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Design de Ambientes
Cenografia
2011/2012 – 3º Ano – 5º Semestre
Docente:
Henrique Ralheta
Discente:
Deise Costa – 3080085
Janeiro/2012
D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 2
Introdução:
O presente trabalho foi realizado no âmbito da unidade curricular de Cenografia do curso de
Design de Ambientes do 3º ano 2011/2012 do Instituto Politécnico de Leiria – Escola
Superior de Artes e Design, por Deise Costa nº 3080085 tendo por objetivo desenvolver uma
investigação pormenorizada acerca do Cenógrafo Português Artur Pinheiro e respectiva
análise de suas obras cenográficas nomeadamente as peças teatrais “Duração de um
Minuto”(Clara Andermatt e Marco Martins), “Num dia Igual aos Outros”(Marco Martins) e
“Maior” (Clara Andermatt/ Companhia Maior), bem como todo desenvolvimento inerente a
execução de seus projetos cenográficos e toda a sua envolvência.
Além da pesquisa pela internet, foi realizada com o próprio Cenógrafo uma entrevista com
cerca de 24 perguntas abertas, que o permitiu responder explicativamente o processo que
envolve seu trabalho como cenógrafo. Alem disso, o cenógrafo compartilhou parte da sua
experiência, cedendo algumas informações preciosas que de outra forma seria quase
impossível de obtê-las, visto que há escassez de informação acerca do mesmo seja em livros
seja na web. O percurso e trabalhos desenvolvidos pelo Cenografo Artur Pinheiro permitiu-
me conhecer as técnicas aplicadas na execução dos seus projetos e pormenores importantes
que envolvem a criação de sua cenografia.
D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 3
O Cenógrafo Artur Pinheiro nasceu em Lisboa em 1972. Desde miúdo seu hobby era fazer
construções e desenhar casas. Gostava de ser Arquiteto.
Em 1990 concluiu o curso Técnico – Profissional de Artes Gráficas na Escola António
Arroio. Em 1993 Terminou o Bacharelato em realização Plástica do Espetáculo na Escola
Superior de Teatro e Cinema do IPL.
Seu percurso iniciou-se como Designer Gráfico em regime de freelancer. Rapidamente,
segundo o próprio, começou a trabalhar em Teatro, Ópera e Cinema deixando para traz as
Artes Gráficas.
O inicio da carreira de um profissional em qualquer área geralmente não é fácil, e para quem
esta relacionado as Artes muito menos, por isso muitas vezes é preciso estar bastante
acessível a oportunidades que surjam quer seja fora da área quer seja na própria área em
atividades secundárias ou até através de postos de trabalho muito próximos daquilo que se
espera alcançar futuramente, até que surja a oportunidade para se estar onde realmente se
deseja.
No caso do cenógrafo Artur Pinheiro os primeiros anos após a ESTC foram de aprendizagem
prática, começando como Pintor e Carpinteiro, evoluindo para assistente de decoração e
aderecista de Plateau ou aderecista de cena que é o “profissional responsável segundo a
orientação do decorador, cenógrafo ou aderecista chefe pela colocação e remoção de todos
os adereços necessário na cena do produto audiovisual a ser realizado, sendo da sua
responsabilidade reunir e devolver os que hajam sido obtidos por empréstimo ou aluguer,
assegura a vigilância e o emprego dos acessórios e moveis que figuram na decoração”,
segundo a página do Centro Profissional de Setor Áudio Visual (CPAV).
Essa importante experiência adquirida permitiu ao Cenógrafo a sensibilidade para organizar
seu método de trabalho através de imperativos cronológicos, isto é por já conhecer os timings
e materiais das outras funções, por já as terem desempenhado (aderecistas, pintores,
carpinteiro), consegue gerir de maneira bastante otimizada os projetos e vai avançando em
função dos prazos.
D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 4
Uma particularidade do cenógrafo é que o mesmo sente que sob pressão consegue dar mais de
si produzindo melhores trabalhos e obtendo melhores resultados. Sendo assim sua
metodologia normal segue os seguintes parâmetros:
 Leitura /análise do projeto;
 Recolha de referências;
 Estudos/desenhos;
 Maquetas físicas e/ou 3d;
 Desenhos técnicos;
 Produção e Montagem.
