O documento apresenta os resultados de uma pesquisa de intenção de voto para prefeito do Recife realizada em junho de 2012. A pesquisa aponta Humberto Costa (PT) na liderança com 35-37% das intenções, seguido por Mendonça Filho (DEM) com 15-18%. Os demais candidatos aparecem bem atrás nas intenções de voto. A avaliação da administração municipal é considerada ruim ou péssima por 46% dos eleitores.
IPMN: Pesquisa aponta Humberto Costa na liderança para prefeito do Recife
1. IPMN: PESQUISA ELEITORAL PARA PREFEITO DO RECIFE
JUNHO DE 2012
Maurício Costa Romão
O Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), em parceria com o
Jornal do Commercio, realizou mais uma rodada - a quarta - de pesquisa
de intenções de voto para prefeito do Recife, desta vez com trabalho de
campo levado a efeito entre os dias 11 e 12 deste mês de junho. O
levantamento tem margem de erro de 3,5 pontos de percentagem, para
mais ou para menos, um nível de confiança de 95%, e aplicou 818
questionários.
Os cenários da presente pesquisa incorporam a decisão do PT de lançar o
senador Humberto Costa como candidato da sigla na eleição deste ano em
substituição ao prefeito João da Costa.
Os cenários
TABELA 1
IPMN
PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS
P/ PREFEITO DO RECIFE
CENÁRIO GERAL COM HUMBERTO
COSTA CANDIDATO PELO PT
(11 e 12 de jun/2012)
Candidatos (%)
Humberto Costa 35
Mendonça Filho 17
Daniel Coelho 5
Raul Henry 4
Armando Monteiro 3
Raul Jungmann 2
Paulo Rubem 2
Outros 0
B/N/NS/NR 33
Fonte: elaboração própria (pesquisa do IPMN)
1
2. No cenário 1, constante da Tabela 1, Humberto Costa aparece como
representante do PT e se listam como concorrentes vários potenciais pré-
candidatos. O senador aparece na liderança com expressivos 35% de
intenções de voto, seguido do deputado federal Mendonça Filho com 17%.
Os demais pré-candidatos mostrados na tabela formam um pelotão que se
situa bem abaixo das duas candidaturas líderes, em termos de intenção de
votos.
A Tabela 2 mostra o segundo cenário de intenção de votos estimulada1,
elaborado a partir da pesquisa IPMN, em que o senador Humberto Costa
continua como pré-candidato do PT e o senador Armando Monteiro
aparece como alternativa à dualidade oposição-situação.
TABELA 2
IPMN
PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS P/
PREFEITO DO RECIFE
CENÁRIO I COM HUMBERTO COSTA
CANDIDATO PELO PT
(11 e 12 de jun/2012)
Candidatos (%)
Humberto Costa 37
Mendonça Filho 15
Daniel Coelho 5
Raul Henry 4
Armando Monteiro 3
Raul Jungmann 2
B/N/NS/NR 35
Fonte: elaboração própria (pesquisa do IPMN)
Neste cenário o pré-candidato petista aparece também liderando a
pesquisa em intenção de votos, com 37%, secundado, mais uma vez, pelo
ex-governador federal Mendonça Filho, que pontua 15%. Em terceiro
lugar vem o pré-candidato tucano Daniel Coelho com 5%. O deputado
1
A pergunta estimulada é aquela na qual se apresenta ao entrevistado uma relação de nomes dos
candidatos (normalmente impressa num disco de papel-cartolina), em ordem aleatória, para que ele
escolha um nome de sua preferência.
2
3. federal Raul Henry registra 4%, o senador Armando Monteiro Neto registra
3% e Raul Jungmann soma apenas 2%.
No cenário III, quando o senador Armando Monteiro é substituído pelo
também petebista Sílvio Costa Filho, o quadro geral de votação
praticamente não se altera. O líder Humberto Costa registra um ponto de
percentagem a menos que o obtido no cenário anterior e Mendonça Filho
sobe dois pontos. Sílvio Costa Filho não pontua e os demais candidatos,
todos da oposição, não sofrem alteração nas respectivas intenções de
voto.
