SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 104
100 GRANDES DISCOS DOS


       2000
ANOS
100 GRANDES DISCOS DOS


                                                        2000
                                           ANOS




Slides feitos por: Adolfo Ifanger
Em 04 de março de 2013.




Conheça meu portfolio online com textos sobre
música, cinema, televisão, literatura, história, curiosidades e futebol americano:
www.adolfoifanger.com
Introdução:

Se tem uma coisa que eu prezo muito é não criar listas de melhores e piores. Andei dando uma olhada
nas listas dos melhores da década de 2000 em publicações conceituadas, como Rolling
Stone, Billboard e Pitchfork. Afinal de contas, quais são os critérios utilizados por esses “especialistas”
ao dizerem que Chris Brown é melhor do que Metallica? Ou que Rolling Stones, por exemplo, não
mereceu sequer uma menção nessas listas?

Uma coisa é fato: ninguém ouviu a TODOS os discos lançados na década para poder escolher os
melhores. Nota-se que os critérios têm muito mais a ver com jabá de gravadora e tendência do
mercado do que com música de qualidade. A revista Rolling Stone, por exemplo, colocou todos os
discos que o Radiohead lançou na década. Realmente, todos foram bons, mas e aí, não vamos deixar
espaço então para outros artistas tão bons quanto? Outra coisa que reparei nessas listas: a falta de
memória. É incrível como tem uma tonelada de discos lançados de 2005 pra cá; os lançados antes
dessa data aparecem em muito menor escala. Isso significa que só teve coisa ruim no começo da
década? Não, quer dizer que é importante manter a chama acesa.

Portanto, é com muito orgulho que apresento a minha lista de 100 Grandes Discos da Década de
2000, e não os melhores. Eu sei que faltou muita coisa. Muito mais do que algo pessoal, minha
intenção foi criar uma retrospectiva desta década com 100 álbuns marcantes, organizados de forma
não-cronológica e nem por ordem de importância. Ou seja, não significa que os 10 primeiros discos
listados são melhores que os 10 últimos. Usei como principal critério constar, no máximo, 2 discos por
artista, para não parecer lista de fã (como fez a Rolling Stone) e nem ficar injusto com ninguém.
Pop, rock, metal, hip hop, folk e outros gêneros aparecem na lista.
Chegou a ser ofensivo quando o System of a
                   Down foi rotulado de “New Metal”. A música do
                   quarteto californiano não é de fácil rotulação.
                   Não é o tipo de banda que você consegue
                   guardar numa gaveta. Suas raízes estão
                   fincadas no trash metal do Slayer (uma de
                   suas maiores influências), mas dá cabo a uma
                   salada musical sem precedentes. “Toxicity” foi
                   lançado em 4 de setembro de 2001, cinco dias
                   antes dos atentados ao World Trade Center.

                   Seus integrantes, por serem de descendência
                   armênia, foram vistos como inimigos dos
                   Estados Unidos. Para ajudar, o alvo principal
                   nas letras politizadas da dupla Serj Tankian e
                   Daron Malakian era justamente o capitalismo
                   sufocante dos norte-americanos e sua (má?)
System of a Down   influência para o restante do planeta. Acabou
Toxicity (2001)    sendo proibido, boicotado em diversas rádios
                   daquele país, perseguido pelo FBI e entrou
                   para a lista das bandas que a América passou
                   a repudiar após o 9/11. Um álbum histórico e

001                inquieto, a mais perfeita imagem daqueles
                   tempos sombrios para o mundo ocidental.
E foi com o The Strokes que a década ganhou
                    cores. Este é o disco mais importante e
                    influente dos anos 2000.

                    Seu estrondoso sucesso puxou uma corrente
                    musical como não acontecia desde o
                    movimento grunge. Depois dos cinco moleques
                    esporrentos de Nova York, muita coisa mudou
                    no rock. Seu sucesso abriu as portas para o
                    surgimento (e a posterior exploração) de
                    bandas do mesmo gênero – rock de garagem
                    cru e primitivo, com ar de anos 60, roupas dos
                    anos 70 e 80, ideias e distorções dos anos 90.

                    Foi o maior acontecimento do rock, e se hoje
                    temos bandas como Arctic Monkeys, Franz
                    Ferdinand e Kings of Leon, é por causa do The
The Strokes         Strokes.
Is This It (2001)



002
Sexo, deserto, bebedeiras, drogas, óvnis, rock
                          n‟ roll. A junção desses ingredientes resultou no
                          mais bacana, viciante, criativo, ousado e
                          chapado disco da década. Por trás desse
                          monstro estão Josh Homme e Nick
                          Olivieri, dois gênios que inventaram o Stoner
                          Rock no início dos anos 90, com o Kyuss.
                          Quando o álbum foi lançado, o Queens of the
                          Stone Age apareceu em praticamente todas as
                          publicações como a maior revelação desde
                          Nirvana.

                          Todos esperavam que a banda fosse explodir e
                          revolucionar        o       rock,        mas
                          Homme, esperto, ficou na sua e não se deixou
                          levar pelo lado mais fácil do sucesso. A
                          parceria entre Homme e Olivieri terminaria
Queens of the Stone Age   alguns anos depois, o que só faz com que
Rated R (2000)            “Rated R” mantenha o mesmo frescor de
                          novidade de quando foi lançado. Um disco de
                          difícil assimilação para grande parte do
                          público. Mas, uma vez preso no universo

003                       insano do Queens of the Stone Age, fica difícil
                          de encontrar uma saída.
O que fazer quando sua banda atinge o auge
               do reconhecimento, depois de vender quase
               10 milhões de cópias e receber uma avalanche
               de prêmios? Continua a fazer o mesmo
               trabalho     para    garantir     sucesso    e
               dinheiro, certo? Para o Radiohead, não. Três
               anos após abalar o mundo com o genial “Ok
               Computer” (1997), o quinteto britânico cometeu
               suicídio comercial com “Kid A”, provavelmente
               um dos álbuns mais indigestos já lançados.

               Frio,   robótico,   triste,   desesperado      e
               angustiante – “Kid A” se tornou o perfeito
               retrato do medo e da paranoia da virada do
               Século. A voz melancólica de Thom Yorke
               sangra letras desconexas sob texturas
               formadas por sintetizadores gelados, guitarras
Radiohead      desafinadas, bateria eletrônica e muitos efeitos
Kid A (2000)   sonoros. Não existe melodia, não existem
               canções pop, não existe luz para iluminar a
               ironia de clássicos como “Idioteque”, “How to
               Disappear Completely” e “Everything Is In It‟s

004            Right Place”.
Blues Rock tosco e orgânico, levado às últimas
                    conseqüências. A dupla formada por Jack e
                    Meg White apareceu de repente em 1999 e
                    atingiu seu ápice criativo com “Elephant”. É
                    desse disco “Seven Nation Army”, uma das
                    canções       mais        memoráveis        da
                    década, atualmente cantada em coro por
                    praticamente todas as torcidas de futebol do
                    mundo.

                    Rock garageiro sem maiores pretensões, sem
                    soar apelativo ou comercial – a ironia foi o seu
                    estrondoso sucesso, arrancando a 5ª posição
                    da Billboard, levando o Grammy de melhor
                    disco de rock alternativo do ano..


The White Stripes
Elephant (2003)



005
Como bem disse um critico americano, o som
                    do BellRays soa como se Tina Turner tivesse
                    se juntado aos Ramones. Punk/ Soul
                    barulhento, com guitarras socando nossa
                    cabeça como serras-elétrica, enquanto a
                    carismática vocalista Lisa Kekaula vomita
                    simplesmente a melhor e mais poderosa voz
                    feminina dentro do rock n‟ roll desde Janis
                    Joplin. Canções como “Too Many Houses in
                    There” e “Stupid Fuckin‟ People” são
                    explosivas, infernais.

                    A maior influência é mesmo Ramones, mas há
                    espaço para o rock barulhento do Nirvana, a
                    rebeldia politizada dos Sex Pistols e as
                    guitarras espertas da soul music da
                    Motown, de nomes como Marvin Gaye. Ainda
The BellRays        pouco conhecido do público brasileiro, o The
Grand Fury (2001)   BellRays cravou seu nome na história do rock
                    garageiro com este disco genial.
                    .


006
Álbum de estreia dessa fantástica banda
                              britânica. Conceitual, todas as composições
                              giram em torno da agitada vida dos clubbers
                              que infestam as pistas de dança no norte da
                              Inglaterra. Debaixo de uma chuva de guitarras
                              dançantes,      riffs   tortos    e     bateria
                              oitentista, somos levados pelas letras escritas
                              em primeira-pessoa, sarcásticas observações
                              sobre a vida desses jovens baladeiros.

                              Pegou todo mundo de surpresa, vendeu
                              incríveis 360 mil cópias em apenas 1
                              semana, tornando-se o disco de estreia
                              britânico que mais cópias vendeu em pouco
                              tempo. Dentre os destaques, estão ótimas
                              faixas como “I Bet You Look Good on the
                              Dancefloor”,     “Fake     Takes   of    San
Arctic Monkeys                Francisco”,    “Dancing    Shoes”,  “Perhaps
Whatever People Say, That’s   Vampires Is a Bit Strong But…” e “A Certain
                              Romance”, esta última eleita uma das músicas
What I’m Not (2006)           mais influentes da década.
                              .

007
Assim como aconteceu com o Arctic
                         Monkeys, a estreia do Franz Ferdinand foi um
                         estrondoso      sucesso.    Obteve     críticas
                         maravilhosas, foi prontamente saudado como
                         um dos grandes discos da década e, além de
                         tudo, nos brindou com hits grudentos como
                         “Jacqueline”, “Take me Out” e “The Dark of the
                         Matineé”. Influenciados pelo new wave do
                         Talking Heads e outros grupos dos anos 80, o
                         som do Franz Ferdinand transita entre o
                         dançante descompromissado com letras de
                         amor     e    músicas    mais    sombrias     e
                         intensas, típico do rock alternativo dos anos
                         2000.

                         Um álbum cheio de personalidade, cuja
                         sonoridade se tornaria mais reforçada no
Franz Ferdinand          recente       disco      “Tonight:  Franz
Franz Ferdinand (2004)   Ferdinand”, lançado ano passado.




008
Após tomar um pé na bunda da mulher, Dave
                    Ghrol se trancou em seu próprio mundo e saiu
                    de lá com o disco mais sério e impactante do
                    Foo Fighters. O álbum tem o amor (a falta de
                    crença nele) como tema, o que pode ser
                    facilmente visto desde sua arte gráfica. Menos
                    pesado que os dois primeiros álbuns – “Foo
                    Fighters” (1995) e “The Colour and The Shape”
                    (1997) – e bem menos pop radiofônico que o
                    apelativo “There Is Nothing Left to Lose”
                    (1999), “One By One” mostra uma coleção de
                    músicas nervosas, apoiadas por letras sérias e
                    reflexivas.

                    “Disenchanted Lullabye” e “Burn Away” são
                    exemplos do que Dave Ghrol é capaz de fazer
                    quando está com o coração na mão. Sucessos
Foo Fighters        como a faixa-título, “Times Like These” e “Tired
One By One (2002)   of You” (esta última com a participação de
                    Brian May, do Queen) são bonitas e sinceras,
                    breves momentos em que Ghrol deixou de lado
                    o lado pop de arena de sua banda.

009
Último suspiro antes de Chris Martin & CIA
                              virarem anjinhos da UNICEF e heróis dos
                              pobres e oprimidos pelo mundo. Último suspiro
                              antes de eles transformarem sua música em
                              protestinhos panfletários que não convencem
                              nem o Didi. Mesmo mostrando veia engajada e
                              letras politizadas (a maravilhosa “Politik” já diz
                              tudo), o quarteto britânico ainda se preocupava
                              mais com suas baladas do que com as
                              desgraças do mundo.

                              Visceral e melancólico, o disco prima pela bela
                              coleção de baladas que enxuga boa parte do
                              rock britânico dos últimos tempos, indo de
                              Beatles a Radiohead, tudo tocado com alma.
                              “Clocks”, “Green Eyes” e “In My Place” são
                              outros destaques deste grande disco, que
Coldplay                      consegue causar impacto a cada nova
A Rush of Blood to the Head   audição.
(2002)


010
Oriundos de Nova York, o esporrento trio
                       liderado pela bocuda Karen O chegou
                       causando caos no rock alternativo. Seu
                       primeiro álbum é um missel sem direção, onze
                       musiquinhas barulhentas e curtas na medida
                       certa para torcer pescoços.

                       Dance-punk, indie rock e art rock se contorcem
                       em uma pista de dança frenética, baseada em
                       vocais gritados, uma guitarra fazendo todo o
                       trabalho sujo possível e bateria minimalista.
                       Sim, não há o som gostoso do baixo para
                       costurar tudo, detalhe que deixa o som do
                       Yeah Yeah Yeahs ainda mais selvagem.



Yeah Yeah Yeahs
Fever to Tell (2003)



011
Michael Amott é um dos caras mais
                    respeitados do heavy metal. Após integrar o
                    cultuado Carcass entre 1990 e 1993, fundou o
                    Spiritual Beggars em 1994 e o Arch Enemy em
                    1996. Mas, ao contrário do metal tradicionalista
                    do Carcass e Arch Enemy, Amott mostra
                    versatilidade com seu Spiritual Beggars, que
                    pega carona pelos escaldantes desertos do
                    Stoner Rock.

                    Músicas pesadas, atmosféricas, cadenciadas e
                    chapadas.      Órgãos     climáticos,  guitarras
                    sujas, riffs para bater a cabeça na parede.
                    Destaque absoluto para “Dying Everyday”, que
                    começa heavy metal, vira blues, se transforma
                    em um rock progressivo à lá Pink Floyd e volta
                    para o metal do início. Tudo isso costurado por
Spiritual Beggars   nuances guitarras swingadas, uma das
Demons (2005)       principais características do Stoner Rock.




012
“Bem, talvez eu seja um americano idiota/ Não
                        faço parte de uma agenda preconceituosa”.
                        Assim o Green Day abre sua primeira ópera-
                        rock, altamente influenciada por “Tommy” (The
                        Who, 1969), “Close to the Edge” (Yes, 1972) e
                        “The Wall” (Pink Floyd, 1979).

                        O punk-rock adolescente e engraçadinho dos
                        primeiros trabalhos cede espaço para fortes
                        críticas à administração de George W. Bush.
                        Em diversas entrevistas, o trio concordou em
                        descrever “American Idiot” como uma atitude
                        clássica americana: protestar e comentar.
                        Instrumentalmente, o disco mostra novas
                        influências     e      experimenta      novas
                        direções, como na longa “Jesus of
                        Suburbia”, onde quatro canções distintas
Green Day               constroem uma suíte de quase dez minutos de
American Idiot (2004)   duração. Foi indicado a 7 Grammy, recebendo
                        o de Melhor Disco de Rock. Dentre os
                        sucessos, estão as bonitas “Boulevard of
                        Broken Dreams” e “Wake me Up When

013                     September Ends”, esta última acabou virando
                        um eventual tributo às vítimas do furacão
                        Katrina, que devastou New Orleans em 2005.
Disco mais vendido de 2007, “Back to Black” é
                        o segundo petardo soul da britânica nascida
                        em 1983. O álbum foi um tremendo fenômeno,
                        vendendo mais de 12 milhões de cópias,
                        recebendo seis indicações ao Grammy e
                        transformando a vida de Amy num verdadeiro
                        big brother de brigas, escândalos, overdoses,
                        internações e outras birutices.

                        A fama lhe fez mal, tão mal que há quase três
                        anos ela tenta completar seu novo disco de
                        estúdio. Seu abuso com drogas está tão
                        descontrolado que, se não conseguir dar a
                        volta por cima logo, poderá entrar para o
                        mesmo time de Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim
                        Morrison. Suas músicas são uma swingada
                        mistura de soul, R&B, pop e rock, diluídos em
Amy Winehouse           letras que falam descaradamente sobre
Black to Black (2006)   drogas, sexo e traição. Tudo muito pessoal e
                        honesto, o que torna Amy em um nome ainda
                        mais digno de aplausos. Sem duvida, o nome
                        que mais causou frisson na década.

014
Seguindo os passos de Neil Young, Bruce
                       Springsteen, Goo Goo Dolls e outros, o Sonic
                       Youth realizou uma epopeia musical tendo
                       como pano de fundo os atentados de 11 de
                       setembro de 2001. Mais melódico e
                       melancólico que os demais trabalhos, “Murray
                       Street” é um primor, desde sua bela capa, cuja
                       foto foi tirada em um bairro próximo ao World
                       Trade Center.

                       A veia punk pode ser melhor compreendida em
                       “Plastic Sun”, gritada pela loira maluca Kim
                       Gordon, mas o restante do disco passeia por
                       ambientes neutros e nublados. “The Empty
                       Page” e “Disconnection Notice” são baladas
                       bonitas,   enraizadas     nos    amigos     do
                       R.E.M., enquanto a longa “Karen Revisited”
Sonic Youth            mostra a boa e velha fórmula de
Murray Street (2002)   melodia,    experimentos      e    microfonias
                       ensurdecedoras de sempre.



015
Tirando o lado andrógino e as polêmicas
                              envolvendo o suposto hermafrodita Brian
                              Molko (até onde isso é verdade?), o Placebo
                              inundou a década com seu rock ousado e
                              repleto      de    sexualidade.    Guitarras
                              sujas, composições intensas e a mescla de
                              barulho+melodia+eletrônico transformaram o
                              trio britânico em um dos nomes mais
                              festejados dos últimos dez anos. “Sleeping
                              With Ghosts” foi lançado como um CD
                              duplo, sendo o segundo de covers – boas
                              versões para clássicos como “Where‟s My
                              Mind?” (Pixies) e “Bigmouth Strikes Again”
                              (The Smiths) – enquanto o primeiro disco
                              mostra a banda em boa forma.

                              São 12 músicas que sintetizam o desespero, o
Placebo                       amor e o suicídio. Temas que se tornariam
Sleeping With Ghosts (2003)   batidos até pelo próprio Placebo, mas que em
                              “Sleeping With Ghosts” ainda soa impactante.



016
Provavelmente a banda alemã que mais se
                destacou fora de seu país. Poucas bandas de
                metal podem se orgulhar de fazer um som tão
                rígido e frio, mas ao mesmo tempo cheio de
                teclados, orquestrações épicas e melodias
                assobiáveis.

                Vindos da escola do metal industrial, o
                Rammstein registrou seu melhor momento em
                “Mutter”, um álbum pesado e maravilhoso do
                início ao fim. Todo o peso do metal se
                concentra em um tubo de ensaio que contém
                ainda música eletrônica, tecno e até momentos
                que nos levam aos anos 80. “Mein Herz
                brennt” acabou virando música-tema do filme
                dinamarquês “Para Sempre Lilya”, lançado em
                2002.
Rammstein
Mütter (2001)



017
Ahhh, os anos 60! Época boa de
                             Beatles, Turtles, Kinks e... Raconteurs? Pois
                             é, ouvir “Broken Boy Soldiers” é como se
                             deparar com um desconhecido grupo dos anos
                             60 que você deveria ter conhecido muito tempo
                             antes.

