2. Introdução
O Lobo Ibérico é um animal espectacular, maravilhoso, lindo, e tantas
outras coisas que podíamos ficar aqui horas e horas a escrever. Vamos
falar sobre o Lobo Ibérico, e como podemos ajudá-lo. A única coisa que
eu quero, e muitas outra pessoas também, é que o maior predador de
Portugal, deixe de existir, ou fique sem abrigo.! NÃO DEIXE OS
LOBOS SEM ABRIGO!
3. Distribuição
No início do século XX, a subespécie Canis lupus signatus ocupava praticamente toda a
Península Ibérica. Porém, tem-se vindo a registar uma redução quer da área de
distribuição, quer do efectivo populacional deste canídeo.
Em Portugal, o desaparecimento do lobo, particularmente na faixa litoral, tornou-se
evidente a partir de 1940. Com a diminuição drástica da área ocupada na década de
70, a situação da espécie agravou-se.
A população de lobos não se distribui de uma forma contínua em toda a sua área de
distribuição, bem pelo contrário, esta é fragmentada com muitas zonas onde os lobos
estão a desaparecer ou foram exterminados.
4. Morfologia
O lobo é um mamífero de grande porte, sendo actualmente o maior canídeo selvagem.
A espécie é caracterizada por uma cabeça volumosa, de aspecto maciço, com orelhas rígidas e
triangulares, relativamente curtas e pouco pontiagudas. Os olhos são frontalizados, obliquos em relação
ao focinho e cor de topázio.
O lobo ibérico é, de entre as subespécies de lobo, a que apresenta menores dimensões e peso ( altura ao garrote - 70 cm;
peso - 25 a 40Kg).
5. Caracteriza-se por possuir uma pelagem castanho amarelada no tronco. O focinho, ruivo com tons
intermédios entre o canela e o amarelo canela, apresenta uma região mais clara, em tons de branco
sujo, que parte obliquamente da garganta até ao ângulo externo do olho. O dorso é marcado por uma
lista negra, que se estende do pescoço à cauda.
6. Os membros são fortes e robustos, com uma coloração entre o castanho e o bege, internamente, e o
castanho e o ocre, externamente. Para além disso exibem, longitudinalmente, na região anterior, uma
lista negra muito bem definida, que é mais visível no Inverno. O restritivo específico signatus foi
atribuído com base nesta característica (do latim signatus - expressivo).
A pelagem de Inverno apresenta tons mais escuros que a pelagem de Verão.
7. Centro de Recuperação do Lobo Ibérico
O Centro de Recuperação do Lobo Ibérico (CRLI) foi criado em 1987 com o objectivo de
providenciar um ambiente, em cativeiro, adequado para lobos que não possam viver em liberdade.
O CRLI ocupa 17 hectares de terreno, num arborizado e isolado vale.
8. Este espaço caracteriza-se por uma boa cobertura vegetal e topografia
heterogénea, proporcionando aos lobos residentes bons abrigos e condições de refúgio.
Actualmente existem onze cercados no Centro, que ocupam uma área total de 4,49 hectares.
Os lobos podem ser observados em condições únicas, das torres de observação, situadas em pontos
estratégicos, com uma vasta vista para diferentes cercados.
Ao mesmo tempo que o CRLI providencia os melhores cuidados aos lobos, proporciona a realização de
estudos, sobretudo na área do comportamento social que, associados à investigação realizada na
Natureza pelo Grupo Lobo, servem de base para uma campanha de divulgação, que procura informar o
público sobre a verdadeira natureza do lobo.
O CRLI possui um programa de voluntariado acessível às pessoas maiores de 18 anos e interessadas na
conservação da vida selvagem. Este programa permite a participação nas actividades diárias, incluindo a
alimentação dos animais e a manutenção de toda a área do Centro.
As condições para integrar este programa estão disponíveis junto do responsável do CRLI.
