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PATENTES DE SOFTWARE p.22                                                                                                                           CRESCEU NA CRISE p.26                   DE HACKER A PROGRAMADOR p.30
         Temporariamente                                                                                                                                     Red Hat relata como enfrentou           Maddog explica a qualidade
         suspensas nos EUA                                                                                                                                   e venceu a crise                        de software

                                                                                                                                                                                                                                    # 58 Setembro 2009




                                                                                                                                                   A REVISTA DO PROFISSIONAL DE TI




                         CASE ALFRESCO p.26               LINUX PARK 2008 p.28                    CEZAR TAURION p.34
                         A Construcap agilizou seus       Iniciada em Porto Alegre a temporada    O Código Aberto como
                         projetos com o Alfresco          de seminários Linux Park de 2008        incentivo à inovação


                                                                                                                         #44 07/08
                                                                                                                          R$ 13,90
                                                                                                                           € 7,50
                                                                                                                         00044


                                                                                                                                 9 771806 942009




       A REVISTA DO PROFISSIONAL DE TI




      GOVERNANÇA COM




      SEJA UM BOM GESTOR E UTILIZE AS
      MELHORES PRÁTICAS ADOTADAS E
                                                                                                                                                                                                                                               GRÁTIS
      RECOMENDADAS PELOS PROFISSIONAIS
      MAIS EXPERIENTES NESSA ÁREA p.36
     » O que dizem os profissionais
       certificados p.24
     » Cobit, CMMI, ITIL. Quais as
       melhores práticas? p.36
     » ITIL na prática p.39
     » Novidades do ITIL v3. p.44

     SEGURANÇA: DNSSEC p.69                 VEJA TAMBÉM NESTA EDIÇÃO:
     Com o DNSSEC, a resolução              » Relatórios do Squid com o SARG p.60
     de nomes fica protegida
                                            » Java, Ruby e Rails: conheça o JRuby on Rails p.74
     de ataques. Mas seu
     preço vale a pena?                     » Benchmarks do GCC 4.3? p.58
                                            » Becape de bancos de dados com a Libferris p.46
     REDES: IPV6 p.64
     Conheça as vantagens da                » LPI nível 2: Servidores NIS e DHCP p.52
     nova versão do Internet
     Protocol, e veja por que
     é difícil adotá-la



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                                                                                                                                                         TÉCNICAS E FERRAMENTAS DE SEO PODEM AJUDÁ-LO A
                                                                                                                                                         CONSEGUIR O TÃO SONHADO LUCRO NA INTERNET. p.33


                                                                                                                                                                » Programe no Google com o App Engine p.34
                                                                                                                                                                            » SEO na fonte p.41
                                                                                                                                                                        » Seu Apache aguenta? p.46
                                                                                                                                                                          » CMS colaborativo p.51




REDES: SUBSTITUTO DO EXCHANGE! p.68                                                                                                                                      OPENSOLARIS p.64                     VEJA TAMBÉM NESTA EDIÇÃO:
O groupware Zarafa implementa todos                                                                                                                                      No quinto artigo da série, veja      » Bash 4: ainda melhor p.58
os recursos do MS Exchange e pode                                                                                                                                        como o sistema da Sun trata os       » Depuração profunda com o Strace p.74
até servir clientes Outlook.                                                                                                                                             dispositivos físicos e lógicos.      » Chrome OS na visão de Cezar Taurion p.32

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             CAPA
             Seu site contra a internet                                     33

               Se a concorrência pela atenção dos visitantes na Internet é
               grande, aprimore seus conhecimentos e seu site para atraí-los.

             Powered by Google                                              34

               Desenvolvedores web sonham em pôr as mãos no poder
               coletivo dos servidores do Google. O Google App Engine
               oferece um pedaço desse universo de máquinas.

             SEO sim, senhor                                                41

               As Google Webmaster Tools oferecem a visão
               que o bot do Google tem do seu site. Use-as
               para melhorar a visibilidade de seu site.

             Apache tunado                                                  46

               Na batalha por visitantes, milésimos de
               segundo contam. Algumas mudanças simples
               ajudarão a manter o seu site popular.

             Raio de vida na colaboração                                    51

               O Liferay é um poderoso sistema de gerenciamento de
               conteúdo, facilmente customizável e – uma vez configurado
               – uma ferramenta ideal para colaboração corporativa.




         4                                                                       http://www.linuxmagazine.com.br
Linux Magazine 58 | ÍNDICE




COLUNAS                                           ANÁLISE
Klaus Knopper                                08   Bash novo                                                     58
                                                    Apesar da maturidade do Bash, seus desenvolvedores continuam
Charly Kühnast                               10
                                                    aprimorando-o. A versão 4 do shell está cheia de novidades.
Zack Brown                                   12
Augusto Campos                               14
Alexandre Borges                             16
Kurt Seifried                                18


NOTÍCIAS
Geral                                        22
➧ Linux Foundation: quem escreve o Linux?
➧ Lançado o Slackware 13
➧ RHEL 5.4 lançado com suporte ao KVM
                                                  TUTORIAL
➧ Google Chrome de 64 bits para Linux
                                                  OpenSolaris, parte 5                                              64
                                                    Na continuação da série, veja como o sistema operacional de código
CORPORATE                                           aberto da Sun identifica e reconhece dispositivos de hardware.
Notícias                                     24
➧ EUA bane patentes de software
➧ Patentes e suporte no Ubuntu                    REDES
                                                  Alternativa ao Exchange                                          68
                                                    O Zarafa oferece o que há de melhor em groupware:
                                                    acesso nativo do MS Outlook, mobilidade com “push”
                                                    e a confiabilidade de um servidor Linux.




➧ Gartner recomenda Código Aberto para ECM
➧ Acordo sobre patentes com a Microsoft
➧ IDC: Mercado Linux na casa dos bilhões



                                                  PROGRAMAÇÃO
                                                  Depuração profunda                                               74
                                                    Depois do nosso “Hello World”, vamos examinar as
                                                    chamadas de sistema mais detalhadamente. Neste
                                                    artigo final, veremos a depuração no mundo real.



➧ Novell tem lucro com Linux

Entrevista com Michael Tiemann, Red Hat      26




                                                  SERVIÇOS
                                                  Editorial                                                        03
                                                  Emails                                                           06
                                                  Linux.local                                                      78
Coluna: Jon “maddog” Hall                    30   Eventos                                                          80
Coluna: Cezar Taurion                        32   Preview                                                          82




Linux Magazine #58 | Setembro de 2009                                                                                    5
Expediente editorial
                                                                    Patentes,
                                                                    concorrência
Diretor Geral
   Rafael Peregrino da Silva
   rperegrino@linuxmagazine.com.br
Editor
  Pablo Hess




                                                                    e Software Livre
  phess@linuxmagazine.com.br
Revisora




                                                                                                                                                    EDITORIAL
  Aileen Otomi Nakamura
  anakamura@linuxmagazine.com.br
Editora de Arte
  Paola Viveiros
  pviveiros@linuxmagazine.com.br
Coordenador de Comunicação
  Igor Daurício                                                     PrezadosÊ leitores,
  idauricio@linuxmagazine.com.br                                    Começa a dar sinais de enfraquecimento o polêmico sistema de conces-
Centros de Competência
  Centro de Competência em Software:
                                                                    são de patentes dos EUA. Isso traz à discussão muito mais que apenas
     Oliver Frommel: ofrommel@linuxnewmedia.de                      a política de um único país com relação ao que é ou não patenteável.
     Kristian Kißling: kkissling@linuxnewmedia.de
     Peter Kreussel: pkreussel@linuxnewmedia.de                     Como principal superpotência da atualidade, os Estados Unidos influen-
     Marcel Hilzinger: hilzinger@linuxnewmedia.de
  Centro de Competência em Redes e Segurança:
                                                                    ciam as regras para concessão de patentes em todo o planeta. No caso
     Jens-Christoph B.: jbrendel@linuxnewmedia.de
     Hans-Georg Eßer: hgesser@linuxnewmedia.de
                                                                    da indústria de software, berço da abordagem de produção colaborativa
     Thomas Leichtenstern: tleichtenstern@linuxnewmedia.de          moderna, as patentes impõem grandes dificuldades ao progresso.
     Markus Feilner: mfeilner@linuxnewmedia.de
     Nils Magnus: nmagnus@linuxnewmedia.de                             Claro que há quem defenda a concessão de patentes de software da
Anúncios:                                                           forma como vinha sendo praticada na América. Argumenta-se que a
  Rafael Peregrino da Silva (Brasil)
  anuncios@linuxmagazine.com.br
                                                                    única forma de incentivar uma empresa a fazer os investimentos neces-
  Tel.: +55 (0)11 4082 1300                                         sários ao avanço tecnológico é conceder-lhe o monopólio sobre a explo-
  Fax: +55 (0)11 4082 1302
   Petra Jaser (Alemanha, Áustria e Suíça)                          ração dos produtos desse investimento. Caso contrário, os concorrentes
   anzeigen@linuxnewmedia.de                                        imediatamente se aproveitariam das inovações e as utilizariam em seus
   Penny Wilby (Reino Unido e Irlanda)
   pwilby@linux-magazine.com                                        próprios produtos sem ter gasto um único centavo.
   Amy Phalen (Estados Unidos)                                         No entanto, como afirmou com propriedade Richard Stallman em
   aphalen@linux-magazine.com
   Hubert Wiest (Outros países)
                                                                    entrevista recente à Linux Magazine, as patentes de software são, sim,
   hwiest@linuxnewmedia.de                                          os maiores inimigos do Software Livre na atualidade.
Gerente de Circulação
  Claudio Bazzoli
                                                                       Ao adotar o paradigma colaborativo que define o modelo de desen-
  cbazzoli@linuxmagazine.com.br                                     volvimento do Software Livre, o próprio conceito de concorrência é
Na Internet:                                                        fortemente alterado. Fornecedores de Software Livre concorrentes não
  www.linuxmagazine.com.br – Brasil
  www.linux-magazin.de – Alemanha                                   oferecem produtos radicalmente diferentes. Muitas vezes, na verdade,
  www.linux-magazine.com – Portal Mundial
  www.linuxmagazine.com.au – Austrália                              oferecem o mesmo software, ou ao menos softwares que compartilham
  www.linux-magazine.ca – Canadá
  www.linux-magazine.es – Espanha
                                                                    grandes porções de código.
  www.linux-magazine.pl – Polônia                                      Desenvolver software “dentro de casa”, patenteá-lo e vender aos clien-
  www.linux-magazine.co.uk – Reino Unido
                                                                    tes a permissão de usá-lo é, por si só, um modelo que atrapalha o avanço
Apesar de todos os cuidados possíveis terem sido tomados
durante a produção desta revista, a editora não é responsável       tecnológico. A nova meta é avançar em conjunto, acelerar a inovação
por eventuais imprecisões nela contidas ou por consequên-
cias que advenham de seu uso. A utilização de qualquer ma-
                                                                    de forma colaborativa e aprimorar o mercado como um todo de forma
terial da revista ocorre por conta e risco do leitor.               muito mais significativa do que se cada um caminhasse sozinho. Se to-
Nenhum material pode ser reproduzido em qualquer meio, em
parte ou no todo, sem permissão expressa da editora. Assume-se      dos derem um pequeno impulso na mesma direção, a resultante será
que qualquer correspondência recebida, tal como cartas, emails,
faxes, fotografias, artigos e desenhos, sejam fornecidos para pu-
                                                                    um movimento bem mais veloz rumo à inovação. Com isso, o mercado
blicação ou licenciamento a terceiros de forma mundial não-ex-
clusiva pela Linux New Media do Brasil, a menos que explicita-
                                                                    avança, e com ele todos os players.
mente indicado.                                                        Na ausência das patentes de software, o modelo proprietário não
Linux é uma marca registrada de Linus Torvalds.
                                                                    deixa de existir; contudo, os algoritmos neles contidos, protegidos por
Linux Magazine é publicada mensalmente por:
Linux New Media do Brasil Editora Ltda.
                                                                    patentes, deixam de ser “intocáveis”. Qualquer software, seja livre ou
   Av. Fagundes Filho, 134                                          não, que desejar aprimorar ou simplesmente utilizar o algoritmo terá
   Conj. 53 – Saúde
   04304-000 – São Paulo – SP – Brasil                              essa permissão. O mercado inteiro lucra. n
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ISSN 1806-9428                             Impresso no Brasil


                                                                                                      Pablo Hess
                                       .
                                                                                                          Editor


Linux Magazine #58 | Setembro de 2009                                                                                                           3
Emails para o editor



             Permissão




                                                                                                                                  u
                                                                                                                                c.h
CARTAS




                                                                                                                               .s x
              de Escrita




                                                                                                                             ww
                                                                                                                         –w
                                                                                                                        ro
                                                                                                                        ne
                                                                                                                   gje
                                                                                                                  nja
                                                                                                                 sa
              Linux ou GNU/Linux ✉
              Sou leitor assíduo das revistas Linux Magazine e Easy Linux há muitos
              anos, e percebo que vocês cometem o erro da maioria de não creditar o
              GNU ao se referir ao sistema como um todo (o GNU/Linux). Isso é mui-
              to importante, principalmente na Revista Easy Linux (voltada ao público
              iniciante), pois vocês ensinam mais GNU do que Linux. O Linux não seria
              nada hoje em dia se não existisse o GNU.
                 Apelo inclusive para o artigo publicado na Linux Magazine 56, de Ale-
              xandre Oliva: “GNU e Linux, uma questão de renome” para deixar-lhes
              pensar melhor no assunto.
                 Claro que eu não estou falando do título das revistas, que já são “marcas
              registradas”, mas sim do conteúdo dos artigos.
                 Rafael Raposo. Nilópolis, RJ

              Resposta
              Rafael, de fato estamos tentando reduzir a falta de referências ao GNU.
              Concordamos, na maior parte, com as suas afirmações.
                 No entanto, nossos artigos são escritos por autores que podem ter – e fre-
              quentemente têm – pontos de vista diferentes.
                 Sempre que possível, buscamos fazer a referência correta ao GNU/Linux.
              Contudo, nomes de distribuição também costumam ser marcas registradas,
              assim como o título desta revista, e o próprio Richard Stallman não se opõe
              ao uso de “Ubuntu” ou “Slackware” sem “GNU/Linux” em seguida, já que
              se tratam de sistemas operacionais completos baseados no kernel Linux, nos      Escreva para nós!    ✉
              aplicativos GNU e em diversos outros programas. n
                                                                                              Sempre queremos sua
                                                                                              opinião sobre a Linux
                                                                                              Magazine e nossos artigos.

                                                                                              Envie seus emails para
              Agenda e contatos ✉                                                             cartas@linuxmagazine.com.br
              Sugiro uma matéria sobre alguma solução GPL similar à agenda e conta-           e compartilhe suas dúvidas,
              tos compartilhados do Microsoft Outlook.                                        opiniões, sugestões e críticas.
                 Mauro de Souza Madela
                                                                                              Infelizmente, devido ao volume
                                                                                              de emails, não podemos
              Resposta                                                                        garantir que seu email seja
              Mauro, muito obrigado por sua sugestão. Aos nossos contribuidores e leito-      publicado, mas é certo que
              res, fica a sugestão de um assunto altamente importante. n                      ele será lido e analisado.



         6
Coluna do Charly



                                                      Euforia lá no alto
COLUNA




                                                               Immenstadt, Alemanha, foi o local do 10º aniversário do LUG
                                                               Camp dos grupos de usuários Linux a que Charly pertence.




               O
                         10º LUG Camp testemunhou a escalada dos              fica lento porque os discos estão sendo acessados o tem-
                         fiéis ao Linux montanha acima. Aproximada-           po inteiro, mas não consigo identificar o processo que
                         mente 120 fãs, incluindo vosso interlocutor,         causa isso. O Iotop fornece exatamente essa informação.
               encontraram-se num albergue-escola em Gschwend,                   Esse programa em Python precisa do kernel 2.6.20
               próximo a Immenstadt. Ninguém precisou ficar sem               ou posterior, com as opções de configuração TASK_DE-
               água: a cachoeira do próprio albergue, alimentada pelo         LAY_ACCT e TASK_IO_ACCOUNTING ativadas. Ao iniciar, a
               degelo das montanhas ainda mais altas, resfriou os barris      primeira linha da saída exibe as taxas atuais de I/O,
               de cerveja e até serviu de chuveiro para os mais corajosos.    tanto de leitura quanto de escrita. Sob elas fica a lista
                  Embora o LUG Camp tradicionalmente se identifi-             de atividade de entrada e saída por processo (figura 1).
               que como um encontro familiar geek com foco óbvio
               em diversão, isso não significa uma total falta de con-        Contos
               teúdo: lá, qualquer um com o conhecimento necessário           O comando iotop -o facilita a leitura da saída. Neste
               pode fazer um exame LPIC, além de haver algumas                modo, observa-se somente os processos causadores da
               apresentações muito boas. Não por acaso, o ar rarefeito        I/O no momento. Para estender o intervalo de atualiza-
               em Gschwend não preocupou os participantes nem um              ção de 1 para 10 segundos, use a opção -d 10. O modo
               pouco após a competição de chili expandir seus pulmões         de lote do Iotop é muito útil. O comando:
               para pelo menos o dobro de sua capacidade normal.
                                                                              iotop -o -b -d10 -n30 > io.txt
               Iotop
               O processamento de dados também é a área da ferra-             faz o Iotop gravar o último status de I/O 30 vezes num
               menta que vou analisar hoje. O Iotop [1] resolve um            arquivo chamado io.txt em intervalos de dez segundos.
               problema que me incomoda há muito tempo: o sistema             Isso mostra como as taxas de dados se comportam ao
                                                                              longo de um período de cinco minutos.