TABELA 3
IPMN
PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS P/
PREFEITO DO RECIFE
CENÁRIO II COM HUMBERTO COSTA
CANDIDATO PELO PT
(11 e 12 de jun/2012)
Candidatos (%)
Humberto Costa 36
Mendonça Filho 17
Daniel Coelho 5
Raul Henry 4
Raul Jungmann 2
Sílvio Costa Fº 0
B/N/NS/NR 35
Fonte: elaboração própria (pesquisa do IPMN)
Quando a pré-candidatura petista é confrontada apenas com o grupo de
oposicionistas - formado por Mendonça Filho, Daniel Coelho, Raul Henry e
Raul Jungmann – o senador Humberto Costa permanece na liderança,
sempre seguido do deputado Mendonça Filho. As intenções de voto do
petista são exatamente o dobro da do oponente democrata (36% a 18%).
As demais postulações da oposição não têm alterações relativamente aos
cenários anteriores.
3
4. TABELA 4
IPMN
PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS P/
PREFEITO DO RECIFE
CENÁRIO IV COM HUMBERTO COSTA
CANDIDATO PELO PT
(11 e 12 de jun/2012)
Candidatos (%)
Humberto Costa 36
Mendonça Filho 18
Daniel Coelho 5
Raul Henry 4
Raul Jungmann 2
B/N/NS/NR 35
É possível que a intensa exposição na mídia de Humberto Costa, por
conta da decisão petista de realizar prévias para indicação do seu
candidato a prefeito, e a posterior indicação do senador como pré-
candidato haja trazido benefícios à postulação situacionista, em termos de
intenção de votos.
Entretanto, é bom ter presente que o PT é um partido muito forte e
admirado no Recife, a ponto de 53% dos eleitores dizerem que o partido
merece continuar à frente da prefeitura independentemente do candidato
que o represente, conforme detectado nesta pesquisa de junho do IPMN.
É digno de nota o fato de que o ex-governador Mendonça Filho tem
mostrado ser detentor da simpatia de uma razoável parcela do eleitorado,
qualquer que seja a pesquisa e o instituto que a realize. Por isso não é
surpresa postar-se sempre entre os dois primeiros lugares nos
levantamentos que são dados a conhecimento público, como é o caso
deste de junho, do IPMN.
Note-se que em todos os quatro cenários a soma das intenções de voto
dos postulantes não petistas é menor que a pontuação do senador
4
5. Humberto Costa. Nestas circunstâncias, se a eleição fosse hoje, ela
estaria decidida no primeiro turno, com o representante do PT tendo mais
de 50% dos votos válidos.
Os votos em branco, nulos e indecisos
Chama à atenção nas Tabelas 1, 2, 3 e 4 o ainda grande contingente de
eleitores que não se decidiu por nenhuma das pré-candidaturas aventadas
ou manifestou intenção de votar em branco ou anular o voto. Esse
contingente está englobado na categoria de voto branco, nulo, não sabe,
não respondeu. Na média dos cenários das Tabelas em apreço, esse
conjunto representa 34% dos eleitores, o que é um número bastante
elevado.
Mas isso é compreensível em virtude da distância de tempo que ainda falta
para a realização do pleito. Tal alheamento eleitoral está espelhado no fato
de que, no momento presente, apenas 22% dos eleitores pesquisados
pelo IPMN agora em junho se dizem muito interessados nesta eleição. Os
demais ou estão pouco interessados (41%), ou são indiferentes (11%) ou,
simplesmente, não se interessam (26%) pela eleição deste ano.
De fato, quanto mais distante do pleito, mais os eleitores se mostram
reticentes em manifestar preferência por este ou aquele candidato,
optando por declarar que vai votar em branco, anular o voto ou, apenas,
que não sabe em quem vai votar. Na fase atual, as candidaturas ainda
não estão consolidadas, os arcos de apoiamento não foram formados, as
pré-campanhas não ganharam as ruas, as alianças proporcionais ainda
não se formalizaram, etc., etc.
À medida que o processo eleitoral vai avançando, os eleitores vão
conhecendo melhor os nomes postos em disputa, começam a se envolver
mais no processo político-eleitoral, passam a inclinar-se por determinadas
candidaturas e, finalmente, fazem suas escolhas, diminuindo
drasticamente os percentuais de votos brancos e nulos e de indecisos.
