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CAPITULO I


       Capitão James Deakins fez uma careta contrariada ao ler o memorando
da corregedoria. Bando de safados! Pensou. O corregedor Mike Winter estava
informando que os detetives Alexandra Eames e Robert Goren estavam sob
avaliação, devido ha três queixas apresentadas por advogados de defesa de
três réus, segundo as queixas apresentadas a confissão dos réus havia sido
obtida por manipulação emocional, psicológica, com uso de estratagemas
mentirosos por parte dos detetives que constrangeram os réus, abalando-os de
tal forma, que vieram sob grande tensão emocional confessar atos que não
praticaram. A corregedoria, então, estava destacando um avaliador que
acompanharia os detetives em seus próximos casos para observar se os
queixosos estavam com razão
       Passou a manhã daquele dia fazendo ligações para seus contatos, tinha
certeza que a avaliação que a corregedoria faria era uma retaliação do grupo
do juiz Charleston, preso pela dupla de detetives por trafico de mulheres. Juiz
Charleston, um negro grande, era um dos pilares de sustentação política da
tropa de Winter e Ramirez, sem falar, aliado político de primeira hora de Ron
Carver. A investigação de Eames e Goren tinha dado o que falar e muito
trabalho para ele, porque a turma de Winter e Ramirez, chefe da Narcotios e
candidato a eleição da Superintendencia da Policia de Nova York, tentavam
abafar o caso de todas as formas, mas, no final o juiz fora preso e Ron Carver,
que o defendera no inicio da investigação dizendo que se tratava de
perseguição política e racista dos detetives tivera que se desculpar
publicamente na televisão.
       As provas eram contundentes e a confissão do juiz muito grave, porque,
ao confessar diante da promotora Eleanor Helsbk e de Goren, ele humilhara o
detetive dizendo que ele não poderia provar nada, porque ele, juiz Charleston
era a lei e Goren seu badeco.
      A celeuma tinha se dado por meses, mas, o juiz fora preso e estava
prestes a ser condenado.
      Agora a corregedoria, coordenada por Winter pedia uma avaliação de
conduta. Deakins sabedor que era uma armação para prejudicar seus policiais
e seu departamento, já ligara para meio mundo, enviara emails e agora
aguardava os resultados de suas articulações.


       Winter, xingara todos os palavrões que ele conhecia, e era um vasto
repertorio que ele possuía. Brodox, seu secretario o olhava sem muita
paciência.
- Peça um avaliador neutro. Dar para trás na avaliação será pior. – ele disse.
- Deakins é um filho da puta.



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- Que seja! Agora você vai ter que ceder. O Christopher Carver já ligou,
mandou meio mundo pro inferno, dizendo que essa conversa chegou à capital
e vai atrapalhar as negociações do pai.
- Ramirez me ligou também, bufando, ele não para de receber ligações... Isso
pode ferrar a candidatura dele.
- Mais do que a bosta toda do Charleston. – o rapaz rebateu, ajeitando seus
óculos sobre o nariz fino e pontudo.
      Winter levantou, era um homem corpulento de quase sessenta anos,
muito branco, olhos azuis e dentes grandes como de um cavalo. Rodeou a
mesa e ajeitou as calças.
- Porra de Deakins. – reclamou. – Faz uma ligação pra ele. – disse enfim.
      Deakins ouviu um polido Winter do outro lado da linha.
- Meu amigo Deakins você esta compreendendo mal nosso trabalho! Não
estamos aqui para perseguir ninguém, principalmente um detetive como Goren,
com um histórico altíssimo de acertos. E Eames, muita ética, séria, correta. Um
orgulho de mulher na corporação! – ele fazia gestos obscenos para Brodox
enquanto dizia isso. – Mas, preciso proceder à conduta de avaliação, são três
queixas e improcedentes, tenho certeza. É rotina meu amigo! Para que não
paire duvidas em você, nos nossos detetives, vou pedir o avaliador para o dr.
Kalil, que possui uma equipe extremamente ética e profissional. Você está
satisfeito assim?
- Winter não imagina o quanto. - Deakins riu ao ouvir isso, Winter tinha
chegado aonde ele queria. - Sabia que você compreenderia minha
preocupação.
- Oh, entendo! Estou esperando você no jogo de pôquer. – ele disse mudando
de assunto.
- Vou te limpar Winter. Fiz isso da ultima vez. – Deakins gargalhou.
- A sorte muda. – o homem respondeu do outro lado.
- Por enquanto esta do meu lado.
      Winter riu e desligou. Olhou Brodox.
- Eu ainda pego ele. Ainda pego... Ele e esse viado maluco do Goren!




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Kalil deu um abraço apertado em Deakins, havia tempo que não se
viam. Eram amigos de muitos anos. O capitão chegara as oito em ponto para
jantar com ele conforme haviam combinado naquele dia.
- Bom ter você conosco no jantar. Samia reclamou que você sumiu. – o
medico libanês disse com um sorriso, enquanto servia um café típico para o
amigo na pequena saleta após jantarem carneiro com tâmaras.
- Preciso cuidar de meus amigos, tenho sido negligente. – ele sorriu e sorveu o
café.
- Diga o que precisa. – Kalil disse sem rodeios. – Sua voz ao telefone estava
ansiosa, meu amigo.
- Preciso de seu melhor psicólogo forense. Alguém confiável e não
manipulável. – ele respondeu.
- Por quê?
- A corregedoria vai solicitar um a você, estão avaliado dois de meus detetives.
Goren e Eames.
- Por qual motivo?
- Segundo eles abuso psicológico junto aos suspeitos para extrair confissão.
- Hum...Mas? – ele olhou o homem a sua frente e cofiou o bigode.
- Eles foram responsáveis pela prisão do juiz Charleston...
- E agora a tropa de Charleston quer retaliar.
- Correto. Consegui que Winter não mandasse um dos psicólogos da
corregedoria. Pedisse a você. Preciso que me mande à pessoa certa, que fará
essa avaliação com isenção.
- Eu tenho a pessoa. Sei quem fará isso com muita competência,
responsabilidade e independência. Fique tranqüilo vou ceder a minha melhor
psicóloga.




      Deakins viu que Eames e Goren estavam na sala de mídia. Mandou um
dos policiais que passava que os chamassem a sua sala.
     A dupla de detetives apareceu à porta e entraram assim que o capitão
acenou chamando-os.
     Bobby soltou um palavrão baixinho depois de ouvir a leitura do
memorando do corregedor. Eames o olhou.
- Isso é uma retaliação por causa do caso do juiz Charleston. – ele disse.
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- Sim, tenho certeza disso. – Deakins respondeu.
- E o que faremos? - Eames quis saber, olhando o chefe.
- Nada, vão receber o avaliador como dois cordeiros. – disse. – O que estão
fazendo?
- Nos preparando para cumprir mandatos de prisão no caso de contrabando de
armas russas. – Bobby respondeu.
- Continuem. – ele olhou o relógio, eram oito horas da manha – Durante a tarde
o avaliador deve chegar.
      Eames e Goren se levantaram dirigindo-se para suas mesas. Ela olhou
para o parceiro.
- O que você acha que o capitão vai fazer? Ele está muito tranqüilo, não acha?
- Realmente não tenho idéia. São uns safados essas caras. – ele disse
aborrecido, sentando-se. Olhou Eames que sentava a sua frente. – Eles estão
furiosos porque não conseguiram abafar o caso do Charleston.
- Aposentando o Charleston. Mas, ele dava sustentação política ao grupo do
Winter. - Eames lembrou
- E do Ramirez, da Narcoticos, que será candidato a superintendência. A queda
do Charleston foi um golpe duro para eles. O Carver ficou furioso, lembra que
no inicio ele fez um discurso de defesa do Charleston e a família? Chamando a
gente de racista?
- Depois teve que ir a TV lamentar a perda profunda de seu coração. – Eames
riu. – Agora querem criar uma situação para nós. Não iam mesmo ficar quietos.
- Charleston era um canalha, ele usava a estrutura jurídica para traficar
mulheres, aproveitando-se da situação das estrangeiras irregulares. Um
cafetão de luxo.
- Põe luxo nisso. – ela o olhou. – Você acha que o deputado Carver tem
alguma ligação com isso? Que ele dava suporte político?
- Desconfio. Mas, somente se Charleston entregasse o esquema inteiro. E ele
não o fez. Ainda confia em sair ileso.
- Com todas as provas contra ele? – Eames franziu o cenho.
- Mas tem muitas articulações. - ele sorriu irônico.
- Infelizmente. Queria saber o que o capitão vai fazer para neutralizar essa
situação. – ela olhou para sala de Deakins, que saía.
- Se já não fez alguma coisa. – Bobby ficou observando o capitão sair muito
calmamente da sala do esquadrão.



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Kalil chegou ao Fórum muito cedo, ainda não era oito horas da manhã,
sua secretaria, Shanikua Quenn o olhou risonha.
- Tem correspondência da corregedoria, logo cedo. O policial estava aqui
quando eu cheguei.
      Kalil pegou o envelope das mãos da mulher, uma negra baixa e
gordinha.
- Parecem ansiosos. – disse com um sorriso e entrou em seu escritório. Era a
solicitação de Winter para que ele cedesse um psicólogo à corregedoria.
Sorriu. Eram rápidos aqueles homens.
       O psiquiatra saiu de seu escritório, olhou o relógio e se dirigiu a sala dos
psicólogos, a secretaria Anne já se encontrava organizando as pastas da
equipe.
- Anne. – ele chamou.
- Sim, dr. Kalil? – ela perguntou solicita.
- Esmeralda já chegou?
- Tem audiência, só vem à tarde – respondeu.
- Assim que ela chegar diga que me procure.
- Sim senhor.
       Esmeralda depôs num caso em que uma mulher matara o marido após
anos de violência domestica. Era um caso de Logan e Barek. Passou a manhã
à disposição do juiz. Ele a liberou após o almoço. Foi almoçar com Carmelita,
sua prima.
- Está linda nesse vestido cinza. – a prima observou.
- Fui depor. Num caso de homicídio. A mulher sofria violência do marido. Fiz a
avaliação dela. – disse sentando-se a frente da outra mulher.
- Hum...- Carmelita olhou a prima, era uma bela mulher. – Estou faminta,
vamos comer proteína. – riu. – Vou pedir carne.
- Deus do céu, não... Só um peixinho. Eu não quero engordar. – ela riu.
- Esmeralda com a atividade que você tem tido com seu namorado lindo, pelos
gritos que ouço lá do apartamento, você não engorda nem um centímetro. E
precisa de muita proteína para dar conta daquele espécime masculino. Por
falar nisso cadê ele? – ela perguntou entre sorrisos.
- Tá enrolado com um caso com a máfia russa. Coisa barra pesada. Ele passou
lá em casa ontem, dormiu um pouco e saiu de madrugada. Falei com ele agora
estava cumprindo mandato de prisão.
- Vocês estão indo bem... Você parece empolgada.

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- Gosto dele. - ela sorriu. – É o cara na minha vida. – disse. – Inteligente,
bonito, interessante... Ele mexe comigo e o sexo é maravilhoso. Indescritível.
- Uau! – Carmelita riu. – Isso é bom.
- É atencioso, delicado... Ciumento... Muito fofo.
- Hei esta apaixonada Esmeralda Carver.
- Estou. – ela sorriu feliz. – Tá valendo à pena.
- Isso é bom... Tão bom estar apaixonada. – Carmelita disse cúmplice. – E ser
correspondida, o olhar dele para você. Nunca vi amor assim. – ela ponderou. –
Esta no olhar dele, ele te ama muito.
- Eu sei... - ela corou com a observação.
       As duas mulheres conversaram trivialidades durante o almoço. Depois
fizeram algumas compras e se despediram.
      Esmeralda chegou ao fórum duas da tarde, assim que chegou Anne
passou o recado de Kalil. Ela deixou a bolsa em sua sala e foi até a sala de seu
coordenador. Shanikua a atendeu solicita e anunciou sua presença para Kalil.
      Ele a esperava de pé junto à janela. Sorriu ao vê-la entrar, era uma
jovem de quem gostava, por sua seriedade e competência. Sabia que se
desenvolveria um excelente profissional. Estava satisfeito em lhe dar a
oportunidade que aparecera.
- Bom tarde doutor. Anne me disse que queria me ver. – ela disse.
- Sim. Estou destacando você para um serviço a corregedoria. – ele indicou a
cadeira para que ela sentasse.
- Corregedor Winter? – perguntou sentando-se onde o coordenador indicava.
- Ele solicitou um avaliador para dois policiais, uma dupla na verdade. Por isso
deixe o que esta fazendo, vou passar seu caso para o Kyoto. Quero você neste
caso.
- Nossa! – Esmeralda deu um sorriso animado. Ser destacado para um
trabalho desta forma era importante. – Que tipo de avaliação?
- Segundo o que me foi passado é uma avaliação de conduta nos
procedimentos de interrogatório. A queixa é que os policiais fazem abuso
psicológico, uma espécie de tortura psicológica para conseguir confissões.
- Que policial não faz? – ela o olhou interrogativa.
- Mas esta rendeu queixa e bastante celeuma política. – ele riu. – Por isso
estou de confiando o caso. Vai saber lidar com isso. Fazer a avaliação em
parâmetros absolutamente profissionais e lidar com as pressões políticas que
esse fato esta gerando.
- Hum...O senhor sabe quem são os policiais?
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- O memorando não trouxe nomes, apenas a solicitação de indicação para
atuação em um caso. Sei extra oficialmente.
- Não vai me dizer? – ela perguntou.
      Kalil hesitou alguns instantes, não queria, isso revelaria que tinha tido
contato anterior com ou Winter ou Deakins.
- Não. Prefiro reservar a informação comigo.
- Tudo bem. – Esmeralda sabia que Kalil era discretíssimo com informações e
só passava para a equipe o estritamente necessário. Ele não lhe diria nada,
alem do que fosse preciso saber. E no momento apenas que seria avaliadora
de conduta de uma dupla de policiais.
- Aqui está. – lhe entregou a carta de apresentação – Estou indicando você
porque é profissional, justa e correta. E será assim na avaliação deste caso. O
Winter vai dizer o que mais precisa saber. Você é muito inteligente.
      Esmeralda sorriu. Entrelinhas ele estava lhe dizendo que o caso era
muito mais político do que de saúde mental.
- Entendo. – ela respondeu.
- Ele esta esperando você na corregedoria.
- Daqui ate a corregedoria não leva muito tempo, de metro, é obvio. O Kyoto
chegou junto comigo, eu vou repassar o caso para ele. – disse levantando-se e
pegando a carta. – Obrigada pela confiança em representar a equipe.
- Conheço muito bem você. Boa sorte. E excelente trabalho.
       Esmeralda passou o caso para Kyoto, um japonês que estava na equipe
há mais de um ano e era excelente profissional. Voltou ate sua sala, colocou o
notebook na pasta, pegou a bolsa e saiu. Ela estava sempre muito impecável.
Naquele dia escolhera um vestido cinza, na altura dos joelhos, de meia-manga,
o vestido era de malha e algodão, lhe caía suavemente marcando o corpo,
tinha um decote discreto, com um cinto alto, que marcava a cintura. Tinha
pranchado o cabelo e usava o conjunto de brincos e cordão de esmeralda que
Bobby lhe dera. E um scarpin preto de saltos altíssimos.
      Uma hora e meia depois ela estava diante de Winter, que não ficou
imune a beleza exótica daquela jovem. Ele conhecia Esmeralda, sempre a
achara linda e agora, podia ver seu corpo bem feito, as pernas torneadas,
aquele cabelo longo cor de mel, e aquela boca indecente diante dele, ao
alcance de suas mãos.
       Ofereceu a cadeira para que ela sentasse. Perguntou se queria café ou
água. Como ela não quis nada, ele a rodeou e sentou-se na cadeira ao seu
lado. Queria ficar perto dela.
- Fico feliz que Kalil a tenha destacado para este trabalho. – disse. – Ele
reforçou muito sua competência e profissionalismo.

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- Obrigada. – ela agradeceu cerimoniosa.
- Esmeralda, minha querida. Posso te chamar assim? Conhecemo-nos há tanto
tempo...
- Sim, à vontade.
- Bem Esmeralda, minha querida. A corregedoria tem intensificado sua política
de aumentar a qualidade da ação dos policiais. Nós não podemos admitir entre
nós homens, ou mulheres abusivos que violam as leis da integridade dos
cidadãos dessa cidade. – ele se levantou e foi até a mesa. – Recebemos
queixa de três advogados contra uma dupla, que segundo eles utilizam
métodos abusivos do ponto de vista psicológico e ate físico contra seus
suspeitos. Os advogados alegam que as confissões são obtidas desta forma
abusiva, torturando os depoentes, criando situações falsas para que digam que
o que essa dupla pensa ser a verdade. Bem, solicitei então um profissional que
possa acompanhar e avaliar os detetives Goren e Eames.
      Esmeralda se sentiu gelar por inteira. Virgem de Guadalupe, Virgem
Santa! Por Fátima! Goren???
- Seu trabalho será nesses próximos quinze dias acompanhar a atividade desta
dupla e depois fazer uma avaliação dos seus métodos de condução de
investigação e interrogatório, quero saber se realmente abusam das pessoas
que estão sobre sua tutela na condução do processo. Aqui esta o processo
sobre os dois. As queixas, os casos. O Capitão Daekins esta aguardando você
no Esquadrão de Casos Especiais. Gostaria que começasse hoje mesmo.
- Sim. – ela respondeu procurando manter-se o mais controlada o possível.
Nossa Senhora das Cabeças que a ajudasse, todas as nossas senhoras e
santos disponíveis que a ajudassem.
- Seu pai ainda está em Whasghinton?
- Sim, ele e Chris devem voltar na próxima semana. Ele foi fazer lobby junto
aos senadores para aprovarem as mudanças nos planos de aposentadoria dos
policiais. Ele está batalhando melhorias.
- Precisamos. Hoje um policial trabalha como um condenado recebe uma
aposentadoria mixuruca e um relógio de quinta de presente. Se ficar doente, a
aposentadoria não cobre as despesas medicas. - ele disse contrariado.
- Realmente.
- Seu pai é um grande defensor nosso. Grande mesmo! Espero que os
problemas com o juiz Charleston não embarace a reeleição dele.
- Vamos saber na hora da eleição. - ela não queria continuar o assunto, nunca
gostara de Charleston, com aquela barriga imensa, gordo como um javali. O
pai xingara Eames e Bobby de tudo o que sabia quando a investigação
estourou. Ela ficara calada, ate o momento somente Carmelita sabia do seu
envolvimento com Goren. Alguma coisa lhe dizia que a investigação da
corregedoria tinha haver com o Charleston. Caramba, politicagem vagabunda.

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- Minha querida. – ele saiu de trás da mesa e se aproximou dela novamente. –
Ficaria o dia inteiro conversando com você. Sempre tão linda, suave, delicada
e inteligente. Mas, o Deakins te espera. A escolha de Kalil não podia ser
melhor.
- Vou me apresentar para ele, então. – disse levantando-se.
- Espere, vou mandar meu motorista levar você até o departamento.
- Winter, por favor...
- Não. Nunca que a deixaria sair daqui sem essa gentileza.
     Esmeralda sorriu sem graça, não tinha como não se livrar da “gentileza”.
No caminho, recebeu uma ligação do pai.
- Oi pai. – disse ao pegar o celular.
- Já soube que será avaliadora de Eames e Goren. – ele disse animado do
outro lado da linha.
- Já? – ela se espantou. – Winter te ligou?
- Imediatamente.
- Hum...
- Filha, sei que fará um trabalho excelente e profissional, não preciso lhe
recomendar isso. Foi escolhida por isso, está na equipe do Kalil por isso.
- Obrigada pai. – ela agradeceu emocionada.
- Boa sorte amor! Minha princesa.
- Obrigada. Te amo. – disse com ternura.
- Filha, se o tal do Goren causar problemas me avise. Sei da fama dele, metido
a psicologo, e maluco... Sei que esse homem é um instavel. Se ele criar
problemas, te constranger, qualquer coisa me ligue, me diga. Faço ele ser
policial rodoviário em dois tempos!
- Tá pai! Se precisar ligo. Beijo.
- Beijo e muitas saudades meu bebe. – ele foi carinhoso.
       Deus a ajudasse quando o pai soubesse sobre ela e Bobby, ele iria
morrer de ódio. Deus a ajudassse. Foi rezando para Virgem de Guadalupe
suplicando que Bobby não a visse naquele carro. Já ia ser um “fato” quando ele
soubesse que ela era a avaliadora. Imagine se a visse descer do carro do
Winter.
      Subiu o elevador até 11º andar aliviada, a Virgem lhe ouvira, e nem
sombra de Bobby no estacionamento das viaturas. Deakins a esperava
recebeu-a muito polidamente.


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- Como vai minha filha. – disse assim que a viu entrar em sua sala.
- Bem. – ela lhe deu um sorriso afável. Ela gostava dele, era um homem
inteligente, bem articulado, honesto, interessante.
- Venha, sente-se. – ele indicou a cadeira.
       Esmeralda sentou-se. O capitão acompanhou muito discretamente os
movimentos dela e como deu a cruzada de pernas. Entre os homens que ele
conhecia e que tinham contato com Carver, se comentava sobre a cruzada de
pernas de Esmeralda, eles diziam de forma infame que elas eram toda a
plataforma política de Carver. Não precisa de mais nada para ganhar apoio
entre os policiais, somente levar Esmeralda e deixar que cruzasse as pernas
diante deles. Deakins tinha que reconhecer, era um par de pernas lindo, e uma
cruzada cheia de sutileza e sensualidade. Feliz, era o homem que podia estar
entre elas, pensou.
- Quer água, suco, café?- ele perguntou sentando-se à mesa.
- Não. – ela não queria nada, estava nervosa, pensando na reação do
namorado.
- Kalil me disse que iria me enviar o seu melhor profissional e realmente
cumpriu a palavra. - Deakins sabia da competência de Esmeralda. Ela era linda
e o pai abusava do efeito que ela causava nos homens. Mas, ali estava uma
mulher inteligente e competente. Christopher era um assessor brilhante, mas,
Deakins sempre achara que se Esmeralda estivesse com Carver ele iria muito
mais longe. Era inteligentíssima.
- Obrigada.
- Bem. Já sabe que ira avaliar o Goren e a Eames.
- Sim.
- Eles estão sabendo da avaliação e não será nada fácil. Você esta pronta para
enfrentar isso?
- Será necessário. Mas, é natural que fiquem ressabiados. Eu ficaria. Acho que
ficaria brava. – ela sorriu.
- Eles saíram em diligencia, desde ontem estão nas ruas cumprindo mandato
de prisão de um caso que eles fecharam. Mas, já devem estar de volta. - o
telefone tocou interrompendo o capitão – Um momento. – atendeu. – Acabaram
de chegar, pedi que me avisassem assim que os dois chegassem. Estão vindo.
        Esmeralda agradeceu a Virgem por estar sentada. Ia cair de tanta
tensão emocional. Os minutos pareceram eternos. Ate ela ouvir a porta se
abrir, após uma leve batida. Viu o capitão se levantar.
- Eames, Goren. Quero apresentar seu avaliador destacado pela corregedoria.
A doutora Carver.


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- Bom tarde. – Esmeralda disse com a maior firmeza que ela pode encontrar
em si mesma, encostada na cadeira com medo de cair.
- Bom tarde. – Eames respondeu contrafeita.
      Bobby não disse nada, ele tinha sido colhido de surpresa. A primeira
reação foi ficar mais pálido do que já era, depois ficar vermelho de raiva.
- A doutora Carver vai acompanhar vocês nestes próximos dias. A acomodem
junto com vocês. Sei que estão em mão competentes. – ele disse olhando os
detetives e depois para Esmeralda.
- Obrigada capitão. – ela agradeceu, pegando sua bolsa e pasta.
- O que precisar me procure. – ele lhe disse segurando sua mão e beijando-a
suavemente.
- Procurarei. – disse sorrindo-lhe afável procurando a todo custo não olhar para
Bobby que aquela altura já estava roxo de ciúmes.
       E ele estava vermelho de tanto ciúmes, olhando o capitão beijar a mão
de Esmeralda. Ela se adiantou evitando olhá-lo nos olhos, Eames abriu a porta
para ela, e saiu em seguida. Deakins parou Bobby segurando-lhe no braço.
- Detetive.
- Sim capitão. – ele voltou-se procurando manter o controle.
- A doutora Carver é uma excelente profissional. Se existe alguém que fará um
trabalho isento é essa mulher.
- Claro senhor. – Bobby respondeu aborrecido. Os lábios trincados de raiva.
- Por isso trate-a bem, não dificulte as coisas para ela. Estamos acertados
assim? – ele o olhou firme.
- Sim senhor. – ele respondeu mais vermelho ainda e saiu.
      Eames o esperou chegar, sabia que ele estava furioso, mas, não
imaginava tanto ao ver seu rosto vermelho e semblante carregado. A reação
era exagerada. Do que ele estava com tanta raiva?
- Precisamos arrumar mesa e cadeira para a doutora Carver. – ironizou.
- Vou arrumar! – Bobby respondeu rispidamente, olhou Esmeralda. – Poe suas
coisas na minha mesa. – saiu a procura de mesa e cadeira, o que ele sabia
seria difícil de achar.
       Esmeralda olhou Eames seriamente.
- Ficaria muito brava se alguém viesse me avaliar. – disse. – Mas, estou na
incomoda posição de fazer isso. E farei. Vocês podem dificultar ficando bicudos
comigo ou podem colaborar comigo. Mas, vou fazer o trabalho, a despeito de
vocês.