                             Dá a impressão de que o disco foi todo
                             gravado ao vivo dentro de uma garagem úmida
                             e esfumaçada, com pôsteres de Janis
                             Joplin, Led Zeppelin e Beatles decorando as
                             paredes com infiltrações e goteiras que
                             transbordam baldes.




The Raconteurs
Broken Boy Soldiers (2006)



018
Mesmo tendo sido recebido friamente pela
                              crítica, este álbum do quarteto britânico
                              acabou por se tornar o preferido dos fãs. Não é
                              a toa: os irmãos Gallagher adentram a década
                              mais sombrios, introspectivos e experimentais.
                              Não existem baladas fáceis ou músicas
                              explosivas.

                              Abre com uma faixa instrumental, calcada no
                              tecno (“Fuckin‟ In The Bushes”) e cai para o
                              single “Go Let it Out”, a coisa mais pop que
                              você encontrará por aqui. “Who Feels Love?”
                              absorve as drogas e o lado indiano dos Beatles
                              de sua fase psicodélica (1966-1968); “Put Yer
                              Money Where Yer Mouth Is” soa como se o
                              The Doors tivesse ouvido a sujeira do Nirvana.
                              Mas o que mais chama a atenção são as letras
Oasis                         viscerais e as baladas que só o Oasis
Standing on the Shoulder of   conseguia compor: “Gas Panic!”, “Little James”
                              e “Sunday Morning Call” são algumas delas.
Giants (2000)


019
Uma das mais potentes vozes dos anos 90, o
                     americano Mark Lanegan é o tipo de cara que
                     topa tudo. Construiu sua carreira ao lado do
                     Screaming Trees, grupo seminal para se
                     entender o movimento grunge de Seattle.
                     Paralelo a sua carreira-solo que teve início em
                     1989, Lanegan carrega um histórico de
                     colaborações: Queens of the Stone Age, The
                     Gutter Twins, The Twilight Singers, Soulsavers,
                     dupla com Isobel Campbell (Belle & Sebastian)
                     e por aí vai. Em “Field Songs”, Mark incorpora
                     um trovador que passeia de pub em pub atrás
                     de amores, amigos, bebidas e histórias
                     incompletas.

                     Baladas para se ouvir em um lugar
                     esfumaçado e silencioso, com um bom whisky
Mark Lanegan         do lado e um maço de cigarros para degustar.
Field Songs (2001)   Seu vozeirão de cinzeiro transforma canções
                     simples como “Miracle” em grandes viagens.
                     Bonito e intenso.


020
Já pelo berrinho desafinado que abre o disco
                           dá pra sacar o que vem nos próximos minutos:
                           rock n‟ roll barulhento e festivo, divertido e
                           orgânico. A atriz Juliette Lewis, de filmes
                           cultuados como “Cabo do Medo” (1991),
                           “Kalifornia” (1993), “Assassinos por Natureza”
                           (1994) e “Um Drink no Inferno” (1996), mostra
                           que sua veia roqueira não é nada falsificada,
                           como costuma acontecer com ator que se
                           mete a cantar.

                           O negócio dela é berrar pelos cotovelos e tocar
                           sua guitarra como se fosse a última coisa de
                           sua vida. Faixas como “Sticky Honey”, “Death
                           Of A Whore”, “Purgatory Blues” e “Hot Kiss”
                           são músicas pouco lapidadas, feitas sem
                           maiores pretensões, para agradar em cheio a
Juliette and the Licks     todos que gostam de rock dos bons.
Four On The Floor (2006)



021
Todo mundo lembra dos Jay-Z da vida e
                esquece de pérolas como Probot. Não dá pra
                entender esses “especialistas” em música.
                Desde os tempos do Nirvana, Dave Ghrol
                amava heavy metal, mas nunca encontrava
                espaço para provar seu amor. No Foo Fighters,
                muito menos. Em um dia qualquer, Ghrol se
                enfiou em seu estúdio caseiro, compôs 12
                músicas, gravou todos os instrumentos e
                mandou cada faixa para um vocalista de metal
                que ele gostava.

                Era pegar ou largar. O resultado dessa
                brincadeira foi um dos mais bacanas discos de
                heavy metal da década: Cronos (Venom); Max
                Cavalera     (Sepultura);  Lemmy     Kilmister
                (Motorhead); Mike Dean (C.O.C.); Kurt Brecht
Probot          (D.R.I.); Lee Dorrian (Napalm Death); Wino
Probot (2004)   (Saint Vitus); Tom G. Warrior (Celtic Frost);
                Snake (Voivod); Eric Wagner (Trouble); King
                Diamond e até Jack Black (Tenacious D) foram
                os escolhidos. Dentre os destaques, as

022             porradas “Red War”, “Centuries of Sin” e “My
                Tortured Soul”.
Herói dos headbanghers, o tiozão Ozzy
                       Osbourne saiu do túmulo após seis anos para
                       mostrar a essa molecada sem graça o que é
                       heavy metal. “Gets Me Through”, “Facing Hell”,
                       “No Easy Way Out”, “Black Illusion” e “Junkie”
                       são verdadeiros socos na cara, apoiados pelo
                       monopólio do guitarrista Zakk Wylde: é
                       inegável sua influência na sonoridade de Ozzy.

                       Do lado mela-cueca, estão as lindas
                       “Dreamer”, “Running Out of Time” e “You Know
                       (Part 1)”. Como todo álbum do britânico, um
                       perfeito equilíbrio entre peso e belas melodias.




Ozzy Osbourne
Down to Earth (2001)



023
Ouvir Portishead é entrar em um filme de
               ficção científica, dramático e violento, com
               viagens por dimensões desconhecidas,
               silenciosas    naves    espaciais    e    robôs
               superinteligentes. A voz levemente rouca da
               chaminé ambulante Beth Gibbons soa ainda
               mais triste e amargurada, como se estivesse
               morrendo        afogada      pelos     samples,
               sintetizadores e batidas gélidas que inundam o
               ambiente.

               Precursores do trip hop, os britânicos do
               Portishead atingiram seu ápice criativo com
               “Third”, recebendo elogios até mesmo do
               pessoal do Radiohead. Não é um disco fácil de
               gostar logo na primeira audição. Para quem
               nunca      experimentou     dessa     viagem
Portishead     claustrofóbica antes, fica aqui um conselho:
Third (2008)   não feche os olhos.




024
Em seu quarto álbum de estúdio, os
                       finlandeses do Nightwish – uma das maiores
                       bandas de Symphonic Metal de todos os
                       tempos – registra um disco onde o misticismo
                       encontra o power metal, resultando em
                       músicas atmosféricas, pesadas e recheadas
                       por riffs destruidores.

                       “Bless the Child” e “Slaying the Dreamer” (não
                       tem como ficar indiferente a essa paulada) são
                       apenas duas das melhores faixas do disco,
                       que traz também “Dead to the World”, a
                       climática “Beauty of the Beast” e uma versão
                       maravilhosa para “The Phantom of the Opera”,
                       baseado no clássico romance francês de
                       Gaston Leroux, de 1910.

Nightwish
Century Child (2002)



025
Bebendo de uma fonte muito mais hardcore do
                           que o usual, a dupla californiana formada pelos
                           ex-System of a Down, Daron Malakian
                           (guitarra/ voz) e John Delaway (bateria),
                           estrearam com um disco veloz, sem maiores
                           frescuras. Malakian apela nas suas letras
                           politizadas, sobrando até mesmo um mal-
                           educado “filho da puta” dirigido ao então
                           presidente americano, George W. Bush.

                           Um álbum explosivo e mais coerente que a
                           estreia solo de Serj Tankian, ex-líder do
                           System of a Down. “Exploding/ Reloading”,
                           “Insane”, “Kill Each Other/ Live Forever” e o
                           single “They Say” são apenas uma amostra do
                           poder de fogo dessa grande dupla, que ao vivo
                           é escoltada pelos malucos Franky Perez
Scars on Broadway          (guitarra), Dominic Cifarelli (baixo), Danny
Scars on Broadway (2008)   Shamoun (teclados/ percussão) e Brad Delson
                           (guitarra).



026
Josh Homme (Queens of the Stone Age), John
                        Paul Jones (Led Zeppelin) e Dave Ghrol
                        (Nirvana, Foo Fighters), juntos? Pois é: eis o
                        time dos sonhos de qualquer roqueiro. O Them
                        Crooked Vultures é, sem dúvida, o melhor
                        supergrupo de 2009 e um dos mais bacanas
                        surgidos na década.

                        Stoner rock pulsante, com raízes blueseiras e
                        toda a vibração de estarmos diante de um
                        disco instantaneamente histórico. Viajante,
                        desértico, quente, espacial: todos os
                        ingredientes mais legais que você pode
                        imaginar dentro do rock reunidos, prontos para
                        invadir seu cérebro.


Them Crooked Vultures
Them Crooked Vultures
(2009)


027
A britânica Dido tem um jeito muito especial de
                       cantar e compor. Mais de 12 milhões de cópias
                       vendidas, “Life for Rent” flagra sua voz
                       melancólica em um momento muito íntimo,
                       amortecida por baladas suaves, construídas a
                       partir de muitos instrumentos de cordas
                       (violões,    principalmente)   e     belíssimas
                       orquestrações.

                       Há um lado trip hop em seu som, baseado em
                       discretas batidas eletrônicas. Um pop
                       condensado e gostoso de ouvir, cujo
                       romantismo impresso em cada canção soa
                       humano, longe da banalização imposta pelo
                       pop mundial.


Dido
Life For Rent (2003)



028
O Metallica teve que descer ao mais profundo
                        dos infernos pessoais para, no momento da
                        colisão, ressurgir cheio de energia e fúria. Em
                        2003, o quarteto americano deu um tapa em
                        todo mundo com o também fantástico “Saint
                        Anger”, disco experimental, amado e odiado
                        em proporções iguais.

                        Observando hoje, eles tiveram que praticar tal
                        aborto sonoro, tiveram que expor suas
                        intimidades para as câmeras (o documentário
                        “Some Kind of Monster”, 2005), tiveram que se
                        reconciliar com Dave Mustaine (Megadeth)
                        para, por último, se reconciliar com eles
                        próprios. “Death Magnetic” é a redenção
                        definitiva da melhor banda de heavy metal de
                        todos os tempos.
Metallica
Death Magnetic (2008)



029
Como o título indica, este segundo trabalho
                          solo de Jerry Cantrell (ex-Alice In Chains) é
                          uma tortuosa viagem por dentro do sombrio
                          universo das drogas químicas e de toda a
                          degradação física e mental proporcionada por
                          elas. Lançado dois meses após a trágica morte
                          por overdose de Layne Staley (líder do Alice In
                          Chains), “Degradation Trip” é um tributo
                          sincero para o amigo de tantos anos e de
                          tantas alegrias e tristezas.

                          O baterista Mike Bordin (Faith No More) e o
                          baixista Robert Trujilo (Metallica e Ozzy
                          Osbourne) acompanham com mão de ferro a
                          viagem de Cantrell. Pesado, intenso,
                          distorcido, longo: ao fim das 14 cacetadas, nos
                          encontramos sem muita luz.
Jerry Cantrell
Degradation Trip (2002)



030
Elliott Smith sempre foi um sujeito esquisito.
                  Era extremamente fechado, falava pouco,
                  aparecia pouco. Até mesmo ao cometer
                  suicídio, em 2003, Smith foi excêntrico: enfiou
                  uma faca no estômago. Sua música pode ser
                  comparada a outro gênio de vida curta, Nick
                  Drake (1948-1974), que também se matou por
                  causa da depressão.

                  Ambos tinham uma voz frágil e quebradiça,
                  ambos faziam canções silenciosas, boa parte
                  delas levadas por dedilhados de violão. O
                  diferencial era que Smith ainda gostava de ter
                  uma banda como apoio em diversos
                  momentos, como em “Son of Sam”. Sua
                  fórmula, porém, eram as baladas tristes de
                  imagens surreais, que o levaria à morte.
Elliott Smith
Figure 8 (2000)



031
O Octavia Sperati foi formado em Bergen,
                         Noruega, no ano de 2000. Era uma banda
                         basicamente formada por mulheres, e tal
                         tradição só foi cortada com a posterior entrada
                         do baterista Ivar Alver. Em 2002, lançaram
                         uma demo de pouquíssima repercussão,
                         "Guilty". O álbum de estreia viria somente três
                         anos mais tarde, com o excelente "Winter
                         Enclosure". Representado por 11 grandes
                         canções, o disco une peso, melodias épicas e
                         a bela voz de Wergeland colando tudo em uma
                         mescla de ambientes sombrios.

                         Em 2007, lançaram o segundo - e último -
                         álbum de estúdio: "Grace Submerged", ainda
                         mais bonito, melodioso e agridoce. Em 2008,
                         mesmo crescendo cada vez mais no cenário
Octavia Sperati          gótico, o Octavia Sperati anunciou seu fim. Um
Grace Submerged (2007)   ano mais tarde, Silje anunciou sua entrada no
                         The Gathering, enterrando qualquer chance de
                         sua banda-mãe voltar.


032
Último disco com a vocalista Anneke van
                Giersbergen, que um ano mais tarde
                anunciaria sua saída da banda para se lançar
                com o projeto Agua de Annique. O The
                Gathering surgiu da cena death metal que
                pulsou na Holanda durante o começo dos anos
                90. Mas com a entrada de Anneke em 1994, o
                som ganhou outras cores, longe do pesadelo
                gutural mostrado em “Always” (1992) e “Almost
                a Dance” (1993).

                Foram taxados de gothic metal, sem sucesso.
                Rock alternativo é a melhor definição para a
                música eclética desta grande banda. “Home”
                se comporta como o álbum mais eletrônico e
                sombrio de sua carreira, repleto de belas
                músicas como “Alone” e a maravilhosa
The Gathering   “Shortest Day”. Marca o fim de uma era para o
Home (2006)     The Gathering, atualmente contando com Silje
                Wergeland nos vocais.



033
Em seu segundo – e último álbum de estúdio
                               até o momento – a inglesa Lily Allen apresenta
                               canções ainda mais inspiradas do que na
                               contundente estreia.

                               Com a língua afiada como nunca, Allen é um
                               desses personagens que salvam o pop do
                               lugar-comum, cantando letras com uma visão
                               corrosiva, sarcástica e irônica sobre coisas da
                               vida. Vendeu quase 3 milhões de cópias e seu
                               principal sucesso foi a bela balada “The Fear”,
                               uma das melhores faixas do disco.

                               Outros destaques vão para o country “Not
                               Fair”, sobre quando o cara broxa na cama;
                               “22”, que fala sobre gastar a vida com coisas
                               fúteis; e a ofensiva “Fuck You”, onde Allen
Lily Allen                     critica a sociedade britânica, o padrão de
It’s Not Me, It’s You (2009)   beleza estabelecido pela mídia e até o ex-
                               presidente dos Estados Unidos George W.
                               Bush.


034
Logo no primeiro murro na bateria, ficamos
                    entregues ao denso barulho do Smashing
                    Pumpkins, banda fundamental dos anos 90,
                    mas que foi se desintegrando ano após ano,
                    até entrar em um hiato no começo desta
                    década. Da clássica formação, restaram
                    apenas o líder Billy Corgan e o baterista Jimmy
                    Chamberlin. “Zeitgeist” foi gerado em meio a
                    processos judiciais e críticas dos antigos
                    integrantes, o guitarrista James Iha e a baixista
                    D‟arcy Wretzky.

                    Aquecimento global e a paranoia americana
                    pós-11/09 estão entre os principais temas.
                    “Doomsday Clock”, “Tarantula” e a apocalíptica
                    “United States” são só algumas das músicas
                    deste grande trabalho.
Smashing Pumpkins
Zeitgeist (2007)



035
“By The Way” veio das experiências do
                        guitarrista John Frusciante com as drogas. Em
                        1992, Frusciante largou o Chili Peppers na
                        mão, virou mendigo e foi encontrado pelos
                        amigos anos depois, sem os dentes, sujo e
                        completamente       perdido.   “Californication”
                        (1999) foi seu retorno triunfal ao mundo da
                        música, tornando-se um fenômeno mundial de
                        vendas e singles radiofônicos.

                        Ainda amargando a vida desgarrada que
                        tivera, Frusciante escreveu todas as faixas e
                        compôs todas as linhas de guitarra e baixo
                        para “By The Way”, lançado como um disco
                        mais introspectivo. Até mesmo na arte gráfica
                        e nas fotos do encarte podemos notar que
                        aqueles      moleques     bagunceiros     que
Red Hot Chili Peppers   mesclavam funk com punk rock não eram mais
By The Way (2002)       os mesmos.




036
O Opeth é uma banda sueca de death metal
                   que apresenta todos os elementos do gênero:
                   vocal gutural, bateria à velocidade da luz,
                   guitarras serra-elétrica e por aí vai. Mas, em
                   “Damnation”, a banda liderada pelo carismático
                   Mikael Äkerfeldt decidiu homenagear o Rock
                   Progressivo.

                   Tinha tudo para ser o disco mais odiado pelos
                   fãs, mas acabou sendo recebido como a vinda
                   Cristo    à    Terra.     Também,     pudera:
                   provavelmente é o álbum progressivo mais
                   bonito e impecável da década. “In My Time of
                   Need” é de chorar de tão linda. Guitarras
                   limpas,    orquestrações,    pianos,   violões
                   acústicos e bateria minimalista escrevem a
                   poesia melancólica de “Damnation”.
Opeth
Damnation (2003)



037
Pouco antes de ser expulso do Queens of the
                            Stone Age por bater na namorada, o careca
                            Nick Olivieri cuspiu toda sua ira nesta bomba
                            nuclear que mescla stoner rock com punk.
                            Como o título sugere, Olivieri glorifica a
                            cocaína como a melhor coisa da sua vida.

                            Outros temas abordados: o divórcio pelo qual
                            sofria (com outra mulher, diga-se de
                            passagem) e a morte de seu pai. Pesado,
                            vomitado e gritado, como qualquer genuíno
                            clássico punk deve ser soar. Destaque para a
                            balada “Four Corners”, com a sempre bem-
                            vinda participação do trovador Mark Lanegan.



Mondo Generator
A Drug Problem That Never
Existed (2003)


038
Cansado de tantos processos judiciais e
                    críticas vindas de todos os lados, Michael
                    Jackson ficou quase dez anos longe da mídia.
                    Retornou com “Invincible”, cujo sucesso
                    devastador das primeiras semanas foi cortada
                    bruscamente depois de desentendimentos
                    entre Jackson e sua gravadora, a Sony. A
                    gravadora então decidiu boicotar a divulgação
                    do álbum, que acabou vendendo abaixo do
                    esperado para os padrões do cantor (“apenas”
                    10 milhões de cópias).

