1) O documento discute o papel da resistência anaeróbica no futebol profissional atual.
2) A resistência anaeróbica do jogador de futebol é responsável por realizar durante o jogo acelerações explosivas, saltos, dribles com alto ritmo e outras ações que irão decidir o resultado da partida.
3) A velocidade e a força são qualidades fundamentais da resistência anaeróbica de um jogador e devem ser trabalhadas nos treinamentos para melhor desempenho.
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Monografia leando
1. UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA - URCAMP
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ARTES
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BAGÉ
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
O PAPEL DA RESISTÊNCIA ANAERÓBICA NO FUTEBOL
PROFISSIONAL ATUAL
Leandro Lopes de Azambuja
Bagé, outubro de 2007.
2. UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA - URCAMP
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ARTES.
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
END: RUA CORONEL AZAMBUJA, 53 – E.
FONE: (53) 32428244 – RAMAL -226
CEP 96400-710 – BAGÉ - RS
O PAPEL DA RESISTÊNCIA ANAERÓBICA NO FUTEBOL
PROFISSIONAL ATUAL
Monografia apresentada como pré-
requisito para conclusão da Prática de
Ensino II, sob a orientação do professor
Fábio Leivas.
Orientador: Fábio Leivas
Bagé, outubro de 2007.
2
3. AZAMBUJA, Leandro Lopes. O Papel da Resistência
Anaeróbica no Futebol Profissional Atual. Trabalho de
Conclusão de Curso em Educação Física – URCAMP
– Bagé/RS. 29 de outubro de 2007.
Palavras-Chaves: Resistência, Velocidade e Força.
3
4. UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA - URCAMP
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ARTES.
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
A COMISSÃO EXAMINADORA, ABAIXO ASSINADA, APROVA A
MONOGRAFIA.
O PAPEL DA RESISTÊNCIA ANAERÓBICA NO FUTEBOL
PROFISSIONAL ATUAL
ELABORADA POR
LEANDRO LOPES DE AZAMBUJA
COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
COMISSÃO EXAMINADORA
Orientador Comissão Examinadora
_____________________
_____________________
___________________________ _____________________
Profº Fábio Leivas
Bagé, outubro de 2007.
4
5. REITOR
Francisco Arno Vaz da Cunha
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Virgínia Brancatto de Brum
COORDENADOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO
E ARTES.
José Antônio Pegas Henriques
COORDENADOR DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Gérson Previtalli
PROFESSORA DA PRÁTICA DE ENSINO II
Elza Maria Steinhorst Garcia
5
6. Agradecimentos
Aos colegas de trabalho pela
espontaneidade e alegria na troca de
informações e materiais numa rara
demonstração de amizade e solidariedade.
A minha querida namorada Cristin Elise
Schwambach, sem a qual essa Monografia
não teria a mesma qualidade. À minha
família pela paciência em tolerar as
minhas ações. E, finalmente, a DEUS pela
oportunidade e pelo privilégio que me foi
dado em poder compartilhar tamanha
experiência e, ao freqüentar este curso,
perceber e atentar para a relevância de
temas que não faziam parte, em
profundidade, na minha vida.
6
7. Dedicatória
Dedico este trabalho a todos amigos
profissionais de educação física com
quem eu tive o privilégio de trabalhar e
conseguir chegar onde cheguei.
7
8. RESUMO
Este trabalho, de caráter descritivo, objetivou identificar qual o papel da
resistência anaeróbica no futebol profissional atual. De acordo com os autores (GODIK, 1996;
WEINECK, 2000) resistência anaeróbia do jogador de futebol, também denominado de sprint,
baseia-se na alta capacidade anaeróbia alática. Esta é a capacidade do jogador, realizar
durante o jogo acelerações explosivas e saltos, dribles com alto ritmo, mudanças de direção,
fintas inesperadas além de chutes e cabeçadas potentes que duram em média de 2 a 3
segundos. Podemos dividir a resistência anaeróbica alática nas seguintes qualidades físicas:
velocidade e força. Com essa divisão podemos dizer que velocidade juntamente com a força
seja a mais importante para o atleta de futebol. Concluiu-se que o desempenho no futebol
profissional atual é caracterizado pela grande demanda de potência anaeróbia principalmente
alática, ou seja, esforços com intensidades de 90% a 100% e curta duração, baseados na sua
subdivisão: a velocidade deve ser trabalhada nas características do jogo e a força do jogador
de futebol desenvolvida na sala de musculação paralela ao trabalho realizado no campo
semelhante ao jogo.
Palavras-chaves: Resistência, Velocidade e Força.
8
9. ABSTRACT
This work, of descriptive character, objectified to identify to which the paper of the
anaerobic resistance in the current professional soccer. In accordance with authors (GODIK,
1996; WEINECK, 2000) anaerobic resistance of the soccer player, also called of sprint, is
based on the high alatic anaerobic capacity. This is the capacity of the player, to carry through
during the game explosive accelerations and jumps, dribbles with high rhythm, unexpected
changes of direction, feints beyond powerful kicks and headers that last in average of 2 the 3
seconds. We can divide the alática anaerobic resistance in the following physical qualities:
speed and force. With this division we can say that speed together with the force is the vari-
able most important for the soccer athlete. One concluded that the performance in the current
professional soccer is characterized by the great demand of mainly alatic anaerobic power, or
either, efforts with intensities of 90% the 100% and short duration, based in its subdivision:
the speed must be worked in the characteristics of the game and the force of the soccer player
developed in the room of parallel working out to the work carried through in the similar field
to the game.
Key-Works: Resistance, Speed and Force.
9
10. SUMÁRIO
RESUMO...................................................................................................................................8
ABSTRACT...............................................................................................................................9
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................12
II CONSIDERAÇÕES INICIAIS..........................................................................................14
2.1 Justificativa........................................................................................................................14
2.2 Formulação ou determinação do problema....................................................................14
2.3 Hipótese..............................................................................................................................14
2.4 Objetivos............................................................................................................................14
2.4.1 Objetivo Geral................................................................................................................14
2.4.2 Objetivos Específicos.....................................................................................................15
2.5 Metodologia.......................................................................................................................15
2.5.1 Caracterização da Pesquisa...........................................................................................15
III BASE TEÓRICA...............................................................................................................16
3.1Resistência...........................................................................................................................16
3.2 Tipos de Resistência..........................................................................................................17
3.2.1 Resistência Aeróbica......................................................................................................17
3.2.2 Resistência Anaeróbica..................................................................................................19
3.3 O significado da resistência aeróbica para o jogador de futebol..................................20
3.4 O significado da resistência anaeróbica para o jogador de futebol..............................20
3.4.1 Treinamento de velocidade............................................................................................22
3.4.2Treinamento de força......................................................................................................25
3.4.2.1 Tipos de força .............................................................................................................26
4. O jogo de futebol.................................................................................................................29
4.1 Distâncias e intensidade das corridas em um jogo de futebol.......................................29
4.2 Substratos Energéticos.....................................................................................................34
5. Produção de acidose no futebol .........................................................................................37
6. Os benefícios do treinamento anaeróbico ........................................................................45
10
11. IV ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS .........................................................46
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................51
VI OBRAS CONSULTADAS................................................................................................52
11
12. INTRODUÇÃO
O futebol é o esporte mais popular no mundo e vem crescendo a cada dia, até mesmo
em regiões onde há pouco ele era quase desconhecido. Atualmente a FIFA possui mais de 200
milhões de atletas registrados, sendo 204 países filiados em toda parte do mundo. O futebol
brasileiro é reconhecido como um dos mais fortes do mundo em razão das participações nas
últimas Copas do Mundo, sendo o único país a disputar todas as Copas do Mundo chegando a
sete finais.
O futebol talvez seja a modalidade mais equilibrada do ponto de vista fisiológico, pois
depende tanto das variáveis relacionadas ao metabolismo aeróbio quanto anaeróbio. Durante o
jogo o atleta submete-se a diferentes tipos de esforços, como saltos, arranques curtos, piques,
giros etc. É necessário ao atleta de futebol de alto nível ter bons níveis de aptidão física nos
diferentes sistemas energéticos - aeróbio e anaeróbio lático e alático.
Este esporte é caracterizado pela realização de esforços de alta intensidade e curta
duração, interposto por períodos de menor intensidade e duração variada. Dessa maneira,
pode-se conceituá-lo como atividade de natureza essencialmente intermitente e acíclica.
Apesar de tratar-se de uma modalidade em que a tática, técnica e habilidades
individuais são fundamentais, tem-se notado, nas últimas décadas, uma preocupação especial
com o aprimoramento físico do atleta.
As diferentes atividades do jogo de futebol em campo demonstraram que um jogador e
está sempre em movimento e sempre pronto para “receber a bola”, quando a situação é dada.
Isso exige uma resistência aeróbica satisfatoriamente desenvolvida, para que se possa estar os
noventa minutos em atividade. Por outro lado, o jogador utiliza o tempo relativamente curto,
mas que decide o jogo, em corridas em velocidades e sprint, atividades que estão ligadas ao
recebimento e a condução da bola, no chute a gol, no passe, bem como no controle do
adversário.
12
13. Com este trabalho pretende-se demonstrar o papel que a resistência anaeróbica assume
numa partida de futebol, já que se torna necessário uma alta medida desta resistência pelo fato
da resistência anaeróbica do jogador, ser responsável por realizar durante o jogo acelerações
explosivas, saltos, dribles com alto ritmo, mudanças de direção, fintas inesperadas além de
chutes e cabeçadas potentes. Qualidades essas que irão ditar o rumo da partida, vitória ou
derrota das equipes.
13
14. II CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2.1 Justificativa
No futebol, assim como em mais de 90% dos esportes, a velocidade é um fator
preponderante para o êxito de uma grande jogada. Onde deve receber atenção especial durante
os treinamentos, pois os jogadores de futebol que não possuem essa capacidade evidenciada
estão encaminhados ao fracasso neste esporte. As atividades de alta intensidade, no futebol,
dependentes do componente metabólico anaeróbio (velocidade e força), executadas de forma
satisfatória determinam o resultado do jogo (Reilly, 1997).
2.2 Formulação ou determinação do problema
Por que existe a necessidade da resistência anaeróbica no futebol profissional atual?
2.3 Hipótese
O desempenho no futebol profissional atual é caracterizado pela grande demanda de
potência anaeróbia principalmente alática, ou seja, esforços com intensidades entre 90% e
100% e curta duração. Esses esforços que irão decidir a partida.
2.4 Objetivos
2.4.1 Objetivo Geral
Identificar qual o papel da resistência anaeróbica no futebol profissional atual.
14
15. 2.4.2 Objetivos Específicos
• Definir a resistência anaeróbica no futebol;
• Verificar o perfil metabólico das ações no futebol profissional;
• Identificar os benefícios apresentados pelo treinamento anaeróbico;
• Sugerir atividades para o desenvolvimento da resistência anaeróbica no futebol.
2.5 Metodologia
Utilizaram-se como instrumentos de pesquisa: livros, artigos científicos e pesquisa em
sites da internet.