No caso do Cenógrafo Artur Pinheiro o Briefing é elemento essencial, pois é a parti dele que
se poderá verificar a ideia central do encenador, o provável sucesso /fracasso da peça, e se é
realmente viável aceitar desenvolver o trabalho/projeto. A análise do Briefing constitui fator
fundamental para decisão de aceitar ou não determinado Projeto. Outro ponto importante para
bastante considerado em seus projetos é a questão da flexibilidade do encenador, a
possibilidade de realizar certas alterações imprescindíveis para um melhor resultado final, isto
é, caso o encenador seja demasiado fechado e nunca considere outras ideias propostas, prefere
abandonar o projeto por divergências inconciliáveis.
Normalmente o Cenógrafo Artur Pinheiro está sempre a desenhar, esboçando ideias que
surjam diariamente. O desenho lhe serve como uma fonte de inspiração fundamental. E é a
partir dos esboços que determina uma idéia, apresenta ao encenador/realizador/Criador e em
seguida faz o 3D, maquetas e outros. O cenógrafo considera que o desenho é a forma mais
límpida da expressão das suas ideias. Segundo Artur Pinheiro: “ o lado artesanal e manual do
desenho, expressão e erro do traço é inigualável”. Os outros recursos como CAD ou software
3D podem( e fazem) fazer parte do projeto, mas num plano mais secundário, o protagonista
aqui é o Desenho Manual.
Porém a informática não deixa de ser um elemento fundamental para qualquer Profissional e
no caso do Cenógrafo tem um papel de importância fundamental quando refere-se a
apresentação do seu trabalho e seu perfil profissional. Nessas ocasiões, o Cenógrafo recorre
ao dossier, criando um Portfolio bem apresentável com qualidade gráfica, apelativo,
descritivo e coerente que defina suas qualidades e capacidades. O portfolio reflete a
identidade do Cenógrafo, por isso ele considera de grande importância sua qualidade gráfica.
D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 5
Em 2001 surgiu o primeiro convite para direção artística de um Telefilme para a SIC “Anjo
Caído” de Jorge Ferreira da Costa. Seguiu-se Decoração de uma Série para a RTP “Sociedade
Anónima” de Jorge Paixão da Costa. Depois destas duas experiências optou pela Direção de
Arte em Filme Publicitário, colaborando estreitamente com Marco Martins e sua Produtora
Ministério dos Filmes durante 3 anos.
A parti de 2004 realizou Direção Artística de Vários Projetos dos quais destaca-se “Alice” e “
Como Desenhar um Circulo Perfeito” ambos de Marcos Martins e “República” uma
minissérie histórica de Jorge Paixão da Costa.
Em Publicidade, criou parcerias com realizadores estrangeiros de renome como Vaughan
Arnell, Ivan Bird, Flora Sigismond e Gerard de Thame.
Nos últimos tempos retornou ao Teatro assinando a Cenografia e Espaço Cénico de alguns
Projetos dos quais destaca-se “ Num dia Igual aos Outros” encenado por Marco Martins e
Duração de um minuto de Clara Andermatte /Marco Martins e “Maior de Clara Andermatt
/Companhia Maior.
“Maior” refere-se a uma proposta em que a experiência, a sabedoria, e a vulnerabilidade de
quem nasceu na primeira metade do Sec. XX são trabalhadas como veículo do belo na relação
dos corpos com os objetos e os sons tendo como suporte dramatúrgicos textos dos próprios
intérpretes.
Em “Maior” as personagens encontram-se fechadas num espaço sem referência, branco,
vazio, com clareza máxima e intemporal: Um espaço despido para que cada ação possa ser
ampliada e pormenorizada de modo que a improvisação dos atores possa dar corpo a peça
teatral.
Quando o entrevistei a Cenografia da Peça Maior estava em execução, fato que impediu ao
cenógrafo tecer comentário mais profundo e falar mais sobre o feedback do seu trabalho,
contudo através das características da idéia e do que se pretedia considero que de forma
bastante, simples e minimalista o Cenógrafo conseguiu reproduzir o espaço ideal para o
desenvolvimento da peça, através de peças lineares, espaços amplos e enfatizando a
monocromia.