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- Então... O fará despeito de nós. Não é seu trabalho? – ela a encarou firme e
muito contrariada.
      Esmeralda sorriu.
- Farei. – ela disse sem se intimidar.
- Você veio aqui nos avaliar e não ser nossa amiguinha. – Eames continuou. –
Faça seu trabalho. Se quer cara bonita, devia avaliar top models. – sentou-se
deixando Esmeralda de pé.
       Bobby não havia achado mesa, apenas uma cadeira, teria que falar com
o encarregado do almoxarifado. Enquanto, voltava com a cadeira foi parado por
Harrison.
- Hei Bobby! – o homem chamou.
- O que foi Harrison?- ele o olhou sem muita paciência, era um bobalhão
metido a macho alfa que gostava de pegar todas as mulheres que conhecia.
Bobby não gostava dele.
- O que a gostosona da filha do Carver veio fazer aqui? Veio trabalhar com
você e a Eames?
      Bobby teve vontade de socar a boca de Harrison, ou mete-lhe a cadeira
no meio da cara, conteve-se.
- Cara você tem sorte. Tremenda gostosa aquela mulher, viu o pernão que ela
tem? E maravilhosa de frente. – fez um gesto significativo. – E de costas. –
gargalhou batendo de leve no ombro de Bobby. – Não deixe nossa reputação
em baixa, de um trato nela bem dado...
- Você é um porco medíocre... Um merda que não tem autoestima nenhuma e
pensa que o esse teu membro ridículo vai te dar alguma! – Bobby disse entre
dentes. E saiu deixando Harrison sem ação.
      Bobby estava com tanta raiva que não conseguia raciocinar direito.
Pegou a cadeira e colocou ao lado da sua, e começou abrir espaço em sua
mesa.
- Senta aí. – disse para Esmeralda. - Amanhã vou falar com o cara do
almoxarifado para arrumar uma mesa e uma cadeira descentes para você. –
ele se sentou e deu um longo suspiro contrariado.
      Eames ficou olhando o que Bobby fizera, não estava entendendo bem,
era impressão dela, mas, a maneira com que o parceiro falava com a psicóloga
e agora a colocava ao seu lado na mesa, pareciam tão íntimos.
- Vou ao banheiro e pegar um café. – olhou Esmeralda que se sentara onde
Bobby lhe dissera. – Quer um?
- Obrigada. – ela agradeceu.
      Eames saiu e Bobby olhou Esmeralda nos olhos a primeira vez.

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- Como você entrou nessa? – perguntou.
- Eu não sabia de nada. Hoje depois do almoço o Kalil disse que estava me
cedendo para a corregedoria, me mandou falar com o Winter. Foi só quando
estava com ele que fiquei sabendo o que era. Foi que ele me disse que tinha
que avaliar você e a Eames.
- Porque não declinou? – ele insistiu.
- Ah sim... Ele me entregou o caso, eu ia dizer: Não corregedor não posso
aceitar, porque eu estou transando com o detetive Goren! – ela deu um sorriso
irônico.
      Bobby se remexeu na cadeira, colocou os dedos sobre os lábios, depois
a olhou novamente.
- Tudo bem... Então nesses seus quinze dias de avaliação não vou a sua casa.
Não vou te ver.
- Ta. – ela deu de ombros e ficou em silencio por alguns segundos. – Vai
passar quinze dias sem comer tortinhas?
- Vou. – ele respondeu malcriado, arrumando a mesa.
- A de creme?
-É.
- A de chocolate?
- Também.
- Hum... A de creme de hortelã e gotas de chocolate?
- É. – ele continuou mexendo nos papeis.
- Ah tá... Até a nova? De maça e canela?
      Ele a olhou novamente.
- Maça com canela?
- É. E a especial... A de chocolate e mel. – ele disse com um ar maldoso.
- Chocolate e mel? – ele queria rir, mas, se esforçava para ficar serio. –
Também não, principalmente essa tortinha.
- Tá certo. – ela sorriu, viu quando Logan e Barek entraram e sentaram no
outro lado da sala. – Bem já que as tortinhas vão ficar abandonadas nesses
quinze dias... Vou ver se o Logan gosta de tortinhas, vou dar pra ele. O que
você acha?
- Não se atreva. De jeito nenhum! Logan não sabe apreciar esse tipo de
iguaria, é comida para ser degustada por expert, com suavidade, propriedade.
Além do mais, as suas tortinhas são minhas. São exclusivamente minhas.

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- Não sei não... O Logan? A Barek que cozinha bem me disse que ele é bom
de boca. – ela disse com um sorriso.
- E a Barek sabe fazer tortinhas? – Bobby sorriu. – Nem sabia que cozinhava...
- Diz que cozinha bem... - Esmeralda riu.- Bem, vou ligar para o Peter, o
assessor do papai. – disse pegando o celular.
- Por quê?
- Ele deve querer as tortinhas. Ele vive querendo elas... – sorriu ironicamente.
- Não se atreva. – Bobby segurou a mão dela. – Sua maluca!
- Vou avaliar que você é realmente um torturador... Ninguém sabe o quanto
torturador você é.
- Eu? – ele sorriu.
       Entreolharam-se e começaram a rir baixinho.
- Perdi alguma coisa? – Eames perguntou contrariada, mordiscando levemente
o lábio.
       Bobby soltou a mão de Esmeralda sem graça.
- Não. – se recompôs.
- Seu café. – ela estendeu o copo para Esmeralda.
- Obrigada. – Esmeralda deu um sorriso e bebeu o café.
       Eames sentou-se, olhou Bobby que disfarçava o rubor das faces.
- Disse a ela o que estamos fazendo? – perguntou cada vez mais desconfiada
da relação de Bobby e Esmeralda.
- Não. – ele ficou sem graça. – Acabamos de fechar um caso da máfia russa,
contrabando de armas, um homicídio. Agora é fazer os relatórios. – disse. –
Costumamos conversar, destacar os fatos mais relevantes e montar o relatório.
Então vamos conversar sobre os fatos. Faremos isso agora.
- Por favor. – Esmeralda disse. – É como se não estivesse aqui.
      Bobby olhou firmemente para ela. Como? Estava ali, perfumada, linda,
chamando atenção dos outros homens, com aquela perna bonita. Deixando-o
maluco de ciumes. Como?
- Como se pudesse. – ele disse impulsivamente.
       Esmeralda fingiu não ouvir. Levantou-se.
- Com licença. – pediu e saiu em direção ao toallet.
       Eames olhou interrogativamente.

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- Você já a conhecia?
- Eu? – ele a olhou hesitante.
- Sim. Eu não a conheço, mas, você parece ter intimidade com ela.
- Não. Só a vejo no fórum. – ele desconversou. – Bobagem sua.
- Bobagem minha? Pode me explicar porque ela esta sentada ao seu lado
dividindo sua mesa?
- Queria que dividisse a sua? – ele replicou.
- Estão parecendo namoradinhos de escola infantil. Que o menino coloca a
menina para sentar do ladinho dele. – ela riu.
       Foi então que ele percebeu que a espremera na mesa com ele de forma
tão inconsciente, mas, era melhor não modificar a situação agora. Já tinha
feito.
- Muito boa sua observação. – ele disse contrariado com ele mesmo. Olhou
para ver se ela voltava e viu quando Harrison a abordou. O palhaço! Pensou.
     Ia perguntar a Esmeralda o que ele queria quando Deakins chegou junto
à mesa deles.
- Sei que estão assoberbados, mas, acho que vão querer ver este presente no
cais do Porto. Parece que nosso amigo atacou novamente.
- Depois de quase seis meses? – ele o olhou intrigado.
- Vá saber se é o mesmo ou alguma novidade. – Deakins olhou a mesa de
Goren. – Está espremendo a doutora? – ele perguntou irônico.
- Não tinha mesa... - ele começou a se desculpar.
- Vou pedir no almoxarifado. – ele riu. – Não precisa expremê-la assim... E nem
escondê-la do resto da equipe. Parece menino de colégio ciumento. – saiu com
um sorriso cínico no rosto.
       Esmeralda teve vontade de rir, porque era isso mesmo, mas, ficou o
mais séria que pode. Eames olhou Bobby com um ar de vitoria. Ele corou
violentamente. Levantou-se.
- Vamos ao porto.
      Estavam no carro a caminho do cais do porto quando Bobby voltou-se
para Esmeralda.
- O que o Harrison queria?
- Oferecer seus préstimos. – ela respondeu.
- Préstimos?


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- É. O que eu precisar é só pedir a ele. Cadeira, mesa, café, água... Quis ser
atencioso.
       Bobby voltou-se para frente. Sobre Harrison ele ia conversar com ela em
casa. Já estava cansado. E ainda tinha que agüentar aqueles marmanjos
dando em cima da mulher dele. E a primeira coisa que faria no dia seguinte era
arrumar a droga da mesa e da cadeira, todo mundo o chamando de menino de
jardim... Pior, ele sabia, era mesmo!
      O Cais do Porto não era lugar para se andar de scarpin com salto
agulha, principalmente os armazéns abandonados. Esmeralda teve dificuldade
de seguir Eames e Goren. Eles se dividiram como sempre faziam. Eames foi se
informar com o policial que recebera a chamada sobre como encontrara o
corpo e Goren foi direto ver o corpo. Esmeralda o seguiu, assim que Eames
estava distante ele virou para ela e disse com sarcasmo.
- Se quer seguir a mim e a Eames não pode usar sapatos de princesa. – ele
disse divertindo-se com sua dificuldade.
- Você quando dá para ser ruim é ruim mesmo! Insuperável! – ela respondeu
malcriada.
      Ele riu e seguiu adiante, mas, voltou-se rápido e ágil quando ouviu a
exclamação de “ai” de Esmeralda, segurou-a a tempo dela não cair.
- Machucou? – ele perguntou solicito.
- Não, só tropecei. – ela respondeu, segurando-se firme nele.
       Bobby a segurava firmemente pela cintura, estava como ele gostava que
estivesse sempre, nos seus braços, sob suas mãos. Eles se olharam, um olhar
cúmplice, cheio de paixão, aquele brilho que não se consegue esconder de
ninguém e muito menos de si mesmo.
- Perdóname cariño. – ele disse muito próximo a ela. – Exagerei. Tú eres mi
dulce, mi amor, mi vida. Perdona – me.
- Eres un sinvergüenza! Sin embargo, Te amo.- ela respondeu.
- Si no estuviera en el servicio, me gustaría darte un beso en este
momento. Afecto. Mi dulce. Pode ficar em pé? Não dói?
- Posso sim, não dói...- ela se equilibrou nos sapatos assim que ele a soltou
devagar.
       Eames olhava os dois. Não conhecia a doutora. Pois sim! Era ela a
causa da mudança e da alegria dele nos últimos meses. Não tinha duvida
agora.
       Esmeralda já tinha visto em fotos, vídeos, mas ver pessoalmente era de
dar nó no estomago. E aquele era. Ela fez o sinal da cruz. Bobby logo começou
a examinar a vitima. Era um homem, alto, branco, de cabelos negros, estava
de joelhos no centro de um pentagrama, as mãos atadas para trás junto com
os pés, a jugular havia sido cortada, sangrara até morrer.
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Na testa havia o símbolo da letra Omega do alfabeto grego. Pelo estado
do corpo ele fora morto a noite, ou de madrugada. O perito dizia a Goren que
somente um exame mais detalhado poderia precisar a hora.
- Não foi morto aqui. – Goren disse para o perito.
- Não. Foi morto em outro lugar, mas, colocado aqui com muito cuidado e
maestria.
- Um homem dessa estatura. Ser morto dessa maneira. Veja se foi drogado.
Foi emasculado. – ele mostrou ao outro homem.
        Eames fez uma careta.
- Hu...- disse ao ver o corpo. – A mesma assinatura?
- Sim. O perito esta tirando as fotos. Já sabe de quem é esse armazém? –
Bobby respondeu tirando as luvas.
- Está abandonado há anos, segundo o policial. Foi arrombado. É usado por
drogados e mendigos como dormitório. – Eames olhou as anotações que
fizera.
- Quem achou?
- Um morador de rua. Veio dormir aqui e já o encontrou dessa maneira. – ela
respondeu.
        Bobby olhou Esmeralda.
- Tudo bem? – ele perguntou.
- Sim. Desculpe-me, dêem licença. – disse saindo, queria vomitar, estava
gelada, já tinha rezado uma ave Maria e um padre nosso... Que cena dantesca,
cheia de uma energia ruim, cheia de mal.
       Bobby a olhou se afastar, preocupado. Mas, precisava fazer seu
trabalho. Esmeralda esperou no carro o pé estava latejando, olhou o tornozelo,
parecia inchado. Que tarde!
        Algum tempo depois, Goren e Eames entraram no carro comentando o
caso.
- Me deixem no ponto de taxi. – ela pediu cortando os dois.
- Não vai voltar conosco? – ele perguntou surpreso.
- Não. Vou para casa. Preciso processar melhor o que vi agora.
       Quis fazer um carinho nela, mas, não podia. Apenas acentiu
afirmativamente para Eames que manobrou o carro. Colocou Esmeralda no
taxi.
- Este pie muy dolorido? – ficou preocupado.

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- Esta inchado... Vou fazer compressa em casa.
- Dulce, dejar este trabajo. Demasiado para ti.
- Te vejo amanha, mi corazón. – disse enquanto beijava levemente a mão dele
que estava na janela do taxi. – Vamos, por favor. – disse para o motorista.
       Bobby ficou olhando o carro partir. Suspirou cansado. Voltou para a
viatura.
- Você vai me contar ou vou ter que fazer uma investigação? – Eames
perguntou irritada.
- Contar o que?
- Não faça isso comigo. – ela foi firme com ele. – Você e a Esmeralda. Eu não
sou burra, Bobby!
         Ele coçou a testa e sorriu sem graça, ficando rubro.
- Estamos namorando. – disse por fim.
- Não iria me contar isso?- ela o encarou aborrecida. – E ela é nossa
avaliadora?
- Não contamos a ninguém. Não queríamos, achamos cedo para contar. Sobre
a avaliação ela não sabia ate receber o caso.
- Não aceitasse! Isso vai ser muito ruim para nós. Você já pensou se
descobrem o caso de vocês? Ela é a ultima pessoa que pode nos avaliar.
- Já disse isso a ela. Esmeralda é teimosa.
         Eames maneou a cabeça.
- O pai dela sabe?
- Não.
- Imagino quando souber. – ela riu. Manobrou o carro e ganhou a via expressa.
– Estou admirada de estar namorando com ela. Não faz seu tipo.
- Por quê? – ele quis saber.
- Você não gosta de mulher cara, patricinha... Não é assim que você diz?
- Esmeralda não é nada disso. – ele disse olhando a parceira. – Você verá.
Estou... Estou apaixonado! Nos amamos!
       Eames olhou Bobby preocupada. Nossa! Ele estava falando serio. E se
os instintos dela estavam certos, isso daria confusão.




                                                                           18
Bobby entrou em casa e viu a mesa da cozinha posta. Havia tortinhas.
Sorriu. Esmeralda estava no apartamento. A bolsa e o notebook estavam na
sala. Quando ele entrou no quarto, ela dormia em sua cama, de camiseta
branca e calcinhas com o pé sobre uma almofada. O cheiro de baseado estava
forte. Ele se aproximou e olhou a cabeceira. Ela tinha fumado um daqueles
baseados cubanos. Riu. O dia tinha sido pessimo, o baseado estava pela
metade. Ele o acendeu novamente e tragou indo para o banheiro.
      Depois do banho, foi ate a cozinha e comeu algumas tortinhas com um
copo de leite, voltou ao quarto, deitou-se ao lado dela.
- Mi corazón. – disse ao seu ouvido, acariciando sua cintura, quadris e
nadegas.
- Mmmmm. – Esmeralda se espreguiçou. – Trouxe tortinhas...
- Fumou um baseado na minha casa. Quer mesmo que vá preso. – ele disse
beijando-lhe atras da orelha.
- Sim. – ela respondeu virando-se.
- Perdóname amor. Fui muito mal com voce hoje! – ele disse beijando-lhe o
colo e acariciando levemente seus seios. - Estoy tan cansado. quería hacer el
amor contigo toda la noche.
- Fico em cima. – ela sorriu.
      Ele tambem. Mas, estava cansado e não era um super heroi.
- Estou morto. - ajeitou-se com a cabeça entre os seios de Esmeralda. – Contei
para Eames sobre nós. – ele disse.
- Ela desconfiou? – perguntou acariaciando seus cabelos umidos.
- Na hora. – ele moveu-se e acomodou-se no travesseiro. – Ficou aborrecida
por não ter contado antes. Acha que será ruim para nós se descobrirem nosso
namoro. – fez uma longa caricia pelas costas de Esmeralda descansando a
mão em seu quadril.
- Não sei. Penso em amanhã dizer ao corregedor que voce é um chato e pedir
para sair. Mas, o Kalil apostou em mim. Eu não quero falar da nossa relação
para ninguem. Não quero que fiquem comentando de nós. Não mesmo.
- Dulce, vao comentar cedo ou tarde. – beijou-lhe a face.
- Melhor que seja tarde. Alem do mais, conheço o Winter, ele tem uma intensão
politica com isso. Ele quer ferrar você e a Eames.
- Sei disso. – ele disse bocejando. – O baseado esta fazendo efeito, estou
ficando leve. – riu.
- Voce fumou o baseado? – Esmeralda se espantou.

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- Claro que sim. Voce pensa que é a única maconheira dessa relação? – ele
deu uma gargalhada. – Vira, cariño... – ele pediu. – Vamos dormir de colher,
agarradinho...
      Esmeralda virou-se e se aconchegou no corpo de Bobby, segurou a mão
dele entre as suas. Era tão gostoso ficar assim, ele apertando-a bem contra
seu corpo morno, firme, grande.
      Bobby se sentia bem. Não só pelo baseado, mas, porque seu cariño
estava ali apertadinha em seus barços. Seu doce, seu coração, sua alma. Era
gostoso tê-la assim, morna, gostosa, suave em seus braços. Entrelaçou os
dedos aos dela. Fez uma leve caricia com o pé nos pes dela.
- Ai. – Esmeralda gemeu.
- Ta doendo? O pé? – ele perguntou o rosto enterrado nos cabelos dela.
- Pouquinho. – Esmeralda respondeu sonolenta.
- Vamos dormir...Amanha estará sem dor. – ele disse tambem muito sonolento.
      Agarradinhos assim dormiram.




                                 CAPITULO II


      Esmeralda virou-se, encontrou Bobby apoiando a cabeça na mão
esquerda e olhando-a.
- Voce estava me olhando dormir? – ela perguntou ainda sonolenta.
- Sim. Estou meia hora vendo voce roncar, babar o travesseiro e soltar uns
peidinhos! – ele riu.
- Seu bobo! – ela deu um leve tapa no ombro dele. – Que horas?
- Seis. – ele disse acariciando-lhe as bochechas.
- Esta acordado desde a cinco e meia?
- Não. Acordei as cinco. Fiquei pensando em algumas coisas e depois fiquei
olhando voce. – ele disse.
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- Que coisas? – esfregou os olhos e esticou os braços.
- Na avaliação e no novo caso.
- Ihhh. – ela maneou a cabeça.
- Deixe essa avaliação de lado. Voce já imaginou a confusão que vai dar se
descobrirem que somos amantes? – ele a encarou serio.
- Bobby. – Esmeralda ergueu- se e sentou-se. – Não posso chegar para o
Winter e dizer que a gente tem um romance.
- Diga que fui um chato, um calhorda e que não quer mais trabalhar perto de
mim.
- Não posso! Se disser uma coisa dessas meu pai te manda ser patrulheiro
rodoviário, na melhor das hipoteses.
- Esta superestimando seu pai, Esmeralda! – Bobby se sentou na cama
tambem.
- Não. Eu sei o poder que meu pai tem. Por isso que posso ir adiante. Winter
nao vai me queimar. Ele queima voce, mas, não a mim. Eles não me
queimariam nunca por causa do meu pai.
- Seu pai não é unanimidade na policia. – falou contrariado.
- Não. Mas, é poderoso. Muito. Ah, Bobby não vou discutir isso com voce! Não
vou abrir mão do caso. Caramba! Não seremos os primeiros numa situação
dessas na corporação. – levantou-se.
- Calma. Aonde vai? – ele levantou as mãos em sinal de rendição.
- Mijar! – Esmeralda foi para o banheiro.
      Bobby voltou a ficar pensativo. Ela não ia desistir, não adiantava insistir.
Tinha que encontrar outra forma de tirá-la da situação.
- Tudo bem. – ele disse quando ela voltou para cama. – Pelo menos vamos ser
discretos. Vou continuar sendo um chato, ruim para voce.
      Ela o olhou e estirou a lingua.
- Mas, pensava no caso. Em que pensava?
- Ate onde pude averiguar ontem não há conexão entre as vitimas.
- É um serial?
- Parece. Houve um cara achado numa casa abandonada, há uns seis meses
atras. Do mesmo jeito, corte na jugular, de joelhos, emasculado, e o Omega na
testa. Depois, uns quinze dias, um segundo, achado em um parque, debaixo de
uma ponte. Então parou. Agora seis meses depois. – ele fez um gesto com as
mãos.


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- Não há conexão como? – ela quis saber, aproximou-se dele, jogando as
pernas sobre as dele.
- Um era noivo. Um engenheiro.
- O primeiro?
- Sim. O segundo, casado, pai de uma filha adolescente, corretor. E esse...
Dono de um restaurante, solteiro.
- Mas, não deram por falta deles? Ninguem comunicou desaparecimento? Um
noivo, outro casado, e o dono de restaurante. Não iam sumir assim. Alguem ia
dar falta, comunicar o desaparecimento.
- É. Talvez encontre a conexão. Como esses homens sumiram e ninguem deu
falta?
- Boa pergunta.
      Bobby acariciou a perna de Esmeralda, olhou seu pé.
- E o pé?
- Não tá doendo, só um pouco roxo. – ela disse olhando.
-Não pode usar o sapato de princesa hoje. – ele riu.
- Estou preparada para isso. – ela rebateu.
- Cariño, fui tão mau com você. – ele avançou sobre ela, deitando-a na cama e
subjugando-a com o peso de seu corpo.
- Seu porquinho. – ela disse quando ele tentou beija-la. – estamos com a boca
suja.
- É mais gostoso. – Bobby insistiu no beijo e acabou por roubá-lo de
Esmeralda. – Beijo de boca suja.
- Doido! – ela riu e tentou se livrar dele, mas, Bobby a mantinha firmemente
presa embaixo de seu corpo grande e maciço.
        Ele baixou a cabeça e a beijou novamente, agora um beijo mais
profundo, ardente e desejoso. Sua lingua explorando a dela, numa dança de
desejo, fazendo seus corpos se aquecerem. Ele chupou levemente seu lábio
inferior, depois o mordeu delicadamente e passou a lingua sobre eles numa
caricia erotica. Ergueu a cabeça para olhá-la nos olhos. Acaricou seus cabelos,
as bochechas. Esmeralda o olhou firmemente. Acarinhou seus cabelos, a testa,
o queixo forte.
- Voce é tão bonito. – disse por fim.
      Bobby ficou vermelho.
- Oh não! – ele riu. – Sou um desajeitado. Já viu minhas rugas novas? – piscou
o olho direito.
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- Bobo. Voce é meu lindo! – ela disse ternamente acariciando seu rosto e
depois lhe fazendo uma caricia no nariz com seu proprio nariz. – Meu policial,
meu lindo... Mi corazon. – Virgem de Guadalupe, o beijo dele era o bastante
para levá-la a loucura. Acariciou longamente seu braço, voltando e mantendo
as mãos em seus ombros largos.
       Bobby aliviou a pressão de seu corpo, mas, só um pouco, suas mãos
acariciaram os quadris dela, apertando-lhe levemente a cintura, subindo sobre
a camisetinha de dormir e acariciando seus seios que agora estavam com os
bicos tesos.
      Esmeralda sentiu o sangue correr com mais velocidade dentro dela, seu
corpo aquecendo-se e seu sexo ficando umido, preparando-a para ele.
- Ah, Cariño. – ele mordeu os lábios dela novamente, sabia que Esmeralda
gostava daquele pequeno atormentar sensual, em resposta ela se aproximou,
implorando por mais.
      Ele voltou a pressioná-la com seu grande corpo, Esmeralda começou a
puxar sua camisa, queria tocar seu toráx, seus pelos, atormentar seus peitos
de mamilos rosados.
     Bobby, então começou a pressionar com o joelho entre suas coxas,
quando ele tocou se sexo ela fechou os olhos e viu estrelas.
- Isso – gemeu abrindo as pernas para facilitar sua intromissão, enquanto suas
unhas deixavam um rastro de fogo nas costas musculosas dele, fazendo-o
soltar um gemido abafado.
- Queime pra mim, dulce. – ele disse a voz aspera, entrecortada, abafada pelo
prazer. Puxou a camisetinha dela pela cabeça, deixando seus seios a mostra e
livres para suas caricias.
       Afastou-se dela por um momento, enquanto se livrara da cueca e
liberava seu membro grosso e longo, duro como aço, latejante de luxuria.
Voltou-se para ela e tirou suas calcinhas. Esmeralda gemeu, fechou os olhos, e
lentamente virou o rosto para o lado. Bobby voltou a pressionar seu corpo com
o dele, beijando-lhe a veia que pulsava rapida no pescoço, mordendo-lhe
levemente o ombro.
       As mãos dele desceram para seu sexo suplicante, Esmeralda chamou
seu nome quando seus dedos se enterraram na grossa camada de fluidos que
a tinham deixado pronta para recebê-lo. Contorceu-se, arqueando na direção
dele quando sua boca desceu por seu pescoço até os seios. Os dentes de
Bobby tocaram a delicada carne de um mamilo. Sua boca o cobriu, os lábios
dele se fechando, sugando com uma pressão árdua que fez com que todo seu
corpo fosse tomado por uma onda de prazer que parecia tragá-la e jogá-la em
larva quente. Longos dedos entraram rapidamente em sua vagina, arrancando
outro gemido dela.
      Esmeralda atingiu um clímax imediato, o calor se espalhando, a
sensação dele sugando seu mamilo, sua língua estimulando-a, era demais. Ela
explodiu vendo estrelas, sentindo os labios dele em seu atormentado seio.
                                                                           23
Repetia o nome dele com uma voz sufocada, baixa, mordendo o
labio inferior. Bobby beijou-lhe o rosto e suavemente a virou na cama,
levantando seus cabelos e deixando sua nuca exposta. Beijou-a ali, depois a
arranhou com a barba semicerrada, ela se arrepiou toda, gemeu e o gemido
saiu abafado pelos lençois.
             Ele continuou beijando-a e a arranhando com a barba pelas
costas, fazendo-a arrepiar-se e contorcer-se. Então, ele chegou onde queria,
mordeu-lhe o traseiro, segurando-a firmemente pelo quadril.
       Há muito tempo ele queria tomá-la daquela maneira, mas, ela evitava.
Sabia, porque haviam conversado sobre isso que ela nunca fizera sexo anal.
Esmeralda dizia que não tinha se sentido segura bastante com alguem para
isso, mesmo com Ramon, seu relacionamento mais sério.
       O sexo entre eles era excelente, tinha sorte, ele pensava. Já tivera
namoradas de todos os tipos, algumas bem pervetidas, tanto que ele deixara o
relacionamento porque algumas coisas o incomodavam, outras pudicas, e
algumas frias. Mas, Esmeralda era diferente. Era quente, ardente, de tal forma
que exigia dele sempre, receptiva as brincadeiras, ativa, participativa, criativa.
Ela tinha prazer com ele, e muito, em contrapartida lhe dava muito prazer
tambem. Não se lembrava de nenhuma namorada com quem se sentisse tão
realizado quanto com ela.
      Por isso, tomá-la por ali vinha virando uma pequena obsessão, era como
se ao permitir que ele a tomasse daquela forma, ela se rendesse por completo
para ele. Bobby sabia que não fazia sentido, mas, quase que intuitivamente
percebera isso nela.
       Ele voltou a arranhá-la com a barba, fazendo-a rir dessa vez, estendeu o
braço para que ela pudesse repousar a cabeça sobre ele, acariciou seus
cabelos e desceu a mão novamente para seu traseiro, acariciando-o, dando-lhe
pequenos e leves beliscões. Puxou-a levemente de forma que pudesse
sorrateiramente esfregar sua ereção nela. Pedia aos céus que ela cedesse.
       Esmeralda sabia o que ele queria. Ele tinha pedido abertamento, não era
um homem de rodeios, mas, ela negara. Nunca tinha feito com ninguem, nem
com Ramon. Achava que era intimo demais, era como um prêmio para o
homem de sua vida, tinha que ser para o cara que fosse o “cara” dela, seu
homem, fazer isso, para Esmeralda era se entregar inteira para alguem, sem
uma reserva sequer. Era a rendição total. E, bem, Bobby era esse homem. Não
havia porque adiar mais. Seria com ele. Seria para ele. Queria que fosse com
ele. Tinha que ser com ele, não tinha duvidas quanto ao que sentia por ele. O
amava muitissimo, aquele era o seu homem.
- Sim. – ela disse virando o rosto para Bobby, beijando-lhe as bochechas.
      O coração dele acelerou.
- Tem certeza? – ele a encarou sério. – Tem certeza? É isso que quer fazer?
Tem certeza que quer fazer assim? – havia uma tensão na voz dele.