                    As coisas realmente não estavam nada bem
                    para o Rei do Pop. Musicalmente, este é seu
                    disco mais forte já registrado, no qual ele fala,
                    pela primeira vez, sobre seu abuso com
                    comprimidos e drogas sintéticas. Batidas
Michael Jackson     tintensas, influências de rap e hip hop, músicas
Invencible (2001)   avassaladoras como “Unbreakable” e “You
                    Rock My World”: ninguém imaginava que este
                    seria o canto do cisne de Michael Jackson. Foi-
                    se em grande estilo.

039
Faltam palavras para descrever o ataque
                            sonoro de “Songs for the Deaf”. Dave Ghrol na
                            bateria pela primeira vez desde o fim do
                            Nirvana, participações de Mark Lanegan, Nick
                            Olivieri ainda comandando o baixo, álbum
                            dedicado aos Ramones. Dá uma magnífica
                            sensação de liberdade ouvir clássicos como
                            “Go With the Flow” e “No One Knows”, esta
                            última dona do “melhor riff de guitarra da
                            década”, segunda uma conceituada publicação
                            americana.

                            Conceitual, o disco tem um programa de rádio
                            mexicano como pano de fundo, que interliga
                            todas as faixas através de vinhetas malucas.
                            Os pedaços mais infernais ficam para o capeta
                            Nick Olivieri; o gênio Josh Homme fica com as
Queens of the Stone Age     chapações lisérgicas (“The Sky is Falling”, por
Songs for the Deaf (2002)   exemplo); e Mark Lanegan comanda as mais
                            quebradas, caso de “A Song for the Dead”,
                            trilha sonora perfeita para quando a Terra for
                            pro saco.

040
A poderosa sonoridade do Autumn foge
                  completamente do chamado “A bela e a fera” –
                  nome dado ao dueto entre voz masculina
                  gutural e voz feminina lírica, preferindo apoiar-
                  se em canções vigorosas, intensas, melódicas
                  e marcantes.

                  Em muitos momentos, parecemos estar diante
                  de uma (ótima) banda de rock, sem pertencer
                  a nenhum rótulo pré-definido. Fundado em
                  1995, o Autumn contou durante vários anos
                  com a vocalista Nienke de Jong, que anunciou
                  sua saída por volta de 2008 por causa das
                  famosas diferenças musicais. Com a entrada
                  de Welman, o som ganhou novas luzes e vem
                  conquistando cada vez mais público por toda a
                  Europa. Aqui no Brasil, o Autumn é um tanto
Autumn            desconhecido ainda, como é de se esperar
Altitude (2009)   vindo do país do funk carioca...




041
Eis o melhor exemplo do que podemos rotular
                        como pós-grunge, que tem também o Creed
                        como outro nome conhecido. Terceiro disco de
                        estúdio, “Silver Side Up” foi o primeiro a sair do
                        Canadá para varrer o mundo, apoiado pelos
                        sucessos “Never Again”, que fala sobre
                        violência contra mulheres, “How You Remind
                        Me?” e a pessoal “Too Bad”, que trata do fato
                        de o pai do vocalista, Chad Kroeger, tê-lo
                        abandonado quando este tinha apenas dois
                        anos de idade.

                        Os dois últimos singles, aliás, viraram febre no
                        Brasil: não tinha quem não conhecesse
                        Nickelback por volta de 2002. Aonde quer que
                        eu fosse, sempre via carros com alguma
                        dessas músicas no último volume. Uma febre
Nickelback              que me deixou bastante nostálgico.
Silder Side Up (2001)



042
Quando foi lançado, o clipe da canção
                       “American Life” determinou o enorme fiasco
                       comercial do novo disco de Madonna nos
                       Estados Unidos. Também, não era para
                       menos: tendo a guerra entre Estados Unidos e
                       Iraque como pano de fundo, a cantora
                       comparou a guerra a um mero desfile de moda
                       contando com um monte de celebridades. Até
                       o George W. Bush aparece, interpretado por
                       um sósia. Outra polêmica: o tom antiamericano
                       permeava todo o trabalho.

                       Além da tensão pré-guerra, a cantora fala
                       também sobre religião e política, sendo este o
                       seu disco mais incomum. Uma joia rara,
                       incompreendido na época de seu lançamento,
                       dono de canções como a faixa-título, “Die
Madonna                Another Day” (tema do filme “007: Um Novo
American Life (2003)   Dia Para Morrer”) e “Hollywood”. Emergindo
                       como uma figura antipatriótica, Madonna
                       mostrou coragem e ousadia, em um momento
                       dos Estados Unidos em que o país se

043                    mostrava fechado e intolerante.
A primeira coisa que salta aos ouvidos é o
                     banho de produção que o Meat Puppets
                     tomou. Nem parece aquela banda tosca e
                     desafinada de hardcore que permaneceu no
                     anonimato durante os anos 80, tendo sua
                     carreira alavancada pelo Nirvana em seu “MTV
                     Unplugged” (1993).

                     Não, o que ouvimos aqui é uma banda
                     competente e cheia de boas ideias. “Armed
                     and Stupid”, “I Quit”, “Lamp” (muito bonita) e
                     “Tarantula”   são     apenas   alguns    bons
                     momentos.




Meat Puppets
Golden Lies (2000)



044
Heavy Metal sem firulas, como Zakk Wylde
                      adora definir. Cinco faixas acabaram entrando
                      depois de terem sido rejeitadas pelo titio Ozzy
                      Osbourne           (“Bleed         for      Me”,
                      “Life/Birth/Blood/Doom”, “Demise of Sanity”,
                      “Bridge to Cross” e “I‟ll Find the Way”). Motivo:
                      Ozzy considerou as músicas citadas como
                      “muito Black Label Society”, o que não deixa
                      de ser verdade.

                      Mas também, se ouvirmos ao último trabalho
                      de Ozzy, “Black Rain” (2007), podemos defini-
                      lo como um disco de Zakk Wylde com
                      participação especial de Ozzy nos vocais. Ou
                      seja, dá tudo na mesma. O desenho da capa
                      foi baseada em uma propaganda nazista,
                      enquanto o disco todo foi escrito para o pai de
Black Label Society   Zakk.
1919 Eternal (2002)



045
Trilha sonora ambiente do filme “As Virgens
                             Suicidas”, dirigido por Sofia Coppola e lançado
                             em 1999. Há uma segunda trilha, que reúne
                             diversos grupos como Heart e Todd Rundgren.
                             A dupla francesa Air, formada por Nicolas
                             Godin e Jean-Benoit Dunckel, donos do
                             colante hit de 1998 “Sexy Boy”, aqui se mostra
                             inspirada e cria lindas atmosferas para
                             absorver a melancólica história de Coppola.

                             Temas etéreos, instrumentais em sua maioria,
                             leves e distantes. “Playground Love”,
                             “Afternoon Sister” e “Dead Bodies” são bonitas,
                             tornando-se ainda mais impactantes se
                             assistirmos ao filme.


Air
The Virgin Suicides (2000)



046
Uma das mulheres mais respeitadas do rock
                                 alternativo, a magrela PJ Harvey misturou folk,
                                 blues, indie e dream pop neste que é
                                 considerado seu melhor trabalho. A despeito
                                 de ser uma artista underground, o disco fez
                                 grande sucesso: abocanhou o 8º lugar na lista
                                 das mulheres mais essenciais do rock n‟ roll
                                 (Rolling Stone); e foi consideradoo pela Q
                                 Magazine como o melhor álbum de rock já
                                 lançado por uma mulher.

                                 Nas paradas, porém, conseguiu arranhar
                                 apenas a 42ª posição nos Estados Unidos e a
                                 23ª na Inglaterra, seu país natal. Destaques: “A
                                 Place Called Home”, “One Line” (tema do
                                 episódio final da primeira temporada do
                                 seriado “Gilmore Girls”) e “The Mess We‟re In”,
PJ Harvey                        que conta com a voz triste de Thom Yorke, do
Stories From the City, Stories   Radiohead.
From the Sea (2000)


047
Cabeludos, barbudos, caipiras e meio hippies,
                          os caras do Kings of Leon foram um sopro de
                          novidade em meio a tantas bandas iguais.
                          Apresentaram à nova geração o southern rock,
                          gênero que se popularizou com Creedence
                          Clearwater Revival (1968-1972) e Lynyrd
                          Skynyrd (1973).

                          Nascidos em Nashville (Tennessee), a música
                          desse quarteto mostra influências das duas
                          bandas citadas acima, mais Beatles, Rolling
                          Stones e acrescentaram a fórmula do indie
                          rock moderno, dando um contraste muito
                          peculiar.



Kings of Leon
Youth and Young Manhood
(2003)


048
Após sua saída do The Gathering, a cantora e
                  compositora      holandesa      Anneke    van
                  Giersbergen montou o Agua de Annique,
                  fachada para sua carreira-solo. Se orientou
                  pelo pop/ rock e rock alternativo, chamou três
                  camaradas e nos brindou com uma coleção de
                  lindas baladas, como “Come Wander With Me”,
                  que prima pelo charme medieval.

                  Outro destaque vai para a barulhenta
                  “Witness”, que diz: “Eu quero saber como é
                  possível que eu me sente aqui em meu quarto,
                  assistindo a TV, pensando no nado e em nada/
                  E eu não sei como faz qualquer um ter a
                  coragem de vir à minha porta e vender o
                  mundo de Deus”.

Agua de Annique
Air (2007)



049
Para encerrar a década com um belo de um
                              chute na porta, o Arch Enemy selecionou a
                              dedo as melhores faixas dos três primeiros
                              álbuns de estúdio – Black Earth (1996),
                              Stigmata (1998) e Burning Bridges (1999) – e
                              as regravou com mais fúria, com mais urgência
                              e com a vocalista Angela Gossow não só
                              substituinto à altura os ótimos vocais de Johan
                              Liiva como imprimindo uma dose a mais de
                              insanidade.

                              O som? Death Metal Melódico de primeira
                              qualidade, com porradas como “Beast of Man”,
                              “Demonic Science”, “Dark Insanity” e
                              “Silverwing”. De inédito mesmo, só a faixa-
                              título, na verdade uma introdução com
                              remixes de uma outra instrumental,
Arch Enemy
                              “Demoniality”. Obrigatório.
The Root of All Evil (2009)



050
Como o integrante mais calmo e espiritual dos
                     Beatles, George Harrison levou 14 anos para
                     concluir este disco. Durante esse tempo,
                     participou de vários projetos beneficentes,
                     apareceu em shows, foi atacado por um fã
                     maluco em dezembro de 1999, e lutou, sem
                     sucesso, contra um câncer de pulmão.
                     Harrison partiu em 30 de novembro de 2001, e
                     suas cinzas foram depositadas em um rio
                     sagrado da Índia, o Yamuna.

                     Seus últimos dias de vida foram bastante
                     emotivos. Poucos dias antes de morrer,
                     chamou os velhos amigos, Paul McCartney e
                     Ringo Starr, para lhes dar a notícia de que
                     estava morrendo. “Não estarei aqui no Natal”,
                     disse a um Paul McCartney com lágrimas nos
George Harrison      olhos. “Eu não vou sair daqui até o fim”, disse
Brainwashed (2002)   Ringo. “Tudo bem meu amigo, eu estou em
                     Paz”, respondeu Harrison. “Brainwashed” foi
                     terminado pelo seu filho, Dhani Harrison, e
                     coleta as 12 últimas canções de um dos

051                  maiores gênios da História da Música.
No dia 15 de maio de 2003, a esposa de Cash,
                        a também cantora June Carter, morreu devido
                        a complicações decorrentes de uma cirurgia no
                        coração. Para o cantor, a morte de sua esposa
                        determinou também sua própria morte. Cash
                        faleceu pouco menos de quatro meses depois,
                        devido à diabetes e a uma acentuada
                        depressão. Deixou a tristeza de ter perdido o
                        grande amor de sua vida devidamente
                        guardado neste quinto e último volume da série
                        “American Records”, iniciado em 1994. É para
                        ser ouvido aos poucos, apreciando a voz
                        carregada de emoção e o violão sempre
                        venenoso. Destaque maior para “On The
                        Evening Train” (Hank Williams), uma das
                        músicas mais tristes já feitas: “Rezei para que
                        Deus me desse coragem/ Para continuar a
Johnny Cash             procurá-la de novo/ É duro saber que ela se foi
American V: A Hundred   para sempre/ Eles a estão carregando no trem
                        da noite”.
Highways (2006)


052
Coitado dos caras do Metallica. Todo mundo
                   entendeu errado e sacrificou a banda por um
                   disco de gravação tão precária (a bateria
                   parece ter sido gravada dentro de um forno),
                   sem as competentes melodias, sem os solos
                   de Kirk Hammet. “Saint Anger” é conceitual
                   sobre o ódio – ódio esse explosivo e, como tal,
                   não teria lugar a fórmula Metallica de compor.

                   Não há baladas épicas como “Fade to Black”,
                   muito menos canções radiofônicas como
                   “Enter Sandman”. Furioso, tosco, angustiante:
                   um retrato perfeito da época sombria que o
                   quarteto americano atravessava.



Metallica
St. Anger (2003)



053
Em sua estreia em um trabalho independente,
                           a banda de Edmonton, Kentucky, traz um
                           discaço cujo título do álbum não poderia ter
                           uma definição melhor. Em suas 10 faixas nós
                           ouvimos a um rock n‟ roll sem firulas,
                           empolgante, repleto de riffs e distorções
                           pesadas.

                           “Sissy Bitch”, “Redneck”, “Amen Nation” e
                           “America” são algumas das pérolas de um
                           álbum perfeito. Stoner, Southern e Hard Rock
                           formam a base para o quarteto liderado pelo
                           vocalista Chris Robertson cuspir suas músicas
                           para quem gosta de Motörhead, Kyuss ou
                           Nashville Pussy.

                           A única coisa chata é que foi só o Black Stone
Black Stone Cherry         Cherry ir para uma grande gravadora que o
Rock N’ Roll Tape (2003)   rock pesado deu lugar a um xerox sem graça
                           das piores baladas do Nickelback.



054
Nenhuma banda da nova geração é tão
                            obcecada pelo livro dos anos 60 como este
                            projeto paralelo de Alex Turner (Arctic
                            Monkeys), Miles Kane (The Rascals) e James
                            Ford (Simian Mobile Disco). Os cabelos, as
                            roupas, os videoclipes, as músicas, as letras:
                            tudo nos remete àquela década que serviu de
                            base para, pelo menos, 70% das bandas
                            norte-americanas e britânicas atuais.

                            É incrível como o rock é capaz de se reciclar
                            através dos tempos, incorporando-se a outras
                            ideias, em busca da sonoridade perfeita.
                            Turner e Kane mostram uma ótima química em
                            seus duos, assim como Beatles e Beach Boys
                            já fizeram. A faixa-título, “Standing Next to Me”
                            (o clipe desta parece ter sido gravado em
The Last Shadow Puppets     1964), “My Mistakes Were Made for You” e “In
The Age of Understatement   My Room” carregam paixão e poesia, rebeldia
                            contida de tempos que, muito longe da Guerra
(2008)                      do Vietnã, vislumbram o assombro da Guerra
                            do Iraque.

055
“Se vocês gostam de som pesado, com muita
               porrada e energia, ouçam o som da nossa
               banda e chutem as cabeças de quem vocês
               não gostam”. Esse foi o recado que Jeff
               Hirshberg,    guitarrista e  vocalista do
               Speedealer, deu aos brasileiros numa
               entrevista de 2001.

               E é isso que você vai encontrar neste disco:
               músicas porradas, pesadas e velozes. Trash
               metal que se confunde com stoner rock,
               criando o rock pesado perfeito. Para melhor
               referência, vale lembrar do Motörhead,
               influência decisiva na vida desse quarteto de
               Lubbock (Texas). Uma coisa bacana em
               relação aos caras é sua paixão por animais,
               principalmente bichos típicos do deserto
Speedealer     texano, provando que não é preciso ser um
Bleed (2003)   imbecil e cruel para fazer trash metal dos bons.




056
Mais uma grande banda que surgiu e sumiu
                    nesta década. Combinando hard rock dos anos
                    70 com rock alternativo atual, o Audioslave
                    difundiu uma sonoridade muito própria.

                    Chris Cornell (ex-Soundgarden), antes de partir
                    para o pop escandaloso (leia-se “Scream”,
                    lançado no começo de 2009), explode sua voz
                    forte e intensa nas vibrantes “Cochise”, “Show
                    Me How to Live” e “What You Are”. No lado das
                    baladas, “Like a Stone”, “I Am The Highway” e
                    “Light My Way” são belíssimas e perfeitas para
                    serem tocadas numa viagem de carro sem
                    destino, passando por desertos, estradas
                    empoeiradas e bares caindo aos pedaços.


Audioslave
Audioslave (2002)



057
Em 1998, na cidade de Palm Desert
                         (Califórnia), Jesse Hughes tentava introduzir
                         Josh Homme (Queens of the Stone Age) no
                         death metal. Homme detestava o gênero, mas
                         aceitou ouvir uma banda polonesa chamada
                         Vader. “Eles são os Eagles (banda dos anos
                         70, famosa pelo clássico „Hotel Califórnia‟) do
                         Death Metal”, descreveu Homme a Hughes,
                         que adorou o nome. Como frontman perfeito,
                         temos Jesse “The Devil” Hughes, que se veste
                         como um Freddie Mercury querendo ser o
                         Capitão América.

                         O cara é engraçado, palhaço e sabe interagir
                         com o público como poucos. Na bateria, temos
                         Josh “Baby Duck” Homme, mal-humorado
                         como sempre, mostrando batidas retas e
Eagles of Death Metal    secas em seu mini-kit de bateria. O som?
Peace Love Death Metal   Muito longe do death metal: rockabilly bêbado
                         e cravado em Elvis Presley; e letras sobre a
(2004)                   trinca mais conhecida dos cabeludos (sexo,
                         drogas e rock n‟ roll).

058
“Once” marcou uma significativa mudança no
              som do Nightwish, que acrescentou ao seu
              Symphonic Metal instrumentos inusitados,
              orquestrações raivosas e experimentos
              ousados para os padrões do metal. Novos
              universos abrem-se diante de nossos olhos,
              enquanto a banda crava uma abertura
              matadora com “Dark Chest of Wonders”, “Wish
              I Had na Angel” e o sucesso “Nemo” – canções
              tão poderosas que até hoje são obrigatórias
              nos shows.

              Em “Creek Mary‟s Blood”, temos contato com
              um canto nativo-americano, em uma das
              baladas mais bonitas dos finlandeses. Outros
              destaques: a porrada “Romanticide”, a
              atmosférica “Ghost Love Scene” e a linda
Nightwish     “Higher Than Hope”, cuja introdução levada
Once (2004)   por um violão solitário em meio a ventos nos
              levam a uma Europa selvagem, época de
              vikings e grandes guerreiros.


059
Se o fim do Oasis for mesmo uma notícia real
                           (sabe como é, os Gallagher já brigaram tantas
                           vezes que fica difícil de acreditar), “Dig Out
                           Your Soul” é o último disco de estúdio desse
                           quarteto britânico. E que disco! Talvez
                           prevendo que este seria o canto de cisne, o
                           Oasis passou o rodo em tudo o que já
                           aprontou, escrevendo um álbum que une todas
                           as alucinações poéticas do grupo.

