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Bollywood Brasil
Expediente:
Editor-chefe: André Ricardo
Redação: André Ricardo, Claudia Lopes, Feliz Luz, Juily Manghirmalani, Rosely Toledo e Tiago Ursulino
Edição e revisão: Tiago Ursulino
Diagramação: Dayna Disha Malani, Juily Manghirmalani e Welber Conceição
Publicidade: Themis Nascimento
Divulgação: Felipe Uebio e Shadia Fernanda
Contato:
Redação: jornalismo@bollywoodbrasil.com.br
Divulgação: divulgacao@bollywoodbrasil.com.br
Anúncios/patrocínio: comercial@bollywoodbrasil.com.br
Caro(a) amigo(a) e apreciador(a) do cinema indiano,
É com imenso prazer que oferecemos aos brasileiros e brasileiras a primeira revista sobre o cinema indiano em
português e totalmente gratuita. Nós somos um grupo apaixonado pelo cinema indiano e as características que
o fazem tão singular e especial. Nosso objetivo é mostrar um pouco desse universo tão grande e multicultural.
A Índia é o país que mais produz filmes no mundo, com mais de 1200 filmes por ano. O cinema indiano possui
várias vertentes, sendo a maior delas Bollywood, que sozinha produz mais filmes que Hollywood e é a segunda
em arrecadação no mundo.
Infelizmente o público brasileiro em geral tem muito pouco acesso a essa rica cinematografia. Nós estamos
aqui para ajudar a mudar esse quadro.
Nessa primeira edição, nossa matéria principal vai apresentar ao leitor esse universo, desde suas origens até
hoje. Também temos uma matéria especial sobre algumas das principais atrizes que encantam os espectado-
res indianos.
Mas não é só: nossa revista traz ainda a resenha do filme Barfi! (que ganhou o troféu de melhor filme nos Film-
fare Awards, uma das principais premiações de Bollywood), as notícias e curiosidades do universo do cinema
indiano (vocês sabiam que uma modelo de São Gonçalo, no Rio, faz sucesso na Índia?).
Na nossa masala ainda contamos com uma entrevista com Iara Ananda, professora de Bharatanatyam (uma
das danças clássicas indianas), além do calendário das principais estreias no próximo mês.
Essa revista foi produzida com muito carinho por uma talentosa equipe e nós esperamos que vocês gostem.
Sugestões e críticas construtivas serão sempre bem-vindas (veja nossos e-mails aqui ao lado) e vão nos ajudar
a construir uma revista cada vez melhor.
Este é só o começo!
Equipe da Bollywood Brasil
pág. 4 - 6
Entrevista com: Iara Ananda
pág. 8 - 12
Matéria da Capa: O Cinema Indiano
pág. 13 - 15
Cultura: “O estupro na Índia que aterrorizou e comoveu o mundo”
pág. 16 - 19
Entretenimento: As Musas do Cinema Indiano
pág. 20 - 23
Notícias do Mês
pág. 24 | 25
Crítica: Barfi!
pág. 26 | 27
Agenda de Lançamentos
Iara Ananda Romano, nascida na cidade de São
Paulo, é formada em Dança Clássica Indiana pela
Natyalaya School of Classical Dances,
cuja matriz fica em Kerala, Índia.
Teve como professoras Patricia Romano, grande
nome da dança indiana no Brasil,
e Kalamandalam Sumathi, da Índia.
Iara atualmente tem 26 anos e desde 2008 é
responsável pela filial da Natyalaya no Brasil,
ensinando Bharatanatyam (dança clássica indiana)
e Bollywood Dance (dança moderna indiana). Além
disso coordena o curso de Bharatanatyam no
Centro Cultural da Índia (ICC) ligado ao Consulado
da Índia em São Paulo.
ENTREVISTA
	 __Quando começou sua paixão por Bollywood e pela dança?
	 Minha mãe sempre foi muito ligada à Índia, e quando começou seus estudos de Dança Clássica Indiana e ia para a Índia
regularmente trazia para mim os filmes do momento. Na época eu tinha nove anos e mesmo que alguns filmes não tivessem legenda e
durassem até três horas, eu adorava.
	 __O que a atraiu (e ainda atrai) na música e no cinema da Índia? Por que Índia?
	 Eu adoro musicais e adoro a magia de Bollywood, Quando assistia me imaginava dentro dos filmes com aquele vento no ca-
belo, dançando e cantando nas mais variadas situações. Vivendo aquelas histórias imprevisíveis, os amores impossíveis, vestindo aquelas
roupas coloridas... O cinema bollywood é mágico, quase como um conto de fadas. É o único lugar onde tudo pode acontecer...
	 __Como foi sua experiência vivendo na Índia?
	 Em 2004 eu morei em Kerala, no sul da Índia; foi incrível! Tinha aula de canto e dança todo dia, aprendi muito morando lá.
Amava as comidas, o chai e as roupas. Também estive em Mumbai, que é a meca de Bollywood. Voltei para lá em 2009 quando visitei
novamente Mumbai, Kerala e também Delhi, Agra e Rishkesh. A melhor parte foi ir ao cinema e ver na telona meus atores favoritos dan-
çando e cantando.
__Como é comandar um time de bailarinas?
É muito gratificante e divertido. Venho fazendo isso desde 2005, quando trouxemos o Bollywood Dance para o Brasil e começamos com
o grupo Bollywood Brazil. Tenho que sempre estar ligada nas novidades de Bollywood, escolher as melhores músicas e fazer coreogra-
fias para passar para minhas alunas. Como minha mãe mora na África e lá ela tem canais como Zee Tv, B4U e Sony, ela está sempre me
atualizando das novidades e me mandando os links dos hits do momento.
__Fale um pouco mais sobre sua escola.
Na minha escola ensinamos tanto a dança clássica indiana, estilo Bharatanatyam, como o Bollywood Dance. Atualmente temos mais ou
menos 60 alunos entre as aulas que dou na Casa Jaya e no Centro Cultural da Índia (ICC) e é muito gratificante fazer esse papel de pas-
sar para eles essa joia que é a dança indiana, assim como sua cultura.
__Como você se sentiu quando foi convidada para atuar na abertura da novela Caminho das Índias? Como foi a experiência?
Fiquei muito feliz, pois sabia que a novela seria uma ótima oportunidade para que as pessoas conhecessem mais sobre a cultura da
Índia. Antes da novela, as pessoas sempre relacionavam dança indiana com dança do ventre e após a novela começaram a entender
melhor essa diferença.
	 __Quais são os seus filmes indianos favoritos? E atores/atrizes indianos?
	 Eu gosto mais dos filmes antigos, mais musicais e mágicos, como o K3G [Kabhi Khushi Kabhie Gham, de 2001], Devdas [2002],
Veer Zara [2004], Fanaa [2006], Kal Ho Naa Ho [2003]. E entre os atores, claro que o King Khan [Shahrukh Khan], Aamir Khan e o grande
Amitabh Bachchan; entre as atrizes, Kajol, e hoje em dia gosto bastante de Anushka Sharma e Deepika Padukone.
__Como você compara Bollywood com Hollywood?
Acho que não há muita comparação, são tipos de cinema muito diferentes, as regras são outras... Porém de um tempo para cá Bolly-
wood tem ficado mais ligado à realidade, aos efeitos especiais, mas continua com sua essência musical e fantástica.
4 5
com Iara Ananda
por André Ricardo
__Na sua opinião, o público brasileiro gostaria de ver mais filmes indianos se tivesse oportunidade? Por quê?
Acredito que sim. De um tempo para cá Bollywood já conseguiu conquistar o público brasileiro. Na época que eu assistia, há uns 15
anos, eu tinha que esperar trazerem os filmes da Índia para assistir e só podia comentar e sonhar com as poucas amigas que assistiam.
Hoje em dia é tudo mais fácil, temos os filmes para ver online, grupos no Facebook que discutem sobre os novos filmes e hits e, agora,
até no cinema! Acho que o que faltava para Bollywood “invadir” o Brasil era a divulgação.
__Qual é sua música indiana preferida?
São tantas... Mas uma que sei de cor e acho seu significado lindo é Kal Ho Naa Ho [do filme homônimo]. Mas as que estamos mais dan-
çando no momento são: Fevicol Se [de Dabangg 2], Chikni Chameli [de Agneepath], Chammak Challo [de Ra.One], Gun Guna Re [também
de Agneepath] e Ainvayi Ainvayi [de Band Baaja Baaraat].
__Quais são seus planos/sonhos?
Meu plano é continuar dando aulas de dança, pois isso me faz muito feliz! Quero, com o meu trabalho, trazer cada vez mais gente para
esse mundo da Índia e para a magia de Bollywood.
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contato: comercial@bollywoodbrasil.com.br
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O CINEMA INDIANOpor Juily Manghirmalani
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	 Cem anos atrás, Dhundiraj Goving Phalke plantou as sementes de uma indústria que iria crescer do início do cinema mundial,
na era silenciosa e de pequenas produções, até a exuberante produção atual de mais de 1200 filmes ao ano.
	 O primeiro filme de Phalke, Raja Harishchandra (1913), é reconhecido como um dos primeiros de toda a Índia.
	 Conhecido como o “Méliès do cinema indiano”, Phalke agregou seu conhecimento cinematográfico e político desde a sua pri-
meira obra e implantou a ideia de um cinema
com grande teor nacionalista (na época, a Índia
ainda estava sob domínio britânico).
	 Raja Harishchandra conta uma história in-
spirada no poema épico indiano Mahabharata.
Este filme uniu o cinema – a nova invenção oci-
dental –, com as histórias de caráter religioso
comuns aos indianos. Filmes com a atmosfera
do “fantástico” e devoção religiosa atraíram
enormes multidões. Houve vezes em que a
audiência chegou a relacionar, através desses
filmes, atores/atrizes com figuras religiosas,
colocando fotos desses artistas em casas de
reza (templos) junto às imagens de deuses. Os
filmes religiosos continuaram a ser o gênero
mais prolífico do cinema indiano, pois muitas
vezes eram vistos como parte do ensino da religião e cultura, não somente como entretenimento. A profunda “indianização” desse cin-
ema, desde seu nascimento, marcou sua identidade mesmo antes da chegada do cinema falado, na década de 1930.
	 Durante a era silenciosa, todo o país costumava assistir aos mesmos filmes. Porém, quando o cinema falado chegou em 1931
com Alam Ara, houveram divisões dentro das produções cinematográficas indianas. Junto do crescimento avassalador de filmes, cada
região seguiu seu próprio padrão dentro desta arte. Essas ramificações ficaram conhecidas como “cinemas regionais”. Existem sete
tipos diferentes de cinema reconhecidos atualmente: o cinema bengalês de Calcutá; o cinema híndi de Mumbai; o cinema canará de Kar-
nataka; o cinema malaiala de Kerala; o cinema marati que nasceu em Nasik, desenvolveu-se em Kolhapur e Pune, mas agora tem Mumbai
como sede; o cinema tâmil de Tâmil Nadu e o cinema telugu de Andhra Pradesh. E produzindo-os, há cinco indústrias cinematográficas
diferentes, cada uma com a sua maneira de contar histórias. As mais famosas são: Bollywood (do cinema hindí), em que o romance,
músicas e a boa moral prevalecem; Tollywood (do cinema telugu), grande produtor de filmes históricos, folclóricos e mitológicos; e
Kollywood (do cinema tâmil), conhecido por filmes de ação e muitos efeitos especiais.
as línguas locais, ignorando o inglês ou híndi (línguas mais faladas na Índia).
Mas há também diferenças de convenções dentro dos filmes. A utilização diver-
sificada de gêneros do cinema híndi e tâmil fazem dessas produções as mais
bem aceitas pela população indiana interna e da diáspora. Outros cinemas
como o malaiala, por exemplo, que cultivam histórias conservadoras da Índia
com estéticas experimentais, não costumam sair do próprio estado.
	 O cinema híndi é, em termos de público, a mais conhecida indústria
cinematográfica indiana. Essa indústria abrange o maior número de especta-
dores dentro do país, como também possui grande reconhecimento internacio-
nal, especialmente onde existem as maiores diásporas, como no Reino Unido,
Estados Unidos, Canadá e Austrália.	
	 Os indianos amam o cinema. São inúmeras as historias de pessoas
que contam sobre o prazer de ver trinta vezes o filme Sholay (1975) – uma das
maiores bilheterias indianas –, ou idolatrar Amitabh Bachchan – que sempre
atuava como o personagem tipicamente mau mas com bom coração –, ou
mesmo dançar com Shah Rukh Khan em outros filmes. O laço com o cinema
manteve-se forte na Índia, que sempre desempenhou grande papel sociocul-
tural. Até o final dos anos 80, quando celulares e internet não existiam e viajar
era algo para uma minoria indiana, o cinema fornecia um ligação importante
com a cultura indiana, apresentando uma ideia nostálgica de lar para seus imi-
grantes. Hoje as audiências da diáspora não precisam mais esperar para ver
um filme em híndi e podem, muitas vezes, assistir aos filmes na mesma data
de estreia que na Índia.
As maiores causas da existência de tantos cinemas são primeiramente as diferenças culturais e de idioma dos estados, que dificultam
o intercâmbio de filmes dentro do próprio país. A maior parte deles mantém
	 A arte cinematográfica indiana se estabilizou com um significante domínio sobre o entretenimento de massa desde os anos 40.
A fórmula de sucesso em bilheterias foi criada e consistia em: canções, dança, espetáculo, retórica e fantasia. A junção e significante rela-
ção entre o consciente indiano sobre o entretenimento épico (músicas, teatros, entre outros) e a arte cinematográfica foram estabelecidas.