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- Sim tenho... Quero que me possua assim. – os olhos dela estavam graves e a
voz fraquejou pela emoção. Depois sorriu. – Mas com lubrificante que não vou
dar conta disso tudo não!
- Cariño! – Bobby a beijou num beijo aspirado, sentia-se alegre como um
menino que acabara de ganhar o presente mais esperado no natal. Pulou da
cama correndo indo até o banheiro.
        Nem que saisse nu até o sexshop mais proximo ele ia achar um
lubrificante! Não tinha nada no banheiro, foi ate o closet, devia ter algum lá, às
vezes brincavam de massagem. E foi oleo de massagem que achou. Isso ia
servir, pensou. Estava tão ansioso que deixou coisas cairem no chão quando
pegou o oleo de massagem. Esmeralda ouviu o barulho de objetos caindo, ele
tinha deixando alguma coisa cair, riu, esse era Bobby, seu menino grande!
Voltou com um sorriso triunfante.
- Oleo de massagem. Serve?- mostrou para ela na beirada da cama.
- Vai facilitar a entrada disso tudo? – ela apontou.
- Vai. Pelo menos eu acho. – ele olhou para baixo. É ele não podia reclamar de
seus atributos.
      Esmeralda escondeu o rosto com as mãos.
- Virgem de Guadalupe ajudai-me!
       Bobby deitou-se ao seu lado, percebeu que apesar da brincadeira e dos
risos ela estava tensa.
- Relaxa cariño. – pediu. – Vem cá. – trouxe-a novamente para perto dele e a
virou de costas. Sua mão livre deslizou sobre as costas dela, pela curva de seu
traseiro, depois para dentro, mais perto, movendo-se suavemente em volta da
entrada de seu ânus.
      Esmeralda suspirou levemente, estava nervosa, receosa, mas, a caricia
suave era deliciosa. Ele percebeu sua excitação e receio.
- Fica de quatro. – ele pediu delicadamente e Esmeralda obedeceu.
      Abriu a tampa do pequeno frasco de oleo de massagem, e lubrificou
uma grande quantidade de seus dedos. Depois, com a outra mão, separou
suas nádegas enquanto estendia seus joelhos, forçando-os sob as coxas dela,
obrigando-a a levantar as curvas suaves de seu traseiro mais perto dele.
       Olhou fixamente a pequena entrada, o objeto de seu desejo estava ali,
suave e apertado. Era a rendição dela. Era a submissão dele. Observou,
extasiado, enquanto seus próprios dedos se moviam pela flexível entrada
- Cariño... — disse excitado, cheio de emoção. - Tão bonito.
      Sua voz saiu rouca de excitação, ele tentava controlar sua luxúria
enquanto se esforçava por prepará-la com delicadeza. Se Esmeralda tivesse
se afastado dele, se tivesse feito algo mais que gemer seu nome e empurrar
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para trás contra seus dedos invasores, ele se deteria, poderia ter detido a
vertiginosa queda de seu controle que se levantava através dele. Mas só pôde
olhar, torturado, enquanto empurrava dois dedos contra o pequeno casulo.
Abriu-o, estendendo-o com suavidade enquanto ela corcoveava contra ele
como se apartasse, ofegando, clamando seu nome. Seu pênis grosso e duro,
pulsando em crescente excitação enquanto ela se retorcia sob seu toque.
- Não dulce, não, não lute contra mim. Relaxa. Não tenha medo. - continuou
seus movimentos, observando, a boca enchia de água, enquanto seus dedos
se enterravam nas apertadas, tão deliciosamente apertadas, profundidade de
seu ânus.
       Esmeralda se apertou contra ele, os músculos lutando por aceitar a
intrusão enquanto ele se retirava, depois pressionava mais profundo. Revolveu-
se, esticando-se contra ele, mas tomando-o enquanto ele trabalhava com seus
dedos dentro do ardente calor de seu traseiro. Com a outra mão, espalhou o
oleo de massagem sobre a grosa longitude de seu pênis. Jogou o frasco de
lado. Esfregou o oleo sobre seu pênis enquanto observava, sem afastar nunca
os olhos da visão de sua tenra entrada traseira abrindo-se ao redor de seus
dedos.
- Está me matando Robert. — lutava por respirar, sua voz frágil pela excitação
e o incrível desejo. Desejava-o, desejava sua posse. Só a ele. E seria somente
ele. Ela tinha realmente caído no profundo e sem fim poço da paixão.
- Sente. É gostoso não? — sussurrou ele desesperadamente. — Proibido e
quente, doloroso e prazeiroso. Voce me pertence agora. — empurrou seus
dedos mais profundo, observando como o aceitava, seu corpo se estremecia
enquanto o prazer ondeava sobre ele. Quando os retirou, adicionou um terceiro
dedo. Ela gritou enquanto ele os empurrava em seu interior. Seu traseiro se
estirou e ele gemeu, imaginando o efeito dos músculos ao redor de seu pênis
enquanto a tomava. Ela deu um puxão como fosse separar-se dele, os quadris
sacudindo-se, as coxas tremendo enquanto lutava contra ele. Mas o tomou.
       A possuiu lenta e suavemente com seus dedos, imaginando o delicioso
prazer que vinha. Seguro de que estava preparada, sabendo que se esperasse
um segundo mais poderia perder todo o sentido de controle, retirou seus
dedos, liberando-se dela enquanto suas mãos a agarravam pelos quadris,
mantendo-a quieta enquanto se ajoelhava atrás dela.
- Preciso. Eu... Preciso... — Bobby disse rouco de excitação.
       Seu pênis fez pressão em sua preparada abertura. Observou como sua
ereção pressionava contra o pequeno buraco, forçando-o a florescer ao abrir-
se, a estirar-se para tomar a torcida cabeça. Olhou-a, viu como seu apertado
buraco se abria facilmente, estirando-se ao redor dele.
- Não me machuque. – ela suplicou, a voz tremente, o suor brotando de suas
costas.
- Não. Não te machucarei. Nunca poderia. — disse ele quase sem fôlego. Não
podia feri-la. Se o fizesse iria ferir a si proprio, ela se tornara sua alma.

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Fez uma careta enquanto a metade da cabeça se enterrava dentro dela.
Estava quente, tão deliciosamente quente que tudo o que desejou fazer foi
cravar-se tão profundo e tão duro dentro dela como podia.
      As mordidas dos apertados músculos sobre sua carne era deliciosa, as
sensações muito escandalosamente excitantes para serem negadas.
- Oh Deus! – gemeu. - Pare, cariño. — agarrou seus quadris enquanto ela
tentou afastar-se dele. — Por favor, por favor, dulce. Fica quieta.
       Suas costas se arquearam quando ele empurrou a ardente cabeça de
sue pênis dentro de seu traseiro com um desesperado movimento de seus
quadris. Ele trincou dentes, sentindo como perdia o controle. Esmeralda
protestou com um choramingo.
- Pare. — deu-lhe uma palmada no traseiro enquanto ela se sacudia de novo,
quase liberando-se dele. Percebeu como os músculos dela se retorciam pela
pequena carícia aguda e escutou seu ofego de prazer. - Por favor, Cariño. Por
favor, coracion. – ele suplicava-lhe entorpecendo de prazer.
       Um lamento esmigalhado saiu expulso do peito de Bobby enquanto ele
se incrustava dentro do ânus dela. Duro e profundo. O calor instantâneo, como
fogo em seu pênis, apertou-se ao redor dele, acariciando-o enquanto ela
gritava debaixo dele, lutando por aceitar a completa e grossa longitude de seu
pênis enterrada em suas tenras profundidades. As costas dela se arquearam e
a cabeça se sacudiu, enquanto as longas mechas de seu cabelo ondeavam
sobre suas costas.
- Robert... — Esmeralda clamou. Só o chamava assim quando estava aturdida
pelo prazer.
        E Bobby sabia, sabia disso, então a sombria e primitiva luxúria se
disparou através das veias dele enquanto ela o tomava. O grito dela foi de
intensa excitação. O ponto onde tudo se elevava, misturando-se e ardendo de
calor. Não podia deter-se, não podia conter sua necessidade. Ele inclinou-se
para trás olhando como seu pênis se liberava do apertado buraco estirado dela,
depois empurrou duro e profundo. Uma e outra vez. Observava como a carne
dela se estirava por ele, escutava seus gritos ecoando ao redor dele, e se
sentia no céu e no inferno por sua aceitação. Depois se inclinou sobre ela;
perdida a razão, só prazer, só o calor cadente de seu traseiro aferrando seu
pênis, significava algo. Os quadris dele se moveram enquanto impulsionava
sua ereção dentro dela, empurrando através da sensível malha, sentindo-o
estirar-se para aferrar ao invasor que tomava tão rudemente. Ele estava
gemendo enquanto seus empurrões se tornavam mais duros, mais rápidos.
Podia escutar Esmeralda gritando debaixo ele, clamando seu nome, lhe
suplicando, pressionando- se contra ele enquanto a possuía com duras e
furiosas estocadas. Pulsou, pulsou. Colocou apressadamente a mão debaixo
dos quadris dela, os trementes dedos encontraram o duro e inchado nó de seu
clitóris, enquanto começava a aprofundar suas estocadas.
     Os quadris dela estavam sacudindo-se, possuindo-o por sua vez,
enquanto o suave mel fluía de sua vagina cobria os dedos dele e seu clitóris.
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Ela estava tomando-o, amando-o, aceitando-o. Era o céu! Era o inferno, era
tudo, agora Esmeralda era somente dele.
       Com luxúria arranhou seus flancos, então, o escroto apertando-se pela
excitação, e enquanto acariciava o clitóris de Esmeralda, sentiu o clímax que
rasgava inesperadamente através do corpo dela. Um uivo desgarrou de sua
garganta enquanto a agarrava pelos quadris, ficou sobre ela e começou a
possuí-la com vigorosas estocadas. Não podia deter-se, não podia controlar a
poderosa luxúria que bulia através de seu pênis. Tinha perdido o controle, era
só instinto, só desejo.
       Quando seu clímax chegou, foi como uma cadente morte. Raios se
rasgaram através de seu pênis e seu corpo, enquanto se enterrava uma última
vez nas apertadas profundidades do ânus dela e sentia como sua semente
explodia da ponta de sua ereção. Um pulso explosivo depois de outro se
rasgou através de seu corpo enquanto o ânus dela se apertava ao seu redor
com cada jorro liberado. Os músculos dela morderam seu pênis, ordenhando-o,
sugando a semente até que só pôde cair contra ela, estremecendo-se com
cada chicotada de ardente prazer, ofegando para respirar, e compreendendo
que com cada ofego apagado soltava o nome dela. Um longo tempo depois
encontrou forças para afastar-se, para observar com aturdido prazer como seu
pênis ainda ereto, retirava-se do tenro traseiro dela. O pequeno buraco agora
estava coberto com a nata dele. O corpo dela o sustentava em seu interior,
aceitando-o, uma parte dele se mantinha dentro dela, ao menos por agora.
      Deitou-se e a puxou delicadamente para perto de si. Esmeralda tremia,
estava empapada de suor. Ele a apertou em seus braços e beijou-lhe os
cabelos, depois o alto da cabeça.
- Me matou. – ela disse quase sem voz.
- Está muito viva. – ele respondeu rouco. – Sinto sua vida palpitando em
minhas mãos.
- Preciso dormir. Isso é melhor do que maconha cubana.
     Bobby não pode deixar de rir. Esmeralda ainda estava vagueando, mas,
pensou como se sentaria durante aquele dia. Riu e dormiu.




      Quando acordou viu que Bobby estava arrumado, acabando de dar o nó
na gravata.
- Que horas?
- Dez e meia. – ele sorriu olhando-a carinhosamente. – Volte a dormir.
      Esmeralda ergueu-se e o olhou.
- Aonde voce vai?

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- Tenho um palpite. Quero checar antes de ir para a central. – ele voltou a olhá-
la de forma grave, tensa. – Volte a dormir. Descanse. Tem café na cafeteira,
pão, frutas e seu leite de soja.
- Comprou tudo isso agora? – ela ficou curiosa, não tinha nada disso na noite
anterior. Ao vê-lo acentir afirmativamente com a cabeça perguntou. – Voce não
dormiu?
      Bobby sorriu.
- Não poderia dormir. Estou cheio de energia, renovado, estou a mil. – ele riu e
se aproximou da cama inclinando-se para beijá-la. – Se tivesse o dia de folga ia
te tomar de novo e de novo. Voce me alimenta a alma.
- Virgem de Guadalupe se voce me tomasse de novo e de novo ficaria um mês
sem sentar. Eu morria.
- Morria não. Olha como esta vivinha! O que são esses bicos acesos? – ele
beliscou de leve um dos seus bicos.
      Esmeralda ficou rubra e cobriu os seios com o lençol.
- Não ponha sapatos de princesa hoje. – Bobby disse erguendo-se e indo em
direção a porta.
- Vou por os de boneca. – ela rebateu.
      Ele parou por alguns instantes, parecia considerar algo.
 – Doce. – encarou-a sério. - Sobre o Harrison. Seja cautelosa, aquele cara é
um porco. E eu não quero quebrar a cara dele na Central. Mas vou acabar
quebrando se ele continuar te chavecando.
- Terei cuidado. Mas o Harrison é um babacão, não devia se preocupar com
isso. – ela ponderou.
       Bobby sorriu e saiu. Esmeralda afundou-se na cama. Deus o que fora
aquilo! Olhou o relogio digital, eram dez e trinta e cinco, se dormisse perderia a
hora. Levantou-se, cada musculo doia, alem, obvio do traseiro. Foi ate o
banheiro e deixou a agua quente aliviar os musculos. Tomou um banho
demorado, preguisoço.
      Tomou café e depois de mudar a roupa de cama, foi se arrumar.
Realmente ia usar sapatos de boneca. Riu. Eram sapatos marrons que
comparara a um bom tempo, macios. Seriam otimos para aquele dia e para o
pé dolorido.
       Vestiu-se com uma calça jeans preta de cintura alta, uma blusa social de
meia manga verde e um blazer preto. O sapatinho de boneca completavam o
visual. Prendeu os cabelos encaracolados que estavam semiumidos. Fez uma
maquiagem leve, perfumou-se.
       Ela bem que parecia uma detetive. Riu. Pegou o notebook e sua bolsa e
saiu. Na rua fazia sol, mas, não estava quente. Colocou os oculos escuros e
                                                                               29
desceu a rua tranquilamente indo em direção ao metro. Já estava na esquina
quando ouviu a buzina de um carro. Olhou na direção e se abaixou para ver
quem era. Droga. Era o panaca do Harrison!
- Vai para central? Dou uma carona. – ele disse de dentro do carro.
       Esmeralda deu o sorriso plastico de modelo e contrafeita entrou no
carro, sentando-se cuidadosamente.
- Te vi descendo. O que faz por essas bandas? – ele perguntou assim que ela
entrou no carro. Voce mora um tanto longe daqui, não?
- Atendo uma senhora em casa. – ela procurou dizer isso com naturalidade.
- Há sim. Tive a impressão de que voce estava saindo do predio do Bobby. –
ele a olhou de soslaio.
- Que Bobby? – ela fingiu.
- O Goren, ele mora há um ou dois predios daquela esquina que te encontrei.
- Hum...
- Soube que está avaliando os dois. Ele e a Eames.
- É. – respondeu seca.
- Esse cara é doido. Eu digo pros caras lá na central, policial desse tipo do
Goren, todo inteligente, todo limpinho, todo certinho, tem coisa escondida.
Sabe o que eu acho? Que cada bandido que ele prende, que cada criminoso
que ele compreende, ele na verdade mantem preso o bicho ruim que há dentro
dele.
- Hum.
- Pensa. A mae maluca, o pai vagabundo, o irmão viciado de rua. E ele todo
esquematico, todo armadinho. E não gosta de mulher. Tem medo. É timido. As
garotas dizem, saí fora quando elas dão mole. Eu ate cheguei a pensar que ele
pegava a Eames. Mas, aquela depois que ficou viuva, acho que ficou frigida. –
soltou uma gargalhada estrondosa.
        Esmeralda queria dar um soco naquele imbecil. Queria meter a mão
nele.
- Soube que o negocio dele é mulher maluca. Ele tem uma tara por uma
psicopata, sabia? Uma mulher muito louca chamada Nicolle Wallace, ele fica
todo mexido quando ela aparece. Daí voce imagina o quão maluco é esse cara.
Ele só ta na policia pra conter o bicho ruim dentro dele, só isso. E a Eames é o
macho. – ele riu. – Um cara daquele tamanho controlado pro uma mulher
pequenina. Um cara desses tinha que ser recusado na policia. Só denigre a
corporação. Voce não acha? – ele sorriu para ela.
- Não acho nada. – ela respondeu seca.


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- Voce vai ver. Vai pertubar esses dias. Tem medo de mulher forte, bonita, fina
como voce. Ele fica intimidado. Bundão.
- Seus numeros de casos fechados são menores do que os de Goren? – ela
perguntou a queima roupa.
- Sim. – ele respondeu relutante. - Por quê?
- Por nada. Ele já saiu com alguma mulher que voce deu em cima?
- Sim. – ele respondeu contrafeito entendendo onde ela queria chegar.
- O capitão confia mais nele do que em voce? E o promotor tambem?
- Sim.
- Já deu em cima da Eames e ela te esnobou?
- Sim.
- Entendi. – Esmeralda parou de fazer perguntas.
       Harrison calou-se e seguiu o resto da viagem até a Central mudo.
Quando chegaram ao seu destino e Esmeralda desceu do carro, virou-se para
ele e disse com um sarcastico sorriso.
- É ruim não? Saber que existe alguem muito superior voce. Que quando se
olha para essa pessoa entendemos o quanto somos mediocres. Inveja é uma
merda! Não acha?
       Os olhos de Harrison faiscaram de raiva, mas, ele não disse nada. Ela
tinha dado a facada mortal. E a viu se afastar com passos resolutos.
       Esmeralda encontrou uma mesa e cadeira para ela. Sobre a mesa um
bilhete de Bobby. “A chave é do armario no vestiario para que guarde suas
coisas. Estamos na sala 2.”
      Após guardar seus pertences, Esmeralda encontrou Bobby e Eames na
sala dois. Eles haviam feito um quadro com fotos das vitimas com informações
sobre elas e, ao lado das fotos de rosto de cada um, as fotos da pericia.
- Boa tarde. Estou muito atrasada? – perguntou assim que entrou.
- Dez minutos. – Bobby disse olhando-a da cabeça aos pés e aprovando o que
ela havia vestido.
         Ela se aproximou do quadro, ficou olhando o que eles haviam montado.
- Fui conversar com um professor da Faculdade Catolica. Padre Kowalski.
- Sobre? -- Eames o olhou interrogativa.
- O Omega na testa das vitimas. Ele me explicou que havia uma seita na idade
media, na cidade de Taormina, chamada de bambini di Omega. Uma seita
satanica, que identificava Lucifer como o Omega, o fim para um novo principio.

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- E matavam gente? – Esmeralda quis saber sentando-se delicadamente.
- Não. – Bobby não conteve um pequeno sorriso. – Foram mortos pela
inquisição. E até onde ele saiba não haviam se propagado.
- Como saberemos se é a mesma seita? – Eames o questionou.
- Os integrantes faziam o sinal do Omega na testa. Como nossas vitimas, seu
batismo era de sangue, dentro de um pentagrama.
- Virgem Santa! – Esmeralda exclamou fazendo o sinal da cruz.
- Ate que se sabe deles, faziam preces a Lucifer, bruxarias, orgias e
bebedisses, mas, nada com assassinato. Ate serem dizimados pela inquisição.
- Italianos. – Eames disse pensativa. Qual a provincia mesmo?
- Taormina. É uma cidade no litoral. Hoje turistica.
- Pode ser por isso que eles têm esse tipo fisico. Branco, cabelos negros... Um
tipo italiano. Parece Marcelo Mastroiani. – Esmeralda observou.
      Bobby olhou as fotos. Pareciam italianos.
- Pode ser. Eu falei com Eames e vamos entrevistar a noiva da primeira vitima
para saber se tinha alguma viagem marcada. Isak Tanvinsk.
- Judeu? – ela perguntou pegando o processo.
- Ortodoxo.
- Essa seita está em atividade hoje? O padre soube dizer?- Eames perguntou.
- Não. – Bobby olhou Eames. – Não tem noticia. Disse que vai investigar e me
avisa.
      Deakins entrou na sala. Olhou Esmeralda.
- Soube que teve dificuldades com os sapatos ontem.
- Me precavi hoje. Detetive Goren me recomendou não andar como princesa. –
ela alfinetou.
      O capitão sorriu. Olhou os dois.
- Vao falar com a noiva da primeira vitima?
- Sim. Queremos saber se Tanvinsk tinha alguma viagem no periodo que ficou
desaparecido. – Eames respondeu.
- São homens que desaparecidos a familia teria chamado a policia. Então,
devem ter se afastado por viagem, trabalho, de tal forma que a familia não se
preocupou.
- O que é aquilo? Filhos de Omega? – ele quis saber.

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- Uma seita. – Bobby respondeu. – Antiga, da idade média.
- Assassinato ritualístico? – ele o encarou.
- Não sei. São extremamente raros. Quase inexistentes. Mas, as características
parecem ser.
- Vão conversar com a noiva da primeira vitima. Mantenham-me informado. –
olhou Esmeralda. – Me conte se ele lhe der muito trabalho. – apontou para
Bobby.
- Ele tem sido um lorde comigo. – ela sorriu, olhou Bobby vendo que ele
corava.
- Bom que seja. Vai acompanhá-los?
- Sim.
- Bom trabalho. – ele foi simpático.
- Obrigada.
       Esmeralda acompanhou Bobby e Alex sem dificuldade desta vez.
Deakins ficou observando-os se afastar. Tinha ficando “com a pulga atrás da
orelha” com a troca de olhares entre Bobby e Esmeralda, um olhar, ele diria,
muito cúmplice e apaixonado.


