1) Os comentaristas discutem qual fotografia do trabalho de Sebastião Salgado eles escolheriam para preservar, com opiniões variadas sobre imagens de trabalhadores, crianças e refugiados.
2) Muitos elogiam a habilidade técnica e o humanismo nas fotografias de Salgado, que retratam a condição humana.
3) Alguns preferem imagens de seu livro "Outras Américas" que consideram o auge de sua carreira, enquanto outros destacam fases posteriores onde
2. PROJETO :PROJETO :
Se você pudesseSe você pudesse salvarsalvar (preservar para a prosperidade)(preservar para a prosperidade) apenasapenas
uma fotografiauma fotografia de todo o trabalhode todo o trabalho do fotógrafodo fotógrafo
Sebastião SalgadoSebastião Salgado, qual imagem você guardaria?, qual imagem você guardaria? Por quêPor quê??
3. Izan Petterle
Colaborador da National Geographic Brasil
Sintetizar o trabalho do salgado em apenas uma foto é algo um
tanto complicado para mim, até porque gosto muito da fase atual
dele, a de documentar o que sobrou da natureza intocada do
planeta. Inspira-me isso, a capacidade de reinvenção que um artista
deve ter. Ele teve muita coragem para abandonar a temática social
que o consagrou.
Penso que ele aparece como um Ansel Adams dos tempos
modernos, suas imagens tem a classe e a maestria dos grandes
mestres da fotografia, mas suas fotos são carregadas de uma forte
ideologia contemporânea, como um manifesto engajado na
preservação da nossa própria espécie, provavelmente a mais
ameaçada de extinção.
4.
5. Alexandre Belém
Editor do Blog Olha, Vê
foto que escolhi é a de umas crianças vestidas de anjinhos em
Juazeiro do Norte (CE), que foi feita em 1981. Escolhi ela por
uma questão de memória. Essa foto é uma das primeiras que vi de
Salgado.
Na realidade, quando conheci o trabalho de Salgado, por volta de
1991, comprei o livro As Melhores Fotos - Sebastião Salgado
(Boccato Editores, 1992).
É uma compilação maravilhosa. Para mim, a melhor época de
Salgado. O livro tem todas as clássicas que construíram o mito
Salgado. São imagens soltas, leves e que nos mostra belas fotos e
histórias. Se pudesse, salvaria o livro.
6.
7. Ricardo Chaves
Editor de fotografia do jornal Zero Hora
u escolheria o ensaio do Sebastião Salgado sobre Serra
Pelada. Seria difícil selecionar só uma, mas qualquer dessas
duas (em anexo) podem representar o todo.
Escolho isso por ser no Brasil e também pelo significado que o
garimpo tem como sonho. São (eram?) brasileiros miseráveis que
buscavam uma vida melhor. Isso já não está lá, mas continua sendo
um sonho nacional.
8.
9.
10. Luiz Eduardo Robinson Achutti
Fotógrafo e professor do Instituto de Artes (UFRGS)
ssim, sem pensar muito, nem voltar a olhar as fotos dele que há
tempos não olho, eu lembrei daquela do gordo lambuzado em
frente a uma roda enorme. O contraste é bom, de alguma forma ela
cita uma outra grande foto do Lewis Hine que já foi citada pelo
Chaplin no “Tempos Modernos”, se não estou enganado.
O Salgado evoca muito, e não por acaso, a documentary
photography americana do princípio do século passado. O seu
“Workers” é uma retomada, muitos anos depois do “Men at Work”. O
Salgado é inteligente e esperto.
11.
12.
13. Maria Wagner
Editora de Cultura do Jornal do Comércio
uardaria a imagem da trilha humana na Serra Pelada, que dá
corpo à humilhante peregrinação de uma parte da população
brasileira, escrava em 1986 e ainda hoje da política corrupta que
impede a democrática distribuição de renda e o acesso à educação
que liberta.
Essa fotografia emociona. É miséria humana serpenteando morro
acima, num esforço danadamente além do puramente humano. Acho
comovente.
14.
15. Walter Firmo
Fotógrafo carioca
trabalho de Sebastião Salgado é encantador sob todos os
aspectos. É um humanista afeito as delações e tributos
conferidos no sabor amargo da luz transcodificando certo olhar
miserável, mas complacente na denúncia que ali ou aqui certa
pessoa física sofre e se desampara.
Eu gosto de muita coisa dele, porém, fico com as fotos do livro de
Outras Américas.
16.
17. Eneida Serrano
Fotógrafa gaúcha
rovocada por teu projeto, saí a conhecer mais fotos de Sebastião
Salgado. Como deve ter acontecido à maioria dos que se
envolvem com o trabalho dele, escolher apenas uma foto torna-se
muito difícil.