	 Segundo historiadores, a década de 50 foi a “Idade de Ouro” do cinema popular indiano. Paralelamente, na metade da mesma
década o distinto cinema de arte indiano tomou forma com o bengalês Satyajit Ray. Pather Panchali (1955) ganhou fama internacional e
reconhecimento de crítica. Pather Panchali, Aparajito (1956) e Apur
Sansar (1959) ficaram conhecidos como a Trilogia de Apu, uma das
obras-primas do cinema mundial. O cinema de Ray tem ênfase no
realismo, na sondagem psicológica e na poesia visual. Utilizando-
se de filmagens externas em vez de estúdios e escalando atores
não profissionais, Ray contrastava enormemente com as práticas
comuns do cinema indiano da época.
	 Olhando para o século de cinema indiano, particularmente
após a era silenciosa, pode-se ver que a fórmula de sucesso do
cinema popular indiano manteve-se essencialmente inalterada. Os
filmes continuam ligados aos contos morais, devem possuir grandes
estrelas interpretando heroínas atraentes e heróis fortes, junto dos
vilões caricatos, músicas que empolgam, difíceis cenas de ação e finais felizes. Porém, em aparato técnico, o cinema popular indiano
possui desenvolvimento de última gera ção e modernidade.
	 Apesar do cinema híndi ser conhecido por promover integração nacional, o medo de causar ofensas tem evitado, em muito, a
possibilidade de tratar de temas controversos. Ao invés disso, oferece um mundo idealizado onde a virtude é recompensada, maus hábi-
tos são punidos e o romance triunfa. Nas palavras do roteirista e poeta Javed Akhtar, “Temos muitos estados na Índia, incluindo Gujarat,
Punjab, Rajasthan e Bengala, cada um com suas culturas, tradições e estilos diferentes. Existe um outro estado no país, chamado
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Cinema Híndi, que possui sua própria cultura, que é diferente da cultura indiana, mas não é alienígena para nós, nós a compreendemos.”
	 Existem várias teorias para o sucesso do cinema híndi na Índia. Antes do “boom” da televisão, acreditava-se que a poderosa in-
fluência do cinema vinha de ser a única fonte acessível de entretenimento de massa. Em uma recente conversa em memória de Dadasa-
heb Phalke, o diretor e roteirista Shyam Benegal argumentou que a efetiva mistura dos oito rasas (formas de emoções primárias) – amor,
alegria, fúria, compaixão, desgosto, medo, “heroísmo” e admiração – fez com que o cinema híndi proporcionasse emocionalmente uma
experiência satisfatória para diversas audiências de diferentes cunhos sociais. Amitabh Bachchan, por sua vez, observa que a populari-
dade dos filmes vem de seus heróis e heroínas, que são manifestações modernas de personagens mitológicos dos épicos Mahabharata
e Ramayana. “O que o cinema hindi realmente proporciona aos espectadores”, diz Bachchan, “é uma justiça poética de três horas, uma
façanha que a maioria de nós no mundo jamais teria conquistado em uma ou muitas vidas.”
	 Apesar do cinema híndi ser frequentemente criticado pela repetição de histórias e personagens, a música tem sido aberta-
mente reconhecida como a carta principal dos filmes. Isso foi particularmente verdade nos anos 50 e 60 quando brilhantes produtores
de filme, poetas de híndi/urdu, compositores e coreógrafos elevaram o nível dos filmes como forma de arte.
	 Hoje, um grande número de filmes vem sendo produzido por uma nova geração de habilidosos diretores, incluindo Vishal Bhard-
waj, Dibakar Banerjee, Anurag Kashyap e Shimit Amin. Eles têm ultrapassado as fronteiras do cinema híndi convencional, contando histórias
com maior teor de realidade e em uma linguagem jovem e atual, apresentando uma atitude irreverente pouco vista anteriormente. O desejo
por diferentes histórias não é totalmente novo: dramas realistas já foram vistos no cinema indiano nos anos 70 em um movimento paralelo
ao mainstream. A diferença é que os diretores atuais competem com os de grande bilheteria nos grandes cinemas indianos.
	 O cinema indiano, ou melhor, os cinemas indianos estão passando por diversas mudanças com os processos de globalização e
com a crescente modernização técnica e de acesso. Muitas de suas produções populares são feitas fora do país em coproduções, o que
aumenta tanto a forma de entretenimento quanto o turismo nacional. Pode-se esperar que seja questão de pouco tempo para que nós,
brasileiros, tenhamos melhor conhecimento e acesso à enorme cinematografia indiana.
O estupro na Índia que aterrorizou
e comoveu o mundo
Morreu no dia 29 de dezembro de 2012, após 13 dias de luta em um hospital de Cingapura, a jovem indiana que sofreu estupro coletivo dentro de um
ônibus na capital do país.
Entenda o caso:
	 No dia 16 de dezembro uma estudante de
medicina de 23 anos voltava para casa com o namo-
rado após assistir ao filme As Aventuras de Pi num
shopping center de Nova Délhi. Depois de entrarem
num ônibus, os 6 homens que estavam no veículo
(entre eles o motorista) estupraram e torturaram a
mulher de maneira tão brutal que chegaram a ar-
rancar 95% do seu intestino e a deixaram com feri-
mentos graves na vagina. O namorado da vítima foi
espancado com barras de ferro antes dos homens
se revezarem para estuprá-la, informaram policiais.
Devido aos ferimentos, as autoridades acreditam que
as mesmas barras foram também utilizadas durante
a violação sexual da estudante.
	 A jovem foi estuprada por quase uma hora,
antes de ser jogada para fora do veículo em movi-
mento. Segundo o jornal “The Indian Express”, ela e
seu namorado tiveram as roupas arrancadas antes
de serem jogados do ônibus. “O namorado a retirou
da via quando viu que o ônibus dava marcha à ré para
atropelá-la”, completa o jornal.
	 A imprensa indiana informou ainda que a jo-
vem mordeu três dos seis agressores em tentativa de
defesa. As marcas das mordidas, o sangue, o espe-
rma, os fios de cabelo e o depoimento do namorado
devem ser usados como provas contra os acusados,
segundo a imprensa e fontes policiais. Um dos famili-
ares da vítima teve acesso ao boletim médico: segun-
do ele, o documento diz que a jovem foi estuprada
pelo menos duas vezes por cada um dos violadores.
Lâminas foram utilizadas para rasgar as roupas e,
por isso, a vítima sofreu diversos cortes.
Depoimento do namorado:
	 O namorado da jovem criticou o fato de nin-
guém ter se aproximado deles para ajudá-los depois
de ocorrida a tragédia. “Tentamos parar as pessoas
que passavam. Durante 25 minutos, vários riquixás,
carros e motos desaceleraram, mas ninguém parou”,
disse em entrevista ao canal “Zee News”. “Não tín-
hamos roupa, não podíamos nos levantar e havia
gente passando do nosso lado. Poderiam ter nos
levado ao hospital ou nos dado roupas”, afirmou o ra-
paz. O jovem criticou também a atuação do hospital
da capital indiana para onde ambos foram levados
inicialmente, onde, segundo sua versão, tiveram que
por Feliz Luz
1312
14 15
Comoção e protestos na Índia:
	 A comoção causada pela morte da jovem levou os indianos a um exame de consciência sobre a forma como a mulher é tratada
no país, e gerou uma rara onda de protestos. O crime levou milhares de pessoas a se manifestarem diariamente em Nova Délhi e em
outras cidades indianas pedindo a forca para os culpados, mais proteção às mulheres e rigorosos castigos aos policiais que não atuam
contra os ataques sexuais.
Segundo o Escritório Nacional de Registro de Crimes (NCRB, na sigla em inglês), em média uma mulher foi violentada a cada 20 minutos
na Índia em 2011, último ano de que há dados, mas apenas um de cada quatro estupradores é levado a julgamento no país, devido à
corrupção policial. Além disso, estima-se que grande parte das vítimas sequer chega a prestar queixa, entre outras razões por medo de
manchar a própria reputação.
Reação da família:
	 O pai da jovem violentada revelou a um veículo britânico o nome de sua filha, Jyoti Singh Pandey, no dia 6 de janeiro de 2013. Até então
seu nome havia sido mantido em segredo, e a imprensa se referia à vítima por meio de pseudônimos como “Amanat” (“tesouro”) e “Nirbhaya”
(“destemida”). No entanto, em entrevista publicada pelo jornal “The Sunday People”, Badri Singh Pandey, de 53 anos, afirmou querer que “o mundo
conhecesse seu nome verdadeiro”. “Minha filha não fez nada de mau, morreu enquanto se defendia”, declarou. “Estou orgulhoso dela. Revelar seu
nome dará coragem a outras mulheres que sobreviveram a esses ataques. Encontrarão força na minha filha”, explicou.
	 Badri disse ainda que embora a princípio tenha desejado ver os responsáveis pela morte de sua filha cara a cara, acabou por mudar de
ideia. “Agora só quero ouvir que os tribunais os condenaram e que vão ser enforcados”, acrescentou o homem, que admitiu que quer “a morte para
os seis”. O pai da estudante indiana também reconheceu ao jornal que não tem palavras para descrever o que sua filha sofreu durante o ataque:
“Tudo que posso dizer é que os criminosos não são humanos, nem sequer animais. Não pertencem a este mundo”.
“esperar e suplicar por roupas”. “Se ela tivesse sido internada desde o princípio em um bom hospital talvez estivesse hoje aqui
conosco”, disse.
	 O jovem repreendeu ainda a polícia e disse que boa parte da situação precária das mulheres na Índia era responsabilidade da
instituição. “A polícia não é uma pessoa, é um sistema, e se o sistema falha repetidamente, as pessoas responsáveis deveriam renunciar
aos seus postos por razões morais”, atacou. Ele acrescentou que a vítima disse às autoridades que sua vontade era de que seus agres-
sores fossem “queimados vivos”.
Processo acelerado contra os agressores:
	 Um tribunal de Nova Délhi move processo contra cinco dos seis acusa-
dos de estuprar e torturar a jovem. Os promotores dizem ter amplas provas
contra os suspeitos, que poderão ser condenados à pena de morte se con-
siderados culpados. Os cinco acusados são Ram Singh (o motorista do ôni-
bus), seu irmão Mukesh, Pawan Gupta, Vinay Sharma e Akshay Thakur. O sexto
acusado tem 17 anos e por isso está preso em um centro de detenção para
menores e será julgado em um tribunal juvenil. Segundo a polícia, ele foi o
mais violento durante o ataque. O processo foi acelerado para que os acusados
pudessem ser julgados semanas após o crime, ao invés de meses, como seria
o procedimento tradicional.
Talvez a maior estrela viva de Bollywood, o ator Amitabh Bachchan disse na sua página do
Facebook: “O terrível caso de estupro em Nova Délhi está além de qualquer tipo de vocabu-
lário para descrever sua ocorrência! É um ato de um demônio, um monstro que merece a
punição mais cruel, um castigo que deve servir de exemplo para qualquer agressor que vier a
cometer tal ato no futuro. Punir os culpados, com a punição mais severa possível. Mas tam-
bém vamos fazer uma introspecção! O que está acontecendo de errado com a nossa socie-
dade, o nosso povo? Em algum lugar, a falta de medo da justiça, do sistema, da nossa moral e
nossa formação tem dado origem a uma liberdade para cometer tais crimes! Deixemos cada
indiano se tornar um vigilante, um soldado, um comandante que deve combater tais crimes
hediondos com força e convicção!” O ator também homenageou a vítima com um poema.
A atriz Jaya Bachchan (64 anos, casada com Amitabh Bachchan) disse: “É uma vergonha. Eu
não sei o que dizer. Estou abalada. Até agora eu pensava que nós estávamos vivendo em um
país onde as mulheres eram consideradas deusas.”
O ator Shahrukh Khan, o “rei de Bollywood”, expressou seu temor de que esse crime possa
entrar em qualquer lar se não for controlado. No Twitter, ele disse: “Não podemos culpar um
[único] ato medonho como a deterioração coletiva do mundo em que vivemos. Se nós não
punirmos os estupradores, então legitimamente seremos punidos... em breve... muito em
breve... quando este crime desumano chegar em nossas casas e atingir nossas famílias.”
14 15
A atriz Kareena Kapoor: “Nossas leis devem ser reavaliadas. A justiça tem que acontecer mais rá-
pido.”
O diretor e ator Farhan Akhtar opinou que “os culpados devem ser tratados como terroristas” e disse
acreditar que “a punição rápida e severa é a única solução.”
O ator Salman Khan concorda que os violadores devem ser enforcados. “Na minha opinião, deve
haver sentença de morte para todos os estupradores.” Salman disse ainda que as pessoas devem ter
tolerância zero para tal crime e que devem tentar impedi-lo no caso de se depararem com qualquer
incidente. “Eu acho que a sociedade indiana precisa ser mais dabangg na sua abordagem [o ator se
refere ao título de um de seus filmes de maior sucesso, que significa “destemido”] Recentemente, li
numa notícia que uma garota estava sendo molestada enquanto as pessoas ali perto estavam vendo
vídeos em seus celulares.”
A atriz Sridevi escreveu a seguinte mensagem no Twitter, antes da morte da vítima: “Meu coração vai
para a jovem e para sua família em Nova Délhi. Esperança de que a justiça condene os culpados deste
crime hediondo com uma punição severa.”
A cantora Anushka Manchanda fez a seguinte declaração: “Castrá-los e deixá-los viver e dar-lhes a
chance de se transformar em psicopatas mais perigosos? Não. Pena de morte.”
	 Reação de algumas estrelas de Bollywood:
	
	 Vários astros do cinema indiano também demonstraram publicamente sua indignação com o caso.