      Ayala Dinks era uma jovem mestiça, de cabelos encaracolados,
pequena e magra. Usava um vestido de gola alta e mangas, em tom pastel,
sapatos baixos. Uma típica jovem judia ortodoxa. A mãe dela, uma mulher
negra, usava um vestido preto abaixo do joelho observava calada a entrevista
de Eames e Goren.
- Srta. Dinks o seu noivo, ele tinha alguma viagem marcada? – Eames
perguntou.
- Isak? Oh sim... Falei isso ao policial que veio aqui. Isak tinha um congresso
de engenharia em Miami. Por isso não dei por falta dele... Iria passar uma
semana fora. – disse.
- Oh sim. – Eames acentiu com a cabeça e acompanhou Esmeralda com o
olhar percebendo que ela via as fotos do casal.
- Quanto faltava para o casamento? – Bobby quis saber.
- Trinta dias. – ela disse numa voz tímida, mas, sem emoção.
- Devia estar ansiosa. – ele disse sem deixar de notar a falta de emoção na
jovem. - Isak estava ansioso?
- Isak? – ela se espantou. – Isak não era muito ansioso, tudo estava sendo feito
pelas nossas mães.

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- Havia um roteiro de lua de mel? – ele quis saber.
- Isak não queria. No final do ano iríamos a Israel.
- Ah sim...- Bobby levantou-se. – Fotos de vocês? – perguntou indo olhar.
- Sim.
- Casal bonito. – ele observou.
- Diziam. Pelo menos alguns. – ela disse num tom melancólico.
         Ele a olhou.
- Dificuldades por causa da cor? – ele foi direto.
         Ayala olhou a mãe, depois para ele.
- Alguns não concordavam.
- É só isso detetive? – a mulher até então calada se manifestou.
- Sim. – Bobby respondeu. – Obrigada por sua colaboração.
         Na rua ele andava lentamente para que Esmeralda os acompanhasse.
- Viagem para Miami. Providencial. – Eames disse.
- Não pareciam um casal entusiasmado com o casamento. – Bobby observou.
– Vamos conversar com a viúva da segunda vitima, sra. Firolle. Esse era
italiano mesmo. – observou. – E, depois checar os cartões de credito de
nossos amigos.


        Uma hora e meia depois a dupla de detetives estava na central. Bobby
foi verificar os cartões de credito das vitimas. Esmeralda olhou Eames.
- Você notou as fotos? – ela perguntou.
         Eames a olhou.
- O casal de noivos e do corretor com a mulher, a família. Tive a impressão que
eles posavam para fotos e não que tiraram fotos. – disse para a detetive.
- Bobby disse isso. Acha que o relacionamento não era verdadeiro? – ela
questionou.
- Foi o que me pareceu.
- Nossos amigos não saíram de NY neste período. Hospedaram-se no
Windsor. Um hotel caro e fino na cidade. – Bobby disse aproximando-se das
duas mulheres.
- Windsor? – Esmeralda perguntou. – Tem certeza?- ela fez um ar de espanto
- Sim. Por quê?- Bobby ficou curioso ao ver seu espanto.
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- O Windsor oferece discretamente encontros gays.
- O que? – Eames se espantou.
- Sim, o Windsor oferece discretamente encontros gays. Patrocina festas raves
e festas, digamos finas... Para gente da fina sociedade nova yorquina, homens,
eu diria acima de qualquer suspeita.
- Como você sabe disso? – Bobby quis saber.
- Esqueceu que minha prima é um transex? Conheço bem os gays dessa
cidade. Acho que a Carmelita pode ajudar, porque se as vitimas foram ao
Windsor, ou freqüentavam o Windsor como os cartões mostram, ela já deve ter
visto. Ela freqüentava as festas finas. Foi assim que conheceu o Patrick.
- Então. – Eames disse. – Vamos conversar com sua prima.
      No caminho Eames perguntou a Bobby.
- Que Patrick é esse?
- O Darling. – ele respondeu discretamente.
- Darling? – ela se espantou. – Da família Darling, candidato ao senado? Ele
não é casado?
- Isso mesmo que você ouviu. O Darling. – ele sorriu e encerrou o assunto
quando viu que Esmeralda se aproximava.
      Carmelita os recebeu em seu café-restaurante. Emaes ficou
impressionada porque ela não parecia nem de longe um homem. Alta, loira, de
olhos azuis, uma mulher belissima. Ouviu o que eles tinham a dizer e depois
olhou as fotos.
- Sim. Conheço. Os tres. – disse. – Esse. – apontou Isak. – era frequentador
das raves. – Os outros dois nas festas mais sérias.
- Tinham alguem fixo? – Eames quis saber.
- Não. Variavam. Eram conhecidos como pegadores. Bem conhecidos por isso.
- E tinham uma preferencia? – Bobby perguntou.
- Travetis. Gostavam de travestis. Bem femininos, dá a impressão que se está
com uma mulher, não estando. Muito tipico de quem não se assume. – ela
disse.
- Têm frequentado as festas? – Bobby quis saber.
- Não. Já faz um tempo que não vou. Tenho tido muito trabalho com o café. –
Carmelita viu que uma das atendentes a chamava. – Mais alguma coisa? – ela
perguntou.
- Não Carmelita. – Bobby agradeceu. – Obrigado.


                                                                            35
- Me deem licença.
- O sistema interno de segurança deve ter alguma pista. Se ficaram com
alguem, esse alguem subiu com eles. – Eames disse.
- O gerente não vai mostrar, e a privacidade dos clientes? – Esmeralda
argumentou.
- Posso ser bastante persuasivo quando preciso. – Bobby psicou um olho. –
Acho que voce terá a chance de avaliar se sou violento e abusivo, agora!


       O gerente do hotel Windor era um homem baixo, de cabelo
brilhantinado, olhos azuis e ar nervoso. Ele sorriu sem graça para Eames.
- Senhora, não posso ceder os arquivos do circuito interno, preciso preservar
as pessoas que frequentam esses eventos. Sinto muito.
- Voce pode nos mostrar como um sinal de colaboração ou podemos pedir
judicialmente. – ela respondeu firme e secamente.
       Bobby começou a pegar as fotos que estavam na parede do escritório
com algumas autoridades e celebridades. O homem ficou nervoso e se
levantou indo até ele.
- Por favor, detetive. – ele disse tomando uma das fotos de sua mão.
- Não é a Madonna? – ele quis saber.
- Sim. – o homem repos a foto no lugar e voltou-se para Bobby que tirava outra
da parede. – É a Beyoncé? Uau, acho-a linda!
- Por favor, não pode ver sem mexer?- o gerente disse angustiado.
- Não. Mal habito desde criança. Sempre mexo. O senhor parece ser um
homem bem relacionado. – Bobby disse. – Muito mesmo. O Darling, dono
deste hotel, ele sabe de suas festas, digamos, reservadas?
- Senhor, sinto não poder ajudá-los. – disse voltando para a mesa seguido de
perto por Bobby.
- O que será que ele dirá quando souber que não colaborou com a policia? E
mais, com o filho dele saindo ao Senado, acho que será muito ruim para o
senhor quando ele souber que usa seu hotel para encontros gays e que, bem,
há um assassino de gays atuando neste hotel, fazendo dele seu palco de
caças? O que será que ele dirá? – Bobby parou diante do homem.
      Paul, o gerente, suava nervoso, engoliu a seco ajeitando a gravata.
- Voce pode escolher como resolver isso. Ou colabora conosco ou voltamos
com um mandato. – Eames sorriu.



                                                                            36
- E voce sabe... - Bobby disse com um sorriso inclinando-se para a esquerda. –
Essas coisas de mandato, passam por muitas pessoas, logo... Fica dificil
guardar da imprensa.
- Não! – o homem deu um grito angustiado. – Imprensa não... Eu tenho clientes
importantes, não posso envolver o Windsor em um escandalo... – ele suava
nervoso.
- Então colabore! – Bobby deu um grito e bateu na mesa assustando o gerente
que deu um pulinho da cadeira.
- Vejam o que precisam. – ele disse cansado. – Por favor... Sejam discretos.
Vou levá-los a sala de segurança.
      O homem se levantou e pediu para que eles os seguissem.
- Ainda bem que não cometi nenhum crime. – Esmeralda falou para Bobby. –
Não te queria na minha cabeça.
      Ele sorriu triunfante.
- Mas, eu estou em sua cabeça, em sua pele, e em todas as suas partes. –
disse baixo para que somente ela pudesse ouvir.
- Convencido. – ela o encarou.
      Bobby voltou a sorrir triunfante. Tinha tudo o que queria.




                                                                           37
CAPITULO III
      Bobby ficou na central até tarde vendo as fitas de segurança do Windsor
nos dias em que as vitimas se hospedaram. Eames foi embora por volta de
sete horas e Esmeralda logo depois.
       Encontrou o que queria. Mas, o travesti era inteligente e organizado, não
deixou verem seu rosto. O que chamou atenção de Bobby era que em seis
meses o assassino ficara mais feminino, com mais seios e curvas. Com certeza
fizera uma intervenção estética. E saber onde a fizera era o que ele faria. Mas,
não às dez horas da noite. Precisava dormir.
       Chegou à casa de Esmeralda eram mais de onze da noite. Olhou-a
dormindo na cama. Tomou um banho e depois fez um lanche. Deitou-se muito
cansado, Esmeralda dormia profundamente, dessa vez sem maconha, ele
levantou o edredom que a cobria e olhou seu pé machucado. Estava inchado e
roxo. Sorriu, aquele pé machucado seria a forma de sair daquela situação da
avaliação. Sabia o que tinha o que fazer.
       Saiu cedo no outro dia, mesmo com Esmeralda reclamando que ele
precisava tomar café, mas, explicou-lhe que tinha coisas a fazer antes de
chegar à Central.
       Quando Esmeralda chegou, Bobby e Eames estavam prontos para sair e
conversar Carmelita novamente que deveria saber qual cirurgião plástico podia
fazer uma cirurgia daquela extensão.
      Ela os acompanhou até o estacionamento das viaturas.
- Deixe que eu dirijo. – Bobby disse a Eames pegando as chaves.
- Tudo bem. – ela deu com os ombros e estranhando Bobby dirigir, ele não
gostava.



                                                                             38
Bobby tomou caminho contrario ao do café de Carmelita. Eames
estranhou, mas, preferiu não dizer nada. Sentada no banco de trás Esmeralda
estranhou.
- Nós não íamos falar com Carmelita?
- Antes tenho outra coisa, muito importante para fazer. – ele disse sério.
- Ta bom. – ela deu de ombros.
       Quinze minutos depois estavam em frente a uma clinica.
- Vem, o medico está esperando por nós. – ele disse virando-se para
Esmeralda.
- Como assim?
- Vi seu pé ontem, está inchado e roxo. Vamos. – ele desceu do carro.
- Bobby?! – Esmeralda ficou espantada vendo-o rodear o carro e abrir a porta.
- Vamos ver este pé. – ele disse firmemente.
- Mas...
- Não tem, mas... Vamos Esmeralda o médico está esperando.
- Deus do céu! Eu não preciso de médico.
- Precisa. Precisa sim.
      Contrariada Esmeralda desceu do carro, acompanhou Bobby até o
consultório do medico que os recebeu educadamente.
- Uma torção. – disse. – Depois de examiná-la e fazer raio-X. – Repouso, com
uma botinha, terapia com gelo e remédio. – disse o médico chines, baixinho e
de óculos.
- Eu não posso ficar em repouso doutor... Eu estou trabalhando.
- Mas, precisa. Ou a lesão vai piorar. De qualquer forma fará você parar.
- Ponha a botinha. Ela fará tudo o que precisa ser feito. – Bobby a olhou com
firmeza.
- Eu não preciso de pai...
- Mas tem namorado. E eu cuido de você. Precisa fazer o que o medico esta
recomendando, não seja criança.
     Esmeralda deu um suspiro contrariado. Não acreditava Virgem de
Guadalupe, ele tinha armado uma para ela.
      O medico sorriu e fez a imobilização do pé de Esmeralda. Bobby a
pegou no colo e a levou até o carro, Eames quando os viu ficou espantada.

                                                                             39
- O que houve? – perguntou abrindo a porta do carro.
- Lesão. Vai ficar de repouso. – Bobby disse ajeitando-a no banco traseiro do
carro. – Bem, segunda etapa princesa. – ele sorriu.
- Isso não se faz. Você esta me tirando Bobby. – ela reclamou.
- Estou cuidando de você. – ele fechou a porta e dirigiu-se ao volante.
      Esmeralda deu um suspiro vencido. Bem, iria para casa naquele dia e
depois voltaria para o batente. Mas, espantada viu que não se dirigiam para
seu bairro.
- Onde estamos indo? – ela perguntou.
- Sua mãe está te esperando. – ele respondeu.
- Minha mãe! – ela se espantou.
- Eu te conheço e sei que não fará o repouso. Então estou levando você para
sua mãe.
- Não acredito! – Esmeralda passou a mão pelos cabelos. – Está me tratando
como uma criança!
      Bobby não respondeu e continuou a dirigir, quinze minutos depois
estava diante do prédio dos pais de Esmeralda.
- Eu volto logo. – disse para a parceira, saindo do carro e pegando Esmeralda
no colo.
      O porteiro os cumprimentou com um sorriso e curioso de ver Esmeralda
entrando no colo daquele homem imponente.
- Porque você esta fazendo isso? – ela perguntou quando ficaram sós no
elevador.
- Por quê? – ele a encarou, ficou sério e tenso. – Esmeralda, eu... – hesitou. –
Eu te amo. Não consegue entender que te amo e não vou deixar você se
prejudicar por minha causa e Eames? Não é o Winter ou qualquer burocrata do
departamento que me importa. É você, somente você!
- Mas, eu já te disse...
- Esmeralda. Pensa... O que Kalil vai pensar quando souber de nós? Como ele
vai se sentir? Vai desacreditar de você. Isso pode te prejudicar muito. È o seu
trabalho que voce ama. Não vale isso!
       Ela o encarou séria, ele tinha razão, Kalil se decepcionaria com ela.
- Não vou esconder mais de ninguém sobre nós. Existe uma razão para
esconder das pessoas o que sentimos um pelo outro, depois de tudo que
houve entre nós? Depois da nossa manhã de amor? Diga-me? – ele a encarou
muito serio, a tensão aumentando. – Eu te amo.

                                                                               40
- Bobby. – Esmeralda disse emocionada, a voz embargada. – Eu te amo muito.
     Ele sorriu. O elevador chegou ao andar onde os pais de Esmeralda
moravam. Ângela, mãe de Esmeralda esperava-os à porta.
- Oh que delicado. – ela disse assim que os viu. – Que gentil traze-la assim.
         Com um sorriso entrou no apartamento, colocando Esmeralda no sofá.
- Sra. Carver. Trouxe os remédios, ela tem que tomar de oito em oito horas e
fazer bolsa de gelo. Meia hora. Trouxe a bolsa também. E repouso. Quinze
dias. - ele disse entregando a mulher os remédios e a bolsa de gelo.
- Obrigada. Que gentil. – ela disse, olhou-o com seus olhos castanhos
brilhantes. – Ângela, me chame de Ângela, Sr. Goren.
- Obrigado. Chame-me de Robert, por favor. - Bobby olhou Esmeralda. – Eu
tenho que ir. Eu ligo depois.
- Tudo bem. – ela disse desanimada.
- Tenho que ir. Não fique assim dulce, por favor. – ele disse com carinho,
inclinou-se e beijou-lhe o alto da cabeça.
      Os olhos de Ângela brilharam de aprovação. Então era ele o namorado
de sua filha, que ela escondia tão bem. Bobby olhou-a gentilmente e sorriu.
- Eu o acompanho, Robert. – ela disse acompanhando-o até a porta. –
Obrigada por trazê-la. Sei que é teimosa.
- Eu ligo assim que puder. – ele disse preocupado.
- Cuidarei dela. Fique tranqüilo. Tenha um excelente dia de trabalho.
         Ele sorriu e se despediu. Ângela voltou e encarou a filha.
- Ele é bonitão. – disse. – Estava curiosa, queria saber quando iria conhecê-lo.
Estranho ele é policial, não?
- Sim.
- Sempre disse que não queria namorar um policial. Que eram uns babões. –
riu.
- Bobby não é babão. Ele é diferente. É um homem inteligente, brilhante, de
personalidade.
- Hum... Foi o que me pareceu. E bonito. Tão alto. Quanto ele mede?
- Um e noventa e cinco. – Esmeralda respondeu com um sorriso.
- E tem um jeitão de menino. Timido! Que gracinha!
- Ele é um meninão. Uma criança grande. – sorriu dando um suspiro
apaixonado. – Mi hijo, mi niño grande!

                                                                                41
Eames aguardava Bobby no carro, assim que o viu entrar no carro sorriu
ironicamente.
- Levou sua princesa?
      Bobby apenas sorriu.
- Nunca te imaginei pagem de uma princesa. – ela ironizou.
- Não faça isso. – ele disse firmemente. – Não ironize minha relação com ela.
Por favor.
- Está tão apaixonado assim? – ela o olhou percebendo que o incomodara.
- Estou. Esmeralda não é qualquer mulher. É a mulher da minha vida. – ele
fechou o cinto de segurança. – Não a ironize!
- Calma. Não precisamos brigar. Mas, convenhamos que é no mínimo uma
namorada exótica. - sorriu.
- Racismo. – ele a encarou sério. – Não podia imaginar uma atitude dessas de
você. Racismo?
- Desculpe. – Eames preferiu não dizer mais nada, era melhor ficar calada.
Mas, estava com raiva, com ciúmes, isso era verdade.




      Esmeralda ligou para Kalil e contou sobre o pé. Com ajuda de Ângela e
Romerito, seu primo que sempre lhe servia de chofer, encontrou-se com o
chefe no escritório. O libanês a esperava um tanto ansioso.
- Oh, Esmeralda! Que lastima. – ele disse quando a viu entrar de botinha em
sua sala.
- Scarpin e Cais do Porto uma combinação explosiva. – ela riu. – Obrigada,
Rome. – ela agradeceu ao primo que a ajudou a se locomover.
- Te espero lá fora. – ele disse e saiu despendindo-se de Kalil com um aceno
de cabeça.
- O que era urgente que precisava falar comigo mesmo com o pé imobilizado?
- A avaliação. – disse com um suspiro. – Eu não posso seguir adiante.
- Foi hostilizada pelos detetives? – ele a inquiriu preocupado.
- Oh não! É que... – suspirou. – Bem... Eu e o detetive Goren... – engoliu a
seco. - Nós somos namorados. Seria um conflito de interesses. Eu... Confesso
que pensei em não dizer nada, mas, eu não podia decepcionar você e a
equipe. Não posso continuar com a avaliação.
- Namorados. – Kalil pareceu considerar o que ela dizia. – Bem, já desconfiava,
porque a troca de olhares entre vocês era, eu diria, bem significativa.
                                                                            42
Esmeralda sorriu.
- Goren é um homem brilhante. Acho-o um homem de caráter e firmeza, é um
excelente policial. Parabéns. – disse com um sorriso. – Bem. – ele mudou de
assunto. – Vou dizer ao Winter que você está impossibilitada por causa da
luxação por quinze dias... Cozinho-o por enquanto.
- Obrigada Kalil.
- Quanto tempo estão namorando?
- Quase um ano.
- Sua família já sabe?
- Só minha mãe. – ela sorriu. – Acho que quando meu pai souber ficará louco.
- Não há por que... Goren é um homem decente. Todo pai quer um homem
decente para sua filha. Pelo menos eu acredito assim.
- Eu espero. – ela suspirou, mas, não parecia muito certa disso.
      Depois que Esmeralda saiu, Kalil mandou um fax para Winter e Deakins
avisando que Esmeralda estava quinze dias impossibilitada de trabalhar.
Winter ao ler o memorando praguejou baixinho, olhou Brodox.
- O que vamos fazer? – ele perguntou.
- Bem, aguardar o restabelecimento da senhorita Carver. Acho melhor.
- É... - Winter disse com certo desanimo. – Essa avaliação está dando dor de
cabeça.
- Não é melhor deixar de lado? – o homem disse. – Vamos aproveitar a luxação
da doutora e empurrar com a barriga. Pelo momento é melhor deixar de lado,
será muito complicado. O Goren vai deixar um rastro. O pegaremos em
momento oportuno. Ele vai deixar...
- Tem razão. – Winter sorriu. – Vingança é um prato que se come frio. – disse
enfim.


      Deakins maneou a cabeça, parece que o scarpin tinha dado resultado,
desconfiava que Bobby estivesse por detras disso. Bem, era melhor assim.
Conviniente no momento.




- Esmeralda falou com Kalil sobre nós. – Bobby disse para Eames assim que
desligou o celular.
- O que você vai fazer? – ela perguntou.

                                                                           43
- Contar para o capitão. Não tenho mais motivos para esconder minha relação
com ela. - disse levantando-se da mesa e indo em direção a sala do capitão
Deakins.
       Eames maneou a cabeça e ficou olhando-o se afastar. Bobby bateu á
porta da sala de Deakins. O capitão mandou-o entrar.
- Recebi o fax do dr. Kalil a doutora esta de repouso por quinze dias. Luxou o
pé. Foi no Cais? – ele perguntou assim que Goren entrou.
- Sim. Ela tropeçou por causa dos sapatos. – ele respondeu.
- Hum... Voce não fez de propósito, fez?
- Não... Nunca a machucaria. – ele ficou surpreso.
- Bem, a avaliação vai ficar suspensa até que ela se recupere. – sorriu.
- Queria falar sobre a avaliação... - ele iniciou um tanto relutante.
- Qual o problema? – o capitão o olhou intrigado.
- Bem... - Bobby colocou as mãos no bolso da calça, estava tenso, nervoso,
abaixou a cabeça e a levantou novamente, coçou a testa. – Eu e Esmeralda
nós somos namorados. – disse de uma vez para não continuar a tensão.
      Deakins tentou a todo custo não parecer supreso, mas não houve como
não esconder. Bobby percebeu.

- Voce? – disse impulsivamente.

- Sim. Eu. – ele acentuou o eu. – Estou namorando a doutora Carver.

- Desculpe. – Deakins sorriu sem jeito. – Não quis ofender... É que voces são
de universos tão diferentes. Ela filha de politico...

      Bobby sorriu de forma ironica. Deakins percebeu que estava piorando as
coisas.

- Esmeralda contou ao Kalil. Ela não poderá continuar a avaliação. – ele disse
por fim após alguns instantes de silencio do chefe.

- Sente-se detetive. – Deakins pediu.

       Bobby sentou-se na cadeira que ele indicava.

- Quanto tempo estão namorando? – ele quis saber.

- Um bom tempo. Quase um ano.

- Voces são bastante discretos. – ele rebateu.



                                                                            44
- Sim. Somos. Nós não queremos falatorio sobre nós, foi uma escolha conjunta
de manter as coisas dessa maneira. – ele suspirou. – Bem... Mas, resolvemos
assumir para a família, a relação amadureceu.

- Bem, agora entendo os olhares de voces. – disse. – Me pareceram muito
intimos. Então, a avaliação vai ficar com outro profissional.

- Eu precisava colocar o senhor a par da situação.

      Deakins sorriu e maneou a cabeça.

- Voce é um dos homens mais invejados do departamento. – riu. – O Carver vai
morrer quando souber.

      Bobby não pode deixar de sorrir.

- Homem, mulher bonita dá trabalho. Muito trabalho. – ele deu uma gargalhada.
– Tem sempre alguem na cola.

- Tenho sido aplicado. – ele sorriu corando levemente. – Procuro ser aplicado,
obstinadamente aplicado.

- Então a chance de sucesso é grande. – ele riu. – E o caso? – ele mudou de
assunto.

- Não consegui nada com o cirurgião plastico, nenhum homossexual fez uma
operação de grande extensão nesses ultimos seis meses da extensão daquela.

- E na clandestinidade?

- Tambem não. Ele mudou o corpo de forma muito rapida.

- Pode ter feito fora do estado.

- Estou checando alguns estados... Mas, pode ter feito fora do país. Fica dificil.
– ele maneou a cabeça. – Acho que não vamos achar assim. Penso que
podiamos atrai-lo.

- Como? – Deakins gostava das ideias inusitadas de Goren.

- Tenho o tipo fisico das vitimas. Poderia atrair o criminoso.

- Goren é perigoso. Qualquer falha e voce ficará a mercer dele. – o capitão
ponderou.

- Eu sei. Eames não concordou.

- Vamos continuar a investigação, essa será nossa ultima alternativa.

- Obrigado. – Bobby levantou-se e se dirigiu para a porta.

                                                                               45
- Goren. – Deakins o chamou.

- Sim capitão. – ele parou a mão na maçaneta.

- Voce é um sortudo filho da mae! Garanto que aplicou o golpe do homem
carente! Esse não falha nunca! – riu.

       Bobby sorriu e saiu. Ele não sabia se havia aplicado o golpe do homem
carente. Bem, ele era mesmo um homem carente, de pais ausentes,
abandonado desde menino. Ele se esforçara tanto para obter a aprovação do
pai, o carinho da mae... Nunca conseguira.

        Ele era carente. Sabia. Carente, inseguro, ciumento, exigente... Sabia de
suas limitações. Mas, a vontade de ficar com Esmeralda o tinha desafiado, feito
encarar o medo e ir adiante. Ele a vira há mais de um ano atras em um evento
para policiais, nunca tinha lhe chamado a atenção como naquele dia. Já tinha
visto fotos de Carver e a filha em varias ocasiões, mas para ele Carver era um
oportunista e a filha um bibelo, a expressão maxima da mulher cara, como ele
dizia, que só servia para consumir dinheiro dos homens.