                           Há rock n‟ roll para se cantar em estádios
                           (“The Schock of the Lightning”), psicodelia
                           (“Waiting For the Rupture”, “(Gett Off Your)
                           High Horse Lady”, “To Be Where There‟s Life”),
                           baladas (“I‟m Outta Time”), experimentos
                           sonoros (“Soldier On”) e pop radiofônico (“Bag
                           It Up”): 14 anos de carreira em apenas um
Oasis                      disco recheado por ótimas canções.
Dig Out Your Soul (2008)



060
Depois de cometerem suicídio comercial,
                           assassinarem o pop e se tornarem nome de
                           culto quase messiânico, o Radiohead decidiu
                           fazer as pazes com a melodia. Há mais
                           guitarras que os dois álbuns anteriores (“Kid A”
                           e “Amnesiac”), e há mais piano do que
                           qualquer outro disco.

                           Mas, o multi-instrumentista Jonny Greenwood
                           continua brincando com seus instrumentos
                           caseiros e malucos, além de comandar batidas
                           eletrônicas,   samples,    viola,  xylophone,
                           glockenspiel, ondes Martenot, banjo e gaita.
                           Podemos encontrar até mesmo canções
                           bastante assobiáveis como “There There”
                           (dona de um clipe viajante) e “2+2=5”. Claro,
                           sobra espaço para baladas corta-pulso (“Sail to
Radiohead                  the Moon”, We Suck Young Blood”, “I Will”) e
Hail to the Thief (2003)   bizarrices sonoras que só o Radiohead comete
                           (“Myxomatosis”, “Sit Down, Stand Up”).



061
O nome do disco reflete a vontade em dizer
                            que as músicas aqui presentes são mais
                            importantes do que a própria banda em si. No
                            encarte, há a mensagem: “Estas canções
                            pertencem     a    vocês    agora”.    Baladas
                            encharcadas de romantismo, poesia e sonhos
                            adolescentes. Permaneceu quatro semanas
                            consecutivas no topo da Billboard e vendeu em
                            quatro semanas o que o premiado e elogiado
                            álbum anterior, “The Man Who” (1999), vendeu
                            em 26. Formado em 1995, os escoceses do
                            Travis acreditam no amor incondicional, na
                            paixão eterna, nos bons momentos e nas
                            pequenas coisas da vida. Sua música, porém,
                            é um contraste melancólico a tantas alegrias.

                            Ouça “Flowers In The Windows”, “Sing” e
Travis                      “Follow the Light” e saia assobiando por aí,
The Invisible Band (2002)   cumprimentando desde o vizinho rabugento
                            até o sabiá que canta no telhado da sua casa.



062
Com 24 anos de idade, a galesa Duffy deixou
                   todo mundo embasbacado com “Mercy”, seu
                   primeiro single de divulgação. Depois de
                   conquistar o topo das paradas em 12 países
                   diferentes, o território foi preparado para
                   receber o disco de estreia da cantora, que
                   prega o soul e o blues como suas raízes.
                   “Rockferry” fez todo o barulho que prometia:
                   vendeu 6 milhões de cópias e ganhou um total
                   de 37 discos de platina e 8 discos de ouro ao
                   redor do planeta.




Duffy
Rockferry (2008)



063
Segundo álbum de estúdio desta banda
                      holandesa de gothic metal, “Mother Earth” foi
                      um enorme sucesso na Europa. Vendeu mais
                      de 400 mil cópias e ganhou certificado de
                      platina na Holanda e Alemanha, além de ouro
                      na Bélgica. Vocais guturais masculinos duelam
                      com a bela voz operística de Sharon den Adel,
                      em um estilo que fez muito sucesso no heavy
                      metal entre os anos 90 e 2000.

                      Escombros macabros, vampirismo, atmosfera
                      sobrenatural, escuridão: a cartilha para se
                      entender o mundo gótico está aqui. Boa parte
                      das canções foi escrita tendo como base a
                      música celta, cuja influência veio da trilha-
                      sonora do filme norte-americano “Coração
                      Valente” (1995), com Mel Gibson.
Within Temptation
Mother Earth (2000)



064
Lembro bem do fenômeno “B.Y.O.B.”, primeiro
                   sucesso deste disco. Tocava em tudo quanto
                   era lugar, e até os mais radicais dos
                   headbanghers acabavam se rendendo ao som
                   inusitado do System of a Down. Também,
                   “B.Y.O.B.” é um primor, instrumentalmente
                   falando, com mais de sete variações de tempo
                   e melodia. Crentes de que o mundo estava
                   cada vez mais podre, o System of a Down
                   lançou seu disco mais urgente, explícito e
                   crítico.

                   Não sobra nada na reta dos caras: governo,
                   saúde,    cigarro,  pornografia,    televisão,
                   alienação, Guerra do Iraque... Destaque
                   absoluto para o baterista John Delaway, que
                   mostra um salto espetacular com suas batidas
System of a Down   cada vez mais complexas. As músicas se
Mezmerize (2005)   mostram bastante melódicas, arriscando novos
                   experimentos como samples (“Old School
                   Hollywood‟) e polka (“Radio/ Video”). Foi
                   lançado seis meses antes de “Hypnotize”, que

065                fecha em grande estilo a discografia desta
                   banda seminal.
Vestindo ternos e usufruindo daquele cheirão
                           de hype, o The Hives deu o que falar no
                           começo da década. O título do disco veio de
                           um discurso de Julio César, depois deste
                           conquistar a Ásia Menor em 47 a.C.. César
                           disse: “Veni, vidi, vici” (Eu vim, eu vi, eu venci).
                           É claro que o Hives brincou, fazendo um
                           esperto trocadilho com “vicious”, que significa
                           viciado.

                           Punk rock puro, que rendeu sucessos como
                           “Die, All Right!”, “Main Offender”, “Hate to Say I
                           Told You So” (essa tocou até em novela da
                           Globo) e “Suplly and Demand”. É uma pena
                           que hoje em dia o Hives não seja mais tão
                           festejado, pois sua música tinha tudo para
                           continuar chacoalhando o rock dos anos 2000.
The Hives
Veni Vidi Vicious (2000)



066
Mesmo coletando críticas boas e ruins, este
                          nono disco do Slayer chegou à 28ª posição da
                          Billboard e sua música “Disciple” foi indicada
                          ao Grammy. Nada mal para uma banda de
                          Trash Metal que critica a religião católica em
                          todos os seus trabalhos. O guitarrista Kerry
                          King escreveu 80% do material, tocando em
                          assuntos como religião, vingança, autocontrole
                          e assassinatos.

                          A despeito da leve mudança de sonoridade já
                          apresentada no criticado “Diabolus in Musica”
                          (1998), as músicas apostam mais no peso do
                          que na rapidez, e canções como a citada
                          “Disciple”, “New Faith” (uma das melhores),
                          “Bloodline” e a faixa-título são destruidoras.
                          Destaque para Tom Araya (voz/ baixo), que
Slayer                    berra como se alguém estivesse enfiando uma
God Hates Us All (2001)   faca no seu crânio.




067
Segundo álbum de estúdio (primeiro, se
                levarmos em conta que o anterior “Origin” é
                uma demo) desta banda gótica americana. O
                Evanescence foi, de longe, a banda desse
                estilo que mais causou furor no mundo:
                “Fallen” ficou 100 semanas consecutivas na
                Billboard Top 200, e vendeu incríveis 15
                milhões de cópias.

                Mesmo assim, a banda é detestada pelos fãs
                mais radicais do gothic metal, pois seus flertes
                com o pop foram determinantes para resultar
                no sucesso que alcançaram. Muitos hits
                espalhados (“Going Under”, “Bring Me to Life”,
                “Everybody‟s Fool”, “My Immortal”, “Whisper”)
                em um disco marcado pelo lirismo vocal de
                Amy Lee, pelas guitarras à lá new metal e
Evanescence     pelas intervenções de música eletrônica e até
Fallen (2003)   rap.




068
Psicodelia e stoner rock empoeirado formam o
                 muro sônico do Nebula, uma das bandas mais
                 barulhentas     do    movimento   americano.
                 Lançado pelo histórico selo Sub Pop,
                 “Charged” é cru e urgente até as últimas
                 consequências.

                 Assim como ocorre com outra grande banda
                 stoner, Fu Manchu, o Nebula é amado por
                 quem pratica esportes radicais em geral
                 (principalmente    Skatistas),   tamanha    a
                 identificação desse tipo de público com as
                 músicas cheias de adrenalina. “Giant”, por
                 exemplo, acabou entrando para a trilha-sonora
                 dos games “Tom Hawk‟s Pro Skater 4” e “NHL
                 2K7”, este último da liga americana de hóquei
                 no gelo.
Nebula
Charged (2001)



069
Fundado por Tommy Jorgensen, Lars Magnus
                    Jenssen, Bjornar "Bernhard" Jenssen e a
                    vocalista Kristin Fjelseth, o Pale Forest deixou
                    uma pequena discografia que conta com dois
                    Eps - "Layer One" (1998) e "Anonymous
                    Caesar" (2003) - e três discos de estúdio:
                    "Transformation Hymns" (1998), "Of Machines
                    and Men" (2000) e "Exit Mould" (2001).

                    Suas canções são normalmente comparadas
                    com as do The Gathering, embora menos
                    eletrônico. Todos seus álbuns são obrigatórios,
                    tendo como alguns dos destaques a belíssima
                    "Exit Mould", a canção; "Stigmata"; "Tristesse"
                    (que acabou se tornando o único videoclipe da
                    carreira); "We Have Died"; e "These Old Rags".
                    Todas ótimas músicas.
Pale Forest
Exit Mould (2001)



070
Em seu terceiro disco solo, a finlandesa Tarja
                           Turunen mostra seu vozeirão soprano lírico-
                           spinto, de amplitude de três oitavas, e encanta
                           com um repertório baseado por intensas
                           melodias que se enquadrariam perfeitamente
                           em uma sinfonia, mas sem esquecer do heavy
                           metal que a consagrou enquanto esteve
                           comandando o Nightwish, entre 1996 e 2005.
                           “What Lies Beneath” é um ótimo disco, prato
                           cheio tanto para os fãs do Nightwish quanto
                           para os fãs de Tarja e Gothic Metal em geral.

                           Destaque absoluto para a maravilhosa balada
                           “Underneath”; para as pesadonas “Until My
                           Last Breath”, “In For a Kill” e “Little Lies”; e
                           para as atmosféricas “I Feel Immortal”, “Dark
                           Star” e “The Archive of Lost Dreams”, que junto
Tarja Turunen              com a citada “Underneath” costuram os dois
What Lies Beneath (2010)   momentos mais poéticos, bonitos, iluminados e
                           inesquecíveis de “What Lies Beneath”.



071
Estreia desta banda nova-iorquina de pós-
                            punk. Sente-se influências vindas de Joy
                            Division (principalmente) e The Chameleons.
                            “Untitled” abre o disco magistralmente – nessa
                            hora, já ficamos rendidos pelo vocal arrastado
                            de Paul Banks e pelo instrumental trêmulo de
                            Daniel Kessler, Carlos D e Samuel Fogarino.
                            “Obstacle 1” foi parar no game “Guitar Hero
                            World Tour”.

                            Outros sucessos: “NYC” e “PDA”. Permaneceu
                            73 semanas consecutivas em 5º lugar na
                            Billboard Independent Albuns.




Interpol
Turn on the Bright Lights
(2002)


072
Produzido por Jacknife Lee (Snow Patrol, U2,
                    Bloc Party, The Hives), “Accelerate” foi uma
                    ruptura importante no som do R.E.M. Vindos
                    de uma série de discos marcados por canções
                    pop, a banda de Michael Stipe decidiu sentir
                    novamente o cheiro de uma garagem. As
                    músicas estão mais rápidas, tocadas por
                    guitarras distorcidas, transportando-nos ao
                    tempo em que o R.E.M. era uma das principais
                    bandas pós-punk do cenário underground dos
                    anos 80.

                    É claro que isso não significa que “Accelerate”
                    seja um disco pesado, pois o pop ainda
                    bombeia o coração de seus integrantes. Uma
                    boa faixa que representa sua atmosfera é “I‟m
                    Gonna DJ”, que encerra o disco com barulhos
R.E.M.              e microfonias.
Accelerate (2008)



073
Engraçado notar que todo mundo babou por
                        este álbum, e ele passou longe de qualquer
                        lista tida como “importante” dos melhores da
                        década. Como eu não tenho memória curta,
                        The Horrors não poderia ficar ausente.

                        Extremamente original e de personalidade
                        forte. Mesmo que o visual e as melodias
                        venham do rock gótico que permeou a virada
                        dos anos 70-80, os garotos do Horrors
                        mostram muita genialidade precoce e nos
                        entregam um banquete tentador de ecos,
                        pesadelos, sonhos desfeitos e quartos
                        assombrados. Guitarras dissonantes, órgãos
                        de cemitério, bateria afundada por reverb.


The Horrors
Primary Colors (2009)



074
Em seu primeiro e mais aclamado álbum, a
                           cantora, compositora e pianista Norah Jones
                           mostrou     ao    mundo       como     o   jazz
                           contemporâneo pode muito bem se infiltrar em
                           diferentes tribos e diferentes classes sociais.
                           Com um total de 23 milhões de cópias
                           vendidas mundialmente, o álbum contém 14
                           canções, sendo apenas uma de autoria de
                           Jones (a belíssima faixa-título) e duas escritas
                           em parceria com Jesse Harris.

                           Nas demais faixas, Jones esbanja simpatia
                           com releituras fieis de alguns dos maiores
                           clássicos da música norte-americana de raiz:
                           Hank Williams (“Cold, Cold Heart”), John D.
                           Loudermilk (“Turn Me On”), a dupla Hoagy
                           Carmichael e Ned Washington (“The Nearness
Norah Jones                of You”), entre outros. Conseguiu a proeza de
Come Away With Me (2002)   bater “Kind of Blue” (1959), de Miles Davis,
                           como o álbum de jazz mais vendido em todos
                           os tempos.


075
Um dos maiores representantes do gothic
                  metal mundial, a banda italiana Lacuna Coil
                  chegou ao seu terceiro álbum cheio de
                  inspiração. De explosiva criatividade, o álbum
                  alcançou uma boa 28ª posição nas paradas
                  independentes.

                  A mistura de heavy metal tradicional,
                  elementos eletrônicos, atmosfera gótica e o
                  perfeito duo entre o gutural masculino de
                  Andrea Ferro e o feminino lírico de Cristina
                  Scabbia soam equilibrados, algo raro no
                  gênero. Eis alguns destaques: “Swamped”,
                  “Heaven‟s a Lie”, Daylight Dancer” (tema dos
                  dois filmes de terror “A Caverna” e “Alone In
                  The Dark”), “Aeon” e a vibrante “Entwined”.

Lacuna Coil
Comalies (2002)



076
Cansados da velha fórmula grunge de compor,
                  o Pearl Jam deu um tempo no fim dos anos 90.
                  Eddie Vedder & CIA queriam algo novo,
                  queriam experimentar novas sonoridades.
                  Utilizaram uma técnica de gravação chamada
                  binaural recordings e experimentaram novos
                  instrumentos. Até mesmo as letras soam
                  diferentes, mais sombrias. Abre com uma
                  trinca de ferro (“Breakerfall”, “God‟s Dice” e
                  “Evacuation”), rápidas e sujonas, que
                  ressuscitam a excitação oitentista do pós-punk.

                  A partir de “Light Years” (grande sucesso, por
                  sinal), somos redirecionados a outros túneis.
                  Há neopsicodelia (“Nothing As it Seems”), folk
                  rock (“Soon Forget”), baladas com ar de
                  classic      rock     (“Parting    Ways”)       e
Pearl Jam         experimentações nada convencionais aos
Binaural (2000)   padrões do Pearl Jam (as esquisitas
                  “Insignificance”, “Of the Girl” e “Rival”). Foi o
                  primeiro disco do grupo a não receber disco de
                  platina, o que o torna ainda mais obrigatório.

077
O Midlake faz um folk rock viajante, perfeito
                               para se ouvir no topo de uma montanha com
                               uma cerveja na mão. Músicas calmas, com
                               poucas     eventuais     distorções,     letras
                               enigmáticas, refrões marcantes e um universo
                               de melodias criado com muita criatividade.

                               Dentre os destaques, a maravilhosa trinca que
                               abre o disco (“Acts of Man”, “Winter Dies” e
                               “Small Mountain”), além de “Fortune”, “Rulers,
                               Ruling All Things” e a faixa-título. Uma banda
                               diferente, vinda do rock psicodélico em seus
                               primeiros trabalhos, aqui buscando caminhos
                               em busca de vilas medievais e histórias para
                               contar.


Midlake
The Courage of Others (2010)



078
O que torna o Weezer uma banda tão bacana
                é o jeito nerd dos integrantes, com aquele
                emblema de Buddy Holly, e o rock “pra cima”
                feito pelo quarteto. Por detrás de uma parede
                de guitarras, ouvimos a uma penca de hits
                imediatos, de refrões grudentos, ritmo para
                acompanhar batendo o pé no chão: não tem
                como não gostar.

                E o mais legal de tudo é que os caras não são
                pop, e sim, um dos líderes do rock alternativo.
                Também conhecido como “The Green Album”,
                este disco acabou sendo, sem querer, o maior
                sucesso comercial do Weezer: foi direto ao 4º
                lugar da Billboard e rendeu três grudentíssimos
                hits: “Hash Pipe”, “Island in the Sun” e
                “Photograph”. Para quem sempre imaginou
Weezer          que o Beatles poderia ser mais “punk”.
Weezer (2001)



079
O que poderia resultar uma parceria entre
                              Robert Plant, eterno líder do Led Zeppelin, e a
                              cantora de bluegrass Alison Kraus? No melhor
                              disco de 2007, no mínimo.

                              Mais que isso, resultou em um dos álbuns mais
                              bonitos e poéticos lançado nos últimos anos –
                              onde folk, country e rock se fundem para criar
                              paisagens bucólicas e passeios solitários. Fora
                              ter sido aclamado e recebido o Grammy de
                              Álbum do Ano em 2008, “Rising Sand” não
                              precisava de nada disso: ele soa perfeito por si
                              só. Ouça “Rich Woman”, “Polly Come Here” e
                              “Please Read the Letter”.



Robert Plant & Alison Kraus
Rising Sand (2007)



080
Todo amante do movimento grunge ficou mais
                                 feliz com o retorno triunfal do Alice In Chains
                                 ao cenário musical. É um álbum muito
                                 importante para a vida da banda: é o primeiro
                                 de estúdio em 14 anos; o primeiro a ser
                                 lançado após a trágica morte do vocalista
                                 Layne Staley por overdose, em 2002; e o
                                 primeiro com um novo vocalista, o ótimo
                                 William DuVall.