Na mitologia grega, as musas eram filhas de Zeus e Mnemósine, e seriam responsáveis por inspirar os seres humanos na execução de obras de arte e na ciência. Com o tempo, o substantivo deixou as alturas do Monte Olimpo e passou a se referir simplesmente a uma linda humana que pudesse
encantar corações.O cinema indiano, sendo tão popular, não poderia deixar de ter as suas musas. Ou melhor: as suas “Radhas”, “Sitas” ou “Satis” (figuras femininas importantes no hinduísmo). De fato, elas existem e são muitas, algumas talvez mais amadas e “seguidas” pelos fãs do que qualquer musa
do cinema ocidental. Os sites e revistas estão sempre cheios de notícias sobre suas beldades: onde elas estiveram? Com quem foram vistas? Estão ou não namorando? Quando vão se casar? E, claro: quais são as próximas produções em que elas serão vistas?
Separamos aqui algumas dessas musas de destaque, que com certeza encantam multidões e inspiram os versos das músicas que embalam os filmes indianos.
As Musas do Cinema Indiano por Rosely Toledo
NARGIS	
	 Se olharmos para o passado do cinema híndi, é difícil não se
lembrar de Nargis. Nascida Fatima Rashid no 1º de junho de 1929 e
falecida em 3 de maio de 1981, é considerada uma das maiores atrizes
da história de Bollywood, fazendo sucesso antes mesmo deste termo
começar a ser utilizado.
	 Fez sua estreia no cinema ainda criança em Talashe Haq
(1935). Trabalhou com grandes nomes da época de outro do cinema
indiano como Dilip Kumar e Raj Kapoor. Um de seus papéis mais impor-
tantes foi o de Radha no filme indicado ao Oscar, Mãe Índia (1957), que
lhe valeu o troféu de Melhor Atriz no Filmfare Awards. O filme é um dos
poucos que pode ser encontrado em DVD no Brasil.
	 Em 1958, se casou com o ator Sunil Dutt e deixou a indústria
do cinema, aparecendo raramente nas telas nos anos 60. Um dos filmes
deste período foi o drama Raat Aur Din (1967), como qual ela ganhou o
prêmio de melhor atriz no National Film Award (importante premiação
de cinema da Índia, mais abrangente que os Filmfare por incluir filmes
de todo o país).
	 Nargis morreu em 1981 vitimada de câncer, poucos dias antes
de seu filho Sanjay Dutt fazer sua estreia em Bollywood. Em 1982, o
Nargis Dutt Memorial Cancer Foundation foi criado em sua memória.
KAJOL DEVGN
	 Kajol Devgn (nascida Kajol Mukherjee, ganhando o novo sobre-
nome após casar com o astro Ajay Devgn) nasceu em 5 de agosto de 1974
em Mumbai, filha do diretor e produtor já falecido Shomu Mukherjee e
de Tanuja, atriz da década de 1960. Com uma família em que seu pai
e tios dominam o cenário como produtores e várias mulheres seguiram
carreira como atrizes, não tinha como fugir da profissão. Recebeu vários
prêmios nos Filmfare Awards (5 como melhor atriz e 1 como melhor vilã).
Em 2011, o Governo da Índia concedeu-lhe o Padma Shri, a quarta maior
distinção civil do país. Kajol possui um estilo e elegância próprios tem-
perados com um toque picante. Conhecida por seu talento de atuação e
exuberância, ela tem uma natureza ao mesmo tempo vulnerável e feroz.
	 Iniciou seu trabalho em filmes mais como um hobby do que
como uma escolha de carreira. Estreou no filme de Rahul Rawail Bekhudi
(1992); no entanto, foi Baazigar (1993) que lhe valeu o reconhecimento
como atriz. Com o clássico Dilwale Dulhania Le Jayenge (1995), filme que
quebrou recordes de bilheteria, Kajol ganhou seu primeiro prêmio de
melhor atriz nos Filmfare Awards.
	 A versátil atriz deu então um passo ousado ao fazer uma vilã
em Gupt (1997), que fez dela a primeira mulher a receber o prêmio de in-
terpretação de uma vilã nos Filmfare Awards. Kuch Kuch Hota Hai (1998),
concedeu-lhe nova premiação como melhor atriz, assim como depois
Kabhi Khushi Kabhie Gham (2001), ambos filmes de Karan Johar que mar-
caram época.Após um período ausente, Kajol retornou em Fanaa (2006).
O filme foi um sucesso internacional e rendeu-lhe o quarto prêmio Film-
fare Award de melhor atriz. O público brasileiro pôde conferir a beleza e
o talento de Kajol em Fanaa nos cinemas em 2012.Mais recentemente,
My Name Is Khan (2010) proporcionou–lhe elogios da crítica. O filme tam-
bém marcou a volta do casal Shahrukh Khan & Kajol, que estrelou tantos
filmes marcantes no passado recente.
AISHWARYA RAI BACHAN
	 Portadora de um dos nomes e rostos que mais facilmente vêm
à mente quando se pensa em Bollywood, Aishwarya Rai (que entrou para
a família Bachchan por seu casamento com Abhishek Bachchan, filho de
Amitabh Bachchan), nasceu em 1 de novembro de 1973, em Mangalore.
Começou a trabalhar como modelo desde sua adolescência. Em 1994,
com os prêmios de Miss Índia e Miss Mundo, obteve popularidade inter-
nacional e isto foi seu trampolim para o mundo do cinema.
	 Atuou pela primeira vez no filme tamil Iruvar (1997). Logo
começou a participar de grandes produções híndi, como Hum Dil De Chuke
Sanam (1999). Com Devdas (2002), clássico instantâneo indiano, encan-
tou não só seu país mas a Europa, pois o filme foi “descoberto” pelo Festi-
val de Cannes. O mesmo festival convidaria a atriz para fazer parte do seu
júri no ano seguinte.
	 Também fez filmes fora do país. Sua primeira produção com
capital dos EUA foi Bride and Prejudice (2004), uma adaptação de Orgulho
e Preconceito, A Última Legião (2007), filme estrelada por Colin Firth e
Pantera Cor de Rosa 2 (2009).
	 Na Índia, seus filmes mais recentes incluem Jodhaa Akbar (2008)
e o drama Guzaarish (2010), seu último filme antes de uma pausa na car-
reira após o nascimento de sua primeira filha.
	 Recebeu prêmios nos Filmare Awards, Screen Awards e IIFA Awards.
Frequentemente citada na mídia como “a mulher mais bonita do mundo”, fora
da tela atua como embaixadora para várias organizações e campanhas de
caridade. Em 2009 recebeu a distinção Padma Shri do governo indiano, e em
2012 o Ordre des Arts et des Lettres do governo francês.
				RANI MUKERJI	
	 Rani Mukerji nasceu numa família bengali dedicada ao cinema. Seu pai, Ram
Mukherjee, é diretor aposentado e um dos fundadores da Filmalaya Studios, enquanto
sua mãe, Krishna, era uma cantora de playback. É prima da atriz Kajol. Fez sua estreia
como atriz com uma participação especial no filme bengali Biyer Phool (1992), sob in-
sistência da mãe. Posteriormente foi apresentada a Karan Johar e fez Kuch Kuch Hota Hai
(1998), que lhe valeu um prêmio Filmfare de melhor atriz coadjuvante.
	 Em 2005 fez Black, de Sanjay Leela Bhansali, em que encarnou o impression-
ante papel de uma jovem cega tutorada por um professor radical (o grande Amitabh
Bachchan). Por este filme recebeu elogios unânimes da critica, além do prêmio de melhor
atriz nos Filmfare e o mesmo prêmio por parte dos críticos.
	 Desde o seu início no mundo do cinema, Rani já atuou em cerca de 40 filmes. Sua últi-
ma atuação foi no filme Talaash (2012), onde novamente foi escolhida melhor atriz coadjuvante.
SONAKSHI SINHA
	 Sonakshi Sinha é uma das mais recentes musas do cinema indiano, Sinha começou
sua carreira como modelo e foi o destaque no Lakme Fashion Week de 2008 e em seguida
novamente em 2009. Sonakshi Sinha também é uma designer de moda, e desenhou os figuri-
nos para o filme Mera Dil Leke Deko (2005).
	 Sua carreira em Bollywood teve inicio ao estrelar o blockbuster Dabangg (2010),
ao lado do superastro Salman Khan. O tremendo sucesso do filme fez com que os diretores
voltassem seus olhos à sua beleza não convencional.
	 Seus outros filmes foram lançados em 2012: Rowdy Rathore, Joker, OMG: Oh My God! e
Son of Sardaar. Também reapareceu na sequência de seu primeiro sucesso, Dabangg 2.
	 Não é todo dia que Bollywood vê atrizes subirem as escadarias do sucesso tão ver-
tiginosamente. Seus próximos projetos serão Lootera, Once Upon a Time in Mumbai 2, Bullet
Raja e Rambo Rajkumar, todos com estreias marcadas para 2013.
MADHURI DIXIT
	 Madhuri Dixit Shankar nasceu em 1967, em Mumbai.
Foi uma dançarina de Kathak (um dos estilos clássicos de dan-
ça indiana) e atuar não era o seu primeiro objetivo: queria ser
bióloga, e seguiu o curso na Universidade de Mumbai.
	 Estreou no cinema em 1984, mas foi a partir de
Tezaab (1988) que atingiu a fama. No filme, contracenava com
Anil Kapoor, famoso ator indiano que viria a ser no futuro o
apresentador do programa de perguntas no filme Quem Quer
Ser Um Milionário? (2008).
Madhuri foi laureada várias vezes nas importantes premia-
ções Filmfare, Star Screen e Zee Cine por suas atuações em
Dil (1990), Beta (1992), Hum Aapke Hain Koun...! (1994), Raja
(1995), Dil To Pagal Hai (1997), Mrityudand (1997), Lajja (2001)
e Devdas (2002).
	 Em 1999 casou-se e mudou para Denver, Colorado,
EUA, onde posteriormente deu à luz a dois filhos, Em 2006,
a família da atriz temporariamente voltou a viver na Índia,
pois Madhuri viria a estrelar no filme Aaja Nachle, que mar-
cou seu retorno às telonas depois de seu retiro de meia
década desde Devdas. Madhuri deixou seus fãs em espera
novamente desde então, mas em 2013 deve estar de volta
com a produção Gulaab Gang.
	
PRIYANKA CHOPRA
	 Priyanka Chopra é atriz, cantora e compositora. Como Aish-
warya Rai em 1994, foi eleita Miss Índia e Miss Mundo em 2000,por sua
beleza deslumbrante e seu talento, Priyanka é considerada uma das
celebridades mais populares, atraentes e fashion na Índia atual. Sendo
figura comum em apresentações na televisão e em shows, também es-
creveu colunas em jornais nacionais, é ativa em trabalhos de caridade e
tem muitos contratos publicitários.
	 Sua estreia se deu com o filme Thamizhan (2002), em tamil.
The Hero (2003) foi seu início em Bollywood. No mesmo ano fez An-
daaz, sucesso de bilheteria pelo qual ganhou o prêmio de melhor estre-
ante feminina nos Filmfare Awards. Por Fashion (2008) recebeu ótimas
críticas que lhe renderam o prêmio de melhor atriz nos Filmfare. Tem
alternado na carreira papéis simples em comédias românticas (como
em Dostana, de 2008) com personagens mais desafiadores. Um bom
exemplo destes é 7 Khoon Maaf (2011), filme que protagoniza e pelo qual
foi eleita como melhor atriz (prêmio dos críticos) nos Filmfare.
	 Em 2012 estrelou em dois grandes sucessos: Agneepath (ao lado
de Hrithik Roshan) e Barfi! (leia a nossa crítica do filme nesta edição).
	 Em 2011 lançou-se no mundo da música e assinou um con-
trato de gravação com a Universal Music Group e DesiHits para seu
primeiro álbum. Sua canção de estreia, In my city foi bem sucedida co-
mercialmente na Índia. Vamos aguardar o que vem pela frente.
KAREENA KAPOOR
	 Kareena Kapoor, casada com o ator e produtor Saif Ali Khan,
nasceu em 21 de setembro de 1980, filha dos atores Randhir Kapoor e Babi-
ta. Fez sua estreia no filme Refugee (2000), e já em 2001 participou de Kabhi
Khushi Kabhie Gham, enorme sucesso comercial.
	 Depois de receber críticas negativas por uma série de persona-
gens repetitivos, Kareena aceitou fazer personagens mais fortes e foi então
reconhecida por sua versatilidade. Seu papel como prostituta em Chameli
(2004) provou ser o ponto de virada na sua carreira, e ela foi mais tarde
elogiada por suas performances em filmes aclamados como Dev (2004) e
Omkara (2006) (pelos quais ganhou o prêmio de melhor atriz nos Filmfare
Awards por parte dos críticos). Desempenhou o papel feminino principal
na comédia Jab We Met (2007) (melhor atriz nos Filmfare) e no drama 3
Idiots (2009), filme responsável pela maior bilheteria de Bollywood de todos
os tempos. Essas conquistas a estabeleceram como uma das principais
atrizez do cinema híndi.
	 Para o ano de 2013 seus projetos são os filmes Satyagraha (ao lado
de nomes como Amitabh Bachchan, Ajay Devgn e Arjun Rampal) e Gori Tere
Pyaar Mein (com Imran Khan).
Notícias do mês
Ronaldinho Gaúcho teve uma recepção
digna de um líder político ou religioso ao
desembarcar na Índia para anunciar a
produção de um filme de animação em que
ele será o protagonista. No longa, que vai
se chamar R10, Ronaldinho vai interagir com
personagens de desenho animado, lutando
contra alienígenas. Em entrevista na Índia,
ele anunciou ser a realização de um sonho
e, pelo Twitter, acrescentou que Índia e Bra-
sil se parecem “no calor humano”. Boa sorte
para o craque!
