Poema composto em 02 de maio de 2017, após um passeio para observar o Pôr do Sol na Praça Pôr do Sol (Alto de Pinheiros, SP).

1. Umberto Neves
SÊ PÔIS - O SOL POSTO
O Sol nasce,
O Sol se põe,
Não é crença,
É ciência.
Se bem que lá se foram 100...
Bem além,
Bem bem bem.
Foro é os milll...
Quinhentos... quarenta e três.
Abaixo a crença, senhores!
43 é só a metade do que se bate
Meus pés andar por essa cidade.
O Sol se nasce,
E põe-se.
Há muitos dos mais jeitos de se dizer uma mesma coisa,
O Sol se foi?
Dormiu?
Morreu jamais?
Jamais morreu!
Sê pôis.

2. Não quero saber de ciência
Dizem que o Sol
Resolveu não se ir nunca mais.
Se ninguém nunca sentiu a terra girando
Mas que giiram-sêe...
Sem sem tii
Sem... sentii
Mas foi preciso dizerem que gira
Nossa terra em companhia
Gira em torno do Sol.
Na Praça do Pôr do Sol se reuniu, assim como de costume,
Pouco mais de uma dezena de gente habitual.
"Vendo o sóor?" sorriu a senhora.
"Vendo, Vendo... prá se pôoh", digo eu
"Vermelhíssimo", continuei a prosar já só comigo.
10 centímetros abaixo,
Na medida da minha velha câmera, pensei
Some, dorme, desce, põe, desaparece.
Sol prá ti,
Meu ido do dia feliz.

3. Foi eu. Foi.
O Sol estivera muitas horas naqueles 10 centímetros.
Parou o Sol!
Nunca aconteceu!
O Sol decidiu não se pôr.
Juntou gente prá mais do mundo
Era uma multidão enorme,
Tudo girando, desesperadamente.
Sol? Sol! Sol. Sol de Deus!.!.
Que Diabo que aconteceu?
Eu acordei.
O Sol tinha ido mesmo já muito tempo.
Só a multidão era toda real,
Estavam todos preocupados comigo,
Se só desmaiado ou mesmo
Ido, sumido, morrido,
Outros jeitos do mesmo dito.
Fiquei envergonhado e um pouco
De medo,
Reparei que a câmera apanhada continuava ligada.

4. Bom, eu, sumi,
Não voltei mais na Praça Pôr do Sol,
Depois dessa, cuidar da vida.
Contei depois para um Amigo e Professor que também era Físico.
Ouviu tudo, tudo, demasiadamente atento e curioso.
Pensei que me aconselharia um psicólogo ou quiatra mas...
Gostou da minha história.
"Vá a essa Praça do Pôr do Sol daqui a seis meses", receitou-me.
Pôs-se no seu rumo e se foi,
Não mais o vi.
Pois bem eu me chamo Plajús,
Meu amigo, professor e físico, Socrainstein,
Só para estarmos identificados - sorry os acentos.
Voltei certo dia na Praça Pôr do Sol,
Exatamente seis meses depois,
Conforme o amigo me aconselhou,
Embora não tenha dito data específica.
Fiquei deslumbrado como sempre e
Sem nenhum trauma nem medo,
Despedi-me do Sol com encanto, e naturalmente.

5. Queria tanto dizer para o meu amigo Socrainstein
Como tudo foi tão bom e normal mas,
Meu amigo sumiu.
Meu cachorro, comunicando difíceis sinais
Não pára de latir e eu decido desvendar o problema.
Na caixa de correio, um bilhete
Quase em branco, e somente:
"Volte à Praça Pôr do Sol, exatamente..."
Comunicou, com exatidão,
A data que eu deveria estar na Praça para o Pôr do Sol.
Achei tudo muito misterioso.
O que é que eu poderia imaginar?
Meu amigo me fará uma surpresa na Praça? Uma aula?
Vou desmaiar e sonhar,
Mas sem nenhum trauma?
Multidão se formará ao meu redor?
Não consigo imaginar nada diferente,
Foi o máximo que a minha consciência vislumbrou mas,
Afinal de contas,
Meu amigo é Físico, e dos melhores.

6. 02 de maio chegou.
O dia imposto e comunicado chegou e eu disciplinado sou.
17 horas, em ponto, na Praça estou.
Chegando, meu desaparecido amigo, é o primeiro que vejo.
Calmo, calado, nem me cumprimentou.
"Belo Sol", disparo.
Não responde nada, absolutamente.
"Que será que vai acontecer?"
"Posso beber água?"
"Só não pode oferecer ao Sol", disse, para cairmos na risada.
"Você quer dar uma volta e voltarmos depois, mais tarde,
Para vermos o Sol?"
"Mas só leva 20 minutos, vamos perder?"
"Tu que sabes."
"Meu amigo, não te vejo há tanto tempo que,
Se a brincadeira é essa,
Perco o Pôr do Sol que viemos ver."
"Vamos voltar em duas horas, exatamente."
"Para onde vamos?"
"Temos que estar no cinema em menos de 20 minutos."

7. Só estivemos no Térreo do Shopping Eldorado,
Onde tomamos café pelas duas horas combinadas mesmo,
Para voltarmos à Praça Pôr do Sol.
Mas, para quê mesmo?
Muito conversamos, e para mim foi isso que valeu,
Embora não goste de perder o espetáculo do Pôr do Sol.
Socrainstein me disse que o que acontecera comigo foi um processo físico,
Nada mais que um processo físico em conexão com o Universo,
Mas que o que eu imediatamente presenciaria
Era um fenômeno único da Física para a humanidade.
Tão logo saímos do Shopping verifiquei que nada estava escuro,
Era claro como o dia.
Dirigíamos para a Praça Pôr do Sol,
Eu, curioso, mas calado, nada perguntei...
Ao chegarmos na Praça, estarrecido, verifiquei ao vivo:
O Sol estava no mesmo lugar.
"Não, não esteve", disse-me, cientificamente, Socrainstein.
"Tu não perdeste o Pôr do Sol, mas do Sol, a Ressurreição", continuou.
Nada mais disse, eu nem perguntei, contemplando o Sol, estava maravilhado.
Em 20 minutos percebi que o mesmo, ao invés de descer, estava mais alto, subia.

8. "Esse Sol vai se pôr do outro lado?" Estupidamente, perguntei.
Não respondeu, mas imaginei que não esperaríamos sei lá, umas dez horas.
E em mais 20 minutos, Sol mais alto, mais alto, mais alto...
"Não, não, esse Sol só fica até a volta do outro", disse.
"Fica. Outro..." eu, agora, voltei a doido.
Então Socrainstein explicou tudo.
Que criou aquele Sol, para viajar pelo céu até o outro voltar.
Era, digamos, um Sol substituto, mas... não era bem, assim, um Sol...
Era um corpo muito potente, extremamente luminoso,
E assim a Terra permanecia sempre iluminada, 24 horas.
"Mas é claro que eu não acabei com o Pôr do Sol,
Venha nesta Praça amanhã,
E verá o fenômeno, inimaginável,
Da substituição no Universo." Socrainstein.
O Sol nasce,
O Sol se põe,
Não é crença,
É ciência.
43 é só a metade do que se bate
Meus pés andar por essa cidade.