D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 6
“Maior “de Clara Andermatt/ Companhia Maior
Para Artur Pinheiro no desenvolvimento de um projeto é importante não ter ideias pré
concebidas, nem estar limitado a experiências anteriores e explorar vários pontos de vista
antes de escolher a idéia chave que deseja seguir.
Atualmente o Cenógrafo Artur Pinheiro trabalha tanto com filmes publicitários quanto com
teatro, áreas estas distintas e que tem um time-frame diferentes, portanto considera importante
2 semanas de antecedência para desenvolvimento de um Projeto Publicitário e 2 meses para
Teatro. Para o Cenógrafo os prazos são de suma importância para realização de um bom
trabalho.
Quando falamos em projetos um dos fatores que me vêem a cabeça é acerca dos recursos
financeiros. Como ter a disponibilidade financeira suficiente para desenvolvimento de um
determinado projeto. Mas para o Cenógrafo Artur Pinheiro esse nunca foi um fator limitador
pois até o presente momento nunca recorreu a patrocinadores, geralmente os trabalhos que
tem vindo a desenvolver já possui verba destinada àquele fim, por isso não domina o assunto
e pouco sabe sobre seu funcionamento (no que diz respeito a patrocinadores). Isto é o dinheiro
nunca foi uma barreira para seus projetos, contudo Para o cenógrafo a questão da
sustentabilidade económica acontece quase que imperceptivelmente pelo fator limitativo das
verbas que dispõe para desenvolvimento de determinados trabalhos, é preciso adaptar o
projeto ao recurso financeiro disponível. Por outro lado, a sustentabilidade ecológica no
âmbito dos filmes publicitários e do teatro são pouco relevantes, porém pessoalmente o
Cenógrafo considera “obsceno o desperdício e luta para que isso não aconteça pelo menos nos
meus projetos” Artur Pinheiro.
D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 7
E o que dizer acerca da envolvência dos atores no trabalho do cenógrafo Artur Pinheiro. Bom
pelo que pude perceber, essa envolvência é pouca e limitada pois durante a evolução do
trabalho, as informações disponibilizadas aos mesmo são de certa forma controladas pelo
encenador. Segundo o Cenógrafo isso acontece pelo fato de as vezes os Criadores gerirem e
controlarem os Atores através da gestão de informação que lhe são passadas. O saber demais
por parte dos atores pode interferir na sua atuação, portanto só quando a intervenção é algo
que interfere na representação ou adereços é que se discute em conjunto, caso contrário os
Atores limitam-se a explorar o espaço após a intervenção do Cenógrafo no período de ensaios
e experimentação e na altura da representação propriamente dita. Sendo a Cenografia um fator
importante que interfere sempre muito diretamente no espetáculo, o Cenógrafo considera
necessário que em aproximadamente uma semana de antecedência os Atores possam testar o
cenário, sendo este o tempo suficiente e normalmente disponível, pois no teatro os prazos são
bastante limitados.
Normalmente o Cenógrafo inicia o trabalho sozinho porém considera importante a
multidisciplinaridade, o que acontece em parceria com os colaboradores necessários a
execução do projeto e em conjunto com outras áreas criativas nomeadamente Iluminação,
Fotografia (Filmes) e Figurinos. No que se refere a materiais, em seus projetos utiliza
usualmente luzes de LED para criar linha de luz, sendo a Madeira é o material principal em
todos os seus projetos. Atualmente os muitos elementos cenográficos não necessariamente
constituem elementos básicos para criação de um bom cenário, é preciso muita habilidade,
versatilidade e uma boa dose de reinvenção. Particularmente interessa-me os cenários
criativos, minimalistas, desconstruídos e ou até reconstruídos aparti de improváveis materiais,
que nos permite imaginar, criar e “entrar” para a Peça numa envolvência bastante pessoal.