                                                                              Conclusões
                                                                              Se as luzes do seu disco rígido ficam permanentemen-
                                                                              te acesas, o Iotop é indispensável. Para mim, o LUG
                                                                              Camp é igualmente indispensável – já me registrei para
                                                                              o evento do ano que vem. n

                                                                               Mais informações
                                                                               [1] Iotop: http://guichaz.free.fr/iotop/


                                                                              Charly Kühnast é administrador de sistemas Unix no datacenter Moers,
                                                                              perto do famoso rio Reno, na Alemanha. Lá ele cuida principalmente
                                                                              dos firewalls.
          Figura 1 O Iotop lista a atividade de disco dos processos ativos.


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Coluna do Zack



                                                  Crônicas do kernel
COLUNA




                                                          Este mês, temos conflitos (Xen), novidades
                                                          (podcast) e intriga (Perl).




              Kernel depende do Perl                                      para dentro do Linux, de alguma forma’”. Ele sugeriu que
              Jose Luis Perez Diez mostrou que o Perl 5 é necessário ao   incluir o Xen seria menos importante que criar a estrutu-
              sistema de compilação do kernel Linux para criar a docu-    ra adequada no Linux para suportar o Xen. Além disso,
              mentação, gráficos e até cabeçalhos e firmware; porém,      afirmou que a implementação do Xen talvez seja errada,
              isso não estava documentado em lugar algum. Então,          sugerindo “desligar” alguns recursos do sistema de virtua-
              ele postou um patch para o arquivo CHANGES listando a de-   lização para obter uma implementação mínima, que por
              pendência do Perl juntamente com alguns módulos da          sua vez seria arquitetada de forma correta e incluída no
              linguagem. Imagino que vários hackers do kernel ficarão     kernel sem grandes problemas, para depois acrescentar
              irritadíssimos com o patch, pois debateram durante anos     mais recursos ao longo do tempo.
              sobre a introdução de uma dependência do Perl – e sem-         Parte do problema, segundo Ts’o, é que aceitar um
              pre decidiram contra essa dependência. É provável que       projeto ruim no kernel poderia dificultar muito a tarefa
              um fork do engine do Perl venha a ser embutido no kernel.   de consertá-lo no futuro. Então, uma decisão mal to-
                                                                          mada no início da inclusão do Xen poderia dificultar a
              Podcast do kernel!                                          manutenção ou depuração de várias regiões do kernel
              Jon Masters criou o site kernelpodcast.org com um re-       durante muito tempo.
              sumo semi-diário dos eventos relacionados ao mundo             O pessoal do Xen, muito frustrado, não ficou calado.
              do desenvolvimento do kernel sob a forma de podcasts        George Dunlap afirmou que uma reimplementação tão
              e transcrições de áudio. Desejamos a ele muito boa          fundamental, juntamente com a desativação de vários
              sorte – parece um ótimo projeto!                            recursos, significaria basicamente iniciar um projeto
                                                                          totalmente novo – e bem diferente do Xen.
              Status do Xen                                                  Foi então que Linus Torvalds entrou no debate di-
              A incorporação dos patches do sistema de virtualização      zendo: “Vocês estão olhando o problema errado. Se o
              Xen ao kernel oficial atraiu muita atenção. Recentemen-     Xen fosse apenas um driver, não teríamos essa discussão.
              te, Ingo Molnar sugeriu que isso seria uma boa ideia        Mas, da forma atual, o Xen emporcalha O CÓDIGO
              e, sem surpresa alguma, vários desenvolvedores mani-        DE OUTRAS PESSOAS. Se essas pessoas não têm
              festaram interesse e começaram a discutir sobre quais       interesse no Xen, qual a surpresa no fato de as pessoas
              elementos do Xen deveriam ser incluídos ou excluídos        não estarem entusiasmadas?”. E depois acrescentou,
              de um conjunto inicial de patches. Ted Ts’o também          em outro tópico da discussão: “O Xen polui o código
              aprovou a ideia e Steven Rostedt comparou a situação        de arquitetura de uma forma que NENHUM OUTRO
              toda aos desenvolvedores do Xen pedirem uma maçã            subsistema polui. E eu NUNCA vi os desenvolvedores
              e ganharem uma torta de maçã no lugar.                      do Xen assumirem isso para consertar o problema”. n
                 Alan Cox, entretanto, se mostrou contrário à inclusão.
              Ele afirmou que é preciso “começar mudando a mentali-       A lista de discussão Linux-kernel é o núcleo das atividades de
              dade. Neste momento, grande parte do código parece ser      desenvolvimento do kernel. Zack Brown consegue se perder nesse
                                                                          oceano de mensagens e extrair significado! Sua newsletter
              ‘Tomamos uma decisão há vários anos quando criamos o        Kernel Traffic esteve em atividade de 1999 a 2005.
              Xen. Agora precisamos forçar esse código que escrevemos


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Coluna do Augusto


                                                   Previsões e
COLUNA




                                                    imprevistos
                                                           O Código Aberto não dominou o cenário dos netbooks
                                                           como se previa, mas se encaminha para uma grande
                                                           presença na área dos sistemas embarcados.




              H
                        ouve um momento, ao longo do ano passado,          presença se ler com atenção o manual e descobrir que
                        em que muitos analistas se arriscaram a prever     ele vem acompanhado de uma cópia da GPL, e isto
                        um futuro em que o Linux e o Código Aberto         levá-lo a investigar a razão. Porém, se ele quiser tentar
              seriam predominantes no cenário dos netbooks, uma            interagir com o kernel das formas como está acostu-
              novidade à época. Alguns meses se passaram e a reali-        mado – por exemplo, abrindo um terminal, rodando
              dade não foi bem assim: o Linux está presente em uma         um aplicativo ou conectando-se via SSH –, descobrirá
              fatia deste nicho, mas esta fatia é bem menor do que se      que não há acesso.
              antecipava de forma otimista.                                   Adoções mais assumidas do Linux, como ocorre no
                 Curiosamente, entretanto, outra fatia parece crescer      Palm Pre ou nos aparelhos baseados no Android, têm
              mais, tanto de forma absoluta quanto potencial: é a do       graus variados de abertura, permitindo que o usuário
              Linux nos dispositivos móveis e de pequeno porte, em         tecnicamente inclinado desenvolva programas, acesse
              categorias como a dos celulares, smartphones, games,         diretamente alguns recursos e, dependendo do caso,
              set-top boxes, televisores e outros appliances domésticos.   até mesmo chegando a contar com um shell de root.
              E isto me leva a uma reflexão com mais perguntas do             Uma categoria à parte é a dos aparelhos que não vêm
              que respostas definitivas, conforme detalharei a seguir.     com Linux, mas permitem com (razoável) facilidade
                                                                           a instalação pelo usuário, como ocorre em aparelhos
                                                                           como o Dingoo ou a versão inicial do Playstation 3, cujo
                              Em muitos casos                              menu inclui oficialmente a opção que permite instalar e
                              a própria presença                           executar o Linux. E, fechando a fila, temos os aparelhos
                                                                           da Nokia (como o recém-anunciado N900) que vêm
                              do Linux não é                               com o Maemo, que de todos é o que mais se aproxima
                              visível, ou ao menos                         de uma distribuição Linux tradicional, incluindo com
                              não é evidente                               possibilidade de maior acesso do usuário ao sistema.
                                                                              Vitória do Código Aberto ou não? Já vi pessoas duvi-
                              para o usuário.                              darem, baseadas em questionamentos sobre a consciên-
                                                                           cia do usuário de que está rodando o Linux, ou mesmo
                                                                           sobre o nível de acesso e de abertura que ele tem ao
                 Ocorre que a presença do Linux em vários destes           lidar com o aparelho. Minha opinião, entretanto, é que
              aparelhinhos tem características bem diferentes daque-       a presença do Linux nestes aparelhos está plenamente
              las com que muitos de nós estamos acostumados nos            de acordo com os objetivos de seus desenvolvedores.
              servidores, desktops, notebooks e mesmo nos netbooks.        Mas claro que a situação é bem melhor em casos como
              Para começar, em muitos casos a própria presença do          o do Maemo e outros em que o usuário tem acesso
              Linux não é visível, ou ao menos não é evidente para         mais amplo por opção de seus desenvolvedores. ;-) n
              o usuário. Ele está lá para discretamente dar suporte à
                                                                           Augusto César Campos é administrador de TI e desde 1996 mantém o
              aplicação do aparelho, como no caso de algumas TVs           site BR-linux.org, que cobre a cena do Software Livre no Brasil e no mundo.
              Sony Bravia, em que o usuário atento só percebe sua


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➧ Linux Foundation:
                        quem escreve o Linux?
NOTÍCIAS




                Greg Kroah-Hartman, Jonathan Corbet             Canonical criticada
                e Amanda McPherson publicaram em                Uma surpresa para muitos foi a ausência de menções à Canonical,
                agosto o relatório estatístico periódico de     patrocinadora do Ubuntu. Sam Varghese, da iTWire.com, publicou
                desenvolvedores do kernel Linux.                o artigo “Canonical, cadê você?”, afirmando: “Red Hat, IBM, Novell
                   O PDF, intitulado “Linux Kernel Deve-        e Intel são mencionadas no estudo da Linux Foundation, mas não há
                lopment”, mostra com números e gráficos         menção à tão popular distribuição GNU/Linux”.
                como tem ocorrido o desenvolvimento do             Críticas semelhantes já foram feitas pelo desenvolvedor do kernel
                Linux. Publicado pela primeira vez em           e autor das estatísticas Greg Kroah-Hartman, da Novell. Em setembro
                2008, o documento fornece uma visão             do ano passado, Kroah-Hartman usou seu keynote na Linux Plumbers
                sobre o processo nos últimos quatro anos,       Conference para atacar a Canonical com relação à sua contribuição
                entre as versões 2.6.11 e 2.6.30.               para o desenvolvimento do kernel.
                   Com relação ao número de desenvolvedo-          Novamente, as réplicas às críticas vieram rápido – um comentário
                res, não há dúvidas sobre o crescimento nessa   na notícia de Varghese mostra que o GNU/Linux não consiste apenas
                área: 389 pessoas se envolveram no kernel       no kernel, e a Canonical faz um importante trabalho de marketing
                2.6.11, comparadas a 1.150 na versão 2.6.30.    muito positivo para o GNU/Linux. n


                ➧ Lançado o
                  Slackware 13                        ➧ RHEL 5.4 lançado com suporte ao KVM
                                                      Foi anunciada durante o Red Hat Summit em Chicago, no início deste mês,
                Patrick Volkerding, ditador be-       a atualização da versão 5 do Red Hat Enterprise Linux. O RHEL 5.4 tem seu
                nevolente da distribuição GNU/        maior foco nas áreas de virtualização e computação em nuvem. Ele deve
                Linux Slackware, lançou no            tornar-se a base do produto Red Hat Enterprise Virtualization, cujo lança-
                dia 27 de agosto a versão 13.0        mento está planejado para este ano.
                de seu sistema operacional. No           Segundo o anúncio da empresa, com esta versão, a Red Hat se torna a pri-
                anúncio, Patrick afirma que           meira a oferecer suporte à tecnologia de virtualização VT-d da Intel e também
                este foi “um dos períodos de          à SR-IOV da PCI-SIG. Apesar da preferência pelo sistema de virtualização
                desenvolvimento mais inten-           KVM – conforme amplamente divulgado pela Red Hat nos últimos meses – ,
                sos na história do Slackware”.        a companhia garante aos clientes usuários do Xen que estes podem continuar
                   As alterações em relação à         usando-o ao longo do ciclo de vida do RHEL 5. n
                versão anterior, 12.2, são muitas,
                abrangendo desde o servidor
                gráfico Xorg até o formato dos         ➧ Google Chrome de 64 bits para Linux
                pacotes (.txz, compactados com         Apesar de o navegador Chrome, do Google, ainda não ter uma versão ofi-
                o algoritmo LZMA, superior em          cial e estável para sistemas GNU/Linux, já começaram os trabalhos numa
                poder ao gzip), passando pelos         versão de 64 bits.
                ambientes gráficos KDE 4 (na              O desenvolvedor Dean McNamee escreveu para a lista de desenvolvedo-
                versão 4.2.4) e Xfce 4.6 e pelos       res que já tem uma versão de 64 bits funcionando há algumas semanas “após
                inúmeros componentes mais              algumas alterações no Chromium”. As instruções de compilação já foram
                básicos do sistema.                    incluídas no site do projeto.
                   Patrick relembrou também               O mais surpreendente é o fato de que os usuários de sistemas Windows não
                que esta é a primeira versão do        contarão tão cedo com a versão de 64 bits. O desenvolvedor Mads Sig Ager
                Slackware com suporte nativo à         afirmou, na mesma lista de desenvlvimento, que “estamos nos concentrando
                arquitetura de 64 bits x86-64. n       em fazer a versão do V8 em 64 bits funcionar primeiro em Linux e Mac”. n


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➧ EUA bane
CORPORATE




                         patentes de software
                  A Secretaria de Patentes dos Estados Unidos      presas e pessoas também deixam de existir provisoriamente.
                  (USPTO, na sigla em inglês) publicou no          A USPTO afirmou ainda que adotará, a partir de agora, as
                  início deste mês uma nova determinação           normas empregadas pela União Européia para a concessão
                  regulando a concessão de patentes. Segun-        de patentes.
                  do as novas regras – temporárias, de acordo         O motivo para a nova determinação foi a decisão do Tribu-
                  com o órgão –, programas de computador           nal Federal de Apelações (Court of Appeals for the Federal Cir-
                  não poderão mais ser protegidos por esse tipo    cuit), que negou ao inventor Bernard Bilski a concessão de uma
                  de expediente, a menos que haja uma tran-        patente sobre determinado modelo de negócios. Bilski e Rand
                  formação efetiva de estado ou a produção de      Warsaw foram então até a Suprema Corte, que está reunindo
                  algo palpável a partir de um objeto inicial.     argumentos de proponentes e opositores da decisão para definir
                     Além das patentes de software, as de          as novas regras a esse respeito.
                  organismos naturais, textos de contrato,            As patentes de software permanecerão banidas até que a de-
                  regras de jogos, modelos de negócios, em-        cisão da Suprema Corte seja promulgada. n



                  ➧ Patentes e                                         ➧ Gartner recomenda
                    suporte no Ubuntu                                    Código Aberto para ECM
                  A loja da Canonical agora oferece três pacotes de    O Gartner forneceu no final de agosto uma pequena lista
                  suporte para a versão desktop do Ubuntu. O pa-       de medidas para evitar problemas com aplicações de geren-
                  cote básico, Starter Support, que oferece amplo      ciamento de conteúdo corporativo (ECM, ou Enterprise
                  suporte para a instalação por telefone e email,      Content Management).
                  custa aproximadamente US$ 55,00 para um ano.             Quando organizações tomam decisões sobre ECM, mui-
                  O Advanced Support contém os mesmos serviços,        tas se decepcionam com a quantidade de concessões que
                  mas cobre mais que dificuldades de instalação por    precisam fazer, segundo o estudo do Gartnet. Por exemplo,
                  US$ 115,00 por ano. O pacote Professional custa      sistemas ECM são caros, mas poucos funcionários têm aces-
                  quase US$ 220,00 e traz suporte para instalação      so a eles. Em outros casos, projetos de adoção de sistemas
                  e aplicativos, além de cobrir a virtualização e a    ECM fracassaram por não considerarem as mudanças que
                  integração com redes Windows. Para pacotes de        exigiam sobre o estilo de trabalho da empresa. O Gartner
                  três anos, há também pequenos descontos              sugere que é preciso usar a “abordagem correta” e oferece
                     Além disso, a Canonical apresentou uma nova       uma lista com seis sugestões táticas. O terceiro item da lista
                  política de patentes para ajudar os desenvolve-      sugere incluir um provedor de conteúdo e ofertas de código
                                   dores e detentores de direitos a    aberto na estratégia.
                                     lidar com questões de patente         O motivo para o Código Aberto é que ele já amadureceu e
                                       de software.                    seu mercado se estabilizou. As organizações de código aberto
                                              O lucro da loja do       competem com os tradicionais líderes do mercado de ECM
                                            Ubuntu poderia ajudar      pelos contratos de governos e educação superior. Também
                                              a Canonical com ques-
                                                               ques    são muito úteis os provedores de serviços de conteúdo que
                                               tões de patentes. Sua   aprimoram as ofertas de software com consultoria, imple-
                                                nova política de pa-   mentação e suporte. Juntamente com esses pontos, o Gartner
                                                tentes foi projetada   sugere perguntar desde o início como as regras e metadados
                                                para evitar ao máxi-   de políticas podem ajudar a eliminar a duplicação e a prolife-
                                              mo tais problemas. n     ração de documentos, assim como facilitar sua obtenção. n
 Canonical




