 resíduos	
gerados	 na	 demolição	 ou	 desmontagem	 dos	 edifícios	 são	 contabilizados	 também	
para	 o	 consumo	 de	 energia.	 Eventualmente	 no	 processo	 de	 reutilização	 ou	
reciclagem	 de	 determinadas	 peças	 essa	 energia	 é	 balanceada	 no	 uso	 para	 novas	
edificações	(TAVARES,	2006).		
	
2.4 Simulação	Computacional	
A	 computação	 tem	 revolucionado	 a	 forma	 de	 representar	 e	 projetar	 edifícios.	 No	
início	surgiu	com	a	tecnologia	CAD	‐	Computer‐aided	design	–	apenas	como	forma	
de	 representação	 gráfica	 e	 a	 possibilidade	 de	 multiplicação	 e	 maior	 precisão	 dos	
desenhos.	 Os	 softwares	 iniciais	 de	 cálculo	 para	 estruturas	 e	 eficiência	 energética	
trabalhavam	 numericamente	 e	 exigiam	 do	 usuário	 uma	 grande	 capacidade	 de	
integrar	 todas	 as	 informações	 de	 compatibilização	 de	 projetos.	 Estes	
procedimentos	 têm	 sido	 responsáveis	 por	 diversos	 problemas	 e	 atrasos	 na	
construção	civil,	o	que	a	tornou	um	dos	setores	mais	defasados	dentro	das	ciências	
tecnológicas.	A	solução	em	viabilizar	melhor	a	compatibilização	de	projetos	surgiu	
com	ferramentas	computacionais	de	integração,	dentre	elas,	a	ferramenta	BIM.	
	
2.4.1 BIM	–	Building	Information	Modeling	
Os	atuais	processos	de	elaboração	de	projetos	para	a	AEC	(Arquitetura,	Engenharia	
e	 Construção)	 permanecem	 fragmentados	 e	 dependem	 da	 comunicação	 entre	 as	
informações	 geradas.	 Erros	 e	 omissões	 nestas	 documentações	 frequentemente	
causam	custos	imprevistos,	atrasos	e	eventuais	processos	judiciais	entre	membros	
de	 equipes	 de	 projeto.	 Esforços	 recentes	 têm	 incluído	 estruturas	 organizacionais	
alternativas	 para	 melhorar	 metodologias	 de	 concepção	 de	 edificações	 como	 o	
compartilhamento	 de	 documentos	 e	 projetos	 via	 Websites	 e	 a	 implementação	 de	
ferramentas	3D	CAD	(EASTMAN	et	al.,	2008).	
Um	 dos	 problemas	 mais	 comuns	 associados	 ao	 papel	 da	 comunicação	 entre	 as	
documentações	 durante	 as	 fases	 de	 projeto	 é	 o	 considerável	 gasto	 financeiro	 e	
temporal	 para	 se	 analisar	 as	 informações	 sobre	 o	 projeto	 proposto,	 incluindo	
custos	 estimados,	 análise	 energética,	 detalhes	 estruturais,	 entre	 outros.	 Estas	
análises	 normalmente	são	 realizadas	 entre	 as	 últimas	 etapas,	 quando	 os	 projetos	
permitem	apenas	pequenas	alterações.	Devido	a	essas	ações	não	acontecerem	nas	
etapas	 preliminares,	 consideráveis	 esforços	 por	 parte	 de	 equipes	 de	 projeto	
necessitam	realizar	mudanças	emergenciais,	o	que	frequentemente	compromete	o	
projeto	base	(EASTMAN	et	al.,	2008).	
Visando	apoiar	a	intercomunicação	entre	os	processos	de	projeto,	o	conceito	BIM	–	
Building	Information	Modeling	 –	 permite	 a	 construção	 de	 um	 modelo	 de	 edifício
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

23	

atribuído	 de	 informações	 (EASTMAN	 et	 al.,	 2008).	 No	 método	 tradicional	 de	
ferramentas	CAD	‐	Computer‐aided	design	–	cada	vista	é	desenhada	separadamente	
sem	qualquer	relação	entre	si.	Os	desenhos	CAD	são	simplesmente	uma	coleção	de	
dados	 gerados	 manualmente,	 onde	 o	 próprio	 usuário	 deve	 produzir	 as	
informações	do	projeto	para	construção.	No	sistema	BIM,	o	foco	e	o	esforço	estão	
localizados	 no	 próprio	 modelo	 BIM.	 Este	 modelo	 tem	 a	 capacidade	 de	 gerar	
plantas,	 seções,	 detalhes	 e	 outras	 informações	 pertinentes	 ao	 projeto	 de	 forma	
integrada	e	automática,	reduzindo	erros	futuros	na	compatibilização	e	construção	
das	 edificações	 (KRYGIEL;	 NIES,	 2008).	 Pode‐se	 resumidamente	 afirmar	 que,	
enquanto	 no	 CAD	 informações	 são	 geradas	 a	 partir	 dos	 desenhos	 elaborados,	 no	
BIM	as	informações	é	que	geram	os	desenhos	–	Figura	6.	
	

	
Figura	6	–	Diferença	entre	CAD	e	BIM	para	atribuição	de	informações	em	um	
projeto.	
	

Fonte:	Krygiel	e	Nies	(2008).	

Da	 mesma	 forma	 que	 a	 integração	 entre	 projeto	 arquitetônico	 e	 projetos	
compatibilizados	 ocorre	 apenas	 em	 fases	 finais,	 a	 análise	 energética	
frequentemente	 tem	 sido	 realizada	 apenas	 após	 a	 concepção	 do	 projeto	 base	
(SCHLUETER;	 THESSELING,	 2009).	 Esse	 equívoco	 gera	 uma	 análise	 que	 pouco	
altera	 o	 envelope	 arquitetônico,	 ficando	 responsável	 pela	 eficiência	 energética	
apenas	as	atribuições	ao	MEP	(Mechanical,	Electrical	and	Plumbing).	
A	 intercomunicação	 entre	 equipes	 de	 projeto	 para	 análise	 energética	 é	 facilitada	
com	o	BIM,	principalmente	nas	etapas	iniciais.	Os	dados	parametrizados	dentro	de	
um	modelo	BIM	servem	para	quantificação	de	elementos	construtivos	e	posterior	
análise	 energética,	 gerando	 maior	 acesso	 aos	 profissionais	 da	 Arquitetura,	
Engenharia	e	Construção	para	que	possam	elaborar	edifícios	com	menor	escala	de
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

24	

impactos	ambientais	(GRAF	et	al.,	2012).	Estas	análises	são	realizadas	através	do	
próprio	BIM,	de	plugins	internos	ou	ainda	em	plataformas	externas.	
Além	 de	 novos	 projetos,	 as	 análises	 energéticas	 também	 podem	 ser	 realizadas	 a	
partir	 de	 modelos	 BIM	 de	 edificações	 existentes	 ou	 históricas.	 O	 correto	
levantamento	 da	 arquitetura,	 estrutura	 e	 instalações	 de	 um	 edifício	 existente	
geram	 ao	 BIM	 um	 completo	 modelo	 edificado,	 podendo	 posteriormente	 ser	
realizadas	 simulações	 energéticas.	 Os	 resultados	 das	 simulações,	 por	 sua	 vez,	
levantam	 as	 possíveis	 alterações	 a	 serem	 feitas	 na	 edificação	 em	 questão.	 Os	
aspectos	 a	 serem	 modificados	 no	 edifício	 são	 trabalhados	 novamente	 no	 modelo	
BIM,	criando	uma	nova	etapa	da	edificação,	sem	que	se	exclua	a	antiga	no	mesmo	
arquivo.	A	simultaneidade	de	modelos	de	edifícios	em	um	só	arquivo	permite	aos	
projetistas	 identificar	 quais	 as	 alterações	 mais	 pertinentes	 que	 devem	 ser	
prognosticadas	 ao	 projeto	 assim	 como	 a	 compatibilização	 entre	 as	 disciplinas.	
Deste	modo,	os	conflitos	são	previstos	com	maior	facilidade	e	precisão	com	gasto	
de	 tempo	 menor,	 garantindo	 redução	 de	 custos	 e	 erros	 em	 um	 processo	 de	
reabilitação	ou	reforma	de	uma	construção	(OSELLO	et	al.,	2011).	A	síntese	dessa	
metodologia	pode	ser	averiguada	na	Figura	7.	
	

	
Figura	7	–	Processo	de	gerenciamento	de	um	modelo	BIM	para	análise	
energética	
	

Fonte:	Osello	et	al.	(2011).	

