O documento resume uma entrevista com Francisco George, diretor-geral da Saúde de Portugal. Ele fala sobre sua longa carreira na saúde pública, crescendo no Hospital de Santa Marta e seguindo os passos de seu pai como médico. Ele também discute suas experiências trabalhando para a Organização Mundial da Saúde na África e como duas grandes perdas pessoais o afetaram.
1. PauloAlexandreCoelho
Este suplemento faz parte integrante
do Diário Económico Nº 6178 e não pode ser
vendido separadamente | 22 Maio 2015
“Osportugueses
têmdeperceberque
oSNS édeles”
O director-geral de Saúde, Francisco George, garante que o SNS
funciona muito bem e que tem de ser cuidado pelos cidadãos.
Uma entrevista de vida onde fala também das aventuras em África.
PERFIL
ManuelCarvalho
daSilva,sociólogoe
docenteuniversitário,
avaliaoestadodoPaís
TECNOLOGIA
Asaplicaçõesda
semanaeo‘tablet’mais
leveefinodesempreda
Microsoft
2. 4 E+Fim-de-Semana Sexta-feira, 22 de Maio 2015
T
“
Anda sempre num ritmo acelerado e, diz quem o conhece que, mesmo
os mais jovens, têm dificuldades em acompanhá-lo. Está há 15 anos na
Direcção-Geral da Saúde, já correu mundo e garante que nada o
assusta. Durante esta entrevista, Francisco George deixou cair a
aparente capa de ‘durão’ e revelou-se num registo “mais intimista do
que estava à espera”. FotografiasdePauloAlexandreCoelho
“Quandoeunão
estiverbem,
ninguémestará”
em uma história de vida recheada de persona-
gens e de aventuras. Dela fazem parte nomes so-
nantes–comoEduardoBarrosoouBragadeMa-
cedo-eoutrosdesconhecidoscomoaRosadosli-
mões.MastambémrecordaoLeão,oFiel,oJack
e as brincadeiras no Jardim da Estrela. Nasceu e
cresceu em Campo de Ourique, bairro que ainda
hojeoapaixona.Herdouoapelidodoavôinglêse
avocaçãoparaaMedicinadopai.Jáapaixãopelo
cinema veio da mãe e já perdeu a conta às vezes
que viu o filme “Rio Bravo”. Descobriu África a
trabalhar para a Organização Mundial da Saúde,
tevearmasapontadasàcabeça,andounumavião
que “pegou de empurrão”, mas o maior desafio
vive-o todos os dias: aprender a lidar com a au-
sência da mulher e de uma filha, que faleceram
numdesastredeautomóvel.
Ainda alguém lhe pergunta se é o Francisco
ouoJoão?
Muitas vezes. Quando éramos pequenos, eu e o
meu irmão gémeo éramos absolutamente iguais.
Antesdeirmosparaaescola,aminhamãetinhao
hábitodeficarnomeio,comcadaumdoseulado,
averseagravataestavabemposta,acamisa…Pe-
rante o espelho, eu tinha de fazer um sinal com a
mãoparasaberquemera.Éramoscomoduasgo-
tasdeágua.
Faziam as partidas típicas dos irmãos gé-
meos?
Descobrimos outro modo mais inovador de pre-
garpartidas.QuandoeleeratidocomoFrancisco,
continuava a conversa. E eu a mesma coisa. En-
tão, a partir de certa altura, gerou-se uma confu-
sãoenorme:‘Então,eunãotedissequevinhacáa
casa?Não,eunãoestavaàtuaespera’.
Há quem acredite que os irmãos gémeos têm
umaligaçãoafectivaespecial…
É indiscutível. A ligação afectiva existe sempre,
além de outras. Os nossos ADN são iguais. Não é
possível, à luz dos conhecimentos científicos de
hoje, distinguir o ADN de um e de outro. E, natu-
ralmente, isso tem implicações, não só em ter-
mosgenéticos,masdecomportamentos.
