1) Os desencarnados sentem surpresa ao se depararem com o mundo astral, embora as coisas mais insignificantes sejam motivo de agrado.
2) A surpresa varia de acordo com o nível evolutivo de cada espírito. Espíritos mais evoluídos não se surpreendem com cenários belos.
3) Há grandes diferenças entre as concepções terrenas e a realidade do mundo astral.
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CAPÍTULO 4
Noções preliminares sobre o Além
PERGUNTA: — Há agradável surpresa para os desen-
carnados ao depararem com o panorama do mundo astral?
ATANAGILDO: — Usando de termos comuns para o
vosso entendimento, posso dizer-vos que até as coisas mais
insignificantes do mundo astral são motivos da mais agra-
dável surpresa para os desencarnados que logram a ventu-
ra de ingressar no seio confortador das colônias espirituais.
Entretanto, em virtude do grande prazer com que a maio-
ria das criaturas se entrega à adoração das formas do
mundo material, além do habitual descaso para com a ver-
dadeira vida interior do espírito, mesmo as mais virtuosas
ainda se demoram em adaptar-se definitivamente ao cená-
rio do plano astral. A existência física, embora seja de curta
duração, é suficiente para fazer a alma olvidar a realidade
de sua divina moradia espiritual.
PERGUNTA: — Todos os desencarnados são tomados de
surpresa, no seu retorno ao Além?
ATANAGILDO: — Nem todos, porque essas surpresas
variam entre si; para aqueles que merecerem as esferas
venturosas, porque levaram uma existência digna e de
abnegação ao próximo, elas se manifestam pelo aspecto
das paisagens maravilhosas do astral superior. Há desencar-
nados, entretanto, que não revelam surpresa mesmo dian-
te dos cenários mais belos do Além, porque se trata de enti-
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2. dades evoluidíssimas, que já cultuavam em seus espíritos
os valores próprios dos panoramas celestiais, mesmo quan-
do ainda se achavam na Terra. Entretanto, quanto aos
delinqüentes do vosso mundo, de modo algum podeis ima-
ginar quão terríveis e apavorantes são as cenas que os
aguardam no astral inferior; onde os horripilantes quadros
dantescos ultrapassam a tudo quanto possais imaginar de
pavoroso no mundo terráqueo!
PERGUNTA: — Essas diferenças da vida, verificadas
pelos recém-desencarnados, distanciam-se completamente
das nossas concepções na vida terrena?
ATANAGILDO: — As diferenças são bem notáveis
quando avaliamos o mundo astral exclusivamente pelo seu
panorama exterior, algo semelhante ao cenário terreno, ou
então sob o nosso julgamento espiritual exclusivo. É preci-
so que não vos esqueçais de que estou dando a minha opi-
nião, que pode não ser a mais exata e que se baseia na
minha visão espiritual, através daquilo que me é simpático
e que suponho ser o mais certo. Sem dúvida, haverá gran-
de diferença nas descrições que vários indivíduos, de diver-
sas profissões, fizerem de uma mesma cidade terrena, as
quais hão de variar conforme os diferentes padrões intelec-
tuais e psicológicos dos seus relatores. É evidente que essas
descrições hão de apresentar ilustrações completamente
opostas entre si, variando naquilo que for dito por um
engenheiro, um poeta, um desportista ou um simples apro-
veitador da vida mundana. Cada relato há de denunciar os
gostos preferenciais do seu autor, revelando a sua simpatia
pelo aspecto que mais o interessou; o engenheiro há de se
preocupar com as edificações e com o aspecto urbanístico
da cidade; o poeta celebrará a beleza de suas colinas, jar-
dins, lagos ou enseadas; o desportista se deixará entusias-
mar pelos estádios ou agremiações esportivas, enquanto
que o homem materialista e gozador do mundo preocupar-
se-á unicamente com os recantos do vício, as aventuras e
A Vida Além da Sepultura
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3. Ramatís
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os ambientes da vida noturna.
Eis o motivo por que variam os relatos mediúnicos
transmitidos do "lado de cá", que enriquecem a vasta
bibliografia espiritualista do mundo material; enquanto
alguns desencarnados se preocupam exclusivamente com o
sentido "interior" e de poesia espiritual mais contemplativa,
de nossa vida no Além, outros preferem se dedicar particu-
larmente aos aspectos das atividades mais "exteriores",
como seja a multiplicidade de serviços nos departamentos
educativos e de renovação do espírito. Sob o meu modes-
to pensar, a Terra é um apagado prolongamento de nossas
esferas astrais, para onde converge a vida como pobre imi-
tação da realidade espiritual que usufruímos a distância do
corpo carnal. Aqui, nota-se certa semelhança entre as nos-
sas atividades sociais, artísticas, arquitetônicas ou psicológi-
cas e as terrenas, mas não deveis considerar o que aqui se
passa como sendo "cópias" melhoradas da vossa vida mate-
rial. Esse é um dos motivos por que, de princípio, muitos
desencarnados custam a se convencer de que já abandona-
ram o corpo físico, visto continuarem a manter seus costu-
mes e tarefas num panorama algo semelhante ao que dei-
xaram ao desencarnar.
PERGUNTA: — Embora existam essas semelhanças com
a Terra, como poderemos ter uma idéia da superioridade do
mundo astral sobre o nosso mundo físico?
ATANAGILDO:— Em confronto com a matéria que
constitui o panorama do mundo terreno, a substância astral
que compõe a vida em nossa esfera oferece sempre parti-
cularidades avançadas e bastante diferentes, quer quanto à
sua aplicação e tratamento, quer devido à sua mobilidade
para conservação das coisas. No mundo astral, são os pen-
samentos dos seus habitantes o que mais fortemente atua
nas suas criações; quanto mais elevadas forem essas
regiões, no Além, tanto mais as forças mentais poderão
operar com maior êxito e independência. À medida que se
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