No desenvolvimento dos projetos do Cenógrafo não há uma linha pré determinante que se
deva seguir, cada projeto é um projeto, mas o rigor e o serviço devem ser fatores essenciais e
deve se adequar ao fim a que se propõe. A cenografia pode ser simples e funcional, não
interessa ser fabulosa e pouco funcional.
No trabalho do Cenógrafo Artur Pinheiro, a abordagem dos diferentes espaços é uma
condicionante e um fator a gerir, por exemplo na Peça “Num dia Igual aos Outros” o cenário
foi criado para o Teatro D. Maria II e o público iria estar muito próximo, como o encenador
não tencionava repetir o espetáculo noutros teatros, o cenógrafo criou o espaço só a pensar
na envolvência e proximidade do público. Como resultado a sala onde decorre toda a cena
D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 8
estende-se as laterais da plateia e o teto composto por barrotes de madeira que pairam sobre o
espetáculo.
1º Esboço para cenografia da peça
Edição em Photoshop
D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 9
Desenho final da cenografia
Maqueta baseada em Desenhos técnicos
Cenografia Final
D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 10
No recente espetáculo “ Maior” de Clara Andermatt /Companhia Maior o fator determinante
da cenografia é a sua adaptação em diferentes tipos de espaço, seu transporte e montagens,
por isso foi preciso algumas cedências criativas por parte do Cenógrafo, porém o mesmo
considera que conseguiu chegar a uma cenografia equilibrada, porem só a parti de Janeiro é
que poderemos constatar o trabalho final que é quando estreia o espetáculo.
O volume de trabalho do Cenógrafo Artur Pinheiro é em media 2 cenografias por ano, pois
atualmente a função de cenografia é secundaria, sendo a Direção Artistica dos filmes
publicitários a sua função principal contabilizando em media 1 filme a cada 2 semanas, o que
consiste num elevado volume de trabalho/mes.
Mas a futura intenção do Cenógrafo é remeter a Direção Artística para segundo plano e ter a
cenografia sua função principal, o que também considera uma decisão arriscada nos tempos
que se avizinham.
Um outro trabalho de importante relevância é a Peça “Duração de um minuto “de Clara
Andermatt e Marco Martins.
Em “Durações de Um Minuto” a peça reflete sobre a forma como cada minuto é “consumido”
na vida de cada um de nós, como as pessoas tendem a relacionar-se tanto com o tempo quanto
com as memórias e realiza experiencias sobre o tempo e com o tempo. Com um plano de
fundo recheado de caixas de sonos Retrô e algum mobiliário de cor neutra espalhado por um
Espaço Preto permite aos atores de varias faixa etárias a desempenhar seu papel seja a
carregar um elemento do cenário seja a patinar auxiliado por jogos de luzes que remete as
diferenças do tempo.
D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 11
Conclusão:
Após a realização desse trabalho é possível compreender a extrema importância do
Planeamento e da elaboração de métodos e parâmetros organizacionais para desenvolvimento
de um projeto Cenográfico.
O Cenógrafo Artur Pinheiro é um profissional que se dedica por inteiro aquilo que faz. O
resultado dos seus trabalhos é reflexo de uma forma coerente e organizada de se trabalhar a
fim de alcançar o cumprimento das metas pré estabelecidas. Adaptar o projeto ao recurso
financeiro disponível, refletir a ideia do encenador, não é tarefa fácil. O espaço concebido
pelo cenógrafo é de tal forma importante que determina o quanto o público irá ou não
perceber a real mensagem da Peça. Daí a importância de um trabalho equilibrado, em
conjunto com o encenador e que possa permitir que os atores desenvolva seu papel permitindo
e possibilitando a plenitude da percepção do texto pelo público.