Aprimeiracasadosseuspaiseraporcimade
uma farmácia. E, quando era criança, costu-
mavafugirparalá…
Naquela altura, os doentes que precisavam de
medicamentostinhamreceitasmédicasquepre-
viam a preparação na própria farmácia, seja em
formadexarope,cremeoucomprimidos…Ofar-
macêutico tinha aspecto de sábio. Com três ou
quatro anos, via-o preparar os medicamentos e
erafascinante–pareciamagia!
Começou a frequentar o ensino inglês muito
cedo.Foiinfluênciadoseuavô?
Sem dúvida. O meu avô tinha vindo para a Carris
que era uma companhia inglesa. Era assessor da
administração...JáomeubisavôveioparaPortu-
gal com as máquinas a vapor, sobretudo, para a
indústrianaval.Aíestabeleceuumaescoladecal-
deireiros, chamados em inglês ‘boiler makers’.
Eleeraomasterdos‘boilermakers’.
Quem lhe contava as histórias do seu avô pa-
terno?
O meu pai visitava regularmente o cemitério in-
glês,ondeestavaafamíliadele,econtavaashistó-
rias. A honradez e a forma austera como sempre
viveram, a favor da cooperação e da transmissão
dos conhecimentos, foi a grande lição que rece-
bemosdele.Contavacommuitafrequênciaqueo
maior armador do mundo tinha proposto uma
sociedade ao meu avô que era engenheiro naval.
Recusouporqueacreditavaquetinhaumcontra-
to de cooperação, para transmitir os conheci-
mentos,enãoparafazernegócios.
Teveumaeducaçãoexigenteemcasa?
Muito,sobretudoaojantar.Eraumjantaraoesti-
lo britânico, éramos cinco filhos e todos tinham
de estar à volta da mesa. O meu pai perguntava
primeiro, do mais velho ao mais novo, o que tí-
nhamos feito naquele dia, a escola, os resultados
Ofarmacêutico
tinhaaspecto
desábio.Em
pequenovia-o
prepararos
medicamentos
eerafascinante
–pareciamagia
CONVERSAS COM VIDA. PorMartaRangel
dosexames,asnotas,olazer…
Quem fazia as perguntas de cultura geral: os
filhosouospais?
Sempre o pai. As perguntas eram diferentes to-
dososdiasecadavezmaisdifíceis.Liumarevista
editadapelaCarris,nosanos40,emqueentrevis-
tam um funcionário que trabalhou com o meu
avô. Ele diz: ‘Mr. Albert George gostava muito de
fazer perguntas de cultura geral. Perguntava isto
eaquilo…’Evimasaberqueeramasmesmasper-
guntas.
Quando os filhos não sabiam as respostas, o
queacontecia?
Ensinava. ‘Como se chama a árvore que dá no-
zes? De onde vem o azeite? Como se chama um
conjunto de peixes?’ Havia perguntas variadas,
relacionadas com coisas simples, mas que, na
nossaidade,eramcomplicadasderesponder.
Costuma dizer que nasceu e cresceu no Hos-
pitaldeSantaMarta…
Antigamente, era um hospital escolar. Em 1955,
todososserviços,doentes,médicos,enfermeiros,
3. E+Fim-de-Semana 5Sexta-feira, 22 de Maio 2015
É verdade. E não era só eu. Alguns amigos, como
oEduardoBarroso,queestudoucomigo,iajantar
paratirarnotas.
Quando começou a interessar-se por políti-
ca?
Sobretudo, antes de 74. Tinha familiares muito
próximosqueerampresosoufaziamoposiçãoao
Governo.
O que é que o seu pai costumava dizer sobre
osoposicionistasaoGoverno?
Dizia,commuitagraça,que,emInglaterra,ospo-
líticoserampagosparafazeroposição.E,emPor-
tugal,quemestavanaoposiçãoerapreso.
Ahistóriadasuavidaéfeitadealgunsnomes
sonantes – como Eduardo Barroso ou Braga
deMacedo–mastambémdepessoassimples
como Carlos, o electricista ou a Rosa dos li-
mões…
A Rosa dos limões fez-me sempre lembrar a his-
tória de Jorge Amado, dos “Capitães da Areia”. A
Rosa dos limões era uma figura ímpar, do tipo da
MariadaFonte.Conduziacomosfilhosaocolo.A
repressão policial não deixava que ela vendesse
limões!E,elaaosgritos,dizia:‘Fujam,quevemaí
aPolícia!’.