5
6. O voto espontâneo
Quando o eleitor é instado a manifestar-se espontaneamente2 sobre em
quem votaria para prefeito, se a eleição fosse hoje, o nome que se destaca
é o do senador Humberto Costa, com 30% de intenção de votos, seguido
por Mendonça Filho com 12%. Os números dessa modalidade podem ser
vislumbrados na Tabela 5.
TABELA 5
IPMN
PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS (%)
P/ PREFEITO DO RECIFE
MODALIDADE ESPONTÂNEA
(11 e 12 de jun/2012)
Menções (%)
Humberto Costa 30
Mendonça Filho 12
João da Costa 6
Daniel Coelho 4
Raul Henry 3
João Paulo 2
Armando Monteiro 1
Outros 3
B/N/NS/NR 40
Fonte: elaboração própria (pesquisa do IPMN)
É oportuno realçar que, relativamente às pesquisas de janeiro, março e
abril, as intenções de voto espontâneas para João Paulo vem em trajetória
declinante, caindo três pontos de percentagem de janeiro para março (de
32% para 29%), mais quatro pontos de março a abril (de 29% para 25%) e,
2
Nesse caso, da manifestação espontânea de voto, o respondente é instado a dar sua opinião sobre em
quem ele votaria, caso a eleição fosse hoje, mas sem que o entrevistador faça uso de qualquer
mensagem gestual ou verbal que lembre a figura ou o nome de alguém ou de algum candidato. Quanto
mais o nome de determinada pessoa é lembrado, espontaneamente, mais esse nome é familiar, mais
cristalizado está na memória do eleitor e mais a imagem da pessoa é por ele apreendida.
6
7. finalmente, vinte e três pontos, de abril para junho (de 25% para 2%). Essa
tendência denota que os eleitores têm a percepção, cada vez mais nítida,
de que João Paulo não é candidato a prefeito.
As lembranças espontâneas do nome de Mendonça Filho haviam crescido
quatro pontos (de 4% para 8%) entre janeiro e março, decrescido um
ponto entre março e abril (de 8% para 7%) e, agora, evoluem
positivamente de 7% em abril para 12% em junho. O deputado, que se
posta sempre em segundo lugar nos cenários de intenção de votos
estimulada, nesta pesquisa IPMN de junho, consolida também seu nome
na segunda colocação, quando se aferem as manifestações espontâneas
de voto. Já o nome de João da Costa foi lembrado espontaneamente por
8% dos eleitores em janeiro, por 12% em março e abril e, agora em junho
por apenas 6%.
Os sentimentos do eleitor
A primeira pesquisa de intenção de votos do IPMN, relativa à eleição de
2012 para prefeito do Recife, foi levada a efeito entre os dias 16 e 17 do
mês de janeiro, no âmbito da parceria IPMN/LeiaJá/Jornal do Commercio.
Nos dias 12 e 13 do mês de março fez-se uma segunda rodada de
pesquisa e em abril, uma terceira, entre os dias 16 e 17. O levantamento
deste mês de junho foi a campo entre os dias 11 e 12. Os quatro
levantamentos tiveram as mesmas concepções estatísticas e
características metodológicas.
Além da convencional intenção de votos, as pesquisas do IPMN captam,
também, alguns sentimentos dos eleitores quanto ao ambiente político-
eleitoral que permeia a corrida para a prefeitura do Recife. Dentre essas
impressões mentais dos eleitores, foram selecionadas, neste texto, para
breves comentários, a avaliação da presente administração, as
manifestações de admiração nutridas em relação ao prefeito e, por último,
as revelações explicitadas de apreço ou aprovação e de sensação de
melhoria de vida. Nestes itens mencionados, o prefeito João da Costa tem
números muito desfavoráveis.
7
8. 1. Avaliação da Administração
Com efeito, a avaliação da administração municipal só é considerada
ótima e boa por apenas 17% dos eleitores, enquanto, apenas à guisa de
comparação, o percentual do governo Eduardo Campos nesses itens
chega a 72%, conforme se pode observar na Tabela 6.
Chama à atenção, também, a avaliação negativa da atual gestão municipal
à frente da cidade: 46% dos eleitores ainda a consideram ruim ou péssima,
contra apenas 4% que são atribuídos à administração estadual (os
números das últimas duas linhas da tabela referem-se à soma dos
conceitos ótimo e bom, num extremo, e ruim e péssimo, noutro).