      Mas naquele dia, lembrava os detalhes, ela surgira num lindo vestido
amarelo, acima dos joelhos, calçando sandalias abertas que deixavam ver seu
pé e os cabelos bem naturais.

       Gostava de ir a esse tipo de evento para observar as pessoas, ficava
invariavelmente num canto onde pudesse perceber tudo e passar
despercebido, foi o que fez. Naquele dia todo mundo sumiu. Porque passou a
observar atentamente Esmeralda.

       Mergulhou em cada detalhe dela. Como sorria, olhava de lado com
aqueles olhos verdes que eram uma perdição, os gestos suaves, a famosa
cruzada de pernas, que ouvira comentar tanto, cada curva do seu corpo, os
pés bem feitos, as mãos que se moviam como uma sinuosa bailarina. Ousou
sair de seu esconderijo para se aproximar, queria sentir o cheiro dela.

       Esbarrou nela de proposito. Na confusão de pessoas, ela o olhou
interrogativa e lhe sorriu afavel quando lhe pediu desculpas. Ele pode então
sentir seu cheiro, suave, sensual, provocativo.

       Foi assim que Esmeralda passou a ser uma fantasia viva em sua mente.
Passou a observá-la no forum e cada vez que a via o desejo de te-la era cada
vez mais forte. Investigou municiosamente sua vida, queria saber tudo sobre
ela, onde morava, o que gostava, quem namorava.

      Com a ajuda de um dos seguranças do forum que era seu amigo
conseguira naquele dia maravilhoso ficar mais perto dela no elevador e para
sua sorte a bolsa abrira e os livros caíram. Agiu rapido e a ajudou. O mais...