2.5.1 Caracterização da Pesquisa
Pesquisa do tipo bibliográfica e descritiva.
15
16. III BASE TEÓRICA
3.1 Resistência
Como “resistência” entende-se a capacidade geral psicofísica de tolerância à fadiga em
sobrecargas de longa duração, bem como a capacidade de uma rápida recuperação após estes
esforços. A resistência psíquica representa a capacidade de poder suportar um estímulo que
exija a diminuição da intensidade da atividade e, por conseqüência, retardar o quanto for
possível à interrupção de uma sobrecarga. A resistência física representa a capacidade de
resistir à fadiga do organismo como um todo e de cada um de seus sistemas isoladamente
(WEINECK, 2004).
Segundo (AOKI, 2002, p.46), resistência é a capacidade que o organismo possui para
suportar a realização de um esforço durante determinado espaço de tempo. Quanto maior o
tempo que o organismo suportar o esforço, maior será o nível de resistência.
Resistência é a capacidade de realizar uma atividade física de relativa intensidade,
durante um prolongado tempo, e é determinado pelos níveis de desenvolvimento de diferentes
órgãos do organismo, capacidades de coordenação dos músculos, estado psicológico do atleta
e interligação ótima de todos os órgãos (GOMES, 1999, p.12).
Entende-se também como resistência a capacidade psicofísica do esportista, de
suportar a fadiga ou de recuperar-se rapidamente do esforço físico (GRECO, 1998, p.37).
O nível de desenvolvimento e treinamento da resistência, com relação a quantidade de
massa muscular envolvida, com o ganho de energia e ao tipo de trabalho da musculatura,
apresenta-se de duas formas diferentes:
• Resistência geral: determina-se pela capacidade do jogador em realizar exercícios em
tempos prolongados, com média intensidade (GOMES, 1999, P.12).
• Conforme (GRECO, 1998), resistência geral é aquela que independente do esporte
praticado 1/6 ou 1/7 da musculatura atua no exercício.
16
17. • Resistência específica: orientada para um tipo especial de esporte, participando até
1/3 da musculatura total do corpo no exercício (BARROS, 2004, p.32).
• Segundo (AOKI, 2002), a resistência específica é determinada pela capacidade do
jogador em realizar exercícios de acordo com as exigências do jogo.
3.2 Tipos de Resistência
A resistência é dividida em dois tipos principais: 1) resistência aeróbia; 2) resistência
anaeróbia. Para o jogador de futebol estes dois tipos de resistência são muito importantes,
sendo a aeróbia uma forma de resistência geral e a anaeróbia uma forma especifica de
manifestação. As diferentes atividades do jogador de futebol em campo demonstram um
jogador que está sempre pronto para “receber a bola” em qualquer situação. Isto exige uma
resistência aeróbia desenvolvida, para que se possa estar os noventa minutos em atividade
(SHINKARENKO, 1997). O jogador tem um tempo relativamente curto, mas que decide o
jogo, em corridas de velocidade e sprint, atividades ligadas ao recebimento e condução da
bola. Isto torna necessário que a maestria técnica e uma alta medida de resistência anaeróbia
(sprint) andem de mãos dadas com uma resistência aeróbia bem desenvolvida.
Sob o aspecto do metabolismo muscular, diferencia-se em resistência aeróbica e
anaeróbica. Para o jogador de futebol, as resistências aeróbicas e anaeróbicas são muito
importantes. Entende-se como resistência aeróbica a forma de resistência que independe de
uma modalidade esportiva - também chamada de resistência aeróbica geral (WEINECK,
2004).
3.2.1 Resistência Aeróbica
A resistência "pura", como capacidade de suportar esforços de enorme duração,
evitando a acumulação do ácido láctico, recorrendo à utilização do oxigênio e dos nutrientes
para manter a atividade indefinidamente.
A resistência aeróbia depende principalmente da capacidade dos sistemas
cardiovascular, respiratório e metabólico, assim como da qualidade da coordenação típica do
movimento (WEINECK, 2000, p.164). Assim a resistência aeróbia é a capacidade de resistir á
17
18. fadiga nos esforços de longa duração e intensidade moderada, é um trabalho que se realiza
com a suficiente quantidade de oxigênio (BARBANTI, 1979, p.107).
Segundo Pereira (2003), cita três minutos como índice mínimo de duração para que o
esforço seja de resistência aeróbia, atuando numa intensidade acima de 50% do máximo na
capacidade do trabalho circulatório.
Durante muito tempo se considerou que esta qualidade de aptidão não fosse
aprimorada pelos exercícios resistidos, devido à constatação de que o VO2 máximo não
aumenta com esse tipo de treinamento (GHORAYED e BARROS, 2004, p.43).
A resistência aeróbia é dividida em resistência geral aeróbia de curta, média e longa
duração. Na teoria do treinamento (WEINECK, 2000, p.67) ocorre: uma divisão em
resistência de velocidade, até cerca de quarenta e cinco segundos, resistência de curta
duração, cerca de quarenta e cinco segundos a dois minutos, resistência de média duração,
cerca de dois a dez minutos, resistência de longa duração II, cerca de trinta a noventa minutos,
resistência de longa duração III, mais de noventa minutos.
Powers (2000, p.232) constata que: os programas de treinamento de endurance que
aumentam o VO2 máximo envolvem uma grande massa muscular num exercício dinâmico
(corrida, ciclismo, natação ou esqui de cross-country) com duração de vinte a sessenta
minutos por sessão, três a cinco vezes por semana, numa intensidade de cinqüenta a oitenta e
cinco por cento do VO2 máximo.
A capacidade de absorção máxima de oxigênio representa o critério bruto da
capacidade de resistência e desempenha um importante papel em todos os desempenhos de
resistência aeróbia (GHORAYED e BARROS, 2004, p.167).
A obtenção da resistência aeróbia por atletas submetidas a uma preparação em altos
padrões, onde possibilitará aos mesmos um aumento na duração de trabalho, e no número de
esforços, além de criar meios para elevar o ritmo dos movimentos, sem deixar que apareça um
debito de oxigênio indesejável. Os atletas com uma boa capacidade aeróbia apresentam-se
com melhores condições de recuperação após esforços intensos.
18
19. Segundo Aoki (2002, p.47), foi observado que a maior capacidade de treinamento em
relação à capacidade de resistência aeróbia, ocorre em jovens na infância e primeira fase da
puberdade. Uma resistência aeróbia bem-desenvolvida causa: aumento do desempenho físico,
desempenho ótimo da capacidade de recuperação, diminuição das lesões e contrações,
aumento da tolerância psíquica, prevenção das falhas táticas em função da fadiga, diminuição
dos erros técnicos, manutenção da saúde, relacionada ao futebol (WEINECK, 2000, p.27).
Para o jogador de futebol, o objetivo não será nunca o desenvolvimento máximo da
resistência aeróbia, pois o treinamento desta modalidade deverá ser voltado para suprir as
exigências especificas da modalidade (WEINECK, 2000, p.29).
3.2.2 Resistência Anaeróbia
É a capacidade de retardar a "fadiga láctica", ou seja, a capacidade de retardar a
acumulação de ácido láctico e/ou a capacidade de suportar melhor a sua acumulação.É a
qualidade física que permite a um atleta sustentar o maior tempo possível em uma atividade
física em condições anaeróbias, isto é, numa situação de debito de oxigênio (TUBINO, 1984,
p.201).
Segundo Barbanti (1979, p.107), denomina-se resistência anaeróbia máxima ou
submáxima com insuficiente quantidade de oxigênio durante um período de tempo inferior a
três minutos.
Referente á resistência anaeróbia glicolítica, o principal fator limitativo da capacidade
de trabalho, na execução de exercícios de caráter anaeróbio glicolítico, costuma ser
considerado as significativas concentrações de lactato, que leva a diminuição das
propriedades de concentração nos músculos e exerce influencias de opressão sobre outros
sistemas do organismo do atleta (ZAKHAROV, 1957, p.108).
O desenvolvimento desta capacidade anaeróbia, em atletas de alto nível possibilita aos
mesmos prolongar esforços máximos mantendo a velocidade e o ritmo, apesar do crescente
debito de oxigênio (TUBINO, 1984, p.201).
19
20. 3.3 O significado da resistência aeróbica para o jogador de futebol
Como demonstraram as pesquisas de Häkkinen/Kouhanen/Komi (1987, 240), até os
halterofilistas necessitam de um desenvolvimento satisfatório da resistência aeróbica, a fim de
que possam conduzir um treinamento intenso e com grande volume. Nunca se deve perguntar
“se” a resistência aeróbica deve ser treinada por um jogador de futebol, mas “qual” o volume
de treinamento desse tipo de resistência a ser aplicado a ele. (Weineck, 2004).
O treinamento aeróbio assegura alta concentração de enzimas oxidativas (aeróbias),
aumentando a velocidade de reação destas, assim melhora-se a capacidade de resistência
contra a fadiga (GODIK, 1996). Sob influenciado treinamento aeróbio, ocorre não somente
elevação da concentração e da atividade enzimática, mas também aumento do número e do
volume das mitocôndrias. Assegurando assim uma melhora da capacidade de mobilização
energética (WEINECK, 2000).
Segundo Barros (2004), o treinamento aeróbico no futebol tem por objetivo:
- A velocidade de recuperação após atividade de alta intensidade como piques;
- A capacidade do sistema cardiovascular em transportar oxigênio aos músculos solicitados,
durante a partida de futebol;
- A capacidade dos músculos solicitados em utilizar oxigênio fornecido e oxidar ácidos
graxos.
3.4 O significado da resistência anaeróbica para o jogador de futebol
A resistência anaeróbia do jogador de futebol, também denominado de sprint, baseia-
se na alta capacidade anaeróbia alática. Esta é a capacidade do jogador realizar durante o jogo
acelerações explosivas e saltos, dribles com alto ritmo, mudanças de direção, fintas
inesperadas, além de chutes e cabeçadas potentes. Ressalta-se aqui, que uma boa resistência
aeróbia, representa uma base para alta resistência anaeróbia (GODIK, 1996).
Ao lado da resistência aeróbica, o jogador necessita também da capacidade anaeróbica
(predominantemente alática) bem desenvolvida, que também é denominada resistência de
sprint (WEINECK, 2004).
20
21. Segundo Barros (2004), o treinamento anaeróbico no futebol se divide em lático e
alático:
- Treinamento anaeróbico Lático - tem por objetivo aumentar a capacidade do músculo em
realizar atividades de alta intensidade repetidas vezes, visto que durante o jogo o atleta é
obrigado a trabalhar em alta intensidade com curtos períodos de recuperação.
- Treinamento anaeróbico Alático – tem por objetivo aumentar a velocidade; força;
impulsão e velocidade de chute. Para facilitar a discussão o treinamento anaeróbico alático
pode ser dividido em dois tipos distintos: treinamento de velocidade e força.