TABELA 6
IPMN
PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS (%)
P/ PREFEITO DO RECIFE
AVALIAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
(11 e 12 de jun/2012)
Prefeitura Governo
(João da Costa) (Eduardo Campos)
Ótima 3 21
Boa 14 51
Regular 36 21
Ruim 20 2
Péssima 26 2
NS/NR 2 2
Ótima e Boa 17 72
Ruim e Péssima 46 4
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa IPMN
Coerente com o esforço de recuperação administrativa empreendido pelo
atual prefeito nos últimos meses, a par de tentativa de maior articulação
política, houve uma clara melhora de percepção dos eleitores quanto à
gestão do município entre os meses de janeiro e março: os índices de
ótimo e bom sobem de 17% para 25% (fora da margem de erro), e as
avaliações negativas de ruim e péssimo, decrescem de 52% para 45% (no
8
9. limite da margem de erro). Podia-se dizer que, estatisticamente, a
população tinha aumentado sua apreciação positiva à gestão do prefeito
naquele período.
Entretanto, contrariando algumas expectativas, até porque não houve
nenhuma anormalidade na gestão municipal àquela época que merecesse
destaque a ponto de influenciar a opinião pública recifense, a avaliação
negativa que os eleitores fazem da administração do prefeito voltou a subir
entre março e abril, não obstante com números dentro da margem de erro
de 3,5 pontos de percentagem, para mais ou para menos.
Já entre abril e junho, os números de avaliação positiva descem quatro
pontos e há uma discreta melhora na percepção negativa que os eleitores
têm da administração municipal. O Gráfico 1 retrata a evolução das
avaliações positiva e negativa que o munícipe faz da gestão de João da
Costa.
GRÁFICO 1
IPMN
Intenção de votos (%) p/ prefeito do Recife
AVALIAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
(jan, mar, abr e jun/12)
60
50
52
40 45 47 46
30
20 25
10 21
17 17
0
jan mar abr jun
Ótima e Boa Ruim e Péssima
Fonte: Elaboração própria com base nos dados das pesquisas IPMN
2. Admiração
9
10. Quando se inquire o eleitor sobre sua faculdade de sentir admiração pelo
atual gestor do município recifense, os números são também
contundentemente desvantajosos para João da Costa: 84% dizem que não
o admiram, contra apenas 14% dos que lhe devotam admiração.
Esses números de junho, captados na pesquisa IPMN, estão mostrados no
Gráfico 2, onde também se desfilam os percentuais das levantamentos de
janeiro, março e abril. Depreende-se deste quesito - admiração - que a
imagem do prefeito, envolvendo atributos pessoais, políticos e
administrativos, continua muito desgastada junto à população.
GRÁFICO 2
IPMN
Intenção de votos (%) p/ prefeito do Recife
VOCÊ ADMIRA JOÃO DA COSTA?
(dez/11, jan, mar , abr, jun/12)
90
80
70 84
60 77 77 76
50
40 21 20
30 19 14
20
10
0
dez/11 jan/12 mar/12 abr/12 jun/12
Sim Não
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa IPMN
3. Melhoria de vida
É oportuno realçar que se nota, no conjunto dos eleitores recifenses, na
pesquisa deste mês de junho, certa sensação de descrença, de desânimo,
de decepção com a vida que levam, tanto assim é que apenas 17%
responderam que as suas vidas melhoram muito nos últimos anos. Por
outro lado, 71% disseram que a vida melhorou pouco, ou continua do
mesmo jeito e 11% declararam que suas vidas pioraram. Não há dúvidas
10
11. de que esse desalento emocional termina por impactar nos números
negativos que emolduram a administração petista.
O gráfico de número 3 desfila os números correspondentes aos meses de
janeiro, março, abril e junho, no que se refere à percepção do eleitor
quanto à vida que levam. A melhoria de percepção de janeiro a março
refletiu-se na discreta, porém consistente, melhoria da performance geral
do prefeito havida naquele período, inclusive quanto à avaliação da
administração.