Querecordaçõestemdeumacertaviagemde
comboioacaminhodeCambridge?
Tenhoasmelhoresrecordações.Fuiveromeuir-
mão gémeo, que tinha emigrado para Inglaterra.
O meu pai terá feito um erro: separou os dois ir-
mãos gémeos porque os dois irmãos gémeos não
se separavam. Ele estava convicto que nós estu-
dávamos menos por brincarmos em conjunto.
Como tínhamos família em Londres, ele decidiu
mandaromeuirmãoestudarparalá.Euiavisitá-
-lo de três em três meses. Nessa viagem de com-
boio,acaminhodeCambridge,conheciduaspor-
tuguesas,duasprimas.Umadelasveioaserami-
nha mulher. Lembro-me de o meu irmão dizer:
‘Nãotemetascomelas,vamosantesparaopédas
inglesas.’ Mas eu respondi-lhe: ‘Estou a ver que a
MariaJoãoédiferente.’
Querecordaçõesguardadela?
A minha mulher era uma pessoa muito compe-
tente.Conseguiamanteraserenidadeperanteas
situações mais adversas. Irradiava simpatia e be-
leza. Em regra, dizemos isto das pessoas que
morreram. Mas é verdade. Foi uma arquitecta,
quesededicouaoserviçopúblico,efoiresponsá-
vel pela reconstrução da nova Aldeia da Luz.
Coordenouogabinetequetevecomomissãodes-
locar cinco quilómetros a aldeia de um sítio para
ooutro.Eladizia,commuitagraça,quenãopodia
colocar patins na aldeia. Mas foi quase isso que
aconteceu. Foi preciso reproduzir o que as pes-
soas queriam e, com a construção das novas ca-
sas, os mais ricos diziam: ‘A minha vizinha sem-
pre trabalhou para a minha família. Agora como
sedistingueaminhacasadacasadela?’.Essepro-
blema foi, mais tarde, colocado aos sociólogos.
Masaverdadeéqueelaencontravasoluçõespara
todos os problemas. As casas daquela aldeia fo-
ramtodasreinstaladasesemperturbação.Quan-
do morre num desastre de automóvel com a mi-
nha filha vinha de Alqueva. Houve um desastre
numa zona em que a estrada tinha um defeito.
Essedefeitojáfoireparado.
Como se ultrapassam duas perdas tão gran-
des?
Issonãoseconsegueexplicarnumaentrevista.
Masultrapassa-sealgumdia?
Nunca se esquece. Até porque o subconsciente
não deixa. E não deve ser esquecido, nem por
estudantes, professores foram transferidos para
o novo Hospital de Santa Maria. O Hospital de
Santa Marta ficou devoluto. O meu pai era direc-
tor de serviço de Medicina Interna no Hospital
dos Capuchos e recebeu uma proposta para con-
duzir a reabilitação do Hospital de Santa Marta.
Aceitou o desafio e pôs o Hospital a funcionar
com uma vocação apontada para a Medicina In-
ternaeparaocoração.Hoje,comosesabe,éuma
unidadedeexcelêncianasáreasdacardiologia.
O que via no Hospital que o fez querer seguir
essacarreira?
Via uma grande preocupação pelos doentes que
eram todos pobres. Na altura, não havia serviço
nacionaldesaúde.Erampessoasmuitocarencia-
das, internadas em grandes enfermarias, sem
compartimentação.Issoimpressionava-me,mas
também o cuidado do meu pai de ir visitar os
doentes ao fim-de-semana, mesmo sem estar a
trabalhar.
Aprendeu tanto com o seu pai que até tirava
notasaojantar…
mimnempelosmeusdoisoutrosfilhos.
Háamoresquenuncamorrem?
Não morrem. É isso que está escrito, no cemité-
rio:umafrasedosBeatles,escritaeminglês.