2.4.2 Simulação	energética	computacional	
Para	 as	 análises	 de	 performances	 energéticas	 em	 edificações	 é	 necessário	 saber	
quais	os	dados	de	entrada	e	saída	que	se	desejam	para	que	a	partir	destes	o	edifício
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

25	

em	 estudo	 seja	 projetado	 de	 forma	 eficiente.	 Na	 simulação	 energética	
computacional	os	dados	de	entrada	podem	ser	coletados	do	BIM,	onde	a	geometria	
e	 as	 informações	 atribuídas	 ao	 desempenho	 são	 determinadas	 pelos	 projetistas.	
Com	 a	 simulação	 energética	 do	 edifício,	 o	 modelo	 BIM	 é	 posteriormente	alterado	
conforme	os	resultados	dos	dados	de	saída.	Após	alterações,	o	projeto	é	novamente	
simulado	até	que	se	almeje	um	ponto	ótimo	entre	desenho	e	eficiência	energética	
para	 a	 equipe	 de	 projeto.	 Com	 o	 BIM,	 diversos	 estudos	 visando	 eficiência	
energética	são	facilmente	incorporados	à	simulação.	
No	Brasil,	apesar	da	simulação	energética	computacional	estar	pouca	atribuída	ao	
BIM,	ela	tem	sido	uma	ferramenta	importante	na	evolução	de	projetos	de	edifícios	
eficientes.	Desde	a	década	de	1980	a	simulação	vem	trazendo	consigo	programas	
computacionais	importados	para	fins	de	pesquisa	no	país.	Os	grupos	de	pesquisa	
que	vieram	a	desenvolver	suas	próprias	plataformas	para	simulação	se	destacaram	
no	 estímulo	 de	 edificações	 de	 melhor	 desempenho	 (MENDES	 et	 al.,	 2005).	
Entretanto,	o	mercado	da	construção	civil	ainda	tem	utilizado	em	poucos	casos	a	
simulação.	
Na	aplicação	do	BIM	para	a	determinação	de	energia	incorporada	de	um	edifício,	
porém,	estudos	já	comprovam	viabilidade	de	uso.	Graf	et	al.	(2012)	demonstraram	
que	 é	 possível	 realizar	 estudos	 de	 impactos	 ambientais	 a	 partir	 apenas	 de	 um	
modelo	BIM	e	planilhas	eletrônicas	para	cálculo	de	energia	incorporada	e	emissão	
de	CO2.	Para	o	cálculo	de	energia	incorporada,	a	pesquisa	não	apresentou	erros	no	
levantamento	 quantitativo	 de	 materiais	 realizados	 pelo	 BIM	 em	 relação	 a	 um	
levantamento	 convencional	 por	 planilha,	 o	 que	 comprova	 a	 viabilidade	 dessa	
metodologia	de	concepção	de	projeto	para	edificações.	
	
2.4.3 Interoperacionalidade	
computacional	

entre	

BIM	

e	

simulação	

energética	

O	 BIM	 é	 uma	 ferramenta	 adequada	 para	 construção	 de	 geometrias	 complexas	 de	
edificações,	 entretanto	 ainda	 possui	 restrições	 como	 ferramenta	 de	 análise	
energética.	Um	programa	não	consegue	suprir	todas	as	necessidades	de	elaboração	
de	 um	 projeto,	 o	 que	 torna	 a	 interoperacionalidade	 com	 outras	 plataformas	
essencial	para	o	seu	bom	desempenho	(KRYGIEL;	NIES,	2008).	
A	 capacidade	 de	 interoperacionar	 com	 ferramentas	 já	 existentes	 de	 análises	 de	
orçamentos,	 energia,	 conforto,	 iluminação	 e	 ciclo	 de	 vida	 em	 edificações	 é	 um	
desafio	para	o	BIM.	Em	alguns	casos,	para	realizar	uma	análise	 energética	de	um	
edifício	em	uma	plataforma	externa	ao	BIM	é	gasto	em	torno	da	metade	do	tempo	
apenas	 para	 se	 recriar	 um	 modelo	 tridimensional	 já	 produzido	 no	 próprio	 BIM	
(KRYGIEL;	NIES,	2008).
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

26	

A	importância	acerca	da	temática	de	interoperacionalidade	entre	BIM	e	simulação	
se	 mostrou	 enfaticamente	 na	 Building	 Simulation	 2011	 na	 Austrália.	 Dos	 artigos	
apresentados	na	conferência,	mais	de	vinte	tratavam	apenas	do	uso	da	simulação	
energética	 para	 ferramentas	 BIM	 (IBPSA,	 2011).	 A	 expectativa	 para	 os	 próximos	
anos	 entre	 BIM	 e	 simulação	 está	 no	 desenvolvimento	 de	 bibliotecas	 de	 materiais	
de	construção	compatíveis	entre	as	plataformas	para	que	os	modelos	geométricos	
do	 BIM	 sejam	 exportados	 com	 propriedades	 consistentes	 dos	 materiais	 para	 a	
análise	de	uma	simulação	energética	computacional	(CHAIRMAN,	2011).	
Moon	 et	 al.	 (2011)	 levaram	 à	 conferência	 uma	 publicação	 de	 um	 estudo	
comparativo	 de	 interoperacionalidade	 entre	 plataformas	 diversas	 de	 simulação	 e	
BIM.	O	principal	critério	de	validação	da	pesquisa	foi	a	capacidade	das	plataformas	
de	 simulação	 energética	 computacional	 aceitarem	 as	 informações	 geradas	 no	
modelo	 BIM	 com	 a	 maior	 precisão	 e	 quantidade	 informacional	 possível.	 As	
informações	 consideradas	 de	 importância	 para	 simulação	 foram	 as	 utilizadas	 em	
arquivos	 gbXML	 ‐	 um	 tipo	 de	 linguagem	 computacional	 que	 permite	 comunicar	
informação	entre	BIM	e	simulação	energética	com	pouca	ou	nenhuma	interferência	
humana.	 As	 ferramentas	 BIM	 testadas	 foram	 o	 Revit	Architecture	 e	 o	 Revit	MEP,	
ambas	 da	 Autodesk,	 enquanto	 os	 simuladores	 de	 energia	 foram	 o	 EnergyPlus,	 E‐
quest,	 Ecotect	 e	 IES/VE.	 Nas	 plataformas	 BIM,	 o	 Revit	 MEP	 demonstrou	 melhor	
desempenho	 em	 aceitar	 informações	 relacionadas	 a	 aspectos	 termoenergéticos.	
Para	a	simulação,	o	EnergyPlus	e	o	E‐quest	apresentaram	melhor	compatibilidade,	
apesar	 do	 primeiro	 não	 conseguir	 importar	 corretamente	 informações	 da	
geometria	 do	 edifício	 em	 estudo.	 A	 Tabela	 2	 sintetiza	 essa	 comparação	 de	
interoperacionalidade	entre	BIM	e	simulação.		
Tabela	2	–	Capacidade	de	interoperacionalidade	entre	ferramentas	BIM	e	de	
simulação	energética	computacional	através	de	arquivos	gbXML.	
FERRAMENTAS	DE	
SIMULADORES	ENERGÉTICOS	
MODELAGEM	BIM	
COMPUTACIONAIS	
(EXPORTAÇÃO)	
(IMPORTAÇÃO)	
VALIDAÇÃO	DE	CRITÉRIOS	
(INFORMAÇÕES	GBXML)	
EQUEST	
REVIT	
ECOTECT	 IES/VE	
REVIT	MEP	
ENERGYPLUS	
3.64	(VIA	
ARCHITECTURE	
2011	
6.2	
(2011)	
6.0	(VIA	GBS)
GBS)	
(2011)	
O	
O	
Superfícies	
O	
O	
O	
O	
Geometria	da	
edificação	
O	
O
Aberturas	
X
O	
O	
O
O	
O
Ambiente	
O
X
O	
O
Composição	
espacial	
X	
O
Zona	
X
O	
X	
O
X	
O
Construção	
O
O	
X	
X
X	
O
Layer	
O
O	
X	
X
Materiais	de	
construção	
X	
O
Materiais	
O
O	
X	
X
X	
O
Tipos	de	janelas	
X
O	
X	
X
X	
O
Pessoas	
O
O	
X	
X
X	
O
Iluminação	
O
O	
X	
X
Carregamentos	
internos	
X	
O
Equipamentos	
O
O	
X	
X
X	
O
Ar	externo	
X
O	
X	
X
X	
O
Uso	e	ocupação	geral
O
O	
X	
X
Uso	e	ocupação	
X	
O
Uso	semanal	
O
O	
X	
X
X	
O
Uso	diário	
O
O	
X	
X
X	
X	
Ar	condicionado
‐	
O	
O	
X	
X

	
	

Fonte:	Moon	et	al.	(2011).
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

27	

2.4.4 Integração	entre	BIM	e	simulação	energética	computacional	
A	 Autodesk,	 companhia	 produtora	 do	 Revit,	 também	 tem	 trabalhado	 com	 a	
implantação	 sistemas	 de	 análise	 energética	 dentro	 do	 seu	 próprio	 BIM	
(AUTODESK,	 2013).	 Contudo,	 o	 simulador	 ainda	 está	 em	 fase	 de	 estudos	 e	 sua	
função	está	voltada	à	concepção	conceitual	de	análise	de	energia,	o	que	não	valida	
uma	simulação	específica	como	as	que	já	ocorrem	há	anos	com	outras	ferramentas	
de	simulação	energética	computacional.	
	