Ronaldinho na Índia para filme de animação
O astro de Bollywood Hrithik Roshan foi eleito o homem mais
sexy da Ásia
por André Ricardo
Aamir Khan recusa $ 28 milhões em
publicidade e doa $ 1 milhão para ONG em prol das mulheres
Quem recusaria 28 milhões de dólares? O perfecci-
onista ator de Bollywood Aamir Khan (o Rehan no
filme Fanaa, exibido no Brasil em 2012) sacrificou
tudo isso de uma só vez. Durante sua estreia no ca-
nal de TV no ano passado, Aamir não permitiu que
nenhum anúncio fosse apresentado durante o show.
Sua decisão resultou numa perda de mais de 28
milhões de dólares. Um informante próximo disse:
“Aamir está indo agora para uma reforma completa
na sua imagem e quer se envolver apenas com cau-
sas sociais”. E parece que já está surtindo efeito. De
acordo com o jornal The Times of India, o ator doou
quase um milhão de dólares para uma ONG constru-
ir um abrigo para mulheres em perigo.
Itália homenageia produtor indiano por sua contribuição
ao turismo local
Se o produtor de Bollywood Yash Chopra tem
uma rota ferroviária que leva seu nome, na Suíça,
onde rodou a maioria de seus filmes românticos,
o cineasta Sajid Nadiadwala tornou-se o primeiro
produtor de Bollywood a ter um itinerário de via-
gem com seu nome na Itália, depois de produzir
vários filmes no país. ‘’Graças à produção que
Sajid Nadiadwala filmou na minha região temos
recebidos milhares de indianos aqui’’, diz Alfre-
do de Liguori, Gerente de Marketing do orgão de
Turismo de Puglia. O “Itinerário Sajid Nadiadwala
Housefull na Puglia” começa no norte da Puglia,
na bonita região de Gargano e termina no sen-
sacional cenário do mar de Salento, atravessando
a terra verde de Trulli no centro da região.
Cinema indiano será homenageado no Festival de Cannes de 2013
Em nota, o diretor do Festival de Cannes, um
dos mais importantes festivais de cinema do
mundo, Thierry Frémaux, disse que Cannes
quer “dar boas-vindas para uma grande dele-
gação da indústria cinematográfica indiana”
para celebrar os 100 anos do nascimento do
cinema no país. O comunicado ainda classi-
ficou a Índia como “um dos países mais im-
portantes no mundo do cinema”. Em 2012,
a Índia teve três filmes selecionados para o
festival: Gangs of Wasseypur, Miss Lovely e
Peddlers. O Festival de Cannes acontecerá
entre os dias 15 e 26 de maio de 2013.
A cidade de São Gonçalo exporta beleza para Bollywood
Suzana Rodrigues, modelo natural de São
Gonçalo, no Rio de Janeiro, faz sucesso na
Índia em campanhas publicitárias, comerciais
e até em filmes de Bollywood. A modelo, que
mora atualmente na Índia, conta que apesar
das dificuldades iniciais seu objetivo foi atingi-
do. Após passar por países como Taiwan, Cin-
gapura, Tailândia, China, Hong Kong e Indoné-
sia, ela foi para Índia em 2012 e depois de dois
meses já estava em catálogos de roupas indi-
anas, comerciais (foto) e agora está gravando
um filme indiano em 3D.
É o Brasil exportando beleza!
O astro de Bollywood Hrithik Roshan está mesmo
com tudo! Após entrar para o Livro Guinness de
Recordes Mundiais com a empresa Hot Wheels
pelo lançamento de uma colossal máquina de
venda automática de carrinhos (são mais de 8
metros de altura!), o ator foi coroado, pelo segun-
do ano consecutivo, como o homem mais sexy da
Ásia em uma pesquisa online realizada pelo jornal
Eastern Eye Weekly do Reino Unido. O ator de 37
anos declarou: “Estou extremamente feliz com a
decisão do público, também um pouco envergon-
hado pois eu simplesmente não consigo imaginar-
me tão sexy.”
20 21
Com muitas atrizes lindas (algumas já ganharam
concursos internacionais como o Miss Mundo) e
talentosas, sem falar nos atores, seria difícil ad-
ivinhar quem é a celebridade mais pesquisada
pelos indianos na internet. Não, não é Kareena
Kapoor ou Aishwarya Rai (ver matéria sobre as
heroínas do cinema indiano), muito menos Am-
itabh Bachchan ou Shahrukh Khan: a vencedora
de 2012 é a ex-estrela pornô indo-canadense Sun-
ny Leone, que participou em 2011 do reality show
indiano Bigg Boss. Em 2012 ela atuou no filme de
Bollywood Jism 2.
Bollywood inspira ricos indianos a comprar propriedades na Europa
Os filmes de Bollywood têm sido a porta
de entrada para pitorescas localidades es-
trangeiras para muitos indianos. Mas, para
um número crescente da população, o que
eles admiram na telona se tornou realidade.
A Índia tem 7 mil milionários, com uma
riqueza acumulada de mais de 1 trilhão de
dólares, e eles estão investindo cada vez
mais em destinos como Londres, Espanha
e Itália. Em 2011, os indianos compraram
mais de 7 mil propriedades só em Londres.
Já passou da hora do Brasil acordar para
este mercado...
Bollywood será o tema do Carnaval na Espanha em 2013
O Carnaval de Santa Cruz de Tenerife, o maior
da Europa, em 2013 teve como tema “O mundo
de Bollywood” e contou com a mais avançada
tecnologia, incluindo uma tela LED de 480 met-
ros quadrados (a maior já usada em um evento
do tipo na Europa), para levar a magia e cores
de Bollywood para a Espanha. Só na decoração
da cidade foram gastos mais de meio milhão
de reais. Veja um trecho da abertura da festa
ao ritmo de Jai Ho no YouTube: http://www.you-
tube.com/watch?v=AFonu2HET7U. Fica aqui a
dica para as escolas de samba do Rio...
Quer participar de um filme de Bollywood?
Imagine que você é o herói ou heroína de um
filme de Bollywood, dançando nas ruas de
Mumbai, e o seu objetivo é conquistar o públi-
co e a crítica. Impossível? Não! E nem precisa
saber falar híndi! Dois indianos criaram um
jogo para PC chamado Bollywood Wannabe:
se você dançar corretamente ao frenético rit-
mo indiano, você sobe para o próximo nível,
até alcançar o 10º e ganhar seu prêmio Film-
fare (correspondente bollywoodiano do Os-
car). A versão demo do jogo pode ser baixada
de graça na internet.
Argentina parte em busca do turista indiano
A Argentina sabe bem que o crescimento da in-
dústria do turismo está nos mercado emergentes.
Em 2013, uma grande comitiva argentina partirá
para a Turquia e a Índia. Na Índia, a delegação
não se limitará à apresentação de seus destinos
turísticos, mas também terá reuniões com produ-
tores de Bollywood, com a objetivo de que filmes
indianos sejam produzidos na Argentina.
Adivinhe quem é a celebridade mais pesquisada da
intenet na Índia?
22 23
acesse: www.dasindias.com.br
Crítica - Barfi!
“O amor nos dias de hoje nasce no Facebook, amadurece nos assentos traseiros dos carros e morre em frias cortes legais.
Nossa história é sobre um tipo muito diferente de amor, um amor cheio de arco-íris e sonhos.”
	É
com essas palavras que Barfi! (2012) se introduz
ao espectador, com uma música alegre acompan-
hando os créditos iniciais. Um dos filmes mais comentados de
2012 na Índia, especialmente pela decisão do país de mandá-lo
como seu representante à premiação americana do Oscar (o filme
não acabou entrando na seleção final para melhor filme em língua
estrangeira), Barfi! é, de fato, um filme que busca uma história de
amor mais pura, difícil de acontecer nos dias de hoje. E, no mesmo
movimento, vai buscar também um cinema mais puro.
	 O longa conta a história de três personagens: Barfi
(Ranbir Kapoor), Jhilmil (Priyanka Chopra) e Shruti (a estreante
Ileana D’Cruz).Começando nos dias de hoje, com um Barfi en-
velhecido que, após tirar uma foto de si mesmo, tem um ataque
e desmaia, o filme – apoiado no relato de vários personagens
também já velhos que falam para a câmera como numa estrev-
ista– se lança ao passado para a década de 1970 para entender
a história daquele homem. Mesmo no passado, a narrativa ainda
jogará entre dois tempos e cidades: o ano de 1978, em Calcutá,
e o ano de 1972, em Darjeeling. 	
Shruti, em 1972, era jovem e estava noiva. Seu pai fora trans-
ferido para Darjeeling, onde ela teve tempo de aproveitar seus úl-
timos meses de vida de solteira. Lá, conhece o irreverente Barfi,
um surdo e mudo que ganha a vida como pode, nem sempre res-
peitando a lei. Barfi, por suas deficiências e também pelo fato de
ser pobre e de ter de encontrar meios alternativos para ganhar a
vida, tem uma visão muito particular de mundo, divertida e at-
revida. Isso acaba por encantar Shruti, que se que pela primeira
vez se vê apaixonada.
	 Em 1978, Barfi finalmente é pego pela polícia. Shruti
considera que há algum engano: Barfi não seria capaz de faz-
eralgo de tão errado. É relevado que, ao contrário, o rapaz as-
saltou um banco e foi responsável pelo sequestro de Jhilmil. É
aí que somos apresentados à personagem mais doce do filme,
uma jovem autista negligenciada pelos pais e que conhecera
Barfi em sua infância.
Sendo Barfi uma boa pessoa, como poderia tê-la sequestrado?
por Tiago Ursulino
No início do filme, vemos todos os personagens já velhos, menos Jhilmil: o que aconteceu com ela? O filme apresenta uma enredada trama
de reviravoltas, e é um bom exemplo da carac-
terística masala do cinema híndi: trata-se de
uma mistura de romance (com um triângulo
amoroso inusitado entre os três personagens),
drama social (pela pobreza de Barfi e o que
ele se vê obrigado a fazer), filme policial (pela
investigação do sequestro de Jhilmil) e, claro,
comédia. Tudo isso animado por algumas das
melhores músicas de 2012 de Bollywood.
	 Uma das características principais de
Barfi!, e que foi alvo de polêmicas no decorrer
do ano, é a “cópia” de cenas de outros filmes.
Algumas são muito parecidas com filmes clás-
sicos de Charles Chaplin e Buster Keaton, além
de Cantando na Chuva (1952), Diário de uma paixão
(2004), entre outros. O diretor Anurag Basu se
defendeu, dizendo ter apenas se inspirado em
outros filmes, prestando-lhes homenagem. O
que faz sentido: a proposta do filme de buscar
uma história de amor “diferente, cheio darco-
íris e sonhos” é realizada atra vés do protagoni-
sta, que, na impossibilidade de falar, adota ati-
tudes dos heróis do cinema mudo para divertir
e conquistar as amadas e o espectador. Muitas
cenas entre o rapaz e Shruti ou Jhilmil são ne-
cessariamente sem diálogo, e a pureza do amor
é assim redescoberta pela pureza do silêncio.
Indiscutível é: mesmo antes de ser lançado, o filme
já podia contar com um ponto positivo a mais com-
relação a outras produções bollywoodianas: sua
	publicidade não se sustentava na exposição da beleza e sensualidade dos seus atores. Barfi! depende apenas de seus talentos. Em particular, merece
elogio Priyanka Chopra que, apesar de ser uma das principais musas do cinema indiano atual, aceitou um papel que não explorava seu “sex
appeal”; decisão feliz, pois a talentosa atriz
nos presentou com uma persona-gem cân-
dida e comovente, provavelmente o melhor
papel de sua carreira e um dos melhores
de 2012. Barfi! é um filme especial. Entre
os lançamentos do mesmo ano, muitos dos
vértices do que Bollywood é capaz de pro-
duzir foram explorados: a ação de Ek Tha
Tiger, o romance de Jab Tak Hai Jaan, o poli-
cial-noir de Talaash, a comédia tradicional
de Son of Sardaar ou Dabangg 2, o drama do-
méstico de English Vinglish, etc. Barfi!, no
entanto, faz uma seleção muito particular
de personagens, enredo, locações, trilha
sonora e fotografia: reúne elementos de to-
dos os tipos de filmes e cria algo de inédito
e, sem dúvida, marcante.
25
15 de março
3G
Direção: Shantanu, Sheershak
*Direção musical: Mithoon, Amar Mohile
Elenco: Neil Nitin Mukesh, Sonal Chauhan
Gênero: Thriller, terror
Sam (Neil Nitin Mukesh) compra um celular usado. Certa noite,
começar a receber ligações misteriosas que começam a exercer
um estranho controle sobre sua vida.
AGENDA DE ESTREIAS
29 de março
Himmatwala
Direção: Sajid Khan
*Direção musical: Sajid-Wajid
Elenco: Ajay Devgn, Tamannaah Bhatia, Sonakshi Sinha (participação em número musical)
Gênero: Ação
Novo filme do superastro Ajay Devgn é um remake de um filme homônimo de 1983, grande sucesso na época e que estrelava Jeetendra
(que fará uma participação aqui) e que elevou a atriz Sridevi (de English Vinglish, 2012) ao estrelato.
12 de abril
Nautanki Saala!
Direção: Rohan Sippy
*Direção musical: vários
Elenco: Ayushmann Khurrana, Kunaal Roy Kapur, Pooja Salvi,
Evelyn Sharma
Gênero: Comédia romântica
Ram Parmar (Ayushmann Khurrana, que estreou em Bollywood
em 2012 com o sucesso Vicky Donor) conhece Mandar Lele
(Kunaal Roy Kapur), desajustado e solitário. Ram tentará “con-
sertar” a vida de Mandar, ao mesmo tempo em que tenta montar
uma peça de teatro com o novo amigo.