Para alguns profissionais a velocidade talvez seja a variável mais importante para o
atleta de futebol. Uma observação prática nos permite dizer que nos últimos tempos tem sido
dada grande importância para o treinamento de força e velocidade. Pelo fato de a hipertrofia
muscular em excesso poder atrapalhar o desenvolvimento das habilidades específicas parece
haver certo preconceito com relação aos trabalhos com pesos, porém, a literatura científica
mostra que esses treinamentos podem ser utilizados como meios preventivos de lesão. Para os
valores normativos de força muscular do atleta de futebol brasileiro, os dados encontrados na
literatura especializada são limitados. Avaliações realizadas em dinamômetro isocinético no
nosso serviço apontam goleiros e zagueiros como os que possuem mais força de quadríceps;
os atletas de futebol possuem boa relação em musculatura anterior e posterior da coxa quando
comparados a sedentários. Médicos do esporte esperam que a relação de torque para a
velocidade angular de 60°/s entre músculos extensores e flexores do joelho deva estar entre
0.60 e 0.80 para a prevenção de lesões, e, de maneira geral os atletas satisfazem esse critério.
No futebol a tendência é trabalhar com programas gerais que envolvam grandes
grupamentos musculares. Um trabalho realizado no centro de treinamento do Esporte Clube
São Paulo com atletas jovens submetidos a quatro sessões semanais de musculação com
cargas de aproximadamente 75% da carga máxima, mostrou aumento em até 10% da
quantidade de massa muscular.
O treinamento com peso parece ser útil para prevenir algumas lesões, porém parece
não ter influência sobre os gestos técnicos do esporte.
21
22. 3.4.1 Treinamento de velocidade
Para Weineck (2004), o treinamento de velocidade para o atleta de futebol deve seguir
as mesmas características das atividades realizadas durante o jogo:
● Raramente os piques são superiores a 30 metros;
● A grande predominância é entre cinco e 15 metros;
● Mais de 95% dos piques são sem bola;
● O atleta inicia o pique das mais diferentes formas;
● Normalmente o pique termina com uma ação;
● Existe uma tendência dos laterais executarem piques mais longo (20-30 metros) e dos
atacantes, mais curtos (5-10 metros).
Qualidade física que permite realizar a ação no menor tempo possível (POWERS,
2000, p.103).
Segundo GROSSER (1992, p.72), considerando que a velocidade, não é uma
capacidade “pura” da condição física, isso a torna menos decisiva para treinamento. Dessa
forma a literatura tem considerado as capacidades físicas básicas força e resistência num nível
diferente do nível da capacidade de velocidade, sendo que está capacidade depende da força e
da coordenação (GRECO, 1998, p.52).
No futebol, assim como em mais de 90% dos esportes, a velocidade é um fator
preponderante para o êxito de uma grande jogada. Onde deve receber atenção especial durante
os treinamentos, pois os jogadores de futebol que não possuem essa capacidade evidenciada
estão encaminhados ao fracasso neste esporte. Pois a velocidade está presente em
praticamente todos os no futebol: pênaltis, antecipação, drible, corrida em direção ao gol, na
tomada de decisões para melhor opção para determinado momento, assim apresentada sua
importância para o futebol (AOKI, 2002, p.65).
O desenvolvimento da velocidade é considerado um fator decisivo e imprescindível na
disputa dos desportos coletivos (Bosco, 2001; La Rosa, 2001; Gomes, 2002). O desempenho
de velocidade está intimamente associado a funcionalidade das fibras de contração rápida e a
22
23. disponibilidade de ATP, fosfocreatina e glicogênio muscular (Garret e Kirkendall, 2000;
Krustrup et al, 2004). No futebol, as atividades de alta intensidade e dependentes do
componente metabólico anaeróbio, executadas de forma satisfatória determinam o resultado
do jogo (Reilly, 1997). Em torno de 8 a 18% dos padrões motores do jogo acontecem em alta
velocidade, sendo que à medida que eleva o nível competitivo aumentam também as
movimentações em alta velocidade (Ekblom, 1986).
Corridas curtas em velocidade podem refletir lances típicos de decisão na prática
competitiva do futebol, sendo um importante determinante do sucesso nas ações do jogo
(Cometti et al, 2001). Desta forma, sprints de 10m, 30m, 40m e 50m vem sendo aplicados
para avaliar os níveis de velocidade do futebolista. Jogadores de alto-nível apresentam
desempenho satisfatório na corrida de 30m com tempo inferior a 4 segundos (Shephard,
1999). Atletas brasileiros apresentaram neste teste velocidade de 6,9 ± 0,2 m.s-1 com
variações entre 6,6 a 7,1 m.s-1 (Ananias et al, 1998).
A performance de velocidade no teste de 30m foi significativamente favorecida pelo
treinamento de força, 1 a 2 sessões semanais, durante 10 semanas e com especial atenção ao
trabalho excêntrico (3,36 ± 0,10 segundos pré-treinamento e 3,28 ± 0,09 segundos pós
treinamento, p<0,05), além de diminuir o número de lesões dos membros inferiores (Askling
et al, 2003).
A incidência de sprints no jogo pode apresentar correlação significativa (r= 0,61,
p<0,05) com a concentração de lactato muscular (Bangsbo et al, 1991). A capacidade de
execução das corridas de alta velocidade no futebol foi associada por Mohr et al (2004) com a
manutenção adequada do aquecimento muscular.
A velocidade do jogador de futebol é uma capacidade verdadeiramente múltipla, as
quais pertencem não somente o reagir e o agir rápido, a saída e a corrida rápida, a velocidade
no tratamento com a bola, o sprint e a parada, mas também o reconhecimento e a utilização
rápida de certa situação (GODIK, 1996; WEINECK, 2000).
A velocidade do jogador de futebol é uma qualidade física complexa formada por
diferentes capacidades parciais psicofísicas:
23
24. • Capacidade para percepção de situações de jogo e sua modificação no menor espaço de
tempo possível, compreendendo sobre tudo estímulos óticos e acústicos - velocidade de
percepção;
Capacidade de adiantar-se ao desenvolvimento do jogo, e especialmente ao adversário direto no menor
espaço de tempo possível – velocidade de antecipação;
Capacidade de decidir-se no menor espaço de tempo – velocidade de decisão;
Capacidade de reagir na menor unidade de tempo em situações não previstas durante jogo – velocidade de
reação;
Capacidade de realizar movimentos cíclicos e acíclicos, sem bola em ritmo intenso – velocidade de
movimentos cíclicos e acíclicos;
Capacidade de reação rápida sob circunstâncias de pressão do jogo – velocidade de ação (GODIK, 1996;
WEINECK, 2000).
O objetivo final do treinamento de velocidade no futebol é o desenvolvimento da
velocidade de deslocamento (sprint com ou sem bola) e seu vínculo econômico com
velocidade de movimento (passe, recebimento, finta, chute) para elevar-se a eficiência da
performance em competição (SHINKARENKO, 1997).
O treinamento de velocidade deve ocorrer em quatro estágios:
1) Coordenação geral, pelo treinamento da corrida;
2) Melhora do poder de saída e de reação, pelo treino método de jogo;
3) Treinamento de velocidade, através de treino com bola o método de jogo;
4) Treinamento de força.
Neste tipo de treinamento, não se deve ultrapassar de três a cinco series de oito
repetições, com pausas entre series de um a três minutos (SHINKARENKO, 1997;
WEINECK, 2000).
A capacidade de persistir em um exercício explosivo(sprints) por curtos períodos de
tempo que vão até 60 segundos, dependendo essencialmente, do ATP, é gerada pelos sistemas
aneróbicos de energia imediato e a curto prazo. Os exercícios contam quase exclusivamente
com a energia derivada pela reserva muscular de fosfatos. As reservas de fosfato pode ser
24
25. sobrecarregada engajando músculos específicos em explosões máximas e repetidas de esforço
por 5-10 seg sendo sua recuperação rápida, ou seja, uma série subsequente de exercícios pode
ser iniciada após um período de repouso de 30-60 segundos. Com esse tipo de treinamento há
uma melhora no condicionamento anaeróbico.
3.4.2 Treinamento de Força
A força máxima pode ser gerada por um músculo ou por um grupo muscular, é comum
a prática na avaliação dos programas de treinamento (POWERS, 2000, p.385).
A força geral é entendida como a força de todos os grupos musculares,
independentemente da modalidade esportiva, já a força especial compreende no
desenvolvimento da força de grupos musculares específicos, os quais estão envolvidos na
execução dos gestos técnicos de uma determinada modalidade esportiva (GRECO, 1998,
p.39).
O treino de força no futebol visa prioritariamente os membros inferiores, porém deve-
se observar os limites biomecânicos para não provocar o aumento excessivo da massa
muscular, que inevitavelmente conduzira a lesões articulares (AOKI, 2002, p.54).
A força do jogador de futebol segundo Weineck, define-se como sendo precisa de
“força” que inclua tanto o seu aspecto físico quanto se aspecto psíquico é muito difícil, em
comparação a sua definição puramente física, pois isso se refere ao fato de que os tipos e as
características de força, de trabalho muscular e de tensão muscular, além de inúmeros outros,
são muito influenciados para uma série de fatores. Uma definição de força só será dada,
portanto, em conjunto com as formas de força relevantes ao desempenho no jogo de futebol.
Conforme Wisloff et al (1998) altos níveis de força muscular nos membros inferiores
constitui-se elemento importante na melhoria da performance do futebol, assim como também
na prevenção de lesões atuando diretamente nas estruturas do aparelho locomotor. Kraemer e
Ratamess (2004) sugerem que o treinamento resistido pode aumentar a potência, a resistência
muscular localizada, a velocidade, a flexibilidade, a coordenação e o equilíbrio, além de
25
26. reduzir a gordura corporal. Hoff e Helgerud (2004) sugerem que altas cargas, poucas
repetições e mobilização máxima concêntrica são efetivas para evolução dos níveis de força
em futebolistas. Por outro lado, Mjolsnes et al (2004) sugerem o fortalecimento concêntrico e,
principalmente, excêntrico da musculatura posterior de coxa como forma não apenas de
aperfeiçoar o desempenho específico do futebolista, mas também como meio para prevenção
de lesões.
Vários estudos (Wisloff et al, 1998; Davis et al, 1992; Mangine et al, 1990; De Proft et
al, 1988) tem utilizado equipamentos isocinéticos para avaliar diferentes velocidades e
ângulos articulares de futebolistas. A potência muscular tradicional tem sido avaliada pelo
salto vertical, com os valores de referência obtidos entre 50 e 60 cm (Gauffin et al, 1989;
Green, 1992; Wisloff et al, 1998). Valores observados no estudo de Wisloff et al (1998), em
jogadores de elite mostraram salto vertical com 54,9 ± 5,3 cm, com diferenças significativas
de jogadores de defesa e ataque sobre os do meio-campo. Execução de 1RM no exercício de
supino também tem sido empregada para avaliar a força muscular (Raven et al, 1976). No
supino os valores observados por Wisloff et al (1998) foram 82,7 ± 12,8 kg e no agachamento
em 90 graus, 164,6 ± 21,8 kg. Rinaldi et al (2000) verificaram diferentes níveis de força
muscular nos membros inferiores em função do posicionamento do jogador de futebol.