2.5 Modelo	predominante	
A	 fim	 de	 obter	 resultados	 sobre	 ACVE	 a	 partir	 dos	 edifícios	 de	 escritórios	 em	
Florianópolis,	o	modelo	predominante	é	um	conjunto	de	características	reduzidas	
de	uma	determinada	população	edilícia	escolhida	(CARLO;	TOCCOLINI,	2005).	Com	
o	 modelo	 caracterizado,	 pode‐se	 simulá‐lo	 nas	 mais	 diversas	 plataformas	 para	
comparações	 de	 ACVE,	 como	 nas	 ferramentas	 BIM	 e	 de	 simulação	 energética	
computacional.	
As	 características	 analisadas	 para	 a	 elaboração	 de	 um	 modelo	 referencial	 são	
inseridas	conforme	necessidades	do	estudo	a	ser	realizado.	O	DOE	(Department	of	
Energy)	 utiliza	 um	 método	 com	 entrada	 informacional	 de	 quatro	 áreas	 de	
investigação:	 programa,	 forma,	 fabricação	 e	 equipamento.	 Corgnati	 et	 al.	 (2012)	
traduzem	 essa	 combinação	 para	 as	 edificações	 nos	 respectivos	 parâmetros:	
operação,	forma,	sistemas	e	envelope	(Figura	8).	

	
Figura	8	–	Ilustração	dos	quatro	parâmetros	utilizados	para	definição	de	tipo	
predominante	de	edifícios	conforme	a	metodologia	DOE.	
	

Fonte:	Corgnati	et	al.	(2012).
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

28	

Há	diversos	métodos	para	formulações	de	modelos	predominantes	de	edificações.	
O	 método	 utilizado	 está	 relacionado	 com	 a	 finalidade	 e	 dados	 disponíveis	 da	
pesquisa.	Corrado,	Ballarini	e	Corgnati	(2012)	classificam	três	formas	de	métodos	
de	modelos	predominantes	de	edifícios:	
O	 Edifício	 (Referencial)	 Exemplo	 tem	 a	 função	 de	 servir	 como	 modelo	 na	
inexistência	de	dados	estatísticos	ou	impossibilidade	de	obtenção	dos	mesmos.	O	
modelo	 levantado	 surge	 a	 partir	 do	 conhecimento	 técnico	 de	 especialistas	 e	
estudiosos	 do	 assunto.	 Os	 questionamentos	 apontam	 para	 uma	 combinação	 de	
elementos	 que	 mostram	 um	 edifício	 que	 é	 o	 mais	 provável	 de	 um	 grupo	 edilício,	
com	uma	localização	selecionada	e	uma	idade	de	existência.	
O	uso	do	Edifício	(Referencial)	Real	é	aquele	considerado	o	mais	semelhante	entre	
as	 médias	 estatísticas	 de	 uma	 determinada	 categoria	 levantada.	 O	 resultado	
provém	de	uma	larga	análise	de	amostras	de	um	estoque	edificado	pesquisado.	
Por	 último,	 o	 Edifício	 (Referencial)	 Teórico	 consiste	 na	 obtenção	 de	 informações	
estatísticas	de	composição	de	um	estoque	edificado.	O	edifício	é	então	modelado	a	
partir	de	valores	médios	dos	sistemas	e	materiais	levantados.	
Na	 literatura	 brasileira	 as	 pesquisas	 por	 modelo	 predominante	 de	 edifícios	
apontaram	 para	 um	 uso	 maior	 do	 Edifício	 Referencial	 Teórico.	 Santana	 (2006)	
usou	esse	modelo	de	edifício	para	Florianópolis	enquanto	Lamberts,	Ghisi	e	Ramos	
(2006)	realizaram	vastos	levantamentos	no	país,	onde	a	coleta	de	informações	de	
edifícios	reais	gerou	um	modelo	teórico	baseado	em	todas	as	médias	analisadas.	
Em	 Florianópolis,	 Minku	 et	 al.	 (2005)	 pesquisaram	 47	 edifícios	 de	 escritórios	
construídos	entre	1974	e	2003.	Destes,	73%	tinham	a	área	de	janela	entre	0	a	40%	
da	área	da	fachada	e	23%	possuíam	elementos	de	proteção	solar.	Apesar	de	haver	
um	 crescimento	 do	 número	 de	 edifícios	 com	 fachadas	 totalmente	 envidraçadas	 a	
partir	 do	 final	 da	 década	 de	 1980,	 o	 levantamento	 geral	 concluiu	 que	 a	 área	 de	
janela	 média	 era	 condizente	 com	 o	 clima	 da	 região.	 Contudo,	 os	 elementos	 de	
proteção	solar	estiveram	pouco	presentes	e,	quando	existentes,	tinham	por	maior	
finalidade	um	refinamento	estético	da	edificação.	
O	 trabalho	 de	 Santana	 (2006)	 utilizou	 a	 pesquisa	 Minku	 et	 al.	 (2005)	 em	 seu	
método	para	a	definição	física	do	modelo	predominante,	enquanto	o	levantamento	
de	Moreira	(2005)	serviu	para	a	obtenção	de	dados	dos	padrões	de	uso	e	ocupação.	
Ao	final,	Santana	(2006)	considerou	diversas	variáveis,	entre	elas:	







Localização;	
Número	de	edifícios;	
Orientação	solar;	
Número	de	pavimentos;	
Forma;	
Elementos	de	proteção	solar;
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	










	

29	

Percentual	de	área	de	janela	na	fachada	(PJF);	
Sistemas	de	abertura;	
Paredes;	
Cor;	
Vidros;	
Coberturas;	
Padrão	de	uso	de	equipamentos;	
Padrão	de	ocupação.	

O	 método	 utilizado	 por	 Santana	 (2006)	 também	 foi	 semelhante	 ao	 utilizado	 por	
Lamberts,	 Ghisi	 e	 Ramos	 (2006)	 na	 avaliação	 de	 edifícios	 de	 escritórios	 nas	 oito	
zonas	 bioclimáticas	 brasileiras,	 definidas	 pela	 NBR	 15220‐3.	 Usando	 os	 mesmo	
parâmetros	 já	 apresentados,	 o	 estudo	 concluiu	 haver	 homogeneidade	 nas	
características	 físicas	 das	 edificações.	 Fatores	 como	 forma,	 paredes,	 coberturas	 e	
sistemas	de	aberturas	se	mostraram	semelhantes.	Florianópolis,	localizada	na	zona	
bioclimática	3,	apresentou	algumas	diferenças	das	demais	localidades.	A	existência	
de	 elementos	 de	 proteção	 solar	 foi	 identificada	 como	 a	 menor	 dentre	 todas	 as	
cidades,	 contudo	 os	 vidros	 especificados	 foram	 em	 maioria	 o	 fumê,	 uma	
excepcionalidade	com	os	demais	lugares	onde	vidros	transparentes	dominaram	a	
pesquisa.	As	Figuras	9	e	10	abaixo	demonstram	essas	duas	diferenças.	
	

	
Figura	9	–	Porcentagem	de	edifícios	que	possuem	elementos	de	proteção	
solar.	
Fonte:	Lamberts,	Ghisi	e	Ramos	(2006).
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

Figura	10	–	Tipos	de	vidros	utilizados	em	edifícios	de	escritórios.	

30	

	

Fonte:	Lamberts,	Ghisi	e	Ramos	(2006).	