D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 12
Referências Web gráficas:
http://web.mac.com/art.pinheiro/Artur_Pinheiro/Artur_Pinheiro.html
em 2011.12.27 as 00:58hs
http://www.cpav.pt/profissoes.html
em 02.01.2012
http://www.teatrosaoluiz.pt/catalogo/detalhes_produto.php?id=204
em 2012.01.03 as 18:00hs
http://www.youtube.com/watch?v=rmJiczNjouA
em 2012.01.03 as 19:43
http://www.youtube.com/watch?v=5vxNFyX5LFI em 2011.12.05 as 19:00hs
http://www.youtube.com/watch?v=NBiWQ2UaP4I
em 2011.12.05 as 17:00hs

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  • 1. Design de Ambientes Cenografia 2011/2012 – 3º Ano – 5º Semestre Docente: Henrique Ralheta Discente: Deise Costa – 3080085 Janeiro/2012
  • 2. D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 2 Introdução: O presente trabalho foi realizado no âmbito da unidade curricular de Cenografia do curso de Design de Ambientes do 3º ano 2011/2012 do Instituto Politécnico de Leiria – Escola Superior de Artes e Design, por Deise Costa nº 3080085 tendo por objetivo desenvolver uma investigação pormenorizada acerca do Cenógrafo Português Artur Pinheiro e respectiva análise de suas obras cenográficas nomeadamente as peças teatrais “Duração de um Minuto”(Clara Andermatt e Marco Martins), “Num dia Igual aos Outros”(Marco Martins) e “Maior” (Clara Andermatt/ Companhia Maior), bem como todo desenvolvimento inerente a execução de seus projetos cenográficos e toda a sua envolvência. Além da pesquisa pela internet, foi realizada com o próprio Cenógrafo uma entrevista com cerca de 24 perguntas abertas, que o permitiu responder explicativamente o processo que envolve seu trabalho como cenógrafo. Alem disso, o cenógrafo compartilhou parte da sua experiência, cedendo algumas informações preciosas que de outra forma seria quase impossível de obtê-las, visto que há escassez de informação acerca do mesmo seja em livros seja na web. O percurso e trabalhos desenvolvidos pelo Cenografo Artur Pinheiro permitiu- me conhecer as técnicas aplicadas na execução dos seus projetos e pormenores importantes que envolvem a criação de sua cenografia.
  • 3. D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 3 O Cenógrafo Artur Pinheiro nasceu em Lisboa em 1972. Desde miúdo seu hobby era fazer construções e desenhar casas. Gostava de ser Arquiteto. Em 1990 concluiu o curso Técnico – Profissional de Artes Gráficas na Escola António Arroio. Em 1993 Terminou o Bacharelato em realização Plástica do Espetáculo na Escola Superior de Teatro e Cinema do IPL. Seu percurso iniciou-se como Designer Gráfico em regime de freelancer. Rapidamente, segundo o próprio, começou a trabalhar em Teatro, Ópera e Cinema deixando para traz as Artes Gráficas. O inicio da carreira de um profissional em qualquer área geralmente não é fácil, e para quem esta relacionado as Artes muito menos, por isso muitas vezes é preciso estar bastante acessível a oportunidades que surjam quer seja fora da área quer seja na própria área em atividades secundárias ou até através de postos de trabalho muito próximos daquilo que se espera alcançar futuramente, até que surja a oportunidade para se estar onde realmente se deseja. No caso do cenógrafo Artur Pinheiro os primeiros anos após a ESTC foram de aprendizagem prática, começando como Pintor e Carpinteiro, evoluindo para assistente de decoração e aderecista de Plateau ou aderecista de cena que é o “profissional responsável segundo a orientação do decorador, cenógrafo ou aderecista chefe pela colocação e remoção de todos os adereços necessário na cena do produto audiovisual a ser realizado, sendo da sua responsabilidade reunir e devolver os que hajam sido obtidos por empréstimo ou aluguer, assegura a vigilância e o emprego dos acessórios e moveis que figuram na decoração”, segundo a página do Centro Profissional de Setor Áudio Visual (CPAV). Essa importante experiência adquirida permitiu ao Cenógrafo a sensibilidade para organizar seu método de trabalho através de imperativos cronológicos, isto é por já conhecer os timings e materiais das outras funções, por já as terem desempenhado (aderecistas, pintores, carpinteiro), consegue gerir de maneira bastante otimizada os projetos e vai avançando em função dos prazos.
