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Falar do tempo,
É ser tomado por um silêncio que se mistura à sensação de perder
Não de maneira eventual,
Mas de modo constante.
É neste vazio que corta o peito,
Sonhar em vão com o próximo instante
E no mesmo segundo,
Já lamentar o passado próximo que se tornou ausente.
É ser cobaia neste mundo que se tornou mais que estranho,
Tornou-se um quadro confuso de ideias perdidas,
De promessas não cumpridas,
De massa falida
E sonhos pendentes
É ter nos olhos cansados e no sorriso sumido
As marcas do vício da vida...
Torna-la errada não foi opção
Foi ato de fé.
Uma fé dispersa em ilusão
Falar do tempo...
É de um modo doído
Constatar que o tempo me falta.
Amanhã será um novo dia
E isto hoje simplesmente não mais me anima
Assusta !
Pois assim quis o tempo
Cobrar seu preço pelo tempo perdido,
Pelo descuido
Mas também por ironia
O dia amanhã
Será duro
O ar que respiro
Será pesado e impuro
E o céu ausente de estrelas
Neste cenário sombrio.
Serei mais uma vez
A rocha seca que não é capaz de chorar
Serei o escudo pesado e surrado
Das desavenças que tenho com o mundo
Pois se é certo que apanho...
Mais certo ainda é o tanto e o tudo que tenho amado
Pois falar do tempo,
É escrever na areia fina que nada finca e que nada prende
Uma saga anônima
É fazer de tantos erros uma lenda incógnita
Que o estranho mundo come
Mas não entende

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Falar do tempo

  • 1. Falar do tempo, É ser tomado por um silêncio que se mistura à sensação de perder Não de maneira eventual, Mas de modo constante. É neste vazio que corta o peito, Sonhar em vão com o próximo instante E no mesmo segundo, Já lamentar o passado próximo que se tornou ausente. É ser cobaia neste mundo que se tornou mais que estranho, Tornou-se um quadro confuso de ideias perdidas, De promessas não cumpridas, De massa falida E sonhos pendentes É ter nos olhos cansados e no sorriso sumido As marcas do vício da vida... Torna-la errada não foi opção Foi ato de fé. Uma fé dispersa em ilusão Falar do tempo... É de um modo doído Constatar que o tempo me falta. Amanhã será um novo dia E isto hoje simplesmente não mais me anima Assusta ! Pois assim quis o tempo Cobrar seu preço pelo tempo perdido, Pelo descuido Mas também por ironia O dia amanhã Será duro O ar que respiro Será pesado e impuro E o céu ausente de estrelas
  • 2. Neste cenário sombrio. Serei mais uma vez A rocha seca que não é capaz de chorar Serei o escudo pesado e surrado Das desavenças que tenho com o mundo Pois se é certo que apanho... Mais certo ainda é o tanto e o tudo que tenho amado Pois falar do tempo, É escrever na areia fina que nada finca e que nada prende Uma saga anônima É fazer de tantos erros uma lenda incógnita Que o estranho mundo come Mas não entende