                                 Quem conheceu a banda no início dos anos 90
                                 vai sentir o mesmo impacto ao ouvir clássicos
                                 imediatos como “Check My Brain”, “Your
                                 Decision”, “Looking in View” e “Private Hell”. O
                                 rock estava mesmo precisando do Alice In
                                 Chains novamente.

Alice In Chains
Black Gives Way to Blue (2009)



081
Bons tempos de new metal! “Iowa” é um triunfo
              do gênero. Agressivo, violento e absolutamente
              confuso – metal alternativo e rap metal são
              apenas a ponta do iceberg de um universo
              aparentemente deslocado.

              O vocalista Corey Taylor se sobressai com
              seus urros primitivos e subumanos, debaixo de
              muitas percussões, bateria tijolo, baixo
              pulsante e toneladas de guitarras sujas e
              velozes. Iron Maiden fica parecendo cantiga de
              ninar perto de vômitos sonoros do fedor de
              “People = Shit”, “My Plague”, “The Heretic
              Anthem”, “Left Behind” e “Metabolic”. Ao vivo, o
              Slipknot faz jus à música apresentada em
              estúdio: os shows são caóticos, bagunçados e
              ensurdecedores. Uma das mais bacanas
Slipknot      bandas de metal do mundo.
Iowa (2001)



082
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000
100 Grandes Discos dos Anos 2000

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

HistóRia Do
HistóRia DoHistóRia Do
HistóRia Do
Ayrtoncr7
 
Maroon 5 - Trabalho de inglês, Guilherme Almeida
Maroon 5 - Trabalho de inglês, Guilherme AlmeidaMaroon 5 - Trabalho de inglês, Guilherme Almeida
Maroon 5 - Trabalho de inglês, Guilherme Almeida
Kathleen Hoff
 
Zine oficial numero40_rock_cerrado_2012
Zine oficial numero40_rock_cerrado_2012Zine oficial numero40_rock_cerrado_2012
Zine oficial numero40_rock_cerrado_2012
ZineOficial
 

Mais procurados (18)

Música pop rock
Música pop rockMúsica pop rock
Música pop rock
 
Jovem guarda. história do rock
Jovem guarda. história do rock Jovem guarda. história do rock
Jovem guarda. história do rock
 
Cultura
CulturaCultura
Cultura
 
HistóRia Do
HistóRia DoHistóRia Do
HistóRia Do
 
Fotorrelatório - Guns n' Roses
Fotorrelatório - Guns n' RosesFotorrelatório - Guns n' Roses
Fotorrelatório - Guns n' Roses
 
Maroon 5 - Trabalho de inglês, Guilherme Almeida
Maroon 5 - Trabalho de inglês, Guilherme AlmeidaMaroon 5 - Trabalho de inglês, Guilherme Almeida
Maroon 5 - Trabalho de inglês, Guilherme Almeida
 
Guns n' roses
Guns n' rosesGuns n' roses
Guns n' roses
 
Equipe Estrelando
Equipe EstrelandoEquipe Estrelando
Equipe Estrelando
 
Mm mtv hits lançamento clipe_br
Mm mtv hits lançamento clipe_brMm mtv hits lançamento clipe_br
Mm mtv hits lançamento clipe_br
 
Manchester cultural
Manchester culturalManchester cultural
Manchester cultural
 
Zine oficial 42_headbangers_attack_2013
Zine oficial 42_headbangers_attack_2013Zine oficial 42_headbangers_attack_2013
Zine oficial 42_headbangers_attack_2013
 
Trabalho rock e pop
Trabalho rock e popTrabalho rock e pop
Trabalho rock e pop
 
Zine Oficial 42 Headbangers Attack 2013
Zine Oficial 42 Headbangers Attack 2013Zine Oficial 42 Headbangers Attack 2013
Zine Oficial 42 Headbangers Attack 2013
 
9 c 12
9 c 129 c 12
9 c 12
 
30.1990
30.199030.1990
30.1990
 
O Rappa
O RappaO Rappa
O Rappa
 
POP MUSIC
POP MUSICPOP MUSIC
POP MUSIC
 
Zine oficial numero40_rock_cerrado_2012
Zine oficial numero40_rock_cerrado_2012Zine oficial numero40_rock_cerrado_2012
Zine oficial numero40_rock_cerrado_2012
 

Semelhante a 100 Grandes Discos dos Anos 2000

Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1
Musicah
 
dia mundial do rock
dia mundial do rockdia mundial do rock
dia mundial do rock
vianense
 
C:\Documents And Settings\Convidado\Ambiente De Trabalho\Nova Pasta (4)\Evolu...
C:\Documents And Settings\Convidado\Ambiente De Trabalho\Nova Pasta (4)\Evolu...C:\Documents And Settings\Convidado\Ambiente De Trabalho\Nova Pasta (4)\Evolu...
C:\Documents And Settings\Convidado\Ambiente De Trabalho\Nova Pasta (4)\Evolu...
abeldavidsimoes
 
Historia do rock
Historia do rockHistoria do rock
Historia do rock
Julia Lima
 
Trabalho De Ap 8 C
Trabalho De Ap 8 CTrabalho De Ap 8 C
Trabalho De Ap 8 C
guest14b8b47
 
Gêneros Musicais
Gêneros MusicaisGêneros Musicais
Gêneros Musicais
Aurelio1
 

Semelhante a 100 Grandes Discos dos Anos 2000 (20)

História do rock
História do rockHistória do rock
História do rock
 
Rock
RockRock
Rock
 
A musica na década de 80
A musica na década de 80A musica na década de 80
A musica na década de 80
 
Rock and roll ip
Rock and roll ipRock and roll ip
Rock and roll ip
 
Rock
RockRock
Rock
 
Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1
 
dia mundial do rock
dia mundial do rockdia mundial do rock
dia mundial do rock
 
C:\Documents And Settings\Convidado\Ambiente De Trabalho\Nova Pasta (4)\Evolu...
C:\Documents And Settings\Convidado\Ambiente De Trabalho\Nova Pasta (4)\Evolu...C:\Documents And Settings\Convidado\Ambiente De Trabalho\Nova Pasta (4)\Evolu...
C:\Documents And Settings\Convidado\Ambiente De Trabalho\Nova Pasta (4)\Evolu...
 
Rock and Roll
Rock and RollRock and Roll
Rock and Roll
 
Década de 1990
Década de 1990Década de 1990
Década de 1990
 
Historia do rock
Historia do rockHistoria do rock
Historia do rock
 
Cine Livraria Cultura
Cine Livraria CulturaCine Livraria Cultura
Cine Livraria Cultura
 
A História do Rock Dos Anos Iniciais ao Legado Duradouro Por José Felipe Duar...
A História do Rock Dos Anos Iniciais ao Legado Duradouro Por José Felipe Duar...A História do Rock Dos Anos Iniciais ao Legado Duradouro Por José Felipe Duar...
A História do Rock Dos Anos Iniciais ao Legado Duradouro Por José Felipe Duar...
 
BANDAS DE ROCK
BANDAS DE ROCKBANDAS DE ROCK
BANDAS DE ROCK
 
Trabalho De Ap 8 C
Trabalho De Ap 8 CTrabalho De Ap 8 C
Trabalho De Ap 8 C
 
História do rock (personagens e polêmicas)
História do rock (personagens e polêmicas)História do rock (personagens e polêmicas)
História do rock (personagens e polêmicas)
 
