1) O texto descreve o lançamento do primeiro álbum de Zé Barbeiro, um violonista de choro de São Paulo.
2) Zé Barbeiro lançará o álbum "Segura A Bucha!" em apresentação única no Sesc Pompeia.
3) O álbum reúne 14 choros compostos por Zé Barbeiro e mostra seu estilo "bonachão" de tocar.
Destaques da coluna de Ignácio de Loyola Brandão no jornal O Estado de S. Paulo de 22 de maio de 2009
1. SEXTA-FEIRA, 22 DE MAIO DE 2009
D14 CADERNO 2 O ESTADO DE S.PAULO
q q q q q q q
Ignácio de segunda-feira
MATTHEW
SHIRTS
terça-feira
ARNALDO
JABOR
quarta-feira
ROBERTO
DAMATTA
quinta-feira
LUIS
FERNANDO
sexta-feira
IGNÁCIO DE
LOYOLA
sábado
MARCELO
RUBENS
domingo
VERISSIMO
Loyola Brandão LÚCIA
GUIMARÃES
VERISSIMO BRANDÃO
MILTON
HATOUM
PAIVA
ADRIANA
FALCÃO
JOÃO UBALDO
RIBEIRO
DANIEL PIZA
FusiliàmodadaLapanoreencontro CIDO GONÇALVES
FOZ DO IGUAÇU
deste grande e diverso país há Vai ver, é esta minha cara bra- ções da época com encenações
usos e costumes cotidianos, tão va. Resultado: à noite, o públi- inesquecíveis, entre elas O In-
Estava almoçando com Sueli diferentes dos nossos. Para a co dobrou. A coisa funcionou terrogatório. Eram diários os
Brandão,organizadorado2ºSa- gente de Foz do Iguaçu, por ao contrário. Em vez de pais es- meus encontros com Celso,
lão Internacional de Livros, e exemplo,sair para jantar na Ar- timularem os filhos, estes é que nossos filhos nasceram e cres-
com Rogério Bonatto, editor do gentina é coisa corriqueira. incentivaram os pais. ceram juntos. Um dia, ele me
jornal A Gazeta do Iguaçu. Eu Assim como corriqueiro, e Fui levado ao hotel Carimã, contou de sua infância na La-
brincava com Rogério, que tan- cada vez mais movimentado, o dono queria que eu autogra- pa, falou de seus pais, dona
to tinha louvado as cataratas. tem sido o Salão Internacional fasse um livro e estava feliz por Afra e seu Julio, pessoas humil-
“Elas não existem, meu amigo. de Livros, este ano aberto por me oferecer um almoço. Na ho- des que fizeram tudo para o fi-
Estivelá e vi. Aliás, não vi.” Seca Cristovão Tezza e que teve Ali- ra das apresentações, um no- lho estudar e trabalhar. O que
tenaz no Sul, as águas das cata- ce Ruiz, Pedro Bandeira, Mar- me aqui, outro ali, não guardei mais emocionava Celso era um
ratas caem quase aos pingos, as cos Sá Corrêa, Fabrício Carpi- o nome do homem. No escritó- homem chamado Erminio Gat-
rochas parecem a cratera de nejar, Tão Gomes Pinto, Euge- rio dele, vi uma foto do José ti, um dos donos da Gato Preto,
um vulcão extinto. Mesmo as- nio Bucci, Lira Neto, Carlos Lo- Mauro de Vasconcelos. Inda- que lhe deu o primeiro empre-
sim, impressionam. Foi quando pes, além de contadores de his- guei, e o homem, com uma ex- go aos 12 anos, e terminou sen-
minha garganta se manifestou tórias, oficinas literárias, sho- pressão plácida, respondeu. do seu padrinho. Ao longo dos
dolorida. Como à noite eu faria ws,microaula-show,corais,lan- “Zé era nosso amigo lá na Lapa, anos, Celso e eu temos mantido
uma palestra e como fantasmas çamento de livros. No Salão foi em São Paulo. Na Viação Gato essa ligação. Agora, ele mora
de uma gripe rondavam a at- anunciada pelo deputado Mar- Preto, da nossa família, os ôni- em Florianópolis. E de vez em
mosfera, perguntei se havia celo Almeida, presidente da bus eram batizados com títulos quando ele se lembra daquele
uma farmácia perto, queria Frente Parlamentar Mista de dos livros de Zé Mauro, e com padrinho perdido de vista.
