O documento descreve o Oráculo Divinatório de Ifá, utilizado pelos sacerdotes Babalawo para adivinhação. O método mais preciso é o Jogo de Ikin, que usa 21 nozes para formar configurações chamadas Odús, que fornecem mensagens espirituais e orientações. O sacerdote remove as nozes da mão para revelar os Odús, que determinam sacrifícios e soluções.
1. O Oráculo Divinatório de Ifá.
Denomina-se Oráculo Divinatório de Ifa, o sistema de adivinhação utilizado
pelos Babalawo, sacerdotes consagrados ao culto de Orunmila “O Deus da
adivinhação e da sabedoria”, considerado como a principal divindade do sistema
religioso de culto aos Orishas.
O Babalawo (Pai que possui o segredo), é o sacerdote de maior importância
dentro do sistema em questão. Todos os procedimentos ritualísticos e iniciáticos
dependem de sua orientação e nada pode escapar de seu controle. Para absoluta
segurança e garantia de sua função o Babalawo dispõe de três formas distintas de
acessar o Oráculo e, por intermédio delas, interpretar os desejos e determinações
das Divindades e de outros Seres Espirituais. Estas diferentes formas são
escolhidas pelo próprio Babalawo, de acordo com a importância do evento a ser
realizado, de sua gravidade e significado religioso.
O Jogo de Ikin ou o Grande Jogo.
Por sua importância e precisão o Jogo de Ikin é utilizado exclusivamente em
cerimônias de maior relevância e só pode ser acessado pelos Babalawo, sendo
direito exclusivo desta casta sacerdotal.
Compõe-se de vinte e uma nozes de dendezeiro, que são manipuladas pelo
adivinho, de forma a proporcionarem o surgimento de figuras denominadas Odú,
portadoras de mensagem que devem ser codificadas e interpretadas para que
sejam corretamente transmitidas aos interessados.
Os Odú são portadores, de forma cifrada, dos conselhos, exigências e
orientações dos Seres Espirituais, determinam o tipo de sacrifício exigido e a que
tipo de Entidade deverá ser oferecido.
Os Ikin são selecionados e dos vinte e um, somente dezesseis são colocados
na palma da mão esquerda do advinho que, com a mão direita num golpe rápido,
tenta retira-los dali de uma só vez.
A Configuração do Odú é determinada de acordo com a quantidade de Ikin
que sobrem na sua mão esquerda. Se restarem duas nozes, o advinho fará sobre o
seu Opon (tabuleiro de madeira recoberto de um pó sagrado conhecido como
yerosun), um sinal simples, pressionando com o dedo médio da mão direita, o pó
espalhado sobre a superfície do tabuleiro. se ao contrario restar apenas uma noz o
sinal será duplo e marcado com a pressão simultânea dos dedos anular e médio.
Esta operação é repetida tantas vezes quantas forem necessárias para que
se obtenha duas figuras compostas, cada uma, de quatro sinais simples ou duplos,
superpostos verticalmente, o que proporcionará o surgimento de duas colunas,
inscritas da direita para a esquerda, uma ao lado da outra.
Se na tentativa de pegar os Ikin, sobrarem mais de dois ou nenhum, a
jogada é nula e deve ser repetida.
As duas figuras surgidas desta operação indicarão o signo ou Odú que estará
regendo a questão, apresentando-se como responsável por sua solução, más
outros deverão ser “sacados” para o completo desenvolvimento da consulta.
Todo este procedimento é revestido de um verdadeiro ritual e cada figura
surgida é inscrita no tabuleiro, é saudada com cânticos e rezas específicos, que tem
por finalidade garantir sua fixação e proteção assim como ressaltar o respeito com
que são tratadas.
Por sua complexidade, o Jogo de Ikin exigiria, para ser descrito
integralmente, uma obra composta de muitas e muitas páginas, como por exemplo o
2. magnifico trabalho de Bernard Maupil, “La Geomancie a I’ancienne Cote des
Eclaves”, que versa sobre o tema com excepcional propriedade.
Para melhor compreensão, apresentamos as representações indiciais dos 16
(dezesseis) Odú Meji ou figuras principais do sistema oracular, adotando para isto a
ordem de chegada aceita pelos Babalawo nigerianos.