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O GLOBO - 2015-11-11 - Página 2 - "Conte Algo Que Não Sei", com HELEN VARLEY JAMIESON
1. Conte algo que não sei
_
‘Morro de medo ao entrar em cena’_
Helen Varley Jamieson, cyberperformer
Pioneira em misturar palco e internet e adepta do “teatro feminino”, neozelandesa veio ao Rio para o festival MultiCidade, voltado para a criação cênica de mulheres
“Tenho 49 anos e nasci em
Dunedin, Aotearoa, nome
nativo da Nova Zelândia.
Moro em Munique com
minha companheira alemã.
Graduei-me em literatura
inglesa e teatro e me engajei
no teatro feminino. Depois
experimentei tecnologias
digitais e internet no âmbito
do teatro. Tomei gosto e
estou nessa até hoje”
_
ENTREVISTA A:
CARLOS ALBERTO TEIXEIRA
cat@oglobo.com.br
l Conte algo que não sei.
Sou uma atriz, mas cada per-
formance para mim é um sacri-
fício. Morro de medo ao entrar
em cena. Em 2002, em Belgrado,
estávamos preparando uma
apresentaçãoon-line,e,minutos
antes, caiu o sistema. Em vez de
me desesperar, fiquei aliviada,
pois não teria que atuar. Só que,
com atraso de dois minutos, o
sistema voltou, e eu grrr.
l E como foi, no final?
Um sucesso. Equilibrei meu
laptop fechado sobre a cabeça,
cruzei o palco e me sentei no
chão. Um erro e a máquina se
despedaçaria. Mas não trope-
cei, e vi que o resto seria fácil. Só
então me acalmei.
l O que a atraiu para a atua-
ção política?
Minha graduação em literatu-
ra inglesa e teatro foi confusa.
Abandonei tudo e retornei mais
de uma vez. Estudei feminismo
e me envolvi em política estu-
dantil. Virei presidente de dire-
tório. O governo implantava ta-
xas para educação para o ensi-
no nas escolas públicas. Nossa
luta foi em vão: a taxa ficou.
l O que é “teatro feminino”?
É sobre a voz criativa da mu-
lher no teatro. Pode até haver
homens envolvidos, mas a cria-
çãoprincipaléfeminina.Aideia
veio dos anos 1980, quando
mulheres participavam de festi-
vais na Europa, mas eram sem-
pre homens que tocavam a cria-
ção. Hoje, o projeto Magdalena,
fundado no País de Gales, já es-
tá presente em 50 países.
l Qual foi sua primeira expe-
riência com a rede?
Nas salas de chat. Quando
morei em Edimburgo, em
1999, um grupo usava uma sa-
la visual, chamada The Palace,
para fazer performances. Pare-
cia um cartum: cada partici-
pante tinha um personagem
desenhado, um avatar que po-
dia ser movido. Ao se digitar,
aparecia um balão de texto.
Chamavam de Desktop Thea-
ter (DT), era ao vivo e com re-
sultados inesperados.
l É mesmo teatro?
Foi esse o meu questiona-
mento por muito tempo... Uns
diziam que não, já que não há
um corpo físico. Quando en-
veredei por esse caminho, eu
me perguntava: o que eu es-
tou fazendo?
l Sua infância foi ousada?
Meus pais eram bibliotecários,
havia muitos livros em casa.
Aprendi a ser curiosa. E não tí-
nhamos TV! Só aos 15 anos,
quando já havia descoberto o
punk, herdei de meu padrinho
uma em preto e branco. Minha
mãeerapianistaecoralista.Meu
pai me levava a teatro e cineclu-
beseeutocavaumpequenosin-
tetizador preto monofônico
cheio de botões, minha primeira
ligação com tecnologia.
l Como era seu visual?
Tinha cabelos muito longos,
não sabia se cortava. Minha mãe
ficoudesacocheioedisse:“Cor-
tesómetade!”Fiqueicomolado
esquerdo curto e o direito com-
pridão por mais de um ano!
l Se você tivesse uma máqui-
na do tempo, aonde iria?
Voltaria à escola para apren-
der línguas. Sou a única que só
fala inglês no grupo. Eu me
sinto muito burra por isso. Es-
tou aprendendo alemão agora,
mas é muito difícil.
l Que tal ser uma pioneira?
Como luto contra a escassez
de dinheiro, meu trabalho ainda
não teve grande alcance mundi-
al.E,àsvezes,dourisadaemfes-
tivais nos quais a estrela sobe ao
palco dizendo-se pioneira na ar-
te de unir teatro e internet. Sem-
pre dou um jeitinho depois de
chegar junto e, baixinho, expli-
car que já faço isso há quase vin-
te anos. Sorrio e digo “tchau”.
LEO MARTINS
2 l O GLOBO Quarta-feira 11.11.2015
Página 2
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O drama nos escombros
Desafio. O fotógrafo Daniel e a repórter Dandara: preparo físico e mental
O GLOBO
Por Dentro
_
O
desafio da equipe era
reconstruir as caracte-
rísticas de um vilarejo e
o cotidiano de moradores cuja
rotina foi soterrada pela lama
de rejeitos de mineração junto
com alguns parentes, quase to-
das as casas, muitos animais, e
até a escola local. E tentar ex-
plicar a sucessão de fatos que
resultou nesse trágico desfe-
cho. As repórteres MARIANA
SANCHES e DANDARA TINOCO e
o fotógrafo DANIEL MARENCO
partiram de São Paulo e do Rio
e chegaram à cidade mineira
de Mariana cerca de 12 horas
depois do rompimento das
barragens. Naquele momento,
muito pouco se sabia sobre o
que se passara ali. Nas primei-
ras horas da manhã de sexta-
feira, Dandara e Daniel foram
para o vale de lama em que se
converteu o distrito de Bento
Rodrigues. Mariana permane-
ceu no ginásio para onde os
resgatados eram levados:
— Ali era um clima de deses-
pero total, mãe que se jogava
em cima de ônibus em que o fi-
lho poderia estar, senhora que
desmaiava, filho que procura-
va pai, choro, grito, dor — con-
ta Mariana, sobre suas primei-
ras impressões.