	
O	 levantamento	 de	 modelos	 predominantes	 de	 edifícios	 de	 escritórios	 é	
comumente	utilizado	para	as	etapas	operacionais	do	ciclo	de	vida	das	edificações.	
Entretanto,	 para	 a	 determinação	 da	 energia	 incorporada,	 além	 dos	 parâmetros	
citados,	o	quantitativo	total	de	materiais,	o	transporte	dos	insumos	e	mão‐de‐obra	
até	a	obra	também	devem	ser	inclusos.	
De	 forma	 geral,	 a	 literatura	 técnica	 relacionada	 à	 ACV	 utiliza	 estudos	 de	 caso	
particulares	 de	 edifícios,	 não	 havendo	 levantamento	 de	 grupos	 edilícios	 para	 a	
elaboração	 de	 um	 modelo	 predominante	 de	 edifício	 para	 análise.	 Entretanto,	 as	
características	 específicas	 da	 ACV	 para	 determinação	 do	 modelo	 predominante	
podem	 ser	 analisadas	 através	 de	 médias	 regionais.	 Isso	 porque	 diversos	 grupos	
edilícios	em	Florianópolis	são	construídos	por	um	pequeno	grupo	de	construtoras,	
onde	a	origem	dos	materiais	e	da	mão‐de‐obra	provém	de	forma	semelhante	dos	
mesmos	lugares.	
	
2.6 Considerações	finais	
Os	 pontos	 levantados	 nesta	 revisão	 consideraram	 a	 importância	 da	 análise	
energética	 para	 o	 ciclo	 de	 vida	 das	 edificações.	 Como	 visto,	 algumas	 pesquisas	
mostraram	contradições	ao	se	inspecionar	fases	pré‐operacionais,	pois	em	alguns	
casos	 a	 redução	 da	 energia	 incorporada	 inicial	 aumenta	 o	 consumo	 da	 energia	
operacional	e	vice‐versa.	
O	 grau	 de	 insustentabilidade	 da	 construção	 civil	 também	 foi	 claramente	
apresentado.	 O	 seu	 consumo	 de	 energia	 é	 muito	 alto	 em	 detrimento	 da	 pouca	
geração	 de	 empregos	 e	 participação	 do	 PIB	 se	 comparado	 a	 outros	 setores	 da
REVISÃO	BIBLIOGRÁFICA	

	

	

31	

economia	brasileira.	O	quadro	de	consumo	da	energia	no	Brasil	pela	AEC	é	um	caso	
de	 formulação	 de	 novos	 programas	 de	 planejamento	 para	 a	 redução	 de	 consumo	
energético	 e	 consequentemente	 dos	 impactos	 ambientais	 e	 socioeconômicos.	
Apesar	de	existirem	normas	de	desempenho	energético,	há	pouca	exigência	ainda	
da	eficiência	energética	dos	materiais	utilizados	na	construção	civil,	assim	como	o	
próprio	processo	de	construção	em	si	das	edificações.	
A	 simulação	 computacional	 foi	 apresentada	 como	 um	 método	 importante	 para	 a	
projetação	 de	 edifícios	 novos	 ou	 existentes,	 pois	 declara	 a	 consciência	 e	 melhor	
preparação	 para	 os	 desafios	 da	 AEC.	 O	 BIM	 como	 novo	 compatibilizador	 de	
projetos	e	auxiliador	de	ferramentas	de	simulação	energética	foi	discutido	para	se	
evidenciar	 sua	 atual	 posição	 dentro	 do	 setor	 de	 eficiência	 energética	 em	
edificações.	 Como	 apontou	 a	 literatura,	 sua	 existência	 ainda	 em	 fase	 provisória	
demonstra	diversas	novas	dificuldades	para	projetistas	assim	como	para	o	próprio	
mercado	da	construção	civil.	
Com	 a	 pesquisa	 por	 literaturas	 relacionadas	 à	 determinação	 de	 modelos	
referenciais	de	edifícios,	notou‐se	a	necessidade	de	investigação	das	características	
arquitetônicas	 gerais	 das	 edificações	 como	 a	 envoltória	 e	 suas	 proporções	 e	 os	
sistemas	 internos	 para	 o	 funcionamento	 da	 mesma.	 A	 caracterização	 de	 um	 tipo	
predominante	de	edifício	é	claramente	a	elaboração	dos	dados	de	entrada	de	uma	
análise	 energética,	 tanto	 relacionada	 à	 análise	 energética	 operacional	 quanto	 à	
análise	energética	pré‐operacional.	
Ao	término	desta	revisão	bibliográfica	se	inicia	então	o	processo	metodológico	da	
pesquisa.	 Este	 trabalhará	 conjuntamente	 com	 os	 assuntos	 abordados	 neste	
capítulo	em	um	processo	linear:	levantamento	de	dados	dos	edifícios	de	escritórios	
de	Florianópolis	e	modelagem	do	tipo	predominante	que	represente	esse	conjunto	
edilício.
MÉTODO	

	

	

32	

3 MÉTODO	
	
	
3.1 Introdução	
Esta	pesquisa	apresenta	um	método	para	se	levantar	características	comuns	entre	
edificações	 de	 escritórios	 a	 fim	 de	 posteriormente	 realizar	 análises	 energéticas.	
Essas	análises	podem	ser	realizadas	em	simuladores	energéticos	computacionais	e	
outras	 plataformas	 para	 que	 se	 possa	 avaliar	 a	 eficiência	 da	 envoltória,	 a	
quantidade	 de	 edifícios	 construídos	 na	 cidade,	 suas	 características	 estéticas	 e	
construtivas,	análise	de	ciclo	de	vida,	entre	outros.	
Resumidamente,	esse	levantamento	pode	ser	mostrado	da	seguinte	forma:	
Distinção	das	características	tipológicas	dos	edifícios	a	serem	estudados;	
Definição	do	período	de	início	de	ocupação	das	edificações;	
Localização	do	grupo	edilício;	
Levantamento	das	características	de	projeto	da	edificação	na	SUSP;	
Levantamento	 das	 mesmas	 características	 através	 dos	 construtores	 e	
incorporadores	responsáveis	pela	execução	dos	edifícios;	
 Levantamento	 in	 loco	 de	 dados	 não	 disponíveis	 na	 SUSP	 e	 nas	 empresas	 de	
execução	dos	prédios;	
 Definição	 do	 modelo	 predominante	 através	 da	 aplicação	 de	 métodos	
estatísticos.	






Estas	etapas	estão	mais	detalhadas	nas	seções	a	seguir.	
	
3.2 Levantamento	de	dados	
Os	 dados	 foram	 obtidos	 de	 quatro	 fontes	 distintas:	 levantamentos	 na	 SUSP,	
questionários	 aos	 construtores,	 levantamentos	 in	 loco	 e	 complementações	 de	
mapas	via	satélite	fornecidos	pelo	software	Google	Earth.	
	
3.3 Distinção	dos	edifícios	de	escritório	
Com	 ênfase	 na	 análise	 de	 edifícios	 de	 múltiplos	 pavimentos‐tipo	 e	 considerável	
altura,	foram	selecionadas	somente	construções	com	existência	de	elevadores	que,	
por	 consequência,	 possuíssem	 cinco	 ou	 mais	 pavimentos.	 O	 uso	 escolhido	 foi	 de	
ambientes	 para	 escritórios,	 podendo	 ser	 público	 ou	 privado.	 Edifícios	 exclusivos	
para	finalidades	médicas	como	prédios	de	clínicas	foram	excluídos	por	possuírem	
envelopes	arquitetônicos	e	algumas	dimensões	distintas	de	edifícios	de	escritórios	
convencionais.
MÉTODO	

	

	

33	

3.4 Localização	
Segundo	a	NBR	15220	(ABNT,	2005),	análises	de	desempenho	térmico	de	edifícios	
em	Florianópolis	fazem	parte	da	Zona	Bioclimática	3.	Na	cidade	a	região	de	estudo	
escolhida	foi	toda	a	área	central	insular,	incluindo	a	Bacia	do	Itacorubi,	o	Maciço	do	
Morro	 da	 Cruz	 e	 a	 Baía	 Sul	 (Figura	 11).	 Como	 estas	 duas	 últimas	 regiões	 não	
possuíam	 edificações	 comerciais,	 atentou‐se	 apenas	 para	 o	 Centro	 e	 a	 Bacia	 do	
Itacorubi.	 A	 região	 continental	 e	 demais	 bairros	 da	 ilha	 de	 Florianópolis	 foram	
excluídos	da	pesquisa	por	apresentarem	pouca	relevância	quantitativa	ou	distinta	
forma	 de	 planejamento	 de	 empreendimentos.	 Ressalta‐se	 que,	 mesmo	 assim,	 o	
grupo	 edilício	 obtido	 representa	 mais	 de	 75%	 dos	 edifícios	 de	 escritórios	 com	
início	de	ocupação	entre	2004	e	2012	em	Florianópolis.	
	
