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Expressão de Opinião




 




                                       CARTA DO RIO DE JANEIRO
Reunidas na cidade do Rio de Janeiro, durante o 8º Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), as associações
empresariais signatárias apresentam a pauta comum das principais questões que envolvem este fundamental segmento da
economia brasileira, que é o setor elétrico.
As associações reconhecem o histórico esforço das diversas autoridades setoriais para manter a eficiência e a qualidade
dos serviços. Com a presente “Carta do Rio de Janeiro”, entretanto, querem contribuir para a indicação de temas que
consideram fundamentais no encaminhamento das diversas questões políticas, técnicas e econômicas do setor.
A pauta de comum acordo é referendada pelas associações ABCE, ABEEólica, Abiape, Abrace, Abrace, Abragef, Abragel,
Abraget, Anace e Apine, o que confere ampla representatividade ao documento.
                                             A pauta comum é a seguinte:
1.	 Planejamento	e	expansão	da	oferta	de	energia
    a.   Preservação da vocação hidrelétrica, mediante reservatórios com capacidade de acumulação, de modo a
         restaurar a regularização plurianual das bacias hidrográficas.
    b.   Busca de uma matriz equilibrada para o setor elétrico, que contemple todas as fontes de energia — respeitadas
         as respectivas vocações; integrada às políticas industriais do País; que proporcione segurança ao sistema; e
         aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética - CNPE.
    c.   Adoção de uma política nacional do gás natural, que aumente sua competitividade diante de outros mercados.
    d.   Planejamento integrado dos setores elétrico e de gás natural, bem como de outras fontes energéticas.
2.	 Competitividade	da	economia	brasileira
    a.   Promoção da competitividade da economia brasileira no mercado global, através da prática da modicidade de
         tarifa e de preços de forma sustentável.
    b.   Ações no sentido de reduzir a carga tributária e os encargos do setor elétrico.
    c.   Promoção da eficiência no uso dos recursos arrecadados a titulo de encargos.
3.	 Mercado	de	energia	elétrica
    a.   O tratamento a ser dado às concessões de geração vincendas deve preservar e promover a sustentabilidade e o
         adequado funcionamento do mercado, direcionando os ganhos para redução das tarifas de transmissão, com
         isonomia para o ACR e o ACL.
    b.   Maior liquidez no mercado: possibilidade de venda de sobras de contratos pelos consumidores.
    c.   Formação de preços: aprimorar o mecanismo de precificação.
    d.   Estrutura tarifária adequada: adoção de estrutura tarifária que reflita adequadamente os custos da infraestrutura de
         geração, transmissão e distribuição, visando aumentar a eficiência do setor por meio de uma correta sinalização
         de preços e da criação de instrumentos que incentivem reações efetivas dos consumidores livres e cativos.
    e.   Fortalecimento do mercado livre: o mercado está consolidado e pronto para aumentar sua participação na
         economia brasileira e agregar novos consumidores.
4.	 Modelo	institucional
    a.   Fortalecimento e atualização do modelo institucional vigente, particularmente no tocante à expansão da oferta de energia.
    b.   Adoção da clareza, da razoabilidade e da estabilidade como atributos indispensáveis para todos os instrumentos
         legais, regulatórios e administrativos disciplinadores das ações dos agentes públicos e privados.
    c.   Preservação da segurança jurídica através do respeito a contratos, ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito,
         à coisa julgada e à não retroatividade de diplomas legais, regulamentos e atos administrativos.
    d.   Fortalecimento das agências reguladoras como órgãos transparentes e com autonomia administrativa,
         operacional e financeira.
    e.   Implantação da análise de impacto regulatório para examinar e medir os benefícios, custos e efeitos prováveis de
         uma regulação nova ou já existente.
5.	 Meio	ambiente
    a.   Fortalecimento do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico - FMASE como instituição do setor elétrico brasileiro
         que aglutina o senso comum de associações dos diversos segmentos — geração, transmissão, distribuição,
         comercialização e consumo — nas questões relacionadas ao meio ambiente.
                                          Rio de Janeiro, 06 de outubro de 2011.