comprar própolis e aspirina Leitura, a criação do Fundo Se- nomes de mulheres.” Então me Quando terminei, o dono do
com vitamina C. Automedica- torialdoLivroquedisponibiliza- lembrei de uns ônibus de cor Carimã estava de pé e havia lá-
ção caseira, que o meu médico rá, anualmente, R$ 40 milhões laranja que ostentavam nomes grimas em seus olhos. “Sou Er-
não condenaria. “Vitamina C? para projetos literários no Bra- como Meu Pé de Laranja Lima, minio Gatti”, ele me disse. “Cel-
Aspirina? Serve uma Bayer ale- sil, entre eles a implantação de Rosinha, Minha Canoa, Confis- so era afilhado meu e de minha
mã?”, perguntou Rogério. Res- bibliotecas e o patrocínio de pe- com um equipamento cultural go cultural e intelectual) estão sões de Frei Abóbora, Arara irmã Anita. Há anos não o ve-
pondi que sim e, quando o vi, es- quenoscontadores dehistórias. que promova a democratiza- agindo, movimentando, fazen- Vermelha (que foi filme com mos, perdemos contato. Ago-
tava ao celular, pedindo que o Marcelo tem percorrido o inte- ção do conhecimento. Espaços do. E eu que sempre reclamo Ana Maria Nabuco, uma loira ra, nos ligamos outra vez. Coi-
motoboy do jornal viesse ao res- riorparanaenseprocurandoes- de 184 metros quadrados rece- da literatura esquecida! sensualíssima. Onde estará?) sa curiosa esta vida. Como ela
taurante. Cinco minutos de- timular os prefeitos a criarem bem uma biblioteca com 2 mil O 2º Salão esteve lotado to- Súbito, me vieram imagens arma suas teias?” Em homena-
pois, o jovem estava à nossa Planos Municipais de Leitura. livros inicialmente, aparelhos dos os dias. Fiquei emocionado familiares dos anos 70. Eu casa- gem ao reencontro, Erminio li-
frenteerecebeu aincumbência: Por outro lado, num jantar, de áudio, vídeo e informática ao saber que, depois de ter fala- do com Bia, irmã de Regina gou para a cozinha e pediu car-
“Vá ao Paraguai e me traga um a secretária de Cultura Vera para acessos à internet. Nada do para as crianças de manhã, Braga (essa mesma, a atriz de neiro com fusili. Um fusili feito
frasco grande daquela aspirina Mussi, uma daquelas pessoas menosde 110municípios já abri- muitas levaram seus pais à noi- teatro e televisão, hoje mulher à velha maneira da Lapa, bair-
alemãquemecomprounasema- com quem dá prazer conver- gam o projeto e até 2010 se che- te, para ouvir e perguntar. Vá- de Drauzio Varella), que por ro tradicional de italianos.
na passada.” Virando-se para sar, revelou-me o projeto da Bi- gará ao número 200. Quer di- rias, por timidez, não tinham sua vez na época era casada Massa que dona Afra e seu Ju-
mim, Rogério acrescentou: “É bliotecaCidadã, destinado a do- zer, apesar de tudo, aqui e ali, tido coragem de levantar a com o diretor teatral Celso Nu- lio aprovariam, tão delicada e
tiro e queda!” Em cada lugar tar regiões carentes do Estado secretários de grande porte (di- mão. E queriam ouvir de novo. nes, uma das grandes revela- tenra estava. ●
Música Choro:
A felicidade inédita de ser artista
O violonista alagoano Zé Barbeiro lança o primeiro CD – Segura A Bucha! – em apresentação única no Sesc Pompeia
LEO GOLA/DIVULGAÇÃO
Francisco Quinteiro Pires ele está lançando o primeiro dis- do ainda menino em Carapicuí- lhou por mais de 30 anos na pro-
co – Segura A Bucha! – hoje, no ba,umacidadepaulista,JoséAu- fissão. Faz 12 anos abandonou o
Zé Barbeiro está “passado”. Pe- Sesc Pompeia. É o resultado do gusto Roberto da Silva conhe- ofício para dedicar-se à música.