	

	
	
	
	

BRASIL	

	

FLORIANÓPOLIS	

	
	

AGRONÔMICA	

ITACORUBI	

MORRO	DA	
CRUZ	 TRINDADE	
SANTA	MÔNICA	
FLORIANÓPOLIS	
CONTINENTAL	

CENTRO	
CARVOEIRA	
PRAINHA	

SACO	DOS	
LIMÕES	

CÓRREGO	
GRANDE	

PANTANAL	

JOSÉ	
MENDES	

	

Figura	11	–	Região	de	estudo	dos	edifícios	de	escritório	em	Florianópolis.	
Fonte:	adaptado	a	partir	de	Google	Earth	(2013).
MÉTODO	

	

	

34	

3.5 Orientação	solar	dos	edifícios	
As	orientações	foram	obtidas	através	imagens	de	satélite	do	software	Google	Earth.	
A	 partir	 das	 imagens	 foi	 possível	 obter	 os	 ângulos	 das	 fachadas	 em	 relação	 aos	
pontos	cardeais.	
	
3.6 Forma	
As	formas	foram	classificadas	visualmente	em	relação	às	proporções	da	planta	do	
pavimento‐tipo.	 Os	 grupos	 seguiram	 as	 seguintes	 formas:	 quadrado,	 retângulo,	
trapézio,	triângulo	e	L.	
	
3.7 Elementos	de	proteção	solar	
Elementos	 dispostos	 na	 fachada	 que	 sombreavam	 os	 edifícios	 de	 forma	
significativa	 foram	 considerados	 no	 levantamento,	 mesmo	 que	 sem	 este	 objetivo.	
Saliências	 para	 fins	 estéticos,	 como	 cornijas	 e	 frisos,	 foram	 desconsideradas	 por	
trazerem	pouca	ou	nenhuma	contribuição	em	modelos	para	análise	energética.	
	
3.8 Relação	solo‐edifício	
Devido	à	importância	da	influência	que	o	solo	possui	na	redução	do	ganho	térmico	
em	edifícios,	a	relação	solo‐edifício	foi	considerada	no	levantamento.	O	número	de	
pavimentos	 abaixo	 do	 nível	 do	 solo	 e	 o	 modo	 de	 contato	 que	 possuía	 através	 da	
envoltória	 arquitetônica	 foram	 analisados.	 Estas	 informações	 foram	 obtidas	 a	
partir	dos	desenhos	arquitetônicos	e	especificações	de	materiais	disponibilizados	
nos	arquivos	da	SUSP.	
	
3.9 Definição	do	modelo	predominante	
Para	 definir	 o	 modelo	 predominante	 que	 representasse	 o	 grupo	 edilício	 de	
escritórios	de	Florianópolis,	os	dados	obtidos	provieram	de	informações	da	SUSP,	
do	software	Google	Earth,	de	construtoras,	profissionais	liberais	e	de	visitas	in	loco.	
Dentre	 os	 métodos	 apresentados	 por	 Corgnati	 et	 al.	 (2012),	 utilizou‐se	 o	 de	
modelagem	 do	 Edifício	 Referencial	 Teórico.	 Os	 dados	 foram	 tratados	 de	 forma	
semelhante	 à	 Schaefer	 et	 al.	 (2012),	 com	 levantamento	 em	 campo,	 tratamento	 e	
análise	e,	por	fim,	determinação	dos	protótipos.	
A	 partir	 dos	 dados	 organizados	 em	 planilhas,	 calculou‐se	 a	 média	 da	 frequência	
dos	 parâmetros	 quantitativos	 levantados	 (área	 envidraçada,	 dimensões	 dos
MÉTODO	

	

	

35	

edifícios,	 tempo	 de	 construção,	 área	 construída,	 entre	 outros).	 Aos	 parâmetros	
qualitativos	 foi	 calculada	 a	 moda	 de	 modo	 que,	 quando	 houvesse	 empate	 em	
determinado	 parâmetro,	 fosse	 utilizado	 aquele	 que	 estivesse	 mais	 presente	 em	
grupos	maiores	de	edifícios	semelhantes	entre	si.	
Por	fim,	com	a	saída	de	dados	para	construção	dos	modelos,	foi	optado	em	utilizar	
de	 maneira	 subjetiva	 a	 composição	 das	 fachadas.	 Mesmo	 que	 baseado	 na	
disposição	 entre	 área	 opaca	 e	 transparente,	 os	 parâmetros	 subjetivos	 foram	
dispostos	 a	 se	 equivaler	 com	 alguns	 edifícios	 que	 utilizassem	 disposições	
semelhantes	entre	si.	
Para	 compreender	 cada	 parâmetro	 adotado	 na	 construção	 do	 modelo	
predominante,	 são	 descritos	 a	 seguir	 os	 métodos	 de	 tratamento	 e	 análise	 dos	
dados	levantados.	
	
3.9.1 Número	de	pavimentos	
O	 levantamento	 obteve	 uma	 amostra	 de	 edifícios	 com	 mais	 de	 cinco	 pavimentos	
que	 possuíssem	 elevador.	 O	 número	 de	 pavimentos	 foi	 contabilizado,	 incluindo	
subsolos,	térreos,	sobrelojas,	pilotis,	pavimentos‐tipo	e	áticos.	A	ênfase	do	estudo	
está	 nos	 pavimentos‐tipo,	 onde	 as	 características	 levantadas	 foram	 mais	
minuciosas.	
	
3.9.2 Forma	
Através	do	levantamento	das	formas	das	plantas	dos	edifícios,	a	mais	frequente	foi	
utilizada	para	o	modelo	predominante.	
	
3.9.3 Dimensões	
A	 partir	 das	 dimensões	 gerais	 do	 perímetro	 dos	 edifícios,	 pés‐direitos,	 medidas	
internas	dos	escritórios	e	proporções	encontradas	nos	levantamentos	da	SUSP,	foi	
definido	o	tamanho	padrão	do	modelo	referencial.	
	
3.9.4 Orientações	das	fachadas	
Com	 auxílio	 do	 software	 Google	 Earth	 e	 das	 plantas	 de	 situação	 dos	 projetos	 das	
edificações	foi	levantada	a	orientação	das	fachadas	para	o	modelo	predominante.	A	
frequência	 das	 orientações	 foi	 considerada	 e	 utilizada	 para	 o	 modelo	
predominante.
MÉTODO	

	

	

36	

3.9.5 Elementos	de	proteção	solar	
Para	incluir	ou	não	os	elementos	de	proteção	solar	foram	analisadas	as	frequências	
de	 sua	 existência	 nas	 orientações	 dos	 edifícios.	 Quando	 encontrados	 em	 maioria,	
foram	 considerados	 na	 modelagem,	 quando	 não	 encontrados,	 foram	
desconsiderados.	
	
3.9.6 Detalhes	construtivos	
As	especificações	de	materiais	da	envoltória	foram	contabilizadas	e	escolhidas	por	
frequência	de	ocorrência.	A	partir	dos	materiais	mais	utilizados	para	cada	parte	da	
edificação,	foi	montado	então	o	edifício	modelo.	
	
3.9.7 Percentual	de	área	de	janela	na	fachada	–	PJF	
Para	cada	fachada	foi	averiguado	um	quociente	entre	área	envidraçada	e	área	total,	
gerando	um	valor	que	foi	convertido	posteriormente	em	percentagem.	O	resultado	
final	é	uma	síntese	entre	orientação	da	fachada	e	percentagem	de	área	de	janela.	
	
3.9.8 Relação	solo‐edifício	
A	 necessidade	 de	 construir	 andares	 no	 subsolo	 surge	 das	 vagas	 de	 garagens	 que	
não	 conseguem	 suprir	 a	 totalidade	 exigida	 de	 estacionamento	 pelos	 próprios	
pavimentos	 de	 garagens	 acima	 do	 andar	 térreo.	 Estes	 pavimentos	 têm	 pouca	
influência	 no	 consumo	 energético	 de	 operação	 do	 edifício,	 contudo	 possuem	
energia	incorporada	na	construção	do	mesmo	de	forma	considerável	pelo	volume	
de	terra	escavado	e	a	estrutura	necessária	para	implantação	destes	ambientes.	
Para	 a	 análise,	 foi	 de	 importância	 para	 a	 relação	 solo‐edifício	 a	 quantidade	 de	
pavimentos	subsolo	das	edificações.	A	obtenção	desses	dados	foi	retirada	a	partir	
de	desenhos	arquitetônicos	em	corte	das	edificações.	
	