Ja bateste! nº 2
Ja bateste! nº 2Ja bateste! nº 2
Ja bateste! nº 2
 
Ja bateste! nº 2
Ja bateste! nº 2Ja bateste! nº 2
Ja bateste! nº 2
 
Musica
MusicaMusica
Musica
 
Gêneros Musicais
Gêneros MusicaisGêneros Musicais
Gêneros Musicais
 

100 Grandes Discos dos Anos 2000

  • 1. 100 GRANDES DISCOS DOS 2000 ANOS
  • 2. 100 GRANDES DISCOS DOS 2000 ANOS Slides feitos por: Adolfo Ifanger Em 04 de março de 2013. Conheça meu portfolio online com textos sobre música, cinema, televisão, literatura, história, curiosidades e futebol americano: www.adolfoifanger.com
  • 3. Introdução: Se tem uma coisa que eu prezo muito é não criar listas de melhores e piores. Andei dando uma olhada nas listas dos melhores da década de 2000 em publicações conceituadas, como Rolling Stone, Billboard e Pitchfork. Afinal de contas, quais são os critérios utilizados por esses “especialistas” ao dizerem que Chris Brown é melhor do que Metallica? Ou que Rolling Stones, por exemplo, não mereceu sequer uma menção nessas listas? Uma coisa é fato: ninguém ouviu a TODOS os discos lançados na década para poder escolher os melhores. Nota-se que os critérios têm muito mais a ver com jabá de gravadora e tendência do mercado do que com música de qualidade. A revista Rolling Stone, por exemplo, colocou todos os discos que o Radiohead lançou na década. Realmente, todos foram bons, mas e aí, não vamos deixar espaço então para outros artistas tão bons quanto? Outra coisa que reparei nessas listas: a falta de memória. É incrível como tem uma tonelada de discos lançados de 2005 pra cá; os lançados antes dessa data aparecem em muito menor escala. Isso significa que só teve coisa ruim no começo da década? Não, quer dizer que é importante manter a chama acesa. Portanto, é com muito orgulho que apresento a minha lista de 100 Grandes Discos da Década de 2000, e não os melhores. Eu sei que faltou muita coisa. Muito mais do que algo pessoal, minha intenção foi criar uma retrospectiva desta década com 100 álbuns marcantes, organizados de forma não-cronológica e nem por ordem de importância. Ou seja, não significa que os 10 primeiros discos listados são melhores que os 10 últimos. Usei como principal critério constar, no máximo, 2 discos por artista, para não parecer lista de fã (como fez a Rolling Stone) e nem ficar injusto com ninguém. Pop, rock, metal, hip hop, folk e outros gêneros aparecem na lista.
  • 4. Chegou a ser ofensivo quando o System of a Down foi rotulado de “New Metal”. A música do quarteto californiano não é de fácil rotulação. Não é o tipo de banda que você consegue guardar numa gaveta. Suas raízes estão fincadas no trash metal do Slayer (uma de suas maiores influências), mas dá cabo a uma salada musical sem precedentes. “Toxicity” foi lançado em 4 de setembro de 2001, cinco dias antes dos atentados ao World Trade Center. Seus integrantes, por serem de descendência armênia, foram vistos como inimigos dos Estados Unidos. Para ajudar, o alvo principal nas letras politizadas da dupla Serj Tankian e Daron Malakian era justamente o capitalismo sufocante dos norte-americanos e sua (má?) System of a Down influência para o restante do planeta. Acabou Toxicity (2001) sendo proibido, boicotado em diversas rádios daquele país, perseguido pelo FBI e entrou para a lista das bandas que a América passou a repudiar após o 9/11. Um álbum histórico e 001 inquieto, a mais perfeita imagem daqueles tempos sombrios para o mundo ocidental.
  • 5. E foi com o The Strokes que a década ganhou cores. Este é o disco mais importante e influente dos anos 2000. Seu estrondoso sucesso puxou uma corrente musical como não acontecia desde o movimento grunge. Depois dos cinco moleques esporrentos de Nova York, muita coisa mudou no rock. Seu sucesso abriu as portas para o surgimento (e a posterior exploração) de bandas do mesmo gênero – rock de garagem cru e primitivo, com ar de anos 60, roupas dos anos 70 e 80, ideias e distorções dos anos 90. Foi o maior acontecimento do rock, e se hoje temos bandas como Arctic Monkeys, Franz Ferdinand e Kings of Leon, é por causa do The The Strokes Strokes. Is This It (2001) 002
  • 6. Sexo, deserto, bebedeiras, drogas, óvnis, rock n‟ roll. A junção desses ingredientes resultou no mais bacana, viciante, criativo, ousado e chapado disco da década. Por trás desse monstro estão Josh Homme e Nick Olivieri, dois gênios que inventaram o Stoner Rock no início dos anos 90, com o Kyuss. Quando o álbum foi lançado, o Queens of the Stone Age apareceu em praticamente todas as publicações como a maior revelação desde Nirvana. Todos esperavam que a banda fosse explodir e revolucionar o rock, mas Homme, esperto, ficou na sua e não se deixou levar pelo lado mais fácil do sucesso. A parceria entre Homme e Olivieri terminaria Queens of the Stone Age alguns anos depois, o que só faz com que Rated R (2000) “Rated R” mantenha o mesmo frescor de novidade de quando foi lançado. Um disco de difícil assimilação para grande parte do público. Mas, uma vez preso no universo 003 insano do Queens of the Stone Age, fica difícil de encontrar uma saída.
  • 7. O que fazer quando sua banda atinge o auge do reconhecimento, depois de vender quase 10 milhões de cópias e receber uma avalanche de prêmios? Continua a fazer o mesmo trabalho para garantir sucesso e dinheiro, certo? Para o Radiohead, não. Três anos após abalar o mundo com o genial “Ok Computer” (1997), o quinteto britânico cometeu suicídio comercial com “Kid A”, provavelmente um dos álbuns mais indigestos já lançados. Frio, robótico, triste, desesperado e angustiante – “Kid A” se tornou o perfeito retrato do medo e da paranoia da virada do Século. A voz melancólica de Thom Yorke sangra letras desconexas sob texturas formadas por sintetizadores gelados, guitarras Radiohead desafinadas, bateria eletrônica e muitos efeitos Kid A (2000) sonoros. Não existe melodia, não existem canções pop, não existe luz para iluminar a ironia de clássicos como “Idioteque”, “How to Disappear Completely” e “Everything Is In It‟s 004 Right Place”.
  • 8. Blues Rock tosco e orgânico, levado às últimas conseqüências. A dupla formada por Jack e Meg White apareceu de repente em 1999 e atingiu seu ápice criativo com “Elephant”. É desse disco “Seven Nation Army”, uma das canções mais memoráveis da década, atualmente cantada em coro por praticamente todas as torcidas de futebol do mundo. Rock garageiro sem maiores pretensões, sem soar apelativo ou comercial – a ironia foi o seu estrondoso sucesso, arrancando a 5ª posição da Billboard, levando o Grammy de melhor disco de rock alternativo do ano.. The White Stripes Elephant (2003) 005
  • 9. Como bem disse um critico americano, o som do BellRays soa como se Tina Turner tivesse se juntado aos Ramones. Punk/ Soul barulhento, com guitarras socando nossa cabeça como serras-elétrica, enquanto a carismática vocalista Lisa Kekaula vomita simplesmente a melhor e mais poderosa voz feminina dentro do rock n‟ roll desde Janis Joplin. Canções como “Too Many Houses in There” e “Stupid Fuckin‟ People” são explosivas, infernais. A maior influência é mesmo Ramones, mas há espaço para o rock barulhento do Nirvana, a rebeldia politizada dos Sex Pistols e as guitarras espertas da soul music da Motown, de nomes como Marvin Gaye. Ainda The BellRays pouco conhecido do público brasileiro, o The Grand Fury (2001) BellRays cravou seu nome na história do rock garageiro com este disco genial. . 006
  • 10. Álbum de estreia dessa fantástica banda britânica. Conceitual, todas as composições giram em torno da agitada vida dos clubbers que infestam as pistas de dança no norte da Inglaterra. Debaixo de uma chuva de guitarras dançantes, riffs tortos e bateria oitentista, somos levados pelas letras escritas em primeira-pessoa, sarcásticas observações sobre a vida desses jovens baladeiros. Pegou todo mundo de surpresa, vendeu incríveis 360 mil cópias em apenas 1 semana, tornando-se o disco de estreia britânico que mais cópias vendeu em pouco tempo. Dentre os destaques, estão ótimas faixas como “I Bet You Look Good on the Dancefloor”, “Fake Takes of San Arctic Monkeys Francisco”, “Dancing Shoes”, “Perhaps Whatever People Say, That’s Vampires Is a Bit Strong But…” e “A Certain Romance”, esta última eleita uma das músicas What I’m Not (2006) mais influentes da década. . 007
  • 11. Assim como aconteceu com o Arctic Monkeys, a estreia do Franz Ferdinand foi um estrondoso sucesso. Obteve críticas maravilhosas, foi prontamente saudado como um dos grandes discos da década e, além de tudo, nos brindou com hits grudentos como “Jacqueline”, “Take me Out” e “The Dark of the Matineé”. Influenciados pelo new wave do Talking Heads e outros grupos dos anos 80, o som do Franz Ferdinand transita entre o dançante descompromissado com letras de amor e músicas mais sombrias e intensas, típico do rock alternativo dos anos 2000. Um álbum cheio de personalidade, cuja sonoridade se tornaria mais reforçada no Franz Ferdinand recente disco “Tonight: Franz Franz Ferdinand (2004) Ferdinand”, lançado ano passado. 008
  • 12. Após tomar um pé na bunda da mulher, Dave Ghrol se trancou em seu próprio mundo e saiu de lá com o disco mais sério e impactante do Foo Fighters. O álbum tem o amor (a falta de crença nele) como tema, o que pode ser facilmente visto desde sua arte gráfica. Menos pesado que os dois primeiros álbuns – “Foo Fighters” (1995) e “The Colour and The Shape” (1997) – e bem menos pop radiofônico que o apelativo “There Is Nothing Left to Lose” (1999), “One By One” mostra uma coleção de músicas nervosas, apoiadas por letras sérias e reflexivas. “Disenchanted Lullabye” e “Burn Away” são exemplos do que Dave Ghrol é capaz de fazer quando está com o coração na mão. Sucessos Foo Fighters como a faixa-título, “Times Like These” e “Tired One By One (2002) of You” (esta última com a participação de Brian May, do Queen) são bonitas e sinceras, breves momentos em que Ghrol deixou de lado o lado pop de arena de sua banda. 009
  • 13. Último suspiro antes de Chris Martin & CIA virarem anjinhos da UNICEF e heróis dos pobres e oprimidos pelo mundo. Último suspiro antes de eles transformarem sua música em protestinhos panfletários que não convencem nem o Didi. Mesmo mostrando veia engajada e letras politizadas (a maravilhosa “Politik” já diz tudo), o quarteto britânico ainda se preocupava mais com suas baladas do que com as desgraças do mundo. Visceral e melancólico, o disco prima pela bela coleção de baladas que enxuga boa parte do rock britânico dos últimos tempos, indo de Beatles a Radiohead, tudo tocado com alma. “Clocks”, “Green Eyes” e “In My Place” são outros destaques deste grande disco, que Coldplay consegue causar impacto a cada nova A Rush of Blood to the Head audição. (2002) 010
  • 14. Oriundos de Nova York, o esporrento trio liderado pela bocuda Karen O chegou causando caos no rock alternativo. Seu primeiro álbum é um missel sem direção, onze musiquinhas barulhentas e curtas na medida certa para torcer pescoços. Dance-punk, indie rock e art rock se contorcem em uma pista de dança frenética, baseada em vocais gritados, uma guitarra fazendo todo o trabalho sujo possível e bateria minimalista. Sim, não há o som gostoso do baixo para costurar tudo, detalhe que deixa o som do Yeah Yeah Yeahs ainda mais selvagem. Yeah Yeah Yeahs Fever to Tell (2003) 011
  • 15. Michael Amott é um dos caras mais respeitados do heavy metal. Após integrar o cultuado Carcass entre 1990 e 1993, fundou o Spiritual Beggars em 1994 e o Arch Enemy em 1996. Mas, ao contrário do metal tradicionalista do Carcass e Arch Enemy, Amott mostra versatilidade com seu Spiritual Beggars, que pega carona pelos escaldantes desertos do Stoner Rock. Músicas pesadas, atmosféricas, cadenciadas e chapadas. Órgãos climáticos, guitarras sujas, riffs para bater a cabeça na parede. Destaque absoluto para “Dying Everyday”, que começa heavy metal, vira blues, se transforma em um rock progressivo à lá Pink Floyd e volta para o metal do início. Tudo isso costurado por Spiritual Beggars nuances guitarras swingadas, uma das Demons (2005) principais características do Stoner Rock. 012
  • 16. “Bem, talvez eu seja um americano idiota/ Não faço parte de uma agenda preconceituosa”. Assim o Green Day abre sua primeira ópera- rock, altamente influenciada por “Tommy” (The Who, 1969), “Close to the Edge” (Yes, 1972) e “The Wall” (Pink Floyd, 1979). O punk-rock adolescente e engraçadinho dos primeiros trabalhos cede espaço para fortes críticas à administração de George W. Bush. Em diversas entrevistas, o trio concordou em descrever “American Idiot” como uma atitude clássica americana: protestar e comentar. Instrumentalmente, o disco mostra novas influências e experimenta novas direções, como na longa “Jesus of Suburbia”, onde quatro canções distintas Green Day constroem uma suíte de quase dez minutos de American Idiot (2004) duração. Foi indicado a 7 Grammy, recebendo o de Melhor Disco de Rock. Dentre os sucessos, estão as bonitas “Boulevard of Broken Dreams” e “Wake me Up When 013 September Ends”, esta última acabou virando um eventual tributo às vítimas do furacão Katrina, que devastou New Orleans em 2005.
  • 17. Disco mais vendido de 2007, “Back to Black” é o segundo petardo soul da britânica nascida em 1983. O álbum foi um tremendo fenômeno, vendendo mais de 12 milhões de cópias, recebendo seis indicações ao Grammy e transformando a vida de Amy num verdadeiro big brother de brigas, escândalos, overdoses, internações e outras birutices. A fama lhe fez mal, tão mal que há quase três anos ela tenta completar seu novo disco de estúdio. Seu abuso com drogas está tão descontrolado que, se não conseguir dar a volta por cima logo, poderá entrar para o mesmo time de Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison. Suas músicas são uma swingada mistura de soul, R&B, pop e rock, diluídos em Amy Winehouse letras que falam descaradamente sobre Black to Black (2006) drogas, sexo e traição. Tudo muito pessoal e honesto, o que torna Amy em um nome ainda mais digno de aplausos. Sem duvida, o nome que mais causou frisson na década. 014
  • 18. Seguindo os passos de Neil Young, Bruce Springsteen, Goo Goo Dolls e outros, o Sonic Youth realizou uma epopeia musical tendo como pano de fundo os atentados de 11 de setembro de 2001. Mais melódico e melancólico que os demais trabalhos, “Murray Street” é um primor, desde sua bela capa, cuja foto foi tirada em um bairro próximo ao World Trade Center. A veia punk pode ser melhor compreendida em “Plastic Sun”, gritada pela loira maluca Kim Gordon, mas o restante do disco passeia por ambientes neutros e nublados. “The Empty Page” e “Disconnection Notice” são baladas bonitas, enraizadas nos amigos do R.E.M., enquanto a longa “Karen Revisited” Sonic Youth mostra a boa e velha fórmula de Murray Street (2002) melodia, experimentos e microfonias ensurdecedoras de sempre. 015
  • 19. Tirando o lado andrógino e as polêmicas envolvendo o suposto hermafrodita Brian Molko (até onde isso é verdade?), o Placebo inundou a década com seu rock ousado e repleto de sexualidade. Guitarras sujas, composições intensas e a mescla de barulho+melodia+eletrônico transformaram o trio britânico em um dos nomes mais festejados dos últimos dez anos. “Sleeping With Ghosts” foi lançado como um CD duplo, sendo o segundo de covers – boas versões para clássicos como “Where‟s My Mind?” (Pixies) e “Bigmouth Strikes Again” (The Smiths) – enquanto o primeiro disco mostra a banda em boa forma. São 12 músicas que sintetizam o desespero, o Placebo amor e o suicídio. Temas que se tornariam Sleeping With Ghosts (2003) batidos até pelo próprio Placebo, mas que em “Sleeping With Ghosts” ainda soa impactante. 016
  • 20. Provavelmente a banda alemã que mais se destacou fora de seu país. Poucas bandas de metal podem se orgulhar de fazer um som tão rígido e frio, mas ao mesmo tempo cheio de teclados, orquestrações épicas e melodias assobiáveis. Vindos da escola do metal industrial, o Rammstein registrou seu melhor momento em “Mutter”, um álbum pesado e maravilhoso do início ao fim. Todo o peso do metal se concentra em um tubo de ensaio que contém ainda música eletrônica, tecno e até momentos que nos levam aos anos 80. “Mein Herz brennt” acabou virando música-tema do filme dinamarquês “Para Sempre Lilya”, lançado em 2002. Rammstein Mütter (2001) 017
  • 21. Ahhh, os anos 60! Época boa de Beatles, Turtles, Kinks e... Raconteurs? Pois é, ouvir “Broken Boy Soldiers” é como se deparar com um desconhecido grupo dos anos 60 que você deveria ter conhecido muito tempo antes. Dá a impressão de que o disco foi todo gravado ao vivo dentro de uma garagem úmida e esfumaçada, com pôsteres de Janis Joplin, Led Zeppelin e Beatles decorando as paredes com infiltrações e goteiras que transbordam baldes. The Raconteurs Broken Boy Soldiers (2006) 018
  • 22. Mesmo tendo sido recebido friamente pela crítica, este álbum do quarteto britânico acabou por se tornar o preferido dos fãs. Não é a toa: os irmãos Gallagher adentram a década mais sombrios, introspectivos e experimentais. Não existem baladas fáceis ou músicas explosivas. Abre com uma faixa instrumental, calcada no tecno (“Fuckin‟ In The Bushes”) e cai para o single “Go Let it Out”, a coisa mais pop que você encontrará por aqui. “Who Feels Love?” absorve as drogas e o lado indiano dos Beatles de sua fase psicodélica (1966-1968); “Put Yer Money Where Yer Mouth Is” soa como se o The Doors tivesse ouvido a sujeira do Nirvana. Mas o que mais chama a atenção são as letras Oasis viscerais e as baladas que só o Oasis Standing on the Shoulder of conseguia compor: “Gas Panic!”, “Little James” e “Sunday Morning Call” são algumas delas. Giants (2000) 019
  • 23. Uma das mais potentes vozes dos anos 90, o americano Mark Lanegan é o tipo de cara que topa tudo. Construiu sua carreira ao lado do Screaming Trees, grupo seminal para se entender o movimento grunge de Seattle. Paralelo a sua carreira-solo que teve início em 1989, Lanegan carrega um histórico de colaborações: Queens of the Stone Age, The Gutter Twins, The Twilight Singers, Soulsavers, dupla com Isobel Campbell (Belle & Sebastian) e por aí vai. Em “Field Songs”, Mark incorpora um trovador que passeia de pub em pub atrás de amores, amigos, bebidas e histórias incompletas. Baladas para se ouvir em um lugar esfumaçado e silencioso, com um bom whisky Mark Lanegan do lado e um maço de cigarros para degustar. Field Songs (2001) Seu vozeirão de cinzeiro transforma canções simples como “Miracle” em grandes viagens. Bonito e intenso. 020
  • 24. Já pelo berrinho desafinado que abre o disco dá pra sacar o que vem nos próximos minutos: rock n‟ roll barulhento e festivo, divertido e orgânico. A atriz Juliette Lewis, de filmes cultuados como “Cabo do Medo” (1991), “Kalifornia” (1993), “Assassinos por Natureza” (1994) e “Um Drink no Inferno” (1996), mostra que sua veia roqueira não é nada falsificada, como costuma acontecer com ator que se mete a cantar. O negócio dela é berrar pelos cotovelos e tocar sua guitarra como se fosse a última coisa de sua vida. Faixas como “Sticky Honey”, “Death Of A Whore”, “Purgatory Blues” e “Hot Kiss” são músicas pouco lapidadas, feitas sem maiores pretensões, para agradar em cheio a Juliette and the Licks todos que gostam de rock dos bons. Four On The Floor (2006) 021
  • 25. Todo mundo lembra dos Jay-Z da vida e esquece de pérolas como Probot. Não dá pra entender esses “especialistas” em música. Desde os tempos do Nirvana, Dave Ghrol amava heavy metal, mas nunca encontrava espaço para provar seu amor. No Foo Fighters, muito menos. Em um dia qualquer, Ghrol se enfiou em seu estúdio caseiro, compôs 12 músicas, gravou todos os instrumentos e mandou cada faixa para um vocalista de metal que ele gostava. Era pegar ou largar. O resultado dessa brincadeira foi um dos mais bacanas discos de heavy metal da década: Cronos (Venom); Max Cavalera (Sepultura); Lemmy Kilmister (Motorhead); Mike Dean (C.O.C.); Kurt Brecht Probot (D.R.I.); Lee Dorrian (Napalm Death); Wino Probot (2004) (Saint Vitus); Tom G. Warrior (Celtic Frost); Snake (Voivod); Eric Wagner (Trouble); King Diamond e até Jack Black (Tenacious D) foram os escolhidos. Dentre os destaques, as 022 porradas “Red War”, “Centuries of Sin” e “My Tortured Soul”.
  • 26. Herói dos headbanghers, o tiozão Ozzy Osbourne saiu do túmulo após seis anos para mostrar a essa molecada sem graça o que é heavy metal. “Gets Me Through”, “Facing Hell”, “No Easy Way Out”, “Black Illusion” e “Junkie” são verdadeiros socos na cara, apoiados pelo monopólio do guitarrista Zakk Wylde: é inegável sua influência na sonoridade de Ozzy. Do lado mela-cueca, estão as lindas “Dreamer”, “Running Out of Time” e “You Know (Part 1)”. Como todo álbum do britânico, um perfeito equilíbrio entre peso e belas melodias. Ozzy Osbourne Down to Earth (2001) 023
  • 27. Ouvir Portishead é entrar em um filme de ficção científica, dramático e violento, com viagens por dimensões desconhecidas, silenciosas naves espaciais e robôs superinteligentes. A voz levemente rouca da chaminé ambulante Beth Gibbons soa ainda mais triste e amargurada, como se estivesse morrendo afogada pelos samples, sintetizadores e batidas gélidas que inundam o ambiente. Precursores do trip hop, os britânicos do Portishead atingiram seu ápice criativo com “Third”, recebendo elogios até mesmo do pessoal do Radiohead. Não é um disco fácil de gostar logo na primeira audição. Para quem nunca experimentou dessa viagem Portishead claustrofóbica antes, fica aqui um conselho: Third (2008) não feche os olhos. 024