                                                                              46
FanFic - LOCI - Evelyn
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FanFic - LOCI - Evelyn

  • 1. CAPITULO I Capitão James Deakins fez uma careta contrariada ao ler o memorando da corregedoria. Bando de safados! Pensou. O corregedor Mike Winter estava informando que os detetives Alexandra Eames e Robert Goren estavam sob avaliação, devido ha três queixas apresentadas por advogados de defesa de três réus, segundo as queixas apresentadas a confissão dos réus havia sido obtida por manipulação emocional, psicológica, com uso de estratagemas mentirosos por parte dos detetives que constrangeram os réus, abalando-os de tal forma, que vieram sob grande tensão emocional confessar atos que não praticaram. A corregedoria, então, estava destacando um avaliador que acompanharia os detetives em seus próximos casos para observar se os queixosos estavam com razão Passou a manhã daquele dia fazendo ligações para seus contatos, tinha certeza que a avaliação que a corregedoria faria era uma retaliação do grupo do juiz Charleston, preso pela dupla de detetives por trafico de mulheres. Juiz Charleston, um negro grande, era um dos pilares de sustentação política da tropa de Winter e Ramirez, sem falar, aliado político de primeira hora de Ron Carver. A investigação de Eames e Goren tinha dado o que falar e muito trabalho para ele, porque a turma de Winter e Ramirez, chefe da Narcotios e candidato a eleição da Superintendencia da Policia de Nova York, tentavam abafar o caso de todas as formas, mas, no final o juiz fora preso e Ron Carver, que o defendera no inicio da investigação dizendo que se tratava de perseguição política e racista dos detetives tivera que se desculpar publicamente na televisão. As provas eram contundentes e a confissão do juiz muito grave, porque, ao confessar diante da promotora Eleanor Helsbk e de Goren, ele humilhara o detetive dizendo que ele não poderia provar nada, porque ele, juiz Charleston era a lei e Goren seu badeco. A celeuma tinha se dado por meses, mas, o juiz fora preso e estava prestes a ser condenado. Agora a corregedoria, coordenada por Winter pedia uma avaliação de conduta. Deakins sabedor que era uma armação para prejudicar seus policiais e seu departamento, já ligara para meio mundo, enviara emails e agora aguardava os resultados de suas articulações. Winter, xingara todos os palavrões que ele conhecia, e era um vasto repertorio que ele possuía. Brodox, seu secretario o olhava sem muita paciência. - Peça um avaliador neutro. Dar para trás na avaliação será pior. – ele disse. - Deakins é um filho da puta. 1
  • 2. - Que seja! Agora você vai ter que ceder. O Christopher Carver já ligou, mandou meio mundo pro inferno, dizendo que essa conversa chegou à capital e vai atrapalhar as negociações do pai. - Ramirez me ligou também, bufando, ele não para de receber ligações... Isso pode ferrar a candidatura dele. - Mais do que a bosta toda do Charleston. – o rapaz rebateu, ajeitando seus óculos sobre o nariz fino e pontudo. Winter levantou, era um homem corpulento de quase sessenta anos, muito branco, olhos azuis e dentes grandes como de um cavalo. Rodeou a mesa e ajeitou as calças. - Porra de Deakins. – reclamou. – Faz uma ligação pra ele. – disse enfim. Deakins ouviu um polido Winter do outro lado da linha. - Meu amigo Deakins você esta compreendendo mal nosso trabalho! Não estamos aqui para perseguir ninguém, principalmente um detetive como Goren, com um histórico altíssimo de acertos. E Eames, muita ética, séria, correta. Um orgulho de mulher na corporação! – ele fazia gestos obscenos para Brodox enquanto dizia isso. – Mas, preciso proceder à conduta de avaliação, são três queixas e improcedentes, tenho certeza. É rotina meu amigo! Para que não paire duvidas em você, nos nossos detetives, vou pedir o avaliador para o dr. Kalil, que possui uma equipe extremamente ética e profissional. Você está satisfeito assim? - Winter não imagina o quanto. - Deakins riu ao ouvir isso, Winter tinha chegado aonde ele queria. - Sabia que você compreenderia minha preocupação. - Oh, entendo! Estou esperando você no jogo de pôquer. – ele disse mudando de assunto. - Vou te limpar Winter. Fiz isso da ultima vez. – Deakins gargalhou. - A sorte muda. – o homem respondeu do outro lado. - Por enquanto esta do meu lado. Winter riu e desligou. Olhou Brodox. - Eu ainda pego ele. Ainda pego... Ele e esse viado maluco do Goren! 2
  • 3. Kalil deu um abraço apertado em Deakins, havia tempo que não se viam. Eram amigos de muitos anos. O capitão chegara as oito em ponto para jantar com ele conforme haviam combinado naquele dia. - Bom ter você conosco no jantar. Samia reclamou que você sumiu. – o medico libanês disse com um sorriso, enquanto servia um café típico para o amigo na pequena saleta após jantarem carneiro com tâmaras. - Preciso cuidar de meus amigos, tenho sido negligente. – ele sorriu e sorveu o café. - Diga o que precisa. – Kalil disse sem rodeios. – Sua voz ao telefone estava ansiosa, meu amigo. - Preciso de seu melhor psicólogo forense. Alguém confiável e não manipulável. – ele respondeu. - Por quê? - A corregedoria vai solicitar um a você, estão avaliado dois de meus detetives. Goren e Eames. - Por qual motivo? - Segundo eles abuso psicológico junto aos suspeitos para extrair confissão. - Hum...Mas? – ele olhou o homem a sua frente e cofiou o bigode. - Eles foram responsáveis pela prisão do juiz Charleston... - E agora a tropa de Charleston quer retaliar. - Correto. Consegui que Winter não mandasse um dos psicólogos da corregedoria. Pedisse a você. Preciso que me mande à pessoa certa, que fará essa avaliação com isenção. - Eu tenho a pessoa. Sei quem fará isso com muita competência, responsabilidade e independência. Fique tranqüilo vou ceder a minha melhor psicóloga. Deakins viu que Eames e Goren estavam na sala de mídia. Mandou um dos policiais que passava que os chamassem a sua sala. A dupla de detetives apareceu à porta e entraram assim que o capitão acenou chamando-os. Bobby soltou um palavrão baixinho depois de ouvir a leitura do memorando do corregedor. Eames o olhou. - Isso é uma retaliação por causa do caso do juiz Charleston. – ele disse. 3
  • 4. - Sim, tenho certeza disso. – Deakins respondeu. - E o que faremos? - Eames quis saber, olhando o chefe. - Nada, vão receber o avaliador como dois cordeiros. – disse. – O que estão fazendo? - Nos preparando para cumprir mandatos de prisão no caso de contrabando de armas russas. – Bobby respondeu. - Continuem. – ele olhou o relógio, eram oito horas da manha – Durante a tarde o avaliador deve chegar. Eames e Goren se levantaram dirigindo-se para suas mesas. Ela olhou para o parceiro. - O que você acha que o capitão vai fazer? Ele está muito tranqüilo, não acha? - Realmente não tenho idéia. São uns safados essas caras. – ele disse aborrecido, sentando-se. Olhou Eames que sentava a sua frente. – Eles estão furiosos porque não conseguiram abafar o caso do Charleston. - Aposentando o Charleston. Mas, ele dava sustentação política ao grupo do Winter. - Eames lembrou - E do Ramirez, da Narcoticos, que será candidato a superintendência. A queda do Charleston foi um golpe duro para eles. O Carver ficou furioso, lembra que no inicio ele fez um discurso de defesa do Charleston e a família? Chamando a gente de racista? - Depois teve que ir a TV lamentar a perda profunda de seu coração. – Eames riu. – Agora querem criar uma situação para nós. Não iam mesmo ficar quietos. - Charleston era um canalha, ele usava a estrutura jurídica para traficar mulheres, aproveitando-se da situação das estrangeiras irregulares. Um cafetão de luxo. - Põe luxo nisso. – ela o olhou. – Você acha que o deputado Carver tem alguma ligação com isso? Que ele dava suporte político? - Desconfio. Mas, somente se Charleston entregasse o esquema inteiro. E ele não o fez. Ainda confia em sair ileso. - Com todas as provas contra ele? – Eames franziu o cenho. - Mas tem muitas articulações. - ele sorriu irônico. - Infelizmente. Queria saber o que o capitão vai fazer para neutralizar essa situação. – ela olhou para sala de Deakins, que saía. - Se já não fez alguma coisa. – Bobby ficou observando o capitão sair muito calmamente da sala do esquadrão. 4
  • 5. Kalil chegou ao Fórum muito cedo, ainda não era oito horas da manhã, sua secretaria, Shanikua Quenn o olhou risonha. - Tem correspondência da corregedoria, logo cedo. O policial estava aqui quando eu cheguei. Kalil pegou o envelope das mãos da mulher, uma negra baixa e gordinha. - Parecem ansiosos. – disse com um sorriso e entrou em seu escritório. Era a solicitação de Winter para que ele cedesse um psicólogo à corregedoria. Sorriu. Eram rápidos aqueles homens. O psiquiatra saiu de seu escritório, olhou o relógio e se dirigiu a sala dos psicólogos, a secretaria Anne já se encontrava organizando as pastas da equipe. - Anne. – ele chamou. - Sim, dr. Kalil? – ela perguntou solicita. - Esmeralda já chegou? - Tem audiência, só vem à tarde – respondeu. - Assim que ela chegar diga que me procure. - Sim senhor. Esmeralda depôs num caso em que uma mulher matara o marido após anos de violência domestica. Era um caso de Logan e Barek. Passou a manhã à disposição do juiz. Ele a liberou após o almoço. Foi almoçar com Carmelita, sua prima. - Está linda nesse vestido cinza. – a prima observou. - Fui depor. Num caso de homicídio. A mulher sofria violência do marido. Fiz a avaliação dela. – disse sentando-se a frente da outra mulher. - Hum...- Carmelita olhou a prima, era uma bela mulher. – Estou faminta, vamos comer proteína. – riu. – Vou pedir carne. - Deus do céu, não... Só um peixinho. Eu não quero engordar. – ela riu. - Esmeralda com a atividade que você tem tido com seu namorado lindo, pelos gritos que ouço lá do apartamento, você não engorda nem um centímetro. E precisa de muita proteína para dar conta daquele espécime masculino. Por falar nisso cadê ele? – ela perguntou entre sorrisos. - Tá enrolado com um caso com a máfia russa. Coisa barra pesada. Ele passou lá em casa ontem, dormiu um pouco e saiu de madrugada. Falei com ele agora estava cumprindo mandato de prisão. - Vocês estão indo bem... Você parece empolgada. 5
  • 6. - Gosto dele. - ela sorriu. – É o cara na minha vida. – disse. – Inteligente, bonito, interessante... Ele mexe comigo e o sexo é maravilhoso. Indescritível. - Uau! – Carmelita riu. – Isso é bom. - É atencioso, delicado... Ciumento... Muito fofo. - Hei esta apaixonada Esmeralda Carver. - Estou. – ela sorriu feliz. – Tá valendo à pena. - Isso é bom... Tão bom estar apaixonada. – Carmelita disse cúmplice. – E ser correspondida, o olhar dele para você. Nunca vi amor assim. – ela ponderou. – Esta no olhar dele, ele te ama muito. - Eu sei... - ela corou com a observação. As duas mulheres conversaram trivialidades durante o almoço. Depois fizeram algumas compras e se despediram. Esmeralda chegou ao fórum duas da tarde, assim que chegou Anne passou o recado de Kalil. Ela deixou a bolsa em sua sala e foi até a sala de seu coordenador. Shanikua a atendeu solicita e anunciou sua presença para Kalil. Ele a esperava de pé junto à janela. Sorriu ao vê-la entrar, era uma jovem de quem gostava, por sua seriedade e competência. Sabia que se desenvolveria um excelente profissional. Estava satisfeito em lhe dar a oportunidade que aparecera. - Bom tarde doutor. Anne me disse que queria me ver. – ela disse. - Sim. Estou destacando você para um serviço a corregedoria. – ele indicou a cadeira para que ela sentasse. - Corregedor Winter? – perguntou sentando-se onde o coordenador indicava. - Ele solicitou um avaliador para dois policiais, uma dupla na verdade. Por isso deixe o que esta fazendo, vou passar seu caso para o Kyoto. Quero você neste caso. - Nossa! – Esmeralda deu um sorriso animado. Ser destacado para um trabalho desta forma era importante. – Que tipo de avaliação? - Segundo o que me foi passado é uma avaliação de conduta nos procedimentos de interrogatório. A queixa é que os policiais fazem abuso psicológico, uma espécie de tortura psicológica para conseguir confissões. - Que policial não faz? – ela o olhou interrogativa. - Mas esta rendeu queixa e bastante celeuma política. – ele riu. – Por isso estou de confiando o caso. Vai saber lidar com isso. Fazer a avaliação em parâmetros absolutamente profissionais e lidar com as pressões políticas que esse fato esta gerando. - Hum...O senhor sabe quem são os policiais? 6
  • 7. - O memorando não trouxe nomes, apenas a solicitação de indicação para atuação em um caso. Sei extra oficialmente. - Não vai me dizer? – ela perguntou. Kalil hesitou alguns instantes, não queria, isso revelaria que tinha tido contato anterior com ou Winter ou Deakins. - Não. Prefiro reservar a informação comigo. - Tudo bem. – Esmeralda sabia que Kalil era discretíssimo com informações e só passava para a equipe o estritamente necessário. Ele não lhe diria nada, alem do que fosse preciso saber. E no momento apenas que seria avaliadora de conduta de uma dupla de policiais. - Aqui está. – lhe entregou a carta de apresentação – Estou indicando você porque é profissional, justa e correta. E será assim na avaliação deste caso. O Winter vai dizer o que mais precisa saber. Você é muito inteligente. Esmeralda sorriu. Entrelinhas ele estava lhe dizendo que o caso era muito mais político do que de saúde mental. - Entendo. – ela respondeu. - Ele esta esperando você na corregedoria. - Daqui ate a corregedoria não leva muito tempo, de metro, é obvio. O Kyoto chegou junto comigo, eu vou repassar o caso para ele. – disse levantando-se e pegando a carta. – Obrigada pela confiança em representar a equipe. - Conheço muito bem você. Boa sorte. E excelente trabalho. Esmeralda passou o caso para Kyoto, um japonês que estava na equipe há mais de um ano e era excelente profissional. Voltou ate sua sala, colocou o notebook na pasta, pegou a bolsa e saiu. Ela estava sempre muito impecável. Naquele dia escolhera um vestido cinza, na altura dos joelhos, de meia-manga, o vestido era de malha e algodão, lhe caía suavemente marcando o corpo, tinha um decote discreto, com um cinto alto, que marcava a cintura. Tinha pranchado o cabelo e usava o conjunto de brincos e cordão de esmeralda que Bobby lhe dera. E um scarpin preto de saltos altíssimos. Uma hora e meia depois ela estava diante de Winter, que não ficou imune a beleza exótica daquela jovem. Ele conhecia Esmeralda, sempre a achara linda e agora, podia ver seu corpo bem feito, as pernas torneadas, aquele cabelo longo cor de mel, e aquela boca indecente diante dele, ao alcance de suas mãos. Ofereceu a cadeira para que ela sentasse. Perguntou se queria café ou água. Como ela não quis nada, ele a rodeou e sentou-se na cadeira ao seu lado. Queria ficar perto dela. - Fico feliz que Kalil a tenha destacado para este trabalho. – disse. – Ele reforçou muito sua competência e profissionalismo. 7
  • 8. - Obrigada. – ela agradeceu cerimoniosa. - Esmeralda, minha querida. Posso te chamar assim? Conhecemo-nos há tanto tempo... - Sim, à vontade. - Bem Esmeralda, minha querida. A corregedoria tem intensificado sua política de aumentar a qualidade da ação dos policiais. Nós não podemos admitir entre nós homens, ou mulheres abusivos que violam as leis da integridade dos cidadãos dessa cidade. – ele se levantou e foi até a mesa. – Recebemos queixa de três advogados contra uma dupla, que segundo eles utilizam métodos abusivos do ponto de vista psicológico e ate físico contra seus suspeitos. Os advogados alegam que as confissões são obtidas desta forma abusiva, torturando os depoentes, criando situações falsas para que digam que o que essa dupla pensa ser a verdade. Bem, solicitei então um profissional que possa acompanhar e avaliar os detetives Goren e Eames. Esmeralda se sentiu gelar por inteira. Virgem de Guadalupe, Virgem Santa! Por Fátima! Goren??? - Seu trabalho será nesses próximos quinze dias acompanhar a atividade desta dupla e depois fazer uma avaliação dos seus métodos de condução de investigação e interrogatório, quero saber se realmente abusam das pessoas que estão sobre sua tutela na condução do processo. Aqui esta o processo sobre os dois. As queixas, os casos. O Capitão Daekins esta aguardando você no Esquadrão de Casos Especiais. Gostaria que começasse hoje mesmo. - Sim. – ela respondeu procurando manter-se o mais controlada o possível. Nossa Senhora das Cabeças que a ajudasse, todas as nossas senhoras e santos disponíveis que a ajudassem. - Seu pai ainda está em Whasghinton? - Sim, ele e Chris devem voltar na próxima semana. Ele foi fazer lobby junto aos senadores para aprovarem as mudanças nos planos de aposentadoria dos policiais. Ele está batalhando melhorias. - Precisamos. Hoje um policial trabalha como um condenado recebe uma aposentadoria mixuruca e um relógio de quinta de presente. Se ficar doente, a aposentadoria não cobre as despesas medicas. - ele disse contrariado. - Realmente. - Seu pai é um grande defensor nosso. Grande mesmo! Espero que os problemas com o juiz Charleston não embarace a reeleição dele. - Vamos saber na hora da eleição. - ela não queria continuar o assunto, nunca gostara de Charleston, com aquela barriga imensa, gordo como um javali. O pai xingara Eames e Bobby de tudo o que sabia quando a investigação estourou. Ela ficara calada, ate o momento somente Carmelita sabia do seu envolvimento com Goren. Alguma coisa lhe dizia que a investigação da corregedoria tinha haver com o Charleston. Caramba, politicagem vagabunda. 8
  • 9. - Minha querida. – ele saiu de trás da mesa e se aproximou dela novamente. – Ficaria o dia inteiro conversando com você. Sempre tão linda, suave, delicada e inteligente. Mas, o Deakins te espera. A escolha de Kalil não podia ser melhor. - Vou me apresentar para ele, então. – disse levantando-se. - Espere, vou mandar meu motorista levar você até o departamento. - Winter, por favor... - Não. Nunca que a deixaria sair daqui sem essa gentileza. Esmeralda sorriu sem graça, não tinha como não se livrar da “gentileza”. No caminho, recebeu uma ligação do pai. - Oi pai. – disse ao pegar o celular. - Já soube que será avaliadora de Eames e Goren. – ele disse animado do outro lado da linha. - Já? – ela se espantou. – Winter te ligou? - Imediatamente. - Hum... - Filha, sei que fará um trabalho excelente e profissional, não preciso lhe recomendar isso. Foi escolhida por isso, está na equipe do Kalil por isso. - Obrigada pai. – ela agradeceu emocionada. - Boa sorte amor! Minha princesa. - Obrigada. Te amo. – disse com ternura. - Filha, se o tal do Goren causar problemas me avise. Sei da fama dele, metido a psicologo, e maluco... Sei que esse homem é um instavel. Se ele criar problemas, te constranger, qualquer coisa me ligue, me diga. Faço ele ser policial rodoviário em dois tempos! - Tá pai! Se precisar ligo. Beijo. - Beijo e muitas saudades meu bebe. – ele foi carinhoso. Deus a ajudasse quando o pai soubesse sobre ela e Bobby, ele iria morrer de ódio. Deus a ajudassse. Foi rezando para Virgem de Guadalupe suplicando que Bobby não a visse naquele carro. Já ia ser um “fato” quando ele soubesse que ela era a avaliadora. Imagine se a visse descer do carro do Winter. Subiu o elevador até 11º andar aliviada, a Virgem lhe ouvira, e nem sombra de Bobby no estacionamento das viaturas. Deakins a esperava recebeu-a muito polidamente. 9
  • 10. - Como vai minha filha. – disse assim que a viu entrar em sua sala. - Bem. – ela lhe deu um sorriso afável. Ela gostava dele, era um homem inteligente, bem articulado, honesto, interessante. - Venha, sente-se. – ele indicou a cadeira. Esmeralda sentou-se. O capitão acompanhou muito discretamente os movimentos dela e como deu a cruzada de pernas. Entre os homens que ele conhecia e que tinham contato com Carver, se comentava sobre a cruzada de pernas de Esmeralda, eles diziam de forma infame que elas eram toda a plataforma política de Carver. Não precisa de mais nada para ganhar apoio entre os policiais, somente levar Esmeralda e deixar que cruzasse as pernas diante deles. Deakins tinha que reconhecer, era um par de pernas lindo, e uma cruzada cheia de sutileza e sensualidade. Feliz, era o homem que podia estar entre elas, pensou. - Quer água, suco, café?- ele perguntou sentando-se à mesa. - Não. – ela não queria nada, estava nervosa, pensando na reação do namorado. - Kalil me disse que iria me enviar o seu melhor profissional e realmente cumpriu a palavra. - Deakins sabia da competência de Esmeralda. Ela era linda e o pai abusava do efeito que ela causava nos homens. Mas, ali estava uma mulher inteligente e competente. Christopher era um assessor brilhante, mas, Deakins sempre achara que se Esmeralda estivesse com Carver ele iria muito mais longe. Era inteligentíssima. - Obrigada. - Bem. Já sabe que ira avaliar o Goren e a Eames. - Sim. - Eles estão sabendo da avaliação e não será nada fácil. Você esta pronta para enfrentar isso? - Será necessário. Mas, é natural que fiquem ressabiados. Eu ficaria. Acho que ficaria brava. – ela sorriu. - Eles saíram em diligencia, desde ontem estão nas ruas cumprindo mandato de prisão de um caso que eles fecharam. Mas, já devem estar de volta. - o telefone tocou interrompendo o capitão – Um momento. – atendeu. – Acabaram de chegar, pedi que me avisassem assim que os dois chegassem. Estão vindo. Esmeralda agradeceu a Virgem por estar sentada. Ia cair de tanta tensão emocional. Os minutos pareceram eternos. Ate ela ouvir a porta se abrir, após uma leve batida. Viu o capitão se levantar. - Eames, Goren. Quero apresentar seu avaliador destacado pela corregedoria. A doutora Carver. 10
  • 11. - Bom tarde. – Esmeralda disse com a maior firmeza que ela pode encontrar em si mesma, encostada na cadeira com medo de cair. - Bom tarde. – Eames respondeu contrafeita. Bobby não disse nada, ele tinha sido colhido de surpresa. A primeira reação foi ficar mais pálido do que já era, depois ficar vermelho de raiva. - A doutora Carver vai acompanhar vocês nestes próximos dias. A acomodem junto com vocês. Sei que estão em mão competentes. – ele disse olhando os detetives e depois para Esmeralda. - Obrigada capitão. – ela agradeceu, pegando sua bolsa e pasta. - O que precisar me procure. – ele lhe disse segurando sua mão e beijando-a suavemente. - Procurarei. – disse sorrindo-lhe afável procurando a todo custo não olhar para Bobby que aquela altura já estava roxo de ciúmes. E ele estava vermelho de tanto ciúmes, olhando o capitão beijar a mão de Esmeralda. Ela se adiantou evitando olhá-lo nos olhos, Eames abriu a porta para ela, e saiu em seguida. Deakins parou Bobby segurando-lhe no braço. - Detetive. - Sim capitão. – ele voltou-se procurando manter o controle. - A doutora Carver é uma excelente profissional. Se existe alguém que fará um trabalho isento é essa mulher. - Claro senhor. – Bobby respondeu aborrecido. Os lábios trincados de raiva. - Por isso trate-a bem, não dificulte as coisas para ela. Estamos acertados assim? – ele o olhou firme. - Sim senhor. – ele respondeu mais vermelho ainda e saiu. Eames o esperou chegar, sabia que ele estava furioso, mas, não imaginava tanto ao ver seu rosto vermelho e semblante carregado. A reação era exagerada. Do que ele estava com tanta raiva? - Precisamos arrumar mesa e cadeira para a doutora Carver. – ironizou. - Vou arrumar! – Bobby respondeu rispidamente, olhou Esmeralda. – Poe suas coisas na minha mesa. – saiu a procura de mesa e cadeira, o que ele sabia seria difícil de achar. Esmeralda olhou Eames seriamente. - Ficaria muito brava se alguém viesse me avaliar. – disse. – Mas, estou na incomoda posição de fazer isso. E farei. Vocês podem dificultar ficando bicudos comigo ou podem colaborar comigo. Mas, vou fazer o trabalho, a despeito de vocês. 11
  • 12. - Então... O fará despeito de nós. Não é seu trabalho? – ela a encarou firme e muito contrariada. Esmeralda sorriu. - Farei. – ela disse sem se intimidar. - Você veio aqui nos avaliar e não ser nossa amiguinha. – Eames continuou. – Faça seu trabalho. Se quer cara bonita, devia avaliar top models. – sentou-se deixando Esmeralda de pé. Bobby não havia achado mesa, apenas uma cadeira, teria que falar com o encarregado do almoxarifado. Enquanto, voltava com a cadeira foi parado por Harrison. - Hei Bobby! – o homem chamou. - O que foi Harrison?- ele o olhou sem muita paciência, era um bobalhão metido a macho alfa que gostava de pegar todas as mulheres que conhecia. Bobby não gostava dele. - O que a gostosona da filha do Carver veio fazer aqui? Veio trabalhar com você e a Eames? Bobby teve vontade de socar a boca de Harrison, ou mete-lhe a cadeira no meio da cara, conteve-se. - Cara você tem sorte. Tremenda gostosa aquela mulher, viu o pernão que ela tem? E maravilhosa de frente. – fez um gesto significativo. – E de costas. – gargalhou batendo de leve no ombro de Bobby. – Não deixe nossa reputação em baixa, de um trato nela bem dado... - Você é um porco medíocre... Um merda que não tem autoestima nenhuma e pensa que o esse teu membro ridículo vai te dar alguma! – Bobby disse entre dentes. E saiu deixando Harrison sem ação. Bobby estava com tanta raiva que não conseguia raciocinar direito. Pegou a cadeira e colocou ao lado da sua, e começou abrir espaço em sua mesa. - Senta aí. – disse para Esmeralda. - Amanhã vou falar com o cara do almoxarifado para arrumar uma mesa e uma cadeira descentes para você. – ele se sentou e deu um longo suspiro contrariado. Eames ficou olhando o que Bobby fizera, não estava entendendo bem, era impressão dela, mas, a maneira com que o parceiro falava com a psicóloga e agora a colocava ao seu lado na mesa, pareciam tão íntimos. - Vou ao banheiro e pegar um café. – olhou Esmeralda que se sentara onde Bobby lhe dissera. – Quer um? - Obrigada. – ela agradeceu. Eames saiu e Bobby olhou Esmeralda nos olhos a primeira vez. 12
  • 13. - Como você entrou nessa? – perguntou. - Eu não sabia de nada. Hoje depois do almoço o Kalil disse que estava me cedendo para a corregedoria, me mandou falar com o Winter. Foi só quando estava com ele que fiquei sabendo o que era. Foi que ele me disse que tinha que avaliar você e a Eames. - Porque não declinou? – ele insistiu. - Ah sim... Ele me entregou o caso, eu ia dizer: Não corregedor não posso aceitar, porque eu estou transando com o detetive Goren! – ela deu um sorriso irônico. Bobby se remexeu na cadeira, colocou os dedos sobre os lábios, depois a olhou novamente. - Tudo bem... Então nesses seus quinze dias de avaliação não vou a sua casa. Não vou te ver. - Ta. – ela deu de ombros e ficou em silencio por alguns segundos. – Vai passar quinze dias sem comer tortinhas? - Vou. – ele respondeu malcriado, arrumando a mesa. - A de creme? -É. - A de chocolate? - Também. - Hum... A de creme de hortelã e gotas de chocolate? - É. – ele continuou mexendo nos papeis. - Ah tá... Até a nova? De maça e canela? Ele a olhou novamente. - Maça com canela? - É. E a especial... A de chocolate e mel. – ele disse com um ar maldoso. - Chocolate e mel? – ele queria rir, mas, se esforçava para ficar serio. – Também não, principalmente essa tortinha. - Tá certo. – ela sorriu, viu quando Logan e Barek entraram e sentaram no outro lado da sala. – Bem já que as tortinhas vão ficar abandonadas nesses quinze dias... Vou ver se o Logan gosta de tortinhas, vou dar pra ele. O que você acha? - Não se atreva. De jeito nenhum! Logan não sabe apreciar esse tipo de iguaria, é comida para ser degustada por expert, com suavidade, propriedade. Além do mais, as suas tortinhas são minhas. São exclusivamente minhas. 13
  • 14. - Não sei não... O Logan? A Barek que cozinha bem me disse que ele é bom de boca. – ela disse com um sorriso. - E a Barek sabe fazer tortinhas? – Bobby sorriu. – Nem sabia que cozinhava... - Diz que cozinha bem... - Esmeralda riu.- Bem, vou ligar para o Peter, o assessor do papai. – disse pegando o celular. - Por quê? - Ele deve querer as tortinhas. Ele vive querendo elas... – sorriu ironicamente. - Não se atreva. – Bobby segurou a mão dela. – Sua maluca! - Vou avaliar que você é realmente um torturador... Ninguém sabe o quanto torturador você é. - Eu? – ele sorriu. Entreolharam-se e começaram a rir baixinho. - Perdi alguma coisa? – Eames perguntou contrariada, mordiscando levemente o lábio. Bobby soltou a mão de Esmeralda sem graça. - Não. – se recompôs. - Seu café. – ela estendeu o copo para Esmeralda. - Obrigada. – Esmeralda deu um sorriso e bebeu o café. Eames sentou-se, olhou Bobby que disfarçava o rubor das faces. - Disse a ela o que estamos fazendo? – perguntou cada vez mais desconfiada da relação de Bobby e Esmeralda. - Não. – ele ficou sem graça. – Acabamos de fechar um caso da máfia russa, contrabando de armas, um homicídio. Agora é fazer os relatórios. – disse. – Costumamos conversar, destacar os fatos mais relevantes e montar o relatório. Então vamos conversar sobre os fatos. Faremos isso agora. - Por favor. – Esmeralda disse. – É como se não estivesse aqui. Bobby olhou firmemente para ela. Como? Estava ali, perfumada, linda, chamando atenção dos outros homens, com aquela perna bonita. Deixando-o maluco de ciumes. Como? - Como se pudesse. – ele disse impulsivamente. Esmeralda fingiu não ouvir. Levantou-se. - Com licença. – pediu e saiu em direção ao toallet. Eames olhou interrogativamente. 14
  • 15. - Você já a conhecia? - Eu? – ele a olhou hesitante. - Sim. Eu não a conheço, mas, você parece ter intimidade com ela. - Não. Só a vejo no fórum. – ele desconversou. – Bobagem sua. - Bobagem minha? Pode me explicar porque ela esta sentada ao seu lado dividindo sua mesa? - Queria que dividisse a sua? – ele replicou. - Estão parecendo namoradinhos de escola infantil. Que o menino coloca a menina para sentar do ladinho dele. – ela riu. Foi então que ele percebeu que a espremera na mesa com ele de forma tão inconsciente, mas, era melhor não modificar a situação agora. Já tinha feito. - Muito boa sua observação. – ele disse contrariado com ele mesmo. Olhou para ver se ela voltava e viu quando Harrison a abordou. O palhaço! Pensou. Ia perguntar a Esmeralda o que ele queria quando Deakins chegou junto à mesa deles. - Sei que estão assoberbados, mas, acho que vão querer ver este presente no cais do Porto. Parece que nosso amigo atacou novamente. - Depois de quase seis meses? – ele o olhou intrigado. - Vá saber se é o mesmo ou alguma novidade. – Deakins olhou a mesa de Goren. – Está espremendo a doutora? – ele perguntou irônico. - Não tinha mesa... - ele começou a se desculpar. - Vou pedir no almoxarifado. – ele riu. – Não precisa expremê-la assim... E nem escondê-la do resto da equipe. Parece menino de colégio ciumento. – saiu com um sorriso cínico no rosto. Esmeralda teve vontade de rir, porque era isso mesmo, mas, ficou o mais séria que pode. Eames olhou Bobby com um ar de vitoria. Ele corou violentamente. Levantou-se. - Vamos ao porto. Estavam no carro a caminho do cais do porto quando Bobby voltou-se para Esmeralda. - O que o Harrison queria? - Oferecer seus préstimos. – ela respondeu. - Préstimos? 15
