[1] O documento discute como a tecnologia moderna pode nos afastar das pequenas alegrias da vida e da natureza, focando demais na segurança e comodidade em detrimento da liberdade e sociabilidade.
[2] Argumenta que objetos como celulares e GPS podem nos distrair das belezas ao nosso redor e nos isolar dos outros, em vez de nos aproximar através de conversas e encontros espontâneos.
[3] Defende que devemos apreciar mais as pequenas coisas simples da vida, como passear com
1. EDIÇÃO 7 - PÁSCOA PEDERNEIRAS, 31 DE MARÇO DE 2012 PG 6-6
JP ATÉ NASA POÇAS DE ÁGUA EXISTE
BELEZA SE DESPERTAR
SÉRA QUE PRECISAMOS DE TUDO ISSO?!!!
Estamos sendo "bombardeados" pelo comércio tecnológico pelos argumentos das
Quando detalhes despercebidos nos despertam necessidades de comodidade, segurança e liberdade.
Leandro Campanhã Camara Leandro Campanhã Camara
Na era da tecnologia será que E o aparelho de GPS? antes
precisamos de tudo? buscávamos estudar o trajeto e
O celular que virou uma programando em nossa mente
comodidade nos faz sentir o trajeto nos preocupando
extremamente seguros com os detalhes da viagem,
fazendo com que todos paisagens. Hoje uma voz nos
possam nos achar, e assim nós acompanha (e feminina e
mesmos avisar qualquer um sensual) no trajeto inteiro nos
de algo inesperado que possa tirando a atenção das lindas
acontecer? paisagens, da conversa simples.
E a ansiedade aumenta quando
E quando estamos no prazer ela nos diz “curva a direita a
familiar, ou no sossego 500m”.
necessário de reflexão, ele toca
e você atende prontamente, Fazemos de tudo para não
interrompendo o que era nos perder e quando ficamos
foto: L.C. Camara A singeleza da perfeição da Natureza nos detalhes genuinamente necessário. perdidos com o “GPS” ficamos
Uma ligação do orelhão indignados pois algo tão
Outro dia no carro, com minha família, e especialmente meu tecnológico assim não poderia
pequeno filho de três anos, vimos uma pomba ainda viva no derivada de uma "parada"
no caminho, ou uma visita rápida O contato direto com a Natureza é muitas vezes o que precisamos nos fazer errar.
asfalto derivada de uma possível batida no muro ao lado ou no
próprio vidro de um carro. pessoal para conversar é substituída Antes quando nos perdíamos
pelo celular. parávamos, pedíamos ajuda, conhecíamos alguém e tínhamos
Paramos o carro e peguei a pomba mostrando a meu filho que
estava ferida e estava morrendo, "virando estrelinha". Será que esse "egocentrismo seguro" nos afasta da liberdade o privilégio de saber que alguém por coração nos ajudava. E e
e do acaso natural da ajuda do próximo e da sociabilidade outra viagem até encontrávamos essa pessoa que nos ajudava no
Tal memória ficou em sua cabeçinha e quando passo pela mesma necessária (como antes)? Será que nos achamos tão importantes mesmo local, como um ente familiar, um amigo. Quem não tem
quadra ele diz "Lembra daquele passarinho que virou estrelinha, com o celular de plantão 24 horas ? orgulho de ajudar alguém perdido?
pai?!!!" Igual ao pingo né? " (Pingo é o gatinho de rua adotado As "televisões cinema" com pagamentos acessíveis possibilitaram
também falecido de forma desconhecida por acostumar-se na Será que viramos "médicos sociais" de plantão 24 horas?
que cada cômodo da casa tivesse uma TV, tivesse na verdade "um
rua). Novos carros com airbag´s laterais, frontais, abs, aceleração, etc. apartamento". Além da TV, tem-se DVD, som ambiente, frigobar,
Passando hoje por uma rua próxima, contemplando o belo sol Será que não estamos só focando no perigo, na segurança, e escrivaninha. E as relações familiares integradas ficam de lado.
da manhã e a deixando de lado a "pressa desnecessária", tive a assim esquecemos de pensar na paz e na liberdade? Nem mesmo as "briguinhas de discussões" ajudam a compor
oportunidade de ver um poça no asfalto com água decorrente da Pois até no imprevisto e no simples é que vemos as maiores critérios familiares já não ocorrem.
chuva de ontem e observar com meu filho pela janela do carro, felicidades. Um banho refrescante num riacho, as ondas da praia Será que não estamos sendo mergulhados numa era tecnológica
parado, a pombinha brincar com suas asas na poça, beber e curtir nos levando, o ventos esvoaçando nossos cabelos, o sol irradiando do "eu", da segurança, da comodidade e a interatividade, em
o sol da manhã. E disse: "Parece o Rian brincando na piscininha" nossa pele de manhã, nosso cachorrinho latindo e pulando em contrapartida a própria liberdade e sociabilidade?
Ele deu uma risada gostosa imaginando-se na poça. nosso colo, o gato que brinca com a bolinha de papel, nossos
Meu filho ficou deslumbrado e pegamos a máquina fotográfica filhos que mergulham nas fantasias e nas brincadeiras conosco, Outro dia na recepção de um hospital moderno, ouvi a voz da
enfim. Ás vezes já nos bastam. famosa "mulher do GPS" (voz eletrônica) chamar as pessoas com
para tirar a foto e esta aí acima. Mostrei a ele e ele disse "Que erros na dicção, pois é claro, é eletrônico. Tive uma profunda
bonitinho o pai! " Eu lhe perguntei "Bonitinho ou bonito?" Um Fiat 147, ou um fusquinha, ou uma lambreta não traz a reflexão para onde estamos indo. Ao menos ria dos diversos
mencionando sua correção quando o chamo de "bonitinho". E mesma sensação de liberdade e alegria quando do mesmo modo nomes que ele chamava.
ele continuou "bonitinho, eu sou "bonito"”. correm como os carros importados ou a moto mais cara?
Será que não estamos virando "ermitões" tecnológicos?
Na maioria das vezes passamos o carro apressadamente em Coloque seu cachorrinho no carro com família e veja quanto
tudo, o carro “do descanso”, o carro “do trabalho”, o carro “do melhor é do que um "turbo" ou qualquer outro acessório mais Isso sem contar nas empresas, em que cada funcionário é
dinheiro”, o carro “da família”; sem vermos os detalhes pequenos moderno, ou modelo de carro - e sem custo nenhum. analisado pelos números “resultados” que conquistam, e muitas
e perfeitos da Natureza nos rodeia. vezes sendo mais um numero.
A mídia com suas propagandas, novelas, filmes, minisséries,
passam a "realização pessoal" na sociedade representada pela Até mesmo o "arroz com feijão" faz falta quando os "pratos
felicidade da conquistas dos bens tecnológicos, não exaltando o enfeitados" acontecem no dia a dia.
simples, comum, que nos facina.
O mair importante de um Projeto é deixá-lo com a
caractertística pessoal de seu usuário (proprietário),
pois cada casa tem a marca de seu proprietário.
Auxiliar o cliente no senho com as condições técnicas
e orçamentárias é a função dos profissionais.