1. OLHOS BRANCOS
Um frio corre-lhe a espinha... Aquela ponte do Rio Coutinho
nunca fora tão extensa. Donde veio aquele vulto? Movia-se
a passos firmes e lentos... Aqueles olhos brancos... Aquela
figura toda coberta de barro, fita à distância os olhos que
estão alertas ao brilho da luz alta dos faróis do carro que
vem na outra pista. Ele se aproxima - lentamente - em sua
direção. E o tempo paralisado parece não passar. A luz de
seu carro é baixada para não ofuscar a visão do motorista
que vem. A figura ao meio da ponte desaparece... Sua
razão não entende. Mas não ousa perguntar neste
momento. Qual seria a pergunta? Qual seria a resposta?
Fala lentamente à esposa que lhe faz companhia “Para
onde foi aquela figura?” A mesma com voz quase sumida
lhe responde “Não sei! Você também viu?” O silêncio
impera. A resposta não vem...
(Marcio J. de Lima)