A reportagem exigiu deslo-
camentos longos. A equipe
percorreu mais de dois mil
quilômetros em busca das
histórias dos atingidos e no
rastro da lama.
— Uma cobertura como es-
ta exige do repórter preparo
psicológico para lidar com o
drama das vítimas, e também
preparo físico para superar as
longas distâncias — resume
Dandara.
A cobertura rendeu fotos e
textos impactantes feitos lite-
ralmente sujando os sapatos
(as calças e tudo o mais), co-
mo preconiza a escola clássi-
ca do bom jornalismo. Nem
todas as questões que envol-
vem a tragédia estão esclare-
cidas ainda. Esta é uma histó-
ria que as repórteres preten-
dem ainda seguir. l
ARQUIVO PESSOAL
Loterias
l
O leitor deve checar os resultados em agências oficiais e no
site da CEF porque, com os horários de fechamento do jornal, os
números aqui publicados, divulgados sempre no fim da noite
pela CEF, podem eventualmente estar defasados.
QUINA 3.930
l13 l25 l34
l46 l61
DUPLA SENA 1.436
1º Sorteio 2º sorteio
l05 l07 l20 l29 l45 l49 l03 l13 l19 l26 l42 l48
|
Panorama
político
|
_
NO CLIMA DA CRISE. Auditores da Receita e defensores
públicos que atuam em todo o país estão entre os
que não receberam proposta de reajuste do governo.
_
Com Amanda Almeida, sucursais e correspondentes
panoramapolitico@oglobo.com.br
_
ILIMAR FRANCO
Ilimar@bsb.oglobo.com.br_
PT contra Levy
A despeito das declarações
públicas de seus dirigentes
nacionais, o PT atua para
derrubar o ministro
Joaquim Levy (Fazenda).
Ontem, na página do PT, os
petistas colocaram no ar o
bate-papo “Pergunte ao
Pochmann”. O economista
Márcio Pochmann (foto) é
militante petista, e a chamada era sugestiva:
“Cansado de ‘tudo isso que está aí’?”.
REPRODUÇÃO DO FACEBOOK
_
“Não podemos adotar a mesma
agenda em 2016. Devemos dar
prioridade à crise. O PMDB tem
uma proposta para o país. O PSDB
não tem um projeto definido”
Silvio Torres, secretário-geral do PSDB,
sobre a campanha pelo impeachment
_
Rejeitada proposta de Paulinho
Os tucanos não consideram favas contadas a
unidade da oposição para derrubar Cunha. Não
sabem se serão acompanhados pelo DEM. Mas já
sabem que não contarão com o Solidariedade, de
Paulinho da Força. Ele foi apontado como um
defensor intransigente de Cunha. E um tucano
relatou que Paulinho propôs trocar os votos do
PSDB no Conselho de Ética pela aprovação do
pedido de impeachment por Cunha. A proposta
não foi aceita porque predomina a avaliação de que
o presidente da Câmara não tem mais autoridade
política. Seus deputados avaliam que ele sequer
tem condições de encaminhar a votação dos
projetos importantes para a economia do país.
Dentro de casa
Há petistas fazendo o discurso da oposição de que
o país está ingovernável. Um deles comentou que a
presidente Dilma entregou os pontos e ficou sem
condições de governar. E explicou: “Sabe aquele
lutador de boxe que está nocauteado e em pé?”.
Da estrada para a Justiça
O governo avalia que a greve dos caminhoneiros
não terá o mesmo peso que a anterior. Desta vez,
nenhum sindicato participou. A AGU está só
esperando o final do movimento para entrar com
ações judiciais por danos aos bens públicos.
Quem tem a força?
Isolado e com uma bancada de apenas 62
deputados, o PT não se conforma em perder os
postos-chave das CPIs. A da Funai, que deve ser
instalada hoje, será presidida pelo ruralista Alceu
Moreira (PMDB). O mais cotado para relator é
Nilson Leitão (PSDB). Isso já ocorreu nas CPIs do
BNDES e dos Fundos de Pensão.
Correndo atrás do voto
Indiferente à campanha para derrubá-lo, o
ministro Joaquim Levy (Fazenda) continua no seu
esforço diário de aprovar o ajuste fiscal. Ontem,
almoçou com um grupo de senadores. E, à noite,
jantou na casa do líder do PMDB, Eunício Oliveira.
A próxima parada
O pato de 12 metros com o logotipo “Não Vou
Pagar o Pato” vai desfilar em Salvador no sábado.
O protesto contra o aumento de impostos, além
do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, reunirá
empresários locais e o prefeito ACM Neto (DEM).
Além de rever sua posição de apoio ao
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a
bancada do PSDB proibiu seus integrantes de
aceitarem convites para ir à casa ou se reunir
isoladamente com Cunha. Decidiu que todos
os contatos, a partir de agora, terão que ser
públicos. Depois de meses em cima do muro,
os tucanos querem radicalizar e buscam hoje
o apoio dos demais partidos de oposição.
PSDB suspende visitas a Cunha