3.9.9 Entorno	
A	 análise	 de	 entorno,	 apesar	 de	 grande	 importância,	 foi	 pouco	 encontrada	 em	
referências	de	literatura.	Santana	(2006)	utilizou	a	Lei	Complementar	nº	1/97	do	
Código	 de	 Obras	 de	 Florianópolis	 para	 simular	 diferentes	 tipos	 de	 obstruções	 de	
entorno.	De	forma	semelhante,	o	método	de	análise	de	entorno	deste	trabalho	usou	
os	seis	casos	de	obstrução	de	Santana	(2006)	para	quantificar	os	edifícios	em	volta
MÉTODO	

	

	

37	

dos	analisados.	A	Figura	12	apresenta	as	possibilidades	de	entorno	estudadas	para	
este	levantamento.	
	

	
Figura	12	–	Relação	de	estudo	da	obstrução	do	entorno.	
Fonte:	SANTANA,	2006.	

	
3.10 Considerações	finais	

Durante	o	método	desta	pesquisa	foi	apresentado	o	grupo	edilício	levantado,	suas	
características	 e	 seu	 recorte	 dentre	 a	 totalidade	 existente	 em	 Florianópolis.	
Através	 dos	 dados	 obtidos,	 foi	 mostrado	 o	 método	 de	 tratamento	 e	 análise	 de	
dados	que,	por	fim,	foi	utilizado	para	construir	o	modelo	predominante.	
Apesar	de	existirem	vastas	literaturas	para	montagem	de	modelos	referenciais	de	
edifícios	para	análise	de	consumo	energético,	poucas	abordam	a	temática	da	ACV.	
A	diferença	dessa	abordagem	pode	apontar	que,	por	exemplo,	enquanto	na	análise	
energética	 computacional	 da	 fase	 de	 operação	 de	 edificações,	 os	 vidros	 duplos,	
normalmente	 mais	 eficientes,	 reduzem	 o	 consumo	 energético,	 na	 fase	 de	
construção	 dos	 edifícios	 a	 energia	 incorporada	 é	 muito	 maior,	 visto	 que	 a	
quantidade	necessária	de	alumínio	para	sustentação	de	vidros	duplos	é	maior	que	
em	 vidros	 comuns.	 Como	 o	 alumínio	 é	 um	 dos	 materiais	 de	 maior	 consumo	
energético	 dentro	 da	 construção	 civil	 (Anexo	 A),	 ele	 incorpora	 muita	 energia	 em	
um	 edifício,	 o	 que	 conclui	 uma	 contradição	 entre	 construção	 e	 operação	 de	
edifícios	 em	 alguns	 casos.	 Deste	 modo,	 a	 concepção	 de	 modelos	 predominantes	
para	ACV	apresentam	resultados	de	impactos	energéticos	mais	reais	que	modelos	
para	análise	de	consumo	operacional,	principalmente	ao	que	tange	ao	consumo	da	
matriz	energética	nacional	e	dos	recursos	naturais.
RESULTADOS	

	

	

38	

4 RESULTADOS	
	
4.1 Considerações	Iniciais	
Através	 dos	 dados	 fornecidos	 pela	 SUSP,	 puderam‐se	 extrair	 informações	 que	
moldaram	 o	 modelo	 predominante	 de	 edifícios	 de	 escritórios	 em	 Florianópolis.	
Foram	perceptíveis	também	algumas	características	novas	dos	empreendimentos	
levantados	 nesta	 pesquisa	 em	 relação	 aos	 resultados	 de	 Santana	 (2006).	 Uma	
grande	parte	dos	empreendimentos	começou	a	ocupar	regiões	fora	da	área	central,	
diferente	de	como	havia	sido	até	início	dos	anos	2000.	Além	disso,	a	quantidade	de	
edifícios	construídos	anualmente	também	se	elevou	(Tabela	3).	Enquanto	de	1974	
a	 1989	 foram	 construídos	 apenas	 onze	 edifícios,	 nas	 décadas	 de	 1990	 e	 2000	
foram	 erguidos	 34	 (dezessete	 para	 cada	 decênio	 somente	 na	 região	 central	 de	
Florianópolis).		
	
Tabela	3	–	Quantidade	de	edifícios	ocupados	por	variação	de	anos.	
Início	da	
Quantidade	total	de	
Ocupação	(Habite‐
Fonte	
edifícios	
se)	
1974	‐	1979	
1980	–	1989	
1990	–	1999	
2000	–	2003	
2004	–	2009	
2010	–	2012	

8*
3*
17*
7*
15 (10)*
15	(8)*

SANTANA,	2006	
SUSP,	2012	

*localizados	somente	no	centro	de	Florianópolis.	
	

Para	 identificar	 melhor	 os	 edifícios	 analisados,	 a	 Tabela	 4	 apresenta	 seus	
respectivos	 nomes	 na	 época	 em	 que	 foram	 consultados	 (2012),	 seu	 código	 de	
inscrição	 quando	 receberam	 o	 alvará	 para	 construção	 da	 obra,	 as	 datas	 oficiais	
cedidas	 pela	 Prefeitura	 de	 Florianópolis	 para	 o	 Alvará	 e	 o	 Habite‐se	 e	 a	 área	
construída	 total	 do	 empreendimento.	 Além	 destes	 dados	 individuais	 de	 cada	
prédio,	 podem	 ser	 encontradas	 mais	 informações	 no	 Apêndice	 A,	 onde	 cada	
empreendimento	 é	 apresentado	 com	 todas	 as	 suas	 informações	 utilizadas	 neste	
trabalho.
RESULTADOS	

	

	

39	

Tabela	4	–	Características	dos	edifícios	analisados.	
Edifício	
Hoepcke	Blue	Center
Ed.	da	Advocacia	Geral	da	União	
Laguna	Corporate	Center	
Centro	Executivo	Atlantis	
Platinum	Tower	
Madison	Center	
Sede	da	Caixa	Econômica	Federal	
Ministério	Público	
Comercial	Kosmos	
Meridian	Office	
Prime	Tower	
Espaço	Capital	
Centro	Empresarial	Mauro	
Ramos	
Galaxy	
Centro	Executivo	Wilmar	
Henrique	Becker	
Max	e	Flora	Center	
America	Office	
Edifício	Solesedie	
Hantei	Office	Building	
Dall	Center	
Isola	Sarezzo	
Multicorp	Business	Center	
Centro	Empresarial	Luiz	Elias	
Daux	
Tractebel	Energia	
Centro	Executivo	ACCR	
Royal	Business	Center	
Premier	Office	Center	
Santa	Clara	
The	Office	Avenida	
Centro	Executivo	Verbena	

45491
45581
49371
50167
50191
50889
52338
52984
53342
53777
53820
53870

Início	da	
Construção	
(Alvará)		
14/08/96
24/09/96
03/08/01
28/05/02
11/06/02
30/07/03
06/04/04
20/04/05
29/12/04
16/02/06
07/02/06
12/01/06

Início	da	
Ocupação	
(Habite‐se)	
16/12/2004	
25/04/2008	
01/10/2004	
16/03/2005	
20/07/2005	
02/06/2006	
05/05/2008	
24/07/2007	
27/03/2008	
06/08/2009	
28/01/2009	
10/06/2008	

Área	
Construída	
(m²)	
6.471,59
3.247,62
6.264,02
4.140,69
7.825,38
8.914,42
15.797,04
1.409,80
3.958,33
8.534,46
6.587,27
3.660,29

54097	

30/11/05	

07/10/2008	

5.023,30	

54365

14/02/06

17/12/2010	

8.529,93

54404	

14/02/06	

16/04/2010	

8.633,94	

54435
54880
55108
55292
55423
55529
55724

24/02/06
14/09/06
19/10/07
16/01/08
27/04/07
28/01/08
07/02/08

12/01/2010	
05/12/2011	
19/08/2009	
07/05/2012	
08/09/2009	
11/07/2012	
04/05/2010	

18.957,37
18.321,12
5.704,20
23.496,99
6.730,85
6.899,08
5.493,27

55758	

25/01/08	

26/04/2011	

21.660,64	

55901
18/01/08
56332
04/06/08
56484
30/10/08
56551
26/01/09
57018
27/01/09
57116
29/09/09
57186
26/11/09
Fonte:	SUSP,	2012.	