5 de abril
Chashme Baddoor
Direção: David Dhawan
*Direção musical: Sajid-Wajid
Elenco: Ali Zafar, Siddharth, Taapsee Pannu, Divyendu Sharma,
Rishi Kapoor
Gênero: Comédia
Remake de filme homônimo de 1981. Conta a história dos mulher-
engos Jai (Siddharth) e Omi (Divyendu Sharma) e de seu amigo
certinho Sid (Ali Zafar), quando uma nova beldade (Taapsee Pannu)
chega ao bairro onde eles vivem, na cidade de Goa.
* Trilha sonora disponível na internet
22 de março
Aatma
Direção: Suparn Verma
Direção musical: Sangeet Haldipur, Siddhart Haldipur
Elenco: Bipasha Basu, Nawazuddin Siddiqui
Gênero: Terror
Maya (a sex symbol Bipasha Basu) pensou ter se livrado do tor-
mento do seu marido (Nawazuddin Siddiqui) após a morte deste.
Mas logo sua paz é perturbada quando a filha do casal parece
estar possuída pelo espírito do pai.
por Tiago Ursulino
Bollywood brasil ed.1

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Bollywood brasil ed.1

  • 1.
  • 2. Bollywood Brasil Expediente: Editor-chefe: André Ricardo Redação: André Ricardo, Claudia Lopes, Feliz Luz, Juily Manghirmalani, Rosely Toledo e Tiago Ursulino Edição e revisão: Tiago Ursulino Diagramação: Dayna Disha Malani, Juily Manghirmalani e Welber Conceição Publicidade: Themis Nascimento Divulgação: Felipe Uebio e Shadia Fernanda Contato: Redação: jornalismo@bollywoodbrasil.com.br Divulgação: divulgacao@bollywoodbrasil.com.br Anúncios/patrocínio: comercial@bollywoodbrasil.com.br Caro(a) amigo(a) e apreciador(a) do cinema indiano, É com imenso prazer que oferecemos aos brasileiros e brasileiras a primeira revista sobre o cinema indiano em português e totalmente gratuita. Nós somos um grupo apaixonado pelo cinema indiano e as características que o fazem tão singular e especial. Nosso objetivo é mostrar um pouco desse universo tão grande e multicultural. A Índia é o país que mais produz filmes no mundo, com mais de 1200 filmes por ano. O cinema indiano possui várias vertentes, sendo a maior delas Bollywood, que sozinha produz mais filmes que Hollywood e é a segunda em arrecadação no mundo. Infelizmente o público brasileiro em geral tem muito pouco acesso a essa rica cinematografia. Nós estamos aqui para ajudar a mudar esse quadro. Nessa primeira edição, nossa matéria principal vai apresentar ao leitor esse universo, desde suas origens até hoje. Também temos uma matéria especial sobre algumas das principais atrizes que encantam os espectado- res indianos. Mas não é só: nossa revista traz ainda a resenha do filme Barfi! (que ganhou o troféu de melhor filme nos Film- fare Awards, uma das principais premiações de Bollywood), as notícias e curiosidades do universo do cinema indiano (vocês sabiam que uma modelo de São Gonçalo, no Rio, faz sucesso na Índia?). Na nossa masala ainda contamos com uma entrevista com Iara Ananda, professora de Bharatanatyam (uma das danças clássicas indianas), além do calendário das principais estreias no próximo mês. Essa revista foi produzida com muito carinho por uma talentosa equipe e nós esperamos que vocês gostem. Sugestões e críticas construtivas serão sempre bem-vindas (veja nossos e-mails aqui ao lado) e vão nos ajudar a construir uma revista cada vez melhor. Este é só o começo! Equipe da Bollywood Brasil pág. 4 - 6 Entrevista com: Iara Ananda pág. 8 - 12 Matéria da Capa: O Cinema Indiano pág. 13 - 15 Cultura: “O estupro na Índia que aterrorizou e comoveu o mundo” pág. 16 - 19 Entretenimento: As Musas do Cinema Indiano pág. 20 - 23 Notícias do Mês pág. 24 | 25 Crítica: Barfi! pág. 26 | 27 Agenda de Lançamentos
  • 3. Iara Ananda Romano, nascida na cidade de São Paulo, é formada em Dança Clássica Indiana pela Natyalaya School of Classical Dances, cuja matriz fica em Kerala, Índia. Teve como professoras Patricia Romano, grande nome da dança indiana no Brasil, e Kalamandalam Sumathi, da Índia. Iara atualmente tem 26 anos e desde 2008 é responsável pela filial da Natyalaya no Brasil, ensinando Bharatanatyam (dança clássica indiana) e Bollywood Dance (dança moderna indiana). Além disso coordena o curso de Bharatanatyam no Centro Cultural da Índia (ICC) ligado ao Consulado da Índia em São Paulo. ENTREVISTA __Quando começou sua paixão por Bollywood e pela dança? Minha mãe sempre foi muito ligada à Índia, e quando começou seus estudos de Dança Clássica Indiana e ia para a Índia regularmente trazia para mim os filmes do momento. Na época eu tinha nove anos e mesmo que alguns filmes não tivessem legenda e durassem até três horas, eu adorava. __O que a atraiu (e ainda atrai) na música e no cinema da Índia? Por que Índia? Eu adoro musicais e adoro a magia de Bollywood, Quando assistia me imaginava dentro dos filmes com aquele vento no ca- belo, dançando e cantando nas mais variadas situações. Vivendo aquelas histórias imprevisíveis, os amores impossíveis, vestindo aquelas roupas coloridas... O cinema bollywood é mágico, quase como um conto de fadas. É o único lugar onde tudo pode acontecer... __Como foi sua experiência vivendo na Índia? Em 2004 eu morei em Kerala, no sul da Índia; foi incrível! Tinha aula de canto e dança todo dia, aprendi muito morando lá. Amava as comidas, o chai e as roupas. Também estive em Mumbai, que é a meca de Bollywood. Voltei para lá em 2009 quando visitei novamente Mumbai, Kerala e também Delhi, Agra e Rishkesh. A melhor parte foi ir ao cinema e ver na telona meus atores favoritos dan- çando e cantando. __Como é comandar um time de bailarinas? É muito gratificante e divertido. Venho fazendo isso desde 2005, quando trouxemos o Bollywood Dance para o Brasil e começamos com o grupo Bollywood Brazil. Tenho que sempre estar ligada nas novidades de Bollywood, escolher as melhores músicas e fazer coreogra- fias para passar para minhas alunas. Como minha mãe mora na África e lá ela tem canais como Zee Tv, B4U e Sony, ela está sempre me atualizando das novidades e me mandando os links dos hits do momento. __Fale um pouco mais sobre sua escola. Na minha escola ensinamos tanto a dança clássica indiana, estilo Bharatanatyam, como o Bollywood Dance. Atualmente temos mais ou menos 60 alunos entre as aulas que dou na Casa Jaya e no Centro Cultural da Índia (ICC) e é muito gratificante fazer esse papel de pas- sar para eles essa joia que é a dança indiana, assim como sua cultura. __Como você se sentiu quando foi convidada para atuar na abertura da novela Caminho das Índias? Como foi a experiência? Fiquei muito feliz, pois sabia que a novela seria uma ótima oportunidade para que as pessoas conhecessem mais sobre a cultura da Índia. Antes da novela, as pessoas sempre relacionavam dança indiana com dança do ventre e após a novela começaram a entender melhor essa diferença. __Quais são os seus filmes indianos favoritos? E atores/atrizes indianos? Eu gosto mais dos filmes antigos, mais musicais e mágicos, como o K3G [Kabhi Khushi Kabhie Gham, de 2001], Devdas [2002], Veer Zara [2004], Fanaa [2006], Kal Ho Naa Ho [2003]. E entre os atores, claro que o King Khan [Shahrukh Khan], Aamir Khan e o grande Amitabh Bachchan; entre as atrizes, Kajol, e hoje em dia gosto bastante de Anushka Sharma e Deepika Padukone. __Como você compara Bollywood com Hollywood? Acho que não há muita comparação, são tipos de cinema muito diferentes, as regras são outras... Porém de um tempo para cá Bolly- wood tem ficado mais ligado à realidade, aos efeitos especiais, mas continua com sua essência musical e fantástica. 4 5 com Iara Ananda por André Ricardo
  • 4. __Na sua opinião, o público brasileiro gostaria de ver mais filmes indianos se tivesse oportunidade? Por quê? Acredito que sim. De um tempo para cá Bollywood já conseguiu conquistar o público brasileiro. Na época que eu assistia, há uns 15 anos, eu tinha que esperar trazerem os filmes da Índia para assistir e só podia comentar e sonhar com as poucas amigas que assistiam. Hoje em dia é tudo mais fácil, temos os filmes para ver online, grupos no Facebook que discutem sobre os novos filmes e hits e, agora, até no cinema! Acho que o que faltava para Bollywood “invadir” o Brasil era a divulgação. __Qual é sua música indiana preferida? São tantas... Mas uma que sei de cor e acho seu significado lindo é Kal Ho Naa Ho [do filme homônimo]. Mas as que estamos mais dan- çando no momento são: Fevicol Se [de Dabangg 2], Chikni Chameli [de Agneepath], Chammak Challo [de Ra.One], Gun Guna Re [também de Agneepath] e Ainvayi Ainvayi [de Band Baaja Baaraat]. __Quais são seus planos/sonhos? Meu plano é continuar dando aulas de dança, pois isso me faz muito feliz! Quero, com o meu trabalho, trazer cada vez mais gente para esse mundo da Índia e para a magia de Bollywood. ANUNCIE AQUI contato: comercial@bollywoodbrasil.com.br 6 7
  • 5. O CINEMA INDIANOpor Juily Manghirmalani
  • 6. 10 Cem anos atrás, Dhundiraj Goving Phalke plantou as sementes de uma indústria que iria crescer do início do cinema mundial, na era silenciosa e de pequenas produções, até a exuberante produção atual de mais de 1200 filmes ao ano. O primeiro filme de Phalke, Raja Harishchandra (1913), é reconhecido como um dos primeiros de toda a Índia. Conhecido como o “Méliès do cinema indiano”, Phalke agregou seu conhecimento cinematográfico e político desde a sua pri- meira obra e implantou a ideia de um cinema com grande teor nacionalista (na época, a Índia ainda estava sob domínio britânico). Raja Harishchandra conta uma história in- spirada no poema épico indiano Mahabharata. Este filme uniu o cinema – a nova invenção oci- dental –, com as histórias de caráter religioso comuns aos indianos. Filmes com a atmosfera do “fantástico” e devoção religiosa atraíram enormes multidões. Houve vezes em que a audiência chegou a relacionar, através desses filmes, atores/atrizes com figuras religiosas, colocando fotos desses artistas em casas de reza (templos) junto às imagens de deuses. Os filmes religiosos continuaram a ser o gênero mais prolífico do cinema indiano, pois muitas vezes eram vistos como parte do ensino da religião e cultura, não somente como entretenimento. A profunda “indianização” desse cin- ema, desde seu nascimento, marcou sua identidade mesmo antes da chegada do cinema falado, na década de 1930. Durante a era silenciosa, todo o país costumava assistir aos mesmos filmes. Porém, quando o cinema falado chegou em 1931 com Alam Ara, houveram divisões dentro das produções cinematográficas indianas. Junto do crescimento avassalador de filmes, cada região seguiu seu próprio padrão dentro desta arte. Essas ramificações ficaram conhecidas como “cinemas regionais”. Existem sete tipos diferentes de cinema reconhecidos atualmente: o cinema bengalês de Calcutá; o cinema híndi de Mumbai; o cinema canará de Kar- nataka; o cinema malaiala de Kerala; o cinema marati que nasceu em Nasik, desenvolveu-se em Kolhapur e Pune, mas agora tem Mumbai como sede; o cinema tâmil de Tâmil Nadu e o cinema telugu de Andhra Pradesh. E produzindo-os, há cinco indústrias cinematográficas diferentes, cada uma com a sua maneira de contar histórias. As mais famosas são: Bollywood (do cinema hindí), em que o romance, músicas e a boa moral prevalecem; Tollywood (do cinema telugu), grande produtor de filmes históricos, folclóricos e mitológicos; e Kollywood (do cinema tâmil), conhecido por filmes de ação e muitos efeitos especiais. as línguas locais, ignorando o inglês ou híndi (línguas mais faladas na Índia). Mas há também diferenças de convenções dentro dos filmes. A utilização diver- sificada de gêneros do cinema híndi e tâmil fazem dessas produções as mais bem aceitas pela população indiana interna e da diáspora. Outros cinemas como o malaiala, por exemplo, que cultivam histórias conservadoras da Índia com estéticas experimentais, não costumam sair do próprio estado. O cinema híndi é, em termos de público, a mais conhecida indústria cinematográfica indiana. Essa indústria abrange o maior número de especta- dores dentro do país, como também possui grande reconhecimento internacio- nal, especialmente onde existem as maiores diásporas, como no Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Austrália. Os indianos amam o cinema. São inúmeras as historias de pessoas que contam sobre o prazer de ver trinta vezes o filme Sholay (1975) – uma das maiores bilheterias indianas –, ou idolatrar Amitabh Bachchan – que sempre atuava como o personagem tipicamente mau mas com bom coração –, ou mesmo dançar com Shah Rukh Khan em outros filmes. O laço com o cinema manteve-se forte na Índia, que sempre desempenhou grande papel sociocul- tural. Até o final dos anos 80, quando celulares e internet não existiam e viajar era algo para uma minoria indiana, o cinema fornecia um ligação importante com a cultura indiana, apresentando uma ideia nostálgica de lar para seus imi- grantes. Hoje as audiências da diáspora não precisam mais esperar para ver um filme em híndi e podem, muitas vezes, assistir aos filmes na mesma data de estreia que na Índia. As maiores causas da existência de tantos cinemas são primeiramente as diferenças culturais e de idioma dos estados, que dificultam o intercâmbio de filmes dentro do próprio país. A maior parte deles mantém A arte cinematográfica indiana se estabilizou com um significante domínio sobre o entretenimento de massa desde os anos 40. A fórmula de sucesso em bilheterias foi criada e consistia em: canções, dança, espetáculo, retórica e fantasia. A junção e significante rela- ção entre o consciente indiano sobre o entretenimento épico (músicas, teatros, entre outros) e a arte cinematográfica foram estabelecidas. Segundo historiadores, a década de 50 foi a “Idade de Ouro” do cinema popular indiano. Paralelamente, na metade da mesma década o distinto cinema de arte indiano tomou forma com o bengalês Satyajit Ray. Pather Panchali (1955) ganhou fama internacional e reconhecimento de crítica. Pather Panchali, Aparajito (1956) e Apur Sansar (1959) ficaram conhecidos como a Trilogia de Apu, uma das obras-primas do cinema mundial. O cinema de Ray tem ênfase no realismo, na sondagem psicológica e na poesia visual. Utilizando- se de filmagens externas em vez de estúdios e escalando atores não profissionais, Ray contrastava enormemente com as práticas comuns do cinema indiano da época. Olhando para o século de cinema indiano, particularmente após a era silenciosa, pode-se ver que a fórmula de sucesso do cinema popular indiano manteve-se essencialmente inalterada. Os filmes continuam ligados aos contos morais, devem possuir grandes estrelas interpretando heroínas atraentes e heróis fortes, junto dos vilões caricatos, músicas que empolgam, difíceis cenas de ação e finais felizes. Porém, em aparato técnico, o cinema popular indiano possui desenvolvimento de última gera ção e modernidade. Apesar do cinema híndi ser conhecido por promover integração nacional, o medo de causar ofensas tem evitado, em muito, a possibilidade de tratar de temas controversos. Ao invés disso, oferece um mundo idealizado onde a virtude é recompensada, maus hábi- tos são punidos e o romance triunfa. Nas palavras do roteirista e poeta Javed Akhtar, “Temos muitos estados na Índia, incluindo Gujarat, Punjab, Rajasthan e Bengala, cada um com suas culturas, tradições e estilos diferentes. Existe um outro estado no país, chamado 11