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➧ Acordo sobre patentes                             ➧ IDC: Mercado Linux na
  com a Microsoft                                     casa dos bilhões
A empresa finlandesa Tuxera, res-                   A empresa de pesquisas de mercado IDC anunciou em agosto a
ponsável pelo driver de código aberto               previsão de que o Linux continuará crescendo firmemente nos
NTFS-3G que permite ao kernel Linux                 próximos cinco anos, alcançando os bilhões de dólares em 2012.
realizar operações em sistemas de ar-                  Num estudo intitulado “Worldwide Linux Operating Envi-
quivos NTFS, formalizou um acordo                   ronment 2009-2013 Forecast: Can Linux Prove Resilience in
de patentes com a Microsoft sobre os                an Economic Slimp”, a IDC pesquisou o desenvolvimento de
drivers exFAT.                                      mercado do sistema operacional livre sob as atuais pressões. Al
   Além do Linux, o NTFS também                     Gillen, vice-presidente do programa de estudo, descreveu a situ-
é utilizado por sistemas como Free-                 ação da seguinte forma: “O Linux Comercial mostrou seu ama-
BSD, OpenSolaris e outros. O líder e                durecimento durante a crise econômica de 2001-2002, e agora
desenvolvedor chefe do projeto NTFS,                o sapato está no outro pé, conforme o ecossistema do Linux se
Szabolcs Szakacsits, fundou a Tuxera                esforça para se adaptar às novas condições do mercado”. Ele vê
em 2008 com o objetivo de oferecer                  um futuro brilhante para o Linux no futuro: “...a boa notícia é
drivers para exFAT e NTFS em inte-                  que é quase garantido que o Linux fará uma transição de sucesso
roperabilidade com sistemas Windows.                ao longo desses tempos difíceis”.
   Outras empresas de código aberto fi-                O pesquisador sustenta seu otimismo com algumas estatísticas:
caram duvidosas quanto a seus acordos               enquanto boa parte da indústria estagnou ou até diminuiu em
com a Microsoft com relação a patentes              2008, as receitas com Linux cresceram 23,4%, chegando a US$
do FAT. A fabricante de softwares de                267 milhões. Red Hat e Novell venderam o maior número de sis-
navegação TomTom enfrentou recente-                 temas para servidores, e o analista vê a continuação
mente problemas de legalidade de pa-                desse crescimento.
tentes com a Microsoft, a OIN (Open                    Com relação aos sistemas Li-
Invention Network) está reunindo provas             nux gratuitos, Gillen diz que “o
contra Redmond, e os desenvolvedores                papel do Linux gratuito continua
de produtos baseados em Linux estão                 significativo em termos tanto de
rapidamente retirando os códigos do                 volume de unidades quanto de
FAT de seus produtos. n                             cultivo de uma maior base de
                                                    usuários. Esta porção do mercado de sistemas
                                                    operacionais Linux para servidores continua
                                                    se expandindo”. n




➧ Novell tem lucro com Linux
Aparentemente, apertar o cinto          mestre acaba de terminar, foi de 17 milhões de dólares. A receita geral da em-
fez bem à Novell. Após demitir          presa neste trimestre (US$ 216 milhões) foi menor que a do mesmo trimestre
diversos funcionários de sua di-        de 2008 (US$ 245 milhões). O lucro festejado foi possível graças aos US$ 160
visão de Linux há poucos me-            milhões provenientes de “subscrições” e manutenção. Por um lado, licenças
ses, a fabricante do Suse Linux         de software e serviços (como suporte técnico e treinamentos) contribuíram
Enterprise divulgou esta semana         com apenas US$ 27 milhões (em 2008) e US$ 25 milhões (em 2009). Por outro
seu relatório financeiro trimes-        lado, a Novell lucrou US$ 30 milhões com produtos Linux, 22% a mais que no
tral, demonstrando que a divisão        terceiro trimestre de 2008.
faturou 38 milhões de dólares              Apenas um ano atrás, os proprietários do Suse Linux Enterprise amargaram
no último trimestre.                    um prejuízo de US$ 15 milhões. Foi este o motivo para o corte geral de gastos
   O lucro da empresa no ano            na Novell. Várias vagas foram cortadas, assim como o evento anual Brainshare
fiscal de 2009, cujo terceiro tri-      de 2009. n



Linux Magazine #58 | Setembro de 2009                                                                                     25
Entrevista com Michael Tiemann, Vice-Presidente da Red Hat para Assuntos de Código Aberto



                 A Red Hat e o mercado
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                                                                                      Em conversa exclusiva com a Linux Magazine, o executivo da Red Hat explica a relação
                                                                                      da empresa com a comunidade Fedora, o CentOS, o Ubuntu e todo o mercado.
                                                                                      por Luciano Siqueira, Rafael Peregrino da Silva e Pablo Hess




                                                                               M
                                                                                          ichael Tiemann é um dos     dade, um plano de negócios disfar-     ços a pequenas empresas que não
                                                                                          primeiros empreendedo-      çado”. Nota-se rapidamente a visão     possam ou não precisem pagar por
                                                                                          res de sucesso do mercado   privilegiada que o agora executivo,    soluções mais sofisticadas?
                                                                               de Software Livre. A Cygnus Solu-      ex-desenvolvedor, tem dos negócios     MichaelÊ TiemannÈ Uma das melhores
                                                                               tions, fundada por ele em 1989, foi    com base em Software Livre.            formas de entender o processo de
                                                                               possivelmente a primeira empresa          Na aquisição da Cygnus pela Red     adoção pelo mercado é ler o livro
                                                                               em todo o planeta a se especializar    Hat em 1999 (a terceira da empre-      de Geoffrey Moore, “Crossing the
                                                                               no suporte comercial ao Software       sa), Michael tornou-se CTO (Chief      Chasm”. Ele explica que existem
                                                                               Livre. “Em 1987, eu percebi que os     Technology Officer) da companhia,      vários tipos de subgrupos distintos
                                                                               softwares GNU eram alguns dos me-      e cinco anos depois foi alçado à po-   em qualquer mercado: os inovado-
                                                                               lhores disponíveis”, afirma Tiemann    sição de vice-presidente de assuntos   res (que trabalham com as últimas
                                                                               em sua página pessoal, “e também       de Código Aberto.                      novidades), os pioneiros da adoção
                                                                               que o Manifesto GNU era, na reali-        Em sua passagem pelo Brasil         (primeiros a adotar as tecnologias
                                                                                                                                     durante o 10º FISL,     que devem tornar-se populares), os
                 Montagem sobre foto de James Duncan Davidson/O'Reilly Media




                                                                                                                                     Michael conversou       populares, os atrasados na adoção
                                                                                                                                     com a Linux Magazi-     (aqueles que se encontram entre
                                                                                                                                     ne sobre a Red Hat, o   os últimos a adotar tecnologias po-
                                                                                                                                     Fedora, o Ubuntu, o     pulares por escolha própria) e os
                                                                                                                                     CentOS – em suma,       proteladores (que jamais adotarão
                                                                                                                                     sobre sua atual visão   a tecnologia, a menos que seja a
                                                                                                                                     sobre o mercado do      única opção).
                                                                                                                                     Software Livre.            O livro de Moore foi escrito como
                                                                                                                                                             um alerta às novas empresas que já
                                                                                                                                    LinuxÊ MagazineÈ É co-   tiveram sucesso nos grupos dos ino-
                                                                                                                                    mum a percepção de       vadores e dos pioneiros da adoção,
                                                                                                                                    que a Red Hat tem        mas cujos negócios são prejudicados
                                                                                                                                    uma forte presença       quando sua tecnologia não cai no
                                                                                                                                    em grandes e médias      gosto popular. Porém, ele também
                                                                                                                                    empresas. Existe al-     ajuda a responder essa pergunta: os
                                                                                                                                    guma estratégia da       inovadores e pioneiros da adoção têm
                                                                                                                                    empresa, envolvendo      mais curiosidade que dinheiro, e nor-
                                                                                                                                    o Fedora ou o Red        malmente têm muito mais interesse
                                                                               Michael Tiemann, Vice-Presidente da Red Hat para     Hat Enterprise Linux,    em descobrir se algo realmente fun-
                                                                               Assuntos de Código Aberto da Red Hat                 para fornecer servi-     ciona, em vez de como funcionaria


            26                                                                                                                                                             http://www.linuxmagazine.com.br
CORPORATE | Red Hat




     num contexto mais difundido, ou             O ciclo de lançamentos mais          O modelo de segurança do Linux
     seja, com um modelo definido de          longo do RHEL (18 a 24 meses)           protege os usuários mais ingênuos
     operação, serviços, atualizações etc.    oferece uma base de prazo mais          de si mesmos, evitando que com-
        A Red Hat acredita firmemente         longo para amortizar o custo do         prometam seus sistemas imediata e
     no modelo de desenvolvimento de          treinamento Red Hat. A realidade        constantemente.
     código aberto, principalmente na         é que o Fedora é voltado para os           Abrir uma janela de terminal e
     ideia de que a inovação promovida        inovadores e pioneiros da adoção        digitar yum install blender não é
     pelos usuários é a fonte mais podero-    que desejam resolver problemas          difícil a ponto de levar o usuário a
     sa, escalável e confiável de inovação.   que ninguém jamais resolveu. É          dizer: “jamais vou tentar aprender
        Porém, conforme a adoção de           difícil criar um programa de trei-      a usar o Blender porque o processo
     tecnologia alterna as necessidades       namento para isso.                      de instalação é muito complicado”.
     dos inovadores e pioneiros da ado-          O treinamento em RHEL per-              Quando descobri o projeto Miro
     ção para as necessidades populares,      mite ao público popular aplicar as      no FISL, entrei no meu sistema
     diversas empresas perdem interesse       melhores práticas ao longo de vários    Fedora e digitei yum install Miro e
     em se especializar na forma de ge-       casos de uso, e essas práticas levam    instalei o software. O que poderia
     renciar o conteúdo de software que       tempo para desenvolver.                 ser mais fácil?
     direciona a empresa. Elas desejam           Então, no caso do Fedora, o me-
     uma fonte confiável capaz de acom-       lhor treinamento é “Faça! Se não        LMÈ Poderia existir alguma colabo-
     panhar as plataformas de hardware        funcionar, que seja rápido para que     ração entre o Fedora e o CentOS?
     mais recentes, aplicativos de ISVs,      o sucesso venha mais rápido!”.          E quanto a unificar os sistemas de
     ameaças de segurança e, em alguns                                                gerenciamento de bugs com ou-
     casos, certificações de segurança.       LMÈ Fato: o Ubuntu está se tornando     tras distribuições GNU/Linux para
        As duas abordagens (Red Hat           a distribuição GNU/Linux padrão         evitar resolver o mesmo problema
     Enterprise Linux e Fedora) podem         para desktops, e o Fedora também        várias vezes?
     conviver, como mostra o fato de que      tem o objetivo de alcançar os usuá-     MTÈ Eu costumava falar muito sobre
     o Fedora cresceu mais de 100% (me-       rios não técnicos. Com relação ao       isso, mas fui informado por várias
     dido pelo número de visitantes únicos    projeto, o que diferencia o Ubuntu      pessoas que mesmo que conseguís-
     por mês) e também pelo fato de que       do Fedora?                              semos unificar os sistemas de rastre-
     a receita da Red Hat cresceu duran-      MTÈ Nem o Ubuntu nem o Fedora           amento de bugs num único banco
     te a crise, em vez de diminuir como      estão sozinhos: ambos dependem          de dados, o verdadeiro problema
     muitas outras empresas de software.      de outros projetos. O Fedora é a res-   seria fazer o mantenedor certo to-
                                              posta à pergunta: “como a Red Hat       mar a ação certa com relação a sua
     LMÈ As certificações profissionais da    integra e testa todos os milhares de    distribuição. Se ele tiver o relacio-
     Red Hat são bastante respeitadas         projetos, e como ela contribui para     namento correto com os projetos
     pela comunidade e pelo mercado.          a inovação neles?”.                     originais (o que creio que o Fedora
     Existem planos de algo semelhante           O Ubuntu fez um ótimo traba-         faz), os bugs não se multiplicarão
     para o Fedora?                           lho de trazer novos usuários para o     desnecessariamente. Se um man-
        MTÈ O melhor treinamento que          Linux, mas acho que o Fedora pode       tenedor de distribuição não puder
     podemos oferecer à comunidade            enriquecer a base de desenvolvedo-      gastar seu tempo relatando um bug
     Fedora é o de como ser um contri-        res no Linux e no Código Aberto.        para o projeto original, talvez ele
     buidor. Nesse sentido, a Red Hat tem                                             não seja a pessoa mais adequada
     trabalhado no desenvolvimento de         LMÈ A instalação de pacotes ainda é     para essa função. n
     algumas “receitas” para comunida-        a tarefa mais complicada para no-
     des, além de realizar eventos como       vos usuários que adotam o GNU/
     FUDcons, FADs e outros. Porém, a         Linux. O Fedora tem alguma es-
     ideia de oferecer treinamento para       tratégia para facilitar essa etapa?      Gostou do artigo?
     que as pessoas usem o Fedora em          MTÈ Acho que existe um limite de         Queremos ouvir sua opinião.
     contexto corporativo não faz sen-        complexidade que é aceitável no          Fale conosco em
     tido: assim que terminássemos de         mundo real. Quantos usuários no          cartas@linuxmagazine.com.br
     atualizar o treinamento para uma         Windows podem baixar um vírus ou         Este artigo no nosso site:
     dada versão, a seguinte já a torna-      outro software malicioso com um ou       http://lnm.com.br/article/3020
     ria obsoleta.                            dois cliques sem jamais perceber?


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Coluna do Taurion
CORPORATE




                                                      O Chrome OS
                                                            O recém-anunciado Chrome OS, do Google, vem
                                                            reforçar o contraste entre a nova economia do grátis e o
                                                            modelo tradicional de venda de licenças para PCs.




                 H
                          á algumas semanas, o Google anunciou um             O Chrome OS será inicialmente centrado nos net-
                          novo sistema operacional para PCs e netbooks,    books, um mercado que cresce a cada dia. Os netbooks,
                          de código aberto, baseado no kernel Linux,       que são máquinas voltadas a operar em nuvens com-
                 chamado de Chrome OS.                                     putacionais, na minha opinião estão um pouco fora do
                    Distribuído gratuitamente, o Chrome OS se insere       alvo da Microsoft. A maior base instalada de netbooks
                 no contexto da economia do grátis, proposto por Chris     roda Linux, e a versão Windows disponível é um subset
                 Anderson em seu último livro, intitulado “Free”. A tese   do XP, uma vez que o Vista é muito grande para caber
                 de Anderson é muito interessante: dado que os cus-        nestas máquinas. E o Windows XP é vendido para es-
                 tos de armazenamento e transmissão de informações         ses computadores a preços menores que os comercia-
                 tornam-se desprezíveis, veremos nos próximos anos o       lizados nos PCs. O mesmo fenômeno ocorrerá com o
                 crescimento da economia das coisas sem custo direto,      Windows 7 e sua versão simplificada para netbooks. O
                 como o Google (onde o Chrome OS se insere), a Wi-         resultado é que o crescimento do mercado de netbooks
                 kipédia e os softwares de código aberto. Um exemplo       canibaliza a receita do Windows.
                 deste barateamento é o preço dos transistores, que em        Nos próximos anos assistiremos a uma batalha inte-
                 1960 custavam cerca de 100 dólares e hoje custam zero     ressante pelo mercado de PCs e netbooks, quando dois
                 ou 0,000015 centavos de dólar. O valor de mercado do      modelos de negócio diferentes estarão em choque: o
                 Google, ícone desta economia, é de vinte bilhões de       modelo tradicional, como o da Microsoft, e o modelo do
                 dólares, superior à soma de todas as montadoras e as      grátis, baseado em nuvem, como proposto pelo Google.
                 empresas aéreas dos EUA!                                  A rede de valor do Google é baseada na economia do
                    O Chrome OS ajudará a gerar mais tráfego na Inter-     grátis, na qual o software é um meio para vender mais
                 net, o que aumentará as chances de o Google vender        anúncios. Os exemplos estão se encaixando: o Chrome
                 mais anúncios, que é a sua fonte de receitas. O Chrome    OS, o navegador Chrome, o Google Gears, Google Apps
                 OS colide diretamente com o modelo estabelecido da        e o Google App Engine. Esta rede de valor é diferente
                 indústria de sistemas operacionais para PCs, dominado     do modelo da Microsoft, que obtém sua receita exata-
                 hoje pela Microsoft com o Windows.                        mente da venda de licenças de seus softwares.
                    A arquitetura do Chrome OS é orientada ao modelo          Um ponto chave para o sucesso do Google será a acei-
                 de computação em nuvem. Porém, na verdade, com            tação do modelo de computação em nuvem. Na minha
                 base nas poucas informações disponíveis, parece-me        opinião, esse modelo computacional vai se consolidar
                 que se trata do navegador Chrome rodando sobre um         nos próximos anos e muitas das atuais limitações e res-
                 sistema de janelas em cima de um kernel Linux; ou         trições serão minimizadas ou até mesmo eliminadas.
                 seja, o Chrome OS é uma plataforma para o navegador       Vale uma aposta? n
                 Chrome e suas aplicações. O Google afirmou que seu
                 código será aberto, e eu acredito que será baseado na     Cezar Taurion (ctaurion@br.ibm.com) é gerente de novas tecnologias
                 licença GPLv2. Usando o kernel Linux, o Chrome OS         aplicadas da IBM Brasil e editor do primeiro blog da América Latina do
                                                                           Portal de Tecnologia da IBM developerWorks. Seu blog está disponível
                 aproveita todo o desenvolvimento já feito em drivers e    em http://www-03.ibm.com/developerworks/blogs/page/ctaurion.
                 a sua imensa comunidade de desenvolvedores.