Leme (1992 p, 74), aborda que os estudos científicos a respeito do desenvolvimento da
força muscular tem sido publicados principalmente sobre os benefícios dos exercícios com
pesos, estudos que foram realizados e comprovaram que os programas de treinamento com
pesos melhoram a velocidade do atleta, melhoram o equilíbrio. Em seus estudos o autor
concluiu que a incidência de lesões devida prática de exercícios com pesos no período de
1949 á 1950, foi de 1,5% em atleta de esportes seguros, verificando-se uma evidencia menor
de heínia e hemonoidas que a população dos Estados Unidos e nenhum caso de anormalidade
de coração lesado. Atualmente, na maioria dos programas de treinamento desportivo de alto
nível, os exercícios com pesos são indispensáveis na fase de preparação física.
Cientificamente, contrariando a crença popular, podemos afirmar que um programa bem
orientado e planejado aumenta a flexibilidade e a velocidade em proporções estatisticamente
significativas. O conceito de que o treinamento com pesos produz músculos rígidos, perda da
flexibilidade, pode ser abandonado. A maioria dos estudos científicos comprova que a
velocidade de movimento pode ser aprimorada e não retarda como conseqüência do aumento
da força muscular. Usando um treinamento com pesos a velocidade do movimento é
26
27. melhorada por um programa de força bem orientado. A potencia muscular é aumentada em
decorrência do treinamento de força, e maior potencia de pernas significa saídas mais rápidas
nas situações que exigem agilidade e velocidade.
Para MCARDLE e colaboradores (1985) o programa de treinamento com pesos não
diminui o grau de amplitude das articulações e muito menos a velocidade de rendimento nos
esportes. Os levantadores de pesos de elite, por exemplo, demonstram excepcional
flexibilidade articular. Os exercícios realizados com cargas entre 60% a 80% da capacidade de
força do individuo são considerados uma sobrecarga suficiente para produzir aumento
significativo de força. Com isso há uma contribuição para a melhora do condicionamento
anaeróbio.
3.4.2.1 Tipos de força
Força é um fator do qual o jogador de futebol necessita, pois nas suas diferentes
formas de manifestação, representa no futebol um considerável fator restritivo. O jogador
depende de força em vários aspectos; elevação da capacidade atlética como: saltos, chutes,
arrancadas, lançamentos; profilaxia de lesões; manutenção da postura entre outros. A força
pode ser dividida em três tipos para o futebol: 1) força máxima; 2) força rápida; 3) resistência
de força. Os diferentes tipos de força possuem correlação entre si e se influenciam
mutuamente. Para o jogador é de grande importância que a força máxima influencie
diretamente a força rápida, esta a mais importante (GODIK, 1996).
A força máxima é subdividida em estática e dinâmica. Sendo que a estática quase não
é de interesse ao jogador, mas influencia no desenvolvimento da força positiva. A dinâmica é
subdividida ainda em concêntrica (positiva) e excêntrica (negativa). Para se desenvolver força
máxima, busca-se o que o jogador de futebol mais trabalha, que são os membros inferiores.
Não se deseja uma hipertrofia máxima, pois pode aumentar o peso do atleta, prejudicando sua
resistência aeróbia (GODIK, 1996). A musculatura mais trabalhada é a responsável pelo
chute, passadas (corrida) e saltos. Aqui se trabalham de três a cinco series de oito a doze
repetições cada.
27
28. A força rápida tem grande importância para o jogador de futebol, pois se manifestam
na forma de saltos, chutes, lançamentos, ou seja, a força rápida tem grande influência sobre a
aceleração (SHINKARENKO, 1997).
Alguns fatores são importantes para o aumento da força máxima:
· Força de contração das fibras musculares;
· Quantidade de fibras que iniciam suas atividades ao mesmo tempo;
· Da velocidade de contração das fibras ativadas;
· Coordenação intramuscular.
O trabalho para o desenvolvimento da força rápida é muito semelhante ao da força
máxima, mas para aprimorar a coordenação intramuscular é usado também o treinamento
pliométrico, que consiste em um trabalho dinâmico, que em um movimento se executam força
positiva e negativa, este método também é chamado de método reacional ou de saltos. Os
saltos são modificados periodicamente, podendo ser realizados com uma ou duas pernas,
maiores ou menores distâncias, alturas diferentes, saltos para frente e para trás
(SHINKARENKO, 1997).
Um outro tipo de trabalho que vem sendo desenvolvido é o treinamento de contraste
ou búlgaro, que consiste em realizar uma série de exercícios concêntricos ou excêntricos e
logo após treinamento pliométrico, sempre alternando (WEINECK, 2000).
O trabalho de resistência de força é muito importante para o jogador, pois aqui entra a
força rápida, podendo ser chamada de resistência de força rápida, na qual o jogador consegue
agir com movimentos velozes em um longo período de tempo, sem diminuição significativa
na força de chute, salto ou arranque. Ou seja, depende da boa condição aeróbia e anaeróbia
(GODIK, 1996; WEINECK, 2000). Este tipo de força é desenvolvido principalmente em
situações de jogo, por circuitos e chutes a gol, portanto de forma dinâmica de acordo com o
método de repetição (GODIK, 1996). Dependendo do estado em que se encontra o jogador,
saber variar as técnicas de treinamento de força se fazem necessários, para não diminuir a
performace esportiva do atleta (GODIK, 1996).
Se no passado discutiu-se continuamente a questão do tipo de força que o jogador de
28
29. futebol necessita em sua modalidade (GROSSER/EHLENZ 1984, 4;
LUTHMANN/ANTRETTER 1987, 11), também no futuro essa questão precisará ser debatida
de forma diferenciada.
Força rápida – uma análise das forças de movimento no jogo de futebol leva rapidamente ao
fator de força mais importante e mais apontada, ou seja, a força rápida. Na realização dos
movimentos específicos do futebol, as forças dominantes que se manifestam são acelerações
(= força dinâmica positiva = força concêntrica) e as frenagens (= força dinâmica negativa =
excêntrica), as quais devem ser consideradas em um treinamento.
Exemplos típicos do emprego da força em acelerações são os saltos e as finalizações, nas
frenagens, exemplos típicos são as paradas abruptas, as mudanças de direção (inclusive as
fintas), bem como a fase inicial das corridas e dos saltos. O futebol, em geral, é composto
(inclusive as disputas de bola e ações técnicas isoladas) de movimentos explosivos e
dinâmicos que exigem força rápida e resistência muscular ( LUTHMANN/ANTRETTER
1987, 13; BISANZ/GERISCH 1988, 88).
Força máxima – outro fator importante é a força máxima, especialmente nas extremidades
inferiores. No entanto, na maioria das vezes, essa força é subestimada em relação aos métodos
e aos critérios para sua formação e seu uso por meio de exercícios. Os motivos para o seu
desprezo do treinamento e de força máxima são vários (BAUER 1990, 67):
1. A necessidade de treinamento de força máxima não é reconhecida;
2. Jogadores e técnicos têm a visão falsa de que o treinamento de força máxima torna os
jogadores pesados e lentos;
3. Os técnicos não conhecem a estreita relação entre o nível de força máxima e o grau de
força rápida; existe ainda insegurança quanto à eleição de métodos e de formas de
realização, ao volume temporal e aos equipamentos necessários, etc.;
4. Existem técnicos que acreditam que o treinamento isolado da força não tem objetivo e é
insuficiente, pois, segundo eles, só um treinamento da condição física integrada ao jogo
corresponderia às exigências do futebol (Lottermann 1990, 4);
5. Os jogadores recusam as formas de treinamento não-semelhantes ao jogo;
6. A maioria dos clubes não possui espaço adequado (sala de musculação) nem aparelhos
necessários que possibilitariam um treinamento organizado da força máxima. A visita
29
30. alternativa a academias parece não ser econômica (do ponto de vista financeiro e
temporal) tanto para os técnicos quanto para os jogadores.
Um dos objetivos dessa descrição é discutir a necessidade de um treinamento
transparente da força máxima e a possibilidade da realização dele segundo as necessidades do
jogo de futebol.
- Resistência de Força – a terceira categoria de força necessária ao futebolismo é a resistência
de força. A formação da resistência de força tem papel importante ao condicionamento físico
geral do jogador de futebol, especialmente em relação à musculatura auxiliar (WEINECK,
2004).
Para o desenvolvimento da resistência de força, não se utilizam os mesmos métodos
empregados na formação das forças máxima e rápida. Isso se deve à constituição especial das
musculaturas abdominal e dorsal (músculos responsáveis pelo posicionamento corporal e que
são formados por fibras de contração lenta, mas também chamadas fibras do tipo I). Assim,
em função dessas características, os métodos para os desenvolvimentos da resistência de força
distinguem-se pela lenta realização do movimento e pelo alto número de repetições.
4. O jogo de futebol
4.1 Distâncias e intensidade das corridas em um jogo de futebol
O cenário esportivo atual tem sido caracterizado por resultados de grande expressão,
garantidos com um alto nível de treinabilidade. Essa situação só é possível com uma adequada
combinação e aplicação das altas cargas de treino e competição (VOVOK, 1998). Desta
forma, o treinamento físico almeja atingir no atleta um limite biológico capaz de induzir uma
supercompensação, mas em determinada intensidade o esforço não pode ser mais mantido
com a mesma eficiência (SILVA et al, 1997).
O futebol caracteriza-se por uma atividade predominantemente aeróbia, mas nos quais
os atletas dependem de esforços anaeróbios e intensos para almejar sucesso na atividade
competitiva (BANGSBOO, 1994; REILLY, 1997) sendo que à medida que se avançam nas
30
31. categorias verifica-se um maior predomínio da atividade anaeróbia (SILVA et al, 1997) e um
percentual maior de movimentação em velocidade máxima (EKBLON, 1986).
O treinamento deve assegurar uma percentagem de acertos máxima possível, e para
que alcance sucesso deve ser alicerçado em conceitos bem definidos e num planejamento bem
delineado. Conforme Ananias et al (1998, p.91) “um dos meios mais utilizados para estimar a
solicitação energética requerida para pela intensidade de esforços durante uma partida de
futebol é a verificação da distância total percorrida ao final de um jogo. Um jogador durante
os noventa minutos que dura em média uma partida, corre aproximadamente 10 km
(Bangsboo et al, 1991; Ekblom, 1986), sendo que esse valor depende diretamente da
função/posição do atleta dentro da equipe, com valores maiores em torno de 11,4 km,
atingidos por meio-campistas (Bangsboo et al, 1991). Conforme Ekblom (1986) 8 a 18 % do
total deslocado acontece em alta velocidade. Em jogadores de alto rendimento a distância
coberta nos últimos quinze minutos da partida foi menor do que nos primeiros quinze minutos
(35-45% p<0,05) independente do nível e posição dos atletas.
Nos últimos quinze minutos do jogo, os jogadores substitutos correram 25% mais
distância com corridas de alta intensidade do que os outros jogadores. A distância total
coberta foi maior para meio-campistas, laterais e atacantes do que zagueiros (p<0,05).