  • 7. Cinema Híndi, que possui sua própria cultura, que é diferente da cultura indiana, mas não é alienígena para nós, nós a compreendemos.” Existem várias teorias para o sucesso do cinema híndi na Índia. Antes do “boom” da televisão, acreditava-se que a poderosa in- fluência do cinema vinha de ser a única fonte acessível de entretenimento de massa. Em uma recente conversa em memória de Dadasa- heb Phalke, o diretor e roteirista Shyam Benegal argumentou que a efetiva mistura dos oito rasas (formas de emoções primárias) – amor, alegria, fúria, compaixão, desgosto, medo, “heroísmo” e admiração – fez com que o cinema híndi proporcionasse emocionalmente uma experiência satisfatória para diversas audiências de diferentes cunhos sociais. Amitabh Bachchan, por sua vez, observa que a populari- dade dos filmes vem de seus heróis e heroínas, que são manifestações modernas de personagens mitológicos dos épicos Mahabharata e Ramayana. “O que o cinema hindi realmente proporciona aos espectadores”, diz Bachchan, “é uma justiça poética de três horas, uma façanha que a maioria de nós no mundo jamais teria conquistado em uma ou muitas vidas.” Apesar do cinema híndi ser frequentemente criticado pela repetição de histórias e personagens, a música tem sido aberta- mente reconhecida como a carta principal dos filmes. Isso foi particularmente verdade nos anos 50 e 60 quando brilhantes produtores de filme, poetas de híndi/urdu, compositores e coreógrafos elevaram o nível dos filmes como forma de arte. Hoje, um grande número de filmes vem sendo produzido por uma nova geração de habilidosos diretores, incluindo Vishal Bhard- waj, Dibakar Banerjee, Anurag Kashyap e Shimit Amin. Eles têm ultrapassado as fronteiras do cinema híndi convencional, contando histórias com maior teor de realidade e em uma linguagem jovem e atual, apresentando uma atitude irreverente pouco vista anteriormente. O desejo por diferentes histórias não é totalmente novo: dramas realistas já foram vistos no cinema indiano nos anos 70 em um movimento paralelo ao mainstream. A diferença é que os diretores atuais competem com os de grande bilheteria nos grandes cinemas indianos. O cinema indiano, ou melhor, os cinemas indianos estão passando por diversas mudanças com os processos de globalização e com a crescente modernização técnica e de acesso. Muitas de suas produções populares são feitas fora do país em coproduções, o que aumenta tanto a forma de entretenimento quanto o turismo nacional. Pode-se esperar que seja questão de pouco tempo para que nós, brasileiros, tenhamos melhor conhecimento e acesso à enorme cinematografia indiana. O estupro na Índia que aterrorizou e comoveu o mundo Morreu no dia 29 de dezembro de 2012, após 13 dias de luta em um hospital de Cingapura, a jovem indiana que sofreu estupro coletivo dentro de um ônibus na capital do país. Entenda o caso: No dia 16 de dezembro uma estudante de medicina de 23 anos voltava para casa com o namo- rado após assistir ao filme As Aventuras de Pi num shopping center de Nova Délhi. Depois de entrarem num ônibus, os 6 homens que estavam no veículo (entre eles o motorista) estupraram e torturaram a mulher de maneira tão brutal que chegaram a ar- rancar 95% do seu intestino e a deixaram com feri- mentos graves na vagina. O namorado da vítima foi espancado com barras de ferro antes dos homens se revezarem para estuprá-la, informaram policiais. Devido aos ferimentos, as autoridades acreditam que as mesmas barras foram também utilizadas durante a violação sexual da estudante. A jovem foi estuprada por quase uma hora, antes de ser jogada para fora do veículo em movi- mento. Segundo o jornal “The Indian Express”, ela e seu namorado tiveram as roupas arrancadas antes de serem jogados do ônibus. “O namorado a retirou da via quando viu que o ônibus dava marcha à ré para atropelá-la”, completa o jornal. A imprensa indiana informou ainda que a jo- vem mordeu três dos seis agressores em tentativa de defesa. As marcas das mordidas, o sangue, o espe- rma, os fios de cabelo e o depoimento do namorado devem ser usados como provas contra os acusados, segundo a imprensa e fontes policiais. Um dos famili- ares da vítima teve acesso ao boletim médico: segun- do ele, o documento diz que a jovem foi estuprada pelo menos duas vezes por cada um dos violadores. Lâminas foram utilizadas para rasgar as roupas e, por isso, a vítima sofreu diversos cortes. Depoimento do namorado: O namorado da jovem criticou o fato de nin- guém ter se aproximado deles para ajudá-los depois de ocorrida a tragédia. “Tentamos parar as pessoas que passavam. Durante 25 minutos, vários riquixás, carros e motos desaceleraram, mas ninguém parou”, disse em entrevista ao canal “Zee News”. “Não tín- hamos roupa, não podíamos nos levantar e havia gente passando do nosso lado. Poderiam ter nos levado ao hospital ou nos dado roupas”, afirmou o ra- paz. O jovem criticou também a atuação do hospital da capital indiana para onde ambos foram levados inicialmente, onde, segundo sua versão, tiveram que por Feliz Luz 1312
  • 8. 14 15 Comoção e protestos na Índia: A comoção causada pela morte da jovem levou os indianos a um exame de consciência sobre a forma como a mulher é tratada no país, e gerou uma rara onda de protestos. O crime levou milhares de pessoas a se manifestarem diariamente em Nova Délhi e em outras cidades indianas pedindo a forca para os culpados, mais proteção às mulheres e rigorosos castigos aos policiais que não atuam contra os ataques sexuais. Segundo o Escritório Nacional de Registro de Crimes (NCRB, na sigla em inglês), em média uma mulher foi violentada a cada 20 minutos na Índia em 2011, último ano de que há dados, mas apenas um de cada quatro estupradores é levado a julgamento no país, devido à corrupção policial. Além disso, estima-se que grande parte das vítimas sequer chega a prestar queixa, entre outras razões por medo de manchar a própria reputação. Reação da família: O pai da jovem violentada revelou a um veículo britânico o nome de sua filha, Jyoti Singh Pandey, no dia 6 de janeiro de 2013. Até então seu nome havia sido mantido em segredo, e a imprensa se referia à vítima por meio de pseudônimos como “Amanat” (“tesouro”) e “Nirbhaya” (“destemida”). No entanto, em entrevista publicada pelo jornal “The Sunday People”, Badri Singh Pandey, de 53 anos, afirmou querer que “o mundo conhecesse seu nome verdadeiro”. “Minha filha não fez nada de mau, morreu enquanto se defendia”, declarou. “Estou orgulhoso dela. Revelar seu nome dará coragem a outras mulheres que sobreviveram a esses ataques. Encontrarão força na minha filha”, explicou. Badri disse ainda que embora a princípio tenha desejado ver os responsáveis pela morte de sua filha cara a cara, acabou por mudar de ideia. “Agora só quero ouvir que os tribunais os condenaram e que vão ser enforcados”, acrescentou o homem, que admitiu que quer “a morte para os seis”. O pai da estudante indiana também reconheceu ao jornal que não tem palavras para descrever o que sua filha sofreu durante o ataque: “Tudo que posso dizer é que os criminosos não são humanos, nem sequer animais. Não pertencem a este mundo”. “esperar e suplicar por roupas”. “Se ela tivesse sido internada desde o princípio em um bom hospital talvez estivesse hoje aqui conosco”, disse. O jovem repreendeu ainda a polícia e disse que boa parte da situação precária das mulheres na Índia era responsabilidade da instituição. “A polícia não é uma pessoa, é um sistema, e se o sistema falha repetidamente, as pessoas responsáveis deveriam renunciar aos seus postos por razões morais”, atacou. Ele acrescentou que a vítima disse às autoridades que sua vontade era de que seus agres- sores fossem “queimados vivos”. Processo acelerado contra os agressores: Um tribunal de Nova Délhi move processo contra cinco dos seis acusa- dos de estuprar e torturar a jovem. Os promotores dizem ter amplas provas contra os suspeitos, que poderão ser condenados à pena de morte se con- siderados culpados. Os cinco acusados são Ram Singh (o motorista do ôni- bus), seu irmão Mukesh, Pawan Gupta, Vinay Sharma e Akshay Thakur. O sexto acusado tem 17 anos e por isso está preso em um centro de detenção para menores e será julgado em um tribunal juvenil. Segundo a polícia, ele foi o mais violento durante o ataque. O processo foi acelerado para que os acusados pudessem ser julgados semanas após o crime, ao invés de meses, como seria o procedimento tradicional. Talvez a maior estrela viva de Bollywood, o ator Amitabh Bachchan disse na sua página do Facebook: “O terrível caso de estupro em Nova Délhi está além de qualquer tipo de vocabu- lário para descrever sua ocorrência! É um ato de um demônio, um monstro que merece a punição mais cruel, um castigo que deve servir de exemplo para qualquer agressor que vier a cometer tal ato no futuro. Punir os culpados, com a punição mais severa possível. Mas tam- bém vamos fazer uma introspecção! O que está acontecendo de errado com a nossa socie- dade, o nosso povo? Em algum lugar, a falta de medo da justiça, do sistema, da nossa moral e nossa formação tem dado origem a uma liberdade para cometer tais crimes! Deixemos cada indiano se tornar um vigilante, um soldado, um comandante que deve combater tais crimes hediondos com força e convicção!” O ator também homenageou a vítima com um poema. A atriz Jaya Bachchan (64 anos, casada com Amitabh Bachchan) disse: “É uma vergonha. Eu não sei o que dizer. Estou abalada. Até agora eu pensava que nós estávamos vivendo em um país onde as mulheres eram consideradas deusas.” O ator Shahrukh Khan, o “rei de Bollywood”, expressou seu temor de que esse crime possa entrar em qualquer lar se não for controlado. No Twitter, ele disse: “Não podemos culpar um [único] ato medonho como a deterioração coletiva do mundo em que vivemos. Se nós não punirmos os estupradores, então legitimamente seremos punidos... em breve... muito em breve... quando este crime desumano chegar em nossas casas e atingir nossas famílias.” 14 15 A atriz Kareena Kapoor: “Nossas leis devem ser reavaliadas. A justiça tem que acontecer mais rá- pido.” O diretor e ator Farhan Akhtar opinou que “os culpados devem ser tratados como terroristas” e disse acreditar que “a punição rápida e severa é a única solução.” O ator Salman Khan concorda que os violadores devem ser enforcados. “Na minha opinião, deve haver sentença de morte para todos os estupradores.” Salman disse ainda que as pessoas devem ter tolerância zero para tal crime e que devem tentar impedi-lo no caso de se depararem com qualquer incidente. “Eu acho que a sociedade indiana precisa ser mais dabangg na sua abordagem [o ator se refere ao título de um de seus filmes de maior sucesso, que significa “destemido”] Recentemente, li numa notícia que uma garota estava sendo molestada enquanto as pessoas ali perto estavam vendo vídeos em seus celulares.” A atriz Sridevi escreveu a seguinte mensagem no Twitter, antes da morte da vítima: “Meu coração vai para a jovem e para sua família em Nova Délhi. Esperança de que a justiça condene os culpados deste crime hediondo com uma punição severa.” A cantora Anushka Manchanda fez a seguinte declaração: “Castrá-los e deixá-los viver e dar-lhes a chance de se transformar em psicopatas mais perigosos? Não. Pena de morte.” Reação de algumas estrelas de Bollywood: Vários astros do cinema indiano também demonstraram publicamente sua indignação com o caso.