            32                                                                                                      http://www.linuxmagazine.com.br
Apareça na Web



Seu site contra a Internet




                                                                                                                                       CAPA
            Se a concorrência pela atenção dos visitantes na Internet é grande,
            aprimore seus conhecimentos e seu site para atraí-los.
            por Pablo Hess




  A
           Internet é uma selva. Mi-         que nos lembramos de que, embo-               Em seguida, explicaremos como
           lhões ou até bilhões de pes-      ra o Google seja o ás da busca, são        utilizar as eficazes ferramentas online
           soas competindo por fama,         muitos os sites que concorrem pelas        disponibilizadas gratuitamente pelo
  dinheiro fácil, sucesso e reconheci-       melhores posições em seu índice.           fenômeno da Internet para tornar seu
  mento. Não à toa, o Google, peça               Felizmente para os alfabetizados, o    site mais visível e desejável para os
  que se tornou fundamental para             próprio Google oferece uma grande          visitantes que você deseja. Não há
  encontrarmos algo na Web, é um             ajuda na hora de nos candidatarmos         forma mais rápida de atrair cliques.
  fenômeno de rentabilidade.                 ao posto de primeiro colocado das             E quando os visitantes chegarem,
     Com uma infraestrutura compos-          buscas. Esta edição da Linux Ma-           é bom seu servidor estar preparado.
  ta por diversos data centers, cada um      gazine aborda justamente as formas         Veja como ajustar o poderoso Apa-
  com vários milhares de servidores, o       de aproveitar essa “mãozinha”, jun-        che para fazer frente à enxurrada de
  gigante da Internet emprega seus am-       tamente com os poderes do Código           cliques e ao novo volume de tráfego.
  plos tentáculos para servir aos clientes   Aberto, para lançar seu site – ou o           Por último, se você procura um
  diversos outros serviços além das bus-     da sua loja online, do seu grupo de        sistema único para montar seu por-
  cas, sempre com o intuito de exibir        usuários, da sua família – em uma          tal e também a intranet da empresa,
  mais e mais anúncios direcionados.         nova onda de visitação e, com sor-         conheça o CMS colaborativo Life-
     Independentemente do ques-              te, lucro!                                 ray e construa tudo com muito mais
  tionamento sobre a ética da ”bisbi-            Começaremos mostrando como             simplicidade e velocidade.
  lhotice” do Google, não há quem            tirar proveito da infraestrutura des-         Seja para realizar um novo pro-
  não deseje aproveitar as facilidades       comunal do Google para criar suas          jeto desenvolvido nas horas vagas
  oferecidas pela empresa para obter         próprias aplicações web. Basta um          ou para manter e aprimorar o site
  alguma receita.                            sistema GNU/Linux para montar sua          da empresa, as dicas desta edição
     No entanto, o que à primeira vista      aplicação, subi-la para as dezenas de      são essenciais para você aproveitar
  parece fácil se mostra muitas vezes        milhares de servidores da empresa e        cada oportunidade oferecida na Web.
  uma tarefa hercúlea: ser visto. É aí       começar a servir clientes.                    Faça bom proveito! n




                                                                                       Índice das matérias de capa
                                                                                       Powered by Google
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                                                                                       Raio de vida na colaboração




   Linux Magazine #58 | Setembro de 2009                                                                                          33
Explore a última versão do grande Bourne-again shell



               Bash novo
ANÁLISE




                     Apesar da maturidade do Bash, seus
                     desenvolvedores continuam aprimorando-o.
                     A versão 4 do shell está cheia de novidades.
                     por Bernhard Bablok e Nils Magnus




                                                                                                                                            yewkeo, 123RF
                 A
                          pesar da competição recente     gostará de passar algum tempo com       Vetores associativos
                          por parte de poderosas alter­   o Bash 4 já.                            A crença popular reza que scripts
                          nativas como o Zsh [1], o          A tabelaÊ 1 mostra um resumo de      Bash criam muitos processos, que
                 Bourne-again shell (Bash) [2] ain­       alguns novos recursos importantes;      acabam prejudicando o desempe­
                 da é o rei do pedaço no console          para uma listagem completa, verifi­     nho. Mas muitos dos aplicativos
                 do GNU/Linux. O Bash, que pode           que o arquivo NEWS na documentação      simples que costumavam ser usados
                 ser usado de forma interativa, tam­      do Bash. Este artigo levanta algumas    com o Bash, incluindo sed, grep,
                 bém serve como uma linguagem de          das mudanças mais importantes.          basename e dirname, já não são mais
                 script simples e prática. O Bash faz                                             necessários; o Bash realiza essas
                 parte do esqueleto de todo sistema       Linha de comando                        tarefas tão rápido quanto qualquer
                 GNU/Linux – mais um motivo para          Usuários da linha de comando apre­      outra linguagem de script com fer­
                 investigar os benefícios de adotar a     ciarão algumas extensões inconspí­      ramentas embutidas. Apesar desses
                 nova versão 4, lançada em fevereiro      cuas, mas muito úteis, incorporadas     avanços, os programadores Bash
                 de 2009.                                 ao novo Bash. Por exemplo, a string     continuam com olhares invejosos a
                                                          ** é expandida para uma lista de        Perl e Python, ambos com estruturas
                 Por que não?                             arquivos e caminhos sob o diretório     de dados mais versáteis.
                 Em sistemas em produção, talvez          atual, de forma semelhante ao co­          Em sua versão 4, o Bash final­
                 seja mais recomendável avaliar se        mando externo find. Porém, os usuá­     mente acrescenta a seus vetores uni­
                 é realmente necessário atualizar o       rios precisam ativar esse recurso por   dimensionais os vetores associativos
                 Bash para sua nova versão. Por um        meio do comando shopt -s globstar.      (semelhantes aos hashes em Perl e
                 lado, as principais distribuições cer­      Os desenvolvedores agora ado­        dicionários em Python). Para muitos
                 tamente difundirão a nova versão por     taram uma técnica mais amigável         programadores, essa mudança, por si
                 meio de suas atualizações, então o       para um dos maiores mistérios do        só, já é motivo suficiente para ado­
                 novo Bash fatalmente vai chegar ao       Bash: o redirecionamento da saída       tar a nova versão, pois ela oferece
                 seu sistema mais cedo ou mais tarde.     de erro padrão. Em vez do mantra        uma solução bem mais elegante a
                 Programadores e usuários avançados,      2>&1 1>arquivo, agora os usuários po­   vários problemas. Por exemplo, os
                 por outro lado, gostam de usufruir       dem usar simplesmente &> >arquivo       desenvolvedores podem usar textos
                 os benefícios oferecidos por novas       para redirecionar as saídas padrão e    arbitrários como índices de vetores
                 versões o mais rápido possível.          de erro para um único arquivo. O        associativos em vez de apenas intei­
                    Quem desejar já se familiarizar       atalho |&, que redireciona o erro       ros. A listagemÊ 1 mostra um exemplo.
                 com o shell principal da maioria das     padrão de um comando para um               A listagemÊ 2 contém um script
                 distribuições do futuro certamente       pipe, é outra novidade útil.            que ordena arquivos em diretórios


          58                                                                                                    http://www.linuxmagazine.com.br
Bash 4 | ANÁLISE




             Tabela 1: Principais mudanças
              Mudança                            Descrição
              Substrings                         A extensão para parâmetros de posição suporta o desvio zero
              PID                                O PID do shell atual está disponível na variável BASHPID
              autocd                             Suporta navegação rápida por meio do nome do diretório
              checkjobs                          Verifica e relata trabalhos (jobs) ativos ou parados na saída
              read                               Atribui entradas parciais a variáveis e mantém seus valores mesmo que o comando te-
                                                 nha seu tempo expirado
              mapfile                            Facilita o processamento de arquivos
              command_not_found_handle           O Bash 4 chama essa função caso não consiga encontrar um comando
              globstar                           Usa ** para realizar buscas recursivas ao longo de múltiplos diretórios
              Chaves                             A extensão cria uma lista de valores com zeros na frente
              Saída de erro padrão               Em vez de 2>&1 1>arquivo, o Bash agora suporta &> >arquivo
              Saída de erro padrão               Da mesma forma, |& substitui 2>&1 |
              case                               Agora o Bash 4 suporta ;;, ;& e ;;& para terminar um case. O primeiro processa incon-
                                                 dicionalmente as instruções do próximo grupo; o segundo verifica mais uma vez e, se
                                                 adequado, continua processando o próximo grupo.
              Expansão variável                  Os operadores ^ e , alteram para caixa alta ou baixa
              Conversão automática               declare -u e declare -l convertem automaticamente para caixa alta ou baixa ao atri-
                                                 buir valores
              Vetores associativos               Os índices podem ser strings: $idade[“fulano”]
              coproc                             Cria processos assíncronos
              Seleção                            O comando read -t 0 -u fd verifica se o descritor de arquivo fd fornece dados




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ANÁLISE | Bash 4




      Listagem 1: Programação              segundo suas propriedades – por          balho sujo (linhaÊ 4 da listagemÊ 5).
      com vetores associativos             exemplo, a data de criação. O script     O comando mapfile usa o “apelido”
                                           possui dois problemas fundamen­          readarray, que descreve seu propósito
      01   #!/bin/bash
      02                                   tais: primeiro, ele não funciona         de forma mais precisa.
      03   declare -A name                 com diretórios que contenham                O comando mapfile pode até fazer
      04                                   espaços em branco, e segundo, ele        mais que isso. Para mais detalhes,
      05   nome[“Linus”]=”Torvalds”        pode processar cada diretório mais       help mapfile e man mapfile devem
      06   nome[“Bill”]=”Gates”
                                           de uma vez.                              ajudar bastante. O comando pode
      07   nome[“Steve”]=”Jobs”
      08   nome[“Richard”]=”Stallman”         As versões anteriores do Bash         processar múltiplas linhas de uma
      09                                   usavam técnicas diferentes para re­      única vez e processá­las uma a uma
      10   # Mostrar todos os valores:     solver esse problema. No Bash 3.2,       com uso de uma função callback.
      11   echo “Valores: ${nome[@]}”      os programadores podem armaze­           Infelizmente, os desenvolvedores não
      12
      13   # Mostrar todas as chaves:
                                           nar os nomes de diretórios entre         forneceram uma implementação es­
      14   echo “Chave: ${!nome[@]}”       aspas num vetor. Um script poderia       pecialmente elegante dessa função.
      15                                   evitar o duplo processamento por         O Bash 4 chama a função callback
      16   # Acessar valores individuais   meio de buscas no nome – ou por          antes de processá­la, e não depois.
      17   for v in “{!nome[@]}”; do       meio de uma lenta busca linear no        Essa técnica oferece ao script um
      18      echo “$v ${name[$v]}”
      19   done                            vetor. Nenhuma dessas técnicas é         callback antes de o shell de fato ler
                                           particularmente elegante.                algo, mas perde um callback após
                                              O Bash 4 lida com essa tarefa         a última linha. Apesar dessa com­
      Listagem 2:                          de forma bem mais simples (veja          plicação, a função ainda é útil para
      Texto errado em listas               a listagemÊ 3): o nome do diretó­        processar arquivos inteiros.
                                           rio serve como chave; o valor não
      01
      02
           #!/bin/bash                     tem importância. Na linhaÊ 12, o         Caixa alta e baixa
                                           loop itera por todas as chaves. A        Se você já precisou implementar
      03   dirs=””
      04                                   construção especial com alguns           uma técnica robusta para processa­
      05   for f in “$@”; do               & entre aspas duplas faz o mesmo         mento de arquivos de configuração
      06     d=`getDir “$f”`               que em outros pontos do Bash: faz        ou entrada de usuários, já conhece
      07     mkdir -p “$d”                 com que o shell processe os valo­        o seguinte problema: o valor no ar­
      08     mv -f “$f” “$d”
                                           res como elementos individuais.          quivo de configuração ou o resultado
      09     dirs=”$dirs $d”
      10   done                            Portanto, a solução funciona com         da operação read pode ser SIM, sim,
      11                                   diretórios que contenham espaços         Sim, YES, true ou eViDentemEnte.
      12   for d in $dirs; do              em branco.                               Até o Bash 3.2, os autores de scripts
      13     createIndex “$d”                                                       usavam o utilitário externo tr para
      14   done
                                           Arquivos                                 converter o valor para caixa alta
                                           A listagemÊ 4 contém um padrão de        ou baixa.
                                           programação típico. O loop while            O Bash 4 facilita isso. A instrução
      Listagem 3:                          nas linhasÊ 5Ê aÊ 8 processa as linhas   declare -u Variável converte auto­
      Vetores associativos                 de um arquivo uma após a outra e         maticamente todas as atribuições da
      01   #!/bin/bash                     guarda o resultado num vetor. Essa       variável Variável para caixa alta. De
      02                                   construção ocorre com frequência,        forma análoga, declare -l converte
      03   declare -A dirs                 mas infelizmente é imperfeita. Caso      para caixa baixa. Essas ferramentas
      04
                                           a úlima linha não termine com um         de conversão economizam chamadas
      05   for f in “$@”; do
      06     d=`getDir “$f”`               caractere de nova linha, o loop não      a programas externos e melhoram
      07     mkdir -p “$d”                 armazenará a linha. O comando read       o desempenho do script. Para con­
      08     mv -f “$f” “$d”               embutido não fará a atribuição sem       verter apenas uma vez, em vez de
      09     dirs[$d]=1                    a nova linha.                            globalmente, é possível usar a nova
      10   done
      11
                                              A nova versão do Bash não ape­        extensão de parâmetro:
      12   for d in “${!dirs[@]}”; do      nas economiza teclas como tam­
      13     createIndex “$d”              bém oferece uma implementação            foo=SIM
      14   done                            mais limpa. Em vez do loop while,        echo ${foo^}
                                           uma única linha já faz todo o tra­       echo ${foo^^}



60                                                                                                  http://www.linuxmagazine.com.br
Bash 4 | ANÁLISE




Quadro 1: Entrevista com o desenvolvedor do Bash 4 Chet Ramey

Chat Ramey é gerente do Grupo de Segurança e Engenharia de Redes da divisão de serviços
de TI da Case Western Reserve University. Ele é o mantenedor do Bash desde 1990. A Linux
Magazine fez algumas perguntas a ele com relação à última versão do Bash.



     A comunidade do Software Livre não via uma nova ver-        O Bash 4 também acrescentou diversos novos recur-
     são do Bash há algum tempo. Alguns dizem que a ver-         sos para usuários da linha de comando. Agora ele está
     são 3.2 era adequada para praticamente todas as tare-       pronto para competir com shells especializadas nisso,
     fas necessárias. Então, por que algo novo?                  como o Zsh?

     Fico feliz que as pessoas tenham uma opinião tão boa        Acho que sim. O Bash talvez não tenha tantas funcio-
     sobre o Bash 3.2. Eu não gosto de lançar novas ver-         nalidades embutidas, mas acho que oferece ferramen-
     sões com muita frequência, pois o shell é muito bási-       tas suficientes para torná-lo um ambiente interativo tão
     co para vários distribuidores, mas já estava na hora. O     bom quanto o Zsh.
     Bash 4.0 oferece diversos recursos novos (normalmen-
     te eu não incluo grandes recursos novos em versões          Há algumas discussões sobre estilos de programação
     de atualização), várias correções de falhas que não en-     e uso de recursos em shell scripts. Enquanto alguns
     traram como patches no 3.2, e mais funcionalidades          tradicionalistas exigem compatibilidade com o Bourne
     para os recursos já presentes.                              shell, outros usam inúmeros recursos do Bash. Qual o
                                                                 seu ponto de vista? E a compatibilidade com o Bash
     Quais os três avanços ou novos recursos que você            3.2? Você recomenda adotar o 4.0 imediatamente ou
     acha mais interessantes?                                    deixá-lo em paralelo com o 3.2 por certo tempo?