GRÁFICO 3
IPMN
Intenção de voto (%) p/ prefeito do Recife
MELHORIA DE VIDA
(jan, mar, abr e jun/12)
80
A vida melhorou
70
71 muito
60 67 65 65
50
A vida melhorou
40 pouco ou continua a
30 22 20 mesma
17 17
20 A vida piorou
10
15 13 14 11
0
jan/12 mar/12 abr/12 jun/12
Fonte: Elaboração própria com base nos dados das pesquisas IPMN
Os números de março a abril, notoriamente ascendentes quanto à
incredulidade do recifense sobre as perspectivas do seu dia-a-dia, estão
consistentes com os sentimentos do eleitor a respeito do desempenho
geral do prefeito na penúltima pesquisa. Agora, em junho, cresce a
sensação de que a vida melhorou muito e diminui a de que a vida piorou.
Há, entretanto, um grande contingente (71%) que se manifesta meio
descrente, desanimado, declarando que a vida melhorou pouco ou
continua do mesmo jeito.
11
12. No período janeiro-junho, o sentimento de que a vida piorou cai quatro
pontos de percentagem, enquanto a sensação de que a vida melhorou
muito não se altera, configurando uma discreta percepção geral de
melhora de vida por parte do eleitor do município.
Considerações finais
Independente dos cenários aventados e das perguntas que envolvem
alguns sentimentos dos eleitores, é de se destacar que o atual prefeito não
conseguiu ainda convencer o eleitorado a lhe consagrar manifestações
mais generosas de avaliação da sua gestão. Também não logrou alterar a
negativa imagem de admiração que o eleitor nutre por ele, pessoa e
prefeito.
O mandatário municipal foi surpreendido pela corrente Construindo um
Novo Brasil (CNB), que fez valer a força de suas lideranças e instituiu
consulta preliminar aos militantes para definir quem representará o partido
nas eleições deste ano, no Recife. Mais um baque na debilitada estrutura
política do prefeito. O instituto das prévias petistas ocupou largos espaços
na mídia por quase três meses e o eleitorado, majoritariamente (58%),
tomou conhecimento de sua realização.
Após o tumultuado processo que pautou as prévias petistas, a executiva
nacional do partido indicou o senador Humberto Costa como o pré-
candidato à sucessão do atual prefeito. Preterido pelo próprio partido, o
prefeito rebelou-se contra suas hostes e veio a receber, de determinados
fóruns e segmentos da sociedade, várias manifestações de apreço pela
sua obstinada posição.
O mandatário chegou mesmo a transmitir uma imagem de ter sido
vitimizado por disputas internas de correntes do partido e pelos líderes da
agremiação, locais e nacionais, a ponto de ser-lhe negado até o direito de
concorrer à reeleição. O prefeito esperava atiçar a militância do partido e,
ao mesmo tempo, angariar simpatia da população.
12
13. A estratégia do alcaide não pareceu ter surtido efeito em termos de
influência eleitoral, já que as apreciações positivas à sua imagem e à sua
gestão não melhoraram. Dá-se a impressão que o cidadão recifense não
concorda com o modo pelo qual o prefeito foi tratado pelo seu próprio
partido, mas não aprecia sua figura enquanto gestor e político. Quer dizer,
o munícipe é solidário à sua situação, porém não a ponto de transformar
esse sentimento em manifestação concreta de intenção de voto.
O substituto do prefeito, senador Humberto Costa, não obstante as
circunstâncias em que veio a ser guindado representante petista, o que lhe
valeu a pecha de candidato imposto, biônico, aparece muito bem nesta
pesquisa de junho do IPMN, exibindo apreciáveis índices de intenção de
votos, graças aos seus méritos pessoais, a sua militância histórica no PT,
à força eleitoral do partido que lhe abriga e ao desgaste da atual gestão. É
de se aguardar, todavia, futuros levantamentos para avaliar se tais
números favoráveis se sustentam no período pós-convenções partidárias.
O quadro político-partidário ainda está muito confuso e indefinido,
particularmente no tocante à decisão do PSB de, eventualmente, lançar
candidatura própria, o que fragilizaria a postulação do PT e dividiria a
Frente Popular.
Somente através de novos e sucessivos levantamentos do IPMN, os
sentimentos do eleitor recifense, associados aos indicativos de intenção de
votos aos postulantes à prefeitura, poderão configurar tendências mais
bem definidas para o pleito deste ano na capital pernambucana.
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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e de
Mercado, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br,
http://mauricioromao.blog.br.
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