14/07/2011	
24/09/2010	
20/07/2011	
15/08/2012	
26/12/2011	
18/10/2012	
10/02/2012	

17.947,71
8.677,66
6.269,67
17.648,70
7.897,74
11.328,72
12.166,92

Cód.	de	
Inscrição	

	
A	liberação	de	Habite‐ses	entre	2010	e	2012	tem	elevado	ainda	mais	a	quantidade	
de	 edifícios	 novos	 ocupados	 (Figura	 13),	 foram	 quinze,	 dos	 quais	 oito	 no	 Centro.	
Outra	 característica	 que	 se	 destacou	 nos	 novos	 edifícios,	 neste	 caso	 ainda	 dos	
encontrados	fora	da	região	central	da	cidade,	é	a	existência	de	conjuntos	de	torres	
para	 cada	 empreendimento,	 que	 ocorreu	 nos	 bairros	 Agronômica,	 Trindade	 e	
Itacorubi.	Este	fator	se	deve	à	questão	da	Bacia	do	Itacorubi	disponibilizar	terrenos	
maiores	 e	 menor	 ocupação	 em	 relação	 ao	 bairro	 Centro.	 Contudo,	 ainda	 assim	
alguns	 edifícios	 do	 Centro	 obtiveram	 grandes	 áreas	 construídas,	 principalmente	
com	 auxílio	 da	 transferência	 do	 direito	 de	 construir	 e	 da	 construção	 de	 obras	 de	
arte	 disponibilizado	 pelo	 Plano	 Diretor	 de	 Florianópolis	 (exemplo	 de	
empreendimento	na	Tabela	5).
RESULTADOS	

	

	

40	

Quantidade	de	edifícios

6
5
4
3
2
1
0
2004

2005

2006

2007
2008
2009
2010
Início	de	ocupação	(Habite‐se)

2011

2012

Figura	13	–	Número	de	Habite‐ses	de	edifícios	de	escritórios	novos	liberados	
por	ano	entre	2004	e	2012.	
	

	

Fonte:	adaptado	de	SUSP,	2012.	

	
Tabela	5	–	Quadro	de	áreas	do	edifício	Premier	Office	Center	com	previsão	de	
ganho	de	área	construída	por	transferência	do	direito	de	construir	e	
construção	de	obra	de	arte.	
Nível	
Área	Coberta
Área	Descoberta
Subtotal	
2º	Subsolo	
1.729,43m²
‐
1.729,43m²
1º	Subsolo	
1.742,63m²
‐
1.742,63m²
Térreo	
1.287,44m²
525,46m²
1.812,90m²
Sobreloja	
507,51m²
‐
507,51m²
1º	Pvto	Garagem	
1.738,69m²
‐
1.738,69m²
2º	Pvto	Garagem	
589,78m²
1.083,61m²
1.673,39m²
Tipo	x	9	(589,54m²)	
5.308,02m²
‐
5.308,02m²
10º	e	11º	Pvto	(519,54m²)	
1.039,08m²
70,24m²
1.109,32m²
12º	ao	14º	Pvto	(428,43m²)	
1.285,29m²
92,30m²
1.377,59m²
Ático	
241,57m²
175,47m²
417,04m²
Casa	de	Máquinas	
79,52m²
‐
79,52m²
Barrilete	
79,21m²
‐
79,21m²
Reservatório	Superior
73,45m²
‐
73,45m²
Subtotal	
15.701,62m²
1.947,08m²
17.648,70m²
	
	
Total	Construído																																																																																								 																																					17.648,70m²
	
	
Área	do	Terreno	
Titulado					
2.140,09m²	+	462,00m²	=	2.602,09m²
Atingido	pelo	sistema	viário	
303,38m²
Remanescente	
		
2.298,71m²
Área	a	receber	
2.247,18m²
(através	da	transferência	do	direito	de	construir¹ e	previsão	de	obra	de	arte²)	

¹	 Autorização	 expedida	 pelo	 município	 para	 que	 os	 proprietários	 de	 imóveis	 urbanos	 possam	 edificar	 em	
outro	 local,	 ou	 alienar	 mediante	 escritura	 pública,	 o	 potencial	 construtivo	 de	 determinado	 terreno	
(FLORIANÓPOLIS,	2010);	
²	 Enquadrada	 como	 Área	 de	 Desenvolvimento	 Incentivado	 (ADI),	 as	 edificações	 de	 caráter	 privado	 que	
implantam	obras	de	arte	pública	podem	beneficiar‐se	com	um	acréscimo	de	dois	por	cento	no	seu	Índice	de	
Aproveitamento	(IA)	(FLORIANÓPOLIS,	2010).	
Fonte:	SUSP,	2012.
RESULTADOS	

	

	

41	

4.2 	Análise	de	levantamento	do	parque	edilício	
	
4.2.1 Tempo	de	execução	das	obras	
Analisando	 a	 Tabela	 4	 é	 possível	 também	 apreender	 o	 tempo	 necessário	 de	
construção	 das	 edificações	 em	 Florianópolis.	 Considerando‐se	 a	 liberação	 do	
Alvará	 como	 ponto	 inicial	 da	 construção	 do	 edifício	 e	 o	 Habite‐se	 como	 a	
conclusão,	essa	avaliação	pode	contemplar	o	tempo	em	que	cada	unidade	edilícia	é	
erigida	(Figura	14)	e	a	capacidade	média	de	metros	quadrados	construídos	por	dia	
em	Florianópolis	(Figura	15).	
	
160

Número	de	meses	de	construção

140
120
100
80
60
40
20
0
1996 2001 2002

2004

2005

2006

2007

2008

2009

Início	da	construção	(Alvará)

	
Figura	14	–	Tempo	de	execução	dos	edifícios	por	ano	de	início	de	construção.	
	

Fonte:	SUSP,	2012.	

Nota‐se	 na	 Figura	 14	 que	 ao	 longo	 dos	 anos	 os	 edifícios	 não	 tiveram	 evoluções	
quanto	à	redução	do	tempo	de	construção.	A	média	de	tempo	de	construção	foi	de	
1.279	dias	–	em	torno	de	três	anos	e	meio	–	exceto	no	Edifício	Hoepcke	Blue	Center	
e	 no	 Edifício	 da	 Advocacia	 Geral	 da	 União	 (este	 último	 de	 caráter	 público),	 com	
3.045	 –	 oito	 anos	 e	 quatro	 meses	 –	 e	 4.231	 dias	 –	 onze	 anos	 e	 sete	 meses	 –	
respectivamente.
RESULTADOS	

	

	

42	

Ao	 que	 tange	 o	 tempo	 de	 execução	 dos	 empreendimentos,	 foi	 notável	 que	 o	
aumento	 da	 área	 construída	 total	 dos	 edifícios	 é	 proporcional	 ao	 aumento	 da	
quantidade	 de	 metros	 quadrados	 construídos	 por	 dia	 (Figura	 14).	 Esta	 análise	
demonstra	que	a	redução	do	tempo	de	construção	se	comprova	com	o	aumento	da	
reprodução	de	pavimentos‐tipo.	O	maior	índice	de	produção	construtiva	esteve	no	
Centro	Empresarial	Luiz	Elias	Daux,	onde	houve	a	construção	de	quatro	torres	com	
onze	pavimentos	cada,	sendo	três	pavimentos	comuns	a	todos	(Subsolo,	Térreo	e	
Garagem	 1)	 e	 um	 pavimento	 de	 garagem	 em	 pilotis,	 seis	 pavimentos‐tipo	 e	 um	
ático	para	cada	torre.	O	empreendimento	contou	com	21.660,64	m²	construídos	e	
uma	 produção	 de	 16,9	 m²	 construídos	 por	 dia.	 A	 pior	 produção	 esteve	 com	 o	
Edifício	da	Advocacia	Geral	da	União,	com	0,8	m²	construído	por	dia	em	uma	obra	
de	3.247,62	m²	de	área	construída	total.	
	