     Vejamos. Essa é difícil, porque há várias que são boas.     Acho que depende dos seus objetivos. É fato que
     1. Vetores associativos;                                    quando pedem “compatibilidade total com o Bourne
     2. A correção para o último trecho incompatível com         shell”, referem-se à versão do sh presente em suas
        Posix. O shell não exige mais os parênteses balan-       máquinas. Há diferentes versões do Bourne shell:
        ceados ao processar substituições de comandos no         v7, SVR2, SVR3, SVR4, SVR4.2... E fornecedores
        estilo $(...) (por exemplo, ao processar uma instru-     distintos acrescentam diferentes conjuntos de recur-
        ção case dentro de uma substituição de comando).         sos à mesma versão do Bourne shell. É difícil des-
        Estou empolgado com isso porque foi, certamente,         cobrir exatamente o que se quer dizer com “Bourne
        a parte mais complicada para implementar. Não foi        shell original”.
        fácil com um parser gerado pelo yacc.
     3. As melhorias possíveis com o bind -x. Ao execu-          Para quem se interessar em escrever scripts portáveis,
        tar um comando associado a uma sequência chave           eu sugeriria seguir o padrão Posix. Ele pode ser consi-
        com bind -x, esse comando terá acesso ao buffer          derado uma linha de base que todos os shells padrão
        do readline e à posição atual do cursor e poderá al-     implementam. Muitos – senão todos – fornecedores in-
        terá-la. Uma função de shell poderia chamar um pro-      cluem um shell que obedece ao Posix. E se o seu for-
        grama externo para rearranjar as palavras na linha de    necedor não incluir um, o Bash é compatível com pra-
        comando, por exemplo, e fazer com que se refletis-       ticamente todas as plataformas existentes.
        sem no buffer de edição. Acho que esse recurso ain-      Com relação à retrocompatibilidade com o Bash 3.2,
        da não foi muito usado, mas há várias possibilidades.    tentei mantê-la ao máximo. Em certos locais, achei que
                                                                 o comportamento do Bash 3.2 era errado e o corrigi,
     O Bash 4 acrescentou vários novos recursos para fa-         sacrificando a retrocompatibilidade. Também existe a
     cilitar a programação. Você acha que ele já consegue        noção do “nível de compatibilidade” do shell, que pre-
     competir com linguagens como Perl e Python?                 serva explicitamente certos comportamentos antigos
     Acho que Perl e Python são linguagens mais sofistica-       quando ativado (veja as opções compat31 e compat32
     das, pois têm muito mais funções embutidas. Shells          do Bash). Creio que o nível de compatibilidade com o
     em geral são feitas para “grudar” programas externos        Bash 3.2 é bem alto e não deveria afetar a portabilida-
     ou funções de shell, além de oferecerem um ambien-          de dos scripts.
     te para facilitar essas tarefas. Porém, é possível escre-   Acho que a compatibilidade é suficiente para os usuá-
     ver programas bastante complexos usando shell: veja         rios atualizarem para o Bash 4.0 imediatamente e gra-
     o bash debugger, por exemplo.                               dativamente acostumarem-se com os novos recursos.