  • 16. - É. O que eu precisar é só pedir a ele. Cadeira, mesa, café, água... Quis ser atencioso. Bobby voltou-se para frente. Sobre Harrison ele ia conversar com ela em casa. Já estava cansado. E ainda tinha que agüentar aqueles marmanjos dando em cima da mulher dele. E a primeira coisa que faria no dia seguinte era arrumar a droga da mesa e da cadeira, todo mundo o chamando de menino de jardim... Pior, ele sabia, era mesmo! O Cais do Porto não era lugar para se andar de scarpin com salto agulha, principalmente os armazéns abandonados. Esmeralda teve dificuldade de seguir Eames e Goren. Eles se dividiram como sempre faziam. Eames foi se informar com o policial que recebera a chamada sobre como encontrara o corpo e Goren foi direto ver o corpo. Esmeralda o seguiu, assim que Eames estava distante ele virou para ela e disse com sarcasmo. - Se quer seguir a mim e a Eames não pode usar sapatos de princesa. – ele disse divertindo-se com sua dificuldade. - Você quando dá para ser ruim é ruim mesmo! Insuperável! – ela respondeu malcriada. Ele riu e seguiu adiante, mas, voltou-se rápido e ágil quando ouviu a exclamação de “ai” de Esmeralda, segurou-a a tempo dela não cair. - Machucou? – ele perguntou solicito. - Não, só tropecei. – ela respondeu, segurando-se firme nele. Bobby a segurava firmemente pela cintura, estava como ele gostava que estivesse sempre, nos seus braços, sob suas mãos. Eles se olharam, um olhar cúmplice, cheio de paixão, aquele brilho que não se consegue esconder de ninguém e muito menos de si mesmo. - Perdóname cariño. – ele disse muito próximo a ela. – Exagerei. Tú eres mi dulce, mi amor, mi vida. Perdona – me. - Eres un sinvergüenza! Sin embargo, Te amo.- ela respondeu. - Si no estuviera en el servicio, me gustaría darte un beso en este momento. Afecto. Mi dulce. Pode ficar em pé? Não dói? - Posso sim, não dói...- ela se equilibrou nos sapatos assim que ele a soltou devagar. Eames olhava os dois. Não conhecia a doutora. Pois sim! Era ela a causa da mudança e da alegria dele nos últimos meses. Não tinha duvida agora. Esmeralda já tinha visto em fotos, vídeos, mas ver pessoalmente era de dar nó no estomago. E aquele era. Ela fez o sinal da cruz. Bobby logo começou a examinar a vitima. Era um homem, alto, branco, de cabelos negros, estava de joelhos no centro de um pentagrama, as mãos atadas para trás junto com os pés, a jugular havia sido cortada, sangrara até morrer. 16
  • 17. Na testa havia o símbolo da letra Omega do alfabeto grego. Pelo estado do corpo ele fora morto a noite, ou de madrugada. O perito dizia a Goren que somente um exame mais detalhado poderia precisar a hora. - Não foi morto aqui. – Goren disse para o perito. - Não. Foi morto em outro lugar, mas, colocado aqui com muito cuidado e maestria. - Um homem dessa estatura. Ser morto dessa maneira. Veja se foi drogado. Foi emasculado. – ele mostrou ao outro homem. Eames fez uma careta. - Hu...- disse ao ver o corpo. – A mesma assinatura? - Sim. O perito esta tirando as fotos. Já sabe de quem é esse armazém? – Bobby respondeu tirando as luvas. - Está abandonado há anos, segundo o policial. Foi arrombado. É usado por drogados e mendigos como dormitório. – Eames olhou as anotações que fizera. - Quem achou? - Um morador de rua. Veio dormir aqui e já o encontrou dessa maneira. – ela respondeu. Bobby olhou Esmeralda. - Tudo bem? – ele perguntou. - Sim. Desculpe-me, dêem licença. – disse saindo, queria vomitar, estava gelada, já tinha rezado uma ave Maria e um padre nosso... Que cena dantesca, cheia de uma energia ruim, cheia de mal. Bobby a olhou se afastar, preocupado. Mas, precisava fazer seu trabalho. Esmeralda esperou no carro o pé estava latejando, olhou o tornozelo, parecia inchado. Que tarde! Algum tempo depois, Goren e Eames entraram no carro comentando o caso. - Me deixem no ponto de taxi. – ela pediu cortando os dois. - Não vai voltar conosco? – ele perguntou surpreso. - Não. Vou para casa. Preciso processar melhor o que vi agora. Quis fazer um carinho nela, mas, não podia. Apenas acentiu afirmativamente para Eames que manobrou o carro. Colocou Esmeralda no taxi. - Este pie muy dolorido? – ficou preocupado. 17
  • 18. - Esta inchado... Vou fazer compressa em casa. - Dulce, dejar este trabajo. Demasiado para ti. - Te vejo amanha, mi corazón. – disse enquanto beijava levemente a mão dele que estava na janela do taxi. – Vamos, por favor. – disse para o motorista. Bobby ficou olhando o carro partir. Suspirou cansado. Voltou para a viatura. - Você vai me contar ou vou ter que fazer uma investigação? – Eames perguntou irritada. - Contar o que? - Não faça isso comigo. – ela foi firme com ele. – Você e a Esmeralda. Eu não sou burra, Bobby! Ele coçou a testa e sorriu sem graça, ficando rubro. - Estamos namorando. – disse por fim. - Não iria me contar isso?- ela o encarou aborrecida. – E ela é nossa avaliadora? - Não contamos a ninguém. Não queríamos, achamos cedo para contar. Sobre a avaliação ela não sabia ate receber o caso. - Não aceitasse! Isso vai ser muito ruim para nós. Você já pensou se descobrem o caso de vocês? Ela é a ultima pessoa que pode nos avaliar. - Já disse isso a ela. Esmeralda é teimosa. Eames maneou a cabeça. - O pai dela sabe? - Não. - Imagino quando souber. – ela riu. Manobrou o carro e ganhou a via expressa. – Estou admirada de estar namorando com ela. Não faz seu tipo. - Por quê? – ele quis saber. - Você não gosta de mulher cara, patricinha... Não é assim que você diz? - Esmeralda não é nada disso. – ele disse olhando a parceira. – Você verá. Estou... Estou apaixonado! Nos amamos! Eames olhou Bobby preocupada. Nossa! Ele estava falando serio. E se os instintos dela estavam certos, isso daria confusão. 18
  • 19. Bobby entrou em casa e viu a mesa da cozinha posta. Havia tortinhas. Sorriu. Esmeralda estava no apartamento. A bolsa e o notebook estavam na sala. Quando ele entrou no quarto, ela dormia em sua cama, de camiseta branca e calcinhas com o pé sobre uma almofada. O cheiro de baseado estava forte. Ele se aproximou e olhou a cabeceira. Ela tinha fumado um daqueles baseados cubanos. Riu. O dia tinha sido pessimo, o baseado estava pela metade. Ele o acendeu novamente e tragou indo para o banheiro. Depois do banho, foi ate a cozinha e comeu algumas tortinhas com um copo de leite, voltou ao quarto, deitou-se ao lado dela. - Mi corazón. – disse ao seu ouvido, acariciando sua cintura, quadris e nadegas. - Mmmmm. – Esmeralda se espreguiçou. – Trouxe tortinhas... - Fumou um baseado na minha casa. Quer mesmo que vá preso. – ele disse beijando-lhe atras da orelha. - Sim. – ela respondeu virando-se. - Perdóname amor. Fui muito mal com voce hoje! – ele disse beijando-lhe o colo e acariciando levemente seus seios. - Estoy tan cansado. quería hacer el amor contigo toda la noche. - Fico em cima. – ela sorriu. Ele tambem. Mas, estava cansado e não era um super heroi. - Estou morto. - ajeitou-se com a cabeça entre os seios de Esmeralda. – Contei para Eames sobre nós. – ele disse. - Ela desconfiou? – perguntou acariaciando seus cabelos umidos. - Na hora. – ele moveu-se e acomodou-se no travesseiro. – Ficou aborrecida por não ter contado antes. Acha que será ruim para nós se descobrirem nosso namoro. – fez uma longa caricia pelas costas de Esmeralda descansando a mão em seu quadril. - Não sei. Penso em amanhã dizer ao corregedor que voce é um chato e pedir para sair. Mas, o Kalil apostou em mim. Eu não quero falar da nossa relação para ninguem. Não quero que fiquem comentando de nós. Não mesmo. - Dulce, vao comentar cedo ou tarde. – beijou-lhe a face. - Melhor que seja tarde. Alem do mais, conheço o Winter, ele tem uma intensão politica com isso. Ele quer ferrar você e a Eames. - Sei disso. – ele disse bocejando. – O baseado esta fazendo efeito, estou ficando leve. – riu. - Voce fumou o baseado? – Esmeralda se espantou. 19
  • 20. - Claro que sim. Voce pensa que é a única maconheira dessa relação? – ele deu uma gargalhada. – Vira, cariño... – ele pediu. – Vamos dormir de colher, agarradinho... Esmeralda virou-se e se aconchegou no corpo de Bobby, segurou a mão dele entre as suas. Era tão gostoso ficar assim, ele apertando-a bem contra seu corpo morno, firme, grande. Bobby se sentia bem. Não só pelo baseado, mas, porque seu cariño estava ali apertadinha em seus barços. Seu doce, seu coração, sua alma. Era gostoso tê-la assim, morna, gostosa, suave em seus braços. Entrelaçou os dedos aos dela. Fez uma leve caricia com o pé nos pes dela. - Ai. – Esmeralda gemeu. - Ta doendo? O pé? – ele perguntou o rosto enterrado nos cabelos dela. - Pouquinho. – Esmeralda respondeu sonolenta. - Vamos dormir...Amanha estará sem dor. – ele disse tambem muito sonolento. Agarradinhos assim dormiram. CAPITULO II Esmeralda virou-se, encontrou Bobby apoiando a cabeça na mão esquerda e olhando-a. - Voce estava me olhando dormir? – ela perguntou ainda sonolenta. - Sim. Estou meia hora vendo voce roncar, babar o travesseiro e soltar uns peidinhos! – ele riu. - Seu bobo! – ela deu um leve tapa no ombro dele. – Que horas? - Seis. – ele disse acariciando-lhe as bochechas. - Esta acordado desde a cinco e meia? - Não. Acordei as cinco. Fiquei pensando em algumas coisas e depois fiquei olhando voce. – ele disse. 20
  • 21. - Que coisas? – esfregou os olhos e esticou os braços. - Na avaliação e no novo caso. - Ihhh. – ela maneou a cabeça. - Deixe essa avaliação de lado. Voce já imaginou a confusão que vai dar se descobrirem que somos amantes? – ele a encarou serio. - Bobby. – Esmeralda ergueu- se e sentou-se. – Não posso chegar para o Winter e dizer que a gente tem um romance. - Diga que fui um chato, um calhorda e que não quer mais trabalhar perto de mim. - Não posso! Se disser uma coisa dessas meu pai te manda ser patrulheiro rodoviário, na melhor das hipoteses. - Esta superestimando seu pai, Esmeralda! – Bobby se sentou na cama tambem. - Não. Eu sei o poder que meu pai tem. Por isso que posso ir adiante. Winter nao vai me queimar. Ele queima voce, mas, não a mim. Eles não me queimariam nunca por causa do meu pai. - Seu pai não é unanimidade na policia. – falou contrariado. - Não. Mas, é poderoso. Muito. Ah, Bobby não vou discutir isso com voce! Não vou abrir mão do caso. Caramba! Não seremos os primeiros numa situação dessas na corporação. – levantou-se. - Calma. Aonde vai? – ele levantou as mãos em sinal de rendição. - Mijar! – Esmeralda foi para o banheiro. Bobby voltou a ficar pensativo. Ela não ia desistir, não adiantava insistir. Tinha que encontrar outra forma de tirá-la da situação. - Tudo bem. – ele disse quando ela voltou para cama. – Pelo menos vamos ser discretos. Vou continuar sendo um chato, ruim para voce. Ela o olhou e estirou a lingua. - Mas, pensava no caso. Em que pensava? - Ate onde pude averiguar ontem não há conexão entre as vitimas. - É um serial? - Parece. Houve um cara achado numa casa abandonada, há uns seis meses atras. Do mesmo jeito, corte na jugular, de joelhos, emasculado, e o Omega na testa. Depois, uns quinze dias, um segundo, achado em um parque, debaixo de uma ponte. Então parou. Agora seis meses depois. – ele fez um gesto com as mãos. 21
  • 22. - Não há conexão como? – ela quis saber, aproximou-se dele, jogando as pernas sobre as dele. - Um era noivo. Um engenheiro. - O primeiro? - Sim. O segundo, casado, pai de uma filha adolescente, corretor. E esse... Dono de um restaurante, solteiro. - Mas, não deram por falta deles? Ninguem comunicou desaparecimento? Um noivo, outro casado, e o dono de restaurante. Não iam sumir assim. Alguem ia dar falta, comunicar o desaparecimento. - É. Talvez encontre a conexão. Como esses homens sumiram e ninguem deu falta? - Boa pergunta. Bobby acariciou a perna de Esmeralda, olhou seu pé. - E o pé? - Não tá doendo, só um pouco roxo. – ela disse olhando. -Não pode usar o sapato de princesa hoje. – ele riu. - Estou preparada para isso. – ela rebateu. - Cariño, fui tão mau com você. – ele avançou sobre ela, deitando-a na cama e subjugando-a com o peso de seu corpo. - Seu porquinho. – ela disse quando ele tentou beija-la. – estamos com a boca suja. - É mais gostoso. – Bobby insistiu no beijo e acabou por roubá-lo de Esmeralda. – Beijo de boca suja. - Doido! – ela riu e tentou se livrar dele, mas, Bobby a mantinha firmemente presa embaixo de seu corpo grande e maciço. Ele baixou a cabeça e a beijou novamente, agora um beijo mais profundo, ardente e desejoso. Sua lingua explorando a dela, numa dança de desejo, fazendo seus corpos se aquecerem. Ele chupou levemente seu lábio inferior, depois o mordeu delicadamente e passou a lingua sobre eles numa caricia erotica. Ergueu a cabeça para olhá-la nos olhos. Acaricou seus cabelos, as bochechas. Esmeralda o olhou firmemente. Acarinhou seus cabelos, a testa, o queixo forte. - Voce é tão bonito. – disse por fim. Bobby ficou vermelho. - Oh não! – ele riu. – Sou um desajeitado. Já viu minhas rugas novas? – piscou o olho direito. 22
  • 23. - Bobo. Voce é meu lindo! – ela disse ternamente acariciando seu rosto e depois lhe fazendo uma caricia no nariz com seu proprio nariz. – Meu policial, meu lindo... Mi corazon. – Virgem de Guadalupe, o beijo dele era o bastante para levá-la a loucura. Acariciou longamente seu braço, voltando e mantendo as mãos em seus ombros largos. Bobby aliviou a pressão de seu corpo, mas, só um pouco, suas mãos acariciaram os quadris dela, apertando-lhe levemente a cintura, subindo sobre a camisetinha de dormir e acariciando seus seios que agora estavam com os bicos tesos. Esmeralda sentiu o sangue correr com mais velocidade dentro dela, seu corpo aquecendo-se e seu sexo ficando umido, preparando-a para ele. - Ah, Cariño. – ele mordeu os lábios dela novamente, sabia que Esmeralda gostava daquele pequeno atormentar sensual, em resposta ela se aproximou, implorando por mais. Ele voltou a pressioná-la com seu grande corpo, Esmeralda começou a puxar sua camisa, queria tocar seu toráx, seus pelos, atormentar seus peitos de mamilos rosados. Bobby, então começou a pressionar com o joelho entre suas coxas, quando ele tocou se sexo ela fechou os olhos e viu estrelas. - Isso – gemeu abrindo as pernas para facilitar sua intromissão, enquanto suas unhas deixavam um rastro de fogo nas costas musculosas dele, fazendo-o soltar um gemido abafado. - Queime pra mim, dulce. – ele disse a voz aspera, entrecortada, abafada pelo prazer. Puxou a camisetinha dela pela cabeça, deixando seus seios a mostra e livres para suas caricias. Afastou-se dela por um momento, enquanto se livrara da cueca e liberava seu membro grosso e longo, duro como aço, latejante de luxuria. Voltou-se para ela e tirou suas calcinhas. Esmeralda gemeu, fechou os olhos, e lentamente virou o rosto para o lado. Bobby voltou a pressionar seu corpo com o dele, beijando-lhe a veia que pulsava rapida no pescoço, mordendo-lhe levemente o ombro. As mãos dele desceram para seu sexo suplicante, Esmeralda chamou seu nome quando seus dedos se enterraram na grossa camada de fluidos que a tinham deixado pronta para recebê-lo. Contorceu-se, arqueando na direção dele quando sua boca desceu por seu pescoço até os seios. Os dentes de Bobby tocaram a delicada carne de um mamilo. Sua boca o cobriu, os lábios dele se fechando, sugando com uma pressão árdua que fez com que todo seu corpo fosse tomado por uma onda de prazer que parecia tragá-la e jogá-la em larva quente. Longos dedos entraram rapidamente em sua vagina, arrancando outro gemido dela. Esmeralda atingiu um clímax imediato, o calor se espalhando, a sensação dele sugando seu mamilo, sua língua estimulando-a, era demais. Ela explodiu vendo estrelas, sentindo os labios dele em seu atormentado seio. 23
  • 24. Repetia o nome dele com uma voz sufocada, baixa, mordendo o labio inferior. Bobby beijou-lhe o rosto e suavemente a virou na cama, levantando seus cabelos e deixando sua nuca exposta. Beijou-a ali, depois a arranhou com a barba semicerrada, ela se arrepiou toda, gemeu e o gemido saiu abafado pelos lençois. Ele continuou beijando-a e a arranhando com a barba pelas costas, fazendo-a arrepiar-se e contorcer-se. Então, ele chegou onde queria, mordeu-lhe o traseiro, segurando-a firmemente pelo quadril. Há muito tempo ele queria tomá-la daquela maneira, mas, ela evitava. Sabia, porque haviam conversado sobre isso que ela nunca fizera sexo anal. Esmeralda dizia que não tinha se sentido segura bastante com alguem para isso, mesmo com Ramon, seu relacionamento mais sério. O sexo entre eles era excelente, tinha sorte, ele pensava. Já tivera namoradas de todos os tipos, algumas bem pervetidas, tanto que ele deixara o relacionamento porque algumas coisas o incomodavam, outras pudicas, e algumas frias. Mas, Esmeralda era diferente. Era quente, ardente, de tal forma que exigia dele sempre, receptiva as brincadeiras, ativa, participativa, criativa. Ela tinha prazer com ele, e muito, em contrapartida lhe dava muito prazer tambem. Não se lembrava de nenhuma namorada com quem se sentisse tão realizado quanto com ela. Por isso, tomá-la por ali vinha virando uma pequena obsessão, era como se ao permitir que ele a tomasse daquela forma, ela se rendesse por completo para ele. Bobby sabia que não fazia sentido, mas, quase que intuitivamente percebera isso nela. Ele voltou a arranhá-la com a barba, fazendo-a rir dessa vez, estendeu o braço para que ela pudesse repousar a cabeça sobre ele, acariciou seus cabelos e desceu a mão novamente para seu traseiro, acariciando-o, dando-lhe pequenos e leves beliscões. Puxou-a levemente de forma que pudesse sorrateiramente esfregar sua ereção nela. Pedia aos céus que ela cedesse. Esmeralda sabia o que ele queria. Ele tinha pedido abertamento, não era um homem de rodeios, mas, ela negara. Nunca tinha feito com ninguem, nem com Ramon. Achava que era intimo demais, era como um prêmio para o homem de sua vida, tinha que ser para o cara que fosse o “cara” dela, seu homem, fazer isso, para Esmeralda era se entregar inteira para alguem, sem uma reserva sequer. Era a rendição total. E, bem, Bobby era esse homem. Não havia porque adiar mais. Seria com ele. Seria para ele. Queria que fosse com ele. Tinha que ser com ele, não tinha duvidas quanto ao que sentia por ele. O amava muitissimo, aquele era o seu homem. - Sim. – ela disse virando o rosto para Bobby, beijando-lhe as bochechas. O coração dele acelerou. - Tem certeza? – ele a encarou sério. – Tem certeza? É isso que quer fazer? Tem certeza que quer fazer assim? – havia uma tensão na voz dele. 24
  • 25. - Sim tenho... Quero que me possua assim. – os olhos dela estavam graves e a voz fraquejou pela emoção. Depois sorriu. – Mas com lubrificante que não vou dar conta disso tudo não! - Cariño! – Bobby a beijou num beijo aspirado, sentia-se alegre como um menino que acabara de ganhar o presente mais esperado no natal. Pulou da cama correndo indo até o banheiro. Nem que saisse nu até o sexshop mais proximo ele ia achar um lubrificante! Não tinha nada no banheiro, foi ate o closet, devia ter algum lá, às vezes brincavam de massagem. E foi oleo de massagem que achou. Isso ia servir, pensou. Estava tão ansioso que deixou coisas cairem no chão quando pegou o oleo de massagem. Esmeralda ouviu o barulho de objetos caindo, ele tinha deixando alguma coisa cair, riu, esse era Bobby, seu menino grande! Voltou com um sorriso triunfante. - Oleo de massagem. Serve?- mostrou para ela na beirada da cama. - Vai facilitar a entrada disso tudo? – ela apontou. - Vai. Pelo menos eu acho. – ele olhou para baixo. É ele não podia reclamar de seus atributos. Esmeralda escondeu o rosto com as mãos. - Virgem de Guadalupe ajudai-me! Bobby deitou-se ao seu lado, percebeu que apesar da brincadeira e dos risos ela estava tensa. - Relaxa cariño. – pediu. – Vem cá. – trouxe-a novamente para perto dele e a virou de costas. Sua mão livre deslizou sobre as costas dela, pela curva de seu traseiro, depois para dentro, mais perto, movendo-se suavemente em volta da entrada de seu ânus. Esmeralda suspirou levemente, estava nervosa, receosa, mas, a caricia suave era deliciosa. Ele percebeu sua excitação e receio. - Fica de quatro. – ele pediu delicadamente e Esmeralda obedeceu. Abriu a tampa do pequeno frasco de oleo de massagem, e lubrificou uma grande quantidade de seus dedos. Depois, com a outra mão, separou suas nádegas enquanto estendia seus joelhos, forçando-os sob as coxas dela, obrigando-a a levantar as curvas suaves de seu traseiro mais perto dele. Olhou fixamente a pequena entrada, o objeto de seu desejo estava ali, suave e apertado. Era a rendição dela. Era a submissão dele. Observou, extasiado, enquanto seus próprios dedos se moviam pela flexível entrada - Cariño... — disse excitado, cheio de emoção. - Tão bonito. Sua voz saiu rouca de excitação, ele tentava controlar sua luxúria enquanto se esforçava por prepará-la com delicadeza. Se Esmeralda tivesse se afastado dele, se tivesse feito algo mais que gemer seu nome e empurrar 25
  • 26. para trás contra seus dedos invasores, ele se deteria, poderia ter detido a vertiginosa queda de seu controle que se levantava através dele. Mas só pôde olhar, torturado, enquanto empurrava dois dedos contra o pequeno casulo. Abriu-o, estendendo-o com suavidade enquanto ela corcoveava contra ele como se apartasse, ofegando, clamando seu nome. Seu pênis grosso e duro, pulsando em crescente excitação enquanto ela se retorcia sob seu toque. - Não dulce, não, não lute contra mim. Relaxa. Não tenha medo. - continuou seus movimentos, observando, a boca enchia de água, enquanto seus dedos se enterravam nas apertadas, tão deliciosamente apertadas, profundidade de seu ânus. Esmeralda se apertou contra ele, os músculos lutando por aceitar a intrusão enquanto ele se retirava, depois pressionava mais profundo. Revolveu- se, esticando-se contra ele, mas tomando-o enquanto ele trabalhava com seus dedos dentro do ardente calor de seu traseiro. Com a outra mão, espalhou o oleo de massagem sobre a grosa longitude de seu pênis. Jogou o frasco de lado. Esfregou o oleo sobre seu pênis enquanto observava, sem afastar nunca os olhos da visão de sua tenra entrada traseira abrindo-se ao redor de seus dedos. - Está me matando Robert. — lutava por respirar, sua voz frágil pela excitação e o incrível desejo. Desejava-o, desejava sua posse. Só a ele. E seria somente ele. Ela tinha realmente caído no profundo e sem fim poço da paixão. - Sente. É gostoso não? — sussurrou ele desesperadamente. — Proibido e quente, doloroso e prazeiroso. Voce me pertence agora. — empurrou seus dedos mais profundo, observando como o aceitava, seu corpo se estremecia enquanto o prazer ondeava sobre ele. Quando os retirou, adicionou um terceiro dedo. Ela gritou enquanto ele os empurrava em seu interior. Seu traseiro se estirou e ele gemeu, imaginando o efeito dos músculos ao redor de seu pênis enquanto a tomava. Ela deu um puxão como fosse separar-se dele, os quadris sacudindo-se, as coxas tremendo enquanto lutava contra ele. Mas o tomou. A possuiu lenta e suavemente com seus dedos, imaginando o delicioso prazer que vinha. Seguro de que estava preparada, sabendo que se esperasse um segundo mais poderia perder todo o sentido de controle, retirou seus dedos, liberando-se dela enquanto suas mãos a agarravam pelos quadris, mantendo-a quieta enquanto se ajoelhava atrás dela. - Preciso. Eu... Preciso... — Bobby disse rouco de excitação. Seu pênis fez pressão em sua preparada abertura. Observou como sua ereção pressionava contra o pequeno buraco, forçando-o a florescer ao abrir- se, a estirar-se para tomar a torcida cabeça. Olhou-a, viu como seu apertado buraco se abria facilmente, estirando-se ao redor dele. - Não me machuque. – ela suplicou, a voz tremente, o suor brotando de suas costas. - Não. Não te machucarei. Nunca poderia. — disse ele quase sem fôlego. Não podia feri-la. Se o fizesse iria ferir a si proprio, ela se tornara sua alma. 26
  • 27. Fez uma careta enquanto a metade da cabeça se enterrava dentro dela. Estava quente, tão deliciosamente quente que tudo o que desejou fazer foi cravar-se tão profundo e tão duro dentro dela como podia. As mordidas dos apertados músculos sobre sua carne era deliciosa, as sensações muito escandalosamente excitantes para serem negadas. - Oh Deus! – gemeu. - Pare, cariño. — agarrou seus quadris enquanto ela tentou afastar-se dele. — Por favor, por favor, dulce. Fica quieta. Suas costas se arquearam quando ele empurrou a ardente cabeça de sue pênis dentro de seu traseiro com um desesperado movimento de seus quadris. Ele trincou dentes, sentindo como perdia o controle. Esmeralda protestou com um choramingo. - Pare. — deu-lhe uma palmada no traseiro enquanto ela se sacudia de novo, quase liberando-se dele. Percebeu como os músculos dela se retorciam pela pequena carícia aguda e escutou seu ofego de prazer. - Por favor, Cariño. Por favor, coracion. – ele suplicava-lhe entorpecendo de prazer. Um lamento esmigalhado saiu expulso do peito de Bobby enquanto ele se incrustava dentro do ânus dela. Duro e profundo. O calor instantâneo, como fogo em seu pênis, apertou-se ao redor dele, acariciando-o enquanto ela gritava debaixo dele, lutando por aceitar a completa e grossa longitude de seu pênis enterrada em suas tenras profundidades. As costas dela se arquearam e a cabeça se sacudiu, enquanto as longas mechas de seu cabelo ondeavam sobre suas costas. - Robert... — Esmeralda clamou. Só o chamava assim quando estava aturdida pelo prazer. E Bobby sabia, sabia disso, então a sombria e primitiva luxúria se disparou através das veias dele enquanto ela o tomava. O grito dela foi de intensa excitação. O ponto onde tudo se elevava, misturando-se e ardendo de calor. Não podia deter-se, não podia conter sua necessidade. Ele inclinou-se para trás olhando como seu pênis se liberava do apertado buraco estirado dela, depois empurrou duro e profundo. Uma e outra vez. Observava como a carne dela se estirava por ele, escutava seus gritos ecoando ao redor dele, e se sentia no céu e no inferno por sua aceitação. Depois se inclinou sobre ela; perdida a razão, só prazer, só o calor cadente de seu traseiro aferrando seu pênis, significava algo. Os quadris dele se moveram enquanto impulsionava sua ereção dentro dela, empurrando através da sensível malha, sentindo-o estirar-se para aferrar ao invasor que tomava tão rudemente. Ele estava gemendo enquanto seus empurrões se tornavam mais duros, mais rápidos. Podia escutar Esmeralda gritando debaixo ele, clamando seu nome, lhe suplicando, pressionando- se contra ele enquanto a possuía com duras e furiosas estocadas. Pulsou, pulsou. Colocou apressadamente a mão debaixo dos quadris dela, os trementes dedos encontraram o duro e inchado nó de seu clitóris, enquanto começava a aprofundar suas estocadas. Os quadris dela estavam sacudindo-se, possuindo-o por sua vez, enquanto o suave mel fluía de sua vagina cobria os dedos dele e seu clitóris. 27
  • 28. Ela estava tomando-o, amando-o, aceitando-o. Era o céu! Era o inferno, era tudo, agora Esmeralda era somente dele. Com luxúria arranhou seus flancos, então, o escroto apertando-se pela excitação, e enquanto acariciava o clitóris de Esmeralda, sentiu o clímax que rasgava inesperadamente através do corpo dela. Um uivo desgarrou de sua garganta enquanto a agarrava pelos quadris, ficou sobre ela e começou a possuí-la com vigorosas estocadas. Não podia deter-se, não podia controlar a poderosa luxúria que bulia através de seu pênis. Tinha perdido o controle, era só instinto, só desejo. Quando seu clímax chegou, foi como uma cadente morte. Raios se rasgaram através de seu pênis e seu corpo, enquanto se enterrava uma última vez nas apertadas profundidades do ânus dela e sentia como sua semente explodia da ponta de sua ereção. Um pulso explosivo depois de outro se rasgou através de seu corpo enquanto o ânus dela se apertava ao seu redor com cada jorro liberado. Os músculos dela morderam seu pênis, ordenhando-o, sugando a semente até que só pôde cair contra ela, estremecendo-se com cada chicotada de ardente prazer, ofegando para respirar, e compreendendo que com cada ofego apagado soltava o nome dela. Um longo tempo depois encontrou forças para afastar-se, para observar com aturdido prazer como seu pênis ainda ereto, retirava-se do tenro traseiro dela. O pequeno buraco agora estava coberto com a nata dele. O corpo dela o sustentava em seu interior, aceitando-o, uma parte dele se mantinha dentro dela, ao menos por agora. Deitou-se e a puxou delicadamente para perto de si. Esmeralda tremia, estava empapada de suor. Ele a apertou em seus braços e beijou-lhe os cabelos, depois o alto da cabeça. - Me matou. – ela disse quase sem voz. - Está muito viva. – ele respondeu rouco. – Sinto sua vida palpitando em minhas mãos. - Preciso dormir. Isso é melhor do que maconha cubana. Bobby não pode deixar de rir. Esmeralda ainda estava vagueando, mas, pensou como se sentaria durante aquele dia. Riu e dormiu. Quando acordou viu que Bobby estava arrumado, acabando de dar o nó na gravata. - Que horas? - Dez e meia. – ele sorriu olhando-a carinhosamente. – Volte a dormir. Esmeralda ergueu-se e o olhou. - Aonde voce vai? 28
  • 29. - Tenho um palpite. Quero checar antes de ir para a central. – ele voltou a olhá- la de forma grave, tensa. – Volte a dormir. Descanse. Tem café na cafeteira, pão, frutas e seu leite de soja. - Comprou tudo isso agora? – ela ficou curiosa, não tinha nada disso na noite anterior. Ao vê-lo acentir afirmativamente com a cabeça perguntou. – Voce não dormiu? Bobby sorriu. - Não poderia dormir. Estou cheio de energia, renovado, estou a mil. – ele riu e se aproximou da cama inclinando-se para beijá-la. – Se tivesse o dia de folga ia te tomar de novo e de novo. Voce me alimenta a alma. - Virgem de Guadalupe se voce me tomasse de novo e de novo ficaria um mês sem sentar. Eu morria. - Morria não. Olha como esta vivinha! O que são esses bicos acesos? – ele beliscou de leve um dos seus bicos. Esmeralda ficou rubra e cobriu os seios com o lençol. - Não ponha sapatos de princesa hoje. – Bobby disse erguendo-se e indo em direção a porta. - Vou por os de boneca. – ela rebateu. Ele parou por alguns instantes, parecia considerar algo. – Doce. – encarou-a sério. - Sobre o Harrison. Seja cautelosa, aquele cara é um porco. E eu não quero quebrar a cara dele na Central. Mas vou acabar quebrando se ele continuar te chavecando. - Terei cuidado. Mas o Harrison é um babacão, não devia se preocupar com isso. – ela ponderou. Bobby sorriu e saiu. Esmeralda afundou-se na cama. Deus o que fora aquilo! Olhou o relogio digital, eram dez e trinta e cinco, se dormisse perderia a hora. Levantou-se, cada musculo doia, alem, obvio do traseiro. Foi ate o banheiro e deixou a agua quente aliviar os musculos. Tomou um banho demorado, preguisoço. Tomou café e depois de mudar a roupa de cama, foi se arrumar. Realmente ia usar sapatos de boneca. Riu. Eram sapatos marrons que comparara a um bom tempo, macios. Seriam otimos para aquele dia e para o pé dolorido. Vestiu-se com uma calça jeans preta de cintura alta, uma blusa social de meia manga verde e um blazer preto. O sapatinho de boneca completavam o visual. Prendeu os cabelos encaracolados que estavam semiumidos. Fez uma maquiagem leve, perfumou-se. Ela bem que parecia uma detetive. Riu. Pegou o notebook e sua bolsa e saiu. Na rua fazia sol, mas, não estava quente. Colocou os oculos escuros e 29
