Voluntários estendem as mãos a quem foi afetado por doença ou violência - Não faltam exemplos e histórias de pessoas interessadas em fazer a diferença e ajudar a mudar vidas Reportagem de Felipe Resk, O Estado de S.Paulo, 28/11/2017 | SANTO ANDRÉ - Aos 4 anos, Rafael quis tirar a dúvida: “Mãe, quando a minha mão vai nascer?”. Sincera, a cabeleireira Mariângela Fernandes, de 45, explicou ao filho que ele era portador de uma má-formação rara e, por isso, não tinha o antebraço direito. Após receber o apoio de um engenheiro voluntário, no entanto, a pergunta do menino mudou. “Sabia que eu tenho a mão do Batman?” Superação. ‘Sabia que eu tenho a mão do Batman?’, indaga Rafael, que teve a prótese personalizada em impressora 3D Personalizada com seu herói favorito, a prótese de Rafael, hoje com 6 anos, foi feita em impressora 3D pelo engenheiro Marcelo Botelho, que mantém um laboratório em casa, em Ribeirão Pires, na Grande São Paulo. “O Marcelo não cobrou um centavo da gente”, diz Mariângela, que recebeu a doação em junho de 2016. “É um anjo que Deus colocou na nossa vida.” Morador de Santo André, no ABC, Rafael só foi diagnosticado com síndrome da brida (ou banda) amniótica após o parto. Em resumo, é quando parte do tecido da mãe acaba enrolando em um dos membros do bebê durante a gravidez, prejudicando o seu desenvolvimento. Com 15 dias de vida, Rafael já fazia terapia. “Ele sempre foi muito bem resolvido”, diz a mãe. Tanto que o garoto chama o membro que lhe falta de “toquinho”. Segundo Mariângela, ele aprovou o braço robótico desde o primeiro uso. “Olha, consigo contar até 10”, reagiu, na época. “Nossa, ele se deu superbem: pega até grãozinho de feijão no chão”, conta. “Agora, está aprendendo a jogar pingue-pongue.” Só não leva para escola, com receio de quebrar. Segundo Botelho, o custo de produção é baixo, varia entre R$ 60 e R$ 300 (grande parte dos modelos ele encontra no site da ONG internacional E-Nable). “Quando eu comecei este trabalho era um lobo solitário”, afirma o engenheiro, que fabricou a primeira prótese em 2013, ainda na faculdade. O beneficiado era um rapaz que fazia malabares em esquinas. Hoje, Botelho é fundador e vice-presidente da Associação Dar a Mão. Mariângela lembra que o filho acompanhou a impressão dos dedinhos. “Eu choro todas as vezes que eles entregam uma prótese nova, porque lembro da emoção que foi receber”, diz. “O Rafa se encantou. Ele diz que quer ser ‘construtor de robô’, para poder fazer mãos e pernas para as pessoas.” Associação Dar a Mão - associacaodaramao@gmail.com