Linux Magazine #58 | Setembro de 2009                                                                                         61
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  • 1. PATENTES DE SOFTWARE p.22 CRESCEU NA CRISE p.26 DE HACKER A PROGRAMADOR p.30 Temporariamente Red Hat relata como enfrentou Maddog explica a qualidade suspensas nos EUA e venceu a crise de software # 58 Setembro 2009 A REVISTA DO PROFISSIONAL DE TI CASE ALFRESCO p.26 LINUX PARK 2008 p.28 CEZAR TAURION p.34 A Construcap agilizou seus Iniciada em Porto Alegre a temporada O Código Aberto como projetos com o Alfresco de seminários Linux Park de 2008 incentivo à inovação #44 07/08 R$ 13,90 € 7,50 00044 9 771806 942009 A REVISTA DO PROFISSIONAL DE TI GOVERNANÇA COM SEJA UM BOM GESTOR E UTILIZE AS MELHORES PRÁTICAS ADOTADAS E GRÁTIS RECOMENDADAS PELOS PROFISSIONAIS MAIS EXPERIENTES NESSA ÁREA p.36 » O que dizem os profissionais certificados p.24 » Cobit, CMMI, ITIL. Quais as melhores práticas? p.36 » ITIL na prática p.39 » Novidades do ITIL v3. p.44 SEGURANÇA: DNSSEC p.69 VEJA TAMBÉM NESTA EDIÇÃO: Com o DNSSEC, a resolução » Relatórios do Squid com o SARG p.60 de nomes fica protegida » Java, Ruby e Rails: conheça o JRuby on Rails p.74 de ataques. Mas seu preço vale a pena? » Benchmarks do GCC 4.3? p.58 » Becape de bancos de dados com a Libferris p.46 REDES: IPV6 p.64 Conheça as vantagens da » LPI nível 2: Servidores NIS e DHCP p.52 nova versão do Internet Protocol, e veja por que é difícil adotá-la WWW.LINUXMAGAZINE.COM.BR TÉCNICAS E FERRAMENTAS DE SEO PODEM AJUDÁ-LO A CONSEGUIR O TÃO SONHADO LUCRO NA INTERNET. p.33 » Programe no Google com o App Engine p.34 » SEO na fonte p.41 » Seu Apache aguenta? p.46 » CMS colaborativo p.51 REDES: SUBSTITUTO DO EXCHANGE! p.68 OPENSOLARIS p.64 VEJA TAMBÉM NESTA EDIÇÃO: O groupware Zarafa implementa todos No quinto artigo da série, veja » Bash 4: ainda melhor p.58 os recursos do MS Exchange e pode como o sistema da Sun trata os » Depuração profunda com o Strace p.74 até servir clientes Outlook. dispositivos físicos e lógicos. » Chrome OS na visão de Cezar Taurion p.32 WWW.LINUXMAGAZINE.COM.BR
  • 2. ÍNDICE CAPA Seu site contra a internet 33 Se a concorrência pela atenção dos visitantes na Internet é grande, aprimore seus conhecimentos e seu site para atraí-los. Powered by Google 34 Desenvolvedores web sonham em pôr as mãos no poder coletivo dos servidores do Google. O Google App Engine oferece um pedaço desse universo de máquinas. SEO sim, senhor 41 As Google Webmaster Tools oferecem a visão que o bot do Google tem do seu site. Use-as para melhorar a visibilidade de seu site. Apache tunado 46 Na batalha por visitantes, milésimos de segundo contam. Algumas mudanças simples ajudarão a manter o seu site popular. Raio de vida na colaboração 51 O Liferay é um poderoso sistema de gerenciamento de conteúdo, facilmente customizável e – uma vez configurado – uma ferramenta ideal para colaboração corporativa. 4 http://www.linuxmagazine.com.br
  • 3. Linux Magazine 58 | ÍNDICE COLUNAS ANÁLISE Klaus Knopper 08 Bash novo 58 Apesar da maturidade do Bash, seus desenvolvedores continuam Charly Kühnast 10 aprimorando-o. A versão 4 do shell está cheia de novidades. Zack Brown 12 Augusto Campos 14 Alexandre Borges 16 Kurt Seifried 18 NOTÍCIAS Geral 22 ➧ Linux Foundation: quem escreve o Linux? ➧ Lançado o Slackware 13 ➧ RHEL 5.4 lançado com suporte ao KVM TUTORIAL ➧ Google Chrome de 64 bits para Linux OpenSolaris, parte 5 64 Na continuação da série, veja como o sistema operacional de código CORPORATE aberto da Sun identifica e reconhece dispositivos de hardware. Notícias 24 ➧ EUA bane patentes de software ➧ Patentes e suporte no Ubuntu REDES Alternativa ao Exchange 68 O Zarafa oferece o que há de melhor em groupware: acesso nativo do MS Outlook, mobilidade com “push” e a confiabilidade de um servidor Linux. ➧ Gartner recomenda Código Aberto para ECM ➧ Acordo sobre patentes com a Microsoft ➧ IDC: Mercado Linux na casa dos bilhões PROGRAMAÇÃO Depuração profunda 74 Depois do nosso “Hello World”, vamos examinar as chamadas de sistema mais detalhadamente. Neste artigo final, veremos a depuração no mundo real. ➧ Novell tem lucro com Linux Entrevista com Michael Tiemann, Red Hat 26 SERVIÇOS Editorial 03 Emails 06 Linux.local 78 Coluna: Jon “maddog” Hall 30 Eventos 80 Coluna: Cezar Taurion 32 Preview 82 Linux Magazine #58 | Setembro de 2009 5
  • 4. Expediente editorial Patentes, concorrência Diretor Geral Rafael Peregrino da Silva rperegrino@linuxmagazine.com.br Editor Pablo Hess e Software Livre phess@linuxmagazine.com.br Revisora EDITORIAL Aileen Otomi Nakamura anakamura@linuxmagazine.com.br Editora de Arte Paola Viveiros pviveiros@linuxmagazine.com.br Coordenador de Comunicação Igor Daurício PrezadosÊ leitores, idauricio@linuxmagazine.com.br Começa a dar sinais de enfraquecimento o polêmico sistema de conces- Centros de Competência Centro de Competência em Software: são de patentes dos EUA. Isso traz à discussão muito mais que apenas Oliver Frommel: ofrommel@linuxnewmedia.de a política de um único país com relação ao que é ou não patenteável. Kristian Kißling: kkissling@linuxnewmedia.de Peter Kreussel: pkreussel@linuxnewmedia.de Como principal superpotência da atualidade, os Estados Unidos influen- Marcel Hilzinger: hilzinger@linuxnewmedia.de Centro de Competência em Redes e Segurança: ciam as regras para concessão de patentes em todo o planeta. No caso Jens-Christoph B.: jbrendel@linuxnewmedia.de Hans-Georg Eßer: hgesser@linuxnewmedia.de da indústria de software, berço da abordagem de produção colaborativa Thomas Leichtenstern: tleichtenstern@linuxnewmedia.de moderna, as patentes impõem grandes dificuldades ao progresso. Markus Feilner: mfeilner@linuxnewmedia.de Nils Magnus: nmagnus@linuxnewmedia.de Claro que há quem defenda a concessão de patentes de software da Anúncios: forma como vinha sendo praticada na América. Argumenta-se que a Rafael Peregrino da Silva (Brasil) anuncios@linuxmagazine.com.br única forma de incentivar uma empresa a fazer os investimentos neces- Tel.: +55 (0)11 4082 1300 sários ao avanço tecnológico é conceder-lhe o monopólio sobre a explo- Fax: +55 (0)11 4082 1302 Petra Jaser (Alemanha, Áustria e Suíça) ração dos produtos desse investimento. Caso contrário, os concorrentes anzeigen@linuxnewmedia.de imediatamente se aproveitariam das inovações e as utilizariam em seus Penny Wilby (Reino Unido e Irlanda) pwilby@linux-magazine.com próprios produtos sem ter gasto um único centavo. Amy Phalen (Estados Unidos) No entanto, como afirmou com propriedade Richard Stallman em aphalen@linux-magazine.com Hubert Wiest (Outros países) entrevista recente à Linux Magazine, as patentes de software são, sim, hwiest@linuxnewmedia.de os maiores inimigos do Software Livre na atualidade. Gerente de Circulação Claudio Bazzoli Ao adotar o paradigma colaborativo que define o modelo de desen- cbazzoli@linuxmagazine.com.br volvimento do Software Livre, o próprio conceito de concorrência é Na Internet: fortemente alterado. Fornecedores de Software Livre concorrentes não www.linuxmagazine.com.br – Brasil www.linux-magazin.de – Alemanha oferecem produtos radicalmente diferentes. Muitas vezes, na verdade, www.linux-magazine.com – Portal Mundial www.linuxmagazine.com.au – Austrália oferecem o mesmo software, ou ao menos softwares que compartilham www.linux-magazine.ca – Canadá www.linux-magazine.es – Espanha grandes porções de código. www.linux-magazine.pl – Polônia Desenvolver software “dentro de casa”, patenteá-lo e vender aos clien- www.linux-magazine.co.uk – Reino Unido tes a permissão de usá-lo é, por si só, um modelo que atrapalha o avanço Apesar de todos os cuidados possíveis terem sido tomados durante a produção desta revista, a editora não é responsável tecnológico. A nova meta é avançar em conjunto, acelerar a inovação por eventuais imprecisões nela contidas ou por consequên- cias que advenham de seu uso. A utilização de qualquer ma- de forma colaborativa e aprimorar o mercado como um todo de forma terial da revista ocorre por conta e risco do leitor. muito mais significativa do que se cada um caminhasse sozinho. Se to- Nenhum material pode ser reproduzido em qualquer meio, em parte ou no todo, sem permissão expressa da editora. Assume-se dos derem um pequeno impulso na mesma direção, a resultante será que qualquer correspondência recebida, tal como cartas, emails, faxes, fotografias, artigos e desenhos, sejam fornecidos para pu- um movimento bem mais veloz rumo à inovação. Com isso, o mercado blicação ou licenciamento a terceiros de forma mundial não-ex- clusiva pela Linux New Media do Brasil, a menos que explicita- avança, e com ele todos os players. mente indicado. Na ausência das patentes de software, o modelo proprietário não Linux é uma marca registrada de Linus Torvalds. deixa de existir; contudo, os algoritmos neles contidos, protegidos por Linux Magazine é publicada mensalmente por: Linux New Media do Brasil Editora Ltda. patentes, deixam de ser “intocáveis”. Qualquer software, seja livre ou Av. Fagundes Filho, 134 não, que desejar aprimorar ou simplesmente utilizar o algoritmo terá Conj. 53 – Saúde 04304-000 – São Paulo – SP – Brasil essa permissão. O mercado inteiro lucra. n Tel.: +55 (0)11 4082 1300 – Fax: +55 (0)11 4082 1302 Direitos Autorais e Marcas Registradas © 2004 - 2009: Linux New Media do Brasil Editora Ltda. Impressão e Acabamento: Parma Distribuída em todo o país pela Dinap S.A., Distribuidora Nacional de Publicações, São Paulo. Atendimento Assinante www.linuxnewmedia.com.br/atendimento São Paulo: +55 (0)11 3512 9460 Rio de Janeiro: +55 (0)21 3512 0888 Belo Horizonte: +55 (0)31 3516 1280 ISSN 1806-9428 Impresso no Brasil Pablo Hess . Editor Linux Magazine #58 | Setembro de 2009 3
  • 5. Emails para o editor Permissão u c.h CARTAS .s x de Escrita ww –w ro ne gje nja sa Linux ou GNU/Linux ✉ Sou leitor assíduo das revistas Linux Magazine e Easy Linux há muitos anos, e percebo que vocês cometem o erro da maioria de não creditar o GNU ao se referir ao sistema como um todo (o GNU/Linux). Isso é mui- to importante, principalmente na Revista Easy Linux (voltada ao público iniciante), pois vocês ensinam mais GNU do que Linux. O Linux não seria nada hoje em dia se não existisse o GNU. Apelo inclusive para o artigo publicado na Linux Magazine 56, de Ale- xandre Oliva: “GNU e Linux, uma questão de renome” para deixar-lhes pensar melhor no assunto. Claro que eu não estou falando do título das revistas, que já são “marcas registradas”, mas sim do conteúdo dos artigos. Rafael Raposo. Nilópolis, RJ Resposta Rafael, de fato estamos tentando reduzir a falta de referências ao GNU. Concordamos, na maior parte, com as suas afirmações. No entanto, nossos artigos são escritos por autores que podem ter – e fre- quentemente têm – pontos de vista diferentes. Sempre que possível, buscamos fazer a referência correta ao GNU/Linux. Contudo, nomes de distribuição também costumam ser marcas registradas, assim como o título desta revista, e o próprio Richard Stallman não se opõe ao uso de “Ubuntu” ou “Slackware” sem “GNU/Linux” em seguida, já que se tratam de sistemas operacionais completos baseados no kernel Linux, nos Escreva para nós! ✉ aplicativos GNU e em diversos outros programas. n Sempre queremos sua opinião sobre a Linux Magazine e nossos artigos. Envie seus emails para Agenda e contatos ✉ cartas@linuxmagazine.com.br Sugiro uma matéria sobre alguma solução GPL similar à agenda e conta- e compartilhe suas dúvidas, tos compartilhados do Microsoft Outlook. opiniões, sugestões e críticas. Mauro de Souza Madela Infelizmente, devido ao volume de emails, não podemos Resposta garantir que seu email seja Mauro, muito obrigado por sua sugestão. Aos nossos contribuidores e leito- publicado, mas é certo que res, fica a sugestão de um assunto altamente importante. n ele será lido e analisado. 6
  • 6.
  • 7. Coluna do Charly Euforia lá no alto COLUNA Immenstadt, Alemanha, foi o local do 10º aniversário do LUG Camp dos grupos de usuários Linux a que Charly pertence. O 10º LUG Camp testemunhou a escalada dos fica lento porque os discos estão sendo acessados o tem- fiéis ao Linux montanha acima. Aproximada- po inteiro, mas não consigo identificar o processo que mente 120 fãs, incluindo vosso interlocutor, causa isso. O Iotop fornece exatamente essa informação. encontraram-se num albergue-escola em Gschwend, Esse programa em Python precisa do kernel 2.6.20 próximo a Immenstadt. Ninguém precisou ficar sem ou posterior, com as opções de configuração TASK_DE- água: a cachoeira do próprio albergue, alimentada pelo LAY_ACCT e TASK_IO_ACCOUNTING ativadas. Ao iniciar, a degelo das montanhas ainda mais altas, resfriou os barris primeira linha da saída exibe as taxas atuais de I/O, de cerveja e até serviu de chuveiro para os mais corajosos. tanto de leitura quanto de escrita. Sob elas fica a lista Embora o LUG Camp tradicionalmente se identifi- de atividade de entrada e saída por processo (figura 1). que como um encontro familiar geek com foco óbvio em diversão, isso não significa uma total falta de con- Contos teúdo: lá, qualquer um com o conhecimento necessário O comando iotop -o facilita a leitura da saída. Neste pode fazer um exame LPIC, além de haver algumas modo, observa-se somente os processos causadores da apresentações muito boas. Não por acaso, o ar rarefeito I/O no momento. Para estender o intervalo de atualiza- em Gschwend não preocupou os participantes nem um ção de 1 para 10 segundos, use a opção -d 10. O modo pouco após a competição de chili expandir seus pulmões de lote do Iotop é muito útil. O comando: para pelo menos o dobro de sua capacidade normal. iotop -o -b -d10 -n30 > io.txt Iotop O processamento de dados também é a área da ferra- faz o Iotop gravar o último status de I/O 30 vezes num menta que vou analisar hoje. O Iotop [1] resolve um arquivo chamado io.txt em intervalos de dez segundos. problema que me incomoda há muito tempo: o sistema Isso mostra como as taxas de dados se comportam ao longo de um período de cinco minutos. Conclusões Se as luzes do seu disco rígido ficam permanentemen- te acesas, o Iotop é indispensável. Para mim, o LUG Camp é igualmente indispensável – já me registrei para o evento do ano que vem. n Mais informações [1] Iotop: http://guichaz.free.fr/iotop/ Charly Kühnast é administrador de sistemas Unix no datacenter Moers, perto do famoso rio Reno, na Alemanha. Lá ele cuida principalmente dos firewalls. Figura 1 O Iotop lista a atividade de disco dos processos ativos. 10 http://www.linuxmagazine.com.br
  • 8. Coluna do Zack Crônicas do kernel COLUNA Este mês, temos conflitos (Xen), novidades (podcast) e intriga (Perl). Kernel depende do Perl para dentro do Linux, de alguma forma’”. Ele sugeriu que Jose Luis Perez Diez mostrou que o Perl 5 é necessário ao incluir o Xen seria menos importante que criar a estrutu- sistema de compilação do kernel Linux para criar a docu- ra adequada no Linux para suportar o Xen. Além disso, mentação, gráficos e até cabeçalhos e firmware; porém, afirmou que a implementação do Xen talvez seja errada, isso não estava documentado em lugar algum. Então, sugerindo “desligar” alguns recursos do sistema de virtua- ele postou um patch para o arquivo CHANGES listando a de- lização para obter uma implementação mínima, que por pendência do Perl juntamente com alguns módulos da sua vez seria arquitetada de forma correta e incluída no linguagem. Imagino que vários hackers do kernel ficarão kernel sem grandes problemas, para depois acrescentar irritadíssimos com o patch, pois debateram durante anos mais recursos ao longo do tempo. sobre a introdução de uma dependência do Perl – e sem- Parte do problema, segundo Ts’o, é que aceitar um pre decidiram contra essa dependência. É provável que projeto ruim no kernel poderia dificultar muito a tarefa um fork do engine do Perl venha a ser embutido no kernel. de consertá-lo no futuro. Então, uma decisão mal to- mada no início da inclusão do Xen poderia dificultar a Podcast do kernel! manutenção ou depuração de várias regiões do kernel Jon Masters criou o site kernelpodcast.org com um re- durante muito tempo. sumo semi-diário dos eventos relacionados ao mundo O pessoal do Xen, muito frustrado, não ficou calado. do desenvolvimento do kernel sob a forma de podcasts George Dunlap afirmou que uma reimplementação tão e transcrições de áudio. Desejamos a ele muito boa fundamental, juntamente com a desativação de vários sorte – parece um ótimo projeto! recursos, significaria basicamente iniciar um projeto totalmente novo – e bem diferente do Xen. Status do Xen Foi então que Linus Torvalds entrou no debate di- A incorporação dos patches do sistema de virtualização zendo: “Vocês estão olhando o problema errado. Se o Xen ao kernel oficial atraiu muita atenção. Recentemen- Xen fosse apenas um driver, não teríamos essa discussão. te, Ingo Molnar sugeriu que isso seria uma boa ideia Mas, da forma atual, o Xen emporcalha O CÓDIGO e, sem surpresa alguma, vários desenvolvedores mani- DE OUTRAS PESSOAS. Se essas pessoas não têm festaram interesse e começaram a discutir sobre quais interesse no Xen, qual a surpresa no fato de as pessoas elementos do Xen deveriam ser incluídos ou excluídos não estarem entusiasmadas?”. E depois acrescentou, de um conjunto inicial de patches. Ted Ts’o também em outro tópico da discussão: “O Xen polui o código aprovou a ideia e Steven Rostedt comparou a situação de arquitetura de uma forma que NENHUM OUTRO toda aos desenvolvedores do Xen pedirem uma maçã subsistema polui. E eu NUNCA vi os desenvolvedores e ganharem uma torta de maçã no lugar. do Xen assumirem isso para consertar o problema”. n Alan Cox, entretanto, se mostrou contrário à inclusão. Ele afirmou que é preciso “começar mudando a mentali- A lista de discussão Linux-kernel é o núcleo das atividades de dade. Neste momento, grande parte do código parece ser desenvolvimento do kernel. Zack Brown consegue se perder nesse oceano de mensagens e extrair significado! Sua newsletter ‘Tomamos uma decisão há vários anos quando criamos o Kernel Traffic esteve em atividade de 1999 a 2005. Xen. Agora precisamos forçar esse código que escrevemos 12 http://www.linuxmagazine.com.br
  • 9. Coluna do Augusto Previsões e COLUNA imprevistos O Código Aberto não dominou o cenário dos netbooks como se previa, mas se encaminha para uma grande presença na área dos sistemas embarcados. H ouve um momento, ao longo do ano passado, presença se ler com atenção o manual e descobrir que em que muitos analistas se arriscaram a prever ele vem acompanhado de uma cópia da GPL, e isto um futuro em que o Linux e o Código Aberto levá-lo a investigar a razão. Porém, se ele quiser tentar seriam predominantes no cenário dos netbooks, uma interagir com o kernel das formas como está acostu- novidade à época. Alguns meses se passaram e a reali- mado – por exemplo, abrindo um terminal, rodando dade não foi bem assim: o Linux está presente em uma um aplicativo ou conectando-se via SSH –, descobrirá fatia deste nicho, mas esta fatia é bem menor do que se que não há acesso. antecipava de forma otimista. Adoções mais assumidas do Linux, como ocorre no Curiosamente, entretanto, outra fatia parece crescer Palm Pre ou nos aparelhos baseados no Android, têm mais, tanto de forma absoluta quanto potencial: é a do graus variados de abertura, permitindo que o usuário Linux nos dispositivos móveis e de pequeno porte, em tecnicamente inclinado desenvolva programas, acesse categorias como a dos celulares, smartphones, games, diretamente alguns recursos e, dependendo do caso, set-top boxes, televisores e outros appliances domésticos. até mesmo chegando a contar com um shell de root. E isto me leva a uma reflexão com mais perguntas do Uma categoria à parte é a dos aparelhos que não vêm que respostas definitivas, conforme detalharei a seguir. com Linux, mas permitem com (razoável) facilidade a instalação pelo usuário, como ocorre em aparelhos como o Dingoo ou a versão inicial do Playstation 3, cujo Em muitos casos menu inclui oficialmente a opção que permite instalar e a própria presença executar o Linux. E, fechando a fila, temos os aparelhos da Nokia (como o recém-anunciado N900) que vêm do Linux não é com o Maemo, que de todos é o que mais se aproxima visível, ou ao menos de uma distribuição Linux tradicional, incluindo com não é evidente possibilidade de maior acesso do usuário ao sistema. Vitória do Código Aberto ou não? Já vi pessoas duvi- para o usuário. darem, baseadas em questionamentos sobre a consciên- cia do usuário de que está rodando o Linux, ou mesmo sobre o nível de acesso e de abertura que ele tem ao Ocorre que a presença do Linux em vários destes lidar com o aparelho. Minha opinião, entretanto, é que aparelhinhos tem características bem diferentes daque- a presença do Linux nestes aparelhos está plenamente las com que muitos de nós estamos acostumados nos de acordo com os objetivos de seus desenvolvedores. servidores, desktops, notebooks e mesmo nos netbooks. Mas claro que a situação é bem melhor em casos como Para começar, em muitos casos a própria presença do o do Maemo e outros em que o usuário tem acesso Linux não é visível, ou ao menos não é evidente para mais amplo por opção de seus desenvolvedores. ;-) n o usuário. Ele está lá para discretamente dar suporte à Augusto César Campos é administrador de TI e desde 1996 mantém o aplicação do aparelho, como no caso de algumas TVs site BR-linux.org, que cobre a cena do Software Livre no Brasil e no mundo. Sony Bravia, em que o usuário atento só percebe sua 14 http://www.linuxmagazine.com.br