  • 9. Na mitologia grega, as musas eram filhas de Zeus e Mnemósine, e seriam responsáveis por inspirar os seres humanos na execução de obras de arte e na ciência. Com o tempo, o substantivo deixou as alturas do Monte Olimpo e passou a se referir simplesmente a uma linda humana que pudesse encantar corações.O cinema indiano, sendo tão popular, não poderia deixar de ter as suas musas. Ou melhor: as suas “Radhas”, “Sitas” ou “Satis” (figuras femininas importantes no hinduísmo). De fato, elas existem e são muitas, algumas talvez mais amadas e “seguidas” pelos fãs do que qualquer musa do cinema ocidental. Os sites e revistas estão sempre cheios de notícias sobre suas beldades: onde elas estiveram? Com quem foram vistas? Estão ou não namorando? Quando vão se casar? E, claro: quais são as próximas produções em que elas serão vistas? Separamos aqui algumas dessas musas de destaque, que com certeza encantam multidões e inspiram os versos das músicas que embalam os filmes indianos. As Musas do Cinema Indiano por Rosely Toledo
  • 10. NARGIS Se olharmos para o passado do cinema híndi, é difícil não se lembrar de Nargis. Nascida Fatima Rashid no 1º de junho de 1929 e falecida em 3 de maio de 1981, é considerada uma das maiores atrizes da história de Bollywood, fazendo sucesso antes mesmo deste termo começar a ser utilizado. Fez sua estreia no cinema ainda criança em Talashe Haq (1935). Trabalhou com grandes nomes da época de outro do cinema indiano como Dilip Kumar e Raj Kapoor. Um de seus papéis mais impor- tantes foi o de Radha no filme indicado ao Oscar, Mãe Índia (1957), que lhe valeu o troféu de Melhor Atriz no Filmfare Awards. O filme é um dos poucos que pode ser encontrado em DVD no Brasil. Em 1958, se casou com o ator Sunil Dutt e deixou a indústria do cinema, aparecendo raramente nas telas nos anos 60. Um dos filmes deste período foi o drama Raat Aur Din (1967), como qual ela ganhou o prêmio de melhor atriz no National Film Award (importante premiação de cinema da Índia, mais abrangente que os Filmfare por incluir filmes de todo o país). Nargis morreu em 1981 vitimada de câncer, poucos dias antes de seu filho Sanjay Dutt fazer sua estreia em Bollywood. Em 1982, o Nargis Dutt Memorial Cancer Foundation foi criado em sua memória. KAJOL DEVGN Kajol Devgn (nascida Kajol Mukherjee, ganhando o novo sobre- nome após casar com o astro Ajay Devgn) nasceu em 5 de agosto de 1974 em Mumbai, filha do diretor e produtor já falecido Shomu Mukherjee e de Tanuja, atriz da década de 1960. Com uma família em que seu pai e tios dominam o cenário como produtores e várias mulheres seguiram carreira como atrizes, não tinha como fugir da profissão. Recebeu vários prêmios nos Filmfare Awards (5 como melhor atriz e 1 como melhor vilã). Em 2011, o Governo da Índia concedeu-lhe o Padma Shri, a quarta maior distinção civil do país. Kajol possui um estilo e elegância próprios tem- perados com um toque picante. Conhecida por seu talento de atuação e exuberância, ela tem uma natureza ao mesmo tempo vulnerável e feroz. Iniciou seu trabalho em filmes mais como um hobby do que como uma escolha de carreira. Estreou no filme de Rahul Rawail Bekhudi (1992); no entanto, foi Baazigar (1993) que lhe valeu o reconhecimento como atriz. Com o clássico Dilwale Dulhania Le Jayenge (1995), filme que quebrou recordes de bilheteria, Kajol ganhou seu primeiro prêmio de melhor atriz nos Filmfare Awards. A versátil atriz deu então um passo ousado ao fazer uma vilã em Gupt (1997), que fez dela a primeira mulher a receber o prêmio de in- terpretação de uma vilã nos Filmfare Awards. Kuch Kuch Hota Hai (1998), concedeu-lhe nova premiação como melhor atriz, assim como depois Kabhi Khushi Kabhie Gham (2001), ambos filmes de Karan Johar que mar- caram época.Após um período ausente, Kajol retornou em Fanaa (2006). O filme foi um sucesso internacional e rendeu-lhe o quarto prêmio Film- fare Award de melhor atriz. O público brasileiro pôde conferir a beleza e o talento de Kajol em Fanaa nos cinemas em 2012.Mais recentemente, My Name Is Khan (2010) proporcionou–lhe elogios da crítica. O filme tam- bém marcou a volta do casal Shahrukh Khan & Kajol, que estrelou tantos filmes marcantes no passado recente. AISHWARYA RAI BACHAN Portadora de um dos nomes e rostos que mais facilmente vêm à mente quando se pensa em Bollywood, Aishwarya Rai (que entrou para a família Bachchan por seu casamento com Abhishek Bachchan, filho de Amitabh Bachchan), nasceu em 1 de novembro de 1973, em Mangalore. Começou a trabalhar como modelo desde sua adolescência. Em 1994, com os prêmios de Miss Índia e Miss Mundo, obteve popularidade inter- nacional e isto foi seu trampolim para o mundo do cinema. Atuou pela primeira vez no filme tamil Iruvar (1997). Logo começou a participar de grandes produções híndi, como Hum Dil De Chuke Sanam (1999). Com Devdas (2002), clássico instantâneo indiano, encan- tou não só seu país mas a Europa, pois o filme foi “descoberto” pelo Festi- val de Cannes. O mesmo festival convidaria a atriz para fazer parte do seu júri no ano seguinte. Também fez filmes fora do país. Sua primeira produção com capital dos EUA foi Bride and Prejudice (2004), uma adaptação de Orgulho e Preconceito, A Última Legião (2007), filme estrelada por Colin Firth e Pantera Cor de Rosa 2 (2009). Na Índia, seus filmes mais recentes incluem Jodhaa Akbar (2008) e o drama Guzaarish (2010), seu último filme antes de uma pausa na car- reira após o nascimento de sua primeira filha. Recebeu prêmios nos Filmare Awards, Screen Awards e IIFA Awards. Frequentemente citada na mídia como “a mulher mais bonita do mundo”, fora da tela atua como embaixadora para várias organizações e campanhas de caridade. Em 2009 recebeu a distinção Padma Shri do governo indiano, e em 2012 o Ordre des Arts et des Lettres do governo francês. RANI MUKERJI Rani Mukerji nasceu numa família bengali dedicada ao cinema. Seu pai, Ram Mukherjee, é diretor aposentado e um dos fundadores da Filmalaya Studios, enquanto sua mãe, Krishna, era uma cantora de playback. É prima da atriz Kajol. Fez sua estreia como atriz com uma participação especial no filme bengali Biyer Phool (1992), sob in- sistência da mãe. Posteriormente foi apresentada a Karan Johar e fez Kuch Kuch Hota Hai (1998), que lhe valeu um prêmio Filmfare de melhor atriz coadjuvante. Em 2005 fez Black, de Sanjay Leela Bhansali, em que encarnou o impression- ante papel de uma jovem cega tutorada por um professor radical (o grande Amitabh Bachchan). Por este filme recebeu elogios unânimes da critica, além do prêmio de melhor atriz nos Filmfare e o mesmo prêmio por parte dos críticos. Desde o seu início no mundo do cinema, Rani já atuou em cerca de 40 filmes. Sua últi- ma atuação foi no filme Talaash (2012), onde novamente foi escolhida melhor atriz coadjuvante. SONAKSHI SINHA Sonakshi Sinha é uma das mais recentes musas do cinema indiano, Sinha começou sua carreira como modelo e foi o destaque no Lakme Fashion Week de 2008 e em seguida novamente em 2009. Sonakshi Sinha também é uma designer de moda, e desenhou os figuri- nos para o filme Mera Dil Leke Deko (2005). Sua carreira em Bollywood teve inicio ao estrelar o blockbuster Dabangg (2010), ao lado do superastro Salman Khan. O tremendo sucesso do filme fez com que os diretores voltassem seus olhos à sua beleza não convencional. Seus outros filmes foram lançados em 2012: Rowdy Rathore, Joker, OMG: Oh My God! e Son of Sardaar. Também reapareceu na sequência de seu primeiro sucesso, Dabangg 2. Não é todo dia que Bollywood vê atrizes subirem as escadarias do sucesso tão ver- tiginosamente. Seus próximos projetos serão Lootera, Once Upon a Time in Mumbai 2, Bullet Raja e Rambo Rajkumar, todos com estreias marcadas para 2013. MADHURI DIXIT Madhuri Dixit Shankar nasceu em 1967, em Mumbai. Foi uma dançarina de Kathak (um dos estilos clássicos de dan- ça indiana) e atuar não era o seu primeiro objetivo: queria ser bióloga, e seguiu o curso na Universidade de Mumbai. Estreou no cinema em 1984, mas foi a partir de Tezaab (1988) que atingiu a fama. No filme, contracenava com Anil Kapoor, famoso ator indiano que viria a ser no futuro o apresentador do programa de perguntas no filme Quem Quer Ser Um Milionário? (2008). Madhuri foi laureada várias vezes nas importantes premia- ções Filmfare, Star Screen e Zee Cine por suas atuações em Dil (1990), Beta (1992), Hum Aapke Hain Koun...! (1994), Raja (1995), Dil To Pagal Hai (1997), Mrityudand (1997), Lajja (2001) e Devdas (2002). Em 1999 casou-se e mudou para Denver, Colorado, EUA, onde posteriormente deu à luz a dois filhos, Em 2006, a família da atriz temporariamente voltou a viver na Índia, pois Madhuri viria a estrelar no filme Aaja Nachle, que mar- cou seu retorno às telonas depois de seu retiro de meia década desde Devdas. Madhuri deixou seus fãs em espera novamente desde então, mas em 2013 deve estar de volta com a produção Gulaab Gang. PRIYANKA CHOPRA Priyanka Chopra é atriz, cantora e compositora. Como Aish- warya Rai em 1994, foi eleita Miss Índia e Miss Mundo em 2000,por sua beleza deslumbrante e seu talento, Priyanka é considerada uma das celebridades mais populares, atraentes e fashion na Índia atual. Sendo figura comum em apresentações na televisão e em shows, também es- creveu colunas em jornais nacionais, é ativa em trabalhos de caridade e tem muitos contratos publicitários. Sua estreia se deu com o filme Thamizhan (2002), em tamil. The Hero (2003) foi seu início em Bollywood. No mesmo ano fez An- daaz, sucesso de bilheteria pelo qual ganhou o prêmio de melhor estre- ante feminina nos Filmfare Awards. Por Fashion (2008) recebeu ótimas críticas que lhe renderam o prêmio de melhor atriz nos Filmfare. Tem alternado na carreira papéis simples em comédias românticas (como em Dostana, de 2008) com personagens mais desafiadores. Um bom exemplo destes é 7 Khoon Maaf (2011), filme que protagoniza e pelo qual foi eleita como melhor atriz (prêmio dos críticos) nos Filmfare. Em 2012 estrelou em dois grandes sucessos: Agneepath (ao lado de Hrithik Roshan) e Barfi! (leia a nossa crítica do filme nesta edição). Em 2011 lançou-se no mundo da música e assinou um con- trato de gravação com a Universal Music Group e DesiHits para seu primeiro álbum. Sua canção de estreia, In my city foi bem sucedida co- mercialmente na Índia. Vamos aguardar o que vem pela frente. KAREENA KAPOOR Kareena Kapoor, casada com o ator e produtor Saif Ali Khan, nasceu em 21 de setembro de 1980, filha dos atores Randhir Kapoor e Babi- ta. Fez sua estreia no filme Refugee (2000), e já em 2001 participou de Kabhi Khushi Kabhie Gham, enorme sucesso comercial. Depois de receber críticas negativas por uma série de persona- gens repetitivos, Kareena aceitou fazer personagens mais fortes e foi então reconhecida por sua versatilidade. Seu papel como prostituta em Chameli (2004) provou ser o ponto de virada na sua carreira, e ela foi mais tarde elogiada por suas performances em filmes aclamados como Dev (2004) e Omkara (2006) (pelos quais ganhou o prêmio de melhor atriz nos Filmfare Awards por parte dos críticos). Desempenhou o papel feminino principal na comédia Jab We Met (2007) (melhor atriz nos Filmfare) e no drama 3 Idiots (2009), filme responsável pela maior bilheteria de Bollywood de todos os tempos. Essas conquistas a estabeleceram como uma das principais atrizez do cinema híndi. Para o ano de 2013 seus projetos são os filmes Satyagraha (ao lado de nomes como Amitabh Bachchan, Ajay Devgn e Arjun Rampal) e Gori Tere Pyaar Mein (com Imran Khan).
