1. 60-MISTÉRIO DO VÍCIO
Já dizia Sêneca (De ira, II, 18): “difficulter reciduntur vitia, quae nobiscum creverunt”, ou seja,
“dificilmente desaparecerão os vícios que cresceram conosco”. Se é assim, então todos, sem
exceção, teriam uma espécie de vício arraigado à sua personalidade, seja nos modos, seja na
fala, ou seja na forma de agir de uma maneira geral? Isto é, ninguém passaria incólume uma
vez que o ato contumaz pode virar vício sem que a pessoa perceba ou assuma que foi dominada
pelas ações repetitivas? Mas, como aparece o vício? Que mecanismos o faz surgir de repente de
forma consciente ou inconscientemente? Influência do meio? Mania incontida?
Ou simplesmente gosto por algo diferente, mesmo que prejudicial? Pode, então, o vício ser
considerado uma doença hereditária ou adquirida? Existem vícios positivos (com rezar sem
parar, por exemplo)? Ou a palavra vício é um vocábulo eminentemente negativo, já