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  • 11. ➧ Linux Foundation: quem escreve o Linux? NOTÍCIAS Greg Kroah-Hartman, Jonathan Corbet Canonical criticada e Amanda McPherson publicaram em Uma surpresa para muitos foi a ausência de menções à Canonical, agosto o relatório estatístico periódico de patrocinadora do Ubuntu. Sam Varghese, da iTWire.com, publicou desenvolvedores do kernel Linux. o artigo “Canonical, cadê você?”, afirmando: “Red Hat, IBM, Novell O PDF, intitulado “Linux Kernel Deve- e Intel são mencionadas no estudo da Linux Foundation, mas não há lopment”, mostra com números e gráficos menção à tão popular distribuição GNU/Linux”. como tem ocorrido o desenvolvimento do Críticas semelhantes já foram feitas pelo desenvolvedor do kernel Linux. Publicado pela primeira vez em e autor das estatísticas Greg Kroah-Hartman, da Novell. Em setembro 2008, o documento fornece uma visão do ano passado, Kroah-Hartman usou seu keynote na Linux Plumbers sobre o processo nos últimos quatro anos, Conference para atacar a Canonical com relação à sua contribuição entre as versões 2.6.11 e 2.6.30. para o desenvolvimento do kernel. Com relação ao número de desenvolvedo- Novamente, as réplicas às críticas vieram rápido – um comentário res, não há dúvidas sobre o crescimento nessa na notícia de Varghese mostra que o GNU/Linux não consiste apenas área: 389 pessoas se envolveram no kernel no kernel, e a Canonical faz um importante trabalho de marketing 2.6.11, comparadas a 1.150 na versão 2.6.30. muito positivo para o GNU/Linux. n ➧ Lançado o Slackware 13 ➧ RHEL 5.4 lançado com suporte ao KVM Foi anunciada durante o Red Hat Summit em Chicago, no início deste mês, Patrick Volkerding, ditador be- a atualização da versão 5 do Red Hat Enterprise Linux. O RHEL 5.4 tem seu nevolente da distribuição GNU/ maior foco nas áreas de virtualização e computação em nuvem. Ele deve Linux Slackware, lançou no tornar-se a base do produto Red Hat Enterprise Virtualization, cujo lança- dia 27 de agosto a versão 13.0 mento está planejado para este ano. de seu sistema operacional. No Segundo o anúncio da empresa, com esta versão, a Red Hat se torna a pri- anúncio, Patrick afirma que meira a oferecer suporte à tecnologia de virtualização VT-d da Intel e também este foi “um dos períodos de à SR-IOV da PCI-SIG. Apesar da preferência pelo sistema de virtualização desenvolvimento mais inten- KVM – conforme amplamente divulgado pela Red Hat nos últimos meses – , sos na história do Slackware”. a companhia garante aos clientes usuários do Xen que estes podem continuar As alterações em relação à usando-o ao longo do ciclo de vida do RHEL 5. n versão anterior, 12.2, são muitas, abrangendo desde o servidor gráfico Xorg até o formato dos ➧ Google Chrome de 64 bits para Linux pacotes (.txz, compactados com Apesar de o navegador Chrome, do Google, ainda não ter uma versão ofi- o algoritmo LZMA, superior em cial e estável para sistemas GNU/Linux, já começaram os trabalhos numa poder ao gzip), passando pelos versão de 64 bits. ambientes gráficos KDE 4 (na O desenvolvedor Dean McNamee escreveu para a lista de desenvolvedo- versão 4.2.4) e Xfce 4.6 e pelos res que já tem uma versão de 64 bits funcionando há algumas semanas “após inúmeros componentes mais algumas alterações no Chromium”. As instruções de compilação já foram básicos do sistema. incluídas no site do projeto. Patrick relembrou também O mais surpreendente é o fato de que os usuários de sistemas Windows não que esta é a primeira versão do contarão tão cedo com a versão de 64 bits. O desenvolvedor Mads Sig Ager Slackware com suporte nativo à afirmou, na mesma lista de desenvlvimento, que “estamos nos concentrando arquitetura de 64 bits x86-64. n em fazer a versão do V8 em 64 bits funcionar primeiro em Linux e Mac”. n 22 http://www.linuxmagazine.com.br
  • 12. ➧ EUA bane CORPORATE patentes de software A Secretaria de Patentes dos Estados Unidos presas e pessoas também deixam de existir provisoriamente. (USPTO, na sigla em inglês) publicou no A USPTO afirmou ainda que adotará, a partir de agora, as início deste mês uma nova determinação normas empregadas pela União Européia para a concessão regulando a concessão de patentes. Segun- de patentes. do as novas regras – temporárias, de acordo O motivo para a nova determinação foi a decisão do Tribu- com o órgão –, programas de computador nal Federal de Apelações (Court of Appeals for the Federal Cir- não poderão mais ser protegidos por esse tipo cuit), que negou ao inventor Bernard Bilski a concessão de uma de expediente, a menos que haja uma tran- patente sobre determinado modelo de negócios. Bilski e Rand formação efetiva de estado ou a produção de Warsaw foram então até a Suprema Corte, que está reunindo algo palpável a partir de um objeto inicial. argumentos de proponentes e opositores da decisão para definir Além das patentes de software, as de as novas regras a esse respeito. organismos naturais, textos de contrato, As patentes de software permanecerão banidas até que a de- regras de jogos, modelos de negócios, em- cisão da Suprema Corte seja promulgada. n ➧ Patentes e ➧ Gartner recomenda suporte no Ubuntu Código Aberto para ECM A loja da Canonical agora oferece três pacotes de O Gartner forneceu no final de agosto uma pequena lista suporte para a versão desktop do Ubuntu. O pa- de medidas para evitar problemas com aplicações de geren- cote básico, Starter Support, que oferece amplo ciamento de conteúdo corporativo (ECM, ou Enterprise suporte para a instalação por telefone e email, Content Management). custa aproximadamente US$ 55,00 para um ano. Quando organizações tomam decisões sobre ECM, mui- O Advanced Support contém os mesmos serviços, tas se decepcionam com a quantidade de concessões que mas cobre mais que dificuldades de instalação por precisam fazer, segundo o estudo do Gartnet. Por exemplo, US$ 115,00 por ano. O pacote Professional custa sistemas ECM são caros, mas poucos funcionários têm aces- quase US$ 220,00 e traz suporte para instalação so a eles. Em outros casos, projetos de adoção de sistemas e aplicativos, além de cobrir a virtualização e a ECM fracassaram por não considerarem as mudanças que integração com redes Windows. Para pacotes de exigiam sobre o estilo de trabalho da empresa. O Gartner três anos, há também pequenos descontos sugere que é preciso usar a “abordagem correta” e oferece Além disso, a Canonical apresentou uma nova uma lista com seis sugestões táticas. O terceiro item da lista política de patentes para ajudar os desenvolve- sugere incluir um provedor de conteúdo e ofertas de código dores e detentores de direitos a aberto na estratégia. lidar com questões de patente O motivo para o Código Aberto é que ele já amadureceu e de software. seu mercado se estabilizou. As organizações de código aberto O lucro da loja do competem com os tradicionais líderes do mercado de ECM Ubuntu poderia ajudar pelos contratos de governos e educação superior. Também a Canonical com ques- ques são muito úteis os provedores de serviços de conteúdo que tões de patentes. Sua aprimoram as ofertas de software com consultoria, imple- nova política de pa- mentação e suporte. Juntamente com esses pontos, o Gartner tentes foi projetada sugere perguntar desde o início como as regras e metadados para evitar ao máxi- de políticas podem ajudar a eliminar a duplicação e a prolife- mo tais problemas. n ração de documentos, assim como facilitar sua obtenção. n Canonical 24 http://www.linuxmagazine.com.br
  • 13. Notícias | CORPORATE ➧ Acordo sobre patentes ➧ IDC: Mercado Linux na com a Microsoft casa dos bilhões A empresa finlandesa Tuxera, res- A empresa de pesquisas de mercado IDC anunciou em agosto a ponsável pelo driver de código aberto previsão de que o Linux continuará crescendo firmemente nos NTFS-3G que permite ao kernel Linux próximos cinco anos, alcançando os bilhões de dólares em 2012. realizar operações em sistemas de ar- Num estudo intitulado “Worldwide Linux Operating Envi- quivos NTFS, formalizou um acordo ronment 2009-2013 Forecast: Can Linux Prove Resilience in de patentes com a Microsoft sobre os an Economic Slimp”, a IDC pesquisou o desenvolvimento de drivers exFAT. mercado do sistema operacional livre sob as atuais pressões. Al Além do Linux, o NTFS também Gillen, vice-presidente do programa de estudo, descreveu a situ- é utilizado por sistemas como Free- ação da seguinte forma: “O Linux Comercial mostrou seu ama- BSD, OpenSolaris e outros. O líder e durecimento durante a crise econômica de 2001-2002, e agora desenvolvedor chefe do projeto NTFS, o sapato está no outro pé, conforme o ecossistema do Linux se Szabolcs Szakacsits, fundou a Tuxera esforça para se adaptar às novas condições do mercado”. Ele vê em 2008 com o objetivo de oferecer um futuro brilhante para o Linux no futuro: “...a boa notícia é drivers para exFAT e NTFS em inte- que é quase garantido que o Linux fará uma transição de sucesso roperabilidade com sistemas Windows. ao longo desses tempos difíceis”. Outras empresas de código aberto fi- O pesquisador sustenta seu otimismo com algumas estatísticas: caram duvidosas quanto a seus acordos enquanto boa parte da indústria estagnou ou até diminuiu em com a Microsoft com relação a patentes 2008, as receitas com Linux cresceram 23,4%, chegando a US$ do FAT. A fabricante de softwares de 267 milhões. Red Hat e Novell venderam o maior número de sis- navegação TomTom enfrentou recente- temas para servidores, e o analista vê a continuação mente problemas de legalidade de pa- desse crescimento. tentes com a Microsoft, a OIN (Open Com relação aos sistemas Li- Invention Network) está reunindo provas nux gratuitos, Gillen diz que “o contra Redmond, e os desenvolvedores papel do Linux gratuito continua de produtos baseados em Linux estão significativo em termos tanto de rapidamente retirando os códigos do volume de unidades quanto de FAT de seus produtos. n cultivo de uma maior base de usuários. Esta porção do mercado de sistemas operacionais Linux para servidores continua se expandindo”. n ➧ Novell tem lucro com Linux Aparentemente, apertar o cinto mestre acaba de terminar, foi de 17 milhões de dólares. A receita geral da em- fez bem à Novell. Após demitir presa neste trimestre (US$ 216 milhões) foi menor que a do mesmo trimestre diversos funcionários de sua di- de 2008 (US$ 245 milhões). O lucro festejado foi possível graças aos US$ 160 visão de Linux há poucos me- milhões provenientes de “subscrições” e manutenção. Por um lado, licenças ses, a fabricante do Suse Linux de software e serviços (como suporte técnico e treinamentos) contribuíram Enterprise divulgou esta semana com apenas US$ 27 milhões (em 2008) e US$ 25 milhões (em 2009). Por outro seu relatório financeiro trimes- lado, a Novell lucrou US$ 30 milhões com produtos Linux, 22% a mais que no tral, demonstrando que a divisão terceiro trimestre de 2008. faturou 38 milhões de dólares Apenas um ano atrás, os proprietários do Suse Linux Enterprise amargaram no último trimestre. um prejuízo de US$ 15 milhões. Foi este o motivo para o corte geral de gastos O lucro da empresa no ano na Novell. Várias vagas foram cortadas, assim como o evento anual Brainshare fiscal de 2009, cujo terceiro tri- de 2009. n Linux Magazine #58 | Setembro de 2009 25
  • 14. Entrevista com Michael Tiemann, Vice-Presidente da Red Hat para Assuntos de Código Aberto A Red Hat e o mercado CORPORATE Em conversa exclusiva com a Linux Magazine, o executivo da Red Hat explica a relação da empresa com a comunidade Fedora, o CentOS, o Ubuntu e todo o mercado. por Luciano Siqueira, Rafael Peregrino da Silva e Pablo Hess M ichael Tiemann é um dos dade, um plano de negócios disfar- ços a pequenas empresas que não primeiros empreendedo- çado”. Nota-se rapidamente a visão possam ou não precisem pagar por res de sucesso do mercado privilegiada que o agora executivo, soluções mais sofisticadas? de Software Livre. A Cygnus Solu- ex-desenvolvedor, tem dos negócios MichaelÊ TiemannÈ Uma das melhores tions, fundada por ele em 1989, foi com base em Software Livre. formas de entender o processo de possivelmente a primeira empresa Na aquisição da Cygnus pela Red adoção pelo mercado é ler o livro em todo o planeta a se especializar Hat em 1999 (a terceira da empre- de Geoffrey Moore, “Crossing the no suporte comercial ao Software sa), Michael tornou-se CTO (Chief Chasm”. Ele explica que existem Livre. “Em 1987, eu percebi que os Technology Officer) da companhia, vários tipos de subgrupos distintos softwares GNU eram alguns dos me- e cinco anos depois foi alçado à po- em qualquer mercado: os inovado- lhores disponíveis”, afirma Tiemann sição de vice-presidente de assuntos res (que trabalham com as últimas em sua página pessoal, “e também de Código Aberto. novidades), os pioneiros da adoção que o Manifesto GNU era, na reali- Em sua passagem pelo Brasil (primeiros a adotar as tecnologias durante o 10º FISL, que devem tornar-se populares), os Montagem sobre foto de James Duncan Davidson/O'Reilly Media Michael conversou populares, os atrasados na adoção com a Linux Magazi- (aqueles que se encontram entre ne sobre a Red Hat, o os últimos a adotar tecnologias po- Fedora, o Ubuntu, o pulares por escolha própria) e os CentOS – em suma, proteladores (que jamais adotarão sobre sua atual visão a tecnologia, a menos que seja a sobre o mercado do única opção). Software Livre. O livro de Moore foi escrito como um alerta às novas empresas que já LinuxÊ MagazineÈ É co- tiveram sucesso nos grupos dos ino- mum a percepção de vadores e dos pioneiros da adoção, que a Red Hat tem mas cujos negócios são prejudicados uma forte presença quando sua tecnologia não cai no em grandes e médias gosto popular. Porém, ele também empresas. Existe al- ajuda a responder essa pergunta: os guma estratégia da inovadores e pioneiros da adoção têm empresa, envolvendo mais curiosidade que dinheiro, e nor- o Fedora ou o Red malmente têm muito mais interesse Michael Tiemann, Vice-Presidente da Red Hat para Hat Enterprise Linux, em descobrir se algo realmente fun- Assuntos de Código Aberto da Red Hat para fornecer servi- ciona, em vez de como funcionaria 26 http://www.linuxmagazine.com.br
  • 15. CORPORATE | Red Hat num contexto mais difundido, ou O ciclo de lançamentos mais O modelo de segurança do Linux seja, com um modelo definido de longo do RHEL (18 a 24 meses) protege os usuários mais ingênuos operação, serviços, atualizações etc. oferece uma base de prazo mais de si mesmos, evitando que com- A Red Hat acredita firmemente longo para amortizar o custo do prometam seus sistemas imediata e no modelo de desenvolvimento de treinamento Red Hat. A realidade constantemente. código aberto, principalmente na é que o Fedora é voltado para os Abrir uma janela de terminal e ideia de que a inovação promovida inovadores e pioneiros da adoção digitar yum install blender não é pelos usuários é a fonte mais podero- que desejam resolver problemas difícil a ponto de levar o usuário a sa, escalável e confiável de inovação. que ninguém jamais resolveu. É dizer: “jamais vou tentar aprender Porém, conforme a adoção de difícil criar um programa de trei- a usar o Blender porque o processo tecnologia alterna as necessidades namento para isso. de instalação é muito complicado”. dos inovadores e pioneiros da ado- O treinamento em RHEL per- Quando descobri o projeto Miro ção para as necessidades populares, mite ao público popular aplicar as no FISL, entrei no meu sistema diversas empresas perdem interesse melhores práticas ao longo de vários Fedora e digitei yum install Miro e em se especializar na forma de ge- casos de uso, e essas práticas levam instalei o software. O que poderia renciar o conteúdo de software que tempo para desenvolver. ser mais fácil? direciona a empresa. Elas desejam Então, no caso do Fedora, o me- uma fonte confiável capaz de acom- lhor treinamento é “Faça! Se não LMÈ Poderia existir alguma colabo- panhar as plataformas de hardware funcionar, que seja rápido para que ração entre o Fedora e o CentOS? mais recentes, aplicativos de ISVs, o sucesso venha mais rápido!”. E quanto a unificar os sistemas de ameaças de segurança e, em alguns gerenciamento de bugs com ou- casos, certificações de segurança. LMÈ Fato: o Ubuntu está se tornando tras distribuições GNU/Linux para As duas abordagens (Red Hat a distribuição GNU/Linux padrão evitar resolver o mesmo problema Enterprise Linux e Fedora) podem para desktops, e o Fedora também várias vezes? conviver, como mostra o fato de que tem o objetivo de alcançar os usuá- MTÈ Eu costumava falar muito sobre o Fedora cresceu mais de 100% (me- rios não técnicos. Com relação ao isso, mas fui informado por várias dido pelo número de visitantes únicos projeto, o que diferencia o Ubuntu pessoas que mesmo que conseguís- por mês) e também pelo fato de que do Fedora? semos unificar os sistemas de rastre- a receita da Red Hat cresceu duran- MTÈ Nem o Ubuntu nem o Fedora amento de bugs num único banco te a crise, em vez de diminuir como estão sozinhos: ambos dependem de dados, o verdadeiro problema muitas outras empresas de software. de outros projetos. O Fedora é a res- seria fazer o mantenedor certo to- posta à pergunta: “como a Red Hat mar a ação certa com relação a sua LMÈ As certificações profissionais da integra e testa todos os milhares de distribuição. Se ele tiver o relacio- Red Hat são bastante respeitadas projetos, e como ela contribui para namento correto com os projetos pela comunidade e pelo mercado. a inovação neles?”. originais (o que creio que o Fedora Existem planos de algo semelhante O Ubuntu fez um ótimo traba- faz), os bugs não se multiplicarão para o Fedora? lho de trazer novos usuários para o desnecessariamente. Se um man- MTÈ O melhor treinamento que Linux, mas acho que o Fedora pode tenedor de distribuição não puder podemos oferecer à comunidade enriquecer a base de desenvolvedo- gastar seu tempo relatando um bug Fedora é o de como ser um contri- res no Linux e no Código Aberto. para o projeto original, talvez ele buidor. Nesse sentido, a Red Hat tem não seja a pessoa mais adequada trabalhado no desenvolvimento de LMÈ A instalação de pacotes ainda é para essa função. n algumas “receitas” para comunida- a tarefa mais complicada para no- des, além de realizar eventos como vos usuários que adotam o GNU/ FUDcons, FADs e outros. Porém, a Linux. O Fedora tem alguma es- ideia de oferecer treinamento para tratégia para facilitar essa etapa? Gostou do artigo? que as pessoas usem o Fedora em MTÈ Acho que existe um limite de Queremos ouvir sua opinião. contexto corporativo não faz sen- complexidade que é aceitável no Fale conosco em tido: assim que terminássemos de mundo real. Quantos usuários no cartas@linuxmagazine.com.br atualizar o treinamento para uma Windows podem baixar um vírus ou Este artigo no nosso site: dada versão, a seguinte já a torna- outro software malicioso com um ou http://lnm.com.br/article/3020 ria obsoleta. dois cliques sem jamais perceber? 28 http://www.linuxmagazine.com.br