Pensei, primeiro, em preservar um pouquinho de esperança ou
dignidade, nos olhares de algumas crianças ou alguns velhos
fotografados por ele. Depois, achei melhor a eloqüência das fotos
trágicas, mas belas por sua luz e sua composição perfeitas. Elas
gritam, são definitivas.
18. Eneida Serrano
Fotógrafa gaúcha
o entanto, descartei-as também porque imagino que serão
escolhidas por muitos, pois são fotos muito atraentes,
instigantes.
Acabei optando pela pior imagem que vi, onde o ser humano é
mostrado como lixo. É uma foto que supõe a presença de outro ser
humano capaz de mover aquela máquina que remove e empilha
corpos de refugiados, vítimas da fome ou de doenças, no caso em
Ruanda, mas, principalmente, vítimas da nossa indiferença.
Escolhi essa foto com vergonha da nossa contemporaneidade.
Queria ter um pouco de esperança no futuro ao manter essa horrível
lembrança.
19.
20. Fernanda Chemale
Fotógrafa gaúcha
scolho a imagem desta criança menina, pela postura que ela
tem, senhora de si.
Enquanto criança carrega a semente do homem. Enquanto menina e
mulher guarda o legado cultural e a perpetuação.
21.
22. Fernanda Rechenberg
Fotógrafa e Doutoranda em Antropologia Social
obra do Salgado é extensíssima, e é mesmo difícil conhecê-la
por completo, mas eu vou destacar aqui uma fotografia, uma das
primeiras que conheci de sua obra, que sempre me impactou.
Escolhi esta fotografia, não por ser, no plano da racionalidade, uma
“boa” fotografia. Até porque as imagens de Salgado nos trazem
sempre lições de mestre no domínio da luz natural, do instante
decisivo, na relação com o sujeito fotografado e outros aspectos
importantes do fazer fotográfico.
23. Fernanda Rechenberg
Fotógrafa e Doutoranda em Antropologia Social
ssa tampouco é uma foto “bonita”. Ela é triste. E impactante.
Porque os grandes olhos dessas crianças não vêem apenas o
estrangeiro que lhes retrata.
Esses três olhares falam da condição humana, no espanto de uma
vida que ainda não se conhece, que está por vir, por enfrentar, nas
duras condições da África. Nos indagam a possibilidade de
continuarem existindo. Acho que é uma foto que nos toca em nossa
humanidade.
24.
25. Rodrigo Marcondes
Garapa
ngraçado, nos tempos de faculdade eu tinha um pôster dessa
foto do Salgado no meu quarto de república estudantil.
Era um retrato do livro Terra, que tinha sido exposto no Átrio da
Universidade, e despertado em mim um olhar sobre a fotografia que
eu nunca tinha tido.
26. Rodrigo Marcondes
Garapa
personagem da foto é um trabalhador rural, que dentro de um
galpão ou armazém, olha fixamente para dentro da câmera. A
expressão séria, quase ameaçadora, é reforçada pelo facão que ele
segura na mão direita (se me recordo bem). A foto é vertical e revela
o dorso forte e nú do homem, que veste uma calça jeans e nada
mais.
Consigo ver o personagem da foto olhando pra mim, recordo até da
luz que entrava pela janela e insidia sobre o pôster na parte da
manhã ... Essa é a imagem que eu levaria para a posteridade.
27.
28. Pio
CIA DE FOTO
gente salvaria o trabalho Outras Américas. Se tivéssemos que
salvar apenas uma? Tarefa difícil, pois um argumento não se
sustenta por uma imagem!
Mas ficaríamos com a foto da "Santa Ceia", Brasil, 1981. Essa foto
ilustra muito bem o trabalho dele. Sua culpa católica e composição
sacra.
Tudo que ele fez depois, “Imagrations”, “Workers”, “Sem Terras”,
serviu de alguma forma para confirmar o Outras Américas, e, em
nossa concepção, nunca conseguiu superar esse trabalho.
29. Pio
CIA DE FOTO
e uma forma, sua história profissional ganhou força e efeitos
maiores, mas se voltarmos a uma relação mais pura com a
fotografia, mais "low profile" (se é que isso é possível!), o trabalho
dele estagnou.
Cresceu em proporção, alcance, estrutura, mas ficou aquém do
Outras Américas.
Observamos que somos admiradores da obra dele, mas quando
detalhamos essa obra, enxergamos fases que nos emocionam mais.
30.
31. Jorge Pedro Sousa
Investigador e professor de Jornalismo na Universidade Fernando Pessoa
ecnicamente perfeita, esta fotografia profundamente humanista e
até redentora de Sebastião Salgado evoca a suprema dignidade
do ser humano mesmo em situações-limite.