  • 4. D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 4 Uma particularidade do cenógrafo é que o mesmo sente que sob pressão consegue dar mais de si produzindo melhores trabalhos e obtendo melhores resultados. Sendo assim sua metodologia normal segue os seguintes parâmetros:  Leitura /análise do projeto;  Recolha de referências;  Estudos/desenhos;  Maquetas físicas e/ou 3d;  Desenhos técnicos;  Produção e Montagem. No caso do Cenógrafo Artur Pinheiro o Briefing é elemento essencial, pois é a parti dele que se poderá verificar a ideia central do encenador, o provável sucesso /fracasso da peça, e se é realmente viável aceitar desenvolver o trabalho/projeto. A análise do Briefing constitui fator fundamental para decisão de aceitar ou não determinado Projeto. Outro ponto importante para bastante considerado em seus projetos é a questão da flexibilidade do encenador, a possibilidade de realizar certas alterações imprescindíveis para um melhor resultado final, isto é, caso o encenador seja demasiado fechado e nunca considere outras ideias propostas, prefere abandonar o projeto por divergências inconciliáveis. Normalmente o Cenógrafo Artur Pinheiro está sempre a desenhar, esboçando ideias que surjam diariamente. O desenho lhe serve como uma fonte de inspiração fundamental. E é a partir dos esboços que determina uma idéia, apresenta ao encenador/realizador/Criador e em seguida faz o 3D, maquetas e outros. O cenógrafo considera que o desenho é a forma mais límpida da expressão das suas ideias. Segundo Artur Pinheiro: “ o lado artesanal e manual do desenho, expressão e erro do traço é inigualável”. Os outros recursos como CAD ou software 3D podem( e fazem) fazer parte do projeto, mas num plano mais secundário, o protagonista aqui é o Desenho Manual. Porém a informática não deixa de ser um elemento fundamental para qualquer Profissional e no caso do Cenógrafo tem um papel de importância fundamental quando refere-se a apresentação do seu trabalho e seu perfil profissional. Nessas ocasiões, o Cenógrafo recorre ao dossier, criando um Portfolio bem apresentável com qualidade gráfica, apelativo, descritivo e coerente que defina suas qualidades e capacidades. O portfolio reflete a identidade do Cenógrafo, por isso ele considera de grande importância sua qualidade gráfica.
  • 5. D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 5 Em 2001 surgiu o primeiro convite para direção artística de um Telefilme para a SIC “Anjo Caído” de Jorge Ferreira da Costa. Seguiu-se Decoração de uma Série para a RTP “Sociedade Anónima” de Jorge Paixão da Costa. Depois destas duas experiências optou pela Direção de Arte em Filme Publicitário, colaborando estreitamente com Marco Martins e sua Produtora Ministério dos Filmes durante 3 anos. A parti de 2004 realizou Direção Artística de Vários Projetos dos quais destaca-se “Alice” e “ Como Desenhar um Circulo Perfeito” ambos de Marcos Martins e “República” uma minissérie histórica de Jorge Paixão da Costa. Em Publicidade, criou parcerias com realizadores estrangeiros de renome como Vaughan Arnell, Ivan Bird, Flora Sigismond e Gerard de Thame. Nos últimos tempos retornou ao Teatro assinando a Cenografia e Espaço Cénico de alguns Projetos dos quais destaca-se “ Num dia Igual aos Outros” encenado por Marco Martins e Duração de um minuto de Clara Andermatte /Marco Martins e “Maior de Clara Andermatt /Companhia Maior. “Maior” refere-se a uma proposta em que a experiência, a sabedoria, e a vulnerabilidade de quem nasceu na primeira metade do Sec. XX são trabalhadas como veículo do belo na relação dos corpos com os objetos e os sons tendo como suporte dramatúrgicos textos dos próprios intérpretes. Em “Maior” as personagens encontram-se fechadas num espaço sem referência, branco, vazio, com clareza máxima e intemporal: Um espaço despido para que cada ação possa ser ampliada e pormenorizada de modo que a improvisação dos atores possa dar corpo a peça teatral. Quando o entrevistei a Cenografia da Peça Maior estava em execução, fato que impediu ao cenógrafo tecer comentário mais profundo e falar mais sobre o feedback do seu trabalho, contudo através das características da idéia e do que se pretedia considero que de forma bastante, simples e minimalista o Cenógrafo conseguiu reproduzir o espaço ideal para o desenvolvimento da peça, através de peças lineares, espaços amplos e enfatizando a monocromia.