9. Não deixe os lobos sem abrigo!!!
Em resultado do valor angariado na plataforma internacional de crowdfunding Indiegogo - iniciativa
Naturfunding, donativos directos feitos ao Grupo Lobo e actividades realizadas por pessoas
interessadas em apoiar a campanha, informamos que foram angariados, até à presente data, cerca
de 76 mil euros, representando 48,65% do valor total necessário para aquisição dos terrenos
onde se situa o CRLI.
O nosso enorme obrigado a todos os que nos continuam a apoiar.
11. Aprender a conservar
O GRUPO LOBO, associação não governamental*, independente e sem
fins lucrativos, foi fundado em 1985 para trabalhar a favor da conservação
do lobo e do seu ecossistema em Portugal. Conta com um vasto número
de associados e colaboradores, nacionais e estrangeiros.
A existência do Grupo Lobo resulta da necessidade de divulgar novos
factos sobre o lobo, predador que nos habituaram a ver como demoníaco.
Hoje em dia estes conceitos estão
completamente desactualizados mas, infelizmente, os novos conhecimentos
sobre este animal estão pouco divulgados junto da opinião pública.
12. O lobo é uma das espécies cuja área de distribuição mundial mais tem
sido reduzida. Esta situação tem motivado enormes esforços com a
finalidade de evitar a sua extinção, pois se não actuarmos de uma forma
concreta e positiva, perderemos mais uma espécie animal.
Foi tendo em atenção o que atrás foi escrito, que o Grupo Lobo iniciou
uma estratégia cujas áreas de actuação dizem respeito à Informação da
opinião pública, ao Apoio a estudos científicos e à Promoção de medidas
práticas e conservação.
13. O GRUPO LOBO colaborou na elaboração da Lei de Protecção ao Lobo
Ibérico, Lei n.º 90/88 de 13 de Agosto, que lhe confere o estatuto
de espécie estritamente protegida em Portugal, estando actualmente a
colaborar na revisão doDecreto-lei n.º 139/90, de 27 de Abril, que
regulamenta a sua aplicação. Adicionalmente tem colaborado nos
processos de elaboração e revisão dos Livros Vermelhos dos Vertebrados
de Portugal, cuja última revisão foi efectuada em 2005 e onde o lobo se
encontra classificado como EM PERIGO.
*O GL está inscrito desde 1993 com o nº 55/N no Registo Nacional
das Organizações Não Governamentais (ONGA) e Equiparadas,
estabelecido ao abrigo da Lei n.º 35/98, de 18 de Julho, a qual que
prevê o Estatuto de Mecenato Ambiental, aprovado pelo Decreto-Lei n.º
74/99, de 16 de Março, atribuindo relevância fiscal aos donativos em
dinheiro ou em espécie concedidos às ONGA e Equiparadas.
14.
15. Espécies e Subespécies
Existem três espécies de lobos : o lobo vermelho (Canis rufus), o lobo
da etiópia (Canis simensis) e o lobo cinzento (Canis lupus). Segundo
alguns autores, esta última espécie pode ser subdividida em cerca de 30
subespécies, entre as quais se encontra o lobo ibérico (Canis lupus
signatus).
16. Estatuto de Conservação
O lobo é protegido na maioria dos países europeus através da Convenção
de Berna e de directivas comunitárias para a conservação da fauna
silvestre. No entanto, há excepções em certas regiões autónomas de
Espanha, na Grécia e em alguns países de Leste, onde o lobo é
considerado uma espécie cinegética, ou seja, pode ser caçado após a
obtenção de uma licença.
17. Lobo Ibérico
Nome vulgar: Lobo Ibérico.
Nome Científico: Canis lupus signatus
Área de Distribuição: Península Ibérica.
Habitat: floresta, serras e planicies
Hábitos alimentares: A alimentação é muito variada, dependendo da
existência ou não de presas silvestrese dos diferentes tipos de pastoreio
de cada região.