Nos anos 80, foi trabalhar para África e, pas-
sados poucos dias de ter chegado, teve logo
umaaventura…
Descobri África por acaso. O que me entusias-
mou foi o trabalho para a Organização Mundial
de Saúde (OMS). Na altura, Brazzaville era uma
repúblicapopular.Tinhaumabandeiraigualàda
União Soviética, o hino era o mesmo e tinha uns
defensoresdaRevolução.Umdia,saídohotelde-
pois de jantar e esses defensores estavam escon-
didosporcimadasárvores.Saltaram,comarmas,
pediram-meidentificaçãoeeunãotinha.Depois,
quando cheguei a Bissau, houve o golpe de Esta-
dodoNinoVieira.
E foi nesse episódio que acabou escondido
numquartodohotel?
Estava a tomar café num hotel, quando entram
soldados com uma metralhadora pesada. Puse-
ram as pessoas todas em alvoroço. Mandaram-
-nos levantar os braços e ir para os quartos. Com
muito medo, olho para o lado e vejo um portu-
guês, o António Reis, e disse-lhe: ‘Não estou aqui
alojado, não sei o que vai acontecer ‘. Entretanto,
apareceogerentedaesplanadaerefere:‘Paguem
primeiroascontasevoltemapôrosbraçosnoar.’
Acabei por ficar a dormir no quarto do António
Reis,refugiado,eficámosamigos.
Ecomoéqueumaviãopegadeempurrão?
Estava no final de uma missão, entrámos num
avião Dakota, comandado por um piloto portu-
guês e não pegava. Estava com a minha colega.
O Pombo (piloto) vai ao corredor e diz: ‘Cama-
radas, é preciso empurrar o avião.’ Desci para
ajudar. A verdade é que o avião pegou logo. De-
poisvoltoaentraredizaminhacolega:‘Olhalá,
Francisco, vais num avião que pega de empur-
rão?’ Eu disse: ‘Estou cheio de saudades da mi-
nha família, tenho de ir vê-la.’ Não havia telefo-
nes,arrisquei.
Já teve armas apontadas a si, andou num
avião que pegou de empurrão, perdeu duas
das pessoas mais importantes da sua vida.
Aindaháalgumacoisaqueoassuste?
Nada me assusta. Quando me perguntam: ‘então
como estás?´, digo: ‘Estou bem e, quando eu não
estiverbem,ninguémestarátambém.’
O meupai
diziaqueem
Inglaterraos
políticoseram
pagosparafazer
oposiçãoeem
Portugala
oposiçãoia
presa
“
Aminhamulher
conseguia
mantera
serenidade
nassituações
maisadversas.
Irradiava
simpatiae
beleza
Sexta-feira, 22 de Maio 2015
Conversas com Vida, hoje, 22h00
Veja a entrevista com o director-geral
da Saúde, Francisco George.
HD
4. 6 E+Fim-de-Semana Sexta-feira, 22 de Maio 2015
“O SNSédos
cidadãosetemde
sercuidadopor
elesdemaneira
maisparticipada.
Épreciso
escolherbem
InvestigouaSIDA,nadécadade80,quando
aindaeraumadoençadesconhecidade
todos.Em15anosdecarreira,tevedelidar
cominúmerasoutras:gripedasaves,doença
das vacas loucas, Ébola ou legionella.
D
izer a verdade é a palavra de
ordem. Mas, muitas vezes,
os problemas são tão graves
– e tão básicos – quanto a
falta de camas. Por cá, o ce-
nário é bem melhor, garante
Francisco George: “O serviço nacional de saú-
de funciona muito bem.”
É diferente lidar com uma doença como a
SIDA na Europa ou em África?
Completamente diferente. Não tem compara-
ção devido aos recursos, aos conhecimentos e,
sobretudo, às infraestruturas.
E as diferenças culturais?