  • 30. desceu a rua tranquilamente indo em direção ao metro. Já estava na esquina quando ouviu a buzina de um carro. Olhou na direção e se abaixou para ver quem era. Droga. Era o panaca do Harrison! - Vai para central? Dou uma carona. – ele disse de dentro do carro. Esmeralda deu o sorriso plastico de modelo e contrafeita entrou no carro, sentando-se cuidadosamente. - Te vi descendo. O que faz por essas bandas? – ele perguntou assim que ela entrou no carro. Voce mora um tanto longe daqui, não? - Atendo uma senhora em casa. – ela procurou dizer isso com naturalidade. - Há sim. Tive a impressão de que voce estava saindo do predio do Bobby. – ele a olhou de soslaio. - Que Bobby? – ela fingiu. - O Goren, ele mora há um ou dois predios daquela esquina que te encontrei. - Hum... - Soube que está avaliando os dois. Ele e a Eames. - É. – respondeu seca. - Esse cara é doido. Eu digo pros caras lá na central, policial desse tipo do Goren, todo inteligente, todo limpinho, todo certinho, tem coisa escondida. Sabe o que eu acho? Que cada bandido que ele prende, que cada criminoso que ele compreende, ele na verdade mantem preso o bicho ruim que há dentro dele. - Hum. - Pensa. A mae maluca, o pai vagabundo, o irmão viciado de rua. E ele todo esquematico, todo armadinho. E não gosta de mulher. Tem medo. É timido. As garotas dizem, saí fora quando elas dão mole. Eu ate cheguei a pensar que ele pegava a Eames. Mas, aquela depois que ficou viuva, acho que ficou frigida. – soltou uma gargalhada estrondosa. Esmeralda queria dar um soco naquele imbecil. Queria meter a mão nele. - Soube que o negocio dele é mulher maluca. Ele tem uma tara por uma psicopata, sabia? Uma mulher muito louca chamada Nicolle Wallace, ele fica todo mexido quando ela aparece. Daí voce imagina o quão maluco é esse cara. Ele só ta na policia pra conter o bicho ruim dentro dele, só isso. E a Eames é o macho. – ele riu. – Um cara daquele tamanho controlado pro uma mulher pequenina. Um cara desses tinha que ser recusado na policia. Só denigre a corporação. Voce não acha? – ele sorriu para ela. - Não acho nada. – ela respondeu seca. 30
  • 31. - Voce vai ver. Vai pertubar esses dias. Tem medo de mulher forte, bonita, fina como voce. Ele fica intimidado. Bundão. - Seus numeros de casos fechados são menores do que os de Goren? – ela perguntou a queima roupa. - Sim. – ele respondeu relutante. - Por quê? - Por nada. Ele já saiu com alguma mulher que voce deu em cima? - Sim. – ele respondeu contrafeito entendendo onde ela queria chegar. - O capitão confia mais nele do que em voce? E o promotor tambem? - Sim. - Já deu em cima da Eames e ela te esnobou? - Sim. - Entendi. – Esmeralda parou de fazer perguntas. Harrison calou-se e seguiu o resto da viagem até a Central mudo. Quando chegaram ao seu destino e Esmeralda desceu do carro, virou-se para ele e disse com um sarcastico sorriso. - É ruim não? Saber que existe alguem muito superior voce. Que quando se olha para essa pessoa entendemos o quanto somos mediocres. Inveja é uma merda! Não acha? Os olhos de Harrison faiscaram de raiva, mas, ele não disse nada. Ela tinha dado a facada mortal. E a viu se afastar com passos resolutos. Esmeralda encontrou uma mesa e cadeira para ela. Sobre a mesa um bilhete de Bobby. “A chave é do armario no vestiario para que guarde suas coisas. Estamos na sala 2.” Após guardar seus pertences, Esmeralda encontrou Bobby e Eames na sala dois. Eles haviam feito um quadro com fotos das vitimas com informações sobre elas e, ao lado das fotos de rosto de cada um, as fotos da pericia. - Boa tarde. Estou muito atrasada? – perguntou assim que entrou. - Dez minutos. – Bobby disse olhando-a da cabeça aos pés e aprovando o que ela havia vestido. Ela se aproximou do quadro, ficou olhando o que eles haviam montado. - Fui conversar com um professor da Faculdade Catolica. Padre Kowalski. - Sobre? -- Eames o olhou interrogativa. - O Omega na testa das vitimas. Ele me explicou que havia uma seita na idade media, na cidade de Taormina, chamada de bambini di Omega. Uma seita satanica, que identificava Lucifer como o Omega, o fim para um novo principio. 31
  • 32. - E matavam gente? – Esmeralda quis saber sentando-se delicadamente. - Não. – Bobby não conteve um pequeno sorriso. – Foram mortos pela inquisição. E até onde ele saiba não haviam se propagado. - Como saberemos se é a mesma seita? – Eames o questionou. - Os integrantes faziam o sinal do Omega na testa. Como nossas vitimas, seu batismo era de sangue, dentro de um pentagrama. - Virgem Santa! – Esmeralda exclamou fazendo o sinal da cruz. - Ate que se sabe deles, faziam preces a Lucifer, bruxarias, orgias e bebedisses, mas, nada com assassinato. Ate serem dizimados pela inquisição. - Italianos. – Eames disse pensativa. Qual a provincia mesmo? - Taormina. É uma cidade no litoral. Hoje turistica. - Pode ser por isso que eles têm esse tipo fisico. Branco, cabelos negros... Um tipo italiano. Parece Marcelo Mastroiani. – Esmeralda observou. Bobby olhou as fotos. Pareciam italianos. - Pode ser. Eu falei com Eames e vamos entrevistar a noiva da primeira vitima para saber se tinha alguma viagem marcada. Isak Tanvinsk. - Judeu? – ela perguntou pegando o processo. - Ortodoxo. - Essa seita está em atividade hoje? O padre soube dizer?- Eames perguntou. - Não. – Bobby olhou Eames. – Não tem noticia. Disse que vai investigar e me avisa. Deakins entrou na sala. Olhou Esmeralda. - Soube que teve dificuldades com os sapatos ontem. - Me precavi hoje. Detetive Goren me recomendou não andar como princesa. – ela alfinetou. O capitão sorriu. Olhou os dois. - Vao falar com a noiva da primeira vitima? - Sim. Queremos saber se Tanvinsk tinha alguma viagem no periodo que ficou desaparecido. – Eames respondeu. - São homens que desaparecidos a familia teria chamado a policia. Então, devem ter se afastado por viagem, trabalho, de tal forma que a familia não se preocupou. - O que é aquilo? Filhos de Omega? – ele quis saber. 32
  • 33. - Uma seita. – Bobby respondeu. – Antiga, da idade média. - Assassinato ritualístico? – ele o encarou. - Não sei. São extremamente raros. Quase inexistentes. Mas, as características parecem ser. - Vão conversar com a noiva da primeira vitima. Mantenham-me informado. – olhou Esmeralda. – Me conte se ele lhe der muito trabalho. – apontou para Bobby. - Ele tem sido um lorde comigo. – ela sorriu, olhou Bobby vendo que ele corava. - Bom que seja. Vai acompanhá-los? - Sim. - Bom trabalho. – ele foi simpático. - Obrigada. Esmeralda acompanhou Bobby e Alex sem dificuldade desta vez. Deakins ficou observando-os se afastar. Tinha ficando “com a pulga atrás da orelha” com a troca de olhares entre Bobby e Esmeralda, um olhar, ele diria, muito cúmplice e apaixonado. Ayala Dinks era uma jovem mestiça, de cabelos encaracolados, pequena e magra. Usava um vestido de gola alta e mangas, em tom pastel, sapatos baixos. Uma típica jovem judia ortodoxa. A mãe dela, uma mulher negra, usava um vestido preto abaixo do joelho observava calada a entrevista de Eames e Goren. - Srta. Dinks o seu noivo, ele tinha alguma viagem marcada? – Eames perguntou. - Isak? Oh sim... Falei isso ao policial que veio aqui. Isak tinha um congresso de engenharia em Miami. Por isso não dei por falta dele... Iria passar uma semana fora. – disse. - Oh sim. – Eames acentiu com a cabeça e acompanhou Esmeralda com o olhar percebendo que ela via as fotos do casal. - Quanto faltava para o casamento? – Bobby quis saber. - Trinta dias. – ela disse numa voz tímida, mas, sem emoção. - Devia estar ansiosa. – ele disse sem deixar de notar a falta de emoção na jovem. - Isak estava ansioso? - Isak? – ela se espantou. – Isak não era muito ansioso, tudo estava sendo feito pelas nossas mães. 33
  • 34. - Havia um roteiro de lua de mel? – ele quis saber. - Isak não queria. No final do ano iríamos a Israel. - Ah sim...- Bobby levantou-se. – Fotos de vocês? – perguntou indo olhar. - Sim. - Casal bonito. – ele observou. - Diziam. Pelo menos alguns. – ela disse num tom melancólico. Ele a olhou. - Dificuldades por causa da cor? – ele foi direto. Ayala olhou a mãe, depois para ele. - Alguns não concordavam. - É só isso detetive? – a mulher até então calada se manifestou. - Sim. – Bobby respondeu. – Obrigada por sua colaboração. Na rua ele andava lentamente para que Esmeralda os acompanhasse. - Viagem para Miami. Providencial. – Eames disse. - Não pareciam um casal entusiasmado com o casamento. – Bobby observou. – Vamos conversar com a viúva da segunda vitima, sra. Firolle. Esse era italiano mesmo. – observou. – E, depois checar os cartões de credito de nossos amigos. Uma hora e meia depois a dupla de detetives estava na central. Bobby foi verificar os cartões de credito das vitimas. Esmeralda olhou Eames. - Você notou as fotos? – ela perguntou. Eames a olhou. - O casal de noivos e do corretor com a mulher, a família. Tive a impressão que eles posavam para fotos e não que tiraram fotos. – disse para a detetive. - Bobby disse isso. Acha que o relacionamento não era verdadeiro? – ela questionou. - Foi o que me pareceu. - Nossos amigos não saíram de NY neste período. Hospedaram-se no Windsor. Um hotel caro e fino na cidade. – Bobby disse aproximando-se das duas mulheres. - Windsor? – Esmeralda perguntou. – Tem certeza?- ela fez um ar de espanto - Sim. Por quê?- Bobby ficou curioso ao ver seu espanto. 34
  • 35. - O Windsor oferece discretamente encontros gays. - O que? – Eames se espantou. - Sim, o Windsor oferece discretamente encontros gays. Patrocina festas raves e festas, digamos finas... Para gente da fina sociedade nova yorquina, homens, eu diria acima de qualquer suspeita. - Como você sabe disso? – Bobby quis saber. - Esqueceu que minha prima é um transex? Conheço bem os gays dessa cidade. Acho que a Carmelita pode ajudar, porque se as vitimas foram ao Windsor, ou freqüentavam o Windsor como os cartões mostram, ela já deve ter visto. Ela freqüentava as festas finas. Foi assim que conheceu o Patrick. - Então. – Eames disse. – Vamos conversar com sua prima. No caminho Eames perguntou a Bobby. - Que Patrick é esse? - O Darling. – ele respondeu discretamente. - Darling? – ela se espantou. – Da família Darling, candidato ao senado? Ele não é casado? - Isso mesmo que você ouviu. O Darling. – ele sorriu e encerrou o assunto quando viu que Esmeralda se aproximava. Carmelita os recebeu em seu café-restaurante. Emaes ficou impressionada porque ela não parecia nem de longe um homem. Alta, loira, de olhos azuis, uma mulher belissima. Ouviu o que eles tinham a dizer e depois olhou as fotos. - Sim. Conheço. Os tres. – disse. – Esse. – apontou Isak. – era frequentador das raves. – Os outros dois nas festas mais sérias. - Tinham alguem fixo? – Eames quis saber. - Não. Variavam. Eram conhecidos como pegadores. Bem conhecidos por isso. - E tinham uma preferencia? – Bobby perguntou. - Travetis. Gostavam de travestis. Bem femininos, dá a impressão que se está com uma mulher, não estando. Muito tipico de quem não se assume. – ela disse. - Têm frequentado as festas? – Bobby quis saber. - Não. Já faz um tempo que não vou. Tenho tido muito trabalho com o café. – Carmelita viu que uma das atendentes a chamava. – Mais alguma coisa? – ela perguntou. - Não Carmelita. – Bobby agradeceu. – Obrigado. 35
  • 36. - Me deem licença. - O sistema interno de segurança deve ter alguma pista. Se ficaram com alguem, esse alguem subiu com eles. – Eames disse. - O gerente não vai mostrar, e a privacidade dos clientes? – Esmeralda argumentou. - Posso ser bastante persuasivo quando preciso. – Bobby psicou um olho. – Acho que voce terá a chance de avaliar se sou violento e abusivo, agora! O gerente do hotel Windor era um homem baixo, de cabelo brilhantinado, olhos azuis e ar nervoso. Ele sorriu sem graça para Eames. - Senhora, não posso ceder os arquivos do circuito interno, preciso preservar as pessoas que frequentam esses eventos. Sinto muito. - Voce pode nos mostrar como um sinal de colaboração ou podemos pedir judicialmente. – ela respondeu firme e secamente. Bobby começou a pegar as fotos que estavam na parede do escritório com algumas autoridades e celebridades. O homem ficou nervoso e se levantou indo até ele. - Por favor, detetive. – ele disse tomando uma das fotos de sua mão. - Não é a Madonna? – ele quis saber. - Sim. – o homem repos a foto no lugar e voltou-se para Bobby que tirava outra da parede. – É a Beyoncé? Uau, acho-a linda! - Por favor, não pode ver sem mexer?- o gerente disse angustiado. - Não. Mal habito desde criança. Sempre mexo. O senhor parece ser um homem bem relacionado. – Bobby disse. – Muito mesmo. O Darling, dono deste hotel, ele sabe de suas festas, digamos, reservadas? - Senhor, sinto não poder ajudá-los. – disse voltando para a mesa seguido de perto por Bobby. - O que será que ele dirá quando souber que não colaborou com a policia? E mais, com o filho dele saindo ao Senado, acho que será muito ruim para o senhor quando ele souber que usa seu hotel para encontros gays e que, bem, há um assassino de gays atuando neste hotel, fazendo dele seu palco de caças? O que será que ele dirá? – Bobby parou diante do homem. Paul, o gerente, suava nervoso, engoliu a seco ajeitando a gravata. - Voce pode escolher como resolver isso. Ou colabora conosco ou voltamos com um mandato. – Eames sorriu. 36
  • 37. - E voce sabe... - Bobby disse com um sorriso inclinando-se para a esquerda. – Essas coisas de mandato, passam por muitas pessoas, logo... Fica dificil guardar da imprensa. - Não! – o homem deu um grito angustiado. – Imprensa não... Eu tenho clientes importantes, não posso envolver o Windsor em um escandalo... – ele suava nervoso. - Então colabore! – Bobby deu um grito e bateu na mesa assustando o gerente que deu um pulinho da cadeira. - Vejam o que precisam. – ele disse cansado. – Por favor... Sejam discretos. Vou levá-los a sala de segurança. O homem se levantou e pediu para que eles os seguissem. - Ainda bem que não cometi nenhum crime. – Esmeralda falou para Bobby. – Não te queria na minha cabeça. Ele sorriu triunfante. - Mas, eu estou em sua cabeça, em sua pele, e em todas as suas partes. – disse baixo para que somente ela pudesse ouvir. - Convencido. – ela o encarou. Bobby voltou a sorrir triunfante. Tinha tudo o que queria. 37
  • 38. CAPITULO III Bobby ficou na central até tarde vendo as fitas de segurança do Windsor nos dias em que as vitimas se hospedaram. Eames foi embora por volta de sete horas e Esmeralda logo depois. Encontrou o que queria. Mas, o travesti era inteligente e organizado, não deixou verem seu rosto. O que chamou atenção de Bobby era que em seis meses o assassino ficara mais feminino, com mais seios e curvas. Com certeza fizera uma intervenção estética. E saber onde a fizera era o que ele faria. Mas, não às dez horas da noite. Precisava dormir. Chegou à casa de Esmeralda eram mais de onze da noite. Olhou-a dormindo na cama. Tomou um banho e depois fez um lanche. Deitou-se muito cansado, Esmeralda dormia profundamente, dessa vez sem maconha, ele levantou o edredom que a cobria e olhou seu pé machucado. Estava inchado e roxo. Sorriu, aquele pé machucado seria a forma de sair daquela situação da avaliação. Sabia o que tinha o que fazer. Saiu cedo no outro dia, mesmo com Esmeralda reclamando que ele precisava tomar café, mas, explicou-lhe que tinha coisas a fazer antes de chegar à Central. Quando Esmeralda chegou, Bobby e Eames estavam prontos para sair e conversar Carmelita novamente que deveria saber qual cirurgião plástico podia fazer uma cirurgia daquela extensão. Ela os acompanhou até o estacionamento das viaturas. - Deixe que eu dirijo. – Bobby disse a Eames pegando as chaves. - Tudo bem. – ela deu com os ombros e estranhando Bobby dirigir, ele não gostava. 38
  • 39. Bobby tomou caminho contrario ao do café de Carmelita. Eames estranhou, mas, preferiu não dizer nada. Sentada no banco de trás Esmeralda estranhou. - Nós não íamos falar com Carmelita? - Antes tenho outra coisa, muito importante para fazer. – ele disse sério. - Ta bom. – ela deu de ombros. Quinze minutos depois estavam em frente a uma clinica. - Vem, o medico está esperando por nós. – ele disse virando-se para Esmeralda. - Como assim? - Vi seu pé ontem, está inchado e roxo. Vamos. – ele desceu do carro. - Bobby?! – Esmeralda ficou espantada vendo-o rodear o carro e abrir a porta. - Vamos ver este pé. – ele disse firmemente. - Mas... - Não tem, mas... Vamos Esmeralda o médico está esperando. - Deus do céu! Eu não preciso de médico. - Precisa. Precisa sim. Contrariada Esmeralda desceu do carro, acompanhou Bobby até o consultório do medico que os recebeu educadamente. - Uma torção. – disse. – Depois de examiná-la e fazer raio-X. – Repouso, com uma botinha, terapia com gelo e remédio. – disse o médico chines, baixinho e de óculos. - Eu não posso ficar em repouso doutor... Eu estou trabalhando. - Mas, precisa. Ou a lesão vai piorar. De qualquer forma fará você parar. - Ponha a botinha. Ela fará tudo o que precisa ser feito. – Bobby a olhou com firmeza. - Eu não preciso de pai... - Mas tem namorado. E eu cuido de você. Precisa fazer o que o medico esta recomendando, não seja criança. Esmeralda deu um suspiro contrariado. Não acreditava Virgem de Guadalupe, ele tinha armado uma para ela. O medico sorriu e fez a imobilização do pé de Esmeralda. Bobby a pegou no colo e a levou até o carro, Eames quando os viu ficou espantada. 39
  • 40. - O que houve? – perguntou abrindo a porta do carro. - Lesão. Vai ficar de repouso. – Bobby disse ajeitando-a no banco traseiro do carro. – Bem, segunda etapa princesa. – ele sorriu. - Isso não se faz. Você esta me tirando Bobby. – ela reclamou. - Estou cuidando de você. – ele fechou a porta e dirigiu-se ao volante. Esmeralda deu um suspiro vencido. Bem, iria para casa naquele dia e depois voltaria para o batente. Mas, espantada viu que não se dirigiam para seu bairro. - Onde estamos indo? – ela perguntou. - Sua mãe está te esperando. – ele respondeu. - Minha mãe! – ela se espantou. - Eu te conheço e sei que não fará o repouso. Então estou levando você para sua mãe. - Não acredito! – Esmeralda passou a mão pelos cabelos. – Está me tratando como uma criança! Bobby não respondeu e continuou a dirigir, quinze minutos depois estava diante do prédio dos pais de Esmeralda. - Eu volto logo. – disse para a parceira, saindo do carro e pegando Esmeralda no colo. O porteiro os cumprimentou com um sorriso e curioso de ver Esmeralda entrando no colo daquele homem imponente. - Porque você esta fazendo isso? – ela perguntou quando ficaram sós no elevador. - Por quê? – ele a encarou, ficou sério e tenso. – Esmeralda, eu... – hesitou. – Eu te amo. Não consegue entender que te amo e não vou deixar você se prejudicar por minha causa e Eames? Não é o Winter ou qualquer burocrata do departamento que me importa. É você, somente você! - Mas, eu já te disse... - Esmeralda. Pensa... O que Kalil vai pensar quando souber de nós? Como ele vai se sentir? Vai desacreditar de você. Isso pode te prejudicar muito. È o seu trabalho que voce ama. Não vale isso! Ela o encarou séria, ele tinha razão, Kalil se decepcionaria com ela. - Não vou esconder mais de ninguém sobre nós. Existe uma razão para esconder das pessoas o que sentimos um pelo outro, depois de tudo que houve entre nós? Depois da nossa manhã de amor? Diga-me? – ele a encarou muito serio, a tensão aumentando. – Eu te amo. 40
  • 41. - Bobby. – Esmeralda disse emocionada, a voz embargada. – Eu te amo muito. Ele sorriu. O elevador chegou ao andar onde os pais de Esmeralda moravam. Ângela, mãe de Esmeralda esperava-os à porta. - Oh que delicado. – ela disse assim que os viu. – Que gentil traze-la assim. Com um sorriso entrou no apartamento, colocando Esmeralda no sofá. - Sra. Carver. Trouxe os remédios, ela tem que tomar de oito em oito horas e fazer bolsa de gelo. Meia hora. Trouxe a bolsa também. E repouso. Quinze dias. - ele disse entregando a mulher os remédios e a bolsa de gelo. - Obrigada. Que gentil. – ela disse, olhou-o com seus olhos castanhos brilhantes. – Ângela, me chame de Ângela, Sr. Goren. - Obrigado. Chame-me de Robert, por favor. - Bobby olhou Esmeralda. – Eu tenho que ir. Eu ligo depois. - Tudo bem. – ela disse desanimada. - Tenho que ir. Não fique assim dulce, por favor. – ele disse com carinho, inclinou-se e beijou-lhe o alto da cabeça. Os olhos de Ângela brilharam de aprovação. Então era ele o namorado de sua filha, que ela escondia tão bem. Bobby olhou-a gentilmente e sorriu. - Eu o acompanho, Robert. – ela disse acompanhando-o até a porta. – Obrigada por trazê-la. Sei que é teimosa. - Eu ligo assim que puder. – ele disse preocupado. - Cuidarei dela. Fique tranqüilo. Tenha um excelente dia de trabalho. Ele sorriu e se despediu. Ângela voltou e encarou a filha. - Ele é bonitão. – disse. – Estava curiosa, queria saber quando iria conhecê-lo. Estranho ele é policial, não? - Sim. - Sempre disse que não queria namorar um policial. Que eram uns babões. – riu. - Bobby não é babão. Ele é diferente. É um homem inteligente, brilhante, de personalidade. - Hum... Foi o que me pareceu. E bonito. Tão alto. Quanto ele mede? - Um e noventa e cinco. – Esmeralda respondeu com um sorriso. - E tem um jeitão de menino. Timido! Que gracinha! - Ele é um meninão. Uma criança grande. – sorriu dando um suspiro apaixonado. – Mi hijo, mi niño grande! 41
  • 42. Eames aguardava Bobby no carro, assim que o viu entrar no carro sorriu ironicamente. - Levou sua princesa? Bobby apenas sorriu. - Nunca te imaginei pagem de uma princesa. – ela ironizou. - Não faça isso. – ele disse firmemente. – Não ironize minha relação com ela. Por favor. - Está tão apaixonado assim? – ela o olhou percebendo que o incomodara. - Estou. Esmeralda não é qualquer mulher. É a mulher da minha vida. – ele fechou o cinto de segurança. – Não a ironize! - Calma. Não precisamos brigar. Mas, convenhamos que é no mínimo uma namorada exótica. - sorriu. - Racismo. – ele a encarou sério. – Não podia imaginar uma atitude dessas de você. Racismo? - Desculpe. – Eames preferiu não dizer mais nada, era melhor ficar calada. Mas, estava com raiva, com ciúmes, isso era verdade. Esmeralda ligou para Kalil e contou sobre o pé. Com ajuda de Ângela e Romerito, seu primo que sempre lhe servia de chofer, encontrou-se com o chefe no escritório. O libanês a esperava um tanto ansioso. - Oh, Esmeralda! Que lastima. – ele disse quando a viu entrar de botinha em sua sala. - Scarpin e Cais do Porto uma combinação explosiva. – ela riu. – Obrigada, Rome. – ela agradeceu ao primo que a ajudou a se locomover. - Te espero lá fora. – ele disse e saiu despendindo-se de Kalil com um aceno de cabeça. - O que era urgente que precisava falar comigo mesmo com o pé imobilizado? - A avaliação. – disse com um suspiro. – Eu não posso seguir adiante. - Foi hostilizada pelos detetives? – ele a inquiriu preocupado. - Oh não! É que... – suspirou. – Bem... Eu e o detetive Goren... – engoliu a seco. - Nós somos namorados. Seria um conflito de interesses. Eu... Confesso que pensei em não dizer nada, mas, eu não podia decepcionar você e a equipe. Não posso continuar com a avaliação. - Namorados. – Kalil pareceu considerar o que ela dizia. – Bem, já desconfiava, porque a troca de olhares entre vocês era, eu diria, bem significativa. 42
  • 43. Esmeralda sorriu. - Goren é um homem brilhante. Acho-o um homem de caráter e firmeza, é um excelente policial. Parabéns. – disse com um sorriso. – Bem. – ele mudou de assunto. – Vou dizer ao Winter que você está impossibilitada por causa da luxação por quinze dias... Cozinho-o por enquanto. - Obrigada Kalil. - Quanto tempo estão namorando? - Quase um ano. - Sua família já sabe? - Só minha mãe. – ela sorriu. – Acho que quando meu pai souber ficará louco. - Não há por que... Goren é um homem decente. Todo pai quer um homem decente para sua filha. Pelo menos eu acredito assim. - Eu espero. – ela suspirou, mas, não parecia muito certa disso. Depois que Esmeralda saiu, Kalil mandou um fax para Winter e Deakins avisando que Esmeralda estava quinze dias impossibilitada de trabalhar. Winter ao ler o memorando praguejou baixinho, olhou Brodox. - O que vamos fazer? – ele perguntou. - Bem, aguardar o restabelecimento da senhorita Carver. Acho melhor. - É... - Winter disse com certo desanimo. – Essa avaliação está dando dor de cabeça. - Não é melhor deixar de lado? – o homem disse. – Vamos aproveitar a luxação da doutora e empurrar com a barriga. Pelo momento é melhor deixar de lado, será muito complicado. O Goren vai deixar um rastro. O pegaremos em momento oportuno. Ele vai deixar... - Tem razão. – Winter sorriu. – Vingança é um prato que se come frio. – disse enfim. Deakins maneou a cabeça, parece que o scarpin tinha dado resultado, desconfiava que Bobby estivesse por detras disso. Bem, era melhor assim. Conviniente no momento. - Esmeralda falou com Kalil sobre nós. – Bobby disse para Eames assim que desligou o celular. - O que você vai fazer? – ela perguntou. 43
  • 44. - Contar para o capitão. Não tenho mais motivos para esconder minha relação com ela. - disse levantando-se da mesa e indo em direção a sala do capitão Deakins. Eames maneou a cabeça e ficou olhando-o se afastar. Bobby bateu á porta da sala de Deakins. O capitão mandou-o entrar. - Recebi o fax do dr. Kalil a doutora esta de repouso por quinze dias. Luxou o pé. Foi no Cais? – ele perguntou assim que Goren entrou. - Sim. Ela tropeçou por causa dos sapatos. – ele respondeu. - Hum... Voce não fez de propósito, fez? - Não... Nunca a machucaria. – ele ficou surpreso. - Bem, a avaliação vai ficar suspensa até que ela se recupere. – sorriu. - Queria falar sobre a avaliação... - ele iniciou um tanto relutante. - Qual o problema? – o capitão o olhou intrigado. - Bem... - Bobby colocou as mãos no bolso da calça, estava tenso, nervoso, abaixou a cabeça e a levantou novamente, coçou a testa. – Eu e Esmeralda nós somos namorados. – disse de uma vez para não continuar a tensão. Deakins tentou a todo custo não parecer supreso, mas não houve como não esconder. Bobby percebeu. - Voce? – disse impulsivamente. - Sim. Eu. – ele acentuou o eu. – Estou namorando a doutora Carver. - Desculpe. – Deakins sorriu sem jeito. – Não quis ofender... É que voces são de universos tão diferentes. Ela filha de politico... Bobby sorriu de forma ironica. Deakins percebeu que estava piorando as coisas. - Esmeralda contou ao Kalil. Ela não poderá continuar a avaliação. – ele disse por fim após alguns instantes de silencio do chefe. - Sente-se detetive. – Deakins pediu. Bobby sentou-se na cadeira que ele indicava. - Quanto tempo estão namorando? – ele quis saber. - Um bom tempo. Quase um ano. - Voces são bastante discretos. – ele rebateu. 44
  • 45. - Sim. Somos. Nós não queremos falatorio sobre nós, foi uma escolha conjunta de manter as coisas dessa maneira. – ele suspirou. – Bem... Mas, resolvemos assumir para a família, a relação amadureceu. - Bem, agora entendo os olhares de voces. – disse. – Me pareceram muito intimos. Então, a avaliação vai ficar com outro profissional. - Eu precisava colocar o senhor a par da situação. Deakins sorriu e maneou a cabeça. - Voce é um dos homens mais invejados do departamento. – riu. – O Carver vai morrer quando souber. Bobby não pode deixar de sorrir. - Homem, mulher bonita dá trabalho. Muito trabalho. – ele deu uma gargalhada. – Tem sempre alguem na cola. - Tenho sido aplicado. – ele sorriu corando levemente. – Procuro ser aplicado, obstinadamente aplicado. - Então a chance de sucesso é grande. – ele riu. – E o caso? – ele mudou de assunto. - Não consegui nada com o cirurgião plastico, nenhum homossexual fez uma operação de grande extensão nesses ultimos seis meses da extensão daquela. - E na clandestinidade? - Tambem não. Ele mudou o corpo de forma muito rapida. - Pode ter feito fora do estado. - Estou checando alguns estados... Mas, pode ter feito fora do país. Fica dificil. – ele maneou a cabeça. – Acho que não vamos achar assim. Penso que podiamos atrai-lo. - Como? – Deakins gostava das ideias inusitadas de Goren. - Tenho o tipo fisico das vitimas. Poderia atrair o criminoso. - Goren é perigoso. Qualquer falha e voce ficará a mercer dele. – o capitão ponderou. - Eu sei. Eames não concordou. - Vamos continuar a investigação, essa será nossa ultima alternativa. - Obrigado. – Bobby levantou-se e se dirigiu para a porta. 45
  • 46. - Goren. – Deakins o chamou. - Sim capitão. – ele parou a mão na maçaneta. - Voce é um sortudo filho da mae! Garanto que aplicou o golpe do homem carente! Esse não falha nunca! – riu. Bobby sorriu e saiu. Ele não sabia se havia aplicado o golpe do homem carente. Bem, ele era mesmo um homem carente, de pais ausentes, abandonado desde menino. Ele se esforçara tanto para obter a aprovação do pai, o carinho da mae... Nunca conseguira. Ele era carente. Sabia. Carente, inseguro, ciumento, exigente... Sabia de suas limitações. Mas, a vontade de ficar com Esmeralda o tinha desafiado, feito encarar o medo e ir adiante. Ele a vira há mais de um ano atras em um evento para policiais, nunca tinha lhe chamado a atenção como naquele dia. Já tinha visto fotos de Carver e a filha em varias ocasiões, mas para ele Carver era um oportunista e a filha um bibelo, a expressão maxima da mulher cara, como ele dizia, que só servia para consumir dinheiro dos homens. Mas naquele dia, lembrava os detalhes, ela surgira num lindo vestido amarelo, acima dos joelhos, calçando sandalias abertas que deixavam ver seu pé e os cabelos bem naturais. Gostava de ir a esse tipo de evento para observar as pessoas, ficava invariavelmente num canto onde pudesse perceber tudo e passar despercebido, foi o que fez. Naquele dia todo mundo sumiu. Porque passou a observar atentamente Esmeralda. Mergulhou em cada detalhe dela. Como sorria, olhava de lado com aqueles olhos verdes que eram uma perdição, os gestos suaves, a famosa cruzada de pernas, que ouvira comentar tanto, cada curva do seu corpo, os pés bem feitos, as mãos que se moviam como uma sinuosa bailarina. Ousou sair de seu esconderijo para se aproximar, queria sentir o cheiro dela. Esbarrou nela de proposito. Na confusão de pessoas, ela o olhou interrogativa e lhe sorriu afavel quando lhe pediu desculpas. Ele pode então sentir seu cheiro, suave, sensual, provocativo. Foi assim que Esmeralda passou a ser uma fantasia viva em sua mente. Passou a observá-la no forum e cada vez que a via o desejo de te-la era cada vez mais forte. Investigou municiosamente sua vida, queria saber tudo sobre ela, onde morava, o que gostava, quem namorava. Com a ajuda de um dos seguranças do forum que era seu amigo conseguira naquele dia maravilhoso ficar mais perto dela no elevador e para sua sorte a bolsa abrira e os livros caíram. Agiu rapido e a ajudou. O mais... 46