18. As principais presas silvestres deste predador são o javali, o corço e o
veado, enquanto que as presas domésticas mais comuns são os ovinos, os
caprinos, os bovinos e os equinos. Pode também predar cães e alimentar-
se de cadáveres de outros animais (necrofagia).
Comprimento: entre 1,40 m e 1,80 m
Peso: machos entre 30 a 40 kg, e fêmeas entre 25 a 35 kg.
Período de gestação: cerca de 2 meses.
Número médio de crias: 3 a 8
Longevidade : Em cativeiro, há registos de exemplares que viveram até
aos 17 anos.
Estatuto de conservação: Em Perigo (Livro Vermelho dos Vertebrados
ICN, de 1990)
19. Causas de declínio: perseguição directa (p.ex. veneno) e o extermínio
das suas presas silvestres. O declínio é actualmente agravado pela
fragmentação e destruição do habitat e pelo aumento do número de cães
vadios/assilvestrados.
A subespécie de lobo que habita a Península Ibérica designa-se
cientificamente por Canis lupus signatus e foi descrita por Angel Cabrera
em 1907. Outrora distribuindo-se por toda a península, actualmente
encontra-se circunscrita às regiões do Centro-Norte e Norte.
20. Estima-se que na Península Ibérica, sobrevivam cerca de 2000 lobos,
dos quais 300 em território português. Durante o século XIX os lobos
eram numerosos em Portugal ocupando todo o território nacional.
Contudo, já em 1910 era notório o seu declínio e apesar do actual
estatuto de conservação do lobo, os estudos até agora realizados sugerem
que a população lupina em Portugal continua em regressão, encontrando-
se actualmente confinada à região fronteiriça dos distritos de Viana do
Castelo e de Braga, à província de Trás-os-Montes e parte dos distritos
de Aveiro, de Viseu e da Guarda. As causas do declínio do lobo são,
fundamentalmente, a perseguição directa e o extermínio das suas presas
selvagens - veado e corço. O declínio é actualmente agravado pela
fragmentação e destruição do habitat e pelo aumento do número de cães
assilvestrados.
21. A perseguição directa movida por pastores e caçadores - caça furtiva com
armas de fogo, remoção das crias das tocas, armadilhagem e
envenenamento - deve-se à crença generalizada que o lobo ataca o
homem e os animais domésticos. A escassez de presas naturais, provocada
pela excessiva pressão cinegética sobre os cervídeos e pela destruição do
habitat, leva a que, de facto, os lobos por vezes ataquem os animais
domésticos. No entanto, em áreas onde as presas naturais abundam, os
prejuízos provocados pelo lobo no gado são quase inexistentes. Ao mesmo
tempo, pensa-se que presentemente existam centenas de cães
abandonados a vaguear pelo país, que competem com o lobo na procura de
alimento, sendo provavelmente responsáveis por muitos dos ataques a
animais domésticos incorrectamente atribuídos ao lobo. Em relação ao
ataque a humanos, existe apenas uma informação comprovada que se
refere a um animal com raiva, doença que, felizmente, já há muitos anos
se encontra irradicada de Portugal.
22. O lobo só sobreviverá se lhe proporcionarmos refúgios adequados e
alimentação natural (corço, veado, e javali), e aceitarmos que cause
algumas baixas nos rebanhos, sendo os pastores indemnizados, sempre que
o ataque seja comprovadamente atribuído ao lobo. A reintrodução de
cervídeos - veado e corço - é fundamental para a sobrevivência dos
nossos últimos Lobos Ibéricos.
23. Conclusão
Eu sou uma amante de animais, mas existem sempre aqueles que
despertam mais curiosidade em mim, e o Lobo Ibérico é um deles. Ele
está a desaparecer, e nó não podemos deixar desaparecer o maior
predador de Portugal, nem (para mim) o mais bonito! Temos que fazer
os possíveis para os ajudar, e saber que há este Centro de Recuperação
do Lobo Ibérico, é uma benção. Temos de proteger os Lobos!!!
Maria Freitas