  • 16. Coluna do Taurion CORPORATE O Chrome OS O recém-anunciado Chrome OS, do Google, vem reforçar o contraste entre a nova economia do grátis e o modelo tradicional de venda de licenças para PCs. H á algumas semanas, o Google anunciou um O Chrome OS será inicialmente centrado nos net- novo sistema operacional para PCs e netbooks, books, um mercado que cresce a cada dia. Os netbooks, de código aberto, baseado no kernel Linux, que são máquinas voltadas a operar em nuvens com- chamado de Chrome OS. putacionais, na minha opinião estão um pouco fora do Distribuído gratuitamente, o Chrome OS se insere alvo da Microsoft. A maior base instalada de netbooks no contexto da economia do grátis, proposto por Chris roda Linux, e a versão Windows disponível é um subset Anderson em seu último livro, intitulado “Free”. A tese do XP, uma vez que o Vista é muito grande para caber de Anderson é muito interessante: dado que os cus- nestas máquinas. E o Windows XP é vendido para es- tos de armazenamento e transmissão de informações ses computadores a preços menores que os comercia- tornam-se desprezíveis, veremos nos próximos anos o lizados nos PCs. O mesmo fenômeno ocorrerá com o crescimento da economia das coisas sem custo direto, Windows 7 e sua versão simplificada para netbooks. O como o Google (onde o Chrome OS se insere), a Wi- resultado é que o crescimento do mercado de netbooks kipédia e os softwares de código aberto. Um exemplo canibaliza a receita do Windows. deste barateamento é o preço dos transistores, que em Nos próximos anos assistiremos a uma batalha inte- 1960 custavam cerca de 100 dólares e hoje custam zero ressante pelo mercado de PCs e netbooks, quando dois ou 0,000015 centavos de dólar. O valor de mercado do modelos de negócio diferentes estarão em choque: o Google, ícone desta economia, é de vinte bilhões de modelo tradicional, como o da Microsoft, e o modelo do dólares, superior à soma de todas as montadoras e as grátis, baseado em nuvem, como proposto pelo Google. empresas aéreas dos EUA! A rede de valor do Google é baseada na economia do O Chrome OS ajudará a gerar mais tráfego na Inter- grátis, na qual o software é um meio para vender mais net, o que aumentará as chances de o Google vender anúncios. Os exemplos estão se encaixando: o Chrome mais anúncios, que é a sua fonte de receitas. O Chrome OS, o navegador Chrome, o Google Gears, Google Apps OS colide diretamente com o modelo estabelecido da e o Google App Engine. Esta rede de valor é diferente indústria de sistemas operacionais para PCs, dominado do modelo da Microsoft, que obtém sua receita exata- hoje pela Microsoft com o Windows. mente da venda de licenças de seus softwares. A arquitetura do Chrome OS é orientada ao modelo Um ponto chave para o sucesso do Google será a acei- de computação em nuvem. Porém, na verdade, com tação do modelo de computação em nuvem. Na minha base nas poucas informações disponíveis, parece-me opinião, esse modelo computacional vai se consolidar que se trata do navegador Chrome rodando sobre um nos próximos anos e muitas das atuais limitações e res- sistema de janelas em cima de um kernel Linux; ou trições serão minimizadas ou até mesmo eliminadas. seja, o Chrome OS é uma plataforma para o navegador Vale uma aposta? n Chrome e suas aplicações. O Google afirmou que seu código será aberto, e eu acredito que será baseado na Cezar Taurion (ctaurion@br.ibm.com) é gerente de novas tecnologias licença GPLv2. Usando o kernel Linux, o Chrome OS aplicadas da IBM Brasil e editor do primeiro blog da América Latina do Portal de Tecnologia da IBM developerWorks. Seu blog está disponível aproveita todo o desenvolvimento já feito em drivers e em http://www-03.ibm.com/developerworks/blogs/page/ctaurion. a sua imensa comunidade de desenvolvedores. 32 http://www.linuxmagazine.com.br
  • 17. Apareça na Web Seu site contra a Internet CAPA Se a concorrência pela atenção dos visitantes na Internet é grande, aprimore seus conhecimentos e seu site para atraí-los. por Pablo Hess A Internet é uma selva. Mi- que nos lembramos de que, embo- Em seguida, explicaremos como lhões ou até bilhões de pes- ra o Google seja o ás da busca, são utilizar as eficazes ferramentas online soas competindo por fama, muitos os sites que concorrem pelas disponibilizadas gratuitamente pelo dinheiro fácil, sucesso e reconheci- melhores posições em seu índice. fenômeno da Internet para tornar seu mento. Não à toa, o Google, peça Felizmente para os alfabetizados, o site mais visível e desejável para os que se tornou fundamental para próprio Google oferece uma grande visitantes que você deseja. Não há encontrarmos algo na Web, é um ajuda na hora de nos candidatarmos forma mais rápida de atrair cliques. fenômeno de rentabilidade. ao posto de primeiro colocado das E quando os visitantes chegarem, Com uma infraestrutura compos- buscas. Esta edição da Linux Ma- é bom seu servidor estar preparado. ta por diversos data centers, cada um gazine aborda justamente as formas Veja como ajustar o poderoso Apa- com vários milhares de servidores, o de aproveitar essa “mãozinha”, jun- che para fazer frente à enxurrada de gigante da Internet emprega seus am- tamente com os poderes do Código cliques e ao novo volume de tráfego. plos tentáculos para servir aos clientes Aberto, para lançar seu site – ou o Por último, se você procura um diversos outros serviços além das bus- da sua loja online, do seu grupo de sistema único para montar seu por- cas, sempre com o intuito de exibir usuários, da sua família – em uma tal e também a intranet da empresa, mais e mais anúncios direcionados. nova onda de visitação e, com sor- conheça o CMS colaborativo Life- Independentemente do ques- te, lucro! ray e construa tudo com muito mais tionamento sobre a ética da ”bisbi- Começaremos mostrando como simplicidade e velocidade. lhotice” do Google, não há quem tirar proveito da infraestrutura des- Seja para realizar um novo pro- não deseje aproveitar as facilidades comunal do Google para criar suas jeto desenvolvido nas horas vagas oferecidas pela empresa para obter próprias aplicações web. Basta um ou para manter e aprimorar o site alguma receita. sistema GNU/Linux para montar sua da empresa, as dicas desta edição No entanto, o que à primeira vista aplicação, subi-la para as dezenas de são essenciais para você aproveitar parece fácil se mostra muitas vezes milhares de servidores da empresa e cada oportunidade oferecida na Web. uma tarefa hercúlea: ser visto. É aí começar a servir clientes. Faça bom proveito! n Índice das matérias de capa Powered by Google SEO, sim senhor Apache tunado Raio de vida na colaboração Linux Magazine #58 | Setembro de 2009 33
  • 18. Explore a última versão do grande Bourne-again shell Bash novo ANÁLISE Apesar da maturidade do Bash, seus desenvolvedores continuam aprimorando-o. A versão 4 do shell está cheia de novidades. por Bernhard Bablok e Nils Magnus yewkeo, 123RF A pesar da competição recente gostará de passar algum tempo com Vetores associativos por parte de poderosas alter­ o Bash 4 já. A crença popular reza que scripts nativas como o Zsh [1], o A tabelaÊ 1 mostra um resumo de Bash criam muitos processos, que Bourne-again shell (Bash) [2] ain­ alguns novos recursos importantes; acabam prejudicando o desempe­ da é o rei do pedaço no console para uma listagem completa, verifi­ nho. Mas muitos dos aplicativos do GNU/Linux. O Bash, que pode que o arquivo NEWS na documentação simples que costumavam ser usados ser usado de forma interativa, tam­ do Bash. Este artigo levanta algumas com o Bash, incluindo sed, grep, bém serve como uma linguagem de das mudanças mais importantes. basename e dirname, já não são mais script simples e prática. O Bash faz necessários; o Bash realiza essas parte do esqueleto de todo sistema Linha de comando tarefas tão rápido quanto qualquer GNU/Linux – mais um motivo para Usuários da linha de comando apre­ outra linguagem de script com fer­ investigar os benefícios de adotar a ciarão algumas extensões inconspí­ ramentas embutidas. Apesar desses nova versão 4, lançada em fevereiro cuas, mas muito úteis, incorporadas avanços, os programadores Bash de 2009. ao novo Bash. Por exemplo, a string continuam com olhares invejosos a ** é expandida para uma lista de Perl e Python, ambos com estruturas Por que não? arquivos e caminhos sob o diretório de dados mais versáteis. Em sistemas em produção, talvez atual, de forma semelhante ao co­ Em sua versão 4, o Bash final­ seja mais recomendável avaliar se mando externo find. Porém, os usuá­ mente acrescenta a seus vetores uni­ é realmente necessário atualizar o rios precisam ativar esse recurso por dimensionais os vetores associativos Bash para sua nova versão. Por um meio do comando shopt -s globstar. (semelhantes aos hashes em Perl e lado, as principais distribuições cer­ Os desenvolvedores agora ado­ dicionários em Python). Para muitos tamente difundirão a nova versão por taram uma técnica mais amigável programadores, essa mudança, por si meio de suas atualizações, então o para um dos maiores mistérios do só, já é motivo suficiente para ado­ novo Bash fatalmente vai chegar ao Bash: o redirecionamento da saída tar a nova versão, pois ela oferece seu sistema mais cedo ou mais tarde. de erro padrão. Em vez do mantra uma solução bem mais elegante a Programadores e usuários avançados, 2>&1 1>arquivo, agora os usuários po­ vários problemas. Por exemplo, os por outro lado, gostam de usufruir dem usar simplesmente &> >arquivo desenvolvedores podem usar textos os benefícios oferecidos por novas para redirecionar as saídas padrão e arbitrários como índices de vetores versões o mais rápido possível. de erro para um único arquivo. O associativos em vez de apenas intei­ Quem desejar já se familiarizar atalho |&, que redireciona o erro ros. A listagemÊ 1 mostra um exemplo. com o shell principal da maioria das padrão de um comando para um A listagemÊ 2 contém um script distribuições do futuro certamente pipe, é outra novidade útil. que ordena arquivos em diretórios 58 http://www.linuxmagazine.com.br
  • 19. Bash 4 | ANÁLISE Tabela 1: Principais mudanças Mudança Descrição Substrings A extensão para parâmetros de posição suporta o desvio zero PID O PID do shell atual está disponível na variável BASHPID autocd Suporta navegação rápida por meio do nome do diretório checkjobs Verifica e relata trabalhos (jobs) ativos ou parados na saída read Atribui entradas parciais a variáveis e mantém seus valores mesmo que o comando te- nha seu tempo expirado mapfile Facilita o processamento de arquivos command_not_found_handle O Bash 4 chama essa função caso não consiga encontrar um comando globstar Usa ** para realizar buscas recursivas ao longo de múltiplos diretórios Chaves A extensão cria uma lista de valores com zeros na frente Saída de erro padrão Em vez de 2>&1 1>arquivo, o Bash agora suporta &> >arquivo Saída de erro padrão Da mesma forma, |& substitui 2>&1 | case Agora o Bash 4 suporta ;;, ;& e ;;& para terminar um case. O primeiro processa incon- dicionalmente as instruções do próximo grupo; o segundo verifica mais uma vez e, se adequado, continua processando o próximo grupo. Expansão variável Os operadores ^ e , alteram para caixa alta ou baixa Conversão automática declare -u e declare -l convertem automaticamente para caixa alta ou baixa ao atri- buir valores Vetores associativos Os índices podem ser strings: $idade[“fulano”] coproc Cria processos assíncronos Seleção O comando read -t 0 -u fd verifica se o descritor de arquivo fd fornece dados Complete a sua coleção O objetivo da coleção é trazer conhecimento confiável e de alto nível sempre com enfoque prático e voltado para a utilização do sistema Linux e de outras tecnologias livres. Mais informações Site: www.linuxmagazine.com.br Linux Magazine #58 | Setembro de 2009 Tel: 11 4082-1300 59
  • 20. ANÁLISE | Bash 4 Listagem 1: Programação segundo suas propriedades – por balho sujo (linhaÊ 4 da listagemÊ 5). com vetores associativos exemplo, a data de criação. O script O comando mapfile usa o “apelido” possui dois problemas fundamen­ readarray, que descreve seu propósito 01 #!/bin/bash 02 tais: primeiro, ele não funciona de forma mais precisa. 03 declare -A name com diretórios que contenham O comando mapfile pode até fazer 04 espaços em branco, e segundo, ele mais que isso. Para mais detalhes, 05 nome[“Linus”]=”Torvalds” pode processar cada diretório mais help mapfile e man mapfile devem 06 nome[“Bill”]=”Gates” de uma vez. ajudar bastante. O comando pode 07 nome[“Steve”]=”Jobs” 08 nome[“Richard”]=”Stallman” As versões anteriores do Bash processar múltiplas linhas de uma 09 usavam técnicas diferentes para re­ única vez e processá­las uma a uma 10 # Mostrar todos os valores: solver esse problema. No Bash 3.2, com uso de uma função callback. 11 echo “Valores: ${nome[@]}” os programadores podem armaze­ Infelizmente, os desenvolvedores não 12 13 # Mostrar todas as chaves: nar os nomes de diretórios entre forneceram uma implementação es­ 14 echo “Chave: ${!nome[@]}” aspas num vetor. Um script poderia pecialmente elegante dessa função. 15 evitar o duplo processamento por O Bash 4 chama a função callback 16 # Acessar valores individuais meio de buscas no nome – ou por antes de processá­la, e não depois. 17 for v in “{!nome[@]}”; do meio de uma lenta busca linear no Essa técnica oferece ao script um 18 echo “$v ${name[$v]}” 19 done vetor. Nenhuma dessas técnicas é callback antes de o shell de fato ler particularmente elegante. algo, mas perde um callback após O Bash 4 lida com essa tarefa a última linha. Apesar dessa com­ Listagem 2: de forma bem mais simples (veja plicação, a função ainda é útil para Texto errado em listas a listagemÊ 3): o nome do diretó­ processar arquivos inteiros. rio serve como chave; o valor não 01 02 #!/bin/bash tem importância. Na linhaÊ 12, o Caixa alta e baixa loop itera por todas as chaves. A Se você já precisou implementar 03 dirs=”” 04 construção especial com alguns uma técnica robusta para processa­ 05 for f in “$@”; do & entre aspas duplas faz o mesmo mento de arquivos de configuração 06 d=`getDir “$f”` que em outros pontos do Bash: faz ou entrada de usuários, já conhece 07 mkdir -p “$d” com que o shell processe os valo­ o seguinte problema: o valor no ar­ 08 mv -f “$f” “$d” res como elementos individuais. quivo de configuração ou o resultado 09 dirs=”$dirs $d” 10 done Portanto, a solução funciona com da operação read pode ser SIM, sim, 11 diretórios que contenham espaços Sim, YES, true ou eViDentemEnte. 12 for d in $dirs; do em branco. Até o Bash 3.2, os autores de scripts 13 createIndex “$d” usavam o utilitário externo tr para 14 done Arquivos converter o valor para caixa alta A listagemÊ 4 contém um padrão de ou baixa. programação típico. O loop while O Bash 4 facilita isso. A instrução Listagem 3: nas linhasÊ 5Ê aÊ 8 processa as linhas declare -u Variável converte auto­ Vetores associativos de um arquivo uma após a outra e maticamente todas as atribuições da 01 #!/bin/bash guarda o resultado num vetor. Essa variável Variável para caixa alta. De 02 construção ocorre com frequência, forma análoga, declare -l converte 03 declare -A dirs mas infelizmente é imperfeita. Caso para caixa baixa. Essas ferramentas 04 a úlima linha não termine com um de conversão economizam chamadas 05 for f in “$@”; do 06 d=`getDir “$f”` caractere de nova linha, o loop não a programas externos e melhoram 07 mkdir -p “$d” armazenará a linha. O comando read o desempenho do script. Para con­ 08 mv -f “$f” “$d” embutido não fará a atribuição sem verter apenas uma vez, em vez de 09 dirs[$d]=1 a nova linha. globalmente, é possível usar a nova 10 done 11 A nova versão do Bash não ape­ extensão de parâmetro: 12 for d in “${!dirs[@]}”; do nas economiza teclas como tam­ 13 createIndex “$d” bém oferece uma implementação foo=SIM 14 done mais limpa. Em vez do loop while, echo ${foo^} uma única linha já faz todo o tra­ echo ${foo^^} 60 http://www.linuxmagazine.com.br
  • 21. Bash 4 | ANÁLISE Quadro 1: Entrevista com o desenvolvedor do Bash 4 Chet Ramey Chat Ramey é gerente do Grupo de Segurança e Engenharia de Redes da divisão de serviços de TI da Case Western Reserve University. Ele é o mantenedor do Bash desde 1990. A Linux Magazine fez algumas perguntas a ele com relação à última versão do Bash. A comunidade do Software Livre não via uma nova ver- O Bash 4 também acrescentou diversos novos recur- são do Bash há algum tempo. Alguns dizem que a ver- sos para usuários da linha de comando. Agora ele está são 3.2 era adequada para praticamente todas as tare- pronto para competir com shells especializadas nisso, fas necessárias. Então, por que algo novo? como o Zsh? Fico feliz que as pessoas tenham uma opinião tão boa Acho que sim. O Bash talvez não tenha tantas funcio- sobre o Bash 3.2. Eu não gosto de lançar novas ver- nalidades embutidas, mas acho que oferece ferramen- sões com muita frequência, pois o shell é muito bási- tas suficientes para torná-lo um ambiente interativo tão co para vários distribuidores, mas já estava na hora. O bom quanto o Zsh. Bash 4.0 oferece diversos recursos novos (normalmen- te eu não incluo grandes recursos novos em versões Há algumas discussões sobre estilos de programação de atualização), várias correções de falhas que não en- e uso de recursos em shell scripts. Enquanto alguns traram como patches no 3.2, e mais funcionalidades tradicionalistas exigem compatibilidade com o Bourne para os recursos já presentes. shell, outros usam inúmeros recursos do Bash. Qual o seu ponto de vista? E a compatibilidade com o Bash Quais os três avanços ou novos recursos que você 3.2? Você recomenda adotar o 4.0 imediatamente ou acha mais interessantes? deixá-lo em paralelo com o 3.2 por certo tempo? Vejamos. Essa é difícil, porque há várias que são boas. Acho que depende dos seus objetivos. É fato que 1. Vetores associativos; quando pedem “compatibilidade total com o Bourne 2. A correção para o último trecho incompatível com shell”, referem-se à versão do sh presente em suas Posix. O shell não exige mais os parênteses balan- máquinas. Há diferentes versões do Bourne shell: ceados ao processar substituições de comandos no v7, SVR2, SVR3, SVR4, SVR4.2... E fornecedores estilo $(...) (por exemplo, ao processar uma instru- distintos acrescentam diferentes conjuntos de recur- ção case dentro de uma substituição de comando). sos à mesma versão do Bourne shell. É difícil des- Estou empolgado com isso porque foi, certamente, cobrir exatamente o que se quer dizer com “Bourne a parte mais complicada para implementar. Não foi shell original”. fácil com um parser gerado pelo yacc. 3. As melhorias possíveis com o bind -x. Ao execu- Para quem se interessar em escrever scripts portáveis, tar um comando associado a uma sequência chave eu sugeriria seguir o padrão Posix. Ele pode ser consi- com bind -x, esse comando terá acesso ao buffer derado uma linha de base que todos os shells padrão do readline e à posição atual do cursor e poderá al- implementam. Muitos – senão todos – fornecedores in- terá-la. Uma função de shell poderia chamar um pro- cluem um shell que obedece ao Posix. E se o seu for- grama externo para rearranjar as palavras na linha de necedor não incluir um, o Bash é compatível com pra- comando, por exemplo, e fazer com que se refletis- ticamente todas as plataformas existentes. sem no buffer de edição. Acho que esse recurso ain- Com relação à retrocompatibilidade com o Bash 3.2, da não foi muito usado, mas há várias possibilidades. tentei mantê-la ao máximo. Em certos locais, achei que o comportamento do Bash 3.2 era errado e o corrigi, O Bash 4 acrescentou vários novos recursos para fa- sacrificando a retrocompatibilidade. Também existe a cilitar a programação. Você acha que ele já consegue noção do “nível de compatibilidade” do shell, que pre- competir com linguagens como Perl e Python? serva explicitamente certos comportamentos antigos Acho que Perl e Python são linguagens mais sofistica- quando ativado (veja as opções compat31 e compat32 das, pois têm muito mais funções embutidas. Shells do Bash). Creio que o nível de compatibilidade com o em geral são feitas para “grudar” programas externos Bash 3.2 é bem alto e não deveria afetar a portabilida- ou funções de shell, além de oferecerem um ambien- de dos scripts. te para facilitar essas tarefas. Porém, é possível escre- Acho que a compatibilidade é suficiente para os usuá- ver programas bastante complexos usando shell: veja rios atualizarem para o Bash 4.0 imediatamente e gra- o bash debugger, por exemplo. dativamente acostumarem-se com os novos recursos. Linux Magazine #58 | Setembro de 2009 61