laprimeiravez,sente “a felicida- mergulhona músicainstrumen- ceu o violão com a febre da Jo- Em 1971, num festival em
de de ser um artista”. Um dos tal realizado no início dos anos vem Guarda. O contato com o Osasco, Zé Barbeiro recebeu
violonistas mais importantes do 1970, quando largou o iê-iê-iê. samba e o choro se deu na bar- um conselho do violonista 7 cor-
choro de São Paulo, ao 57 anos NascidoemAlagoaseradica- beariadopai.ZéBarbeirotraba- das João Macacão, que está lan-
çandooCDSerestando.“Ele per-
cebeu minha pegada rítmica
boa para o choro e mandou se-
guir esse caminho.” Autodidata,
Zé Barbeiro comprou todos os
discos em que Horondino José
da Silva– o Dino 7 Cordas – toca-
Transforme va. “O Dino me ensinou a impor-
tância da firmeza rítmica, a dar
o pé no chão para o cantor ou o
a sua idéia em solista atuar”, diz. “Era dono de
impressionante segurança no
ritmo, as notas graves saíam to-
uma grande notícia das precisas.” Além de apren-
der de ouvido, comprou livros
que o ensinaram a ler partitura.
Arranjador do disco Divino
Samba Meu, com o qual Dona
Inah ganhou o prêmio TIM de
Revelaçãoem2006,ZéBarbeiro
diz que seu estilo é “bonachão”.
“Adoro fazer presepada com o ZÉ BARBEIRO – Ele é autodidata e autor de mais de 110 composições
ritmo.” Só contém a vontade de
brincar, quando percebe que o gura A Bucha! reúne 14 dos mais ção com parceiro – o violonista
cantor ou solista é tradicional. de 110 choros compostos por Zé Alessandro Penezzi – é Bafo de
Resultado de premiação do Barbeiro, responsável pelos ar- Bode. Para gravar, chamou seus
ProjetoPixinguinhade2008,Se- ranjos. No CD, a única composi- companheiros de “palhaçadas
nos botecos”, que tocam com ele
no Bar do Cidão e no Ó do Boro-
godó, ambos na Vila Madalena.
Para compor e arranjar, ele
recorre às tecnologias. “Não sei
escrever de uma vez os arran-
jos.” Primeiro, ele cantarola a
melodia e depois a registra no
Encore, software para traba-
lhar com partituras. Os floreios
e harmonias, inventa no compu-
tador. “E sempre para facilitar o
Não perca o prazo. Inscrições até 29 de Junho. trabalho dos músicos.” Zé Bar-
beiroacompanhaaevoluçãodos
Tenha no seu currículo o nome da CNN International. violonistas 7 cordas – os contra-
Participe do Concurso Universitário de Jornalismo com o pontistas de ontem vêm se tor-
tema “O uso da tecnologia no desenvolvimento social”. Você nando os harmonizadores e ar-
pode ter a sua matéria exibida na CNN International, além de ranjadores dos dias atuais. ●
conhecer os estúdios do canal em Atlanta, Estados Unidos Serviço
www.concursocnn.com.br ● Zé Barbeiro. Sesc Pompeia.
Teatro (358 lug.). Rua Clélia,
93, tel. 3871-7700. Hoje, 21 h.
De R$ 3 a R$ 12
Ouça trecho de Segura A Bucha em
www.estadao.com.br/e/d14