  • 6. D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 6 “Maior “de Clara Andermatt/ Companhia Maior Para Artur Pinheiro no desenvolvimento de um projeto é importante não ter ideias pré concebidas, nem estar limitado a experiências anteriores e explorar vários pontos de vista antes de escolher a idéia chave que deseja seguir. Atualmente o Cenógrafo Artur Pinheiro trabalha tanto com filmes publicitários quanto com teatro, áreas estas distintas e que tem um time-frame diferentes, portanto considera importante 2 semanas de antecedência para desenvolvimento de um Projeto Publicitário e 2 meses para Teatro. Para o Cenógrafo os prazos são de suma importância para realização de um bom trabalho. Quando falamos em projetos um dos fatores que me vêem a cabeça é acerca dos recursos financeiros. Como ter a disponibilidade financeira suficiente para desenvolvimento de um determinado projeto. Mas para o Cenógrafo Artur Pinheiro esse nunca foi um fator limitador pois até o presente momento nunca recorreu a patrocinadores, geralmente os trabalhos que tem vindo a desenvolver já possui verba destinada àquele fim, por isso não domina o assunto e pouco sabe sobre seu funcionamento (no que diz respeito a patrocinadores). Isto é o dinheiro nunca foi uma barreira para seus projetos, contudo Para o cenógrafo a questão da sustentabilidade económica acontece quase que imperceptivelmente pelo fator limitativo das verbas que dispõe para desenvolvimento de determinados trabalhos, é preciso adaptar o projeto ao recurso financeiro disponível. Por outro lado, a sustentabilidade ecológica no âmbito dos filmes publicitários e do teatro são pouco relevantes, porém pessoalmente o Cenógrafo considera “obsceno o desperdício e luta para que isso não aconteça pelo menos nos meus projetos” Artur Pinheiro.
  • 7. D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 7 E o que dizer acerca da envolvência dos atores no trabalho do cenógrafo Artur Pinheiro. Bom pelo que pude perceber, essa envolvência é pouca e limitada pois durante a evolução do trabalho, as informações disponibilizadas aos mesmo são de certa forma controladas pelo encenador. Segundo o Cenógrafo isso acontece pelo fato de as vezes os Criadores gerirem e controlarem os Atores através da gestão de informação que lhe são passadas. O saber demais por parte dos atores pode interferir na sua atuação, portanto só quando a intervenção é algo que interfere na representação ou adereços é que se discute em conjunto, caso contrário os Atores limitam-se a explorar o espaço após a intervenção do Cenógrafo no período de ensaios e experimentação e na altura da representação propriamente dita. Sendo a Cenografia um fator importante que interfere sempre muito diretamente no espetáculo, o Cenógrafo considera necessário que em aproximadamente uma semana de antecedência os Atores possam testar o cenário, sendo este o tempo suficiente e normalmente disponível, pois no teatro os prazos são bastante limitados. Normalmente o Cenógrafo inicia o trabalho sozinho porém considera importante a multidisciplinaridade, o que acontece em parceria com os colaboradores necessários a execução do projeto e em conjunto com outras áreas criativas nomeadamente Iluminação, Fotografia (Filmes) e Figurinos. No que se refere a materiais, em seus projetos utiliza usualmente luzes de LED para criar linha de luz, sendo a Madeira é o material principal em todos os seus projetos. Atualmente os muitos elementos cenográficos não necessariamente constituem elementos básicos para criação de um bom cenário, é preciso muita habilidade, versatilidade e uma boa dose de reinvenção. Particularmente interessa-me os cenários criativos, minimalistas, desconstruídos e ou até reconstruídos aparti de improváveis materiais, que nos permite imaginar, criar e “entrar” para a Peça numa envolvência bastante pessoal. No desenvolvimento dos projetos do Cenógrafo não há uma linha pré determinante que se deva seguir, cada projeto é um projeto, mas o rigor e o serviço devem ser fatores essenciais e deve se adequar ao fim a que se propõe. A cenografia pode ser simples e funcional, não interessa ser fabulosa e pouco funcional. No trabalho do Cenógrafo Artur Pinheiro, a abordagem dos diferentes espaços é uma condicionante e um fator a gerir, por exemplo na Peça “Num dia Igual aos Outros” o cenário foi criado para o Teatro D. Maria II e o público iria estar muito próximo, como o encenador não tencionava repetir o espetáculo noutros teatros, o cenógrafo criou o espaço só a pensar na envolvência e proximidade do público. Como resultado a sala onde decorre toda a cena
