O documento discute o clipe musical "This Is America" de Childish Gambino, que usa imagens violentas e referências históricas para criticar o racismo nos Estados Unidos e manter vivas as lutas da comunidade negra. O clipe retrata eventos como a segregação racial, o assassinato de Trayvon Martin e o massacre de Charleston para gerar incômodo e reflexão sobre como a cultura e violência afro-americanas são tratadas. A obra serve como forma de protesto e torna visíveis questões ainda ignoradas pela sociedade.
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A arte como forma de protesto
1. A ARTE COMO FORMA DE PROTESTO
Recentemente Donald Glover, ou melhor Childish Gambino, seu pseudônimo
musical, desenvolveu uma verdadeira obra de arte, que gera incômodo e traz uma
ácida crítica sobre o racismo cometido pela América. Donald Glover, é ator, roteirista,
produtor e criou uma série chamada “Atlanta”, abordando vários temas, entre eles:
criminalidade, gênero e raça.
Sua obra audiovisual no clipe "This Is
America", provoca uma tensão ao retratar a
violência de forma explícita e uma simbologia
criada sobre os acontecimentos entre
relacionamento dos Estados Unidos com a
comunidade negra.
A figura de Gambino no clipe chama a
atenção do receptor com danças de origem
afro, mas somente depois de dois grandes
atos de violência, o receptor começa a analisar o caos que ocorre durante todo o
vídeo.
A primeira análise é de uma sociedade que ainda mantém os olhos fechados,
sendo incapaz de perceber o que realmente importa, ignorando as causas sociais e
sendo bombardeada por distrações e entretenimento, permanecendo anestesiada
perante as situações que a cercam.
Gambino propõe uma reflexão profunda sobre como é abordada a cultura afro-
americana no país. Ou seja, grandes acontecimentos como a referência de Jim Crow,
nos primeiros segundos de “This is America”, que se refere à segregação racial que
ocorreu no país até 1965.
O personagem utilizado no início do clipe, é semelhante ao pai de Travyon
Martin, um menino de 17 anos que por usar blusa e capuz, foi morto em 2012 por um
guarda-civil em um condomínio dos EUA, onde visitava seus parentes. Esse
acontecimento suscitou um movimento ativista chamado #BlackLivesMatter que foi
direcionado para a violência feita contra pessoas negras.
A segunda cena de violência retratada foi o massacre da Igreja de Charleston
na Carolina do Sul, que ocorreu em 2015. Um crime de ódio cometido por Dylann
2. Roof, um jovem branco de apenas 22 anos, supremacista branco que matou 9
pessoas.
Temas que hoje são esquecidos pela sociedade, mas jamais serão esquecidos
pela comunidade negra, que convivem com a violência e com o racismo
constantemente. Gambino faz questão de manter viva a resistência dos negros, seja
na letra da música, na dança afro vista em todo o vídeo e de toda a semiótica
desenvolvida para que desperte a curiosidade de acompanhar cada detalhe que
causa impacto e reflexão.
Ao analisar as referências contidas no
clipe, pode-se constatar o quanto ainda
existe luta pela igualdade por parte dos
cidadãos afro-americanos. Esse incômodo
gerado após assistir ao clipe pela primeira
vez, traz um sentimento de incapacidade por
todas as situações de violência que ocorrem
durante os intensos quatro minutos de clipe.
Sem dúvida essa forma de usar a
comunicação, pode ser uma maneira de
manter atualizada as causas que ainda
existem por parte das minorias e utilizá-la
como forma de protesto, tornando visível
para sociedade o que estava sendo ignorado.
Essa obra feita por um artista negro, manifesta de forma intensa que ainda se
percorre um caminho obscuro de perseguição e de ódio pelos negros. Tirando da
visão da sociedade os produtos da indústria cultural, dos conteúdos de massa e
inserindo uma obra de arte que desperta inquietação e que gera em nós um apelo por
mudanças.
Daiane Mariano da Silva 7º Semestre – RA 00087447