Atacantes e laterais apresentaram uma maior quantidade total de sprints do que
meiocampistas e zagueiros (2,23 ± 0,10 e 2,21 ± 0,04 vs 1,99 ± 0,11 e 1,91 ± 0,12 km,
respectivamente) (Mohr et al, 2003).
Nos desportos com bola a atividade motora é intermitente e o desempenho está
relacionado com a habilidade do atleta em realizar esforços intensos (Krustrup et al, 2003).
Associando o aspecto físico com o desempenho, Mohr e Bangsboo (2001) demonstraram que
a qualidade do jogo está relacionada à quantidade de corridas de alta intensidade durante o
jogo.
Compara-se o desempenho de corrida dos jogadores de futebol dos anos 60 com os
atuais; torna-se clara a constatação de que a intensidade e o volume das corridas aumentaram
de forma significativa nas últimas décadas. Percursos totais de corrida maiores do que quatro
mil metros foram avaliados como excepcionais. O volume de corrida é considerado apenas
médio, se comparado aos padrões atuais.
31
32. De acordo com a divisão a qual o jogador pertence e com a capacidade individual, o
desempenho médio total de corrida está, atualmente, entre 9 e 12 km e, em alguns casos foram
verificados desempenhos de até 14 km por jogo. (Winkler 1985,25). O percurso total
percorrido em forma de sprint está situado entre 500 metros e 3.000 metros, para um número
de 100 sprints por jogo.
Das pesquisas de Grerisch/Rutemöller/Weber, deduz-se que os jogadores da liga
amadora alemã percorre em média 9050 ± 969 metros, sendo 1500 metros com a
velocidade/intensidade de 5m/s ou mais. Da comparação com os resultados de Palfai (1962),
observa-se que o desempenho total de corrida em muitos casos, cresceu 100% e que as
exigências sobre a performance da resistência aeróbica aumentam imensamente.
Desde 1962 comprova-se um aumento médio anual de 10% na performance de
corrida. (Bauer 1990, 76).
A maior parte do tempo de jogo é gasta com as ações andar e trotar (83-88%); um
tempo menor com as corridas aceleradas e veloz (7-10%) e um tempo mínimo em posição
estática (4-10%). Estes resultados podem ser comparados com os resultados de
Mayhew/Wenger (1985, 49), que encontrou para andar, trotar, corrida acelerada, veloz e
posição estática respectivamente 46,6%, 38,05%, 11,3% e 2,3% do tempo total de jogo.
As diferentes atividades do jogo de futebol em campo demonstraram um jogador que
está sempre em movimento e sempre pronto para “receber a bola” quando a situação é dada.
Isso exige uma resistência aeróbica satisfatoriamente desenvolvida, para que se possa estar os
noventa minutos em atividade. Por outro lado, o jogador utiliza o tempo relativamente curto,
mas que decide o jogo, em corridas em velocidades e sprint, atividades que estão ligadas ao
recebimento e a condução da bola, no chute a gol, no passe, bem como no controle do
adversário.
Isso torna necessário que a maestria técnica e uma alta medida de resistência
anaeróbica – como base para uma boa capacidade de sprint – andem de mãos dadas com uma
resistência aeróbia bem-desenvolvida, mesmo quando seu componente temporal no jogo tenha
participação bastante reduzida.
32
33. O valor de uma resistência aeróbica – bem desenvolvida depreende-se do fato de que
os chamados amadores de jogo ou jogadores de uma equipe destacam-se por meio da alta
capacidade de resistência aeróbica (Dickhut et alii. 1981 151). Portanto, a princípio, sustenta-
se:
Exige-se do jogador de futebol uma resistência aeróbica satisfatoriamente
desenvolvida, porém, de forma alguma, essa resistência deve ser comparável a de um corredor
de longas distâncias. Em um treinamento que priorize o desenvolvimento da resistência
aeróbia, é preciso contar que as fibras musculares adaptar-se-iam demasiadamente a essa
forma de sobrecarga, impedindo o desenvolvimento das qualidades de velocidade e força
rápida. Isso daria ao jogador de futebol os pré-requisitos para ser um corredor de longa
distância, mas não para ser um jogador de futebol acima da média. Além disso, a prática
mostra que jogadores excepcionais, como Pelé, Di Estéfano, Beckenbauer, Maradona, Gullit,
Matäus, entre outros, não tiveram sucesso no futebol em conseqüência de um excelente
desempenho da resistência aeróbica, mas pelo excepcional talento em lidar com a bola.
(Weineck, 204).
Barros (2004), o futebol pode ser considerado um esporte no qual os jogadores
apresentam características fisiológicas diferentes entre si. Porém, quando se fala em funções
desempenhadas em um time, deve-se sempre conhecer o que cada posição exige
fisiologicamente de cada jogador para, assim saber, se este está apto ou não a desempenhar tal
posição no time.
O futebol é um esporte que implica a prática de exercícios intermitentes, de
intensidade variável (Ekblon 1993; Zeederberg et al. 1996). Aproximadamente 88% de uma
partida de futebol envolvem atividades aeróbicas e os 12% restantes, atividades anaeróbicas
de alta intensidade (Shepard & Leatt 1987; Reilly 1996 a).
A intensidade do exercício durante os jogos competitivos de futebol pode ser indicada
pelo total da distância percorrida durante o jogo (Reilly 1996 a; Reilly 1997), pois esta
representa o nível de dificuldade em que os exercícios estão sendo realizados e a contribuição
individual diante do esforço total do time (Rienzi et al. 2000). Essa distância está relacionada
tanto com a capacidade aeróbica do jogador, quanto com sua habilidade em mantê-la (Shepard
33
34. 1999).
Em geral, á distância percorrida pelos jogadores durante uma partida também
dependerá da qualidade do oponente, do nível da competição, de considerações táticas, da
importância do jogo, da motivação dos jogadores, do tipo de grama e das condições
ambientais (Bansgbo et all. 1991; Bansgbo & Lindquist 1992 a; Dip et all. 1993; Ekblon
1986; Rienzi et all 2000; Shepard 1999). Foi demonstrado também que há uma relação entre a
qualidade do jogador e a realização de exercícios de alta intensidade durante um jogo
(Bansgbo et all 1991). Assim sendo, os jogadores da primeira divisão se exercitam em uma
intensidade alta por um período maior de tempo do que os jogadores pertencentes a divisões
inferiores (Ekblon 1986). Então, pode-se dizer que há uma relação entre a qualidade do jogo e
a qualidade de exercícios de alta intensidade realizados durante o jogo (Mujika et all 2000).
Para jogadores profissionais, a duração total de exercícios de alta intensidade durante um jogo
é de cerca de 7 minutos. Isso inclui uma média de 19 sprints com uma duração de 2 segundos
(Bansgbo & Lindquist 1992 a; Shepard, 1999).
A distância média percorrida no primeiro tempo é 5% maior do que a do segundo
tempo. Essa redução da distância geralmente está associada à fadiga, que, por sua vez, ocorre
devido a fatores como: diminuição dos estoques de glicogênio muscular, baixa capacidade
aeróbica, baixo “nível” nutricional e fatores fisiológicos, como falhas no sistema de estímulo-
contração como conseqüência de elevados níveis de Potássio. Segundo Shepard (1990) os
atletas percorrem 3,2 km em ritmo de caminhada, 1,8 km em ritmo de corrida e 1,0 km em
ritmo de sprint.
De 8 a 12% da distância total coberta durante o jogo são realizadas em velocidade de
sprint.
As corridas de baixa intensidade ocorrem em 35% do tempo total e as de alta
intensidade de 8,1 a 18% (Bangsbo et all. 1991; Ekblon 1993).
Foi relatado que jogadores profissionais realizam as seguintes atividades durante o
jogo: ficam parados em cerca 17,1% do tempo total de jogo, andam em 40,4% do tempo,
correm em intensidade baixa em 35% do tempo e em 8,1% do tempo correm com intensidade
34
35. alta. Podemos dizer, ainda, que os exercícios de alta intensidade são realizados durante 5% do
tempo total de partida, com pausas contribuindo com 15% desse tempo total. A média da
relação descanso – atividades de baixa intensidade – atividades de alta intensidade é de
3:16:1. essa relação sugere que a maior parte da energia demandada pelo futebol é de
natureza submáxima e aeróbica com períodos de exercícios de alta intensidade raros e curtos.
Em geral, a distância percorrida pelo jogador depende da qualidade do oponente, de
considerações táticas e da importância do jogo.
Durante uma partida de futebol, os jogadores executam diferentes atividades. Foi
observado que jogador profissional tem cerca de 1000 pequenos períodos de exercícios
durante o jogo. Geralmente, menos de 2% da distância total percorrida por jogadores
profissionais de futebol é com a posse de bola. A grande maioria das ações é realizada sem
bola, como correr para obter a posse da bola apoiar colegas do time e marcar jogadores
adversários, entre outras. A distância percorrida em velocidade máxima também diminui na
segunda metade do jogo por causa da fadiga e de outros fatores como resultados parciais: se o
time estiver ganhando os atletas não farão tanto esforço quanto se estiverem perdendo.
4.2 Substratos Energéticos
A contração muscular ocorre devido à energia obtida com a quebra de moléculas de
ATP – adenosina trifosfato (WEINECK, 2003).
Existem basicamente três tipos de fontes energéticas: anaeróbia alática, utilizando as
reservas de ATP-PC, onde a creatina-fosfato fornece energia para a ressíntese de ATP
(WEINECK, 2003); anaeróbia lática, quando a intensidade, apesar de alta, não é máxima, o
organismo passa a ressintetizar ATP sem presença de oxigênio, mas utilizando a glicose, e
como explicam Dantas (2003) e Hernandes Júnior (2002), ocorre subseqüente acúmulo de
ácido lático (McARDLE, KATCH e KATCH, 2003); e aeróbia (ressíntese de ATP utilizando
reservas de carboidrato e gorduras, na presença de oxigênio). Existe uma sobreposição da
utilização dos sistemas de energia, os quais, segundo McArdle, Katch e Katch (2003), agem
predominantemente em momentos diferentes durante a atividade física, e estão relacionados à
duração e à intensidade do esforço.
35
36. A classificação do tempo em que predomina cada um dos sistemas citados é bastante
controversa. O sistema anaeróbio alático, por exemplo, segundo Bompa (2004) e Hernandes
Júnior (2002), é utilizado nos 10 primeiros segundos de exercício. Há autores, como Weineck
(2003), que dizem que o tempo em que o ATP-PC é utilizado pelo sistema anaeróbio alático é
de 7 segundos. McArdle, Katch e Katch (2003) afirmam que o tempo de utilização do sistema
anaeróbio alático é de apenas 6 segundos, em esportes que requerem esforços curtos, porém
máximos. Segundo Dantas (2003), Carnaval (1998) e Mesón e Ramos (2001), o sistema ATP-
PC está presente em atividades que façam uso da potência e da velocidade, utilizado em
piques rápidos, saltos, e movimentos onde a velocidade de execução se faz presente
(CARNAVAL, 1998). Hernandes Júnior (2002) afirma que este sistema é utilizado em
exercícios que tenham intensidade de 90% a 100% da capacidade máxima.