                    José Simões Neto                                                            Élbia Melo
                          ABCE                                                                  ABEEÓLICA

                       Mário Menel                                                             Paulo Pedrosa
                         ABIAPE                                                                  ABRACE

                   Reginaldo Medeiros                                                  Luiz Alberto Minnitti Amoroso
                       ABRACEEL                                                                  ABRAGEF

                       Charles Lenzi                                                          Xisto Vieira Filho
                        ABRAGEL                                                                   ABRAGET

                       Carlos Faria                                                     Luiz Fernando Leone Vianna
                         ANACE                                                                     APINE

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  • 1. Expressão de Opinião   CARTA DO RIO DE JANEIRO Reunidas na cidade do Rio de Janeiro, durante o 8º Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), as associações empresariais signatárias apresentam a pauta comum das principais questões que envolvem este fundamental segmento da economia brasileira, que é o setor elétrico. As associações reconhecem o histórico esforço das diversas autoridades setoriais para manter a eficiência e a qualidade dos serviços. Com a presente “Carta do Rio de Janeiro”, entretanto, querem contribuir para a indicação de temas que consideram fundamentais no encaminhamento das diversas questões políticas, técnicas e econômicas do setor. A pauta de comum acordo é referendada pelas associações ABCE, ABEEólica, Abiape, Abrace, Abrace, Abragef, Abragel, Abraget, Anace e Apine, o que confere ampla representatividade ao documento. A pauta comum é a seguinte: 1. Planejamento e expansão da oferta de energia a. Preservação da vocação hidrelétrica, mediante reservatórios com capacidade de acumulação, de modo a restaurar a regularização plurianual das bacias hidrográficas. b. Busca de uma matriz equilibrada para o setor elétrico, que contemple todas as fontes de energia — respeitadas as respectivas vocações; integrada às políticas industriais do País; que proporcione segurança ao sistema; e aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética - CNPE. c. Adoção de uma política nacional do gás natural, que aumente sua competitividade diante de outros mercados. d. Planejamento integrado dos setores elétrico e de gás natural, bem como de outras fontes energéticas. 2. Competitividade da economia brasileira a. Promoção da competitividade da economia brasileira no mercado global, através da prática da modicidade de tarifa e de preços de forma sustentável. b. Ações no sentido de reduzir a carga tributária e os encargos do setor elétrico. c. Promoção da eficiência no uso dos recursos arrecadados a titulo de encargos. 3. Mercado de energia elétrica a. O tratamento a ser dado às concessões de geração vincendas deve preservar e promover a sustentabilidade e o adequado funcionamento do mercado, direcionando os ganhos para redução das tarifas de transmissão, com isonomia para o ACR e o ACL. b. Maior liquidez no mercado: possibilidade de venda de sobras de contratos pelos consumidores. c. Formação de preços: aprimorar o mecanismo de precificação. d. Estrutura tarifária adequada: adoção de estrutura tarifária que reflita adequadamente os custos da infraestrutura de geração, transmissão e distribuição, visando aumentar a eficiência do setor por meio de uma correta sinalização de preços e da criação de instrumentos que incentivem reações efetivas dos consumidores livres e cativos. e. Fortalecimento do mercado livre: o mercado está consolidado e pronto para aumentar sua participação na economia brasileira e agregar novos consumidores. 4. Modelo institucional a. Fortalecimento e atualização do modelo institucional vigente, particularmente no tocante à expansão da oferta de energia. b. Adoção da clareza, da razoabilidade e da estabilidade como atributos indispensáveis para todos os instrumentos legais, regulatórios e administrativos disciplinadores das ações dos agentes públicos e privados. c. Preservação da segurança jurídica através do respeito a contratos, ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito, à coisa julgada e à não retroatividade de diplomas legais, regulamentos e atos administrativos. d. Fortalecimento das agências reguladoras como órgãos transparentes e com autonomia administrativa, operacional e financeira. e. Implantação da análise de impacto regulatório para examinar e medir os benefícios, custos e efeitos prováveis de uma regulação nova ou já existente. 5. Meio ambiente a. Fortalecimento do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico - FMASE como instituição do setor elétrico brasileiro que aglutina o senso comum de associações dos diversos segmentos — geração, transmissão, distribuição, comercialização e consumo — nas questões relacionadas ao meio ambiente. Rio de Janeiro, 06 de outubro de 2011. José Simões Neto Élbia Melo ABCE ABEEÓLICA Mário Menel Paulo Pedrosa ABIAPE ABRACE Reginaldo Medeiros Luiz Alberto Minnitti Amoroso ABRACEEL ABRAGEF Charles Lenzi Xisto Vieira Filho ABRAGEL ABRAGET Carlos Faria Luiz Fernando Leone Vianna ANACE APINE