O documento descreve como diferentes níveis de estresse térmico e hídrico afetaram os perfis metabólicos de duas variedades de laranja, Carrizo e Cleópatra. Carrizo mostrou maior tolerância ao estresse combinado, enquanto Cleópatra exigiu uma maior alteração metabólica em resposta. Os genótipos apresentaram padrões distintos na regulação de compostos como flavonóides, limonóides e ácidos graxos em resposta aos estresses.
Respostas metabólicas de Carrizo e Cleópatra a estresses
1. 1-O Processamento de dados de espectrometria de massa dos perfis de
metabólitos semipolares usando alinhamento de pico não linear gerou um
total de 7.195 e 8.453 picos em Carrizo e Cleópatra, respectivamente, dos
quais 1.001 e 2.730 tiveram variações significativas nos valores de área nos
diferentes tratamentos, conforme a análise estatística realizada.
A Análise Discriminante de Mínimos Quadrados Parciais mostrou que o
estresse térmico* influenciou significativamente na composição de
metabólitos secundários de Carrizo em 26,3%, enquanto o estresse hídrico*
teve uma influência inferior à 18,8%*. Em Cleópatra, no entanto, os
estresses térmico e hídrico influenciaram em 21,1% na composição de
metabólitos secundários, embora o estresse combinado tenha influenciado
em 26,2% na composição de metabólitos semipolares.
2-Para o perfil específico para cada tratamento de estresse, temos que:
As folhas de Carrizo apresentaram uma resposta clara ao estresse térmico
aplicado individualmente ou em combinação com a seca. Verificou-se, que
os níveis de *87 metabólitos aumentaram e de *66 diminuíram, durante a
aplicação de estresse térmico e estresse combinado; os autores ressaltam
que a variação ocorreu provavelmente como resultado da incidência
térmica.
3-Entre os metabólitos que apresentaram níveis significativamente
alterados foram encontrados flavonóides, como a isoramnetina hexosídeo
desoxihexosídeo, limonóides como a nomilina desoxihexosídeo ou o
derivado fosfolipídeo lisofosfatidil colina. Além disso, os autores ressaltam
que os níveis de vários compostos diminuíram em resposta ao estresse
térmico e estresse combinado em folhas de Carrizo, incluindo flavonóides
como derivados de Apigenina-hexose-desoxihexose.
4-Para Cleópatra, encontrou-se que *49 compostos foram acumulados em
resposta a todos os tratamentos de estresse, dos quais *43 foram
especificamente acumulados em resposta ao estresse térmico e estresse
combinado. Além disso, os níveis de *115 metabólitos foram diminuídos
em folhas de Cleópatra submetidas ao estresse térmico e estresse
combinado.
5- E como resposta ao estresse de seca, os autores relatam um aumento
significativo nos níveis de 14 metabólitos secundários em folhas de
Cleópatra, incluindo flavonóides (quercetina hexosídeo desoxihexosídeo e
2. hesperetina hexosídeo desoxihexosídeo), limonóides (nomilina
desoxihexosídeo) ou derivados de lipídios, como hexosídeo hexosídeo de
ácido linolênico.
6- Também foi estudado o perfil de acúmulo de diferentes compostos
relacionados a flavonóides em folhas de Carrizo e Cleópatra. Diferentes
padrões de acúmulo de flavonóides foram observados entre os dois
genótipos de citros e entre os tratamentos de estresse. Portanto, os níveis
de flavonas, como os diferentes isômeros da tangeretina, foram
constitutivamente maiores em Cleópatra do que em Carrizo.
7-As flavonas, como a apigenina e seus derivados, mostraram uma
tendência constitutiva oposta: enquanto os níveis de apigenina aglicona
eram muito mais altos em Cleópatra, os níveis de hexosídeo de apigenina
desoxihexosídeo eram mais altos em Carrizo.
8-Os derivados da hesperetina foram constitutivamente mais elevados em
Cleópatra do que em Carrizo. Além disso, as condições de estresse
individual e combinado induziram o acúmulo de derivados de kaempferol
em Cleópatra.
9-O hexosídeo hexosídeo de quercetina (derivado de quercetina) não foi
detectado em Cleópatra. Não foi observado, nenhum impacto no acúmulo
de compostos relacionados à isorhamnetina nas folhas de Carrizo em
resposta ao estresse. Além disso, os níveis constitutivos de isorhamnetina
hexoside desoxihexoside foram maiores em Cleopatra e aqueles de
isorhamnetin metilhexose hexose maiores em Carrizo.
10- Foi avaliado o acúmulo ou diminuição em resposta às condições de
estresse de limonóides que são triterpenóides de ocorrência natural em
rutáceas. Nomilina não foi detectada nas folhas de Cleópatra, enquanto em
Carrizo os níveis desse metabólito foram reduzidos em resposta a seca e
estresse térmico individuais. Além disso, verificou-se que o acúmulo de
nomilina desoxihexosídeo seguiu padrões opostos em ambos os genótipos
de citros: Enquanto em Carrizo os níveis deste metabólito foi diminuído em
condição de seca e acumulado sob estresse térmico e estresse combinado,
Cleópatra mostrou níveis significativamente aumentados em condição de
seca, mas reduziu sob estresse térmico e estresse combinado.
11-Os níveis de obacunona e limonina foram constitutivamente mais
elevados em Cleópatra do que em Carrizo.
3. 12- Os níveis constitutivos de ácido linolênico, dihexosídeo de ácido
linolênico e lisofosfatidilcolina foram maiores em Cleópatra do que em
Carrizo e, além disso, mostraram diferentes padrões de regulação nos dois
genótipos. Os níveis de lisofosfatidil colina aumentaram principalmente em
resposta ao estresse combinado em ambos os genótipos, embora em maior
extensão no genótipo sensível Cleópatra. Por outro lado, os níveis de
dihexosídeo de ácido linolênico diminuíram em resposta ao estresse
combinado e aumentaram sob condições de seca em Cleópatra.
Finalmente, o estresse teve pouco impacto sobre os níveis de ácido
linolênico, mostrando pequenas reduções em resposta a seca e estresse
combinado em Carrizo e em resposta a seca e estresse térmico em
Cleópatra.
13- Os autores concluem que, as diferentes respostas de tolerância dos dois
genótipos de citros podem ser explicadas pelo metabolismo basal de cada
genótipo e pela regulação diferente. Assim, a maior capacidade de Carrizo
de lidar com danos oxidativos induzidos por estresse e ajusta a taxa de
transpiração durante o estresse combinado evidenciam o aumento da
tolerância das plantas Carrizo ao estresse combinado em relação a
Cleópatra. Além disso, a maior capacidade de Carrizo para lidar com o
estresse combinado poderia prevenir modificações posteriores em seu
metabolismo. Por outro lado, devido à sua alta sensibilidade, Cleópatra
requer uma profunda alteração de seu metabolismo primário e secundário
para lidar com os desequilíbrios fisiológicos e bioquímicos induzidos pelas
condições de estresse.