18

y	=	0.3975x	+	1.0357
R²	=	0.7734

16.9

Área	construída	por	dia	(m²/dia)

16
13.8

14
11.7

12

13.4
12.5

12.1

10.6

10.3

9.6

10
8.6
7.8

8

6.9
5.8 5.8

6
4.0

4

4.6

5.4

7.4

7.1

5.7

5.6 5.7
5.0

4.8
3.8

3.4 3.3
2.2

2

1.4
0.8

1,409.80
3,247.62
3,660.29
3,958.33
4,140.69
5,023.30
5,493.27
5,704.20
6,264.02
6,269.67
6,587.27
6,649.70
6,730.85
6,899.08
7,825.38
7,897.74
8,529.93
8,534.46
8,633.94
8,677.66
8,914.42
11,328.72
12,166.92
15,797.04
17,648.70
17,947.71
18,321.12
18,957.37
21,660.64
23,496.99

0

Área	construída	total	do	empreendimento	(m²)

Figura	15	–	Eficiência	construtiva	dos	edifícios	de	escritórios	em	
Florianópolis	por	tamanho	de	empreendimento.	
Fonte:	adaptado	de	SUSP,	2012.
RESULTADOS	

	

	

43	

4.2.2 Localização	dos	edifícios	
Dentre	 os	 doze	 bairros	 estudados,	 apenas	 quatro	 apresentaram	 existência	 de	
edifícios	de	escritórios	com	 mais	de	cinco	pavimentos.	A	predominância	ainda	se	
mantém	no	Centro	com	60%	do	número	de	empreendimentos	(Figuras	16	e	17)	e	
51%	da	área	construída	total.	
Os	bairros	que	não	possuem	a	tipologia	do	presente	objeto	de	estudo	normalmente	
se	devem	ao	fato	de	não	possuírem	disponibilidade	de	terrenos,	fácil	acessibilidade	
ou	terem	predominância	residencial.	

Figura	16	–	Mapa	de	localização	dos	trinta	edifícios	em	estudo.		

	

Fonte:	adaptado	a	partir	de	Google	Earth	(2013).	

	
20
18
Quantidade	de	edifícios

16
14
12
10
8
6
4
2
0
Centro

Agronômica

Itacorubi

Trindade

Figura	17	‐	Ocorrência	de	edifícios	de	escritórios	por	bairro.
RESULTADOS	

	

	

44	

4.2.3 Orientação	solar	das	Fachadas	
O	 resultado	 geral	 para	 orientações	 se	 mostrou	 equilibrado	 (Figura	 18),	 contudo	
nos	bairros	esse	equilíbrio	se	deu	apenas	no	Centro	e	Trindade,	onde	a	localização	
dos	edifícios	é	mais	esparsa.	Na	Agronômica	e	no	Itacorubi,	devido	à	concentração	
de	 edifícios	 em	 regiões	 específicas,	 a	 variação	 foi	 pequena,	 com	 a	 orientação	
predominante	 Nordeste	 para	 a	 Agronômica	 e	 Norte	 para	 o	 Itacorubi.	 Um	 dos	
fatores	 que	 influencia	 na	 tendência	 de	 pouca	 variabilidade	 de	 orientação	 nestes	
dois	 bairros	 é	 a	 direção	 que	 se	 encontram	 as	 vias	 principais,	 que	 formam	 um	
aspecto	de	malha	urbana	em	espinha	dorsal,	sem	vias	de	maior	porte	em	sentidos	
transversais	ou	paralelos	às	principais.	
	

Quantidade	de	
edifícios

7
6
5
4
3
2
1
0
Oeste

Norte

Sudoeste Nordeste Noroeste Sudeste

Leste

Sul

Figura	18	‐	Orientação	da	fachada	principal.		

	

	

4.2.4 Forma	das	edificações	
Os	 volumes	 das	 edificações	 seguiram	 formas	 prismáticas,	 com	 bases	 formadas	
pelos	 recuos	 dos	 terrenos.	 Apenas	 13%	 das	 edificações	 não	 possuíam	 base	
quadrilátera	reta,	sendo	todos	estes	localizados	no	Centro,	onde	a	disponibilidade	
de	terrenos	nem	sempre	obedeceu	formas	regulares	(Figura	19).	

	
Quantidade	de	edifícios

20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Retângulo

	

Quadrado

Trapézio

Triângulo

Figura	19	‐	Forma	em	planta	dos	edifícios.	

L
RESULTADOS	

	

	

45	

Destaca‐se	também	que,	apesar	das	formas	prismáticas,	alguns	empreendimentos	
apresentavam	chanfro	ou	escalonamento	de	andares	nos	últimos	pavimentos.	Este	
detalhe	está	relacionado	ao	artigo	114	parágrafo	2º	do	Plano	Diretor,	o	qual	exige	
que	 a	 volumetria	 da	 edificação	 esteja	 dentro	 de	 um	 ângulo	 de	 70°	 em	 relação	 ao	
eixo	da	via.	Como	muitas	ruas	do	Centro	possuíam	dimensões	reduzidas,	33%	dos	
edifícios	 nesta	 região	 foram	 construídos	 com	 essa	 peculiaridade.	 As	 Figuras	 20	 e	
21	 mostram	 dois	 edifícios	 que	 utilizam	 respectivamente	 o	 chanfro	 e	 o	
escalonamento	como	forma	de	aproveitar	o	máximo	do	volume	permitido	em	lei.	

	
Figura	20	–	Desenho	arquitetônico	em	corte	e	respectiva	fotografia	do	
edifício	Dall	Center	para	representação	de	chanfro	na	volumetria	do	edifício.	
Fonte:	SUSP,	2012	e	Google	Earth.	

	

	
Figura	21	–	Desenho	arquitetônico	em	corte	e	respectiva	fotografia	do	
edifício	ACCR	para	demonstração	de	escalonamento	na	volumetria	do	
edifício.	
Fonte:	SUSP,	2012	e	acervo	próprio.
RESULTADOS	

	

	

46	

4.2.5 Quantidade	de	pavimentos	por	edifício	
Na	Figura	22,	nota‐se	que	a	quantidade	de	pavimentos	mais	comum	nos	edifícios	é	
de	 catorze	 assim	 como	 a	 sua	 média.	 Esta	 quantidade	 representa	 apenas	 a	
totalidade	 de	 andares,	 sendo	 que	 estão	 também	 considerados	 os	 pavimentos	 de	
garagens,	 subsolos,	 térreos,	 pilotis	 e	 áticos.	 Em	 termos	 de	 pavimentos‐tipo,	 a	
média	esteve	em	nove	pavimentos	e	o	maior	resultado	foi	de	catorze	pavimentos‐
tipo,	no	edifício	Hantei	Office	Building,	o	qual	já	mencionado	utilizou	transferência	
do	 direito	 de	 construir	 e	 incorporou	 a	 si	 uma	 obra	 de	 arte,	 aumentando	 seu	
potencial	de	gabarito.	
	
6
Quantidade	de	
edifícios

5
4
3
2
1
0
8

9

10

11

12

13
14
15
16
17
Número	de	pavimentos

18

19

20

21

	

Figura	22	–	Quantidade	de	edifícios	por	número	pavimentos.	

	

Os	edifícios	de	escritórios	de	Florianópolis	também	não	apresentaram	aumento	em	
gabarito	com	o	decorrer	do	tempo	(Figura	23).	Esse	fato	demonstra	estabilidade	de	
altura	 das	 edificações	 por	 parte	 dos	 órgãos	 públicos,	 que	 não	 têm	 alterado	 seu	
regimento	em	relação	a	essa	característica	no	Código	de	Obras	da	cidade.	

Número	de	pavimentos

	
25
20
15
10
5
0
1996 2001 2002
2004
2005
Pavimentos‐Tipo
Demais	Pavimentos

2006

2007

2008

2009

Ano	de	liberação	de	alvará

		
Figura	23	–	Quantidade	de	pavimentos	por	edifício	em	detrimento	do	ano	de	
alvará.
Modelo Predominante de Edifícios de Escritórios para Análise Energética em Florianópolis
Modelo Predominante de Edifícios de Escritórios para Análise Energética em Florianópolis
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Modelo Predominante de Edifícios de Escritórios para Análise Energética em Florianópolis
Modelo Predominante de Edifícios de Escritórios para Análise Energética em Florianópolis
Modelo Predominante de Edifícios de Escritórios para Análise Energética em Florianópolis
Modelo Predominante de Edifícios de Escritórios para Análise Energética em Florianópolis
Modelo Predominante de Edifícios de Escritórios para Análise Energética em Florianópolis
Modelo Predominante de Edifícios de Escritórios para Análise Energética em Florianópolis
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Modelo Predominante de Edifícios de Escritórios para Análise Energética em Florianópolis
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