  • 8. D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 8 estende-se as laterais da plateia e o teto composto por barrotes de madeira que pairam sobre o espetáculo. 1º Esboço para cenografia da peça Edição em Photoshop
  • 9. D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 9 Desenho final da cenografia Maqueta baseada em Desenhos técnicos Cenografia Final
  • 10. D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 10 No recente espetáculo “ Maior” de Clara Andermatt /Companhia Maior o fator determinante da cenografia é a sua adaptação em diferentes tipos de espaço, seu transporte e montagens, por isso foi preciso algumas cedências criativas por parte do Cenógrafo, porém o mesmo considera que conseguiu chegar a uma cenografia equilibrada, porem só a parti de Janeiro é que poderemos constatar o trabalho final que é quando estreia o espetáculo. O volume de trabalho do Cenógrafo Artur Pinheiro é em media 2 cenografias por ano, pois atualmente a função de cenografia é secundaria, sendo a Direção Artistica dos filmes publicitários a sua função principal contabilizando em media 1 filme a cada 2 semanas, o que consiste num elevado volume de trabalho/mes. Mas a futura intenção do Cenógrafo é remeter a Direção Artística para segundo plano e ter a cenografia sua função principal, o que também considera uma decisão arriscada nos tempos que se avizinham. Um outro trabalho de importante relevância é a Peça “Duração de um minuto “de Clara Andermatt e Marco Martins. Em “Durações de Um Minuto” a peça reflete sobre a forma como cada minuto é “consumido” na vida de cada um de nós, como as pessoas tendem a relacionar-se tanto com o tempo quanto com as memórias e realiza experiencias sobre o tempo e com o tempo. Com um plano de fundo recheado de caixas de sonos Retrô e algum mobiliário de cor neutra espalhado por um Espaço Preto permite aos atores de varias faixa etárias a desempenhar seu papel seja a carregar um elemento do cenário seja a patinar auxiliado por jogos de luzes que remete as diferenças do tempo.
  • 11. D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 11 Conclusão: Após a realização desse trabalho é possível compreender a extrema importância do Planeamento e da elaboração de métodos e parâmetros organizacionais para desenvolvimento de um projeto Cenográfico. O Cenógrafo Artur Pinheiro é um profissional que se dedica por inteiro aquilo que faz. O resultado dos seus trabalhos é reflexo de uma forma coerente e organizada de se trabalhar a fim de alcançar o cumprimento das metas pré estabelecidas. Adaptar o projeto ao recurso financeiro disponível, refletir a ideia do encenador, não é tarefa fácil. O espaço concebido pelo cenógrafo é de tal forma importante que determina o quanto o público irá ou não perceber a real mensagem da Peça. Daí a importância de um trabalho equilibrado, em conjunto com o encenador e que possa permitir que os atores desenvolva seu papel permitindo e possibilitando a plenitude da percepção do texto pelo público.
  • 12. D e i s e C o s t a – E S A D - C e n o g r a f i a Página 12 Referências Web gráficas: http://web.mac.com/art.pinheiro/Artur_Pinheiro/Artur_Pinheiro.html em 2011.12.27 as 00:58hs http://www.cpav.pt/profissoes.html em 02.01.2012 http://www.teatrosaoluiz.pt/catalogo/detalhes_produto.php?id=204 em 2012.01.03 as 18:00hs http://www.youtube.com/watch?v=rmJiczNjouA em 2012.01.03 as 19:43 http://www.youtube.com/watch?v=5vxNFyX5LFI em 2011.12.05 as 19:00hs http://www.youtube.com/watch?v=NBiWQ2UaP4I em 2011.12.05 as 17:00hs