  • 28. Em seu quarto álbum de estúdio, os finlandeses do Nightwish – uma das maiores bandas de Symphonic Metal de todos os tempos – registra um disco onde o misticismo encontra o power metal, resultando em músicas atmosféricas, pesadas e recheadas por riffs destruidores. “Bless the Child” e “Slaying the Dreamer” (não tem como ficar indiferente a essa paulada) são apenas duas das melhores faixas do disco, que traz também “Dead to the World”, a climática “Beauty of the Beast” e uma versão maravilhosa para “The Phantom of the Opera”, baseado no clássico romance francês de Gaston Leroux, de 1910. Nightwish Century Child (2002) 025
  • 29. Bebendo de uma fonte muito mais hardcore do que o usual, a dupla californiana formada pelos ex-System of a Down, Daron Malakian (guitarra/ voz) e John Delaway (bateria), estrearam com um disco veloz, sem maiores frescuras. Malakian apela nas suas letras politizadas, sobrando até mesmo um mal- educado “filho da puta” dirigido ao então presidente americano, George W. Bush. Um álbum explosivo e mais coerente que a estreia solo de Serj Tankian, ex-líder do System of a Down. “Exploding/ Reloading”, “Insane”, “Kill Each Other/ Live Forever” e o single “They Say” são apenas uma amostra do poder de fogo dessa grande dupla, que ao vivo é escoltada pelos malucos Franky Perez Scars on Broadway (guitarra), Dominic Cifarelli (baixo), Danny Scars on Broadway (2008) Shamoun (teclados/ percussão) e Brad Delson (guitarra). 026
  • 30. Josh Homme (Queens of the Stone Age), John Paul Jones (Led Zeppelin) e Dave Ghrol (Nirvana, Foo Fighters), juntos? Pois é: eis o time dos sonhos de qualquer roqueiro. O Them Crooked Vultures é, sem dúvida, o melhor supergrupo de 2009 e um dos mais bacanas surgidos na década. Stoner rock pulsante, com raízes blueseiras e toda a vibração de estarmos diante de um disco instantaneamente histórico. Viajante, desértico, quente, espacial: todos os ingredientes mais legais que você pode imaginar dentro do rock reunidos, prontos para invadir seu cérebro. Them Crooked Vultures Them Crooked Vultures (2009) 027
  • 31. A britânica Dido tem um jeito muito especial de cantar e compor. Mais de 12 milhões de cópias vendidas, “Life for Rent” flagra sua voz melancólica em um momento muito íntimo, amortecida por baladas suaves, construídas a partir de muitos instrumentos de cordas (violões, principalmente) e belíssimas orquestrações. Há um lado trip hop em seu som, baseado em discretas batidas eletrônicas. Um pop condensado e gostoso de ouvir, cujo romantismo impresso em cada canção soa humano, longe da banalização imposta pelo pop mundial. Dido Life For Rent (2003) 028
  • 32. O Metallica teve que descer ao mais profundo dos infernos pessoais para, no momento da colisão, ressurgir cheio de energia e fúria. Em 2003, o quarteto americano deu um tapa em todo mundo com o também fantástico “Saint Anger”, disco experimental, amado e odiado em proporções iguais. Observando hoje, eles tiveram que praticar tal aborto sonoro, tiveram que expor suas intimidades para as câmeras (o documentário “Some Kind of Monster”, 2005), tiveram que se reconciliar com Dave Mustaine (Megadeth) para, por último, se reconciliar com eles próprios. “Death Magnetic” é a redenção definitiva da melhor banda de heavy metal de todos os tempos. Metallica Death Magnetic (2008) 029
  • 33. Como o título indica, este segundo trabalho solo de Jerry Cantrell (ex-Alice In Chains) é uma tortuosa viagem por dentro do sombrio universo das drogas químicas e de toda a degradação física e mental proporcionada por elas. Lançado dois meses após a trágica morte por overdose de Layne Staley (líder do Alice In Chains), “Degradation Trip” é um tributo sincero para o amigo de tantos anos e de tantas alegrias e tristezas. O baterista Mike Bordin (Faith No More) e o baixista Robert Trujilo (Metallica e Ozzy Osbourne) acompanham com mão de ferro a viagem de Cantrell. Pesado, intenso, distorcido, longo: ao fim das 14 cacetadas, nos encontramos sem muita luz. Jerry Cantrell Degradation Trip (2002) 030
  • 34. Elliott Smith sempre foi um sujeito esquisito. Era extremamente fechado, falava pouco, aparecia pouco. Até mesmo ao cometer suicídio, em 2003, Smith foi excêntrico: enfiou uma faca no estômago. Sua música pode ser comparada a outro gênio de vida curta, Nick Drake (1948-1974), que também se matou por causa da depressão. Ambos tinham uma voz frágil e quebradiça, ambos faziam canções silenciosas, boa parte delas levadas por dedilhados de violão. O diferencial era que Smith ainda gostava de ter uma banda como apoio em diversos momentos, como em “Son of Sam”. Sua fórmula, porém, eram as baladas tristes de imagens surreais, que o levaria à morte. Elliott Smith Figure 8 (2000) 031
  • 35. O Octavia Sperati foi formado em Bergen, Noruega, no ano de 2000. Era uma banda basicamente formada por mulheres, e tal tradição só foi cortada com a posterior entrada do baterista Ivar Alver. Em 2002, lançaram uma demo de pouquíssima repercussão, "Guilty". O álbum de estreia viria somente três anos mais tarde, com o excelente "Winter Enclosure". Representado por 11 grandes canções, o disco une peso, melodias épicas e a bela voz de Wergeland colando tudo em uma mescla de ambientes sombrios. Em 2007, lançaram o segundo - e último - álbum de estúdio: "Grace Submerged", ainda mais bonito, melodioso e agridoce. Em 2008, mesmo crescendo cada vez mais no cenário Octavia Sperati gótico, o Octavia Sperati anunciou seu fim. Um Grace Submerged (2007) ano mais tarde, Silje anunciou sua entrada no The Gathering, enterrando qualquer chance de sua banda-mãe voltar. 032
  • 36. Último disco com a vocalista Anneke van Giersbergen, que um ano mais tarde anunciaria sua saída da banda para se lançar com o projeto Agua de Annique. O The Gathering surgiu da cena death metal que pulsou na Holanda durante o começo dos anos 90. Mas com a entrada de Anneke em 1994, o som ganhou outras cores, longe do pesadelo gutural mostrado em “Always” (1992) e “Almost a Dance” (1993). Foram taxados de gothic metal, sem sucesso. Rock alternativo é a melhor definição para a música eclética desta grande banda. “Home” se comporta como o álbum mais eletrônico e sombrio de sua carreira, repleto de belas músicas como “Alone” e a maravilhosa The Gathering “Shortest Day”. Marca o fim de uma era para o Home (2006) The Gathering, atualmente contando com Silje Wergeland nos vocais. 033
  • 37. Em seu segundo – e último álbum de estúdio até o momento – a inglesa Lily Allen apresenta canções ainda mais inspiradas do que na contundente estreia. Com a língua afiada como nunca, Allen é um desses personagens que salvam o pop do lugar-comum, cantando letras com uma visão corrosiva, sarcástica e irônica sobre coisas da vida. Vendeu quase 3 milhões de cópias e seu principal sucesso foi a bela balada “The Fear”, uma das melhores faixas do disco. Outros destaques vão para o country “Not Fair”, sobre quando o cara broxa na cama; “22”, que fala sobre gastar a vida com coisas fúteis; e a ofensiva “Fuck You”, onde Allen Lily Allen critica a sociedade britânica, o padrão de It’s Not Me, It’s You (2009) beleza estabelecido pela mídia e até o ex- presidente dos Estados Unidos George W. Bush. 034
  • 38. Logo no primeiro murro na bateria, ficamos entregues ao denso barulho do Smashing Pumpkins, banda fundamental dos anos 90, mas que foi se desintegrando ano após ano, até entrar em um hiato no começo desta década. Da clássica formação, restaram apenas o líder Billy Corgan e o baterista Jimmy Chamberlin. “Zeitgeist” foi gerado em meio a processos judiciais e críticas dos antigos integrantes, o guitarrista James Iha e a baixista D‟arcy Wretzky. Aquecimento global e a paranoia americana pós-11/09 estão entre os principais temas. “Doomsday Clock”, “Tarantula” e a apocalíptica “United States” são só algumas das músicas deste grande trabalho. Smashing Pumpkins Zeitgeist (2007) 035
  • 39. “By The Way” veio das experiências do guitarrista John Frusciante com as drogas. Em 1992, Frusciante largou o Chili Peppers na mão, virou mendigo e foi encontrado pelos amigos anos depois, sem os dentes, sujo e completamente perdido. “Californication” (1999) foi seu retorno triunfal ao mundo da música, tornando-se um fenômeno mundial de vendas e singles radiofônicos. Ainda amargando a vida desgarrada que tivera, Frusciante escreveu todas as faixas e compôs todas as linhas de guitarra e baixo para “By The Way”, lançado como um disco mais introspectivo. Até mesmo na arte gráfica e nas fotos do encarte podemos notar que aqueles moleques bagunceiros que Red Hot Chili Peppers mesclavam funk com punk rock não eram mais By The Way (2002) os mesmos. 036
  • 40. O Opeth é uma banda sueca de death metal que apresenta todos os elementos do gênero: vocal gutural, bateria à velocidade da luz, guitarras serra-elétrica e por aí vai. Mas, em “Damnation”, a banda liderada pelo carismático Mikael Äkerfeldt decidiu homenagear o Rock Progressivo. Tinha tudo para ser o disco mais odiado pelos fãs, mas acabou sendo recebido como a vinda Cristo à Terra. Também, pudera: provavelmente é o álbum progressivo mais bonito e impecável da década. “In My Time of Need” é de chorar de tão linda. Guitarras limpas, orquestrações, pianos, violões acústicos e bateria minimalista escrevem a poesia melancólica de “Damnation”. Opeth Damnation (2003) 037
  • 41. Pouco antes de ser expulso do Queens of the Stone Age por bater na namorada, o careca Nick Olivieri cuspiu toda sua ira nesta bomba nuclear que mescla stoner rock com punk. Como o título sugere, Olivieri glorifica a cocaína como a melhor coisa da sua vida. Outros temas abordados: o divórcio pelo qual sofria (com outra mulher, diga-se de passagem) e a morte de seu pai. Pesado, vomitado e gritado, como qualquer genuíno clássico punk deve ser soar. Destaque para a balada “Four Corners”, com a sempre bem- vinda participação do trovador Mark Lanegan. Mondo Generator A Drug Problem That Never Existed (2003) 038
  • 42. Cansado de tantos processos judiciais e críticas vindas de todos os lados, Michael Jackson ficou quase dez anos longe da mídia. Retornou com “Invincible”, cujo sucesso devastador das primeiras semanas foi cortada bruscamente depois de desentendimentos entre Jackson e sua gravadora, a Sony. A gravadora então decidiu boicotar a divulgação do álbum, que acabou vendendo abaixo do esperado para os padrões do cantor (“apenas” 10 milhões de cópias). As coisas realmente não estavam nada bem para o Rei do Pop. Musicalmente, este é seu disco mais forte já registrado, no qual ele fala, pela primeira vez, sobre seu abuso com comprimidos e drogas sintéticas. Batidas Michael Jackson tintensas, influências de rap e hip hop, músicas Invencible (2001) avassaladoras como “Unbreakable” e “You Rock My World”: ninguém imaginava que este seria o canto do cisne de Michael Jackson. Foi- se em grande estilo. 039
  • 43. Faltam palavras para descrever o ataque sonoro de “Songs for the Deaf”. Dave Ghrol na bateria pela primeira vez desde o fim do Nirvana, participações de Mark Lanegan, Nick Olivieri ainda comandando o baixo, álbum dedicado aos Ramones. Dá uma magnífica sensação de liberdade ouvir clássicos como “Go With the Flow” e “No One Knows”, esta última dona do “melhor riff de guitarra da década”, segunda uma conceituada publicação americana. Conceitual, o disco tem um programa de rádio mexicano como pano de fundo, que interliga todas as faixas através de vinhetas malucas. Os pedaços mais infernais ficam para o capeta Nick Olivieri; o gênio Josh Homme fica com as Queens of the Stone Age chapações lisérgicas (“The Sky is Falling”, por Songs for the Deaf (2002) exemplo); e Mark Lanegan comanda as mais quebradas, caso de “A Song for the Dead”, trilha sonora perfeita para quando a Terra for pro saco. 040
  • 44. A poderosa sonoridade do Autumn foge completamente do chamado “A bela e a fera” – nome dado ao dueto entre voz masculina gutural e voz feminina lírica, preferindo apoiar- se em canções vigorosas, intensas, melódicas e marcantes. Em muitos momentos, parecemos estar diante de uma (ótima) banda de rock, sem pertencer a nenhum rótulo pré-definido. Fundado em 1995, o Autumn contou durante vários anos com a vocalista Nienke de Jong, que anunciou sua saída por volta de 2008 por causa das famosas diferenças musicais. Com a entrada de Welman, o som ganhou novas luzes e vem conquistando cada vez mais público por toda a Europa. Aqui no Brasil, o Autumn é um tanto Autumn desconhecido ainda, como é de se esperar Altitude (2009) vindo do país do funk carioca... 041
  • 45. Eis o melhor exemplo do que podemos rotular como pós-grunge, que tem também o Creed como outro nome conhecido. Terceiro disco de estúdio, “Silver Side Up” foi o primeiro a sair do Canadá para varrer o mundo, apoiado pelos sucessos “Never Again”, que fala sobre violência contra mulheres, “How You Remind Me?” e a pessoal “Too Bad”, que trata do fato de o pai do vocalista, Chad Kroeger, tê-lo abandonado quando este tinha apenas dois anos de idade. Os dois últimos singles, aliás, viraram febre no Brasil: não tinha quem não conhecesse Nickelback por volta de 2002. Aonde quer que eu fosse, sempre via carros com alguma dessas músicas no último volume. Uma febre Nickelback que me deixou bastante nostálgico. Silder Side Up (2001) 042
  • 46. Quando foi lançado, o clipe da canção “American Life” determinou o enorme fiasco comercial do novo disco de Madonna nos Estados Unidos. Também, não era para menos: tendo a guerra entre Estados Unidos e Iraque como pano de fundo, a cantora comparou a guerra a um mero desfile de moda contando com um monte de celebridades. Até o George W. Bush aparece, interpretado por um sósia. Outra polêmica: o tom antiamericano permeava todo o trabalho. Além da tensão pré-guerra, a cantora fala também sobre religião e política, sendo este o seu disco mais incomum. Uma joia rara, incompreendido na época de seu lançamento, dono de canções como a faixa-título, “Die Madonna Another Day” (tema do filme “007: Um Novo American Life (2003) Dia Para Morrer”) e “Hollywood”. Emergindo como uma figura antipatriótica, Madonna mostrou coragem e ousadia, em um momento dos Estados Unidos em que o país se 043 mostrava fechado e intolerante.
  • 47. A primeira coisa que salta aos ouvidos é o banho de produção que o Meat Puppets tomou. Nem parece aquela banda tosca e desafinada de hardcore que permaneceu no anonimato durante os anos 80, tendo sua carreira alavancada pelo Nirvana em seu “MTV Unplugged” (1993). Não, o que ouvimos aqui é uma banda competente e cheia de boas ideias. “Armed and Stupid”, “I Quit”, “Lamp” (muito bonita) e “Tarantula” são apenas alguns bons momentos. Meat Puppets Golden Lies (2000) 044
  • 48. Heavy Metal sem firulas, como Zakk Wylde adora definir. Cinco faixas acabaram entrando depois de terem sido rejeitadas pelo titio Ozzy Osbourne (“Bleed for Me”, “Life/Birth/Blood/Doom”, “Demise of Sanity”, “Bridge to Cross” e “I‟ll Find the Way”). Motivo: Ozzy considerou as músicas citadas como “muito Black Label Society”, o que não deixa de ser verdade. Mas também, se ouvirmos ao último trabalho de Ozzy, “Black Rain” (2007), podemos defini- lo como um disco de Zakk Wylde com participação especial de Ozzy nos vocais. Ou seja, dá tudo na mesma. O desenho da capa foi baseada em uma propaganda nazista, enquanto o disco todo foi escrito para o pai de Black Label Society Zakk. 1919 Eternal (2002) 045
  • 49. Trilha sonora ambiente do filme “As Virgens Suicidas”, dirigido por Sofia Coppola e lançado em 1999. Há uma segunda trilha, que reúne diversos grupos como Heart e Todd Rundgren. A dupla francesa Air, formada por Nicolas Godin e Jean-Benoit Dunckel, donos do colante hit de 1998 “Sexy Boy”, aqui se mostra inspirada e cria lindas atmosferas para absorver a melancólica história de Coppola. Temas etéreos, instrumentais em sua maioria, leves e distantes. “Playground Love”, “Afternoon Sister” e “Dead Bodies” são bonitas, tornando-se ainda mais impactantes se assistirmos ao filme. Air The Virgin Suicides (2000) 046
  • 50. Uma das mulheres mais respeitadas do rock alternativo, a magrela PJ Harvey misturou folk, blues, indie e dream pop neste que é considerado seu melhor trabalho. A despeito de ser uma artista underground, o disco fez grande sucesso: abocanhou o 8º lugar na lista das mulheres mais essenciais do rock n‟ roll (Rolling Stone); e foi consideradoo pela Q Magazine como o melhor álbum de rock já lançado por uma mulher. Nas paradas, porém, conseguiu arranhar apenas a 42ª posição nos Estados Unidos e a 23ª na Inglaterra, seu país natal. Destaques: “A Place Called Home”, “One Line” (tema do episódio final da primeira temporada do seriado “Gilmore Girls”) e “The Mess We‟re In”, PJ Harvey que conta com a voz triste de Thom Yorke, do Stories From the City, Stories Radiohead. From the Sea (2000) 047
  • 51. Cabeludos, barbudos, caipiras e meio hippies, os caras do Kings of Leon foram um sopro de novidade em meio a tantas bandas iguais. Apresentaram à nova geração o southern rock, gênero que se popularizou com Creedence Clearwater Revival (1968-1972) e Lynyrd Skynyrd (1973). Nascidos em Nashville (Tennessee), a música desse quarteto mostra influências das duas bandas citadas acima, mais Beatles, Rolling Stones e acrescentaram a fórmula do indie rock moderno, dando um contraste muito peculiar. Kings of Leon Youth and Young Manhood (2003) 048
  • 52. Após sua saída do The Gathering, a cantora e compositora holandesa Anneke van Giersbergen montou o Agua de Annique, fachada para sua carreira-solo. Se orientou pelo pop/ rock e rock alternativo, chamou três camaradas e nos brindou com uma coleção de lindas baladas, como “Come Wander With Me”, que prima pelo charme medieval. Outro destaque vai para a barulhenta “Witness”, que diz: “Eu quero saber como é possível que eu me sente aqui em meu quarto, assistindo a TV, pensando no nado e em nada/ E eu não sei como faz qualquer um ter a coragem de vir à minha porta e vender o mundo de Deus”. Agua de Annique Air (2007) 049
  • 53. Para encerrar a década com um belo de um chute na porta, o Arch Enemy selecionou a dedo as melhores faixas dos três primeiros álbuns de estúdio – Black Earth (1996), Stigmata (1998) e Burning Bridges (1999) – e as regravou com mais fúria, com mais urgência e com a vocalista Angela Gossow não só substituinto à altura os ótimos vocais de Johan Liiva como imprimindo uma dose a mais de insanidade. O som? Death Metal Melódico de primeira qualidade, com porradas como “Beast of Man”, “Demonic Science”, “Dark Insanity” e “Silverwing”. De inédito mesmo, só a faixa- título, na verdade uma introdução com remixes de uma outra instrumental, Arch Enemy “Demoniality”. Obrigatório. The Root of All Evil (2009) 050
  • 54. Como o integrante mais calmo e espiritual dos Beatles, George Harrison levou 14 anos para concluir este disco. Durante esse tempo, participou de vários projetos beneficentes, apareceu em shows, foi atacado por um fã maluco em dezembro de 1999, e lutou, sem sucesso, contra um câncer de pulmão. Harrison partiu em 30 de novembro de 2001, e suas cinzas foram depositadas em um rio sagrado da Índia, o Yamuna. Seus últimos dias de vida foram bastante emotivos. Poucos dias antes de morrer, chamou os velhos amigos, Paul McCartney e Ringo Starr, para lhes dar a notícia de que estava morrendo. “Não estarei aqui no Natal”, disse a um Paul McCartney com lágrimas nos George Harrison olhos. “Eu não vou sair daqui até o fim”, disse Brainwashed (2002) Ringo. “Tudo bem meu amigo, eu estou em Paz”, respondeu Harrison. “Brainwashed” foi terminado pelo seu filho, Dhani Harrison, e coleta as 12 últimas canções de um dos 051 maiores gênios da História da Música.
  • 55. No dia 15 de maio de 2003, a esposa de Cash, a também cantora June Carter, morreu devido a complicações decorrentes de uma cirurgia no coração. Para o cantor, a morte de sua esposa determinou também sua própria morte. Cash faleceu pouco menos de quatro meses depois, devido à diabetes e a uma acentuada depressão. Deixou a tristeza de ter perdido o grande amor de sua vida devidamente guardado neste quinto e último volume da série “American Records”, iniciado em 1994. É para ser ouvido aos poucos, apreciando a voz carregada de emoção e o violão sempre venenoso. Destaque maior para “On The Evening Train” (Hank Williams), uma das músicas mais tristes já feitas: “Rezei para que Deus me desse coragem/ Para continuar a Johnny Cash procurá-la de novo/ É duro saber que ela se foi American V: A Hundred para sempre/ Eles a estão carregando no trem da noite”. Highways (2006) 052
  • 56. Coitado dos caras do Metallica. Todo mundo entendeu errado e sacrificou a banda por um disco de gravação tão precária (a bateria parece ter sido gravada dentro de um forno), sem as competentes melodias, sem os solos de Kirk Hammet. “Saint Anger” é conceitual sobre o ódio – ódio esse explosivo e, como tal, não teria lugar a fórmula Metallica de compor. Não há baladas épicas como “Fade to Black”, muito menos canções radiofônicas como “Enter Sandman”. Furioso, tosco, angustiante: um retrato perfeito da época sombria que o quarteto americano atravessava. Metallica St. Anger (2003) 053