  • 11. Notícias do mês Ronaldinho Gaúcho teve uma recepção digna de um líder político ou religioso ao desembarcar na Índia para anunciar a produção de um filme de animação em que ele será o protagonista. No longa, que vai se chamar R10, Ronaldinho vai interagir com personagens de desenho animado, lutando contra alienígenas. Em entrevista na Índia, ele anunciou ser a realização de um sonho e, pelo Twitter, acrescentou que Índia e Bra- sil se parecem “no calor humano”. Boa sorte para o craque! Ronaldinho na Índia para filme de animação O astro de Bollywood Hrithik Roshan foi eleito o homem mais sexy da Ásia por André Ricardo Aamir Khan recusa $ 28 milhões em publicidade e doa $ 1 milhão para ONG em prol das mulheres Quem recusaria 28 milhões de dólares? O perfecci- onista ator de Bollywood Aamir Khan (o Rehan no filme Fanaa, exibido no Brasil em 2012) sacrificou tudo isso de uma só vez. Durante sua estreia no ca- nal de TV no ano passado, Aamir não permitiu que nenhum anúncio fosse apresentado durante o show. Sua decisão resultou numa perda de mais de 28 milhões de dólares. Um informante próximo disse: “Aamir está indo agora para uma reforma completa na sua imagem e quer se envolver apenas com cau- sas sociais”. E parece que já está surtindo efeito. De acordo com o jornal The Times of India, o ator doou quase um milhão de dólares para uma ONG constru- ir um abrigo para mulheres em perigo. Itália homenageia produtor indiano por sua contribuição ao turismo local Se o produtor de Bollywood Yash Chopra tem uma rota ferroviária que leva seu nome, na Suíça, onde rodou a maioria de seus filmes românticos, o cineasta Sajid Nadiadwala tornou-se o primeiro produtor de Bollywood a ter um itinerário de via- gem com seu nome na Itália, depois de produzir vários filmes no país. ‘’Graças à produção que Sajid Nadiadwala filmou na minha região temos recebidos milhares de indianos aqui’’, diz Alfre- do de Liguori, Gerente de Marketing do orgão de Turismo de Puglia. O “Itinerário Sajid Nadiadwala Housefull na Puglia” começa no norte da Puglia, na bonita região de Gargano e termina no sen- sacional cenário do mar de Salento, atravessando a terra verde de Trulli no centro da região. Cinema indiano será homenageado no Festival de Cannes de 2013 Em nota, o diretor do Festival de Cannes, um dos mais importantes festivais de cinema do mundo, Thierry Frémaux, disse que Cannes quer “dar boas-vindas para uma grande dele- gação da indústria cinematográfica indiana” para celebrar os 100 anos do nascimento do cinema no país. O comunicado ainda classi- ficou a Índia como “um dos países mais im- portantes no mundo do cinema”. Em 2012, a Índia teve três filmes selecionados para o festival: Gangs of Wasseypur, Miss Lovely e Peddlers. O Festival de Cannes acontecerá entre os dias 15 e 26 de maio de 2013. A cidade de São Gonçalo exporta beleza para Bollywood Suzana Rodrigues, modelo natural de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, faz sucesso na Índia em campanhas publicitárias, comerciais e até em filmes de Bollywood. A modelo, que mora atualmente na Índia, conta que apesar das dificuldades iniciais seu objetivo foi atingi- do. Após passar por países como Taiwan, Cin- gapura, Tailândia, China, Hong Kong e Indoné- sia, ela foi para Índia em 2012 e depois de dois meses já estava em catálogos de roupas indi- anas, comerciais (foto) e agora está gravando um filme indiano em 3D. É o Brasil exportando beleza! O astro de Bollywood Hrithik Roshan está mesmo com tudo! Após entrar para o Livro Guinness de Recordes Mundiais com a empresa Hot Wheels pelo lançamento de uma colossal máquina de venda automática de carrinhos (são mais de 8 metros de altura!), o ator foi coroado, pelo segun- do ano consecutivo, como o homem mais sexy da Ásia em uma pesquisa online realizada pelo jornal Eastern Eye Weekly do Reino Unido. O ator de 37 anos declarou: “Estou extremamente feliz com a decisão do público, também um pouco envergon- hado pois eu simplesmente não consigo imaginar- me tão sexy.” 20 21
  • 12. Com muitas atrizes lindas (algumas já ganharam concursos internacionais como o Miss Mundo) e talentosas, sem falar nos atores, seria difícil ad- ivinhar quem é a celebridade mais pesquisada pelos indianos na internet. Não, não é Kareena Kapoor ou Aishwarya Rai (ver matéria sobre as heroínas do cinema indiano), muito menos Am- itabh Bachchan ou Shahrukh Khan: a vencedora de 2012 é a ex-estrela pornô indo-canadense Sun- ny Leone, que participou em 2011 do reality show indiano Bigg Boss. Em 2012 ela atuou no filme de Bollywood Jism 2. Bollywood inspira ricos indianos a comprar propriedades na Europa Os filmes de Bollywood têm sido a porta de entrada para pitorescas localidades es- trangeiras para muitos indianos. Mas, para um número crescente da população, o que eles admiram na telona se tornou realidade. A Índia tem 7 mil milionários, com uma riqueza acumulada de mais de 1 trilhão de dólares, e eles estão investindo cada vez mais em destinos como Londres, Espanha e Itália. Em 2011, os indianos compraram mais de 7 mil propriedades só em Londres. Já passou da hora do Brasil acordar para este mercado... Bollywood será o tema do Carnaval na Espanha em 2013 O Carnaval de Santa Cruz de Tenerife, o maior da Europa, em 2013 teve como tema “O mundo de Bollywood” e contou com a mais avançada tecnologia, incluindo uma tela LED de 480 met- ros quadrados (a maior já usada em um evento do tipo na Europa), para levar a magia e cores de Bollywood para a Espanha. Só na decoração da cidade foram gastos mais de meio milhão de reais. Veja um trecho da abertura da festa ao ritmo de Jai Ho no YouTube: http://www.you- tube.com/watch?v=AFonu2HET7U. Fica aqui a dica para as escolas de samba do Rio... Quer participar de um filme de Bollywood? Imagine que você é o herói ou heroína de um filme de Bollywood, dançando nas ruas de Mumbai, e o seu objetivo é conquistar o públi- co e a crítica. Impossível? Não! E nem precisa saber falar híndi! Dois indianos criaram um jogo para PC chamado Bollywood Wannabe: se você dançar corretamente ao frenético rit- mo indiano, você sobe para o próximo nível, até alcançar o 10º e ganhar seu prêmio Film- fare (correspondente bollywoodiano do Os- car). A versão demo do jogo pode ser baixada de graça na internet. Argentina parte em busca do turista indiano A Argentina sabe bem que o crescimento da in- dústria do turismo está nos mercado emergentes. Em 2013, uma grande comitiva argentina partirá para a Turquia e a Índia. Na Índia, a delegação não se limitará à apresentação de seus destinos turísticos, mas também terá reuniões com produ- tores de Bollywood, com a objetivo de que filmes indianos sejam produzidos na Argentina. Adivinhe quem é a celebridade mais pesquisada da intenet na Índia? 22 23 acesse: www.dasindias.com.br
  • 13. Crítica - Barfi! “O amor nos dias de hoje nasce no Facebook, amadurece nos assentos traseiros dos carros e morre em frias cortes legais. Nossa história é sobre um tipo muito diferente de amor, um amor cheio de arco-íris e sonhos.” É com essas palavras que Barfi! (2012) se introduz ao espectador, com uma música alegre acompan- hando os créditos iniciais. Um dos filmes mais comentados de 2012 na Índia, especialmente pela decisão do país de mandá-lo como seu representante à premiação americana do Oscar (o filme não acabou entrando na seleção final para melhor filme em língua estrangeira), Barfi! é, de fato, um filme que busca uma história de amor mais pura, difícil de acontecer nos dias de hoje. E, no mesmo movimento, vai buscar também um cinema mais puro. O longa conta a história de três personagens: Barfi (Ranbir Kapoor), Jhilmil (Priyanka Chopra) e Shruti (a estreante Ileana D’Cruz).Começando nos dias de hoje, com um Barfi en- velhecido que, após tirar uma foto de si mesmo, tem um ataque e desmaia, o filme – apoiado no relato de vários personagens também já velhos que falam para a câmera como numa estrev- ista– se lança ao passado para a década de 1970 para entender a história daquele homem. Mesmo no passado, a narrativa ainda jogará entre dois tempos e cidades: o ano de 1978, em Calcutá, e o ano de 1972, em Darjeeling. Shruti, em 1972, era jovem e estava noiva. Seu pai fora trans- ferido para Darjeeling, onde ela teve tempo de aproveitar seus úl- timos meses de vida de solteira. Lá, conhece o irreverente Barfi, um surdo e mudo que ganha a vida como pode, nem sempre res- peitando a lei. Barfi, por suas deficiências e também pelo fato de ser pobre e de ter de encontrar meios alternativos para ganhar a vida, tem uma visão muito particular de mundo, divertida e at- revida. Isso acaba por encantar Shruti, que se que pela primeira vez se vê apaixonada. Em 1978, Barfi finalmente é pego pela polícia. Shruti considera que há algum engano: Barfi não seria capaz de faz- eralgo de tão errado. É relevado que, ao contrário, o rapaz as- saltou um banco e foi responsável pelo sequestro de Jhilmil. É aí que somos apresentados à personagem mais doce do filme, uma jovem autista negligenciada pelos pais e que conhecera Barfi em sua infância. Sendo Barfi uma boa pessoa, como poderia tê-la sequestrado? por Tiago Ursulino No início do filme, vemos todos os personagens já velhos, menos Jhilmil: o que aconteceu com ela? O filme apresenta uma enredada trama de reviravoltas, e é um bom exemplo da carac- terística masala do cinema híndi: trata-se de uma mistura de romance (com um triângulo amoroso inusitado entre os três personagens), drama social (pela pobreza de Barfi e o que ele se vê obrigado a fazer), filme policial (pela investigação do sequestro de Jhilmil) e, claro, comédia. Tudo isso animado por algumas das melhores músicas de 2012 de Bollywood. Uma das características principais de Barfi!, e que foi alvo de polêmicas no decorrer do ano, é a “cópia” de cenas de outros filmes. Algumas são muito parecidas com filmes clás- sicos de Charles Chaplin e Buster Keaton, além de Cantando na Chuva (1952), Diário de uma paixão (2004), entre outros. O diretor Anurag Basu se defendeu, dizendo ter apenas se inspirado em outros filmes, prestando-lhes homenagem. O que faz sentido: a proposta do filme de buscar uma história de amor “diferente, cheio darco- íris e sonhos” é realizada atra vés do protagoni- sta, que, na impossibilidade de falar, adota ati- tudes dos heróis do cinema mudo para divertir e conquistar as amadas e o espectador. Muitas cenas entre o rapaz e Shruti ou Jhilmil são ne- cessariamente sem diálogo, e a pureza do amor é assim redescoberta pela pureza do silêncio. Indiscutível é: mesmo antes de ser lançado, o filme já podia contar com um ponto positivo a mais com- relação a outras produções bollywoodianas: sua publicidade não se sustentava na exposição da beleza e sensualidade dos seus atores. Barfi! depende apenas de seus talentos. Em particular, merece elogio Priyanka Chopra que, apesar de ser uma das principais musas do cinema indiano atual, aceitou um papel que não explorava seu “sex appeal”; decisão feliz, pois a talentosa atriz nos presentou com uma persona-gem cân- dida e comovente, provavelmente o melhor papel de sua carreira e um dos melhores de 2012. Barfi! é um filme especial. Entre os lançamentos do mesmo ano, muitos dos vértices do que Bollywood é capaz de pro- duzir foram explorados: a ação de Ek Tha Tiger, o romance de Jab Tak Hai Jaan, o poli- cial-noir de Talaash, a comédia tradicional de Son of Sardaar ou Dabangg 2, o drama do- méstico de English Vinglish, etc. Barfi!, no entanto, faz uma seleção muito particular de personagens, enredo, locações, trilha sonora e fotografia: reúne elementos de to- dos os tipos de filmes e cria algo de inédito e, sem dúvida, marcante. 25
  • 14. 15 de março 3G Direção: Shantanu, Sheershak *Direção musical: Mithoon, Amar Mohile Elenco: Neil Nitin Mukesh, Sonal Chauhan Gênero: Thriller, terror Sam (Neil Nitin Mukesh) compra um celular usado. Certa noite, começar a receber ligações misteriosas que começam a exercer um estranho controle sobre sua vida. AGENDA DE ESTREIAS 29 de março Himmatwala Direção: Sajid Khan *Direção musical: Sajid-Wajid Elenco: Ajay Devgn, Tamannaah Bhatia, Sonakshi Sinha (participação em número musical) Gênero: Ação Novo filme do superastro Ajay Devgn é um remake de um filme homônimo de 1983, grande sucesso na época e que estrelava Jeetendra (que fará uma participação aqui) e que elevou a atriz Sridevi (de English Vinglish, 2012) ao estrelato. 12 de abril Nautanki Saala! Direção: Rohan Sippy *Direção musical: vários Elenco: Ayushmann Khurrana, Kunaal Roy Kapur, Pooja Salvi, Evelyn Sharma Gênero: Comédia romântica Ram Parmar (Ayushmann Khurrana, que estreou em Bollywood em 2012 com o sucesso Vicky Donor) conhece Mandar Lele (Kunaal Roy Kapur), desajustado e solitário. Ram tentará “con- sertar” a vida de Mandar, ao mesmo tempo em que tenta montar uma peça de teatro com o novo amigo. 5 de abril Chashme Baddoor Direção: David Dhawan *Direção musical: Sajid-Wajid Elenco: Ali Zafar, Siddharth, Taapsee Pannu, Divyendu Sharma, Rishi Kapoor Gênero: Comédia Remake de filme homônimo de 1981. Conta a história dos mulher- engos Jai (Siddharth) e Omi (Divyendu Sharma) e de seu amigo certinho Sid (Ali Zafar), quando uma nova beldade (Taapsee Pannu) chega ao bairro onde eles vivem, na cidade de Goa. * Trilha sonora disponível na internet 22 de março Aatma Direção: Suparn Verma Direção musical: Sangeet Haldipur, Siddhart Haldipur Elenco: Bipasha Basu, Nawazuddin Siddiqui Gênero: Terror Maya (a sex symbol Bipasha Basu) pensou ter se livrado do tor- mento do seu marido (Nawazuddin Siddiqui) após a morte deste. Mas logo sua paz é perturbada quando a filha do casal parece estar possuída pelo espírito do pai. por Tiago Ursulino