Têm de ser atendidas, mas são menos impor-
tantes. Não há diferenças culturais que impe-
çam o desenvolvimento sanitário, por exem-
plo. Há pouco tempo, fui com o secretário de
Estado a Washington. Estivemos na Casa
Branca e falámos com um médico que tinha
tido Ébola, mas sobreviveu. Os outros 12, que
faziam parte da equipa, no Hospital da Guiné-
-Conacri, tinham morrido. O problema central
são os recursos. Não há médicos, enfermeiros
ou camas. Na altura, fizemos uma conta rápida
e, para os trabalhos de controlo e prevenção de
“Nunca se omiteinformação”
Ébola, precisávamos de cinco mil camas para
reduzir as cadeias de transmissão.
Enquanto director-geral da Saúde, quando
há situações de surtos, às vezes, é necessá-
rio omitir alguma informação a bem da
saúde pública?
Nunca. As epidemias têm uma regra básica: se-
rem combatidas de forma transparente, não
em ‘underground’. Ao mesmo tempo que são
informados os governantes e os homólogos,
temos de informar os cidadãos. E tem de ser
uma informação consistente, sem qualquer
tipo de omissão. Esse foi, aliás, o problema que
teve a SIDA de início. A comunicação teve defi-
ciências. No dia em que o director-geral omita
nunca mais será credível.
É possível continuarmos a ter um Serviço
Nacional de Saúde tendencialmente gra-
tuito?
Sim. O Serviço Nacional de Saúde não é gratui-
to. Todos pagamos impostos directos e indi-
rectos que abastecem o Orçamento do Estado.
DesseOrçamentosãotransferidosoitomilmi-
lhões para fazer funcionar o SNS. São os portu-
gueses que financiam o Orçamento da Saúde.
É como se fosse um grande seguro universal.
Não é verdadeiramente gratuito, mas o acto da
prestação devia ser. No plano filosófico, as ta-
xas moderadoras não deviam pesar na decisão.
A taxa moderadora visa que o acesso não seja
indiscriminado. Mas tem de ser pequena. Te-
nho dificuldade em aceitar taxas moderadoras
mais pesadas.
A bem da sustentabilidade, o SNS precisa
de ser repensado?
Tem sempre de ser repensado à luz das novas
realidades. Nascem menos crianças todos os
anos e cresce a população com mais idade. O
outro problema é a frequência das doenças
crónicas. Os hospitais que foram criados para
doenças agudas agora são para doenças cróni-
cas. É, por isso, que temos de criar unidades de
longa duração. Não faz sentido ocupar camas
para doenças agudas, sobretudo as infecciosas
ou trauma, com doentes que têm problemas
crónicos.
Para o SNS ser repensado é necessário ha-
ver acordo entre os principais partidos do
arco da governação?
Estamos em período final de legislatura e não
faço política activa. Não quero discutir essas
questões.
Mas interessa-se por política?
Todos os dias. Mas não entro em debates para
saber se a maioria deve ser feita com a esquer-
da ou com a direita. Entendo que o director-
-geral da Saúde não deve entrar no debate po-
lítico corriqueiro.
Imaginar-se-ia, um dia, a fazer política ac-
tiva?
Imagino-me como director-geral da Saúde e
nesta qualidade prefiro manter o perfil que
sempre tive. Não participo em comícios, em
listas, em coisíssima nenhuma.
E se um dia recebesse um convite para ser
ministro da Saúde?
Não está no meu horizonte.
Um ano depois de a troika ter saído, acha
que o País está melhor?
Estamos perante uma crise e deve ser terrível
estar sem emprego, sobretudo, de longa dura-
ção. É um problema e há-de ter reflexos na
Saúde. Mas também devo dizer que os princi-
pais indicadores têm mostrado uma evolução
positiva. Nomeadamente a mortalidade infan-
til que voltou a descer, em 2014, tal como a tu-
berculose. O Serviço Nacional de Saúde, como
um todo, também funciona muito bem.
Há uma percepção errada do Serviço Na-
cional de Saúde?
Os portugueses têm de perceber que o SNS é
deles. Se perguntarmos a uma pessoa, diz que
tem um seguro privado, mas, se perguntarmos
a outra, não diz que tem um seguro do Estado.
Há um sentimento pouco alcançado de per-
tença. O SNS é dos cidadãos e tem de ser cuida-
do por eles, de maneira mais participada. É
preciso estar informado e escolher bem.