  • 57. Em sua estreia em um trabalho independente, a banda de Edmonton, Kentucky, traz um discaço cujo título do álbum não poderia ter uma definição melhor. Em suas 10 faixas nós ouvimos a um rock n‟ roll sem firulas, empolgante, repleto de riffs e distorções pesadas. “Sissy Bitch”, “Redneck”, “Amen Nation” e “America” são algumas das pérolas de um álbum perfeito. Stoner, Southern e Hard Rock formam a base para o quarteto liderado pelo vocalista Chris Robertson cuspir suas músicas para quem gosta de Motörhead, Kyuss ou Nashville Pussy. A única coisa chata é que foi só o Black Stone Black Stone Cherry Cherry ir para uma grande gravadora que o Rock N’ Roll Tape (2003) rock pesado deu lugar a um xerox sem graça das piores baladas do Nickelback. 054
  • 58. Nenhuma banda da nova geração é tão obcecada pelo livro dos anos 60 como este projeto paralelo de Alex Turner (Arctic Monkeys), Miles Kane (The Rascals) e James Ford (Simian Mobile Disco). Os cabelos, as roupas, os videoclipes, as músicas, as letras: tudo nos remete àquela década que serviu de base para, pelo menos, 70% das bandas norte-americanas e britânicas atuais. É incrível como o rock é capaz de se reciclar através dos tempos, incorporando-se a outras ideias, em busca da sonoridade perfeita. Turner e Kane mostram uma ótima química em seus duos, assim como Beatles e Beach Boys já fizeram. A faixa-título, “Standing Next to Me” (o clipe desta parece ter sido gravado em The Last Shadow Puppets 1964), “My Mistakes Were Made for You” e “In The Age of Understatement My Room” carregam paixão e poesia, rebeldia contida de tempos que, muito longe da Guerra (2008) do Vietnã, vislumbram o assombro da Guerra do Iraque. 055
  • 59. “Se vocês gostam de som pesado, com muita porrada e energia, ouçam o som da nossa banda e chutem as cabeças de quem vocês não gostam”. Esse foi o recado que Jeff Hirshberg, guitarrista e vocalista do Speedealer, deu aos brasileiros numa entrevista de 2001. E é isso que você vai encontrar neste disco: músicas porradas, pesadas e velozes. Trash metal que se confunde com stoner rock, criando o rock pesado perfeito. Para melhor referência, vale lembrar do Motörhead, influência decisiva na vida desse quarteto de Lubbock (Texas). Uma coisa bacana em relação aos caras é sua paixão por animais, principalmente bichos típicos do deserto Speedealer texano, provando que não é preciso ser um Bleed (2003) imbecil e cruel para fazer trash metal dos bons. 056
  • 60. Mais uma grande banda que surgiu e sumiu nesta década. Combinando hard rock dos anos 70 com rock alternativo atual, o Audioslave difundiu uma sonoridade muito própria. Chris Cornell (ex-Soundgarden), antes de partir para o pop escandaloso (leia-se “Scream”, lançado no começo de 2009), explode sua voz forte e intensa nas vibrantes “Cochise”, “Show Me How to Live” e “What You Are”. No lado das baladas, “Like a Stone”, “I Am The Highway” e “Light My Way” são belíssimas e perfeitas para serem tocadas numa viagem de carro sem destino, passando por desertos, estradas empoeiradas e bares caindo aos pedaços. Audioslave Audioslave (2002) 057
  • 61. Em 1998, na cidade de Palm Desert (Califórnia), Jesse Hughes tentava introduzir Josh Homme (Queens of the Stone Age) no death metal. Homme detestava o gênero, mas aceitou ouvir uma banda polonesa chamada Vader. “Eles são os Eagles (banda dos anos 70, famosa pelo clássico „Hotel Califórnia‟) do Death Metal”, descreveu Homme a Hughes, que adorou o nome. Como frontman perfeito, temos Jesse “The Devil” Hughes, que se veste como um Freddie Mercury querendo ser o Capitão América. O cara é engraçado, palhaço e sabe interagir com o público como poucos. Na bateria, temos Josh “Baby Duck” Homme, mal-humorado como sempre, mostrando batidas retas e Eagles of Death Metal secas em seu mini-kit de bateria. O som? Peace Love Death Metal Muito longe do death metal: rockabilly bêbado e cravado em Elvis Presley; e letras sobre a (2004) trinca mais conhecida dos cabeludos (sexo, drogas e rock n‟ roll). 058
  • 62. “Once” marcou uma significativa mudança no som do Nightwish, que acrescentou ao seu Symphonic Metal instrumentos inusitados, orquestrações raivosas e experimentos ousados para os padrões do metal. Novos universos abrem-se diante de nossos olhos, enquanto a banda crava uma abertura matadora com “Dark Chest of Wonders”, “Wish I Had na Angel” e o sucesso “Nemo” – canções tão poderosas que até hoje são obrigatórias nos shows. Em “Creek Mary‟s Blood”, temos contato com um canto nativo-americano, em uma das baladas mais bonitas dos finlandeses. Outros destaques: a porrada “Romanticide”, a atmosférica “Ghost Love Scene” e a linda Nightwish “Higher Than Hope”, cuja introdução levada Once (2004) por um violão solitário em meio a ventos nos levam a uma Europa selvagem, época de vikings e grandes guerreiros. 059
  • 63. Se o fim do Oasis for mesmo uma notícia real (sabe como é, os Gallagher já brigaram tantas vezes que fica difícil de acreditar), “Dig Out Your Soul” é o último disco de estúdio desse quarteto britânico. E que disco! Talvez prevendo que este seria o canto de cisne, o Oasis passou o rodo em tudo o que já aprontou, escrevendo um álbum que une todas as alucinações poéticas do grupo. Há rock n‟ roll para se cantar em estádios (“The Schock of the Lightning”), psicodelia (“Waiting For the Rupture”, “(Gett Off Your) High Horse Lady”, “To Be Where There‟s Life”), baladas (“I‟m Outta Time”), experimentos sonoros (“Soldier On”) e pop radiofônico (“Bag It Up”): 14 anos de carreira em apenas um Oasis disco recheado por ótimas canções. Dig Out Your Soul (2008) 060
  • 64. Depois de cometerem suicídio comercial, assassinarem o pop e se tornarem nome de culto quase messiânico, o Radiohead decidiu fazer as pazes com a melodia. Há mais guitarras que os dois álbuns anteriores (“Kid A” e “Amnesiac”), e há mais piano do que qualquer outro disco. Mas, o multi-instrumentista Jonny Greenwood continua brincando com seus instrumentos caseiros e malucos, além de comandar batidas eletrônicas, samples, viola, xylophone, glockenspiel, ondes Martenot, banjo e gaita. Podemos encontrar até mesmo canções bastante assobiáveis como “There There” (dona de um clipe viajante) e “2+2=5”. Claro, sobra espaço para baladas corta-pulso (“Sail to Radiohead the Moon”, We Suck Young Blood”, “I Will”) e Hail to the Thief (2003) bizarrices sonoras que só o Radiohead comete (“Myxomatosis”, “Sit Down, Stand Up”). 061
  • 65. O nome do disco reflete a vontade em dizer que as músicas aqui presentes são mais importantes do que a própria banda em si. No encarte, há a mensagem: “Estas canções pertencem a vocês agora”. Baladas encharcadas de romantismo, poesia e sonhos adolescentes. Permaneceu quatro semanas consecutivas no topo da Billboard e vendeu em quatro semanas o que o premiado e elogiado álbum anterior, “The Man Who” (1999), vendeu em 26. Formado em 1995, os escoceses do Travis acreditam no amor incondicional, na paixão eterna, nos bons momentos e nas pequenas coisas da vida. Sua música, porém, é um contraste melancólico a tantas alegrias. Ouça “Flowers In The Windows”, “Sing” e Travis “Follow the Light” e saia assobiando por aí, The Invisible Band (2002) cumprimentando desde o vizinho rabugento até o sabiá que canta no telhado da sua casa. 062
  • 66. Com 24 anos de idade, a galesa Duffy deixou todo mundo embasbacado com “Mercy”, seu primeiro single de divulgação. Depois de conquistar o topo das paradas em 12 países diferentes, o território foi preparado para receber o disco de estreia da cantora, que prega o soul e o blues como suas raízes. “Rockferry” fez todo o barulho que prometia: vendeu 6 milhões de cópias e ganhou um total de 37 discos de platina e 8 discos de ouro ao redor do planeta. Duffy Rockferry (2008) 063
  • 67. Segundo álbum de estúdio desta banda holandesa de gothic metal, “Mother Earth” foi um enorme sucesso na Europa. Vendeu mais de 400 mil cópias e ganhou certificado de platina na Holanda e Alemanha, além de ouro na Bélgica. Vocais guturais masculinos duelam com a bela voz operística de Sharon den Adel, em um estilo que fez muito sucesso no heavy metal entre os anos 90 e 2000. Escombros macabros, vampirismo, atmosfera sobrenatural, escuridão: a cartilha para se entender o mundo gótico está aqui. Boa parte das canções foi escrita tendo como base a música celta, cuja influência veio da trilha- sonora do filme norte-americano “Coração Valente” (1995), com Mel Gibson. Within Temptation Mother Earth (2000) 064
  • 68. Lembro bem do fenômeno “B.Y.O.B.”, primeiro sucesso deste disco. Tocava em tudo quanto era lugar, e até os mais radicais dos headbanghers acabavam se rendendo ao som inusitado do System of a Down. Também, “B.Y.O.B.” é um primor, instrumentalmente falando, com mais de sete variações de tempo e melodia. Crentes de que o mundo estava cada vez mais podre, o System of a Down lançou seu disco mais urgente, explícito e crítico. Não sobra nada na reta dos caras: governo, saúde, cigarro, pornografia, televisão, alienação, Guerra do Iraque... Destaque absoluto para o baterista John Delaway, que mostra um salto espetacular com suas batidas System of a Down cada vez mais complexas. As músicas se Mezmerize (2005) mostram bastante melódicas, arriscando novos experimentos como samples (“Old School Hollywood‟) e polka (“Radio/ Video”). Foi lançado seis meses antes de “Hypnotize”, que 065 fecha em grande estilo a discografia desta banda seminal.
  • 69. Vestindo ternos e usufruindo daquele cheirão de hype, o The Hives deu o que falar no começo da década. O título do disco veio de um discurso de Julio César, depois deste conquistar a Ásia Menor em 47 a.C.. César disse: “Veni, vidi, vici” (Eu vim, eu vi, eu venci). É claro que o Hives brincou, fazendo um esperto trocadilho com “vicious”, que significa viciado. Punk rock puro, que rendeu sucessos como “Die, All Right!”, “Main Offender”, “Hate to Say I Told You So” (essa tocou até em novela da Globo) e “Suplly and Demand”. É uma pena que hoje em dia o Hives não seja mais tão festejado, pois sua música tinha tudo para continuar chacoalhando o rock dos anos 2000. The Hives Veni Vidi Vicious (2000) 066
  • 70. Mesmo coletando críticas boas e ruins, este nono disco do Slayer chegou à 28ª posição da Billboard e sua música “Disciple” foi indicada ao Grammy. Nada mal para uma banda de Trash Metal que critica a religião católica em todos os seus trabalhos. O guitarrista Kerry King escreveu 80% do material, tocando em assuntos como religião, vingança, autocontrole e assassinatos. A despeito da leve mudança de sonoridade já apresentada no criticado “Diabolus in Musica” (1998), as músicas apostam mais no peso do que na rapidez, e canções como a citada “Disciple”, “New Faith” (uma das melhores), “Bloodline” e a faixa-título são destruidoras. Destaque para Tom Araya (voz/ baixo), que Slayer berra como se alguém estivesse enfiando uma God Hates Us All (2001) faca no seu crânio. 067
  • 71. Segundo álbum de estúdio (primeiro, se levarmos em conta que o anterior “Origin” é uma demo) desta banda gótica americana. O Evanescence foi, de longe, a banda desse estilo que mais causou furor no mundo: “Fallen” ficou 100 semanas consecutivas na Billboard Top 200, e vendeu incríveis 15 milhões de cópias. Mesmo assim, a banda é detestada pelos fãs mais radicais do gothic metal, pois seus flertes com o pop foram determinantes para resultar no sucesso que alcançaram. Muitos hits espalhados (“Going Under”, “Bring Me to Life”, “Everybody‟s Fool”, “My Immortal”, “Whisper”) em um disco marcado pelo lirismo vocal de Amy Lee, pelas guitarras à lá new metal e Evanescence pelas intervenções de música eletrônica e até Fallen (2003) rap. 068
  • 72. Psicodelia e stoner rock empoeirado formam o muro sônico do Nebula, uma das bandas mais barulhentas do movimento americano. Lançado pelo histórico selo Sub Pop, “Charged” é cru e urgente até as últimas consequências. Assim como ocorre com outra grande banda stoner, Fu Manchu, o Nebula é amado por quem pratica esportes radicais em geral (principalmente Skatistas), tamanha a identificação desse tipo de público com as músicas cheias de adrenalina. “Giant”, por exemplo, acabou entrando para a trilha-sonora dos games “Tom Hawk‟s Pro Skater 4” e “NHL 2K7”, este último da liga americana de hóquei no gelo. Nebula Charged (2001) 069
  • 73. Fundado por Tommy Jorgensen, Lars Magnus Jenssen, Bjornar "Bernhard" Jenssen e a vocalista Kristin Fjelseth, o Pale Forest deixou uma pequena discografia que conta com dois Eps - "Layer One" (1998) e "Anonymous Caesar" (2003) - e três discos de estúdio: "Transformation Hymns" (1998), "Of Machines and Men" (2000) e "Exit Mould" (2001). Suas canções são normalmente comparadas com as do The Gathering, embora menos eletrônico. Todos seus álbuns são obrigatórios, tendo como alguns dos destaques a belíssima "Exit Mould", a canção; "Stigmata"; "Tristesse" (que acabou se tornando o único videoclipe da carreira); "We Have Died"; e "These Old Rags". Todas ótimas músicas. Pale Forest Exit Mould (2001) 070
  • 74. Em seu terceiro disco solo, a finlandesa Tarja Turunen mostra seu vozeirão soprano lírico- spinto, de amplitude de três oitavas, e encanta com um repertório baseado por intensas melodias que se enquadrariam perfeitamente em uma sinfonia, mas sem esquecer do heavy metal que a consagrou enquanto esteve comandando o Nightwish, entre 1996 e 2005. “What Lies Beneath” é um ótimo disco, prato cheio tanto para os fãs do Nightwish quanto para os fãs de Tarja e Gothic Metal em geral. Destaque absoluto para a maravilhosa balada “Underneath”; para as pesadonas “Until My Last Breath”, “In For a Kill” e “Little Lies”; e para as atmosféricas “I Feel Immortal”, “Dark Star” e “The Archive of Lost Dreams”, que junto Tarja Turunen com a citada “Underneath” costuram os dois What Lies Beneath (2010) momentos mais poéticos, bonitos, iluminados e inesquecíveis de “What Lies Beneath”. 071
  • 75. Estreia desta banda nova-iorquina de pós- punk. Sente-se influências vindas de Joy Division (principalmente) e The Chameleons. “Untitled” abre o disco magistralmente – nessa hora, já ficamos rendidos pelo vocal arrastado de Paul Banks e pelo instrumental trêmulo de Daniel Kessler, Carlos D e Samuel Fogarino. “Obstacle 1” foi parar no game “Guitar Hero World Tour”. Outros sucessos: “NYC” e “PDA”. Permaneceu 73 semanas consecutivas em 5º lugar na Billboard Independent Albuns. Interpol Turn on the Bright Lights (2002) 072
  • 76. Produzido por Jacknife Lee (Snow Patrol, U2, Bloc Party, The Hives), “Accelerate” foi uma ruptura importante no som do R.E.M. Vindos de uma série de discos marcados por canções pop, a banda de Michael Stipe decidiu sentir novamente o cheiro de uma garagem. As músicas estão mais rápidas, tocadas por guitarras distorcidas, transportando-nos ao tempo em que o R.E.M. era uma das principais bandas pós-punk do cenário underground dos anos 80. É claro que isso não significa que “Accelerate” seja um disco pesado, pois o pop ainda bombeia o coração de seus integrantes. Uma boa faixa que representa sua atmosfera é “I‟m Gonna DJ”, que encerra o disco com barulhos R.E.M. e microfonias. Accelerate (2008) 073
  • 77. Engraçado notar que todo mundo babou por este álbum, e ele passou longe de qualquer lista tida como “importante” dos melhores da década. Como eu não tenho memória curta, The Horrors não poderia ficar ausente. Extremamente original e de personalidade forte. Mesmo que o visual e as melodias venham do rock gótico que permeou a virada dos anos 70-80, os garotos do Horrors mostram muita genialidade precoce e nos entregam um banquete tentador de ecos, pesadelos, sonhos desfeitos e quartos assombrados. Guitarras dissonantes, órgãos de cemitério, bateria afundada por reverb. The Horrors Primary Colors (2009) 074
  • 78. Em seu primeiro e mais aclamado álbum, a cantora, compositora e pianista Norah Jones mostrou ao mundo como o jazz contemporâneo pode muito bem se infiltrar em diferentes tribos e diferentes classes sociais. Com um total de 23 milhões de cópias vendidas mundialmente, o álbum contém 14 canções, sendo apenas uma de autoria de Jones (a belíssima faixa-título) e duas escritas em parceria com Jesse Harris. Nas demais faixas, Jones esbanja simpatia com releituras fieis de alguns dos maiores clássicos da música norte-americana de raiz: Hank Williams (“Cold, Cold Heart”), John D. Loudermilk (“Turn Me On”), a dupla Hoagy Carmichael e Ned Washington (“The Nearness Norah Jones of You”), entre outros. Conseguiu a proeza de Come Away With Me (2002) bater “Kind of Blue” (1959), de Miles Davis, como o álbum de jazz mais vendido em todos os tempos. 075
  • 79. Um dos maiores representantes do gothic metal mundial, a banda italiana Lacuna Coil chegou ao seu terceiro álbum cheio de inspiração. De explosiva criatividade, o álbum alcançou uma boa 28ª posição nas paradas independentes. A mistura de heavy metal tradicional, elementos eletrônicos, atmosfera gótica e o perfeito duo entre o gutural masculino de Andrea Ferro e o feminino lírico de Cristina Scabbia soam equilibrados, algo raro no gênero. Eis alguns destaques: “Swamped”, “Heaven‟s a Lie”, Daylight Dancer” (tema dos dois filmes de terror “A Caverna” e “Alone In The Dark”), “Aeon” e a vibrante “Entwined”. Lacuna Coil Comalies (2002) 076
  • 80. Cansados da velha fórmula grunge de compor, o Pearl Jam deu um tempo no fim dos anos 90. Eddie Vedder & CIA queriam algo novo, queriam experimentar novas sonoridades. Utilizaram uma técnica de gravação chamada binaural recordings e experimentaram novos instrumentos. Até mesmo as letras soam diferentes, mais sombrias. Abre com uma trinca de ferro (“Breakerfall”, “God‟s Dice” e “Evacuation”), rápidas e sujonas, que ressuscitam a excitação oitentista do pós-punk. A partir de “Light Years” (grande sucesso, por sinal), somos redirecionados a outros túneis. Há neopsicodelia (“Nothing As it Seems”), folk rock (“Soon Forget”), baladas com ar de classic rock (“Parting Ways”) e Pearl Jam experimentações nada convencionais aos Binaural (2000) padrões do Pearl Jam (as esquisitas “Insignificance”, “Of the Girl” e “Rival”). Foi o primeiro disco do grupo a não receber disco de platina, o que o torna ainda mais obrigatório. 077
  • 81. O Midlake faz um folk rock viajante, perfeito para se ouvir no topo de uma montanha com uma cerveja na mão. Músicas calmas, com poucas eventuais distorções, letras enigmáticas, refrões marcantes e um universo de melodias criado com muita criatividade. Dentre os destaques, a maravilhosa trinca que abre o disco (“Acts of Man”, “Winter Dies” e “Small Mountain”), além de “Fortune”, “Rulers, Ruling All Things” e a faixa-título. Uma banda diferente, vinda do rock psicodélico em seus primeiros trabalhos, aqui buscando caminhos em busca de vilas medievais e histórias para contar. Midlake The Courage of Others (2010) 078
  • 82. O que torna o Weezer uma banda tão bacana é o jeito nerd dos integrantes, com aquele emblema de Buddy Holly, e o rock “pra cima” feito pelo quarteto. Por detrás de uma parede de guitarras, ouvimos a uma penca de hits imediatos, de refrões grudentos, ritmo para acompanhar batendo o pé no chão: não tem como não gostar. E o mais legal de tudo é que os caras não são pop, e sim, um dos líderes do rock alternativo. Também conhecido como “The Green Album”, este disco acabou sendo, sem querer, o maior sucesso comercial do Weezer: foi direto ao 4º lugar da Billboard e rendeu três grudentíssimos hits: “Hash Pipe”, “Island in the Sun” e “Photograph”. Para quem sempre imaginou Weezer que o Beatles poderia ser mais “punk”. Weezer (2001) 079
  • 83. O que poderia resultar uma parceria entre Robert Plant, eterno líder do Led Zeppelin, e a cantora de bluegrass Alison Kraus? No melhor disco de 2007, no mínimo. Mais que isso, resultou em um dos álbuns mais bonitos e poéticos lançado nos últimos anos – onde folk, country e rock se fundem para criar paisagens bucólicas e passeios solitários. Fora ter sido aclamado e recebido o Grammy de Álbum do Ano em 2008, “Rising Sand” não precisava de nada disso: ele soa perfeito por si só. Ouça “Rich Woman”, “Polly Come Here” e “Please Read the Letter”. Robert Plant & Alison Kraus Rising Sand (2007) 080
  • 84. Todo amante do movimento grunge ficou mais feliz com o retorno triunfal do Alice In Chains ao cenário musical. É um álbum muito importante para a vida da banda: é o primeiro de estúdio em 14 anos; o primeiro a ser lançado após a trágica morte do vocalista Layne Staley por overdose, em 2002; e o primeiro com um novo vocalista, o ótimo William DuVall. Quem conheceu a banda no início dos anos 90 vai sentir o mesmo impacto ao ouvir clássicos imediatos como “Check My Brain”, “Your Decision”, “Looking in View” e “Private Hell”. O rock estava mesmo precisando do Alice In Chains novamente. Alice In Chains Black Gives Way to Blue (2009) 081
  • 85. Bons tempos de new metal! “Iowa” é um triunfo do gênero. Agressivo, violento e absolutamente confuso – metal alternativo e rap metal são apenas a ponta do iceberg de um universo aparentemente deslocado. O vocalista Corey Taylor se sobressai com seus urros primitivos e subumanos, debaixo de muitas percussões, bateria tijolo, baixo pulsante e toneladas de guitarras sujas e velozes. Iron Maiden fica parecendo cantiga de ninar perto de vômitos sonoros do fedor de “People = Shit”, “My Plague”, “The Heretic Anthem”, “Left Behind” e “Metabolic”. Ao vivo, o Slipknot faz jus à música apresentada em estúdio: os shows são caóticos, bagunçados e ensurdecedores. Uma das mais bacanas Slipknot bandas de metal do mundo. Iowa (2001) 082