No que diz respeito ao sistema de fornecimento de energia anaeróbio alático,
Hernandes Júnior (2002) destaca a participação em esforços com duração entre 10 segundos e
3 minutos. Bompa (2004) coloca que esse sistema (ácido-lático) e o sistema ATP-PC são
utilizados por todos os exercícios pliométricos, ocorrendo a predominância deste último.
Nos esforços aeróbios a ressíntese de ATP pode ser obtida por meio da glicólise
aeróbia, havendo consumo das reservas de glicogênio ou oxidação das gorduras
(HERNANDES JÚNIOR, 2002). Em casos de esforço prolongado ou situações extremas, as
reservas de proteínas também são fontes de energia do sistema aeróbio (WEINECK, 2003).
Os níveis altos de produção de energia aeróbica no futebol e o turnover pronunciado
de energia anaeróbica durante períodos do jogo estão associados com o consumo de grandes
quantidades de substratos.
O futebol que tem um nível maior de competição tende a ser uma natureza aeróbica
maior do que o nível inferior.
Existem grandes diferenças inter-individuais na produção de energia aeróbica e
anaeróbica durante um jogo em virtude de uma variedade de fatores que influenciam a
intensidade dos exercícios, como a motivação, a capacidade física, as estratégias, a posição
desempenhada no time e as táticas.
36
37. Os estoques de fosfocreatina nas células musculares do tipo II fornecem a maior parte
das mudanças na intensidade do exercício que está sendo realizado. Conseqüentemente,
quando esses exercícios são realizados com pequeno intervalo de tempo entre eles, os
estoques de fosfocreatina serão depletados e não haverá energia necessária para os exercícios
seguintes.
A ressíntese de fosfocreatina depende da disponibilidade de oxigênio durante a
recuperação. Por isso é lógico supor que indivíduos com um VO2 alto terão maior capacidade
de fornecimento de oxigênio para os músculos que estão se exercitando e, assim, terão maior
refosfoliração dos estoques de fosfocreatina durante o período de recuperação do exercício.
Teoricamente isso significa um potencial de melhor desempenho em atividades intermitentes
nos indivíduos com um Vo2 alto.
Durante o exercício extenuante, os carboidratos e lipídios, são substratos relevantes
para o metabolismo oxidativo no músculo esquelético. Há uma mistura de utilização de
carboidrato e lipídio durante o exercício determinado principalmente pela intensidade e
duração dos exercícios, embora fatores como dieta, condicionalmente físico e condições
ambientais também possam influenciar na escolha do substrato para o exercício.
O fígado libera glicose suficiente para manter e até mesmo elevar a glicose sangüínea
durante um jogo. Por isso, os estoques de glicogênio tanto muscular quanto hepático são
importantes para o desempenho no futebol, em especial na segunda metade do jogo. A grande
utilização de glicogênio muscular durante o jogo. Como exemplo pode citar um estudo com
jogadores finlandeses no qual se mediu o glicogênio do quadríceps antes do jogo.
(84mmol/kg-1) no intervalo (63mmol/kg-1) e ao termino (43mmol/kg-1). O que se observou
foi que os estoques de glicogênio nem sempre são totalmente depletados durante os jogos. O
turnover total de glicogênio é provavelmente alto, já que a ressíntese de glicogênio pode
ocorrer durante períodos de descanso e de atividades de baixa intensidade durante o jogo.
O principal substrato lipídico são os ácidos graxos livres, mobilizados das reservas do
tecido adiposo e os triglicérides dos músculos, com menos contribuição dos plasmáticos. A
utilização e a mobilização de ácidos graxos livres são maiores durante exercícios de
intensidade baixa e moderada. Quando o exercício é prolongado, a lipólise é estimulada em
intensidades altas e durante os primeiros estágios do exercício, e os ácidos graxos livres
37
38. plasmáticos estarão com sua disponibilidade limitada.
Foi observado também que a concentração de ácido graxo livre no sangue aumenta
durante uma partida de futebol e mais ainda durante a segunda metade do jogo. A captação de
ácido graxo livre e a quantidade de gordura oxidada durante um jogo de futebol não podem
ser determinadas por concentração sanguíneas de ácidos graxos livres e concentrações de
glicerol.
O papel da proteína no futebol ainda não está claro. Estudos com exercícios contínuos
com o mesmo trabalho e duração do futebol demonstraram que a oxidação de proteínas pode
contribuir com menos de 10% da produção total de energia. Assim sendo, parece que
exercícios prolongados de intensidade moderada, os aminoácidos servem como fonte auxiliar
de combustível. Além disso, a oxidação de aminoácidos é inversamente proporcional à
disponibilidade de glicogênio muscular.
Assim, levando-se em consideração que o futebol é uma atividade com características
intermitentes, o desenvolvimento harmônico entre os metabolismos aeróbicos e anaeróbicos é
um dos fatores mais importantes a ser atingidos pelos jogadores de futebol. (BARROS, 2004/
FOSS 2000).
5. Produção de acidose no futebol
Por se tratar de uma atividade física intermitente realizada por meio de exercícios de
intensidades variadas, o futebol apresenta um componente lático importante durante o jogo,
porém, de difícil aferição.
A medição de lactato no sangue tem sido um parâmetro metabólico freqüentemente
utilizado para quantificar a intensidade de esforço realizado pelo atleta durante treinamentos e
competições em diversas modalidades esportivas.
Existem vários relatos sobre a detecção do lactato sanguíneo em futebolistas ao final
do primeiro e do segundo tempos de um jogo de futebol. Contudo, observa-se que a flutuação
38
39. desse metabólico é muito grande ao final dos intervalos da partida, portanto, deixando dúvida
e nem sempre refletindo de maneira exata a participação do metabolismo anaeróbio lático
nessa modalidade esportiva.
Apesar da dificuldade, o resultado verificado, se bem interpretado, pode trazer
informações importantes na orientação do tipo de treinamento e planejamento da dieta a ser
seguida pelo atleta. Em vários estudos os valores de lactato sanguíneo verificados em
jogadores de futebol, ao final dos intervalos, foram indicativos de solicitação apenas
moderada da via metabólica lática.
Entretanto, entendemos que a informação mais importante proveniente da
concentração de lactato sanguíneo, medida ao final dos intervalos de uma partida de futebol, é
a possibilidade de estimar quanto o atleta solicitou a via metabólica para a produção de
energia tendo como marcador o lactato no sangue. Além disso, é possível direcionar
objetivamente o treinamento do futebolista para corrigir possível deficiência proveniente
dessa via metabólica.
O futebol é uma modalidade esportiva complexa e a sua demanda fisiológica é
multifatorial com variações marcantes durante o jogo. Portanto, diversos fatores podem
determinar uma menor ou maior sobrecarga fisiológica sobre o organismo do futebolista,
durante o transcorrer e ao final de uma partida de futebol. Dentre elas, podemos citar: 1) o
nível técnico dos jogadores; 2) o grau de aptidão física dos atletas; 3) a orientação tática do
time (marcação individual, de zona ou mista); 4) as condições climáticas; 5) a motivação dos
futebolistas; 6) o estilo de jogo; 7) o grau de envolvimento na partida; 8) a característica física
do futebolista; 9) as condições nutricionais; 10) as divisões de categorias, nas quais eles são
classificados (1a, 2a e 3a), entre outras, são fatores que podem explicar as diferenças
observadas entre as equipes e o desempenho atlético de seus jogadores.
Uma das possibilidades que pode ser utilizada para examinar e quantificar a demanda
de esforço realizada pelo futebolista é a verificação da concentração de lactato no sangue.
Sabe-se que o aumento na concentração de lactato no sangue é estimulado pela repetição de
exercícios realizados em alta intensidade. Contudo, a questão é saber quanto de energia é
liberada pela via da glicólise anaeróbia para a formação de lactato em jogadores, durante uma
partida de futebol.
39
40. A concentração de lactato no sangue tem sido freqüentemente utilizada como
indicador da produção de energia anaeróbia lática em futebolistas, sendo que a maioria dos
estudos tem obtido amostras de lactato sanguíneo ao final do primeiro e do segundo tempo
das partidas.
Na experiência de Bangsbo, tem sido observado em futebolistas de elite valores de
concentração que oscilam entre 3 mM e 9 mM, durante uma partida de futebol. Entretanto,
tem sido encontrado, com freqüência, jogadores que excedem os 10 mM. Agnevik, citado por
Bangsbo, verificou, em jogadores suecos da primeira divisão, concentração média ao final do
jogo de 10 mM.
Ao contrário, Smaros encontrou, ao final do primeiro e do segundo tempos de um jogo
de futebol, em jogadores filandeses da segunda divisão, valores de lactato de 4,9 mM e 4,1
mM, respectivamente. Mais tarde, em uma longa investigação, Ekblom2 avaliou jogadores
suecos de quatro divisões. As concentrações verificadas em futebolistas da primeira divisão
após o primeiro e o segundo tempos das partidas foram de 9,5 mM e 7,2 mM,
respectivamente. Ao contrário, nas divisões menores, ele verificou que a concentração de
lactato era mais baixa à medida que o nível de categoria das divisões diminuía.
Portanto, em jogadores da 2a divisão, ele verificou valores de 8 mM e 6,6 mM; na 3a
divisão, ele encontrou valores de 5,5 mM e 4,2 mM e na 4ª divisão, valores de 4 mM e 3,9
mM, respectivamente. Posteriormente, Gerisch et al.3 verificaram, em jogadores amadores
alemães, concentrações ao redor de 4 mM a 6 mM após o término dos dois tempos da partida.
Resultados semelhantes foram encontrados por Rhode & Espersen4 em jogadores
dinamarqueses de elite, que verificaram valores de 5,1 mM e 3,9 mM e por Smith et al.5, em
colegiais ingleses, que encontraram valor de 5,2 mM.
Contudo, ao agruparmos todos os jogadores de futebol sem levar em consideração a
posição adotada durante a partida, a diferença na média do lactato verificada, ao longo de 17
jogos, foi de 7,1 mM e 5,7 mM, (p < 0,05), ao final do primeiro e do segundo tempos das
partidas, respectivamente.
40
41. Portanto, parece que a característica do movimento realizado pelos jogadores de
futebol nas posições de lateral (ala) e atacante demonstram tendência para estimularem com
maior ênfase a via metabólica lática quando comparado aos meio-campistas.
Contudo, podemos constatar, de maneira subjetiva, que o nível qualitativo dos
adversários, o ritmo da partida e a importância do jogo foram fatores que exerceram grande
influência nos valores de lactato verificados ao final dos dois intervalos de tempo das partidas.
Apesar dos valores observados não serem considerados tão elevados e, portanto, de uma
solicitação aparentemente não tão intensa pelo metabolismo lático, é importante salientar que
a capacidade aeróbia dos jogadores, principalmente dos laterais e meio-campistas, era
elevada. Vários autores têm demonstrado que a via aeróbia bem desenvolvida aumenta a
eficiência na remoção do ácido lático sanguíneo, nos momentos de repouso ativo e/ou
diminuição na intensidade do exercício, atenuando o acúmulo de lactato no músculo.
