O documento descreve a obra artística "vaga vento" da artista Marta Ré, que irá projetar sombras, formas e perfis capturados em fotografias tiradas diariamente de pessoas anônimas. A artista busca capturar imagens que passam rapidamente através de seus sentidos e da acuidade criativa. Sua arte busca incorporar contrastes e a liberdade de capturar o imprevisto.
1. vaga vento tomou forma em meados
de outubro de dois mil e seis e irá projectar sombras, rostos, formas e perfis em cru, de um dia
em que o por
do sol
se desprende ao virar da noite.
é na incerteza que arrasto os mesmos olhares e os cruzo com vagas desconhecidas e vibrações
guardadas num aperfeiçoamento nítido.
Marta Ré
16. vaga vento
não tenho nada mais senão os gestos, as percussões em baldes de plástico e a liberdade de um
querer incorporar nos contrastes que por mim vagueiam.
é na vaga vento que se permanece no absurdo sentir de estar só ( não estando), na inquietação
que ilumina o corpo como uma projecção de absoluta realeza.
imagens que passam em sístoles na acústica criativa.
Marta Ré
17. licenciada em educação física pela faculdade de motricidade humana, é
no corpo que compreendo o primeiro contacto. é nele que sei reunir os
sentidos e crio expectativas no amanhã.
é a partir dos finais de 2005 que ao ombro transporto diariamente
(quase) a minha máquina. em cada esquina registo uma foto por dia.
sem pensar ou programar com exactidão, não existem motivos concretos
anteriormente definidos. gosto de ser surpreendida pelo acaso. forma,
tons, ruídos, sabores, texturas, atitudes. existe, em cada momento,
sempre, um rosto, uma silhueta, um qualquer feminino ou masculino.
só assim me propago, vendo movimento em cada sístole.
Marta Ré