Na atualidade, o Estado da Bahia se caracteriza pela existência de gigantescos desequilíbrios de natureza social e de desenvolvimento regional que estão a exigir mudanças estruturais profundas que contribuam para: 1) a desconcentração econômica do Estado da Bahia; 2) a superação do atraso econômico secular do semiárido; e, 3) a drástica redução da pobreza de sua população.Todas essas ações só serão exitosas se for realizada uma profunda reforma da máquina administrativa do governo com a descentralização administrativa do Estado da Bahia através da criação de estruturas regionais que possibilite a integração das ações dos governos federal, estadual e municipal na promoção do desenvolvimento de cada região da Bahia.
AS REVOLUÇÕES SOCIAIS, SEUS FATORES DESENCADEADORES E O BRASIL ATUAL
Mudanças estruturais e de gestão exigidas para a bahia
1. MUDANÇAS ESTRUTURAIS E DE GESTÃO EXIGIDAS PARA A BAHIA
Fernando Alcoforado*
Na atualidade, o Estado da Bahia se caracteriza pela existência de gigantescos
desequilíbrios de natureza social e de desenvolvimento regional que estão a exigir
mudanças estruturais profundas que contribuam para: 1) a desconcentração econômica
do Estado da Bahia; 2) a superação do atraso econômico secular do semiárido; e, 3) a
drástica redução da pobreza de sua população.
A Região Metropolitana de Salvador, que concentra atualmente 70% da indústria de
transformação da Bahia e é responsável por 35 a 40% do PIB estadual, possui enorme
capacidade de atrair investimentos pelo fato de ser detentora de imensas vantagens
comparativas em relação às demais regiões da Bahia. A desconcentração econômica do
Estado da Bahia pode ser viabilizada com a descentralização administrativa do governo
do Estado através da criação de estruturas regionais que articulem as ações dos
governos federal, estadual e municipal em suas diversas regiões.
Em cada região seria adotado o modelo de desenvolvimento endógeno que enfatiza a
necessidade de a sociedade regional liderar e conduzir o seu próprio desenvolvimento
regional, condicionando-o à mobilização dos fatores produtivos disponíveis em sua área
e ao seu potencial endógeno contando com o apoio do governo do Estado da Bahia e a
efetiva participação do setor privado e da Sociedade Civil organizada. A contribuição
do modelo de desenvolvimento endógeno consiste em identificar em cada região suas
potencialidades econômicas e quais fatores de produção são atualmente decisivos ao
processo de desenvolvimento. O modelo de desenvolvimento endógeno fortalece a auto-organização
social e estimula a prática de soluções colaborativas para problemas
comuns.
O atraso econômico do semiárido da Bahia é secular. O diagnóstico econômico do
Semiárido da Bahia indica que essa região se caracteriza por possuir uma agropecuária
de baixa produtividade, uma indústria incipiente e atividades ligadas ao comércio e
serviços pouco desenvolvidas em comparação com as regiões mais dinâmicas da Bahia,
especialmente a RMS, o Oeste e o Extremo Sul. A superação do atraso econômico
secular do semiárido deveria ser uma das prioridades do governo do Estado. Um dos
principais problemas do Semiárido é o déficit hídrico que exige do governo do Estado
da Bahia para sua solução a elaboração e implementação de plano de interligação de
bacias, captação de água subterrânea, construção de açudes e sistemas de distribuição de
água.
O Estado da Bahia é a unidade federativa do Brasil que apresenta o maior número de
pobres do país. A ação do governo do Estado da Bahia no combate à pobreza deveria
estar centrada no esforço que contribua para a expansão dos setores produtivos de cada
região da Bahia, bem como na realização de investimentos públicos na infraestrutura de
energia, transporte, comunicações, educação, saúde, habitação e saneamento básico do
qual resulte a elevação do nível de emprego e renda em todas as regiões da Bahia. É um
grande equívoco combater a pobreza distribuindo bolsa família a granel.
Todas essas ações só serão exitosas se for realizada uma profunda reforma da máquina
administrativa do governo com a descentralização administrativa do Estado da Bahia
através da criação de estruturas regionais que possibilite a integração das ações dos
1
2. governos federal, estadual e municipal na promoção do desenvolvimento de cada região
da Bahia.
*Fernando Alcoforado, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional
pela Universidade de Barcelona, é professor universitário e consultor.
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