Essa evidência foi comprovada por diversos pesquisadores, que verificaram maior
potencial oxidativo e número de capilares dentro do músculo, após treinamento aeróbio. Do
ponto de vista prático, o estudo nos permite acreditar que aqueles jogadores que mais
precisam desenvolver, durante a fase competitiva, a sua via metabólica lática e, portanto,
aprimorando a capacidade anaeróbia, devem fazê-lo de modo específico às solicitações
exigidas durante a partida, pois, só assim, poderão tolerar níveis de acidose metabólica e
produzir energia compatível com a demanda fisiológica do jogo. Outro aspecto que tem sido
considerado um fator limitante de estímulo para acionar a via metabólica lática é a freqüência
e a duração da intensidade do exercício para estimular o aumento do lactato no sangue.
Boobis observou que a concentração de lactato no músculo aumentou aproximadamente 10
mM, durante um exercício com duração de 6 segundos, realizado em alta intensidade, porém,
a concentração verificada no sangue atingiu somente 1,8 mM e não excedeu 5 mM, após
período de recuperação ativa. Alguns pesquisadores acreditam que a baixa acumulação de
lactato no sangue é provavelmente causada por limitada liberação e um grande espaço de
difusão dentro do músculo.
Na opinião de outros pesquisadores, a produção de lactato no músculo subestima os
níveis verificados no sangue em exercício de intensidade submáxima e máxima,
respectivamente.
41
42. O futebol tem um componente anaeróbio lático importante, entretanto, quantificá-lo
com precisão não é uma tarefa fácil, pois vários são os fatores determinantes. Acredita-se que
a produção de lactato é muito elevada em certos momentos da partida de acordo com o
envolvimento do futebolista e, pelo fato de não haver a possibilidade de interromper o jogo
para fazer a coleta, a concentração ao final do primeiro e do segundo tempos das partidas
pode não representar em sua totalidade a real concentração produzida pelo atleta.
Contudo, é importante salientar, que a produção de energia anaeróbia é extremamente
importante, pois fornece a condição metabólica ao futebolista necessária para compensar os
exercícios realizados de modo intenso durante o jogo. O futebol contemporâneo exige uma
participação mais rápida e volumosa de atividades realizadas em alta intensidade pelos
futebolistas; conseqüentemente, há o envolvimento mais acentuado do metabolismo anaeróbio
lático em fornecer energia para esses momentos. Em algumas posições, pela exigência tática e
determinação que o futebolista precisa exercer, é necessário repetir inúmeras vezes
movimentos específicos em diferentes distâncias em alta intensidade e, conseqüentemente
exigindo do atleta uma boa tolerância à acidose metabólica durante a partida.
Como citado anteriormente, os nossos resultados foram semelhantes aos de outros
pesquisadores, todavia a estratégia tática determinada pelo técnico ao jogador em realizar uma
determinada função e o seu nível de condição física são alguns dos fatores que devem ser
considerados e podem interferir no desempenho físico do futebolista e, conseqüentemente
sobre sua resposta fisiológica no jogo. Portanto, o lactato pode ser utilizado como sinalizador
da solicitação e eficiência dessa via metabólica para produção de energia anaeróbia lática
durante a partida.
Em nosso estudo, diversos futebolistas foram analisados mais de uma vez, em alguns
casos, determinados jogadores foram avaliados até três vezes, em jogos diferentes ao longo da
pesquisa. É importante a avaliação repetida de um grande número de jogadores em diferentes
posições, pois só assim é possível verificar a variabilidade individual de empenho dos
futebolistas durante as partidas. Para ilustrar o aspecto abordado acima, em nosso estudo, um
futebolista lateral acostumado a atacar o adversário em constante velocidade e voltando
rapidamente para a zona de defesa, portanto, solicitando muito a via lática, ao final do
segundo tempo de partida, o seu lactato foi de apenas 2,4 mM. Esse atleta fez um primeiro
tempo com grande desenvoltura, mas, na segunda etapa, andou em campo. Portanto, nesse
42
43. exemplo, a sua via lática não foi eficiente, ou seja, a glicólise anaeróbia não funcionou
adequadamente no suprimento de energia para esforços repetitivos de alta intensidade.
É importante salientar que foi a primeira partida do campeonato, com uma pré-
temporada que durou apenas 16 dias, tempo considerado exigido e não suficiente para nossos
atletas se adaptarem às exigências físicas específicas do futebol. É necessário preparar o atleta
para as funções específicas que lhe vão ser definidas dentro da equipe. Portanto, nesse
exemplo, acreditamos que essa via metabólica não teve tempo de ser aprimorada. Nesse
mesmo atleta, após a quarta rodada do campeonato, o lactato, ao final do segundo tempo de
partida, apresentou valor de 8,2 mM, indicando uma participação mais eficiente do
metabolismo anaeróbio lático. Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a
alimentação. O pouco tempo disponível para treinamento específico e a provável diminuição
dos depósitos de glicogênio muscular, no citado atleta, foram ás razões prováveis que
determinaram o seu péssimo rendimento físico no segundo tempo da partida.
Portanto, outro aspecto de suma importância é a valorização do profissional
especializado em nutrição esportiva, no controle da dieta em jogadores de futebol. Pois só
assim, com orientação específica dessa área, teremos a garantia de que eles terão os depósitos
musculares carregados de combustível (glicogênio muscular) apropriados para produzir
energia durante uma partida de futebol.
Apesar das controvérsias e dificuldades apresentadas para coleta do lactato sanguíneo,
em jogadores de futebol, os resultados, se bem interpretados e associados às observações da
comissão técnica sobre o desempenho físico do futebolista durante a partida, como: 1) o grau
de movimentação; 2) a recuperação rápida e 3) uma disposição constante, são aspectos
subjetivos que, relacionados à produção de lactato sanguíneo na partida, podem ser de grande
importância para aprimorar e direcionar o treinamento dos atletas em busca de uma maior
eficiência da via metabólica lática e conseqüentemente um melhor desempenho físico durante
os jogos. Portanto, uma atividade glicolítica reduzida e a diminuição da concentração de
glicogênio muscular, motivados por pouco treinamento específico e/ou uma dieta deficiente,
são evidências primárias que podem explicar, em parte, porque o lactato sanguíneo, no
segundo tempo, tem sido freqüentemente mais baixo quando comparado ao primeiro tempo
de uma partida de futebol. Pois se sabe que a diminuição desses elementos resulta na menor
capacidade do futebolista para realizar atividade de alta intensidade.
43
44. O ácido lático é um ácido propanóico substituído que em níveis de repouso encontra-
se em 9,0 mg.100 mL-1 (Ucko, 1992) e que é produzido em quantidades diretamente
crescentes à intensidade do esforço físico (Brooks e Gaesser, 1980; Maughan et al, 2000). A
dinâmica das adaptações ao treinamento refletidas nas concentrações de lactato sangüíneo
parecem estar relacionadas diretamente as adaptações metabólicas e iônicas do músculo
esquelético (Harmer et al, 2000).
Medidas das concentrações de lactato sanguíneo, conforme Brooks (1991), Coen et al
(2001) e Wilmore e Costill (2001), são métodos indicados para a monitoração das alterações
fisiológicas ao treinamento; observam que à medida que o atleta melhora o seu
condicionamento há uma menor concentração de lactato sangüíneo para uma mesma
intensidade de trabalho. Nesse caso os valores mais baixos de lactato foram registrados
justamente no momento em que os atletas apresentaram seus melhores resultados, quando
normalmente apresentam seu melhor nível de condicionamento físico.
Bangsboo et al (1991) consideram que o lactato pode se tornar um indicador limitado
da atividade desenvolvida pelo futebolista, sobretudo pela característica das ações motoras
que antecederam a coleta sangüínea, embora concordem que o lactato é um preditor confiável
do tipo de atividade e que guarda uma correlação significativa com a intensidade do esforço.
Ekblom (1986) encontrou valores médios de lactato sangüíneo entre 7 a 8 mmol.L-1, sendo
que valores máximos individuais podem atingir 10 mmol.L-1 conforme Bangsboo (1994).
Observa-se que durante o jogo, altos níveis de lactato são produzidos pelas células
musculares, mas como grande parte da atividade motora é de intensidade sub-máxima,
verifica-se um efeito semelhante ao da recuperação ativa continuamente o que favorece a
remoção dos valores acumulados (Reilly, 1997). Atletas ingleses de alto rendimento
apresentaram valores de lactato de 5,37 ± 1,15 mmol.L-1 no primeiro tempo de jogo e 4,74 ±
1,25 mmol.L-1 no segundo tempo (Thatcher e Batterham, 2004). Ekblom (1986) encontrou
concentrações de lactato em 9,5 mmol.L-1 no final do primeiro tempo e 7,2 mmol.L-1 no
final do segundo tempo. Valores normais para a atividade competitiva do futebol situada entre
4 e 6 mmol.L-1 são sugeridos por Shephard (1999). Alguns estudos demonstraram baixas
concentrações de lactato após a atividade competitiva, a qual pode estar associada a: elevada
capacidade aeróbia, que pode inibir a via glicolítica (a); insuficiência de atividade de alta
44
45. intensidade sem adequada estimulação da via metabólica lática (b); baixa concentração de
glicogênio muscular, reduzindo a capacidade do atleta desenvolver esforços intensos(c).
Jogadores brasileiros que apresentaram uma velocidade de limiar anaeróbio de 16,1 ±
1,6 km.h-1 em testes de corrida tiveram suas concentrações de lactato observadas em três
situações: logo após a fase de aquecimento anterior ao jogo, logo após o término do primeiro
tempo e logo após o final do jogo, sendo os valores respectivamente: 1,58 ± 0,37 mmol.L-1
com variação entre 1,3 a 2,3 mmol.L-1, 4,50 ± 0,42 mmol.L-1 com variação entre 3,9 a 5,0
mmol.L-1 e 3,46 ± 1,54 mmol.L-1 com variação entre 2,6 a 6,6 mmol.L-1 (Ananias et al,
1998). Embora os valores médios tenham sido maiores após o primeiro tempo, uma
distribuição mais heterogênea foi observada após o segundo tempo, sugerindo que tais
resultados não devem ser analisados de forma simplória. Smith et al (1997) observaram após
o exercício intenso, alterações funcionais em células sangüíneas vermelhas, sobretudo em seu
volume, densidade e controle osmótico, induzido pela elevação nos níveis plasmáticos de
lactato.
Bosquet et al (2001) investigaram as concentrações de lactato sangüíneo em atletas
submetidos ao overtraining e concluíram que os valores são significativamente diferentes
nesta situação, possivelmente em função de uma diminuição na produção do lactato pelo
músculo, apresentando obviamente uma diminuição na eficiência das vias metabólicas
anaeróbias, fundamentais a prática competitiva, alto rendimento, conforme verificado por
Drust et al (2000).
