Este projeto é uma instalação vídeo sobre uma esfera que explora o tema da estratigrafia. A artista filmou em camadas sucessivas um copo e uma praça em Porto que tem significado pessoal para ela, captando o efémero. O vídeo foi trabalhado para se fundir com a música composta para o projeto de forma não literal. A esfera foi escolhida para projetar o vídeo por simbolizar os círculos centrais à obra.
1. 2º Projecto de LECA
Título: Sem Título
Tema: Estratigrafia
Vídeo-Instalação sobre esfera
Medidas: várias
Ano: 2011
Autor(a): Sara Pinho
Sinopse :::
Tudo começou com a palavra complicada: estratigrafia...levei um gozo por não pronunciar
correctamente o nome Bourriaud. A meu ver, para que servem estes pormenores, quando a
obra em questão superou as minhas expectativas.
Foi aqui valorizado todo o processo doloroso até chegar ao resultado final. Porque é que
tudo tem de ter uma explicação, a casualidade não parece mal quando resulta. Para mim
quando esta é trabalhada para um fim específico, porque não assumi-la. Mas mesmo assim
insistem em ter uma explicação, sou sincera não a tenho, nem vou inventar! Chega de
ironias!
Ao meu olhar sobrepôs-se uma câmara e um copo, camada por camada fui filmando o que
mais me interessava visualmente. Mais do que uma alegoria, pela sobreposição das
camadas, o meu olhar foi conduzido pelo efémero. A vida foge-nos e por vezes é difícil
captá-la e nada é tão inocente como o desejo de alcançar o fugaz.
Sim, a praça tem um nome de um comandante dos Bombeiros Voluntários do Porto,
Guilherme Gomes Fernandes. A sua escolha aparentemente foi fruto da circunstância, mas
não, decidi filmá-la desde o inicio da tarde até ao entardecer. Estava certa que não bastavam
3 ou 4 filmagens, enquanto o dia acontecia as ideias iam surgindo. Já há muito tempo que
esta praça tem um significado especial para mim, desde miúda que frequento a Leitaria da
Quinta do Paço. Este local pertence ao meu imaginário infantil e actual, uma vez que já faz
parte do meu ritual de domingo.
O vídeo foi trabalhado no sentido de fazer alguma lógica com a música, esta da autoria do
meu colega Pedro Teixeira, que a meu ver não tem nada de literal, até porque existem
momentos sem som e partes onde o próprio som do exterior se funde com a sonoridade do
“bater e mexer” dos copos.
A esfera surge no processo mas a decisão não foi ao acaso, o vídeo tem como base um copo
e na sua maioria as filmagens realçam o círculo. Daí uma simbiose adequada até porque a
barreira em PVC com um círculo delimita a máscara da imagem projectada criando também
uma concordância. Se resulta porque não assumir e aceitar!