Bianchi et al (1999) sugeriram a presença de hipoxantina como um preditor confiável
da utilização de substratos energéticos após o esforço, correlacionando a concentração
plasmática de hipoxantina com quantidades elevadas de ácido úrico, xantina e enzimas
específicas. Bangsboo (1994) verificou após a atividade competitiva do futebol uma alta
concentração de hipoxantina e ácido úrico plasmático.
Recentemente Filaire, Lac e Pequignot (2003) observaram que os níveis de fatores
imunológicos IgA, IgG, IgM e os parâmetros hematológicos permanecem inalterados durante
todo o período competitivo em futebolistas profissionais; por outro lado, nas fases que
envolveram programas de treinamento intensos, aumentos significativos nas concentrações de
cortisol e ácido úrico foram observados. Neste mesmo estudo os autores verificaram que as
45
46. quedas no desempenho coincidiam com mudanças no estado de humor.
6. Os benefícios do treinamento anaeróbico
Este é o sistema de energia imediata do corpo. Predomina em esforços explosivos, ou
seja, movimentos que necessitam de rapidez e força, como interceptar uma bola de futebol
que venha na direção da pessoa velozmente ou correr intensamente por poucos metros para
tomar um ônibus. O sistema anaeróbio alático é caracterizado pelo ATP ( Adenosina
Trifosfato) e CP (Creatina Fosfato). O ATP é a forma imediata disponível de energia
necessária para a contração muscular e ação motora. É usado para todos os processos que
requerem energia nas células do corpo (Brooks, 1998). De acordo com Dantas (1998), é a
maior quantidade de creatina fosfato estocada na célula que permite que o sistema anaeróbico
alático tenha uma duração um pouco mais longa. Segundo Fox et al(1989), o restabelecimento
destas ligações, ou seja, o tempo que o sistema ATP/CP necessita para se recompor é de 3 a 5
minutos.
Apesar do sistema ATP/CP fornecer grandes quantidades de energia em um curto
espaço de tempo, seu esgotamento se dá no 8o / 10o segundo( intensidade muito alta) ou 15o /
20o segundo (intensidade moderada) (Mathews e Fox, 1986).
Portanto, para que um esforço de alta intensidade possa ser mantido por mais tempo,
como em um sprint, o corpo disponibiliza outro mecanismo para a obtenção de energia, a
Glicólise Anaeróbia. Desta forma, como menciona Brooks (1998) e Mathews e Fox (1986), a
energia necessária para reconstruir ATP/CP vem principalmente da Glicose e Glicogênio,
sendo este último desintegrado quimicamente, através de uma série de reações, tendo como
conseqüência a produção de Ácido Lático, o que limita este sistema de obtenção de energia.
Segundo Brooks (1998), o tempo para a fadiga na Glicólise Anaeróbia é de 1 a 3 minutos. De
acordo com Fox et al (1989), a ressíntese do glicogênio muscular, principal compontente
energético deste sistema, requer um período de 5 a 24 horas de descanso, de acordo com a
intensidade da atividade.
A chave para um melhor desempenho do atleta está em quão rápido o ATP possa ser
ressintetizado. Quanto mais rápido for ressintetizado, mais rápido o músculo pode contrair,
portanto, mais rápido ou veloz é o atleta de futebol.
A proporção dos sistemas de energia utilizada a um nível de esforço específico é
afetada pelo treinamento.
46
47. É possível treinar os sistemas aeróbio e anaeróbio de forma que o corpo aumenta/diminui
o uso de um versus o outro em certas situações (fases do treinamento). Porém, os dois
sistemas devem estar equilibrados antes das principais competições. Um equilíbrio
diferente freqüentemente é desejável durante as diferentes fases do ciclo do treinamento.
O equilíbrio adequado é determinado pela experiência do técnico e pelos testes de lactato.
O teste do lactato dirá ao técnico quão desenvolvido cada sistema se encontra. O sistema
anaeróbio influi na utilização do sistema aeróbio.
Conforme Weineck(2004) o treinamento anaeróbico proporciona:
− O condicionamento especifico das características de desempenho muscular do jogo de
futebol (especialmente pernas). Assim, asseguram-se energeticamente os padrões de
movimento típicos do jogo (mudanças de direção, acelerações, chutes a gol, dribles,
etc.)
− Boa assimilação das sobrecargas intermitentes e repetitivas de corrida, acelerações e
saltos, dribles em velocidade, chutes e cabeçadas rápidas.
− Melhor capacidade de resistir ás mudanças de velocidade e poder acompanhar o alto
ritmo de jogo.
- Capacidade de realizar acelerações, saltos, dribles e chutes com ritmo máximo e de
forma bastante dinâmica, o jogo todo.
47
48. III ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
O futebol é uma modalidade esportiva intermitente, com constantes mudanças de
intensidade e atividades. A imprevisibilidade dos acontecimentos e ações durante uma partida
exige que o atleta esteja preparado para reagir aos mais diferentes estímulos, da maneira mais
eficiente possível. A maioria das atividades relacionadas com o futebol é de intensidade
submáxima.
De acordo com os autores (GODIK, 1996; WEINECK, 2000) resistência anaeróbia do
jogador de futebol, também denominado de sprint, baseia-se na alta capacidade anaeróbia
alática. Esta é a capacidade do jogador, realizar durante o jogo acelerações explosivas e saltos,
dribles com alto ritmo, mudanças de direção, fintas inesperadas além de chutes e cabeçadas
potentes que duram em média de 2 a 3 segundos. Ressalta-se aqui, que uma boa resistência
aeróbia, representa uma base para alta resistência anaeróbia.
Sabemos também que a contração muscular ocorre devido à energia obtida com a
quebra de moléculas de ATP – adenosina trifosfato (WEINECK, 2003) e que existem
basicamente três tipos de fontes energéticas: anaeróbia alática, utilizando as reservas de ATP-
PC, onde a creatina-fosfato fornece energia para a ressíntese de ATP (WEINECK, 2003);
anaeróbia lática, quando a intensidade, apesar de alta, não é máxima, o organismo passa a
ressintetizar ATP sem presença de oxigênio, mas utilizando a glicose, e como explicam
Dantas (2003) e Hernandes Júnior (2002), ocorre subseqüente acúmulo de ácido lático
(McARDLE, KATCH e KATCH, 2003); e aeróbia (ressíntese de ATP utilizando reservas de
carboidrato e gorduras, na presença de oxigênio). Existe uma sobreposição da utilização dos
sistemas de energia, os quais, segundo McArdle, Katch e Katch (2003), agem
48
49. predominantemente em momentos diferentes durante a atividade física, e estão relacionados à
duração e à intensidade do esforço.
A classificação do tempo em que predomina cada um dos sistemas citados é bastante
controversa. O sistema anaeróbio alático, por exemplo, segundo Bompa (2004) e Hernandes
Júnior (2002), é utilizado nos 10 primeiros segundos de exercício. Há autores, como Weineck
(2003), que dizem que o tempo em que o ATP-PC é utilizado pelo sistema anaeróbio alático é
de 7 segundos. McArdle, Katch e Katch (2003) afirmam que o tempo de utilização do sistema
anaeróbio alático é de apenas 6 segundos, em esportes que requerem esforços curtos, porém
máximos. Segundo Dantas (2003), Carnaval (1998) e Mesón e Ramos (2001), o sistema ATP-
PC está presente em atividades que façam uso da potência e da velocidade, utilizado em
piques rápidos, saltos, e movimentos onde a velocidade de execução se faz presente
(CARNAVAL, 1998). Hernandes Júnior (2002) afirma que este sistema é utilizado em
exercícios que tenham intensidade de 90% a 100% da capacidade máxima.
No que diz respeito ao sistema de fornecimento de energia anaeróbio alático,
Hernandes Júnior (2002) destaca a participação em esforços com duração entre 10 segundos e
3 minutos. Bompa (2004) coloca que esse sistema (ácido-lático) e o sistema ATP-PC são
utilizados por todos os exercícios pliométricos, ocorrendo a predominância deste último.
No futebol a tendência é trabalhar com programas gerais que envolvam grandes
grupamentos musculares. Um trabalho realizado no centro de treinamento do Esporte Clube
São Paulo com atletas jovens submetidos a quatro sessões semanais de musculação com
cargas de aproximadamente 75% da carga máxima, mostrou aumento em até 10% da
quantidade de massa muscular.
Para alguns profissionais a velocidade talvez seja a variável mais importante para o
atleta de futebol. Uma observação prática nos permite dizer que nos últimos tempos tem sido
dada grande importância para o treinamento de força e velocidade. Pelo fato de a hipertrofia
muscular em excesso poder atrapalhar o desenvolvimento das habilidades específicas parece
haver um certo preconceito com relação aos trabalhos com pesos, porém, a literatura científica
mostra que esses treinamentos podem ser utilizados como meios preventivos de lesão.
Segundo Grosser (1992, p.72), considerando que a velocidade, não é uma capacidade
49
50. “pura” da condição física, isso a torna menos decisiva para treinamento. Dessa forma a
literatura tem considerado as capacidades físicas básicas força e resistência num nível
diferente do nível da capacidade de velocidade, sendo que está capacidade depende da força e
da coordenação (GRECO, 1998,p.52).
No futebol, assim como em mais de 90% dos esportes, a velocidade é um fator
preponderante para o êxito de uma grande jogada. Onde deve receber atenção especial durante
os treinamentos, pois os jogadores de futebol que não possuem essa capacidade evidenciada
estão encaminhados ao fracasso neste esporte. Pois a velocidade está presente em
praticamente todos os no futebol: pênaltis, antecipação, drible, corrida em direção ao gol, na
tomada de decisões para melhor opção para determinado momento, assim apresentada sua
importância para o futebol (AOKI, 2002, p.65).
As atividades de alta intensidade, no futebol, dependentes do componente metabólico
anaeróbio, executadas de forma satisfatória determinam o resultado do jogo (REILLY, 1997).
Em torno de 8 a 18% dos padrões motores do jogo acontecem em alta velocidade, sendo que à
medida que eleva o nível competitivo aumentam também as movimentações em alta
velocidade (EKBLON, 1986). Corridas curtas em velocidade podem refletir lances típicos de
decisão na prática competitiva do futebol, sendo um importante determinante do sucesso nas
ações do jogo (COMETTI et al , 2001).
A performance de velocidade nos atletas é significativamente favorecida pelo
treinamento de força, 1 a 2 sessões semanais, além de diminuir o número de lesões dos
membros inferiores (ASKLING et al, 2003).
A força do jogador de futebol segundo Weineck, define-se como sendo precisa de
“força” que inclua tanto o seu aspecto físico quanto se aspecto psíquico é muito difícil, em
comparação a sua definição puramente física, pois isso se refere ao fato de que os tipos e as
características de força, de trabalho muscular e de tensão muscular, além de inúmeros outros,
são muito influenciados para uma série de fatores. Uma definição de força só será dada,
portanto, em conjunto com as formas de força relevantes ao desempenho no jogo de futebol.
Conforme Wisloff et al (1998) altos níveis de força muscular nos membros inferiores
50